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O Eu Histórico
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um ser complexo habitado por uma multiplicidade em movimento permanente. Ele não
evolui a partir de um capital primeiro, que é seu próprio potencial e que vai se
(...) o ser humano não é uma unidade monolítica, limitada a seu corpo físico, mas sim
um ser complexo habitado por uma multiplicidade em movimento permanente. Ele não
se trata, portanto, de um ser estático, ou concluído. A pessoa humana, como a semente,
evolui a partir de um capital primeiro, que é seu próprio potencial e que vai se
desenvolvendo ao longo da fase ascendente de sua vida, em função do terreno e das
circunstâncias encontradas. As forças liberadas por esta potencialidade estão em
perpétuo movimento, assim como o próprio cosmos. (AMADOU, 1981, p. 3)
A reflexão sobre o “Eu” Histórico se apresentou para nós a partir do final do século XIX
e atravessou o século XX e os primeiros 20 anos do século XXI.
Para nós, que somos tão envolvidos por cobranças, imagens, orientações, direitos e
deveres que exigem a definição do nosso nome, idade, filiação e localização, parece
espantoso que somente nos últimos 130 anos a noção do “Eu” tenha ganhado um
destaque tão grande.
E por que foi o mundo contemporâneo que nos convidou a refletir sobre o “Eu”?
Durante a Era Colonial, que começou em torno de 1890 e que durou até 1962, com a
Guerra da Argélia, em um primeiro momento, e teve seu completo fim em 1974, por
conta das guerras de libertação de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde,
as diferenças entre pessoas e sociedades eram explicadas em termos de raça.
Junto a essa visão, associavam-se ideias que vinham de uma interpretação das Ciências
Biológicas e das Ciências Sociais, que posteriormente se revelou equivocada, de que
havia raças atrasadas e outras evoluídas, o que criaria uma distinção dentro da espécie
humana. Basta dizer que, com essa perspectiva, os dois grandes conflitos mundiais do
século XX, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), ceifaram milhões de vidas, justificado pelo racismo (o ato de
discriminação embasado na ideia de raça), pela xenofobia (o ódio ao estrangeiro) e pela
intolerância religiosa.
A noção de “Eu” emergiu no final do século XIX e ganhou espaço nos séculos XX e
XXI. Na primeira metade do século XX, era tratada como pessoa aquela que era
considerada civilizada, portadora dos valores culturais, espirituais e estéticos da Europa
Ocidental, sendo parte da raça branca. Os demais seres não eram vistos como pessoas e,
junto ao racismo, todos os demais seres humanos que, mesmo na Europa, não fossem
cristãos, heterossexuais e concordantes dos governos e dos sistemas políticos
hegemônicos eram considerados seres de segunda categoria. Apesar das transformações
e dos avanços na crítica às exclusões por gênero, religião e raça, ainda há grandes
desafios a serem vencidos contemporaneamente.
ocorrem globalmente e que marcam os vinte primeiros anos do século XXI. A maneira
intensificou bastante. Com elas vieram novas formas sociais, culturais, políticas e
espirituais de se estar no mundo. Estabelecer vínculos e ser transformado por eles foi e é
um grande desafio, limitado pelas graves dificuldades econômicas que o globo atravessa
religiosa e da liberdade que a mulher deve ter em relação ao seu próprio corpo.
A conjuntura do mundo nos anos 60 e 70 do século XX não foi nada fácil e, em muitos
momentos, altamente reativa a tantas demandas e anseios do “poder jovem”. Mas não
havia mais condição de se retornar para uma ordem mundial que, em menos de 50 anos,
havia provocado duas guerras mundiais com imenso sacrifício juvenil.
choques elétricos.
Filmes como Duna (1984), dos anos 1970 e 1980, evocavam a possibilidade da ordem
política global e razões dos indivíduos. A juventude precisava ser revista não mais como
um grupo homogêneo, ou como uma fase do desenvolvimento humano, apenas. Havia
bilhões de “Eus” únicos, particulares e históricos cujos campos de possibilidades,
desafios e estratégias de vida convidavam para que, de fato, emergissem novas
abordagens científicas para a compreensão do que se chamou de psico-história e de
Ego-História (ROSE, 2001).
experiências do coletivo.
Esse caminho, aberto pela História, de se produzir relatos por meio da metodologia da
História Oral, com ênfase nas entrevistas, das histórias de si, contribuiu para
Isso vinha também, do ponto de vista da história dos séculos XX e XXI, das diversas
razões apontadas por diferentes depoentes, projetos e histórias de se repensar o devir
civilizatório. Os vínculos dos primeiros 60 anos do século passado, embasados nas
crenças de supremacia racial e dos valores eurocêntricos como os mais importantes,
haviam descarrilhado com as guerras mundiais e a dura conjuntura de guerra fria que se
seguiu ao fim do conflito mundial. Muitos eram vítimas dos sistemas totalitários e havia
a percepção do sufocamento pessoal e coletivo que precisava ser transformado.
O “Eu” histórico, com isso, se complexificou muito. Não era mais só a percepção de si
no espaço e no tempo, ou o evidenciar da singularidade e unicidade de cada ser. Era
fundamental perceber como as diversas formas de se associar, reivindicar, participar e
criar aumentavam o campo de compreensão e elaboração social e psíquica do próprio
ser, por se ampliar referências, comunidades políticas, vínculos identitários, referenciais
estéticos e possibilidades de outros papéis de gênero para além do que se tem como
herança biológica.
E à medida que se esse “Eu” se expande, percebe-se que o coletivo tornou-se ainda mais
diverso e plural, e que havia necessidade de se buscar constantemente negociações,
acordos e acomodações para se lidar com tamanha multiplicidade de experiências e
formas de ser no mundo.
Do ponto de vista das histórias coletivas, o século XX foi marcado pela produção de
ideologias de solidariedades universais que questionaram o forte processo de produção
de impessoalidade gerado pelo capitalismo industrial e financeiro que triunfou a partir
da Revolução Industrial no século XIX e que se aprofunda com a exploração global,
favorecida pelos impérios coloniais e pela proletarização dos trabalhadores na Europa e
nas Américas.
