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Aulas de
Protagonismo
1o Ano do Ensino Fundamental
Realização
PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães
EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto
CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Johanna Faller
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Thereza Barreto e Gisele Paes
Leitura crítica: Regina Lima
Revisão Ortográfica: Cristiane Schmidt
Diagramação: Estúdio Rebimboca
Não é uma tarefa fácil porque educar não é simples e uma formação protagonista exige
novas leituras sobre a infância, as crianças e as suas múltiplas formas e possibilidades de
atuar no mundo como atores sociais e autênticas protagonistas.
A criança protagonista
Os habitantes da República do Quênia, assim como a maioria dos habitantes da África
Subsaariana, enfrentam muitos problemas socioeconômicos. Em 2017, segundo os dados
divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Quênia apresentou IDH 2 de
0,590 e passou a ocupar a 142o posição no quadro mundial composto por 162 países.
Mais da metade da sua população vive abaixo da linha de pobreza; a subnutrição atinge
32% dos quenianos e a taxa de mortalidade infantil é de 62 para cada mil nascidos vivos.
1
HART, R.A. Children’s Participation: from tokenism to citizenship. Disponível em:< http://
www.unicef-irc.org/publications/100>. Acesso em fevereiro de 2015.
2
IDH é uma medida concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) e significa Índice
de Desenvolvimento Humano. O IDH varia entre 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1
(desenvolvimento humano total). Ela foi concebida para avaliar a qualidade de vida e o de-
senvolvimento econômico de uma população segundo os seguintes critérios:
• Uma vida longa e saudável (Saúde): expectativa de vida ao nascer.
• O acesso ao conhecimento (Educação): média de anos de estudo (adultos) e anos espera-
dos de escolaridade (crianças).
• Um padrão de vida decente (Renda): medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) com base
na Paridade de Poder de Compra (PPC) por habitante.
Disponível em PNUD Brasil <http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0.html>.
Acesso em junho de 2019.
No Mali, alguns candidatos à presidência assinaram a “Declaração das Crianças do Mali”. Esse docu-
mento exige uma revisão das leis sobre casamento infantil, educação e saúde universal.
No México, jovens líderes são fundamentais para construir escolas seguras e eliminar a violência em
suas comunidades.
No Iêmen, as crianças participam das estruturas do parlamento infantil para promover, monitorar e
defender seus direitos, assim como para influenciar a formulação de políticas.
Em Bangladesh, milhares de estudantes se reuniram para protestar por reformas no setor de trans-
portes e exigir o direito à liberdade de expressão.
Na Colômbia, as crianças enviaram seu próprio relatório para participar da “Revisão Periódica do
Conselho de Direitos Humanos da ONU para a Colômbia”.
Na África Ocidental, as crianças participaram da criação de uma agenda regional para acabar com o
casamento infantil.
Nas Filipinas, as crianças também fizeram parte da agenda para definir a legislação em situações de
emergência.
3
A manifestação denominada March for Our Lives (livre tradução: Marcha pelas nossas vidas)
aconteceu em Washington, DC em 24 de março de 2018 e é considerada um dos maiores
protestos da história americana. Disponível em <https://marchforourlives.com/>. Acesso
em junho de 2019.
Mas, apesar desses exemplos inspiradores, muitas vezes, as crianças não têm a oportuni-
dade de se envolverem em ações protagonistas e influenciarem a mudança social e polí-
tica necessária para melhorar sua situação, bem como a das comunidades em que vivem.
Ainda que a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, ratificada por
quase todos os países, ofereça às crianças o direito de realizarem ações cívicas, partici-
parem de decisões públicas e fazerem parte da formação de sociedades democráticas,
as restrições no espaço cívico são um obstáculo para as crianças porque esses direitos
precisam ser reconhecidos e garantidos por lei.
No entanto, esses exemplos também nos confirmam que, quando às crianças e aos jo-
vens são oferecidas condições e um gatilho para a ação, eles podem fazer uma grande
diferença em nossa sociedade e mudá-la, para melhor.
Não apenas os obstáculos citados são limitações. O nosso papel como adultos também
contribui para isso. Em muitos países, as crianças são vistas apenas como vulneráveis e
carentes de proteção e, na pior das hipóteses, tratadas como propriedade dos adultos.
Por outro lado, os adultos argumentam que ampliar ou mesmo criar espaços de participa-
ção protagonista pode ser algo arriscado porque as crianças não estão preparadas tanto
no aspecto físico quanto social e emocional.
Mas, o que significa uma criança estar “pronta”? Como e quando ela estará “pronta”? Ela
estará? Uma legislação apropriada não parece ser suficiente porque também precisamos
entender e abordar as práticas culturais e sociais que criam barreiras ao envolvimento e
à participação protagonista das crianças, a começar pela escola.
Por outro lado, há estudos4 os quais evidenciam que, quando as crianças são capazes
de exercer seus direitos e de atuar de maneira protagonista, elas trazem novas percep-
ções sobre sua própria condição e colaboram com soluções criativas para circunstâncias
4
Um desses estudos é o Enabling the Exercise of Civil and Political Rights: The views of chil-
dren promovido pelo Centre for Children’s Rights (CCR) da Queen’s University Belfast. Dis-
ponível em <https://resourcecentre.savethechildren.net/library/enabling-exercise-civil-an-
d-political-rights-views-children>. Acesso em abril de 2019.
Sendo também uma construção social, a criança é um ator social e depende da nossa
capacidade, enquanto adultos, de criar condições para que ela participe de maneira prota-
gonista da construção da sua própria vida nas suas variadas formas, bem como daqueles
com quem ela convive.
O ICE está comprometido com as experiências protagonistas das crianças porque con-
sidera que a escola é um lugar fundamental e, em muitos aspectos, determinante para
permitir a cada uma delas a possibilidade de serem elas mesmas, na sua potência,
plenitude e autenticidade.
A voz das crianças, o grau em que são ouvidas e as condições de atuação na Escola da Es-
colha correspondem a uma das nossas maiores prioridades na sua formação como prota-
gonistas autênticas. Por isso, consideramos a necessidade de assegurar que sejam inclu-
ídas e tenham suas vozes, interesses, perspectivas e atitudes estimuladas e valorizadas.
Na escola é preciso assegurar condições para que as vozes das crianças sejam valo-
rizadas pelos adultos, sua participação protagonista encorajada e suas perspectivas
tenham a devida importância.
5
MAYALL, Berry. A History of the Sociology of Childhood. London: Institute of Education
Press, 2013. Livre tradução.
É pela experiência, pela atividade e pela iniciativa que a criança aprende e, quando adulto,
participa em níveis mais complexos da atividade humana nos seus diversos âmbitos. As
crianças têm algo a dizer e é necessário aprofundar a reflexão sobre esse processo, so-
bretudo por aqueles que têm em seu poder a condição para ajudá-las a ter voz ativa, mas
que, involuntariamente ou não, não potencializam essa condição ou mesmo banalizam o
seu envolvimento.
O CURRÍCULO E O PROTAGONISMO
O currículo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, na sua Base Nacional Comum Curri-
cular (BNCC)7, valoriza as situações lúdicas de aprendizagem e indica como sendo es-
sencial a articulação com as experiências vividas na Educação Infantil. Para essa plena
articulação, a sistematização gradual das experiências trazidas pelas crianças quanto às
novas formas de se relacionar com o mundo exige uma atitude ativa na construção de
conhecimentos.
Uma atitude ativa e protagonista por parte das crianças demanda um trabalho pedagógico
organizado em torno dos seus interesses e de suas vivências mais imediatas para que,
assim, elas possam gradativamente ampliar suas competências, dentre elas, a de apre-
ender o mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar.
Para isso, além de fazer uso de diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica,
corporal – como meios para expressar e comunicar ideias, assim como para interpretar e
usufruir das produções da cultura, na Escola da Escolha, o Ensino Fundamental – Anos Iniciais
6
DWECK, Carol. Mindset: A nova psicologia do sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva 2006.
7
A Base Nacional Comum Curricular encontra-se disponível em <http://basenacionalco-
mum.mec.gov.br/abase/#fundamental> Acesso em abril de 2019
Para uma efetiva educação emocional, as crianças precisam ser permanentemente en-
corajadas pelos seus professores a acreditar que determinação e perseverança não são
características inatas dos serem humanos. Também devem ser incentivadas a sonhar
grande e a pensar sobre o que elas querem fazer com suas vidas, com foco na certeza de
que são capazes de aprender qualquer coisa porque, ainda que todos nós sejamos dife-
rentes desde o nascimento, podemos mudar e crescer por meio dos nossos esforços, da
perseverança, da aprendizagem e da experiência (DUCKWORTH, 201610).
Cada ser humano nasce com um potencial e necessita de certas condições e de um am-
biente para se desenvolver, sobretudo onde possa expandir suas capacidades. Esse am-
biente deve oportunizar, às futuras gerações, formas de ampliar suas possibilidades e
exercitar a fruição do direito às oportunidades que lhes permitam melhor fazer uso de
suas capacidades potenciais.
8
Para aprofundamento ver Cadernos de Formação da Escola da Escolha – Ensino Funda-
mental – Anos Iniciais – Princípios Educativos (volume2).
9
Para aprofundamento ver Cadernos de Formação da Escola da Escolha – Ensino Funda-
mental – Anos Iniciais – Eixos Formativos (volume 2).
DUCKWORTH, Angela. Garra – o Poder da Paixão e da Perseverança. São Paulo: Intrínseca.
10
2016.
A escola é um lugar privilegiado para um primeiro exercício desse processo, sendo ela
a primeira etapa do ingresso das crianças na dimensão da vida pública onde atuarão
como protagonistas da própria história e de transformações efetivas que impactarão
diversos campos de sua própria vida e da vida de outros, conforme exemplos inspirado-
res trazidos na abertura deste Caderno e outros certamente conhecidos e vividos pelas
Equipes Escolares.
Esse exercício, praticado por muitos no âmbito da escola, não se constitui tarefa fácil,
mas é algo possível e convoca-nos todos ao compromisso inadiável de acolhermos os
estudantes que, diante de nós, apresentam-se cheios de sonhos, expectativas e desejos,
e que carecem do nosso trabalho dedicado para se tornarem protagonistas autênticos.
As Aulas de Protagonismo
Esse apoio é ampliado por meio da constante exploração das inúmeras possibilidades
de mediação das suas Equipes junto às crianças no que tange ao desenvolvimento
contínuo de conteúdos curriculares intencionais e práticas que estimulam o desenvol-
vimento de competências.
O Protagonismo, portanto, tem seu escopo alicerçado dentro da Escola da Escolha devido
ao compromisso desta com a formação integral da criança, concebida em um lugar que
tem vida, que é de circulação de sentidos e, por isso, de encontro, de produção e fluxo
contínuo de conhecimento e de experiências sociais, de resolução e negociação de con-
flitos, assim como de apropriações subjetivas e de identificação das formas particulares
de habitar, sentir, conceituar e configurar o espaço educativo em um cenário que passa a
ser reconhecido pela própria criança.
• Identidade Protagonista
• Comportamento Pró-social
• Função Executiva
Os atores envolvidos no processo educativo das aulas não são apenas os estudantes
Elas são denominadas por títulos que objetivam despertar a atenção e a curiosidade tanto
das crianças quanto dos professores.
b) Material necessário
É a indicação dos materiais a serem providenciados pelos pro-
fessores. Nessa indicação, encontram-se as referências para
os anexos, vídeos, áudios, textos e/ou outros materiais a se-
rem utilizados.
c) Roteiro
É uma síntese das atividades previstas, com a sua descrição
e previsão do tempo de duração. Aqui é muito importante
dedicar um pouco mais de atenção porque trazemos uma
indicação do tempo de duração das atividades (incluindo a
avaliação) apenas como parâmetro para planejamento do
professor.
e) Avaliação
Ao final, são apresentadas as orientações para a avaliação
da aula quanto à consecução dos seus objetivos. Via de re-
gra, ela se orienta pela observação dos professores realizada
g) Seção Na Estante
Nesta seção são apresentadas indicações e elas se dividem em:
Esse componente curricular tem 3 horários definidos na matriz curricular. Sua distribui-
ção deve seguir a seguinte orientação: 1 aula + 2 aulas geminadas distribuídas na semana.
Segue um exemplo:
As aulas foram elaboradas para terem uma duração de 50 minutos, MAS, há flexibilidade
nessa definição, considerando que uma aula pode se estender para além do tempo de
50 minutos determinados por hora/aula. Elas estão organizadas em bimestres, mas,
tendo em vista que algumas aulas poderão se estender, talvez ultrapassem o limite de um
bimestre. No entanto, não devem ser deslocadas de um ano para o outro.
Por outro lado, algumas aulas foram previamente definidas para durar mais do que 50
minutos e, quando isso ocorrer, haverá uma indicação no Roteiro de quanto tempo ela
demandará, seja um tempo de 50 minutos, sejam dois tempos de 50 minutos ou mais.
É possível fazer adequações quanto ao uso dos materiais necessários para o seu
desenvolvimento e o das atividades propostas, desde que sejam preservados os parâ-
metros apresentados no GPS das Aulas (objetivos, habilidades etc). Isso quer dizer que
o planejamento de alguma atividade (sua descrição), pode sofrer alterações a depender
dos recursos que a escola dispõe e das demandas surgidas nas turmas em que se apli-
cam. Cabe ao professor identificar previamente essa necessidade, incorporando, no seu
planejamento e na avaliação, os registros necessários sobre as modificações realizadas
e seus respectivos resultados.
Observe que existem 2 aulas muito específicas que dizem respeito à preparação das crian-
ças para 2 eventos educativos muito importantes e que fazem parte da agenda de ativi-
dades a serem realizadas no ano letivo. São eles: o Fórum de Protagonismo e a Semana
de Protagonismo. Esses eventos foram concebidos como mecanismo para fortalecer o
protagonismo como Princípio Educativo e conceito no âmbito do currículo e do Projeto
Escolar. As 2 aulas (A Força do Protagonismo – Aquecimento para o Fórum de Prota-
gonismo e A Força do Protagonismo – Aquecimento para a Semana de Protagonismo)
foram elaboradas para assegurar a preparação que acontece na semana que antecede
De maneira análoga, a ideia de elaborar um GPS das Aulas consiste em oferecer aos pro-
fessores as informações que posicionam cada aula em relação:
O GPS das Aulas localiza-se no final dessa abertura e, com ele, os professores têm a po-
sição exata de cada aula ao longo do não letivo!
Algumas recomendações:
11
BRUNER, Jerome. Sobre a Teoria da Instrução. São Paulo: Ed. Phorte, 2006.
Os regionalismos
O Brasil é um país com dimensões continentais, com uma única língua, mas diversas cul-
turas. É possível que, em algumas aulas, observem-se expressões ou palavras peculiares
de determinada região. Na indicação de materiais para o desenvolvimento das aulas, isso
pode ser identificado com relativa frequência, embora os autores tenham tido a preocu-
pação de esclarecer sobre o uso de materiais a exemplo do barbante ou cordão, como é
conhecido nas diferentes regiões do Brasil.
E por fim...
O Projeto Escolar prospera quando a Equipe Escolar considera que as possibilidades de
trabalho educativo junto às crianças vão muito além do que é tratado na sala de aula à luz
do currículo. Ao serem consideradas capazes de aprender, nos seus tempos e nas suas
condições, e envolvidas em ações educativas e práticas nas quais a sua participação é
estimulada (e isso também é currículo), as crianças respondem e se tornam, a cada dia,
maiores e mais dotadas de condições de atuarem com autonomia e responsabilidade.
A nossa equipe estará sempre à disposição para mais esclarecimentos sobre este ma-
terial. Assim, professor, não hesite em solicitar da Equipe de Implantação do Programa
de Educação Integral da Secretaria de Educação do seu município, o esclarecimento de
eventuais dúvidas e, por meio desse fluxo de comunicação, nos acionar para apoiá-los.
Contamos com a sua dedicação e estudo para o uso deste Caderno de Aulas.
Bom trabalho!
Se você identificou algo a ser corrigido neste material, por gentileza, informe-nos. Contamos com você para o aprimo-
ramento contínuo do nosso trabalho. Envie os seus comentários para icebrasil@icebrasil.org.br
Capacidade de reconhecer a
si próprio como ser único com
qualidades e potenciais a de-
senvolver.
Autoconhecimento
PESSOAL
Capacidade de expressar por
distintos meios a própria histó-
ria pessoal.
Autoconceito
FORMAÇÃO DO SER
IDENTIDADE
PROTAGONISTA
Capacidade de perceber,
SOCIAL Autocontrole
identificar e dar nomes aos
sentimentos próprios e ao dos
outros.
Autoconhecimento
Aula 1: Outro Aula 1: Acho Aula 1: Outro Aula 1: Cada Aula 1: E femi-
como eu só muito legal ser como eu só um com o seu nino de balão,
daqui a mil diferente. Já nem mesmo jeito, cada jeito tem? É baila-
anos existem muitos em 1000 anos é de um rina. Ela flutua
iguais. e voa também Autoconceito
Otimismo
Aula 2: Por Aula 2: Espe- Aula 2: Nem Aula 2: Quase Aula 2: A gente
que a gente é lho, espelho mais, nem tudo sobre escolhe ser
assim? meu... menos, mim quem é?
apenas eu
Aula 3: O tempo
gira como na
brincadeira
de roda
Respeito
Aula 3: Minha
história se faz
Comunicação
no tempo
FORMAÇÃO DO SER
IDENTIDADE PESSOAL
PROTAGONISTA
Autonomia emocional
Capacidade de gerar em si pró-
prio as emoções convenientes
no momento oportuno.
Capacidade de valorizar as
próprias forças e limitações.
Aula 8: Existem
várias ma-
neiras de ver
as coisas
Aula 9: Conte
até 10: você
Determinação
sempre pode
escolher
Aula 8: As coi- Aula 9: Meus Aula 10: Aula 10: Apesar Honestidade Determinação
sas podem ser biscoitos, meu O monstro dos é uma dificul- Entusiasmo
difíceis antes tesouro biscoitos e o dade que não é Otimismo
de serem fáceis cálice sagrado grande o sufi-
ciente
Aula 9: Aula 11: Eu Aula 11: Bem- Aula 12: Como Aula 11: Temperança Entusiasmo
Eu me mimo, gosto muitão -me-quer, mal é grande o Eu me amo
me sinto, de mim não me quer, meu amor
me amo bem-me-quer…
Capacidade de compreender a
importância e realizar as dife-
Otimismo
rentes atividades cotidianas de
maneira positiva.
PESSOAL
Capacidade de se reconhecer
Espírito de grupo como parte de um grupo e de
sentir-se aceito.
Capacidade de compreender
Compartilhamento que é possível compartilhar a
sua vida pessoal.
FORMAÇÃO DO SER
IDENTIDADE
PROTAGONISTA
Capacidade de se perceber
pertencente aos distintos
Espírito de grupo
grupos e ambientes sociais
onde vive.
Capacidade de posicionar-se
SOCIAL diante das possibilidades de
Cooperação
atuar no mundo de maneira
construtiva.
Capacidade de reconhecer a
Discernimento presença e a importância de
cada ser humano no mundo.
Autocontrole
Capacidade de se colocar no
Empatia lugar do outro antes de fazer
escolhas.
Capacidade de estabelecer
semelhanças e diferenças com
outros indivíduos e grupos
sociais no contexto da sua
realidade vivida (no âmbito fa-
miliar, escolar e nas atividades
de lazer).
FORMAÇÃO DO SER
IDENTIDADE
PROTAGONISTA Autoconhecimento
PESSOAL
Capacidade de reconhecer
pessoas que importam para si
próprio.
Capacidade de reconhecer a
Autorregulação
relação causa-consequência.
PESSOAL Autorreflexão
Compartilhamento
SOCIAL
Capacidade de distinguir o que
importa para o outro.
Comunicação
Capacidade de apreciar o
que os outros fazem por ele e
Gratidão manifestar reconhecimento
por isso, fazendo algo de bom
como forma de retribuir.
Aula 22:
A felicidade é
um bem que Generosidade Cooperação
se multiplica Respeito Solicitude
quando é
dividido
Aula 30: Grati- Aula 28: Agra- Aula 30: Agra- Aula 27: Aula 24:
dão é a memó- decer faz bem decer faz um A gratidão Ser grato,
ria do coração ao coração bem danado anda de mãos simplesmente Generosidade Gratidão
dadas com a ser grato
felicidade
Capacidade de compreender
a importância e realizar as ati-
Otimismo
vidades cotidianas de maneira
positiva.
Capacidade de se colocar no
Empatia lugar do outro e de respeitar a
si próprio.
Aula 32: Acon- Aula 30: Alguns Aula 31: Pó de Aula 30: É Aula 27: Dialo-
teceu... Vamos dão durezas, Lua para dimi- conversando gar é diferente
Temperança Autoconceito
conversar? outros, nuir a gravidade que a gente se de saber falar
algo dão. das coisas entende
Aula 34: Gen- Aula 31: Para Aula 32: Aula 31: Aula 28:
tileza gera um mundo me- A gentileza é A ponte criativa Gentileza gera
gentileza lhor, gentileza uma vontade da gentileza gentileza Respeito
Comunicação
sempre honesta de Generosidade
ser bom com
o outro
Aula 29:
Generosidade
A força do Autocontrole
Gratidão
Protagonismo
– Aquecimento
para a Semana
de Protago-
nismo
Habilidade de expressar e
comunicar as opiniões, ideias,
sentimentos e convicções pró-
prias com clareza e eficácia.
Comunicação
Capacidade de entender e
utilizar a linguagem para co-
municar necessidades a serem
atendidas.
Capacidade de reconhecer a
Discernimento legitimidade das alegações dos
outros.
Capacidade de empenhar-se
nas mesmas ideias ou ativida-
Comunicação des com os pares por meio do
uso adequado da linguagem em
diferentes situações sociais.
Capacidade de reconhecer a
possibilidade de duas pessoas
desejarem legitimamente
a mesma coisa ao mesmo
tempo; que posses divididas
podem ser recuperadas e que
dividir frequentemente é algo
bom para todos.
Capacidade de distinguir a
Compartilhamento
diferença entre dividir (perda
temporária de propriedade) e
doar (perda permanente).
Capacidade de trabalhar em
equipe buscando objetivos
PRODUTIVA Espírito de Grupo
comuns e produtos finais mais
elaborados para o coletivo.
Aula 33:
Quem não se
Respeito Autocontrole
comunica
se complica.
Aula 35:
Comunicação Respeito
Determinação
é a arte de ser Responsabilidade
Entusiasmo
entendido Honestidade
Aula 36:
Determinação
Vamos lá, Respeito
Cooperação
vamos juntos! Responsabilidade
Comunicação
Aula 35:
Os direitos são
para todos.