Se até a primeira metade do século XIX, nas sociedades da Europa Ocidental, havia a
compreensão de que a pobreza necessariamente criava, apesar do sofrimento de quem se
encontrava nessa situação, um vínculo entre essas pessoas e os demais segmentos
sociais, a fim de se ter o equilíbrio político, social e espiritual, com o avanço da
Revolução Industrial, que advém das descobertas de fontes de energia como carvão e,
no final do mesmo século, da eletricidade, junto aos produtos advindos da exploração
dos Impérios coloniais, a pobreza na Europa aumentou muitíssimo.
Pode parecer parodoxal que mais riqueza leve a mais miséria, mas, no final do século
XIX, as grandes metrópoles europeias conheciam grandes bolsões de pobreza e
miserabilidade motivadas pelos cercamentos dos campos que levaram à perda de terras
dos pequenos proprietários e migrações para as cidades para serem mãos de obras nas
indústrias em expansão, submetidos a baixíssimos salários e a longas horas de jornada
de trabalho. Para aumentar a renda familiar, mulheres e crianças entram na produção
industrial com remuneração ainda mais baixa e sujeitas a diversas formas de violência e
arbitrariedades.
Para ele, havia uma contradição capital versus trabalho que era intransponível, que
poderia ser somente superada pelo rompimento advindo da parte dos trabalhadores
dessa logica que se apropriava completamente dos lucros da força de trabalho,
desobrigando-se da redistribuição social deles. Esse rompimento viria pela via
revolucionária, criando uma nova estrutura na qual nem a religião e nada que
salvaguardasse os princípios e valores da burguesia industrial deveriam subsistir.
Nesse momento, o “Eu” histórico individual era diluído dentro dos grandes projetos,
Tal fato levará a um amplo e acirrado debate e constituição de ações por parte de
não resolveria algo que apresentava a crise estrutural das próprias sociedades
contemporâneas.
Contudo, em sua dinâmica, isso não foi simples. Diversos agentes religiosos como
sacerdotes, religiosas, pastores e missionários percebiam que não dava para se mitigar
diferenças. Primeiro porque, nessa grande categoria pobre, havia indivíduos e suas
histórias dos quais uma ação de conciliação não daria conta. Não era possível tratar
como massa, apesar da grande proletarização e situações de miserabilidade em que se
encontravam as pessoas.
A ideia de uma caridade radical, que passa pelo não julgamento, se constrói fortemente
no período. Lideranças que atuavam nessa perspectiva atraíram para si milhares de
pessoas e mediaram a relação com os Estados e grupos empresariais a mitigação de
situação de abandono, a partir de uma organizada ação de atenção e assistência.
Serão, contudo, os dois grandes conflitos mundiais e seus milhões de empobrecidos que
farão efetivamente a modificação da política dos estados europeus, na construção dos
estados de bem-estar social sob o risco de se tornarem solos férteis para os movimentos
revolucionários de natureza socialista.
Dentre elas, destaca-se a contribuição da História Oral e da produção dos relatos sobre
si aqui já caracterizados, mas também a possibilidade de se interpretar diversos outros
processos de construção de identidades coletivas.
Junto a isso, uma das mais comoventes reivindicações foi para a escrita de uma História
Geral da África, congregando pesquisadores de diferentes latitudes africanas, com
alguns da Europa e das Américas que tivessem o comprometimento de trazer as diversas
perspectivas histórico-temporais de fontes diversificadas, como as da arqueologia e das
oralidades, para o conhecimento de diversos povos, entidades políticas e processos
culturais, ampliando muito o conhecimento da riqueza das civilizações africanas,
demonstrando que a história do continente começa a milhares de anos antes da
escravidão atlântica (séculos XVI ao XIX).
Esse esforço monumental, que foi de 1962 até meados dos anos 1990, resultou em uma
geográficos e tornando ainda mais rica a percepção das partes ocidentais e orientais do
planeta.
A criação dos arquivos orais da África ocidental, que foi empreendida pelo historiador
Amadou Hampaté Bâ, que já mencionamos aqui, conhecido mundialmente por ter nos
proporcionado um estudo sistematizado das civilizações orais da África do oeste, tinha a
A multiplicidade de novos atores sociais que emergiram das pesquisas e páginas dos
diversos historiadores, arqueólogos, antropólogos e linguistas que escreveram esses oito
volumes amplificou a possibilidade de estudos de outros povos silenciados na primeira
metade do século e suas singularidades locais e transregionais, como as nações
indígenas das Américas e da Oceania.
Nosso objetivo, neste texto, foi contribuir trazendo aspectos para a compreensão dessa
dimensão do Eu, que é fundamental, mas uma descoberta historicamente
contemporânea. O Eu histórico se apresenta de forma mais clara a partir do momento
que a noção de mundo conhecido se amplia no final do século XIX, com a conquista de
populações e territórios da Ásia e da África. Junto a isso, os desafios da modernização
tecnológica e a transformação do sistema social e econômico modificam socialmente os
antigos centros de poder na Europa Ocidental, fazendo emergir sérias questões sociais
que levavam fundamentalmente a se repensar o ser na sua dimensão individual e
histórica e nos coletivos mais amplificados.
Desde o último trimestre de 2019, estamos passando por outra experiência globalizante
e de difícil convívio, que é a pandemia do coronavírus. Sobre a Covid-19, ainda em
franca pesquisa sobre a sua patogênese e sequelas nos seres humanos e animais, sabe-se
da profunda debilitação do sistema imunológico e do pulmão e, junto com a facilidade
da sua propagação, levou todos os países a passarem pela experiência do isolamento
social e da profilaxia sanitária feita com álcool em gel, água e sabão e uso de máscaras
para não se propagar e receber contaminação pelas vias respiratórias.