Respeito Colaboração
Mas as partes
têm que ser
iguais?
PRODUTIVA
SOCIAL
PRODUTIVA
Capacidade de empreender
Colaboração ações positivas para atingir
objetivos sociais.
Aula 38: Com Aula 37: Brin- Aula 40: O lugar Aula 37:
ideias, papelão quedoteca, mais incrível O berço dos
e giz, o planeta meu pedacinho das coisas meus grandes
ficou feliz de céu mais legais projetos
Respeito Determinação
Aula 36: Aula 41: Quem
Responsabilidade Otimismo
Expectativa, a sabe se jun-
palavra já diz... tarmos nossas
dúvidas não
formamos uma
certeza?
Aula 39: Muitas Aula 37: Como Aula 38: Veja Aula 42: Muitos Aula 38: Quem
propostas, uma escolher um bem o que você caminhos, uma é dono do co-
Prudência Determinação
escolha peixinho no planta. Tudo é escolha ração voador,
Responsabilidade Autocontrole
meio do oce- uma escolha segura nele e
Coragem Otimismo
ano vai para onde
ele for
Aula 42: Seja Aula 40: Eu não Aula 40: Aula 39: “Ah...
a atitude que caminho só Somos capazes Se o mundo
Determinação
você quer ver de muito! inteiro me Respeito
Autocontrole
no mundo pudesse ouvir, Responsabilidade
Otimismo
tenho tanto pra
falar”
As histórias cabem às crianças como as sementes ao solo. Em um só tempo, elas param para
ouvi-las e já criam dentro de si possibilidades de nova vida. É assim que saltam para dentro
das histórias e lá renascem com desejos, anseios, sonhos e desafios. É bastante comum
oferecer uma história à criança e, logo em seguida, vê-la povoada por imagens e palavras,
Nesse sentido, o presente estudo faz referência a um herói de mais de dois milênios,
Hércules, para inspirar as crianças deste milênio a revelarem suas identidades e reco-
nhecerem sua singularidade, por meio da construção de uma narrativa de si. Propõe-se
compreender que ser singular nada mais é que falar sobre si mesmo, compondo sua pró-
pria história, assimilando suas emoções e criações que dizem e refletem sua trajetória.
Hércules, um herói grego, será apresentado aos estudantes, preenchendo seus imaginá-
rios de características que lhe são próprias e que fazem dele um protagonista, absoluta-
mente, singular.
Espera-se que os estudantes experimentem essa história como uma semente, para que,
no decorrer das aulas de Protagonismo, consigam estabelecer e narrar sua trajetória
heroica, dar conta de si e de sua imaginação, apresentando para o mundo faces de sua
personalidade e de sua história, reconhecendo-se como protagonista e herói da sua
própria história.
Objetivo geral
• Promover o autoconhecimento e a capacidade de reconhecer a si mesmo
como ser único com qualidades e potenciais a desenvolver, a partir da iden-
tidade de um herói da mitologia grega, Hércules.
Material necessário
• Uma cópia do ANEXO A que traz o texto “Capítulo I – Hércules”, de Monteiro
Lobato para o professor preparar a aula;
• Um espelho grande – o suficiente para os estudantes verem a si mesmos
(opcional).
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, antes de aplicar a aula, sugere-se ter em mente algumas referências acerca
de Hércules, a partir do texto de Monteiro Lobato (Anexo A), e organizar informações para
envolver os estudantes na Roda de Conversa.
Nessa conversa, deve ser promovido um espaço aberto para socialização do conheci-
mento dos estudantes em relação aos heróis e suas singularidades, além das informações
trazidas pelo professor que poderá propor um suspense na apresentação da personagem
aos estudantes, para que os mesmos se entusiasmem e interajam.
O professor pode, por exemplo, dizer para os estudantes: “Na aula de hoje nós vamos
falar sobre heróis... Eu trouxe para vocês a história de um herói muito, muito antigo, que
foi considerado o homem mais forte do lugar em que vivia... Ele morava na Grécia, há mais
de dois mil anos atrás...” (Ver Anexo A).
Dessa forma, os estudantes trarão elementos que, unidos, construirão a bricolagem, re-
velando o herói milenar, ao mesmo tempo, em que entrarão em contato com seus reper-
tórios pessoais. Interessam, para o desenvolvimento do autoconhecimento, as pequenas
e singulares composições, impressões, referências que simulam a singularidade de cada
protagonista-estudante, remetendo assim à sua própria identidade.
Note-se que, até esse momento, não foi sugerida a apresentação nominal dos estudantes
para os colegas e professor. O bate-papo pode seguir na Roda de Conversa até que o pro-
fessor traga o nome de Hércules, e conte a eles que seu nome derivou a palavra hercúleo,
Atividade: Espelho, espelho meu: quem vive nessa história sou eu!
OBJETIVO:
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
O “Era uma vez...” nesta atividade será estimulado a partir das interações dos estudantes
no exercício do espelho, numa proposta de observação de si mesmo e do outro e elabora-
ção do que vê, como se vê e como se sente. Essa atividade terá dois momentos distintos.
Uma variação desse primeiro momento da atividade pode ocorrer com o uso de um espe-
lho grande, em que os estudantes farão a auto-observação diante do espelho e de maneira
individual, cada um observando a si mesmo.
Segundo momento: Na Roda de Conversa deve ser favorecida a escuta de todos, pri-
mando pelo respeito e entusiasmo às narrativas individuais, singulares e únicas, que cada
estudante terá oportunidade de fazer. Proponha uma conversa sobre a imagem refletida
no espelho, a imagem abstraída, a imagem que cada um faz de si mesmo. O que chama
mais a atenção de cada um deles?
Uma variação dessa atividade pode acontecer com a sugestão do professor para que
os estudantes selecionem na frente do espelho quatro (4) ou cinco (5) movimentos
COMENTÁRIO
É importante refletir com os estudantes sobre outras forças que cada um traz e que no
herói, muitas vezes, é indicada apenas como força física. Novas forças podem ser signifi-
cadas com os estudantes, como valores que se conectam à potência de cada um – como
a capacidade de negociar, de ceder sua vez ao outro, mesmo querendo muito ser o pri-
meiro, de compartilhar o espaço com o outro, de ser generoso, paciente, entre outras
características que são próprias dos heróis.
AVALIAÇÃO
Numa Roda de Conversa, os estudantes devem ser estimulados a falar sobre como se sen-
tiram durante a atividade, que dificuldades encontraram e o que mais gostaram de fazer.
Nesse momento de avaliação, será importante que o professor tome nota de como percebe
cada estudante, observando como eles veem a si mesmos e como percebem a sua singu-
laridade. É importante registrar os pontos trazidos pelos estudantes quanto às situações
vivenciadas durante as atividades: a relação com seu próprio corpo, suas dificuldades, sen-
sações e impressões, bem como o que acham ter aprendido nesta aula. Tome nota também
de como se dá a relação entre os estudantes, a capacidade de exercer a escuta de maneira
empática, respeitando a fala dos colegas e buscando melhor momento para se posicionar.
[...]
A escola que nos legou o Iluminismo já não dá conta dos desafios que, principalmente os
adolescentes e os jovens, trazem para o seu interior. Ela já não consegue, com base na
razão analítico instrumental, vencer antecipadamente os desafios impostos pelos novos
tempos. O grande equívoco dessa escola tem sido tentar superar esses desafios ao atuar
nos limites do território do logos, fazer propostas de (des)fragmentação do conheci-
mento, buscar novas formas de relacionamento entre as disciplinas e trazer os enfoques
multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar.
Nossa proposta é a criação de uma nova educação, uma educação interdimensional, que
seja capaz de reequilibrar as relações do logos com o pathos, o mytho e o eros de forma
mais inteligente e harmônica. Isso significaria recalcar a dimensão do logos? De forma
alguma. Trata-se de abrir os projetos pedagógicos para outras dimensões do humano,
acolhendo, valorizando e dignificando aspectos como a sensibilidade, a corporeidade, a
transcendentalidade, a criatividade, a subjetividade, a afetividade, a sociabilidade, a con-
vivência e tantas outras dimensões relacionadas com o pathos, o eros e o mytho.
[...]
COSTA, Antônio Carlos Gomes. Por uma educação interdimensional. In: Educação – Uma perspectiva
para o século XXI. Editora Canção Nova: São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.dersv.com/
EDUCACAO%20INTERDIMENSIONAL.pdf>. Acesso em Outubro 2015.
Mais que oportuna. Assim classifico a fala de Chateau nessa epígrafe. Não há qualquer
dúvida em afirmar que à sombra da criança brincante há outro ser que a move. Um ser
mítico, onírico e etéreo abrigado em seu cômodo imaginativo e que caminha ao seu lado
pari passu. A criança brincante carrega consigo seu herói latente e imbatível, fruto das
mais mirabolantes possibilidades da imaginação pueril. Um herói adormecido, mas de
sono leve, disposto a descobrir-se um instante e revelar-se espelho das projeções fabulo-
sas da pessoa adulta que ela virá a ser.
Fica ainda mais consolidada a ideia da inerência do jogo ao universo infantil, daí a afir-
mação: a prática pedagógica do início da escolarização extrai benesses dessa formidável
característica, se compreendida e aplicada adequadamente, porque reside no jogo amplas
possibilidades de favorecimento dos processos desenvolvimentais e educativos visando
ao sucesso acadêmico e à vida social.
Como pontuado pelo poeta libanês Gibran (1987), em O Profeta, os alunos mirins são,
para nós, professores, como filhos: “Podes dar-lhes teu amor, mas não teus pensamentos.
Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas. Podes esforçar-te para te pareceres com
eles, mas não procures fazê-los semelhantes a ti. Tu és o arco do qual teus filhos, como
flechas vivas, são disparados”. Escolas e alunos passam por nós, professores. Vidas que
partilham olhares, vozes e sonhos; vidas que seguem adiante, na ruidosa, veloz e inapelá-
vel engrenagem da existência.
(...)
E mais: eu diria que, se estamos sempre aprendendo, é porque estamos sempre jogando
e renovando o jogo. Quando bafejam em nós as sensações novas do aprendizado, o jogo
torna-se fascinante. E jogamos o jogo até que dele tenhamos extraído o que julgamos ser
todos o seu sumo. E, um pouco mais enriquecidos, buscamos um jogo novo, como uma
criança que, tendo vencido todos os desafios de um fácil quebra-cabeça, parte, sedenta,
à procura de um jogo mais complexo, convencida de que a aprendizagem pode ser feita
com prazer.
MIRANDA, Simão. Oficina de Ludicidade na Escola. Campinas, SP: Papirus, 2013. p. 115-116.
A Folha de São Paulo organizou a Coleção Folha Música Clássica para estudantes,
a primeira com esse viés. A coleção possui 20 volumes, ilustrados de forma lú-
dica, que apresentam ao público infanto-juvenil a vida e a obra dos compositores
da música clássica, além de trazer um CD que reúne as canções mais conhecidas.
Entre os personagens estão Chopin, Bach, Beethoven e Wagner.
Referências Bibliográficas
LOBATO, Monteiro. Os doze trabalhos de Hércules. Ed. 19. São Paulo: Brasiliense, 2002.
Capítulo I – Hércules
Monteiro Lobato
Na Grécia Antiga o grande herói nacional foi Héracles, ou Hércules, como se chamou de-
pois. Era o maior de todos – e ser o maior de todos na Grécia daquele tempo equivale
a ser o maior do mundo. Por isso até hoje vive Hércules em nossa imaginação. A cada
momento, na conversa comum a ele, nos referimos à sua imensa força ou às suas faça-
nhas lendárias. Dele nasceu uma palavra muito popular em todas as línguas, o adjetivo
“hercúleo”, como a significação de extraordinariamente forte.
[LOBATO, Monteiro. Os doze trabalhos de Hércules. Ed. 19. São Paulo: Brasiliense, 2002, p. 7]
GLOSSÁRIO
Clava – Arma de pau que é mais grossa em uma de suas extremidades. Algumas clavas
têm espetos ou pregos.
Holly Dornak/Pixabay
Partindo deste pressuposto, a proposta desta aula é abordar a singularidade como prin-
cípio de diferenciação dos indivíduos, fazendo com que cada estudante reflita sobre
as suas escolhas, pensamentos e ideias, por meio de alguns estímulos do corpo e da
memória de maneira integrada. Além disso, eles devem perceber que existem elemen-
tos que formam a identidade de cada indivíduo. “Por que a gente é assim” é a pergunta
motriz para múltiplas reflexões e descobertas dos estudantes, sem existir uma única
resposta para isso.
Material necessário
• aparelho de som;
• músicas instrumentais: Ciranda dos compositores Sandra Peres e Zé Tatit;
Dorme Em Paz dos compositores Paulo Tatit e Luis Tatit e Trilhares dos
compositores Paulo Tatit e Edith Derdyk do CD Palavra Cantada Tocada de
Jonas Tatit;
• Aproximadamente 130 cm papel Kraft para cada estudante (previamente
cortado);
• canetas Pillot de cores variadas em quantidade suficiente para cada estudante.
• fita adesiva para fixar o papel Kraft.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
“Por que a gente é assim?” é uma pergunta que pode desafiar os estudantes na busca
de respostas, porque requer autoconhecimento. Numa Roda de Conversa com os estu-
dantes é possível perceber como eles reconhecem a si mesmos, as suas características
físicas, emocionais e como acham que as outras pessoas os enxergam. Neste momento,
deve ser valorizada a descrição de cada estudante.
Com os estudantes dispostos em pé, peça para eles darem as mãos de maneira que a
mão direta segure por cima a mão esquerda do colega que está ao seu lado. Dessa forma,
todos receberão com a mão esquerda a mão direta do outro, simbolizando uma relação
de companheirismo, amizade e coletividade, entre todos. Os estudantes devem falar al-
guma frase que exalte o valor de cada um, como: “Sou uma pessoa alegre” ou “Eu gosto
de ajudar”. É preciso estimular a capacidade dos estudantes de identificarem a si mesmos
por meio de características positivas. A disposição de todos de mãos dadas precisa ser
remetida à capacidade humana de convivência entre pessoas diferentes.
O momento mais viável para ler o poema Ser humano é ser especial (Anexo A) é aquele em
que se perceba uma maior concentração dos estudantes na atividade. A etapa se finalizará
quando todos abrirem os olhos e se espreguiçarem. Numa roda de conversa, alguns estu-
dantes podem expor as relações que perceberam em seus corpos e se trouxeram memó-
rias afetivas e genealógicas presentes na sua vida. Podem surgir relações de semelhanças
físicas entre eles e os seus familiares, como também relações afetivas de objetos que usam
e que os fazem lembrar de alguém ou de alguma situação. Busque uma conclusão coletiva,
ressaltando que esses elementos compõem a individualidade de cada pessoa.
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Nesta atividade, os estudantes vão reconhecer que o seu próprio corpo é único, não ha-
vendo outro igual, mas que existem algumas semelhanças entre os seres humanos.
Separados em duplas, cada estudante irá deitar sobre a sua folha de papel Kraft e pedir
para o colega contornar o seu corpo. Em seguida, devem inverter as posições. Quando
ambos os pôsteres estiverem prontos, peça para desenhar os detalhes do corpo, consi-
derando aqueles que foram mais significativos para cada um durante a atividade anterior,
tanto suas características físicas quanto as emocionais (objetos, lugares). Dessa forma,
os estudantes estarão validando as suas memórias genealógicas e afetivas.
É esperado que surjam desenhos com registros mais completos e outros não. Para que
haja equilíbrio, peça que os estudantes desenhem, além das partes do corpo, os elemen-
tos que constituem sua formação, tais como a casa, a figura da mãe, objetos de valor pes-
soal. Podem surgir desenhos que destaquem uma parte do corpo do estudante, como, por
Ao final, os estudantes devem observar seus pôsteres e escrever uma palavra de autorre-
presentação. O educador pode oferecer exemplos de alguma qualidade pessoal, estimu-
lando algo de sua potencialidade como “sou bom desenhista” e/ou de seus sentimentos
como otimista, alegre, entre outras. O objetivo desta relação é que seja transposta a quali-
dade do plano da abstração para o concreto por meio de uma palavra plena de consciência
da singularidade e da diferença de cada um.
Exponha os pôsteres juntamente com os estudantes nas paredes da sala, fixando-os lado
a lado, simbolizando a construção de uma roda com as autorrepresentações.
AVALIAÇÃO
A avaliação deve se realizar pelo diálogo proveniente da interação entre educador e estu-
dantes. Dessa forma, analise se os estudantes conseguiram perceber que a nossa singu-
laridade é um conjunto de elementos expressados pelo nosso corpo e por nossos pensa-
mentos é fundamental. A identificação do que nos faz sermos diferentes uns dos outros
é importante, assim como, como cada um se reconhece num grupo.
Deve ser solicitado aos estudantes que tragam para a próxima aula uma foto 3x4 de al-
guém querido de sua família. Oriente que esta foto servirá para a confecção de um pin-
gente na aula “Minha história, um tesouro a descobrir.” Enfatizar que a participação fami-
liar é essencial para que todos possam conhecer a sua própria história.
FIORI, Ernani Maria. Aprender a dizer a sua palavra. In: FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.
Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987. p. 9-19.
Uma menina ficou intrigada por seu cabelo não ser igual aos das colegas e ques-
tionou sobre a diferença com sua querida tia. Foi a partir de então que conheceu
a história de sua avó. O livro aborda as diferenças entre os indivíduos, valori-
zando a história afetiva e genealógica.
Trabalho realizado por Jonas Tatit, que faz uma releitura instrumental de uma
seleção de músicas do grupo Palavra Cantada.
Referências Bibliográficas
BOAL, Augusto. Arco-íris do desejo: o método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
DREW, Naomi. A paz também se aprende. Tradução Silvio Cerqueira Leite. São Paulo: Gaia, 1990.
DREW, Naomi. A paz também se aprende. Tradução Silvio Cerqueira Leite. São Paulo:
Gaia, 1990, pág. 62.
Pixabay
Conhecer a própria história de vida possibilita nos identificarmos como sujeitos históricos,
pertencentes a uma identidade cultural que nos influencia, mas que também se transforma
conforme nossas ações. Pode-se entender que essa identidade cultural é construída por
aspectos históricos-geográficos que incluem simbologias e práticas de nossa nação.
Mas é também por meio das pessoas mais próximas do convívio que se configuram as sin-
gularidades de cada sujeito. Muito disso se deve as memórias que se concretizam como
conversas ou registros escritos e/ou imagéticos.
A partir de nossas memórias e de diferentes fatos que se passaram conosco ou com mem-
bros de nossas famílias, desenvolve-se a formação do que somos hoje. Por esta razão,
nossa relação com a memória desperta sentimentos e emoções, colocando-nos como
sujeitos diante de nós mesmos e dos outros.
As atividades a seguir buscam levar o estudante a refletir e conhecer melhor a sua vida,
acessando suas memórias individuais e familiares, a fim de reconhecer essas lembranças
e emoções como sendo um tesouro pessoal. Ao compartilhar essas memórias, os estudan-
tes poderão perceber as semelhanças e diferenças existentes em suas histórias de vida.
Objetivo geral
• estimular o reconhecimento e a reflexão sobre a própria história de vida e as emo-
ções que a acompanham;
• valorizar a própria história de vida e respeitar a história de vida dos colegas.
Material necessário
• Videoclipe e letra impressa da música “Eu”, de composição de Paulo Tatit, do CD Can-
ções Curiosas. Palavra Cantada. 2005. Clipe disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=2cqcWHs7a>. Acesso em fevereiro de 2016. Além de uma cópia da
letra desta música impressa para cada estudante – Anexo A;
• Uma folha de papel com a seguinte palavra escrita em letra bastão: PALAVRA (pre-
viamente feita, como se fosse um grande card);
• Fotografia 3x4 ou desenho do estudante de uma ou mais pessoas queridas de
sua família que os estudantes deverão trazer de casa (material solicitado na aula
anterior);
• Barbante (ou cordão) colorido – duas cores da escolha do educador (tamanho
aproximado de 50cm por estudante);
• Sementes ou miçangas com furos grandes no meio para passar o barbante (ou
cordão);
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
DESENVOLVIMENTO
Esta atividade pode ser desenvolvida na sala, na midiateca ou no espaço multiuso da es-
cola. Na Roda de Conversa o tema da aula deve ser introduzido através do relato sobre a
história da dupla musical Palavra Cantada e o próprio videoclipe e a música “Eu” (estas
informações podem ser consultadas previamente no site oficial da dupla (http://palavra-
cantada.com.br/). Isso ajudará a despertar o interesse dos estudantes antes da visuali-
zação do vídeo.
Após os estudantes assistirem ao vídeo, entregue uma cópia da letra da música para
cada um e realize uma leitura compartilhada. Ao longo da leitura, os estudantes precisam
ser estimulados a buscar suas lembranças, estabelecendo algumas relações com a sua
identidade pessoal, familiar e social. Para isso, pode-se utilizar assuntos abordados na
letra da música, bem como abrir espaço para os estudantes explorarem fatos da própria
história de vida. A escuta atenta e respeitosa pelo educador e pelos colegas é importante
para que cada estudante se sinta seguro ao expor suas lembranças.
O ato de ouvir se torna tão importante quanto o ato de contar, a prática respeitosa é o que
dará sentido e valor às lembranças trazidas por cada um. Por isso, todos irão desenvolver
o hábito de escutar as histórias, respeitando o tempo e os limites individuais.
Uma boa estratégia para estimular a fala dos estudantes é utilizar vários cards com o
vocábulo ESCUTA e apenas alguns cards com o vocábulo PALAVRA (escrever em um
pedaço de papel, razoavelmente grande, e distribuir aleatoriamente entre os estudantes).
Ao longo da leitura da música, explicar que os que possuem o papel - card com o vocábulo
PALAVRA é que devem contar algumas de suas memórias/lembranças/histórias de vida
pessoal. Para que isso ocorra, organizadamente, o educador deve mediar o tempo e a vez
da fala de cada estudante. Se houver algum estudante que não tenha recebido o card
PALAVRA e queira falar, abra espaço para ele, pois todos devem ter o direito de expor
algumas de suas memórias suscitadas pela música “EU”.
Ao final, os estudantes precisam ser interrogados pelo educador sobre: “O que compõe
a minha memória?”. É importante que pensem sobre a sua história de vida, fazendo rela-
ções com as emoções e sentimentos que a envolvem. Para isso, os estudantes necessi-
tam ser estimulados pelo educador a descreverem os fatos importantes da sua vida e a
estabelecerem estas relações.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A foto 3x4 deve ser colada na moldura do papel cartão. Para os estudantes que não trou-
xeram a foto, ofereça um tempo extra para criarem o retrato da pessoa escolhida que
compõe sua história de vida. Explique que uma foto 3x4 mostra somente o rosto da pes-
soa e que, geralmente, é utilizada para documentos de identidade, mas também podem
ser usada de diferentes formas, tanto para as artes como para lembranças pessoais. No
caso, um relicário1, um pingente para pendurar no pescoço.
O restante do material para a elaboração do pingente consiste em: dois pedaços de bar-
bante (um de cada cor) e alguns potes/caixas com sementes ou miçangas. Para a confec-
ção do colar do pingente utilize as sementes/miçangas e apenas um pedaço do barbante.
1
Relicário – Lugar destinado para guardar ou proteger coisas preciosas e/ ou relíquias. O que
pertenceu a um santo ou por este foi tocado, normalmente, refere-se às relíquias (bolsinhas
ou medalhas) que algumas pessoas costumam carregar junto ao pescoço. Aquilo que tem um
valor imenso; que é muito precioso. (Etm. do latim: reliquarium).
AVALIAÇÃO
No momento de avaliação, realizar uma exposição dos colares com os pingentes que
devem se consolidar junto com as falas dos estudantes sobre o valor que tem cada pes-
soa simbolizada no objeto. É importante perceber como os estudantes estimam a foto da
pessoa querida e a relação que esta pessoa traz como referência para a sua vida. A capaci-
dade de expressar as emoções e sentimentos trazidos pelas lembranças pode demonstrar
um grau de autoconhecimento, domínio de si e capacidade de expressão oral. Perceber
as semelhanças e diferenças entre suas histórias e a dos colegas de turma evidencia uma
capacidade maior de fazer inferências a respeito da sua vida e a dos outros – extrapolação
do egocentrismo.
Para entender o conceito de inteligência emocional, é preciso que se tenha uma concep-
ção bastante clara em relação à inteligência e à emoção. A partir do século XVII, os psi-
cólogos já admitiam a divisão da mente em três partes: cognição, afeto e motivação. A
cognição engloba a memória, o raciocínio, o julgamento e a abstração. O afeto constitui-se
de funções como: as emoções em si, o humor é as sensações. E, finalmente, a motivação
refere-se a instintos biológicos ou a comportamentos adquiridos através do aprendizado.
Durante muito tempo, a emoção foi concebida como uma força altamente irracional e
desagregadora, totalmente contrária à razão. Entretanto, nas pesquisas a respeito das
emoções, essas são concebidas como um verdadeiro estímulo à cognição. Todavia, é ine-
gável que, em algumas situações, certas atitudes ligadas à emoção podem realmente
ser extremamente negativas e ter efeitos desagregadores do pensamento. Porém, num
grande número de situações, circunstâncias que provocam reações emocionais, consti-
tuem-se numa contribuição importante para o pensamento (inteligência).
Todas as pessoas tendem a manifestar algum tipo de reação diante de uma determinada
situação. No entanto, a reação apresentada, certamente, não será a mesma para todas as
pessoas. Diante de algumas situações, especialmente das mais desagradáveis (como as
que despertam o medo, por exemplo), é normal que se tenha uma reação extremada, com
um tipo de resposta pouco racional, isso porém, não constitui uma regra geral, pois mui-
tas pessoas poderão apresentar reações bem elaboradas, ou seja, reações consideradas
como lógicas para uma determinada situação atípica. E uma resposta positiva, em con-
trapartida a um fato negativo, decorre de uma postura “correta” quanto aos sentimentos.
Entretanto, também não pode ser desconsiderada a possibilidade de que o tipo de reação
apresentada irá depender intrinsecamente de todo um contexto cultural e até ambiental.
Testes recentes, aplicados por Pennenbaker, Rimé e Blankenship, corroboram a tese de
que pessoas de climas mais quentes são emocionalmente mais “abertas” que as pessoas
E essa influência cultural e do meio onde a pessoa vive, somada ao conhecimento dos
seus padrões individuais é que, muitas vezes, poderá permitir uma avaliação correta de
uma reação e, consequentemente, de sua inteligência
Contudo, não se pode incorrer numa análise reducionista, afirmando que tudo o que se
relaciona com inteligência e emoção é inteligência emocional. Essa relação entre cognição
e emboço é, também, muitas vezes, extremamente contraditória. E inegável que a emoção
afeta o raciocínio de diferentes maneiras, porém, isso não significa que a pessoa se torna
mais inteligente quando o aprendizado envolve sentimentos.
Do mesmo modo, não se pode dizer que a inteligência emocional se resume simplesmente
a autocontrole, persistência ou capacidade de motivação. Esses comportamentos, isola-
damente, podem não influir significativamente na qualidade das emoções e, tampouco na
inteligência do ser humano. A rede de conexões entre a inteligência e a emoção sugere um
grau maior de complexidade entre as capacidades emocionais e mentais.
Assim, observamos que a inteligência emocional não pode, simplesmente, ser entendida
como a percepção e o controle da emoção; deve privilegiar, principalmente, a ação do
pensamento sobre o sentimento. Além disso, o conceito, descrito acima, reflete-se num
conjunto relativamente amplo de capacidades.
Desse modo, talvez o papel mais importante da emoção esteja na sua função de facilitar o
ato de pensar, ou seja, na capacidade de gerar pensamentos com um certo planejamento,
criando a possibilidade de considerar, cada vez mais, um número maior de perspectivas.
A tendência, segundo os pesquisadores, é de que essa capacidade se desenvolva, grada-
tivamente, com o amadurecimento da pessoa.
Por outro lado, o desenvolvimento da inteligência emocional de uma pessoa implica numa
realização emocional e, consequentemente, numa competência emocional. A realização
emocional é o que a pessoa aprende sobre emoção, e a competência reflete um nível
desejado de realização (padrão). Isso sugere que alguém só será inteligente emocional-
mente se tiver uma realização emocional plena e um alto grau de competência. E essas
capacidades são inatas; representam quase sempre uma prática, um verdadeiro processo
de aprendizagem.
Ora, essa proposição nada mais é do que a confirmação de que o comportamento humano
é normalmente, um processo difuso. No entanto, os estudos, e mesmo a prática, sinali-
zam que esse processo pode ser melhor elaborado: analogamente ao modo que ocorre
na aprendizagem acadêmica, na qual a utilização de diferentes metodologias, técnicas, e
até meros procedimentos, podem proporcionar um melhor resultado.
Além disso, esses testes têm sido duramente criticados pelo seu caráter determinista, o
qual, em muitas situações, acabava por definir o futuro da pessoa. Ora, trata-se de testes
com uma visão psicométrica da inteligência e mensurados quantitativamente. Não levam
em conta uma série de fatores intrínsecos ao comportamento humano e, tampouco, do
seu meio social.
A verdade é que o atual modelo social promoveu um distanciamento muito grande nas
relações sociais, centrando o objetivo da escola, essencialmente, na formação acadêmica.
A escola perdeu muito da sua função verdadeiramente “educadora”, transformando-se,
quase que unicamente numa entidade “instrutora”, afastada da sua função socio-cultural.
Entretanto, não se pode falar em educação emocional somente num contexto didático-
-pedagógico, limitando a discurso em tomo da natureza, das modalidades e do funciona-
mento da inteligência humana, e responsabilizando a escola pelos fracassos. Na realidade,
trata-se de um processo muito mais complexo e “abrangente, uma verdadeira abertura
para o meio social e cultural. Nessa perspectiva, a escola tende a transformar-se num
verdadeiro laboratório interativo, onde a criança, além de tornar plena consciência do seu
“eu”, será capaz de compreender melhor o que ocorre ao seu redor.
Esse CD contempla diversos temas que habitam o imaginário das crianças e dos
pré-adolescentes. Recebeu o prêmio SHARP - Prêmio da Música Brasileira de 1998.
Referências Bibliográficas
PARK, Margareth Brandini. FERNANDES, Renata Siero. Lembrar-esquecer: trabalhando com as memórias infantis.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n68/a04v26n68.pdf> Acesso em fevereiro de 2016.
WEDDERHOFF, Elísio. Educação emocional: Um novo paradigma pedagógico? Revista Linhas. V. 16, n.32, Santa Cata-
rina, UDESC. Set/dez 2015. Disponível em <http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1299>.
Acesso em fevereiro de 2016.
EU
Paulo Tatit – Palavra Cantada
teetasse/Pixabay
Nesse sentido, a presente aula pretende estimular as sensações e as emoções dos estu-
dantes, a partir da exploração de materiais sensoriais, para que eles percebam o efeito
em seu próprio corpo e no corpo do colega. Numa Roda de Conversa, podem explorar
uma linguagem para expressar suas ideias e sentimentos, falando de si e promovendo um
clima favorável para expressão. Mais do que lidar com conceitos, o foco está no processo
de elaboração, na oportunidade que o estudante terá para reconhecer o que sente e re-
fletir sobre sua forma de existir e estar no mundo, compartilhando com o outro, criando
laços positivos e conectados.
Objetivo geral
• Explorar a capacidade de perceber, reconhecer, identificar e nomear sensações,
emoções e sentimentos, a partir da observação de si mesmo e do outro.
Material necessário
• Materiais sensoriais: sementes, grãos, algodão, ervas, pedaços de frutos e frutas,
folhas de árvores secas e frescas, terra, lixas de parede de diferentes espessuras,
pétalas, lenços, gelatina, água, barro, instrumentos musicais, potes, penas, boli-
nha de gude, pó de café, canela em pó, pimenta, condimentos, farinha de trigo,
farinha de mandioca, entre outros – o suficiente para gerar estímulos diferentes
nos estudantes;
• Várias caixas pequenas para organizar diferentes materiais sensoriais. Alguns dos
materiais podem tornar-se permanentes no “Cantinho da Experimentação” em
sala de aula, para uso do educador quando necessário;
• Vendas para os olhos – 1 para cada estudante;
• Um rolo de fita de cetim 6 mm de espessura para cada cor – azul, amarelo, verme-
lho, verde, roxo, laranja, rosa – para fazer pulseiras como objeto de avaliação de
como cada um se sente ao final da atividade;
• Caixa para colocar as fitas de cetim, com diferentes cores, previamente cortadas
para caber no pulso ou tornozelo de cada estudante.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A organização da atividade pode se dar com os estudantes sentados e, por ordem, de três
ou quatro por vez, fazer a experimentação com os olhos vendados. Diante do laboratório
das emoções, com as caixas sensoriais disponibilizadas pelo educador, orientados a sentir
os materiais. É fundamental que eles, ao aguardarem a vez, observem a reação física de
cada colega para compartilharem no próximo momento, pois a observação dá foco às
próprias experimentações.
O estímulo também pode vir no sentido de perceber o que acontece nos seus corpos,
conforme manipulam os materiais. Espera-se que na Roda de Conversa essa percepção
seja trocada, gerando em cada um a abertura para o diálogo e revelação da humanidade,
como em Hércules.
A orientação para o foco deve gerar o ponto de concentração dos estudantes, sendo esti-
mulados por perguntas dirigidas, por exemplo: “Perceba a textura do material. Qual a sua
forma? E o peso? Causa algum desconforto físico ao senti-lo? Gera alguma emoção: você
sente nojo, medo, alegria ao tocá-lo? Preste atenção em como seu corpo reage a esse
material. Ele se expande ou se encolhe? Seus músculos estão livres? E suas articulações?
Como percebe seu corpo e as reações que ele está tendo? Foquem nos sentidos. Não
tente adivinhar o que está tocando, apenas perceba o que sente...”
Ao final, sugira uma Roda de Conversa para acolher as impressões do grupo, favorecendo
o exercício de escuta em grupo. Perceber como cada um expressa o que sente ao final
da atividade, quais as sensações mais marcantes que vivenciaram no laboratório, o que
viram e perceberam no próprio corpo e no corpo dos colegas pode gerar um bom diálogo.
Também pode surgir a percepção das diferenças entre sensações (duro, mole, quente,
frio, azedo, grudento) e as emoções (medo, nojo, raiva, alegria, tristeza), bem como iden-
tificar as reações físicas que surgiram, como contração muscular, frio na barriga, palpita-
ção, tremor, excitação, entre outras.
É importante respeitar o silêncio daqueles que optam por essa condição e, nesse caso, aten-
tar para os sinais expressos pelos estudantes após a experimentação sensorial, pois pode
despertar memórias e sentimentos adormecidos. Se for necessário, ao final da atividade,
tenha conversa individualizada com algum estudante que necessitar de escuta e de apoio.
A fita é trazida como uma proposta de ampliar a dimensão simbólica: cada vez que o estu-
dante tocar a fita, terá a oportunidade de lembrar-se de toda a sensação que viveu durante
a aula, podendo narrar e compartilhar a história vivenciada, com começo, meio e fim. Cada
vez que elabora sua narrativa, estimulado pela fita, sua singularidade vai ganhar sentido.
O nome de cada emoção e a relação com as cores podem ser definidas pelo grupo ou
podem ser aproveitadas as teorias sobre as cores e as emoções, ou ainda podem ser
usadas as do filme “Divertidamente”, indicado na sessão Vale a Pena Assistir. No filme,
o azul relaciona-se à tristeza; o vermelho à raiva; o amarelo à alegria; o verde ao nojo; o
roxo ao medo.
O importante é que haja uma reflexão em grupo sobre o que cada cor significa para cada
um, resgatando a experiência emocional que experimentaram na atividade do Laboratório
de Sensações.
Tendo isso em vista, o educador oferecerá aos estudantes as fitas de cetim cortadas para
que eles possam escolher qual irá colocar nos seus braços como expressão de como se
sentiram. Assim, cada estudante deverá apreciar uma, escolhendo aquela que corres-
ponde ao seu sentimento no momento do encontro.
COMENTÁRIOS
É a partir dos sentidos que vamos interiorizando informações e percebemos o mundo que
nos rodeia. Os cinco sentidos funcionam como antenas que conectam o ambiente externo
(meio) ao ambiente interno (corpo). O desafio dessa aula consiste em perceber a forma
como as sensações geram reações imediatas e, muitas vezes, involuntárias, oferecendo
aos estudantes a oportunidade de expressar suas impressões, de nomear sensações e
emoções, e de reconhecer seus sentimentos e crenças que os motivam com autonomia,
inclusive, para criar sua própria linguagem.
AVALIAÇÃO
As dinâmicas com as fitas podem ser utilizadas como autoavaliação dos estudantes em re-
lação às atividades propostas e ao seu desempenho pessoal. Dessa forma, os minutos de
avaliação devem ser focados para verificar a maneira como os estudantes ousam elaborar
a narrativa, nomear suas emoções e dos colegas. Dentre as habilidades exigidas, está a
capacidade em expressar o quê e como se sentem, através de elementos que facilitem a
elaboração da linguagem (fitas) e nomear com autonomia suas emoções, reconhecendo
seus sentimentos, bem como para aliviar-se de algo que possa causar reações impulsivas.
O registro da aula em áudio ou vídeo possibilita ao educador perceber as interações dos
estudantes para apanhar detalhes e registrar a evolução da interação do grupo.
Texto 1
Laboratório das sensações
O laboratório das sensações tem inspiração na Pedagogia Montessori que entende a
educação sensorial como necessária, tanto para educação estética, quanto para a edu-
cação moral, pois ao multiplicar as sensações e ao desenvolver a capacidade de apre-
ciar as mínimas diferenças entre os estímulos, afina-se a sensibilidade. Dessa forma,
antes de iniciar a aula, o educador deverá preparar o Ateliê Criativo ou o Cantinho da
Experimentação e, para tanto, poderá contar com a ajuda dos estudantes para compor
o laboratório das sensações, que deverá conter materiais dos mais diversos, capazes
de desenvolver os sentidos das crianças. Tato, audição, olfato, paladar, visão: todos
deverão ser contemplados.
O estímulo dos sentidos, levará as crianças para o despertar das emoções e a descoberta
dos sentimentos. Sendo assim, caixas sensoriais deverão ser disponibilizadas no Ateliê
Criativo e em cada caixa poderá ser coletado e incluído: sementes, grãos, algodão, ervas,
pedaços de frutos e frutas, folhas de árvores secas e frescas, lixas de parede de diferentes
espessuras, pétalas, lenços, gelatina, água, barro, instrumentos musicais, potes, penas,
bolinha de gude, pó de café, canela em pó, pimenta, condimentos, farinha de trigo, farinha
de mandioca, entre outros.
Texto 2
Letra de música: Emoções
Cocoricó
O coração da gente
Bate mais depressa
Quando a gente toma um susto
Quando o nosso time avança
E marca um gol
Ô ô ô, emoções...
Vêm e vão
Como o ar
Que entra no pulmão (3x)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...
Pufffff...
Música Emoções, de Hélio Ziskind. Hélio Ziskind e a turma do Cocoricó. Show no Paiol. CD Show –
MCD. TV Cultura. 2012.
Texto 3
Embora nossa tendência seja generalizar e classificar, cada fenômeno lúdico é único, sin-
gular, impossível de se repetir, inclusive na vida de um mesmo ser humano. Para ilustrar,
vejamos a brincadeira “Concurso do nariz” narrada por Sílvia, 10 anos, de Lavras/MG, 2009:
Evoco, Aqui, a fala de Jorge Larrosa (2002) quando afirma que a informação e a opinião
são a antiexperiência. Ao adentrar no significado da palavra “experiência”, do latim expe-
riri (experimentar), descobre-se, no radical periri, o periculum, o perigo. E ainda, na raiz
per, a ideia de travessia, passagem.
Em nossas línguas há uma bela palavra que tem esse per grego de travessia: a palavra
peiratês, pirata. O sujeito da experiência tem algo desse fascinante que se expõe atra-
vessando um espaço indeterminado e perigoso [...] Ainda, a palavra experiência tem o
ex de exterior, de estrangeiro, de exílio, de estranho e de existência. A ideia formulada
por Larrosa de que a experiência “[...] é a passagem da existência, a passagem de um
ser que não tem essência ou razão ou fundamento, mas que simplesmente ‘existe’ de
um forma sempre singular, finita, imanente, contingente [...]”, acolhe este mergulho na
brincadeira-experiência infantil em que as crianças, brincando, atravessam lugares de
perigo, estranhos, nos quais elas existem, são elas próprias. Essencial a possibilidade de
experimentar estes perigos nas brincadeiras, a vertigem, um dos seus elementos (Caillois,
1958), a vida, enfim.
FRIEDMANN, Adriana. Linguagens e Culturas Infantis [livro eletrônico] – 1ª ed. – São Paulo: Cortez,
2014. [p. 62-63]
O filme pode ser uma excelente referência para regular as relações no decorrer do
curso de Protagonismo, ajudando as crianças a se alfabetizarem emocionalmente
Freepik
Na aula anterior – Cada coisa tem um nome e o que eu sinto também – os estudantes
estabeleceram vínculos e reconheceram o que sentiam conforme eram afetados pelos
materiais sensoriais. Ao se tratar das emoções, foi possível perceber que a cada sensação
trazida pelo material uma reação acontecia no corpo de cada um.
Nesse sentido, é possível iniciar a nossa conversa pensando nessa dimensão de senti-
mentos que nos possibilita estar diante de um objeto que nos cause emoções – medo,
nojo, tristeza, raiva – e, muito provavelmente, reagir saindo de perto, lançando-o longe,
destruindo ou até mesmo desviando de seu caminho. Dessa forma, conseguimos evitar o
conflito e garantir que o mal-estar não permaneça. Atuamos sobre o objeto, uma vez que
ele não apresenta vontade própria.
Mas, e quando o que sentimos não foi provocado por um objeto? E quando é uma pessoa
quem nos causa mal-estar? O que fazer? O que fazer quando pisam nos meus “calos”?
Entre as crianças é bastante comum que os conflitos ganhem uma dimensão corpórea e
a agressividade desponte no sentido de tentar garantir que uma necessidade seja aten-
dida. A violência tanto verbal (por exemplo, os insultos) quanto sua forma física (bater,
empurrar) exerce um papel de expressão e, muitas vezes, não sabemos como lidar, o
que nos coloca numa posição de controle do conflito, reproduzindo, inclusive, a mesma
dinâmica que os estudantes estão apresentando. Um objeto, tiramos de perto. E, quando
são pessoas, pensamos em tirá-las de perto?
Nesse sentido, esta aula propõe uma conversa sobre os conflitos, para que os estudan-
tes reflitam e compartilhem momentos em que estão em situações difíceis, ampliando a
narrativa de si e se apropriando de suas ações. A proposta é que, a partir do diálogo, seja
reconhecida a importância dos valores e da ética nas relações humanas. Falar em ética é
falar em princípios e valores que protegem e resguardam a convivência humana, estabe-
lecendo parâmetros e referências comuns entre a turma.
Objetivo geral
• Reconhecer a maneira que cada um expressa suas emoções e sentimentos quando
estão diante de algum conflito.
Material necessário
• Cópia do Poema “A Boneca”, de Olavo Bilac (Anexo A) – uma cópia para o
educador;
• Dois metros de papel pardo para colocar no centro da Roda de Conversa regis-
trando a interação da turma.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A proposta é que nessa conversa seja criado um espaço que comporte as experiências
pessoais dos estudantes em relação aos conflitos e situações difíceis que eles vivenciam
O educador pode, por exemplo, dizer para os estudantes: “Imaginem que na história que
eu trouxe para vocês duas meninas brincavam, cada uma com um brinquedo, quando, de
repente uma boneca chama a atenção das duas... O que vocês acham que vai acontecer?”
Dessa forma, a boneca surge como símbolo da proposição de negociações para um me-
lhor convívio coletivo, mas não deve ser trazida de maneira direta para as crianças, e sim
na possibilidade de criação de um diálogo que acolha a forma como cada um reage diante
do conflito. Novamente, interessam para o desenvolvimento do autoconhecimento, as pe-
quenas e singulares composições, impressões, referências que simulam a singularidade
de cada protagonista-estudante, remetendo, assim, a sua própria identidade.
É importante destacar que o educador pode variar sua forma de apresentação do poema
para as crianças: por meio de ilustração, dramatização, contação de histórias, ou outros.
No entanto, é fundamental que, em algum momento, seja apresentado às crianças o
poema na íntegra, de forma que possam trabalhar com seu ritmo, rimas, sonoridade, seja
por meio da leitura e repetição, seja por meio de jogral, ou outra maneira que o educador
ache conveniente.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
É importante perceber como foi a percepção dos estudantes diante do poema e as re-
ferências pessoais que compuseram suas narrativas por meio da expressão oral ou do
desenho no papel pardo.
As referências trazidas pelas crianças nessa fase são parte de suas vivências, conflitos e
sentimentos cotidianos. É importante perceber a capacidade dos estudantes em estabele-
cer diferenciações entre essas questões e como se posicionam ao assumir a sua identidade.