Referimo-nos a essa situação do tempo presente para mostrar aqui como o “Eu”
histórico lida com as transformações sociais, ambientais e políticas no espaço e no
tempo. Por isso é uma identidade em constante transformação, que é sempre mobilizada
por situações internas e externas. E esse Eu histórico articula de formas complexas a
relação dos indivíduos com processos coletivos mais amplos (ODARA, 2020).
empatia. Portanto, a primeira conclusão a que cheguei sobre empatia é que exercê-la
não é se colocar no lugar do outro, porque isso é impossível – ninguém consegue viver a
história do outro –, mas entender como o nosso lugar impacta o lugar do outro e como
UNIDADE 2
MATERIAL DIDÁTICO
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um ser complexo habitado por uma multiplicidade em movimento permanente. Ele não
evolui a partir de um capital primeiro, que é seu próprio potencial e que vai se
(...) o ser humano não é uma unidade monolítica, limitada a seu corpo físico, mas sim
um ser complexo habitado por uma multiplicidade em movimento permanente. Ele não
se trata, portanto, de um ser estático, ou concluído. A pessoa humana, como a semente,
evolui a partir de um capital primeiro, que é seu próprio potencial e que vai se
desenvolvendo ao longo da fase ascendente de sua vida, em função do terreno e das
circunstâncias encontradas. As forças liberadas por esta potencialidade estão em
perpétuo movimento, assim como o próprio cosmos. (AMADOU, 1981, p. 3)
A importância do desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais foi
reconhecida no mercado de trabalho recentemente. Nas décadas de 1980 e 1990,
empresas tradicionalmente observavam com mais atenção o conceito de competências
cognitivas, como o tempo gasto para resolver um problema de matemática. Qualquer
outra habilidade pessoal, por exemplo, organização ou curiosidade, era classificada por
pesquisadores e economistas como “competência não cognitiva”.
Reconhecendo que essas competências eram fundamentais para que tarefas fossem
concluídas, esse grupo de competências foi nomeado como “soft skills” ou habilidades
intangíveis, que devem contrastar com as “hard skills”, as habilidades técnicas
específicas.
O modelo a seguir, desenvolvido pelo pesquisador belga Dr. Hans Hoeskra, apresenta
os constructos para gerar performance ou resultados. Segundo Hoeskra (2011), para
gerar resultados, são necessários conhecimentos especializados e repertório
comportamental.
Modelo de performance Hoeskra
Fonte: acervo da autora
Em geral, os modelos de competências profissionais apresentam dois focos. O primeiro
turno, funcionam como via pela qual as demais competências são expressas e
p. 395)
LIBANSWERS
Cited in Army War College documents extant as far back as 1987, the Army War
College Library has endeavored to determine the exact date of incorporation of the
acronym "VUCA" into the USAWC curriculum and learning environment. The Army War
College Library presents below a spectrum of resources which document VUCA's
existence in the curriculum.
LEIA MAIS LIBANSWERS
We live in a VUCA world: this summary used to hit the nail on the head during the last
few decades. Through this lens, however, we no longer can derive useful information
from this model. Instead, we seem to face chaos larger than VUCA - in politics, global
warming and the current pandemic, any many other spheres of life.
LEIA MAIS STEPHAN GRABMEIER
SAIBA MAIS
Leia o Artigo "Bem-vindo ao mundo BANI" onde, link Bruno Ribeiro aprofunda
sobre o que é o Mundo BANI. Acesse através deste link.
A capacidade adaptativa do ser humano sempre foi posta em prova, e nossos ancestrais
ultrapassaram barreiras que nos trouxeram até aqui. A vida nos pede desenvolvimento.
Nesse momento, ser flexível e entender que não existem modelos perfeitos para todos os
possíveis cenários que podem acontecer abre espaço para a humildade, para a
consciência de que não somos deuses capazes de controlar tudo. Desenvolver
competências, habilidades e atitudes que nos auxiliem a focar no presente para evitar
excesso de ansiedade, entender a responsabilidade de nossas ações pessoais e como
podem influenciar outras pessoas e o meio, gerando mais empatia, pensar e agir
colaborativamente, buscando vários pontos de vistas possíveis, incluindo pessoas com
crenças e culturas diversas, abrir espaço para criatividade, prototipar soluções nunca
pensadas antes, melhores do que fizemos até aqui. A crise é um chamado para
mudanças.
Os desafios nos obrigam a melhorar. A boa notícia é que, segundo Filip Fruyt,
pesquisador belga especialista em psicologia diferencial, somos equipados
geneticamente e evolutivamente para lidar com desafios.
Para pesquisadores do mundo todo, aprofundar esses conhecimentos trariam
informações relevantes sobre o funcionamento da personalidade humana, e entendendo
a personalidade humana, poderíamos desenvolver novos e melhores comportamentos.
Depois de mais de 30 anos, esses pesquisadores reuniram suas teorias e estudos, de
modo que sintetizassem uma abordagem com base em evidências e que pudesse ser
replicada sistematicamente, um modelo que pudesse chegar próximo ao que pode ser
visto e resumido em todas as culturas e indivíduos. Então, chegaram à ideia de que há
uma taxonomia inerente de que existem cinco amplas dimensões que podem resumir as
mais importantes características de personalidades humanas: o modelo “BIG 5”, base
para o estudo das competências socioemocionais.
DESAFIO
Enquanto lê os cinco fatores de personalidade, faça o trabalho de
autoavaliação: “como me enquadro em cada uma dessas personalidades?”.
Com base nas cinco dimensões de personalidade humana, as diversas teorias sobre
competências socioemocionais começaram a ser desenvolvidas.
IMPORTANTE!
Acesse o Guia – Educação Integral na Alfabetização e saiba mais sobre
"Competências e Habilidades Socioemocionais".