Imagem
Do latim imago – semelhança, representação, retrato.
Representação da forma ou do aspecto do ser ou objeto por meios artísticos.
Representação de uma percepção ou sensação anteriormente representada.
[...]
Imaginário
[...] é a forma de uma poética do ser, uma forma de imaginação maravilhada, campo da gra-
tuidade pura, umas das formas de finalidade sem fim na existência. (Loureiro, 2000, p. 318)
A partir do momento em que refletimos, percebemos as imagens que vêm ao nosso en-
contro, elas se transformam, adquirem outras dimensões tingidas pela cultura do obser-
vador, pela sua história pela cultura na qual elas próprias estão inseridas. A natureza da
imagem fora transforma-se conforme a natureza daquele que olha. O que cada um vê e lê
são inferências diversas a partir de referências naturais e culturas individuais, assim como
do instante, do momento presente.
A palavra que cada um escreve, o desenho que cada um representa, as cores que escolhe,
a forma que dá a uma escultura, o tom, o ritmo que coloca na sua expressão musical par-
ticular, o texto da brincadeira de cada um, a maior ou menor leveza e a expressividade de
cada corpo são exteriorizações de imagens individuais interiores. Mas ensina-nos Nise da
Silveira (1992, p. 82), “a imagem não é simples cópia psíquica de objetos externos [...]”.
É a “[...] expressão da situação do consciente e do inconsciente, constelados por experi-
ências vividas pelo indivíduo.”
Toda ação do ser humano no mundo é uma imagem, espelho, expressão de quem ele é.
Goethe (2005) propõe uma epistemologia das ciências biológicas e humanas, apresen-
tando outro modo de ver que exprime e reconhece as forças e estados internos do sujeito
e do outro com quem se relaciona.
A intenção da exposição [refere-se a uma exposição feita numa escola] era possibilitar
o diálogo das crianças com os espectadores, cidadãos comuns, para que pudessem se
deter por alguns momentos e ficar em contato com as expressões infantis, suas percep-
ções e emoções pessoais.
[...]
FRIEDMANN, Adriana. Linguagens e Culturas Infantis [livro eletrônico] – 1ª ed. – São Paulo: Cortez,
2014, p. 93-95
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: A raiva
Autor: Blandina Franco e José Carlos Lollo
Editora: Pequena Zahar
Ano: 2014
Número de páginas: 40
Gênero: Literatura Infantil
País de Origem: Brasil
Encantado com imagens, experimentando poesia, A RAIVA vai sendo descrita
no livro de Blandina Franco, como algo que cresce e de tudo se alimenta, só para
quando explode e chega o bom senso para fazer a limpeza de toda a bagunça.
Qualquer semelhança não é mera coincidência. O livro nos dirige exatamente
para o lugar que queremos transportar o olhar das crianças nesta aula: a condu-
ção e a reflexão sobre a raiva que surge sorrateiramente e não escuta ninguém,
porque além de ser surda, cega, vaidosa e burra, ela nos tira o controle, nos fa-
zendo explodir. Assim, restando ao bom senso a organização do estrago que ela
nos causa.
A boneca
Olavo Bilac
Oberholster Venita/Pixabay
Nesta aula, iremos nos aproximar de uma história. A partir dela, dialogar com os estudan-
tes sobre a importância de escutar nossas emoções e sentimentos. Assim, reconhecere-
mos os valores de respeito e empatia, fundamentais para a construção de uma convivên-
cia pacífica e harmoniosa. Para isso, contamos com as histórias que são capazes de nos
unir, fortalecendo vínculos sociais, educativos e afetivos.
Objetivo geral
• Vivenciar as histórias como promotoras de atmosferas grupais favoráveis
para uma convivência harmoniosa e pacífica, capaz de gerar emoções po-
sitivas nos outros.
Material necessário
• 1 cópia do ANEXO A – Texto narrativo: A menina e o pássaro encantado.
Livro: A menina e o pássaro encantado
Autor: Rubem Alves
Editora: Loyola
Ano: 1997
Número de páginas: 12
Gênero: Literatura Infantil
Nacionalidade: Brasileira
Disponível em: http://www.teleios.com.br/a-menina-e-o-
passaro-encantado-rubem-alves/. Acesso em: março de 2019.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Esta aula propõe uma Roda de conversa sobre a arte do encontro. O bom encontro é capaz
de nos elevar em potência, de nos tornar mais fortes, unidos a necessidades primordiais.
Assim, chamamos de arte do encontro a capacidade que temos de sermos tomados por
emoções derivadas da alegria, geradora de emoções positivas. Se no encontro com pes-
soas, lugares ou objetos somos tomados pela alegria, a nossa potência é aumentada; se,
por outro lado, há nesses encontros o predomínio de emoções derivadas da tristeza, a
potência é diminuída.
O bom encontro nos permite uma convivência harmoniosa e pacífica, uma vez que com
a potência elevada somos mais criadores e estamos conectados por forças primordiais.
O que fazermos então para termos bons encontros? Essa é a pergunta que deve guiar a
atividade, percebendo junto ao grupo de estudantes quais os elementos presentes no ato
de contar histórias que possibilitam uma convivência pacífica e harmoniosa.
Antes da aula, o educador deve se apropriar do texto de Rubem Alves, A menina e o pás-
saro encantado (Anexo A), ler e preparar uma sessão de narração (com leitura ou conta-
ção de histórias) para os estudantes (Ler texto 1 de apoio ao educador).
O texto conta a história de uma menina que amava um pássaro encantado, que a visitava e
contava histórias, o que a tornava imensamente feliz. Só que, todas as vezes que chegava
o fim do encontro, quando ele dizia que tinha que ir embora, a menina chorava e sofria,
pois não queria que ele partisse. O pássaro tentava explicar a ela a razão do encanta-
mento: na saudade, ele crescia. No entanto, no sofrimento da dor, a menina maquina um
plano: quando o pássaro voltou ela o prendeu em uma gaiola de prata, afirmando a posse
do pássaro para sempre. E, como o pássaro já havia alertado, o encantamento se acabou.
O pássaro adoeceu e a menina liberta o pássaro.
Observar a forma como as crianças conviveram com o texto, com a narrativa, com os per-
sonagens e a atmosfera criada. De que forma se entregaram numa escuta ativa, se foram
capazes de demonstrar empatia e respeitar o momento em que o outro se colocava diante
deles. A avaliação dessa atmosfera deve acontecer junto às crianças que podem perceber
como a história possibilita um caminho de harmonia.
Também é importante perceber como foi a percepção dos estudantes em relação à escuta
das emoções e necessidades dos personagens, a insistência em conseguir e o encontro
entre elas, relacionando com suas trajetórias pessoais. A capacidade de gerar emoções
positivas no outro como um elemento fundamental para convivência harmoniosa e pacífica.
Texto 1
Confie no texto. Você já o leu, ele te tocou, te emocionou, te fez rir, trouxe à tona memó-
rias e palavras surpreendentemente novas que você abrigava, muitas vezes sem saber.
Lendo o texto, você leu um pouco mais sobre você. E, como tudo que é belo e bom, pede
para ser compartilhado. Dizia o grande escritor Bartolomeu Campos de Queirós que a
beleza é uma coisa que a gente não dá conta de ver sozinho; é aquilo que, quando expe-
rimentamos, dizemos: fulano precisava estar aqui para ver isso! “É extremamente triste
estar sozinho quando se encontra a beleza”, escreveu Queirós.
Se é assim, você resolveu reunir muitas pessoas para verem algo bonito. Portanto, o texto
é potente e por experiência própria, experiência leitora, você sabe disso. Está aí um exce-
lente critério para escolha do que propor para os outros lerem. Lembre de ‘você leitor’ ou
de ‘você leitora’, quando pensar no texto a ser lido em grupo.
Confiando no texto, sabendo da potência dele, não precisamos nos preocupar em ser
“super-heróis”, encarregados das mais incríveis peripécias para simplesmente dar de ler.
Quem ‘trabalha o leitor’ não somos nós, mediadores, mas o próprio texto. Texto e leitor
trabalham secretamente, no mais íntimo de si mesmos, e tudo o que nos cabe fazer é,
exatamente, a mediação: pôr as pessoas em contato com a literatura. Uma vez feito isso,
literatura e leitores ‘trabalham sozinhos’. O texto dispara no leitor um trabalho interior que
escapa — e é bom que escape mesmo — ao nosso controle. Não damos de ler para contro-
lar; damos de ler para disparar esses secretos e múltiplos sentidos. Damos de ler para que
os outros, lendo, se surpreendam consigo mesmos. Confiando no texto, confiamos tam-
bém nos leitores: quando uma pessoa e um texto se encontram, começa secretamente, no
mais íntimo de cada um, o formidável trabalho de descobertas e recriações de si mesmos.
Se o texto é potente e o nosso trabalho é mediar encontros de pessoas com livros, foque-
mos nisso: na relação entre leitores e texto. O resto é acessório. Quando nos ocupamos
demais com dinâmicas mirabolantes e outros recursos, talvez estejamos confiando pouco
no poder da leitura, na potência dos livros. Esquecendo, talvez, da própria experiência
como leitores que somos.
(...)
[Fragmento texto do livro Confiar no texto, habitar os livros: Boas práticas de Leitura em bibliotecas
comunitárias, de Reni Adriano. p. 5–6 Disponível em: http://ecofuturo.org.br/files?path=content/
pdf/d0a639b371688d97f2e4608e1003e4352f1c1bee.pdf. Acesso em maio de 2016]
Texto 2
O que é realmente uma história terapêutica?
Todas as histórias são potencialmente terapêuticas ou curativas. Se uma história nos faz
rir ou chorar, ou ambos! – o riso e a lágrima podem ser curadores. As histórias folclóricas
ou contos de fadas, através de seus temas e resoluções universais, apresentam possibili-
dades curativas. Eles podem oferecer esperança e coragem para lidar com adversidades
da vida, afirmando nossa capacidade de desenvolver e de mudar.
A simples experiência de ouvir uma história, não importando seu conteúdo, pode ser
“curativa”. Sessões regulares de narração de histórias podem desenvolver a concentra-
ção das crianças, e podem ativar sua imaginação. Estes efeitos são um bálsamo curativo
às crianças no mundo de hoje, quando, frequentemente, despendem muitas horas na
frente da TV e DVDs. Uma história requer e estimula a criação imaginativa de vivências
internas, enquanto os meios acima citados apresentam imagens fixas, pré-criadas que
tem que ser aceitas pelo expectador sem evocar sua própria capacidade de criação.
Felizmente esta situação vem se alterando aos poucos. Há um movimento bem atual de
reavivar o poder das histórias, formado por pensadores educacionais, pesquisadores,
educadores.
Há uma esperança que mais e mais educadores e pais trabalhem com este tema tão revi-
gorante e poderoso, guiando as crianças em seus ambientes sociais, dando apoio à capa-
cidade da criança relacionada à sua imaginação.
[Texto adaptado de trecho do livro de Susan Perrow, “Therapeutic Storytelling, 101 healing stories
for children”, Hawthorn Press, Reino Unido. Tradução: Sílvia R. Jensen Disponível em: <http://www.
antroposofy.com.br/wordpress/o-poder-terapeutico-das-historias/> Acesso em maio de 2016]
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: O urso e a Árvore
Autor: Stephen Michael King
Editora: Brinque Book
Ano: 2014
Número de páginas: 36
Gênero: Literatura Infantil
País de Origem: Brasil
A arte do bom encontro é o tema da história O urso e a árvore, de Stephen Mi-
chael King. O valor da amizade e da empatia mediam a relação entre a menina, a
árvore, o urso e o rato. A natureza retratada numa simples e delicada história é
indicada para ler com os estudantes.
O Roteiro de leitura pública é uma publicação auto instrucional que orienta qual-
quer pessoa a ler e promover leitura em voz alta, com e para todos.
Referências Bibliográficas
ALVES, RUBEM. A menina e o pássaro encantado. São Paulo: Edições Loyola, 1985.
BATISTA, Reni Adriano. Confiar no texto, habitar os livros: boas práticas de leitura em bibliotecas comunitárias.
São Paulo: Instituto Ecofuturo, 2014.
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina
nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os
pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram
como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho
das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…— E a menina fazia
beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar. Mas vou con-
tar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam
dos rios… E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera do regresso,
que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudade. Eu
deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro
que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas
cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então
que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que
ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias
e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que
aconteceu.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite
ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e
eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer
dentro de nós. Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu
ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia
que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo… E ela ia ao
guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
Ah! Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se
ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensa-
mento: “Quem sabe se ele voltará amanhã...”
ALVES, RUBEM. A menina e o pássaro encantado. São Paulo: Edições Loyola, 1985
Quem não quer ser feliz? Sentir-se feliz? Buscar a felicidade é perseguir uma meta por
toda a vida, pois ser feliz é um estado de espírito fugaz, concretizado por momentos que
não se perenizam. Sua volatilidade é o que torna a vida atraente; se fôssemos felizes todos
os dias, em todos os minutos, não tomaríamos consciência da felicidade.
Para Platão, felicidade é a função da alma, assim como ler e enxergar é a função do olho.
Para Aristóteles, ela é conquistada pelo exercício do pensamento, pela “alma racional”.
Enfim, são muitas as formas de concebê-la e a tentativa de compreendê-la acompanha
todo o desenvolvimento da humanidade.
Somos feitos para a felicidade ou ela é produto de nossa conquista? Do que precisamos
para ser felizes?
Desde pequenos, precisamos aprender a lidar com a frustração e com a felicidade. Espe-
cialmente nos primeiros anos de vida, caracterizados pela condição egocêntrica em que
a criança acredita que o mundo gira ao seu redor e que tudo acontece por sua causa, esse
aprendizado deve ser constante a fim de que as crianças se deem conta de que há outras
pessoas no seu mundo, com os mesmos direitos; que há situações sobre as quais não
podemos ter controle e que os nossos desejos não podem ser indefinidamente atendidos.
A escola é um lugar privilegiado para essa aprendizagem. Nela, a criança vive a rica experi-
ência de conviver com muitas outras crianças, com adultos diferentes de seus familiares,
de ocupar um espaço coletivo bem mais amplo do que sua casa. Um lugar especial, que
apresenta muitos obstáculos a serem vencidos; mas também, com muitas experiências
felizes; um palco favorável a sua realização e a dos outros com quem convive.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de gerar em si próprio as emoções apropriadas
no momento oportuno.
• Música: Divertimento
Artista: Vários artistas
Álbum: Classical Baby Style
Gravadora: Music Brokers Brasil
Gênero: Música clássica infantil
Nacionalidade: Brasileira
Ano: 2015
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
Para tanto, devem ser desenvolvidas de maneira que incentivem a introspecção e o re-
colhimento, para que percebam o que se dá internamente com eles e depois os ajudem a
expressar seus pensamentos.
É importante que todos sejam ouvidos, porque essa troca poderá levá-los à compreensão
de que as situações de felicidade e de outras que os fazem tristes, ocorrem com todos,
que despertam sentimentos, que há diferentes formas de reagir a eles, mas que, por outro
lado, podem ajudá-los a crescer, a se tornarem mais resistentes e mais determinados.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
A aula inicia-se com uma roda de conversa sobre as atividades e os objetivos da aula.
Nesse momento, o educador explicará que a primeira atividade requer que todos fiquem
em silêncio, de olhos fechados, atentos ao que vai ser proposto.
1. Imagine que você está em um lugar bem tranquilo, com um gramado muito
grande e que lá no fundo é possível ver alguns brinquedos de parque e crian-
ças brincando neles. Você quer muito ir até lá para brincar também.
2. Você começa andando, mas a vontade é tanta que passa a correr, correr,
correr e chega lá. As crianças que estão brincando chamam você para ir à
roda gigante, ao carrossel cheio de cavalinhos de brinquedo, ao carrinho
bate-bate, andar na charrete do parque... Enfim, você fica encantado com
tudo o que vê e quer logo brincar.
3. Pense no brinquedo que você mais gosta. Esse você vai deixar para o final,
porque quer sair do parque feliz, lembrando dele.
4. Você começa a brincar. Qual é o primeiro que escolhe? Vai nesse. Brinca
muito! Sai, e logo em seguida já entra em outro. Brinca, brinca, brinca.
Pense como está se sentindo. Feliz? Quer brincar mais? Conhecer novos
brinquedos?
6. Agora chegou a hora do lanche no parque. As crianças pegam você pela mão
e levam até uma mesa cheia de coisas gostosas: bolos, pães, sucos, frutas,
doces. Dizem que fique à vontade e coma o que quiser. Você escolhe o que
mais gosta e coloca na boca. Pense no gosto que tem. É bom? Quer comer
mais? Quer ser amigo dessas crianças?
7. Você não tira o olho daquele que deixou para o final. Qual é mesmo? Feliz da
vida, dirige-se para lá. Pega um pouco de fila para entrar no brinquedo, mas
nem se importa. Já está quase chegando a sua vez!
9. Você fica olhando para o brinquedo. Justo aquele que mais gosta, não vai
conseguir brincar. E agora? O que você está sentindo? Pense se está triste,
com raiva ou outro sentimento. Com certeza, não é o que você queria que
acontecesse.
O educador, então, solicita que todos abram os olhos e que se sentem devagar, na roda.
Em duplas, um estudante contará ao outro que está ao seu lado, o que sentiu, e quais as
emoções ele lembra mais.
Em seguida, cada estudante receberá o papel A4, fará um risco no meio da folha para dese-
nhar em uma das metades da folha, como ele ficou nos momentos em que brincou e se sentiu
feliz, e na outra metade, como ele ficou quando não pode brincar no seu brinquedo favorito.
Com seus desenhos em mãos, na Roda de Conversa, esse será o momento da reflexão
sobre os sentimentos de todos e como seria a melhor maneira de reagir a eles.
O educador deverá intervir questionando qual foi a emoção que predominou quando tudo
estava dando certo e quando deu errado. Depois que todos que quiserem, tiverem falado,
a proposta será a de que pensem em algumas questões:
O que se deve observar, em primeiro lugar, é o comportamento dos estudantes nos mo-
mentos em que devem imaginar o que o educador orienta, os momentos em que ficam
mais tranquilos e aqueles em que a inquietação é mais evidente. A inquietação tanto pode
ser provocada pela descrição de momentos de prazer, como usufruir dos brinquedos ou
de comer aquilo que mais gostam. Mas também pode se manifestar naqueles em que o
desconforto e a frustração são provocados.
Como os estudantes têm conhecimento dos objetivos e das atividades da aula que foram
explicitadas na roda de conversa inicial, também poderão expressar se o que aprenderam
com o que ocorreu, e se as metas foram atingidas.
Texto 1
Frustração
Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/
psicologia/frustracao.htm Acesso em dezembro de 2015
O QUE É FRUSTRAÇÃO?
Para exemplificar, vamos tomar a situação de uma pessoa que não consegue o emprego
que almejava. Quando há uma frustração, esse sentimento está ligado a essa situação es-
pecífica e pode gerar o desejo de aprimoramento para tentar outros empregos. No caso de
uma Depressão, esse acontecimento seria apenas mais um dos motivos para o desânimo,
uma vez que a tristeza não está ligada a causas específicas e pode imobilizar o sujeito.
A FRUSTRAÇÃO É IMPORTANTE?
Não se pode, todavia, resumir a dificuldade adaptativa dos adultos à superproteção dos
pais, já que existem outros fatores que influenciam nessa formação deficiente, como a
cultura e as formas de organização da sociedade.
Juliana Spinelli Ferrari, colaboradora Brasil Escola, graduada em psicologia pela UNESP – Univer-
sidade Estadual Paulista, curso de psicoterapia breve pela FUNDEB – Fundação para o Desenvol-
vimento de Bauru e mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP –
Universidade de São Paulo
Texto 2
Como lidar com a frustração?
Outro dia, vi uma criança de mais ou menos três anos gritando e se jogando no chão.
Ela chorava tanto que você nem imagina. Já viu uma cena dessas ou outra parecida?
Quem tem irmãos menores já viu, aposto!
Poucos segundos depois, a mãe não aguentou, abriu a bolsa e tirou de dentro um doce.
Mágica! Na hora, a criança parou o escândalo para comer o que acabara de ganhar da mãe.
Vou pedir que faça um filminho dessa cena na sua cabeça para compará-la a outra que
vou contar agora.
Um jogo de futebol no recreio de uma escola, com garotos com idade entre nove e onze
anos. Os dois times queriam ganhar – claro! – e estavam se empenhando para que
isso acontecesse.
Não imagina qual foi a reação do menino, ao ver que tinha errado: gritou, xingou e, de
repente, partiu para cima do goleiro para brigar com ele. Sorte que os colegas de time
intervieram e não o deixaram chegar nem perto da trave.
Faça também um filminho dessa cena e a compare com a da criança de três anos. Qual a
diferença entre elas? Nenhuma!
Como é que pode? Uma criança de três anos e outra de mais de nove reagindo da mesma
maneira em um momento de frustração.
Você sabe o que é isso? Frustração é a dor que uma pessoa sente quando não consegue
ter ou fazer o que pretendia.
Existem crianças que, em vez de ficarem chateadas ou tristes quando isso acontece,
ficam bravas e com raiva, muita raiva! Aí, reagem desse jeito. E você, quando não conse-
gue ter ou fazer o que gostaria, como reage?
O melhor é admitir que a frustração provoca tristeza, mágoa e outros sentimentos do tipo.
A dor é chata, mas passa. Se ficar com raiva e deixar aquele cachorro que mora dentro de
você latir e até morder, a dor demora mais para sarar e pode magoar você e os outros.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/quebracabeca/2015/02/1586269-como-lidar-
com-a-frustracao.shtml. Acesso em dezembro de 2015
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Hocus Pocus: um pai de presente
Autor: Kiara Terra e Ionit Zilberman
Editora: Companhia das Letrinhas
Ano: 2012
Número de páginas: 48
Gênero: Literatura Infantil
País de Origem: Brasil
Referências Bibliográficas
FALCÃO, Adriana. Mania de Explicação. São Paulo, Moderna 2001.
Redescobrir
Cantora: Elis Regina
Compositor: Gonzaguinha
Álbum: Saudades do Brasil
Ahshea1 Media/Pexels
Todos nós vivemos, em algum momento das nossas vidas, o desejo de querer tentar algo
novo. Muitas vezes, diante do desafio de fazer algo diferente, dizemos “isso é realmente
difícil!”. E assim, diante dessa constatação, desistimos e voltamos para a nossa zona de
conforto, onde temos a certeza de que somos capazes.
Fazer coisas novas, adquirir novos hábitos e se autodesafiar a aprender, é bom para todos
nós, no entanto, ainda que sejamos muito conscientes disso, não é fácil romper com as
nossas rotinas e fazer mudanças. Não é fácil deixar a nossa zona de conforto porque ela
vem sendo construída há anos!
Objetivo geral
• Estimular a capacidade de valorizar as próprias forças e limitações.
• Reconhecer a importância de se esforçar e não desistir diante dos desafios.
Material necessário
• Uma cópia da história do Ratinho Rói-Rói para leitura do educador. O mate-
rial se encontra disponível em https://onlinecursosgratuitos.com/22-livros-
de-literatura-infantil-para-baixar-em-pdf-dominio-publico/. Acesso em
maio de 2019. Uma alternativa à impressão do material é fazer a leitura a
partir de um dispositivo como o celular, tablet ou um computador.
• Serão necessários materiais que sirvam como obstáculos ou demarcadores
de espaço, a exemplo de:
• Caixas de papelão vazias
• Bambolês
• Cones
• Garrafas pet com água
• Baldes vazios
• Cordas
• Cadeiras
• Giz para riscar o chão
• 10 folhas de cartolina para serem transformadas em tubos (que se forem
manuseados adequadamente, poderão ser reutilizados) parte destes ma-
teriais podem ser conseguidos junto aos educadores de Educação Física.
• Observar a necessidade de assegurar a quantidade suficiente para que os
estudantes possam realizar a atividade. Planeje quantidade de materiais va-
riados para os estudantes trabalharem em duplas e/ou trios.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
1o momento
Atividade: Roda de Conversa
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa.
DESENVOLVIMENTO
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
Esta atividade se constitui da leitura da história do Ratinho Rói-Rói; ela narra a grande
aventura que o ratinho vive quando é capturado pela gata cinza-malhada Mini, conside-
rada o terror dos ratos.
A história pode ser lida em partes para melhor fixação do conteúdo e apreciação das emo-
ções vivenciadas pelo ratinho protagonista e também dos estudantes que acompanharão
os seus movimentos. Nos intervalos entre as partes, os estudantes podem ser convidados
a participar, com suas observações e comentários.
AVALIAÇÃO
A avaliação pode ser realizada durante os intervalos da leitura. É possível ainda conduzir
o diálogo com os estudantes, resgatando os objetivos da aula a exemplo das perguntas:
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
É indicado que sejam oferecidos, aos estudantes, ao menos 2 tipos de objetos entre os
que estão listados abaixo:
ICE
Uso dos bambolês ou cordas Uso dos cones, caixas de pape- Uso dos tubos confeccionados
lão ou garrafas pet com água. com as folhas de cartolina
Após os estudantes terem formado os trios e cada trio ter escolhido os materiais com
os quais formarão os seus desafios, oriente-os a conversarem com os colegas sobre os
desafios que poderão ser criados com os objetos escolhidos. Ofereça aos estudantes a
opção de usarem mais de um tipo de material.
Os trios poderão criar situações de saltos sobre os obstáculos, corrida entre eles ou
de equilíbrio.
AVALIAÇÃO
Texto 1
O processo de aprendizagem
Se você olhar para trás em seus primeiros anos de vida, você percebe que aprendeu a
andar, falar, adicionar e subtrair, escrever ... Você pode imaginar se você tivesse jogado a
toalha então? Foi muito difícil para você fazer todas essas coisas. Você caiu, você cometeu
erros, teve dificuldade em internalizar as informações. No entanto, essas coisas agora
parecem muito fáceis.
“Difícil. Esta é a palavra que às vezes nos apegamos para que não tenhamos que tentar
ver o que é possível”.
Todos nós tivemos momentos em nossas vidas quando queremos tentar algo A maio-
ria dos desafios parece difícil no começo, porque você tem que passar por um processo
de aprendizagem. Este processo requer força de vontade, motivação, desejo e objetivos.
Pense em quando você conseguiu sua carteira de motorista. Não foi difícil no começo
fazer tantas coisas ao mesmo tempo? Mesmo assim, agora você pode dirigir quase sem
pensar. É praticamente automático.
Quando estamos aprendendo a andar, caímos o tempo todo, mas continuamos tentando.
No entanto, quando falhamos em um projeto em nossas vidas adultas, desistimos com-
pletamente. Por que isso? Conforme você envelhece, parece que você se torna mais resis-
tente ao processo de aprendizagem. Você está sempre procurando o caminho mais fácil.
As pessoas tendem a coisas que não exigem muito trabalho ou qualquer mudança radical
na vida. Mesmo quando você sabe que a mudança é benéfica.
É fácil esquecer que é normal que algo novo seja difícil antes que seja fácil. Afinal, você
não está familiarizado com isso e lhe faltam conhecimento e experiência. No entanto, a
negatividade envelhece. Você se cansa de dizer a si mesmo: “Eu não posso fazer isso... é
demais para mim... isso é realmente difícil... eu não vou fazer isso...”
Se você foi capaz de aprender a falar, a escrever e a dirigir, então por que você não pode
fazer isso? Qual a diferença?
A diferença está nas desculpas que você faz para evitar fazer mudanças em sua vida e sair
do piloto automático. Quando você vive no piloto automático, você passa o seu dia sem
Tudo é realmente difícil se você disser a si mesmo “eu não posso”. Isso é autossabota-
gem. É uma desculpa para evitar alcançar algo que lhe faria um mundo do bem. Acon-
tece frequentemente quando você está tentando sair de um mau hábito como fumar, por
exemplo. Também acontece quando você quer entrar em um novo hábito que mudará sua
rotina, como meditar todos os dias.
Você diz a si mesmo que não pode quando isso não é verdade. O que você deve dizer é
“não é que eu não posso, é que eu não quero”. Você não tem muito com o que se preo-
cupar e não precisa fazer muito esforço. Começando a meditar, indo à academia todos
os dias, tentando parar de fumar, inscrevendo-se em uma aula de redação... Todas essas
coisas exigem trabalho e uma modificação em sua agenda diária.
Se você pensar sobre isso, muitos desafios incompletos estarão relacionados ao seu cres-
cimento pessoal e à sua saúde. É como se você não se considerasse importante o sufi-
ciente. Você se coloca em segundo lugar e inventa desculpas para evitar fazer coisas que
são boas para você. Formar novos hábitos, definitivamente, exige trabalho. Não é fácil.
Mas os benefícios que eles trazem são enormes. Qualquer coisa que valha a pena, exige
trabalho. Antes que fique fácil, será difícil.
Tradução livre do original em inglês Everything is hard before it gets easy. Disponível em: https://
exploringyourmind.com/everything-is-hard-before-it-gets-easy/ Acesso em maio de 2019.
Texto 2
O que é realmente uma história terapêutica?
Todas as histórias são, potencialmente, terapêuticas ou curativas. Se uma história nos
faz rir ou chorar, ou ambos! – o riso e a lágrima podem ser curadores. As histórias fol-
clóricas ou contos de fadas, através de seus temas e resoluções universais, apresen-
tam possibilidades curativas. Eles podem oferecer esperança e coragem para lidar
com as adversidades da vida, afirmando nossa capacidade de desenvolver e de mudar.
A simples experiência de ouvir uma história, não importando o seu conteúdo, pode ser
“curativa”. Sessões regulares de narração de histórias podem desenvolver a concentra-
ção das crianças, e podem ativar sua imaginação. Estes efeitos são um bálsamo curativo
Felizmente, esta situação vem se alterando aos poucos. Há um movimento bem atual
de reavivar o poder das histórias, formado por pensadores educacionais, pesquisadores,
professores.
Há uma esperança que mais e mais professores e pais trabalhem com este tema tão re-
vigorante e poderoso, guiando as crianças em seus ambientes sociais, dando apoio à ca-
pacidade da criança relacionada à sua imaginação.
[Texto adaptado de trecho do livro de Susan Perrow, “Therapeutic Storytelling, 101 healing stories
for children”, Hawthorn Press, Reino Unido. Tradução: Sílvia R. Jensen Disponível em: <http://www.
antroposofy.com.br/wordpress/o-poder-terapeutico-das-historias/> Acesso em maio de 2016]
Neste livro, a psicóloga Ângela Duckworth demonstra para pais, estudantes, edu-
cadores, atletas e empreendedores que, o segredo para realizações incríveis não
é o talento, mas uma mistura de paixão e perseverança que ela chama de “garra”
— a capacidade de perseverar e produzir resultados além do puro talento, da
sorte ou das eventuais derrotas.
Ao usar como exemplo a própria história como filha de um cientista que, com
frequência, notava sua falta de “genialidade”, Duckworth, agora professora e
pesquisadora renomada, descreve as primeiras revelações que a levaram à hi-
pótese de que não é a “genialidade” que realmente conduz ao sucesso, mas uma
combinação especial de paixão e perseverança.
Em Garra, ela cita o caso dos cadetes que se esforçam em seus primeiros dias na
Academia Militar de West Point e de professores que trabalham nas escolas mais
difíceis de lecionar dos Estados Unidos. Destaca conceitos e insights fascinantes,
buscados tanto na história, quanto nos mais modernos experimentos sobre alta
performance e, finalmente, compartilha com o leitor o que aprendeu ao entrevis-
tar dezenas de pessoas bem-sucedidas nos mais diversos campos de atuação:
do CEO do J. P. Morgan a um cartunista da The New Yorker e um treinador da
National Football League, entre outros.
Pessoal e inspirador, capaz de transformar vidas, Garra é um livro sobre o que se
passa na cabeça das pessoas durante as derrotas e, como isso — não o talento
ou a sorte — pode fazer toda a diferença.
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De qualquer forma, é preciso ter uma estrutura emocional bem resistente para que o equilí-
brio seja alcançado. E essa estrutura precisa ser construída desde que somos bem pequenos.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de gerar sentimentos positivos acerca de si próprio
e de aceitar-se.
Material necessário
• 1 pen drive com a gravação das músicas: “Tchibum, da cabeça ao bum-
bum” (Palavra Cantada), “Peixe Vivo” (versão do grupo Palavra Cantada)
e “Surfboard” (Tom Jobim).
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Atividade: Eu me gosto!
A proposta desta aula é promover a reflexão sobre os cuidados que todos devemos ter para
uma vida saudável. Cuidar do próprio corpo é sinal de consideração por si mesmo, das pró-
prias necessidades em relação à saúde, ao corpo, às emoções e às relações interpessoais.
1o momento
2o momento
Ao som da música Peixe Vivo, versão gravada pelo grupo Palavra Cantada, os estudantes
acompanharão o ritmo com batuques em seus corpos: palmas, estalos de dedos, sons
da boca, batidas de pé, tapas nas bochechas, batidas na barriga e outros que possam
ir inventando. O ideal é que isso se repita ao terminar a música, até que todos estejam
bastante adequados ao ritmo proposto.
A gravação mostra sons de instrumentos como cuíca, berimbau, por exemplo, que ajudam
na marcação do tempo.
3o momento
Logo em seguida, ao som da música Surfboard, de Tom Jobim, os estudantes farão gestos
de carinho consigo mesmos: abraços, carinhos, cuidados com o corpo, mãos dadas e outros
que forem criando. Mas, desta vez, um estudante faz o gesto e os outros imitam-no. Em
seguida, o próximo da roda faz outro gesto para que todos o imitem, até completar o círculo.
AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser dirigida à observação acerca da capacidade dos estudantes de ex-
pressarem os cuidados com o corpo, o prazer de acompanhar a música com ritmos pro-
vocados no próprio corpo e a manifestação de afeto consigo mesmos.
Para tanto, é preciso que consigam concentração suficiente para acompanhar os movi-
mentos e os ritmos da atividade proposta.
Toda pessoa possui o refúgio dos seus recursos pessoais, mas esse pode ser acionado
de forma a não se desgastar se houver o controle das emoções ou ainda ser utilizado de
forma a obter futura recomposição. Ela também consegue permanecer equilibrada em
casos de fatores externos como críticas, perda de emprego, término de relacionamento
e outros que vulneram o emocional. O conhecimento de si próprio não dá prioridade a
opiniões ou respostas e sim estimula seus fatores positivos a detectar os negativos a fim
de modificá-los favoravelmente.
O ogro Shrek casa-se com a princesa Fiona, também ogra, devido ao encanto que
fizeram para ela. No momento de conhecer os pais da princesa, o protagonista sen-
te-se pressionado a deixar sua forma original de ser e tornar-se um príncipe, para
evitar que seu sogro separasse o casal. O filme revela uma constante luta interior
entre ser o que se é e ser o que os outros querem que você seja. No final, tanto Shrek
quanto Fiona decidem ser felizes, ou seja, serem aquilo que de fato são: ogros.
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O título da aula, Eu rabisco o sol que a chuva apagou, extraído da canção “Giz” da
banda Legião Urbana, sugere uma metáfora que apresenta uma infinidade de possibi-
lidades de interpretação, especialmente, por tratar do tema da Educação Emocional.
Pode-se falar sobre os sentimentos de frustrações e a capacidade do Ser Humano de
recuperar-se dos momentos e situações difíceis, e ainda aprender com elas, ou seja,
desenvolver a resiliência.
O Ser Humano possui a capacidade de recuperar-se de momentos difíceis que geram sen-
timentos de dor e tristeza. Assim, por sermos resilientes, percebemos o problema causa
essa dor e mobilizamos diversas emoções, como a coragem para enfrentar os medos e
seguir adiante, a determinação e a capacidade da temperança.
Objetivo geral
• refletir sobre a resiliência;estimular a coragem e a determinação para a su-
peração de obstáculos e medos.
Material necessário
• Quadra esportiva.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
DESENVOLVIMENTO
As brincadeiras são aspectos culturais intrínsecos ao ser humano, fazem parte de todo
o decorrer da fase infantil e encontram-se presentes durante a vida adulta. Despertam a
criatividade e ultrapassam a linha fixa do tempo-espaço, ou seja, formam-se com o lúdico
que nos leva a outros lugares e a outros tempos, caracterizam-se por, justamente, per-
mitir as ressignificações simbólicas dos objetos e das relações humanas, alavancando a
imaginação muito além do que é previsível e imediato.
A brincadeira cria uma situação em que a determinação e o esforço são necessários para
atravessar a quadra apoiando apenas nas mãos. O fato de ter as pernas seguradas pelo
colega possibilita a coragem de realizar a tarefa e confiar no outro, estimula também a
motivação individual e a motivação do grupo, de modo que todos torcem para os colegas
concluírem a atividade.
Quando todos realizarem a ida e a volta, organize-se em roda para avaliação final.
AVALIAÇÃO
Em Roda de Conversa faça a mediação dos relatos da atividade com foco na superação
das dificuldades e das inseguranças que encontraram. Procure ressaltar o uso da co-
ragem e da determinação que tiveram para a conclusão da atividade, compreendendo
o significado de resiliência. Também disponibilize o tempo-espaço para eles exporem e
observe como realizam as conexões entre o grupo.
Coragem é uma força do “cor”ação que possibilita o adulto levar uma ação para frente,
mesmo quando tem obstáculos ou desafios assustadores. Coragem não é a ausência do
medo, mas a força que faz você persistir, apesar do medo, porque você tem a convicção
que o objetivo é importante. Esta força de vontade que não desiste tem a sua fonte no
brincar. Brincar é ação, ação física, ação imaginativa, é movimento. O polo oposto é a
reflexão, o pensar que necessita distância da ação, que necessita da cabeça fria. Se a
criança pode viver no polo do movimento, ou seja, brincando, sem exigirmos dela reflexão,
então, ela fortalece este polo caloroso que é a base da coragem. Assim, quando ela cresce
e desenvolve cada vez mais a atividade pensante, reflexiva, ela terá um equilíbrio entre
os dois polos. Isso é principalmente importante na nossa sociedade atual que é regida
unilateralmente pelo intelecto.
Quem é criativo conseguiu salvaguardar um pouco de sua infância para a vida adulta. Quem
tem criatividade consegue olhar para as coisas com olhar novo, sem preconceito, com olhar
de criança. Ele consegue fazer associações inesperadas, consegue ver um fato de inúmeros
lados sem se fixar num único ponto de vista. Isso se aprende brincando, porque brincar é
justamente isto: fazer de um prato um chapéu, ver numa caixa de papelão um teatro de fan-
toche, ou pegar um pano qualquer e amarrando alguns nós transformá-lo numa boneca.
Referências Bibliográficas
BARRIM, Milene. Resiliência: como competência fundamental para promover mudanças. Universidade estadual de lon-
drina (UEL). Disponível em: http://www.fenassec.com.br/site/xviii_consec_2012/artigo_selecionado_resiliencia.pdf.
Acesso em abril de 2019.
Ignacio, Renate Keller. Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso brincar! Disponível em: https://territorio
dobrincar.com.br/wp-content/uploads/2015/06/Indicacao_Ute_Renate_Keller_Ignacio_Para_ter_criatividade_
resiliencia_e_coragem_e_preciso_brincar.pdf acesso em abril de 2019.
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O corpo fala! A afirmação propõe uma reflexão sobre a linguagem corpórea, sobre os
sinais de comunicação que o nosso corpo estabelece com a nossa mente e com o mundo
exterior. Com tendência a mostrar de forma honesta as emoções vividas, essa linguagem
possui códigos que se tornam legíveis durante o percurso da vida.
Ao nascer, o bebê demonstra suas necessidades por meio de sinais do corpo. Essa é a
forma como nos relacionamos com os nossos pais nessa fase da vida. Por sua vez, os pais
aprendem a reconhecer o choro de fome e o choro de dor, ao mesmo tempo que o bebê
desenvolve sua percepção da comunicação.
No entanto, a sociedade, por vezes, não valoriza essa linguagem e essa comunicação
não-verbal. Além disso, ocorrem situações em que somos induzidos a não demonstrar as
emoções, principalmente, aquelas relacionadas à tristeza, o que sugere sempre ser forte
Nessa perspectiva, nesta aula, a proposta é desenvolver atividades que despertem o olhar
sobre a linguagem dos corpos. Tanto reconhecer como as emoções se manifestam em si
próprio como reconhecê-las nas outras pessoas, pois assim facilita a compreensão dos
sentimentos que, muitas vezes, não se expressam por palavras.
Objetivos gerais
• Despertar o olhar sobre a linguagem não-verbal do corpo;
• Perceber a linguagem do corpo em si e no outro como forma de expressão
emocional.
Material necessário
• Projetor de imagens;
• Imagens de expressão corporal (Anexo A);
• Cartões com emoções e sensações (Anexo B);
• Sacolinha de pano para colocar os cartões que serão sorteados durante a
atividade;
• Bexigas de cores variadas e suporte para as bexigas, uma de cada cor para
cada estudante. Pode-se substituir as bexigas e os suportes por bolinhas
de plástico, como as de ping-pong, evitando que as bexigas estourem ao
serem desenhadas;
• Canetas Pillot ponta média, uma por grupo.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Importante iniciar uma conversa sobre a linguagem do corpo com a apresentação da frase
título da aula: O corpo sabe falar. A partir da frase, explicar o que é a linguagem corporal
e, mesmo ela não sendo verbal, pode-se compreendê-la. Ressaltar que o corpo age com
sinceridade ao expressar sentimentos e emoções, bem como exemplificar com uma situ-
ação que facilita o entendimento inicial da aula. Uma sugestão é: quando somos bebês e
não sabemos falar, como avisamos que estamos com fome? Com o choro.
O mesmo procedimento pode ser feito com a segunda imagem: um palhaço triste. Nessa
representação, também é possível levantar a questão que sempre associamos os palha-
ços à alegria, mas nos esquecemos que são pessoas e também ficam tristes. Algo bem
característico da arte dos clowns é demostrar as emoções e sentimentos sem utilizar as
expressões verbais.
Após a identificação emocional por meio de gestos e expressões corporais impressos nas
fotos, é possível solicitar que eles mesmos demostrem como seriam seus próprios corpos
em um momento de alegria e um de tristeza. Assim, cria-se uma brincadeira, com viés
teatral. Orientar para não emitir palavras, apenas sons se quiserem e que todos, simul-
taneamente, interpretem com o corpo essas duas emoções destacadas nas fotografias.
COMENTÁRIO
O uso da projeção pode ser substituído por impressões das imagens em folhas de tama-
nhos A4 ou A3.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A organização dos estudantes pode ser feita em quartetos para realizar o jogo das fi-
sionomias, que consiste na manifestação afetiva ao expor gestos que complementam
a comunicação dos sentimentos verbalizados. Entregue a cada grupo um kit contendo:
quatro (4) bexigas, (ou as bolinhas de ping-pong) e uma caneta Pillot. Se o grupo for de
cinco pessoas, entregar cinco bexigas, sempre uma para cada um.
O jogo apresenta emoções e sentimentos escritos em cartões que são sorteados, com
a participação dos estudantes, de dentro do saquinho de pano. Cada grupo tem que
Ao final, entregue um suporte de bexiga para cada um. Isso possibilita a formação de um
simples fantoche das fisionomias que desenharam para interagirem entre si.
COMENTÁRIO
Caso o tempo seja escasso, devido às contribuições dos estudantes, disponha de mais
uma aula para concluir a atividade.
AVALIAÇÃO
O corpo na educação
Somente há poucos anos atrás é que o corpo ocupou seu lugar oficial na instituição esco-
lar, sob a forma de um ensino teoricamente obrigatório de educação física, porém muitas
dessas horas destinadas ao corpo são, em realidade, dedicadas às matérias ditas princi-
pais. As faltas de locais, de espaços, de material, justificam em parte essas posturas, mas
também elas têm outras causas mais profundas e frequentemente menos conscientes.
Concepções que acreditam que os corpos ficam mais seguros se forem socialmente ali-
nhados atrás de suas respectivas carteiras, do que se forem movidos por uma agitação
impulsiva, um dinamismo que tende a roubar a autoridade do educador.
Lapierre e Aucouturier (1984), dizem que o corpo ainda continua a ser um instrumento a
serviço de um pensamento refletido e racional, um corpo físico (flexível, forte, resistente,
com destreza, veloz, eficiente, com desempenho), um corpo orgânico (saúde), mas não
se quer, sobretudo, um corpo que faça “o que quiser”, isto é, um corpo que exprima suas
pulsões e seus fantasmas. Este corpo não tem lugar na escola e muito menos em casa.
Ele só se exprime e cada vez menos, durante as recreações e em áreas indeterminadas.
Este domínio do corpo começa na infância e vai se prolongando até a idade adulta. O
domínio do corpo e da linguagem torna-se símbolos de “boa sociedade”, instrumentos
de segregação social, pois comportamentos que exprimem afetividade ou emoção são
considerados como “fraqueza”.
Como dizem Bertherat e Bernsten (1987), quando punimos a atividade física da criança,
entravamos o desenvolvimento de sua inteligência e a estimulamos a reprimir a expressão
natural de suas emoções. Como consequência, ensinamos a boicotar suas emoções, fingir
sentimentos e a se tornar um adulto com controle rígido sobre si mesmo.