Uma das teorias mais trabalhadas no Brasil foi desenvolvida pelo Instituto Ayrton
Senna no grupo de trabalho composto por Filip Fruyt e o brasileiro Primi. Com base nas
cinco macrocompetências, avançaram para 17 habilidades. São elas:
bullet
Abertura ao novo: curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico;
bullet
Amabilidade: empatia, respeito, confiança;
bullet
Autogestão: determinação, organização, foco, persistência e responsabilidade;
bullet
Engajamento com outros: iniciativa social, assertividade, entusiasmo;
bullet
Resiliência Emocional: tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à frustração.
DESAFIO
Quais dessas habilidades são fortes em você? Quais você pretende
desenvolver?
De todas as denominações apresentadas até o momento: competências não cognitivas,
competências interpessoais, “soft skills” e competências transferíveis, as competências
socioemocionais são as que reconhecem algo fundamental: somos seres sociais e
relacionais em todos os momentos, em todos os lugares, portanto é necessário
desenvolvê-las, assim como fazemos com os conhecimentos técnicos. A naturalização
dessa informação como base de evidências testadas reflete um novo paradigma para a
educação, para o mercado de trabalho e para as relações pessoais. A autopercepção e o
reconhecimento de habilidades e competências, antes vistas como “não importantes” e
agora imprescindíveis para o desenvolvimento do ser em todos os seus locais de
atuação, abre espaço para pessoas mais conscientes de si e capazes do desenvolvimento
de comportamentos e atitudes mais empáticas, colaborativas, assertivas e resilientes.
Pessoas mais empáticas e colaborativas transformam o mundo em um lugar mais
empático e colaborativo. Em qual mundo queremos viver? Que tipo de competências e
habilidades queremos desenvolver?
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A palavra “empatia” tem origem no termo grego empatheia, que significa "paixão";
esquecida por tempos, ressurgiu no início do século XX passou a ser investigada com
maior aprofundamento no início da década de 1950 e aplicada na prática
psicoterapêutica a partir da iniciativa de Carl Rogers (SAMPAIO, 2009).
Atualmente, sabemos que a empatia é uma das habilidades mais importantes para o
século 21, está presente desde a escola primária até a construção da liderança.
Com base no senso comum, a empatia ficou conhecida como a habilidade de se colocar
no lugar do outro, contudo podemos abrir espaço para outros pontos de vista sobre o
Esse ponto de vista também é trazido por outros autores. Para Carl Rogers, por
exemplo, para estarmos com o outro de maneira empática, devemos “deixar de lado,
nestes momentos, nossos pontos de vista e valores, para entrar no mundo do outro sem
preconceitos. Num certo sentido, significa pôr de lado nosso próprio eu” (ROGERS,
1977, p. 73). E para Merleau-Ponty:
por mais que eu ponha os conteúdos de meu mundo vivido entre parênteses, no sentido
de, sendo empática, perceber o mundo vivido da pessoa na perspectiva dela, isto nunca
por mais que eu ponha os conteúdos de meu mundo vivido entre parênteses, no sentido
de, sendo empática, perceber o mundo vivido da pessoa na perspectiva dela, isto nunca
se produz completamente, nunca vou livrar-me totalmente de meu próprio Lebenswelt,
que me constitui. (MOREIRA, 2009, p. 53)
A compreensão empática pode ser muito difícil de ser posta em prática, pois exige a
adoção do ponto de vista de outra pessoa (ROGERS, 1977), o que só é possível se, de
fato, se despojar de seu próprio ponto de vista e aceitar incondicionalmente o jeito de
ser da pessoa, ainda que momentaneamente. Rogers segue Carl Rogers questionando-se:
Poderei permitir-me entrar completamente no mundo dos sentimentos do outro e das
suas concepções pessoais e vê-los como ele os vê? Poderei entrar no seu universo
interior tão plenamente que perca todo desejo de avaliá-lo ou julgá-lo? Poderei entrar
humano e de alguns animais. As recentes pesquisas têm trazido uma nova visão de
Os neurônios espelho foram descobertos em uma pesquisa com macacos feita por
Giacomo Rizzaloti, neurobiologista italiano, na década de 1990. Na observação, os
neurônios eram ativados quando os macacos viam alguns movimentos e emoções de
outros macacos. Algum tempo depois, esses neurônios também foram encontrados em
humanos. Esses neurônios são capazes de reproduzir e espelhar ações, movimentos e até
emoções observadas em outros. Neurônios espelhos geram a capacidade de aprendizado
pela imitação (LAMEIRA, 2006).
“A capacidade de imitação é uma das bases neuronais da empatia”, diz Tati Fukamati,
especialista em neurociência aplicada. “(...) é como se estivesse acontecendo no seu
próprio corpo, (...) é por isso que choramos em filmes tristes, por isso, podemos de
alguma forma sentir o que o outro sente, porque a todo momento nos espelhamos no
outro” (FUKAMATI, 2016).
Assista ao TEDTalks A Revolução da Empratia de Tati Fukamati:
YOUTUBE
Estudos com chimpanzés e bebês humanos jovens demais para já terem aprendido as
agem espontaneamente para ajudar e até mesmo transpõem obstáculos para ajudar. Eles
aparentemente fazem isso por uma motivação intrínseca, sem qualquer expectativa de
recompensa. Um estudo recente indicou que o diâmetro das pupilas das crianças (uma
forma de medir a atenção) diminui tanto quando ajudam como quando veem alguém
ajudar, sugerindo que eles não estão simplesmente ajudando por se sentirem
Como elucidou Keltner, o termo “sobrevivência do mais apto”, muitas vezes atribuído a
Charles Darwin, foi, na verdade, cunhado por Herbert Spencer e darwinistas sociais que
que o trabalho de Darwin é melhor descrito pela frase “sobrevivência do mais gentil”.
maior poder dos instintos sociais ou maternos em relação a qualquer outro instinto, ou
motivação”. Em outra passagem, ele comenta que “as comunidades, que incluíam o
maior número de membros mais simpáticos, floresceriam melhor e reteriam o maior
Estudos com chimpanzés e bebês humanos jovens demais para já terem aprendido as
regras de cortesia também apoiam essas afirmações. Michael Tomasello e outros
cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, descobriram que bebês e chimpanzés
agem espontaneamente para ajudar e até mesmo transpõem obstáculos para ajudar. Eles
aparentemente fazem isso por uma motivação intrínseca, sem qualquer expectativa de
recompensa. Um estudo recente indicou que o diâmetro das pupilas das crianças (uma
forma de medir a atenção) diminui tanto quando ajudam como quando veem alguém
ajudar, sugerindo que eles não estão simplesmente ajudando por se sentirem
recompensados. Parece que o próprio alívio do sofrimento é a recompensa – quer eles
estejam envolvidos ou não no ato de ajudar.