Anaruma (1994), preconiza que o longo tempo que as crianças ficam sentadas nas salas
de aula é desprazeroso e prejudicial para a aprendizagem. Esta tentativa de reprimir
o movimento do corpo funciona como uma faca de dois gumes, pois pode ao mesmo
tempo conseguir a obediência das crianças, assim como reduz o seu campo de experi-
ência corporal.
Siebert (1995), explica que este tipo de comportamento dicotômico, entre o corpo e a
mente, é devido à educação de uma disciplina severa, configurada na escola medieval,
de inspiração religiosa católica. Nessa época, o corpo violentado, domado através da dor,
“era o meio mais rápido e eficaz para a formação do intelecto. A família e a escola utiliza-
ram a mesma estratégia para conseguir uma disciplina desejável. De acordo com Foucault
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: O Corpo Fala – A Linguagem Silenciosa da Comunicação
Não-verbal
AutorES: Weil, Pierre e Tompakow, Roland.
Editora: Vozes
Ano: 2015 (74ª edição)
Número de páginas: 228
Gênero: Psicologia
País de Origem: Brasil
O livro proporciona uma análise da linguagem corporal, apresentando desenhos
e fartas explicações sobre a linguagem e as interpretações que fazemos. Livro de
linguagem fácil e dinâmica, possibilita diversas formas de leitura e nos demonstra
como podemos utilizar a nosso favor, em diversas situações, a linguagem e a
interpretação dos sentimentos que são expressados pelo corpo.
Referências Bibliográficas
GAIARSA, José Angelo. O corpo fala?. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n3/Gaiarsa.pdf.
Acesso em abril de 2019
SILVA, L.M.G. da; BRASIL, V.V.; GUIMARÃES, H.C.Q.C.P.; SAVONITTI, B.H.R.A.; SILVA, M.J.P.da. Comunicação não-
-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Rev.latino-am. enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 4, p. 52- 58,
agosto 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n4/12384. Acesso em: maio de 2016.
Imagem 1
KULDEEPSINH VAGHELA/Pexels
Disponível em: < https://www.pexels.com/photo/photo-of-people-doing-jump-shot-on-
beach-2443012/>. Acesso em: setembro de 2019.
Imagem 2
darren fletcher/FreeImages
TRISTEZA
SOSSEGO
ALEGRIA
AMOR
RAIVA
MEDO
151 Aulas de Protagonismo • Anos iniciais • Ensino Fundamental • 1o ano
Aula 12
Vivo rodeado de gente bacana
e posso contar com elas!
Karen Arnold/Pixabay
Quando trazemos a “necessidade” estamos nos referindo a “aquilo que não cessa”. Aquilo
que todos os seres precisam para viver e que nunca deixarão de precisar. São os também
chamados valores: respeito, cuidado, alimento, abrigo, calor, amizade... Nossa humani-
dade requer determinadas condições e meios favoráveis para existir.
Neste sentido, esta aula busca criar essa comunidade sustentável, estimular os estudan-
tes na criação de um ambiente favorável para o exercício da troca conectada às necessi-
dades de cada um. Seguimos com a proposta de um dia de trocas e conquistaremos, mais
adiante, quem sabe, uma feira organizada por eles.
Objetivo geral
• Criar condições favoráveis à interação capaz de estimular os estudantes a
reconhecerem suas necessidades para buscar ajuda e recursos com res-
ponsabilidade e gratidão.
Material necessário
• Kit multimídia com acesso a internet para ouvir com os estudantes a histó-
ria Troca-Troca, de Ana Maria Machado no site do Plenarinho http://www.
plenarinho.gov.br/sala_leitura/ouca-uma-historia/troca-troca.
• Papel para fazer a lista de desejos com os estudantes – Uma folha para o
escriba da turma;
• Lápis – um lápis para o escriba da turma.
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Esta aula objetiva a interação dos estudantes numa atividade de troca, em que o brin-
quedo especial de um se tornará o brinquedo do outro, por algumas horas, estimulando
a partilha. Propõe-se, assim, que o cuidado, a responsabilidade e a gratidão sejam expe-
rimentados, vivenciados pelos estudantes de maneira focada, para propiciar a criação de
estruturas e referências emocionais na construção de relações mais complexas, como
buscar ajuda e receber apoio.
A Roda de conversa deve manter-se num processo de escuta atenta, o que significa que
essa é uma oportunidade para incluir as ideias e experiências das crianças como norte
para direcionar o trabalho a ser feito a partir desse tema, mantendo o foco da busca de
ajuda e recursos.
O professor pode perguntar sobre a frustração de quando emprestamos algo. Sobre como
buscamos apoio quando o amigo não quer devolver o brinquedo? O que fazem? Se alguém
já pegou um brinquedo emprestado e teve alguma surpresa desagradável.
A conversa guia-se, assim, para uma construção de contrato social que poderá mediar um
encontro entre as crianças para trocarem seus brinquedos favoritos, por algumas horas,
ou aqueles brinquedos que não usam, não brincam mais.
Nesse sentido, os estudantes devem compor com o professor uma lista de desejos e de-
pois compartilhar essa lista entre eles para ver quem pode realizar o desejo de quem
(em caso de haver alunos que já sabem escrever, convidá-los para serem os escribas da
turma). Se houver mais de uma turma da mesma série na escola essa lista pode ser feita
com ambas e propor que as trocas aconteçam num mesmo dia, buscando meios, junto
com os estudantes, de garantir que o desejo de todos seja contemplado.
COMENTÁRIO
Não importa se a criança troca um brinquedo caro por um brinquedo barato, um brin-
quedo grande por um pequeno, um brinquedo por um livro... Vale pensar no valor simbó-
lico do brinquedo e não no valor comercial, as crianças gostarem dos brinquedos e as duas
partes estarem de acordo com o empréstimo. Outra questão importante: os estudantes
devem decidir sobre o empréstimo. As duas crianças devem querer trocar seus brinque-
dos e ficar satisfeitas com a troca. A troca de brinquedos é um momento de interação,
uma nova experiência, um novo aprendizado para a criança. E é exatamente esse o exer-
cício da reponsabilidade e da gratidão.
As situações de conflito que virão NÃO devem ser solucionadas pelo professor. É impor-
tante assumir uma posição de apoio, de mediação, mas não deve tentar solucionar. Pode
haver crianças que não queiram emprestar seu brinquedo no dia, e essa também é uma
forma de ver sua responsabilidade sendo construída, compartilhar não deve ser obrigató-
rio. Simplesmente, deve ser oportunizada a situação. A vivência de mais situações como
essa é que possibilita à criança amadurecer sua estrutura emocional e compartilhar.
Observar como os estudantes interagem com o texto mantendo o foco no tema da busca
de ajuda e recursos. Se eles conseguem expressar situações cotidianas em que precisam
ou desejam algo e como eles fazem a busca de apoio.
O professor deve estar atento à expressão dos estudantes, seus comportamentos podem
indicar algum conflito e eles podem ser e stimulados a dizer o que precisam, para que
alcancem o recurso que necessitam. Isso pode ser desde um amparo emocional até a
atenção de algum colega, a força para lidar com alguma frustração.
Importante lembrar que o mais importante é construir uma comunidade entre os alunos
em que eles percebam que vivem rodeados de gente bacana, disponíveis, que podem
sempre contar com elas.
Texto 1
Os brinquedos são uma ferramenta de trabalho para as crianças, através da qual ocorre
a interação com o mundo interior e exterior. Narrativas são criadas para se expressar
e, por meio delas, o mundo é imitado e reinventado, assim, as crianças experimentam e
improvisam as relações que vivem, elaborando suas próprias respostas de maneira ativa
e positiva. Os brinquedos são uma ponte para comunicação e expressão: aproximam,
convidam a brincar junto, partilhar, a entrar na brincadeira, a inventar. O brinquedo pode
gerar ciúmes e sentimento de posse, assim como ser motivo de disputa, quando uma
criança o toma de forma exclusiva (ver texto 2 de apoio ao professor).
Ouvir as crianças brincando é um meio de perceber como elas estão se apropriando das
aprendizagens nas aulas de Protagonismo, de que forma ela vai nomear o mundo e suas
emoções, reconhecer os limites – de si e do mundo que a rodeia. Através do brinquedo e
da brincadeira, um mundo se descortina e possibilita o desenvolvimento das emoções
e dos vínculos emocionais com o mundo que nos rodeia.
Texto 2
O texto abaixo é uma crônica escrita por Clarice Lispector e indicada ao professor como
fonte de fruição e reflexão sobre a felicidade. Na história, uma menina deseja muito um
livro emprestado e, quando finalmente, o consegue, usa de todas as artimanhas para pro-
longar seu sentimento de felicidade. A felicidade, esta clandestina, existe para que sua
felicidade não acabe. Vale muito a pena a leitura.
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados.
Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bas-
tasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que
qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um
livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por
cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que
vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com
barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente boniti-
nhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu
sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia:
continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa.
Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o,
dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela
sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como
eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me
que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para bus-
cá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu
recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas
de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias
seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tran-
quilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o
coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que
eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama
do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia:
pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o
emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando
sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua
recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela
menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa,
entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o
fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com
enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta
horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade
de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de
Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai
emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo
quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo
o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho
que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando
bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o
peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava
quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto
de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear
pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guar-
dara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades
para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandes-
tina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho
e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em
êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
Livro: Troca-troca
Autora: Ana Maria Machado
Editora: Salamandra
Ano: 1998
Número de páginas: 24
Gênero: Literatura Infantil
País de Origem: Brasil
Um encontro entre Benedito, Joana e André e uma proposta de troca entre os
meninos inicia um movimento de troca-troca na praça. O livro Troca-Troca é indi-
cado nesta aula e poderá ajudar o processo de desenvolvimento da ação coletiva
da feira de trocas. Justamente por narrar a história de um encontro entre três
crianças que iniciou um importante movimento. O professor pode escutar essa
história junto aos estudantes acessando site do Plenarinho.
O filme “Meu vizinho” Totoro narra a história de duas meninas que se mudam
com seu pai para o interior do Japão, com o objetivo de ficar mais perto do hos-
pital em que a mãe se encontra internada. Lá, elas viverão muitas aventuras ao
lado de Tororo, o espírito protetor da floresta. Ele vive dentro de uma cânfora gi-
gante, no quintal da casa, apenas as crianças conseguem ver e se comunicar com
Tororo. O filme traz inúmeras situações em que os personagens ajudam uns aos
outros, numa intensa interação de vida comunitária em que todos ajuda a todos.
Referências Bibliográficas
FURNARI, Eva. Você troca?. São Paulo: Moderna, 1991.
FRIEDMANN, Adriana et al. O Direito de Brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Scritta/ABRINQ, 1992.
ROSEMBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e pro-
fissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
Pexels
Como introduzir bons hábitos alimentares às crianças, quando estas estão cercadas por
praças de alimentação, bombardeadas de propagandas, que exibem alimentos de fácil
manuseio e consumo?
Nesta aula, trazemos uma discussão e uma reflexão sobre a importância de identificar,
introduzir e manter alimentos saudáveis, como parte de uma dieta equilibrada.
Objetivo geral
• Despertar o conhecimento sobre a importância de uma alimentação saudável.
• Identificar os alimentos que nosso corpo precisa para manter-se com saúde.
• Incentivar os alunos ao plantio de sementes.
Material necessário
• Uma cesta com verduras, frutas e legumes frescos da época;
• Pirâmide alimentar. (Anexo A);
• Recipientes como copinho plástico de café ou iogurte, de preferência reu-
tilizados (sucatas);
• Travessa para alojar os recipientes;
• 1 rolo de algodão;
• Sementes de Feijão Fava, uma para cada estudante.
Roteiro
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Elaborar uma cesta de legumes, frutas e verduras vistosas, diversas e coloridas já impac-
tam o olhar de todos. Centralizá-la em um ambiente e constituir uma Roda de Conversa a
sua volta eleva-se, simbolicamente, à importância do assunto, tema dessa aula. O ques-
tionamento inicial da conversa com a pergunta “o que é alimentação saudável”, busca o
conhecimento prévio dos estudantes e orienta o curso da aula, no entanto, as respostas
podem estar atreladas, desde o início, ao uso de vegetais na alimentação, pois a cesta
pode influenciar nas possíveis respostas.
Com o ponto de vista positivo e proposital, sobre a influência visual dos vegetais nas res-
postas das crianças, o debate se aprofunda ao questionar como eles nascem, crescem e
são cuidados até a colheita.
Relacionar alimentação saudável à vida sensibiliza a escolha alimentar, por isso, justifica-se
conectar o alimento que comemos à sua origem, compreendendo os vegetais como seres
vivos que nos fornecem vitaminas, fibras, minerais e outros benefícios para nosso corpo.
Ao final, mexam na cesta, sintam o cheiro, o gosto, a textura e vejam as diferentes formas
e cores proporcionadas pela natureza e nomeiem, assim, cada vegetal.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Faça um chumaço de algodão úmido, com tamanho suficiente para cobrir o fundo do pote
que irá utilizar (copinho de café ou de iogurte). Coloque o Feijão fava entre o algodão e
mantenha-o em local iluminado, molhando aos poucos para permanecer úmido durante
todo o processo de crescimento. Dentro de 3 ou 4 dias, a semente irá enrugar e o primeiro
caule e folha aparecerão, esse será um momento de grande expectativa para as crianças.
Providenciar uma bandeja para colocar os potes, desta forma, fica mais fácil o transporte
e o manuseio para a observação e o cuidado da turma.
O Feijão Fava (Vicia faba ou Phaseolus lunatus L.) atua como “isca” biológica na horta,
atrai a Mosca Preta, lagartas e afídeos em geral, beneficia outras verduras, quando
Para incentivar o gosto pelo cuidado com seu próprio alimento e, consequentemente com
sua alimentação, a atividade clássica de observar a germinação das sementes que, poste-
riormente, serão alimentos nutritivos, auxilia a compreensão do cultivo e do cuidado com
as plantas alimentícias.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
Jill Wellington/Pexels
Estimulando uma alimentação saudável entre as crianças
Paula Louredo, graduada em Biologia
A escola é um meio que contribui para a formação da pessoa e, por isso, ela tem o
importante papel de conscientizar seus alunos para uma alimentação saudável.
Uma alimentação saudável é essencial em todas as fases de nossa vida, mas em cada uma
delas a alimentação tem uma importância diferente. Quando somos crianças, nossa ali-
mentação é voltada para o crescimento de nossos ossos, pele, músculos e órgãos. Nessa
fase brincamos, pulamos, aprendemos a ler e a escrever, entre várias outras coisas, por
isso uma alimentação balanceada é imprescindível, pois precisamos de energia neces-
sária para todas essas atividades. É também nessa época da vida que formamos nossos
hábitos alimentares, ou seja, que “aprendemos” a gostar ou não de certos alimentos.
A escola tem extrema importância na formação dos hábitos alimentares de seus alunos,
e a partir de aulas de culinária o professor pode apresentar vários alimentos às crianças.
Com receitas que envolvam alimentos saudáveis, professores e alunos podem provar vá-
rios pratos que eles mesmos prepararam. Dessa forma, além de despertar o espírito de
equipe nas crianças, ainda desperta sua curiosidade para provar alimentos novos.
Procurando despertar seus alunos para a alimentação saudável, a escola pode desenvol-
ver um projeto no qual os professores de todas as áreas podem trabalhar. Por exemplo:
na História, os professores podem pedir a seus alunos que pesquisem sobre os hábitos
alimentares ao longo dos séculos, e o que mudou; qual o país de origem de cada fruta e
hortaliça; qual a influência da cultura na produção e consumo de certos alimentos etc.
Na matemática, o professor pode trabalhar com seus alunos as porcentagens dos ali-
mentos mais consumidos na escola ou comunidade; como medir os ingredientes de uma
receita e depois prepará-la na escola; fazer uma pesquisa sobre os índices de subnutrição
e obesidade no Brasil, e confeccionar gráficos que representem esses índices etc.
Disponível em https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/estimulando-uma-
alimentacao-saudavel-entre-as-criancas.htm. Acesso em março de 2019.
Manual sobre a construção de hortas nas escolas que apresenta toda a parte
técnica, bem como as possibilidades didáticas de atividades e importância social
destes projetos. Elaborado em 2001, na Universidade de Brasília pela Faculdade
de Ciências da Saúde Departamento de Nutrição.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/horta.pdf. Acesso
em junho de 2016.
Referências Bibliográficas
ALBUQUERQUE, Debora. MENEZES, Cristiane. Educação alimentar na escola. Em busca de uma vida saudável. Artigo
publicado pela Faculdade de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco. Disponível em: https://www.ufpe.
br/ce/images/Graduacao_pedagogia/pdf/2010.1/educao%20alimentar%20na%20escola%20em%20busca%20
de%20uma%20vida%20saudvel.pdf
http://comofazerumahorta.com.br/
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolar-material-de-divulgacao/
informe-pnae
http://www.ecologiaurbana.com.br
http://pt.wikihow.com/Cultivar-Favas
rwdd_studios/Freepik
lillaby/Pixabay
A arte e a cultura populares são fundamentais para sustentação dos vínculos e valores
sociais. Dar as mãos, cantar em conjunto e acompanhar o grupo são momentos que
proporcionam a vivência social. A cantiga de roda, por exemplo, é uma atividade de
Objetivo geral
• Construir as bases de organização para aproveitar melhor o tempo e or-
ganizar as atividades cotidianas, considerando os relacionamentos e vín-
culos sociais.
Material necessário
• Kit multimídia com acesso a internet para assistir o vídeo da música Imi-
tando os bichos, com o grupo Palavra Cantada, disponível em https://www.
youtube.com/watch?v=slShEL-N1mA&index=8&list=RDrcBvsH7jqnc.
Acesso setembro de 2016.
• Cronômetro – para cada dupla de estudantes.
Roteiro
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de conversa;
• Brinquedo Cantado – jogo musical coletivo.
DESENVOLVIMENTO
Tendo em vista tais contribuições, o vídeo clipe “Imitando os bichos”, do grupo Palavra
Cantava é apresentado para os estudantes, para o exercício do raciocínio lógico analítico
a que se propõe a aula. A ordenação estabelecida pelo Brinquedo Cantado, trazido no
vídeo, orienta a turma para um contexto de cooperação, percepção espacial e temporal,
ritmo, otimismo, responsabilidade e gentileza.
A ordenação das ações é um dos focos a ser posteriormente retomado, de forma que os
estudantes compreendam que não chegariam a bons resultados, se fizessem as ações e
cantassem, em tempos e ritmos diferentes, uns dos outros, uma vez que a brincadeira
só será possível de ser alegre, se todos tiverem a responsabilidade e a generosidade, uns
com os outros.
A repetição e coordenação da ordem, da letra da música e dos gestos devem ser retomados
quantas vezes forem necessárias, até que todos consigam realizar o Brinquedo com exce-
lência. Aproveitando o título da aula, seria interessante reforçar a ideia de que não adianta
ter pressa para alcançar o ritmo mais rápido, sem antes fazer com excelência os mínimos
movimentos, para aproveitar cada momento de aprendizagem. A pressa é capaz de fazê-los
terminar rápido, mas não com a qualidade, ordenação e clareza necessária para ter sucesso.
AVALIAÇÃO
Os estudantes que apresentarem maior dificuldade devem receber atenção nesse sentido,
com estratégias e apoio. É possível compartilhar a importância e uso da agenda com as
atividades da classe, orientadas pelo professor de referência.
Texto 1
Habilidades de raciocínio
Quando se fala de raciocínio, fala-se de lógica. É através do processo lógico que alguns
argumentos são melhores do que outros e que existe o que se costuma chamar “validade”
ou “precisão lógica”. Em um argumento formulado consistentemente, no qual se parte
sempre de premissas verdadeiras, descobrimos que uma conclusão verdadeira é aquela
que se segue da relação entre essas premissas. Por exemplo, se sabemos que todas as
borboletas são insetos e que todos os insetos são animais, então podemos ter certeza de
que todas as borboletas são animais.
Raciocinar permite-nos descobrir coisas novas, a partir daquilo que já conhecemos. Além
de aprofundar no que já é conhecido, raciocinando se descobrem maneiras válidas de
ampliar o que já foi descoberto/ inventado anteriormente. O contato entre conhecimentos
novos e aqueles que já dominamos, movimenta o processo de construção e reconstrução
do conhecimento. A seguir, vamos conceituar as seguintes habilidades de raciocínio:
1. RACIOCINAR ANALOGICAMENTE
A palavra parte vem do latim pars e significa “a fração de um todo, que também pode ser
dividida”. A palavra todo vem do termo latino totus, que significa “todo” e faz referência ao
conjunto das partes. A busca de adequação entre as partes e o todo tem como resultado
a coerência, a qual é necessária não só no campo da ética e da política, mas também no
campo da estética e nas descobertas científicas e epistemológicas.
SÁTIRO, Angélica. Brincar de pensar cm crianças de 3 a 4 anos. São Paulo: editora Ática, 2012.p. 30-32
Referências Bibliográficas
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da música. São Paulo: Scipione, 1997.
MACDONALD, Lucy. Aprenda a usar o Tempo: saiba como equilibrar vida pessoal e profissional – e encontre o bem-
-estar. São Paulo: Publifolha, 2006.
PAIVA, Ione Maria de. Brinquedos cantados. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.
SÁTIRO, Angélica. Brincar de pensar cm crianças de 3 a 4 anos. São Paulo: editora Ática, 2012
luvmybry/Pixabay
A atividade dessa aula provoca a necessidade de cooperação entre duplas, com a finali-
dade de se atingir um objetivo.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de se reconhecer como parte de um time e sen-
tir-se aceito.
Material necessário
• 1 folha de jornal para cada dupla de estudantes.
• 1 caixa com 1 bombom para cada estudante (tesouro).
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Para formar a roda, os estudantes dão-se as mãos, com os braços esticados o máximo
possível, já que a finalidade é manter distância o suficiente para que não se torne fácil
demais alcançar o objeto deixado no meio do círculo. A cooperação entre eles será neces-
sária para se aproximarem do tesouro e alcançá-lo.
Após a caixa do “tesouro” ser fechada e colocada no centro, uma folha de jornal é disposta
na frente de cada dois estudantes. As duplas devem ficar em pé, em cima de cada folha,
tendo como propósito alcançar o prêmio (tesouro). Mas há duas condições: ninguém pode
encostar o pé ou qualquer outra parte do corpo no chão, nem rasgar o jornal. Sozinhas,
as duplas não conseguem sair do lugar onde estão. Dependem de outras duplas para se
ajudarem mutuamente. Assim, devem descobrir formas de fazê-lo. Por exemplo, uma
dupla pode passar a ocupar a folha de outra e aproximar a folha que ficou vaga do objeto.
Caso alguma dupla rasgue o jornal, recebe outra folha, posicionada no mesmo lugar em
que estava no início da atividade. Se alguém encostar no chão, a dupla também deve
voltar para a posição inicial.
Se houver tempo, a atividade pode ser repetida algumas vezes, repondo-se o mesmo
tesouro a cada vez, a fim de que os estudantes se aprimorem nas ações de ajuda mútua
e alcance do objetivo.
AVALIAÇÃO
Nesse sentido, é importante observar como cada estudante reage à proposta da ativi-
dade, se há cooperação entre os elementos de cada dupla e dessa com as demais duplas,
enquanto interagem na roda, em busca de uma solução para a situação apesentada.
Importante observar também como reagem ao constatarem que o “tesouro” será dividido
entre todos os estudantes da turma. Ficam surpresos? Concordam? Questionam? Com-
preendem que o objetivo é recompensar o esforço de todos?
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O carnaval acabou! Mas enquanto eu assistia aos desfiles das escolas de samba pela tele-
visão, um pensamento me acompanhava: “olha o que um trabalho em equipe é capaz de
fazer!” Imediatamente transportei esse pensamento para o contexto da Educação – coisa
de professor sempre associar qualquer tema a seu principal foco, o aluno! Mas, veja, se
pararmos para analisar o que há por trás de cada desfile, logo chegaremos à conclusão de
que há trabalho e espírito de equipe – equipe, e não somente grupo.
Um grupo não garante o exercício da cooperação por si só, mesmo que seus integrantes
estejam focados em um mesmo objetivo. Ou seja, não necessariamente haverá trocas
entre os pares, transparência e clareza nos papéis e cada membro executa – ou não –
sua tarefa sem que haja uma reflexão sobre o todo. Costumamos dizer que essas são
Já uma equipe age com transparência e define claramente os papéis, unindo o que é
necessário para a realização do trabalho com os aspectos nos quais cada integrante se
destaca como, por exemplo, em criatividade, organização e assertividade. Em outras pa-
lavras, uma equipe define coletivamente, pelo diálogo, qual a melhor contribuição que
cada um pode dar. Além disso, todos estão dispostos a se ajudar quando necessário,
superando a ideia de divisão de tarefas. Os membros substituem o “vou fazer o possível”
por “vou fazer o melhor”, sugerindo, assim, a inclusão do potencial pessoal que nem
sempre tem espaço para aflorar.
Voltando ao exemplo do carnaval, imaginem quantas pessoas deram seu melhor para
que os enredos ganhassem vida na avenida. Eles reconheceram, consideraram e harmo-
nizaram as diferenças, articulando os diversos fazeres e saberes. Dessa maneira, além da
concretização do trabalho, têm-se um resultado ainda mais significativo que é a conquista
do sentimento de pertencimento, quando nos orgulhamos de perceber que somos parte
fundamental do todo. Lembrando que o todo diz respeito ao resultado da escola e não
de alas isoladas. A harmonia e evolução da instituição devem ultrapassar as salas de aula,
chegando aos seus diversos espaços, relacionando-se com toda a comunidade por meio
de um contrato silencioso que prevê o respeito à diferença e à dignidade de cada um.
Não há dúvida de que desejamos para nossos alunos a competência para o trabalho em
equipe! Resta saber se as propostas apresentadas a eles permitem esse exercício. Há
espaço para que conheçam e reconheçam seus potenciais? E para que ajam e se sintam
pertencentes a uma equipe?
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Contar histórias de nossas vidas é uma das formas nas quais é possível criar um vínculo
de amizade e ainda trazer a percepção de pertencimento à sociedade ao nosso redor.
1
HOBSON & HOBSON, 2014, 188 APUD ZAHAVI, Dan. Você, eu e nós: o compartilhamento
de experiências emocionais. Tradução Gabriel Henrique Dietrich. publicado na Revista de
Hermenêutica e Fenomenologia V.3 nº2, 2014.
Estimular as crianças a contarem histórias que viveram, é importante para que perce-
bam que não estão sozinhas em momentos difíceis e em momentos felizes, por criar um
vínculo de amizade com outra criança e ainda mostrar como algumas situações vividas
por elas podem ser semelhantes à de outras crianças, fazendo com que construam sua
identidade e a sensação de pertencimento a um grupo. Dentro destes aspectos, ainda se
ressalta que quando se conta histórias, também se demonstra maneiras de lidar com de-
terminadas situações e isso pode ser um exemplo para o outro. Ao levar para um aspecto
social, ao apresentar uma história, por exemplo, de ajuda ao outro, estimula que outras
pessoas também façam isso, promovendo uma transformação no meio social.
É pela reflexão sobre estes pontos, que a atividade desta aula propõe que os estudantes
contem uma história vivida por eles aos seus colegas, assim a construção de vínculos se
aprimora, a amizade floresce e a percepção de pertencimento a um grupo e à sociedade
se constitui.
Objetivo geral
• Expor histórias de suas vidas.
• Aprimorar a confiança e a amizade.
• Perceber a sua importância como sujeito da sociedade.
Material necessário
• Fragmento do poema Antiguidade de Cora Coralina (ANEXO A), na in-
tegra, disponível em http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/cora-
coralina-poemas/
• Uma folha de papel canson por estudantes
• Um kit com lápis de cor e giz de cera por grupo de estudantes.
• Fita crepe ou outra fita adesiva para fixar as folhas de canson e montar
um painel.
A aula se divide em duas atividades, sendo a primeira parte uma sensibilização para a
segunda atividade, que constitui em seu conjunto, ouvir uma história, contar sua própria
história e registrá-la.
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
• Roda de leitura;
• Leitura do poema Antiguidades, de Cora Coralina que apre-
senta uma de tantas histórias de sua vida.
Esta atividade é um caminho para estimular a expressão das crianças para o ato de con-
tar uma história vivida, pois é por meio da leitura do poema que surgirá o diálogo inicial
para a concretização da atividade seguinte, portanto, a roda é a configuração ideal para a
realização da leitura. Lembrar que ao ler um texto é importante realizar a entonação das
palavras com sentimentos, para tanto, o estudo do texto é necessário.
O trecho do poema Antiguidade (Anexo A) oferece um ponto de partida para mostrar que
existem histórias em nossas vidas que podemos contar para os amigos.
Abordar que a autora fala das relações pessoais do ponto de vista de sua infância mos-
trando a condição de ser criança em outros tempos, seus gostos, a descrição de sua casa.
Orientar o foco da atenção também para as angústias e críticas que ela realizou para
levantar a questão que, às vezes, é difícil falar sobre alguns assuntos.
Entretanto, deve-se embasar que, é com a expressão da comunicação que podem surgir
possibilidades de uma compreensão maior sobre os sentimentos e criar vínculos afetivos de
amizades com outras pessoas ao mesmo tempo em que aumenta a confiança nas relações.
É importante mostrar que as histórias falam muito sobre o jeito de viver de cada um e que
ainda servem de exemplos para a reflexão de outras pessoas, neste caso, Cora Coralina
utilizou a poesia para contar sobre a sua vida, mas que há diversas maneiras de contar
algum fato e que não é preciso revelar segredos para falar sobre algum assunto.
Falar sobre si mesmo, pode não ser tão fácil, para tanto, exemplificar com um fato de sua
própria vida ajudará no processo dos estudantes a contar uma história pessoal. Por exem-
plo, “um dia andando na rua encontrei uma senhora que deixou sua carteira cair enquanto
caminhava com muita pressa, peguei a carteira e corri até a senhora para devolver.”
Nesta atividade, a ideia é que os estudantes escutem a história e sintam vontade de con-
versar com os colegas da turma após a roda de leitura e, para isso, podem sugerir a cria-
ção de personagens e ou mesmo buscarem elementos da própria poesia para contar algo,
por exemplo “Quem faz bolo em sua casa? Qual é seu bolo preferido?”
COMENTÁRIO
OBJETIVOS
DESENVOLVIMENTO
Agora é dividir a turma em pequenos grupos de quatro estudantes, para que eles contem
aos seus colegas alguma história, pois a utilização dos elementos citados na atividade an-
terior ajudará as crianças a elaborarem a narrativa de um fato. É possível que as histórias
se misturem, já que ao ouvir a história do colega ascende uma faísca na memória do outro.
Explicar a atividade lembrando que é bom termos amigos para dividir nossas histórias e
como isso pode ser importante para nossa vida social.
Para cada estudante, numa folha de canson ficará registrado, em forma de desenho, a sua
história contada, ou seja, podem pensar em algo da vida deles que gostariam de contar e
fazer no papel um desenho que conte esta história.
Como a atividade é em grupo, ao desenhar, os estudantes acabam por contar sua história e
seu desenho ao outro colega. Essa ação fortalece os laços afetivos de amizade e confiança
entre eles e assim compartilham da sensação de contar, ao outro, algo sobre si mesmo.
Este ponto é muito importante: estimular que conversem entre si sobre suas vidas. Desta
forma, ao falar sobre o desenho também estão contando uma história de suas vidas e
dividindo com todos os colegas. Essa ação desperta a percepção sobre a vida do outro
e a empatia com as situações vividas por cada um, construindo sua própria identidade e
o sentimento de pertencimento ao grupo e à sociedade.
AVALIAÇÃO
Durante a realização da atividade, na segunda parte da aula – Uma história de minha vida,
– circule pelos grupos de estudantes, perguntando sobre o que estão desenhando, desta
forma, torna-se possível uma avaliação contínua da atividade, da produção e do desenvol-
vimento dos estudantes em relação ao tema proposto. Ao terminar a atividade, solicite
que cada estudante apresente seu desenho no momento de fixar as folhas, montando um
grande painel sobre as histórias da turma.
Uma pessoa, por exemplo, tem várias histórias para contar, seja ela relacionada à escola, à fa-
mília, ao amor, ao trabalho, à comunidade, à igreja… Mas porque é importante contar histórias?
Segundo a historiadora Karen Worcman (2001:15), a história não deve ser pensada ape-
nas como resgate do passado, mas sim, utilizada como marco referencial a partir do qual
as pessoas redescobrem valores e experiências, reforçam vínculos presentes, criam em-
patia com a trajetória e podem refletir sobre as expectativas dos planos futuros. Partindo
deste princípio, a história não é algo acabado, concluído ou lacrado, mas um grande ali-
cerce para compreender, aceitar e respeitar as diferenças.
Por isso, um dia é preciso contar a história. Antes, é preciso mais do que conhecê-la,
entendê-la de maneira a extrair conhecimento, sabedoria e visão estratégica. Existe inte-
ligência e técnica para isso. Mas, antes, é preciso disposição e determinação para restabe-
lecer a substância dos pilares históricos. Assim, uma história nunca é só de uma pessoa,
mas sim de vários atores e autores que, direta ou indiretamente, fazem parte.
Simultaneamente, “sua história é sua cara. Ela conta de onde você veio, para onde vai,
como e com quem vai fazer esse percurso. A sua história é a sua identidade”. “Ter identi-
dade é você saber quem é você. É você compreender-se e aceitar-se como é para, então,
procurar ir transformando-se naquilo que quer ser”.
Quando o ser humano sente necessidade de diálogo, torna-se motivante contar sua his-
tória e ao mesmo tempo partilhar com outras pessoas suas alegrias, tristezas, sucessos,
fracassos, etc.
É necessário que a história seja registrada e que seja um instrumento inovador de trans-
formação social. “É importante diferenciar o que entendemos por memória e o que en-
tendemos por história. Memória é o que registramos em nosso corpo. Nós somos nossa
memória”. Segundo Oliver Sacks (1984), se um homem perde uma perna ou um olho, ele
sabe que perdeu a perna ou o olho, mas se ele perder sua memória, ele não estará mais lá
para saber que perdeu a si próprio.
História é a narrativa que montamos a partir de nossa memória. É a nossa construção do que
registramos. Memória tampouco é um depósito de tudo o que nos aconteceu. A memória é,
por excelência, seletiva. Guardamos aquilo que por um motivo ou outro tem ou teve algum
significado em nossas vidas. História é como organizamos e traduzimos para o outro o que
filtramos em nossa memória. Percebe-se que a história e a memória caminham juntas.
No 1o Fórum Brasil Memória em Rede, houve uma troca muito grande de conhecimentos e
experiências acerca da memória e da história. Observou-se que esses temas são de inte-
resses de várias pessoas e instituições, independentemente de serem públicas ou privadas.
O que importa, na verdade, é a disseminação e a utilidade que têm as histórias.
SOARES, Valdiane. A importância de contar histórias. Publicado em rede mãos dadas. Disponível
em http://www.redemaosdadas.org/a-importancia-de-contar-historias/ Acesso em: julho de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Ser Amigo
Autora e ilustradora: Arianna Papini
Tradução: Ana M. Noronha
Editora: Kalandranka
Ano: 2013
Número de páginas: 36
O livro apresenta, por meio de premissas, as boas relações de uma amizade. Com
uma bela ilustração, põe animais conhecidos por não ter boa convivência lado a
lado, o que estimula a reflexão sobre a confiança e o apoio mútuo, além de pro-
porcionar o ato de partilhar de bons e maus momentos. A autora compõe o livro
com tipografia maiúscula para desenvolver a leitura das crianças. Ela foi finalista
do Prêmio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados.
Referências Bibliográficas
ZAHAVI, Dan. Você, eu e nós: o compartilhamento de experiências emocionais. Tradução Gabriel Henrique Dietrich.
Publicado na Revista de Hermenêutica e Fenomenologia V.3 nº2, 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.12957/
ek.2014.15182 Acesso em junho de 2016.
SOARES, Valdiane. A importância de contar histórias. Publicado em rede mãos dadas. Disponível em http://www.
redemaosdadas.org/a-importancia-de-contar-historias/. Acesso em julho de 2016.
Antiguidades
Quando eu era menina
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.
Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)
Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.
A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.
Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.
Minha irmã mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada…
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais!
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.
Era aquilo, uma coisa de respeito.
Andrea Tummons/Unsplash
A generosidade é tratada pela Psicologia da Educação como um nobre sentimento que age,
tanto no mais íntimo do eu, como no desenvolvimento da moral. Esse ponto é também
amplamente discutido pela Filosofia, por justamente apresentar uma relação com a moral,
profundamente estudada por esta área do saber. O dicionário Houaiss descreve generosi-
dade como ‘’virtude daquele que se dispõe a sacrificar próprios interesses em benefício de
outrem’’. Nesta definição é possível perceber a ligação do sentimento com a moral.
Objetivo geral
• Estimular a percepção do sentimento e da ação generosa;
• Estreitar as relações interpessoais;
• Construir o sentimento de união no grupo.
Material necessário
• Rolos de fita adesiva para marcar o chão (2 rolos para a turma);
• Tiras de tecido preto ou azul, sendo uma para cada dupla de estudantes;
• Bolas de vinil de 20 cm de altura (imagem ilustrativa no anexo A) na quanti-
dade de duas vezes o número de estudantes da turma.
Roteiro
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Faz-se necessário que esta atividade seja realizada na quadra ou em área externa e acom-
panhada pelo professor de Educação Física. A brincadeira consiste em criar no chão cami-
nhos, como labirintos (no anexo B há uma imagem de sugestão e ilustração), marcados
com a fita adesiva, que deve ligar um lado da quadra ou do pátio ao outro. Neste labirinto,
os estudantes devem atravessar todo o percurso, carregando as bolas de um lado ao
outro e estas devem se ajudar porque metade das crianças estarão vendadas.
Prepare a área fazendo os caminhos com fita adesiva e coloque as bolas de vinil de um
lado. Posicione os alunos ao lado das bolas e apresente a atividade criando uma situação.
Por exemplo, diga aos alunos que estão perdidos em uma grande floresta e que precisam
chegar a um abrigo, porque está anoitecendo. Esse abrigo fica do outro lado do labirinto
e que as bolas são os mantimentos (comida, água e roupas) que possuem e, por isso,
devem levar todas elas para o abrigo. E existe ainda uma dificuldade, ou seja, metade
das crianças não podem tirar a venda dos olhos e as duas regras são: eles não podem ir
e voltar, devem ir todos juntos, levando as bolas e orientando os colegas vendados pelo
caminho.
As regras de não poder ir e voltar no caminho para pegar as bolas e orientar os colegas
que estão vendados, estimula a ação generosa com o outro e a percepção de pertenci-
mento ao grupo e ainda, como a ação individual reflete no bem-estar coletivo.
A atividade termina quando todos tiverem chegado ao abrigo com as bolas (mantimentos).
Porém, um dos grandes dilemas ainda não resolvidos foi a pouca ou, quase nenhuma, mu-
dança nos métodos de ensino. Crianças cada vez mais inquietas e sedentas não somente
por conhecimento, mas também e, principalmente, por um contato humano verdadeiro
e significativo.
Baseados nas descobertas de Peter Salovey e John Mayer sobre Inteligência Emocional,
os autores propõem uma nova maneira de repensarmos a pedagogia, baseada principal-
mente no conceito de que não existe uma aprendizagem permanente sem que esta seja
vivida de forma emocional.
Por meio de bases científicas, históricas e psicológicas eles procuram incorporar a Inteli-
gência Emocional às estratégias de ensino, abrangendo assim a dimensão do paradigma
cognitivo tradicional.
Após uma pequena introdução, o livro divide-se em duas grandes partes, sendo estas sub-
divididas em capítulos. Na primeira parte, os autores procuram introduzir os fundamentos
biológicos da Inteligência Emocional e dos mecanismos de aprendizagem que a envolvem.
Finalizando esta primeira parte, os autores fazem uma leitura histórica das descober-
tas sobre a Inteligência Humana e aprofundam de forma significativa no entendimento
sobre a Inteligência Emocional, esclarecendo aspectos cerebrais de funcionamento das
Num mundo com tantos avanços tecnológicos, os autores trazem uma solução para as
dificuldades ainda hoje encontradas na aprendizagem, partindo do princípio de que além
de tudo, os alunos são seres humanos e, como tais, são movidos pela qualidade de suas
vivências relacionais. O relacionamento amplia o sentido que cada pessoa dá ao processo
de aprender e, sem dúvida, pode ser o grande vilão ou, o verdadeiro meio pelo qual apren-
der pode se tornar um prazer.
JOAQUIM, Paula Leite. Pedagogia Emocional: Sentir para aprender. Revista Eletrônica Psicologia
Argumento, PUCPR, Curitiba, v. 27, n. 59, p. 367-000, out./dez. 2009. Disponível em <www2.pucpr.
br/reol/index.php/PA/pdf/?dd1=3376> Acesso em julho de 2016.
Referências Bibliográficas
CALLADO, Carlos. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação Física e dos
jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
DISKIN, Lia. ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001308/130851por.pdf Acesso em julho de 2016.
LA TAILLE, Yves de. A importância da generosidade no início da gênese da moralidade na criança. Psicol. Reflex. Crit.,
Porto Alegre , v. 19, n. 1, p. 9-17, 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-79722006000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em julho de 2016.
PINHEIRO, Viviane P.G. A Generosidade e os sentimentos morais: um estudo exploratório na perspectiva dos mode-
los organizadores dos pensamentos. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Psicologia da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2009. Disponível em: <file:///home/chronos/u89adc3f1648d9033f150dd944cd6c1edc5ffc937/
Downloads/VivianePotenzaGuimaraesPinheiro.pdf> Acesso em julho de 2016.
anarosadebastiani/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay
O título da aula “Nós e eles não existe, há apenas nós” evoca o conceito de alteridade.
Alter significa outro (aquele que não sou “eu”), diferente de Alius, que significa estranho.
O desafio trazido pelo conceito de alteridade é ser capaz de olhar o outro como outro e
não como estranho. Assim como nós temos sentimentos, emoções e guardamos uma
memória e uma história que nos ligam num sentido de humanidade, o outro também os
têm e, ao nos aproximar, somos capazes de perceber isso, apesar das diferenças. O que
quer dizer que temos condições de acolher o outro como um “nós”, como parte de uma
coletividade, um ponto que se estende a partir de mim mesmo. Outro que sente, que de-
seja e que tem necessidades específicas e singulares.
Objetivo geral
• Exercitar a capacidade de reconhecer a presença e a importância de cada
ser humano no mundo, a partir da observação das necessidades.
Material necessário
• Coleção de fotografias “Onde as crianças dormem” (anexo A) – a serem
disponibilizadas para os estudantes compartilhar e observar;
• Papel cartão ou cartolina para registro de necessidades e cartaz – mínimo
duas folhas;
• Canetas hidrográficas;
• Um globo terrestre ou mapa-mundi.
Roteiro
OBJETIVOS
DESENVOLVIMENTO
Em seguida, deve apontar que, assim como eles são especiais e únicos, por todas as par-
tes do globo terrestre encontramos pessoas que também tem algo de especial e único.
E que o que temos em comum com essas pessoas são as nossas necessidades básicas.
Será que conseguimos apontar quais são as nossas necessidades básicas? O professor
deve orientar essa questão destacando com os estudantes as coisas e condições das
quais precisam para sobreviver. É interessante também destacar a diferença entre ter de-
sejos ou vontade e necessidades. Por exemplo, ter o desejo ou vontade de comer um ham-
búrguer corresponde a necessidade de alimento. No entanto, o hambúrguer parte de uma
vontade e não da necessidade. Quando se tem fome, qualquer alimento pode saciá-la.
Todos nós, em qualquer parte do mundo e em culturas distintas, necessitamos de ali-
mento todos os dias. Sem suprir essa necessidade não conseguimos sobreviver. Agora a
escolha sobre o que se alimentar passa pelo crivo da vontade e do desejo, que vai variar
conforme a cultura que vivemos. De qualquer forma, o desejo e a vontade não determina
nossa sobrevivência; a necessidade, sim. E essa é uma importante base de entendimento
sobre necessidade.
Com uma cartolina disponibilizada ao centro da roda, os estudantes devem ser estimula-
dos a escreverem algumas necessidades básicas fundamentais. Por exemplo, alimento,
roupa, abrigo, afeto, moradia... E também podem ligar a essas necessidades outras como
remédio, dinheiro. Mas sempre discernindo entre o que é necessidade e o que é desejo e
vontade. Assim, é interessante que antes de preencherem a folha, seja discutido em grupo
se tal palavra é realmente uma necessidade, ou se é um dado do desejo e da vontade.
Em seguida, os estudantes vão ver as fotos do livro Where children Sleep (Onde dormem
as crianças, tradução livre), de James Mollison, que retratam o quarto de crianças de
diferentes lugares do mundo, de culturas diversas. E enquanto observam as imagens,
que deve circular na roda junto a pergunta “Sobre quais necessidades essas fotos se
referem?”, “Vocês acham que essas crianças tem as mesmas necessidades que nós?