Como elucidou Keltner, o termo “sobrevivência do mais apto”, muitas vezes atribuído a
Charles Darwin, foi, na verdade, cunhado por Herbert Spencer e darwinistas sociais que
desejavam justificar a superioridade da classe e da raça. Um fato menos conhecido é
que o trabalho de Darwin é melhor descrito pela frase “sobrevivência do mais gentil”.
Na verdade, em The Descent of Man e Selection In Relation to Sex, Darwin defendeu “o
maior poder dos instintos sociais ou maternos em relação a qualquer outro instinto, ou
motivação”. Em outra passagem, ele comenta que “as comunidades, que incluíam o
maior número de membros mais simpáticos, floresceriam melhor e reteriam o maior
número de descendentes”. (Sepalla, 2018)
monitoramento dos sentimentos que fluem a partir deles. Esses circuitos nos permitem
aplicar o mesmo raciocínio à mente de outras pessoas quando decidimos focar nisso.
espelho – que nos permitem sentir rapidamente, sem pensar de maneira profunda. Essas
partes nos sintonizam, despertando em nosso corpo o estado emocional dos outros:
sentimos literalmente a dor do outro. Nosso padrão cerebral liga-se ao dos outros
À medida que vai compreendendo seu mundo interno, a pessoa capta os mecanismos de
funcionamento de seu ser, deixando de entender esses mecanismos como naturais, o que
lhe permite novas possibilidades de ação e novas formas de consciência. Extrapolando o
conhecimento de que todos os seres humanos têm necessidades, e que as dores se
assemelham, revela um novo saber sobre a realidade a sua volta, o que leva a um novo
saber sobre si mesma e sobre sua identidade social. A pessoa entra em contato com o
poder de transformação de suas ações e seu papel ativo nas relações com os demais
(ALVES, 2020)+
Fukamati (2016) diz: “Se houver uma intenção de treinar empatia de forma consciente,
o seu cérebro vai começar a desenvolver estratégias, criar novas rotas neurais e vai fazer
ao longo do tempo a empatia ser um processo cada vez mais automático e natural”.
Essa é a conclusão, também, da pesquisa com médicos realizada por Helen Riess,
diretora do Empathy and Relational Science Program do Massachusetts General
Hospital, em Boston. Para ajudar os médicos a monitorarem a si mesmos, Riess criou
um programa pelo qual eles aprenderam a se concentrar usando a respiração profunda e
diafragmática e a cultivar certo distanciamento do teto, por assim dizer, em vez de
estarem perdidos em seus próprios pensamentos e sentimentos. “Suspender nosso
próprio envolvimento para observar o que está acontecendo nos dá uma percepção
consciente da interação sem ser completamente reativo” (RIESS). “Podemos ver se
nossa própria fisiologia está carregada ou equilibrada. Podemos notar o que está
acontecendo” (GOLEMAN, 2018, on-line). “Se agirmos de forma cuidadosa – olhando
as pessoas nos olhos e prestando atenção às suas expressões, mesmo não querendo
muito – podemos começar a nos sentir mais envolvidos” (idem).
Por Emma Seppala via Tibet House Brasil Décadas de pesquisa clínica concentraram-
se e lançaram luz sobre a psicologia do sofrimento humano. Esse sofrimento, embora
desagradável, muitas vezes também tem um aspecto favorável no qual as pesquisas
têm prestado menos atenção: a compaixão. O sofrimento humano é muitas vezes
acompanhado de belos atos de compaixão como expressão...
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terapeutas. Vivenciar o sofrimento do outro o tempo todo, como se fosse o nosso, pode
gerar sobrecarga, por isso reconhecer nossos limites é muito importante (FEITOSA,
2019)
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É possível ter empatia por todos o tempo todo? Hoje, a pós-doutora em neurociências
integradas Claudia Feitosa-Santana conta pra gente, aqui na Casa do Saber...
VEJA EM YOUTUBE
Falamos, então, de preocupação empática seletiva – quando dizemos “não” para alguém
ou alguma situação, estamos dizendo “sim", para alguma coisa interna que precisa de
cuidado, trabalhando, portanto, a autoempatia. A decisão consciente, com entendimento
claro das necessidades internas, potencializa a visão de realidade externa.
Sentir COM o outro não significa trazer para si a resolução de problemas PARA o
outro, algumas vezes o impulso de “ajudar” pode esconder a necessidade de ser herói da
vida alheia, impossibilitando que o outro se mostre em seu potencial. O entendimento
da realidade e a construção de uma conexão sadia e sem julgamentos criam
oportunidade para desenvolvimento de caminhos internos em que a própria pessoa
desenvolva a melhor resolução para si. Com os caminhos e as possibilidades daquele
momento para aquela pessoa. “Permanecendo em empatia, permitimos que nossos
interlocutores atinjam níveis mais profundos de si mesmos” (ROSENBERG, 2006).
Nesse sentido, seria possível demonstrar empatia por quem sentimos antipatia? Abrir
espaço de entendimento dos comportamentos de outras pessoas não significa estar de
acordo nem ser permissivo. Demonstrar empatia significa abrir espaço de escuta e
entendimento, sem julgamentos, perceber quais os motivos de determinados
comportamentos, existe ali uma necessidade não atendida, ou a busca por algo que é
definitivamente humano e universal. Quando entendemos esse processo, contribuímos
com a diminuição da tensão na conversa e aumenta a capacidade de entender e ser
entendido. Empatia abre espaço seguro de fala e escuta.
A escuta tem papel fundamental na empatia. Para SCLAVI (2003), o bom escutador
deve respeitar o interlocutor e ser curioso – abrir-se a outra visão de mundo. Um dos
fundamentos disso é a compreensão da realidade como construção social complexa,
portanto o reconhecimento de seu caráter multifacetado e das várias visões e percepções
possíveis sobre o mesmo fenômeno, objeto e situação. Ou seja, é necessário transitar do
lugar em que se vê uma única verdade oposta ao diferente, em direção a um
posicionamento de abertura para escutar outras verdades; abrindo-se ao diálogo e
colocando em xeque suas próprias certezas (MOURA e GIANNELLA, 2016). O termo
“escuta ativa” é muito utilizado quando se fala de escuta empática, associado à
psicoterapia e à psicologia com base em ROGERS (1997), a mesma referência utilizada
por BARBIER (2008) com a chamada “escuta sensível”. Trata-se de escutar o outro
para compreender o que está a dizer, evitando o quanto possível avaliar ou julgar. Para
ROGERS, é necessário abrir-se para esse tipo de escuta, pois isso enriquece e torna
mais sensível quem escuta, assim como promove a transformação do outro, isso é, de
quem está sendo escutado (MOURA e GIANNELLA, 2016).
A escuta (ativa, sensível, profunda), quando exercida por quem assume o papel de
liderança nas organizações e nos processos de aprendizagem, propicia o
engajamento dos colaboradores e aprendizes. Isso porque pode contribuir para a
emergência dos seus potenciais, estimulando-os a agirem e a expressarem-se
com base em suas habilidades e tendo em vista as reais necessidades coletivas e
pessoais, o que, por sua vez, facilita a resposta criativa aos desafios encontrados
na gestão e nos processos de aprendizagem;
A escuta (ativa, sensível, profunda) facilita a interação das pessoas em ambientes
de diversidade cultural, seja nas organizações, seja nos âmbitos mais variados da
sociedade contemporânea. A diferença/complexidade acentuada em nossas
sociedades e organizações proporciona a cada dia mais situações de
interculturalidade, isso é, contextos onde diversas premissas implícitas orientam as
várias leituras e formas de ação no mundo; onde a tendência à negação do
diferente é corriqueira, o que torna a arte de escutar, relacionada à gestão criativa
de conflitos, uma competência cada vez mais necessária para abrir portas à
convivência e à possibilidade de ação conjunta entre diferentes (SCLAVI, 2003);
A escuta favorece os processos coletivos de trabalho e de organização,
instaurando efetivamente capacidades de indagação criativa, pensamento
divergente (fora dos quadrados e dos limites dados), exploração de opções e
possibilidades não óbvias. A habilidade da escuta, exercida em grupos em um
ambiente colaborativo, cria campos fecundos para ativar e sustentar a inteligência
coletiva;
A escuta estimula uma cultura participativa e democrática tanto no seio da
sociedade quanto de suas mais diversas organizações. A prática da escuta é um
dos requisitos para o desenvolvimento de processos participativos e colaborativos.
Tais processos tendema emperrar, em maior ou menor medida, na perspectiva
epistemológica que reafirma – de forma contraditória com respeito às intenções
declaradas – a legitimidade de apenas uma visão de mundo, em vez de aceitar a
hipótese e fomentar a prática da exploração e convivência entre visões distintas.
Essa perspectiva, ainda hegemônica, está entranhada em nossos modelos
mentais, memórias e comportamentos (GIANNELLA e MOURA, 2009);
A escuta abre caminhos para reconhecermos os conflitos como oportunidades de
aprendizagem nas organizações, indivíduos e sociedades. Dentro de uma visão
epistemológica baseada na premissa da verdade única, o conflito expressa
negação. De forma diferente, ao assumirmos uma visão de mundo complexo e
multíplice, o conflito torna-se uma oportunidade de aprendizagem por evidenciar
diversos modos possíveis de perceber dada realidade. No entanto, para que essa
possibilidade seja efetivada, precisamos treinar as capacidades de escuta criativa
e, com elas, a competência de gestão criativa de conflitos (SCLAVI, 2003);
A escuta prepara gestores, educadores, profissionais e pessoas em geral para
lidarem com o caos e a adversidade, favorecendo o trabalho voltado para a
criatividade e a inovação (MOURA e GIANNELLA, 2016).
A escuta (ativa, sensível, profunda), quando exercida por quem assume o papel de liderança
nas organizações e nos processos de aprendizagem, propicia o engajamento dos
colaboradores e aprendizes. Isso porque pode contribuir para a emergência dos seus
potenciais, estimulando-os a agirem e a expressarem-se com base em suas habilidades e
tendo em vista as reais necessidades coletivas e pessoais, o que, por sua vez, facilita a
resposta criativa aos desafios encontrados na gestão e nos processos de aprendizagem;
A escuta (ativa, sensível, profunda) facilita a interação das pessoas em ambientes de
diversidade cultural, seja nas organizações, seja nos âmbitos mais variados da sociedade
contemporânea. A diferença/complexidade acentuada em nossas sociedades e organizações
proporciona a cada dia mais situações de interculturalidade, isso é, contextos onde diversas
premissas implícitas orientam as várias leituras e formas de ação no mundo; onde a
tendência à negação do diferente é corriqueira, o que torna a arte de escutar, relacionada à
gestão criativa de conflitos, uma competência cada vez mais necessária para abrir portas à
convivência e à possibilidade de ação conjunta entre diferentes (SCLAVI, 2003);
A escuta favorece os processos coletivos de trabalho e de organização, instaurando
efetivamente capacidades de indagação criativa, pensamento divergente (fora dos quadrados
e dos limites dados), exploração de opções e possibilidades não óbvias. A habilidade da
escuta, exercida em grupos em um ambiente colaborativo, cria campos fecundos para ativar
e sustentar a inteligência coletiva;
A escuta estimula uma cultura participativa e democrática tanto no seio da sociedade quanto
de suas mais diversas organizações. A prática da escuta é um dos requisitos para o
desenvolvimento de processos participativos e colaborativos. Tais processos tendema
emperrar, em maior ou menor medida, na perspectiva epistemológica que reafirma – de
forma contraditória com respeito às intenções declaradas – a legitimidade de apenas uma
visão de mundo, em vez de aceitar a hipótese e fomentar a prática da exploração e
convivência entre visões distintas. Essa perspectiva, ainda hegemônica, está entranhada em
nossos modelos mentais, memórias e comportamentos (GIANNELLA e MOURA, 2009);
A escuta abre caminhos para reconhecermos os conflitos como oportunidades de
aprendizagem nas organizações, indivíduos e sociedades. Dentro de uma visão
epistemológica baseada na premissa da verdade única, o conflito expressa negação. De
forma diferente, ao assumirmos uma visão de mundo complexo e multíplice, o conflito
torna-se uma oportunidade de aprendizagem por evidenciar diversos modos possíveis de
perceber dada realidade. No entanto, para que essa possibilidade seja efetivada, precisamos
treinar as capacidades de escuta criativa e, com elas, a competência de gestão criativa de
conflitos (SCLAVI, 2003);
A escuta prepara gestores, educadores, profissionais e pessoas em geral para lidarem com o
caos e a adversidade, favorecendo o trabalho voltado para a criatividade e a inovação
(MOURA e GIANNELLA, 2016).
A empatia não é uma técnica, ela pode ser praticada com recursos metodológicos, mas,
em última instância, ela não pode ser dissimulada, pois, somos “máquinas” de detectar
traidores (SANTANA, 2019). Para uma conexão real, a intenção deve ser real.
Quando pensamos nos grandes problemas que o mundo enfrenta, podemos listar uma
série deles: guerra, fome, violência; e se pensarmos em pequena escala, o que seria
possível de concreto fazer para a resolução real desses problemas? A utilização da
empatia seria fundamental. Para resolver problemas complexos como esses e muitos
outros, uma visão sistêmica e integrativa é necessária, e essa visão só pode ser possível
contemplando pontos de vista de quem passa pelos problemas, incluindo suas visões de
dentro, para trazer soluções.
UNIDADE 4
MATERIAL DIDÁTICO
2/6
Esta unidade vai apresentar uma proposta de experimentação de sentido de vida, a partir
do trabalho voluntário, proposta que visa ao entendimento do significado de vida, mas,
principalmente, da vivência desse sentido.
A apresentação do trabalho voluntário como meio para essa vivência se faz porque não
se trata apenas dos impactos que podemos ter na vida de outras pessoas ou do meio,
mas, principalmente, do papel que essa atividade pode desempenhar na nossa própria
vida.
Segundo UCEFF o trabalho voluntário é capaz de tornar uma pessoa mais tolerante,
empática e, mais do que tudo, um excelente profissional.
Por exemplo, participar de Projetos Sociais pode ser um diferencial durante processos
seletivos, pois é possível perceber que a pessoa se preocupa em ajudar o próximo.
Quando praticamos alguma atividade fora de nossa zona de conforto ou convivemos
com pessoas que não são de convívio próximo, podemos perceber nossos próprios
autoconhecimento.
Por meio de conexões com pessoas de fora de seu círculo de amizade e comunidade,
você poderá conhecer pessoas de todas as esferas da vida, que afetarão seu caminho e
experiência de maneiras muito diferentes.
Para muitos, a sensação de recomeço, como na transição de carreira ou recolocação
profissional, até depois de momentos muito desafiadores de vida, aparece no
voluntariado, as novas conexões sociais contribuem com novos olhares e afetos, e a
intenção de beneficiar o outro além de si mesmo aumenta o bem-estar e felicidade.
Criamos mais ânimo e disposição para realizarmos outras coisas.
Os dados de Haidt sugerem que a exaltação nos inspira a ajudar os outros – e pode ser a
força por trás de uma reação de generosidade em cadeia.
Pode ser que você tenha visto alguma notícia sobre reações em cadeia que ocorrem
quando alguém paga café para um motorista que vinha atrás em um restaurante drive-
through, ou paga um pedágio numa rodovia.
E, quem sabe, fazer como eu e outros empreendedores sociais que, por meio do trabalho
e da dedicação aos outros, pode também se inspirar a começar seu próprio projeto para
ajudar o próximo ou alterar o Plano de Carreira que você originalmente estabeleceu para
si mesmo.
A partir deste momento, gostaria de propor uma reflexão filosófica sobre a vida, quando
paramos por algum tempo das atividades cotidianas e do fluxo do fazer e consumir e
sobreviver, algumas questões humanas surgem e, talvez, até, você já tenha se
perguntado algumas delas;
bullet
Será que há sentido para tudo isso?
bullet
O que faço aqui?
bullet
Caminho para o nada?
bullet
Ao final, como serei lembrado, se é que o serei?
bullet
O que terei realizado, se é que há possibilidade de realizações?
bullet
O que são realizações?
Essas questões podem nos impulsionar a viver uma vida que vale a pena ser vivida, uma
vida com sentido.
Segundo vários filósofos existenciais, citados por YALOM (1984), o homem precisa de
um sentido para viver, que envolva metas, valores e ideais. Sem isso, ele pode chegar a
Aristóteles é, ainda hoje, uma grande referência sobre a busca de felicidade e bem-
estar. Sua teoria sobre a eudaimonia (do grego antigo εὐδαιμονία), é um termo grego
que literalmente significa: "O estado de ser habitado por um bom adaemon, um bom
Para ele, a vida feliz seria uma vida virtuosa (bem-viver e bem-fazer), utilizando
virtudes como exercício de uma vida ética e além de seus próprios prazeres, o ser
humano encontraria a felicidade.
Martin Seligman, precursor da Psicologia Positiva no mundo, aponta para o aumento de
bem-estar quando há utilização de dons e talentos com um sentido, e que esse sentido é
sempre além de você mesmo.
Viktor Emil Frankl, criador da logoterapia e análise existencial, afirma que a força
motriz do ser humano é a presença de sentido na vida.
Não se trata, porém, de um sentido único para toda a vida, mas, sim, de um sentido para
cada situação que ela apresenta. Por isso, o sentido pode mudar a cada momento e a
cada hora.
Todas as circunstâncias da vida que uma pessoa vive são dotadas de sentido, até mesmo
quando há sofrimento (FRANKL, 2005).
Quando o ser humano frustra essa vontade de sentido, pode acabar mergulhando em um
vácuo existencial, isto é, em um sentimento de vazio e futilidade. Para Frankl, esse é o
mal que atinge nossa época. Em especial, esse vazio apresenta-se de modo mais
suscetível entre os jovens e tem sido marcado por uma tríade sintomática: depressão,
agressividade e dependência de drogas (FRANKL, 2003; FRANKL, 2008); (SANTOS,
2019).
Frankl (1989, 2005), apresenta que o homem pode se posicionar e dar respostas às
perguntas que a vida possa fazer.
Cada momento traz uma pergunta, que representa um desafio e uma exigência – A vida
desafia a pessoa a responder. "Responder a" é responsabilizar-se, comprometer-se
perante uma tarefa que se apresenta, perante uma ou mais pessoas, perante Deus.
Para Frankl, na verdade, não cabe ao homem indagar sobre o sentido de sua vida.
Ele deveria:
[...] compreender-se como alguém que é indagado, e é justamente sua própria vida que o
indaga, e ele tem de responder, e se responsabilizar pela sua vida. De fato, a análise
p. 73).
[...] compreender-se como alguém que é indagado, e é justamente sua própria vida que o
indaga, e ele tem de responder, e se responsabilizar pela sua vida. De fato, a análise
existencial vê no ser responsável a essência da existência do homem (FRANKL, 1976,
p. 73).
A vontade de sentido para FRANKL (1990) é a motivação humana primária, mas não
aparece somente quando as necessidades básicas do homem são satisfeitas, surgindo,
assim, uma necessidade de satisfação mais elevada.
A vontade de sentido representa uma motivação que não se reduz ou deriva de outras
necessidades. Essa ideia contrapõe-se à de Maslow (FADIMAN; FRAGER, 1986), que
propôs uma hierarquia das necessidades, sendo elas: fisiológicas, de segurança, de amor
e pertinência, de estima e, por último, a autorrealização.
Para esse mesmo autor, as necessidades fisiológicas são básicas e devem ser atendidas,
primeiramentpor nada e, para que as demais ocorram.
Para Frankl, o importante seria compreender qual das necessidades tem sentido para a
pessoa, e não identificar sua hierarquia: "Se não existir algum sentido para seu viver,
uma pessoa tende a se tirar a vida e está pronta para fazê-lo mesmo que todas as suas
necessidades sob qualquer aspecto estejam satisfeitas" (FRANKL, 2005, p. 14).
última análise, por uma aspiração à felicidade, sendo todos os processos anímicos
[...] esta afirmação reporta-se ao suposto fato de que todo o agir humano é fitado, em
última análise, por uma aspiração à felicidade, sendo todos os processos anímicos
determinados única e exclusivamente por um princípio do prazer.
Frankl não compartilha dessa ideia: "O princípio do prazer é um artefato psicológico".
Para ele (1989, p. 67): "Na verdade, o prazer não é, em geral, a meta de nossas
aspirações, mas sim a consequência da sua realização" ou, ainda: "Em outras palavras, o
homem, que tão especialmente dedica-se ao prazer e diversão, mostra-se finalmente
como alguém que permanece frustrado em relação a sua vontade de sentido" (FRANKL,
1990); (SILVEIRA; GRADIN, 2015).
Entre os estudiosos que abordaram a questão do sentido e sua importância na vida das
pessoas, Jung (citado por FRANKL, 1990, p. 26) afirmou que "O sentido faz muito,
talvez tudo, suportável".
Nietzsche acreditava que: "Quem tem por que viver, suporta quase qualquer como".
A ideia de uma busca direta da felicidade, que alimenta inclusive a Indústria Publicitária
– como um argumento forte para a venda de produtos – essa ideia conduz a um círculo
vicioso a partir da frustração de uma exigência (inerente à pessoa) profunda de busca de
sentido.
foi demonstrado que não existe nada no mundo que torne o homem capaz de sobreviver
1991.ª, p. 68).
RED BULL
Projetos de impacto social que transformam realidades
Uma iniciativa de impacto social positivo é aquela que busca transformar uma
realidade, geralmente pautada por um problema da sociedade em que está inserida.
Muitas vezes alinhadas a um ou mais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável das Nações Unidas (ODS).
LEIA MAIS RED BULL
Quais são os projetos próximos a você? De que maneira seus dons e talentos poderiam
contribuir com esses projetos?
Para quem quer entender um pouco mais sobre como
iniciar um projeto social
“Como você sonha em mudar o mundo?
”Você cavaria poços para fornecer água potável a pequenos vilarejos? Criaria
microbancos para tirar mulheres da pobreza? Protegeria um ecossistema em risco de
extinção? Reabilitaria uma escola? Instalaria Clínicas de Saúde Rurais para
Comunidades carentes? Distribuiria alimentos para quem tem fome?
Todos os trabalhos voluntários, quaisquer que sejam eles, tem uma coisa em comum:
gerenciam seu trabalho por meio de Projetos. O gerenciamento de Projetos Sociais tem
características distintas de outros e importantes para priorização de conhecimentos.