A orientação para um debate deve acontecer, para tanto é importante que os estudantes
sejam acolhidos em suas impressões e ao mesmo tempo se organize para falar. Ao tempo
A atenção para as fotos pode ser retomada, enquanto os estudantes são convidados a
dialogar sobre algumas questões:
Um estudante do grupo pode ser convidado a ser um escriba e tomar nota em uma lista:
“As várias maneiras como as pessoas se parecem”.
Um ponto importante para a conversa com os estudantes é lembra-los que a maior parte
dos conflitos que experimentamos no mundo baseiam se nas diferenças visíveis (etnia,
sexo, cultura, religião, deficiências, visões de mundo) e essas diferenças são vistas como
ameaças. Olhamos o outro como um inimigo. Uma retomada ao globo e o professor pode
apontar que somos interligados no mundo e que fazemos parte de uma mesma família,
a família humana. Quando reconhecemos as necessidades de todos somos capazes de
respeitar o outro como um de nós, mesmo que haja diferenças. A aula pode terminar reto-
mando as semelhanças anotadas no cartaz e escolhido um lugar visível para ficar exposta,
os estudantes podem fazer um voto de confiança de que todos somos capazes de aceitar
a diferença, mesmo que isso pareça muito difícil.
AVALIAÇÃO
Texto 1
Ensinar a criança a julgar, a ponderar
O mesmo dicionário que apresenta o verbo julgar como sendo o ato de “decidir” apre-
senta-o como sendo o ato de “avaliar”. Mas existe imensa diferença entre “decidir” e
“avaliar”. Quem decide, define, estabelece, resolve; quem avalia, na verdade, pondera,
examina, reflete. Ensinar uma criança a julgar é afastá-la do preconceito, da decisão pre-
cipitada, é leva-la à ternura da reflexão pela escolha, da ponderação à luz da reflexão.
Nenhuma criança julga porque traz em seu genoma essa propriedade. As crianças não
julgam da mesma forma como os cães ladram. A capacidade de discernimento não repre-
senta, pois, um instinto; ela é, essencialmente, uma aprendizagem. Mas se essa aprendi-
zagem é conquistada de quem nunca refletiu sobre o sentido ambíguo do julgar, a criança
crescerá julgando sem reflexão, deixando-se influenciar por estereótipos.
O primeiro passo deve ser realizado longe da criança. É produto de uma sincera conversa
que temos com nós mesmos, perguntando-nos se efetivamente nossas opiniões e nossos
juízos de valor estão fundamentados em verdadeira “avaliação” ou se são produtos cul-
turais conquistados, prontos e embalados, e, por comodismo, usados como referência.
Somos pessoas que generalizam com facilidade e que de um fato particular chegam a
uma ideia geral ou realmente não assumimos uma ideia sem antes ponderá-la, observá-la
por outros ângulos, conhece-la de outras maneiras? Se esse exame de consciência reali-
zado em particular apontar para o fato de que efetivamente não temos o hábito de julgar
com ponderação, de olhar os dois lados de uma mesma questão antes de optarmos por
uma escolha, temos de assumir que seremos péssimos professores no ensino do bom
julgar. Ou mudamos o enfoque desse olhar ou escolhemos outras pessoas para ajudar as
crianças a desenvolver sua capacidade de discernimento.
Após esse primeiro passo, a melhor forma de ensinar uma criança a julgar é mostrar-lhe,
em todas as oportunidades possíveis – notícias de jornal, comentários sobre ações de
[...]
Uma das mais eficientes definições de “pessoas criativas” as aponta como sendo aque-
las que, em todas as oportunidades, buscam olhar uma mesma questão por diferentes
ângulos. Pessoas com essa característica costumam ter uma desenvolvida capacidade
de julgamento imparcial, tanto de atos que envolvem outras pessoas, como também de
valores estéticos, máquinas, planos urbanísticos e tudo o mais. Elas parecem envolvidas
pela permanente inquietude de pensar que tudo o que existe pode ser visto por um outro
lugar e, dependendo do julgamento que essa nova maneira de ver propicie, aceitar as
coisas como estão ou mudá-las.
Ainda que muitas pessoas pareçam trazer consigo essa habilidade – que, segundo se
sabe, está ligada a um uso mais persistente da integração entre os hemisférios cerebrais
esquerdo, mais racional, e direito, mais estético –, isso não significa que não seja possível
aprimorá-la valendo-se de uma paciente educação. Essa educação, portanto, insiste em
se colocar contrária à generalização e ao reducionismo, atitudes mentais que assumimos
de forma quase inconsciente por essa teimosa tendência de nossos neurônios em “ligar
o piloto automático”.
Reducionismo e generalização são “doenças” culturais, mas não são males incuráveis.
Como refletem os efeitos de uma educação imperfeita, podem, com uma nova educação,
vir a ser corrigidos. Essa correção é essencial para todos os que acreditam que ensinar
uma criança a julgar é mais do que ensinar-lhe um verbo, que é, na verdade, ajudá-la a
aprender a viver bem.
Da mesma forma como é muito difícil levar a criança a comer verduras se nós também não
as comemos, é igualmente complicado ensiná-la a julgar, se apenas pensamos que julgamos.
ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto: como ensinar virtudes e transmitir valores. Campinas,
SP: Papirus, 2005. p. 57-60 – versão digital.
Será que é possível aprender a paz? Essa questão permeia o livro de Naomi Drew,
que desenvolve pesquisas e programas para cooperação e relacionamento hu-
mano, na perspectiva da paz. Esta aula foi livremente inspirada por atividades pro-
postas nesse livro e é indicado para os professores e profissionais da educação.
Uma leitura instigante e propositiva.
Referências bibliográficas
ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto: como ensinar virtudes e transmitir valores. Campinas, SP: Papirus, 2005.
[versão digital]
Todas as imagens fazem parte do livro Where Children Sleep, de James Mollison, Editora Chris
Boot, 2010. Disponível em http://jamesmollison.com/books/where-children-sleep/. Acesso em
agosto de 2016.
Detonator/Pixabay
Que somos todos diferentes é uma evidência fácil de se observar. Temos cores de ca-
belos, de olhos, alturas, pesos, jeitos de andar, jeitos de agir, preferências diversas, cuja
combinação entre esses elementos nos torna seres únicos, individuais.
O quebra-cabeça acima representa essa ideia: as peças são diferentes entre si, mas umas
dependem das outras, da complementaridade que cada uma oferece às demais a fim de
que o todo seja construído.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de lidar com diferentes formas de pensar, de ver,
de sentir e de agir.
Material necessário
• Cópia do Jogo das Preferências, Anexo A, para cada grupo de 5 estudantes.
• Cópia do Anexo B, Papéis para respostas, para cada grupo de 5 estudantes.
• Lápis grafite e borracha, para cada estudante.
Observação: os cartões coloridos do Anexo A podem ser substituídos por fichas coloridas,
caso haja no material da sala.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
A aula tem início com a reflexão e a troca de ideias sobre o que temos de igual e o que
temos de diferente entre nós, em uma Roda de Conversa. Questões tais como: “Como
sabemos que somos gente?” (com a finalidade de suscitar a constatação de que temos
coisas em comum) e “Como sabemos que _______(nome de alguém da turma) é _______
e não é _______ (nome de outro estudante da turma)?”
Após alguns minutos de conversa, os estudantes são orientados a respeito do jogo que
executarão em grupos de cinco elementos. O Jogo das Preferências (Anexo A) consta de
situações que os levam a pensar sobre como reagiriam ou o que sentiriam frente a elas.
Essas situações vêm escritas em cartões, que devem ficar no centro dos grupos, com o
texto virado para baixo, de forma que ninguém possa ler ou ver as imagens.
Ao lado dos cartões com as situações propostas, são montadas pilhas de outros cartões
com cores (uma pilha de cartões vermelhos, outra de verdes, outra de azuis, uma de ama-
relos, uma de roxos e outra de cor de laranja).
Cada rodada se inicia com um estudante virando um cartão de situações e lendo-o para
todos. Em sentido horário, a partir do estudante que revelou a pergunta do cartão, cada
um desenha sua resposta em um retângulo de papel (Papéis para respostas – Anexo B),
sem que os outros possam ver seu desenho. Assim que todos tiverem terminado de res-
ponder, mostram e dizem suas respostas. Os que derem respostas comuns, recebem car-
tões da cor roxa, retirados da pilha que está no centro do grupo. Mesmo que em uma si-
tuação dois estudantes dão uma mesma resposta e outros dois também dão uma mesma
resposta, mas diferente dos primeiros, os quatro recebem cartões roxos. Os que derem
respostas diferentes recebem cartões de diferentes cores.
O jogo prossegue da mesma forma, até que as cinco situações sejam respondidas. Ao
final, os estudantes colocam os cartões coloridos que receberam a cada resposta, no
centro do grupo, e observam se, entre todos, há muitos cartões roxos (muitas respostas
comuns), se todas as cores aparecem (diversidade entre as respostas) e conversam sobre
as diferenças e as semelhanças entre suas respostas.
Para finalizar e sintetizar a discussão acerca do tema que é a finalidade da aula, nova-
mente em Roda de Conversa os estudantes comentam o que observaram no final do
jogo, as impressões que tiveram sobre o que têm em comum e em quê são diferentes.
Em seguida, o professor propõe a reflexão a respeito da importância das diferenças e
das semelhanças e de como elas se complementam na vida, oferecendo exemplos como:
Uns gostam mais das aulas de Educação Física, outros de Matemática ou de Ciências, ou
de outras áreas. As preferências geralmente levam as pessoas a se dedicarem mais ao
que gostam e a conhecer mais sobre elas. Mas precisamos aprender um pouco de todas.
Assim, uns podem ajudar os outros e todos ficam sabendo um pouco mais sobre tudo.
Nosso objetivo é de que, por meio de uma atividade lúdica e simbólica, os estudantes
compreendam que há diferenças entre as pessoas, assim como há semelhanças que as
tornam parte de uma espécie, de um grupo, de uma turma escolar, por exemplo, e que
percebam que tanto o que há em comum como a diversidade são importantes para a vida
na escola e fora dela.
Para avaliar o desempenho dos estudantes, observe, especialmente, como reagem frente
às diferenças constatadas nas respostas dos elementos do grupo. Aceitam? Rejeitam?
Criticam? Essas reações dirão muito sobre o encaminhamento em direção a um objetivo
maior, de respeito às individualidades e de busca da complementaridade, atitudes que são
construídas para a vida. Não, apenas, para a situação escolar.
[...] Durante muito tempo, a garotada era obrigada a se sentar em filas, com uma carteira
atrás da outra. Felizmente, estudos e pesquisas didáticas mostram que determinadas
atividades, quando realizadas em grupos, trazem mais benefícios para o aprendizado de
todos. Mas essa forma de ambientação da classe precisa ser pensada com antecedência
para que os objetivos sejam efetivamente atingidos. Divididos de forma adequada e sob
a supervisão do professor, os alunos aprendem na troca de pontos de vista, ganham
espaço para criar e passam a testar hipóteses, refazer raciocínios e estabelecer correla-
ções, para construir conhecimentos. “A discussão e a argumentação crítica também são
elementos constitutivos da aprendizagem”, diz Silvia Gasparian Colello, pesquisadora de
Filosofia e Ciências da Educação da Universidade de São Paulo.
Foi o pensador russo Lev Vygotsky (1896–1934) quem percebeu que as interações so-
ciais são impulsionadoras do conhecimento, pois a aprendizagem só se consuma quando
intermediada pelo outro. No entanto, esse embate com opiniões diferentes gera confli-
tos. Mas essas faíscas, longe de serem enquadradas como indisciplina, podem ajudar a
melhorar a qualidade do aprendizado. Essa é uma das formas de ensinar estratégias de
resolução de problemas, baseada no respeito e na cooperação. O professor pode prever
em seu planejamento explicações sobre o jeito de cada um administrar seu tempo, falar
Ao assumir uma postura mais ativa, o aluno não só aprende como também desenvolve
valores sociais importantes: o respeito, a compreensão e a solidariedade, o saber ouvir e
falar. Conviver, relacionar-se com o próximo e trabalhar em equipe são habilidades funda-
mentais para o mundo de hoje, dentro e fora da escola. E as atividades em grupo permi-
tem ao estudante acolher o ponto de vista alheio. “Colocando-se no lugar do outro, o ser
humano descobre que existem novos jeitos de lidar com o mundo”, diz Silvia. “E é dessa
maneira que avançamos no conhecimento.”
Planejar atividades em grupo exige que o professor conheça bem a turma. As crianças, na-
turalmente, descobrem afinidades – mas nem sempre isso tem a ver com os objetivos da
aula. “Daí a importância desse trabalho de identificar o momento em que cada estudante
se encontra”, afirma Adriana Laplane, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
e autora do livro Interação e Silêncio na Sala de Aula.
Alternando os parceiros, todo aluno acaba por experimentar papéis diferentes, sobretudo
no que diz respeito à habilidade de defender suas ideias e aceitar as dos outros. “Uma
criança menos participativa pode se tornar muito atuante quando uma área que domina
entra em jogo. Assim, o professor consegue quebrar o esquema de forte/fraco da sala e
faz com que todos tenham mais voz”, explica Adriana. Vale lembrar que é melhor agrupar
crianças com perspectivas diferentes sobre o mesmo assunto. “O ideal é mesclar carac-
terísticas complementares para que todos se ajudem e aprendam mais.”
Mas é importante levar todos esses critérios em conta. “As escolhas livres, baseadas em
afinidades afetivas, não podem ser a regra”, afirma Maria das Graças Bregunci, pesqui-
sadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). “Se desejamos formações para o trabalho pedagógico efetivo, as esco-
lhas precisam ser intencionais e reguladas pela natureza da tarefa ou as competências
diferenciadas dos estudantes”, diz. Com isso em mente, não sobra ninguém sem parceiro.
Temas de História ou Geografia são bons exemplos para ilustrar essa diversidade. Ao tra-
tar da escravidão durante o período colonial, é fácil encontrar textos, imagens e músicas
com visões divergentes sobre o tema. Com a turma separada em trios ou quartetos, cada
grupo pode discutir um aspecto do assunto, com base em uma parte do material dispo-
nível. Em seguida, a classe se reúne para discutir essas interpretações divergentes – e,
com isso, a cabeça de todos se abre. Ao perceber a multiplicidade de abordagens, o jovem
consegue observar melhor as diferentes concepções e os interesses por trás dos relatos.
“Melhor que evitar as discussões é aproveitar essas oportunidades para assimilar as di-
ferenças e compreender e respeitar os colegas”, diz Ana Maria de Aragão Sadalla, da
Faculdade de Educação da Unicamp. Esses aspectos sociais são tão importantes quanto o
conteúdo. Afinal, é preciso compreender que o simples fato de surgirem diferentes pontos
de vista sobre um assunto não significa, necessariamente, que os alunos desenvolvam
uma mudança conceitual e avancem na aprendizagem. Como escreveu a especialista ar-
gentina Mirta Castedo, “os conflitos que nascem nesse contexto nem sempre resultam
em benefícios cognitivos”. No entanto, não há dúvida de que esse tipo de interação entre
os jovens gera, sim, condições para que (devidamente orientados e supervisionados)
todos aprendam mais.
Divididos de forma adequada e sob supervisão, os jovens são confrontados com diferen-
tes pontos de vista, criam e testam hipóteses, refazem raciocínios e estabelecem corre-
lações. E assim aprendem mais. Nesse percurso, o fundamental é descobrir o que cada
um já sabe para alcançar os objetivos.
Recorte as fichas
Minha O que mais As aulas de O rítimo de Quando alguma
brincadeira gosto de que mais gosto música de que coisa dá errado
preferida é comer é na escola é mais gosto é eu
Recorte as fichas
USAGI_POST/Pixabay
Professor,
Esta semana vamos apresentar três aulas “meio diferentes” destinadas à preparação dos
estudantes para o Fórum de Protagonismo, que se realiza durante o ICE Café. Para a reali-
zação do Fórum é necessária a preparação dos estudantes e este é o objetivo desta semana
especial. Assim, faremos uma pequena pausa na condução das aulas, conforme orientadas
até agora, e as retomaremos após a conclusão da programação do Fórum de Protagonismo.
QUEM PARTICIPA?
São convidados para o Fórum dos Anos iniciais os Líderes de turma dos 3o, 4o e 5o anos
das escolas integrantes do Programa. Estudantes inspiradores que atuam em práticas
que demonstram a sua capacidade de iniciativa, responsabilidade, empatia com os cole-
gas e demais membros da comunidade escolar, senso de coletividade e profundo engaja-
mento nas práticas e vivências em Protagonismo nas suas escolas.
Também participam os Jovens Protagonistas do ICE (JP) que atuam como mediadores
do Fórum para assegurar o espaço para o amplo debate, conhecimento e valorização das
práticas e vivências desenvolvidas nas escolas, bem como da produção coletiva.
RESULTADOS ESPERADOS
O Fórum de Protagonismo é uma das estratégias concebidas pelo ICE para dar visibilidade
à presença e atuação dos estudantes no desenvolvimento do Projeto Escolar e nos seus
processos de melhoria contínua. Os Jovens Protagonistas mediam o Fórum para assegu-
rar o espaço para o amplo debate, conhecimento e valorização das práticas e vivências
desenvolvidas nas escolas, bem como da produção coletiva de ideias e alternativas de
solução para os problemas analisados.
O Fórum de Protagonismo requer dois passos para a sua realização. A primeira semana é
chamada de Aquecimento e é executada pelos professores de Protagonismo. Ela funciona
como uma grande preparação dos estudantes e também das produções a serem utiliza-
das no próprio Fórum de Protagonismo. Ela contém uma programação a ser desenvolvida
pelo professor durante as aulas de Protagonismo desta semana.
A segunda semana é o próprio Fórum de Protagonismo com duração de um (1) dia, o qual
promove o encontro dos Líderes de turma dos 3o, 4o e 5o anos das escolas integrantes do
Programa para conhecerem as ideias e discutirem proposições que estimulem Práticas
Protagonistas a partir do desenvolvimento da competência social e beneficiem o projeto
escolar como uma comunidade na qual todos aprendem.
Na antiga Roma, o “fórum” era a praça pública e a região de maior importância para as
pessoas porque era o centro econômico, religioso, social e político de cada localidade.
AS ATIVIDADES DO AQUECIMENTO
É preciso que a Equipe Gestora (Gestor (a), Coordenador (a) Pedagógico (a), e os Articu-
ladores de Aprendizagem) se dediquem integralmente a esta semana e estejam presentes
em cada atividade preparatória acompanhando os professores de Protagonismo.
As atividades se desenvolvem nas salas de aula, como parte da programação das aulas
de Protagonismo de cada ano/turma e nos ambientes requeridos para o trabalho com
os grupos.
ETAPA 1
Reunião da Equipe Gestora com os Professores de Protagonismo
ETAPA 2
Atividade Preparatória 1 (50 minutos) – Reunião entre Equipe Gestora
e líderes de turma dos 3o, 4o e 5o anos
A Equipe Gestora discute com os estudantes, apoiando-os, mas não executa as ações que
dizem respeito à atuação deles. Em cada unidade escolar, a Equipe Gestora convida os
Líderes de turma dos 3o, 4o e 5o anos para representarem a escola.
Para o início desse planejamento deve ser realizada uma reunião entre a Equipe Gestora,
os estudantes, os Líderes de Turma e os professores de Protagonismo para que sejam
apresentadas as informações sobre o Fórum quanto:
Este também é o momento para apresentar também as condições nas quais os Líderes
participarão do Fórum (dia, horários, transporte, alimentação, etc.) e programar uma reu-
nião com os pais e responsáveis para solicitar a autorização.
A Equipe gestora deverá organizar o horário semanal para prover os momentos necessá-
rios com os estudantes dos 3o, 4o e 5o anos. A organização pode acontecer por turmas/
ano, em um espaço mais amplo, utilizando o horário das aulas de Protagonismo para que
não interfira na agenda dos outros componentes curriculares.
O Gestor e a sua equipe colocam-se como apoios fundamentais para colaborar com os
estudantes no processo de preparação dos materiais a serem levados para o Fórum. Mas,
que não se perca de vista o fato de que são eles - estudantes - os responsáveis pelo pro-
cesso de identificação e seleção das Boas Ideias, bem como pela elaboração do material.
É importante sempre ter em perspectiva o aspecto formativo de todo esse processo, afi-
nal, esse é um daqueles momentos em que, inspirados pelo mestre Antônio Carlos Gomes
da Costa, tratamos o estudante como sendo fonte de Iniciativa (porque atua e não é um
mero expectador da sua aprendizagem), de Liberdade (porque tem a oportunidade de
escolher e decidir) e Compromisso (porque é responsável por aquilo que decidiu).
Também deve colaborar esclarecendo por que não é possível levar todas as ideias para o
Fórum e por que são necessários critérios. É muito importante apoiar o Líder de turma na
elaboração da apresentação em Power Point, seguindo as orientações indicadas.
Roteiro
Objetivo geral
• Selecionar as duas Boas Ideias da turma a serem levadas para o Fórum de
Protagonismo.
Material necessário
• 01 caneta para quadro branco para ser usada pelo professor;
• 1 folha de cartolina branca ou outro papel com dimensões semelhantes;
• 01 caixa de canetas tipo Pillot coloridas.
Estratégia
• Roda de Conversa.
Nessa conversa, o Líder, com o apoio do professor, deve estimular os seus colegas a pro-
por ideias que possam ser implementadas na escola, tanto pela Equipe Escolar, quanto
individualmente pelos estudantes.
O Líder de Turma e os seus colegas escolherão duas ideias para serem apresentadas no
Fórum. O professor pode ir anotando as ideias no quadro e o líder na cartolina. Para essa
escolha, eles devem fazer as seguintes perguntas sobre as ideias:
AVALIAÇÃO
Para o encerramento da aula, o professor deve convidar as crianças para uma nova Roda de
Conversa e iniciar perguntando se gostaram de escolher as ideias; se compreenderam bem
a razão pela qual estamos fazendo essa seleção, o que será o Fórum e como todos serão
representados pelo seu líder durante o Fórum. O professor deve colaborar esclarecendo por
que não é possível levar todas as ideias para o Fórum e por que são necessários critérios.
Modelos de slides do modelo em Power Point para a apresentação das Boas Ideias
Mediar, nesse sentido, significa se colocar como apoio para colaborar com os Líderes de
Turma no processo de discussão colegiada, sempre na perspectiva de que eles, os Líde-
res, são os responsáveis pela apresentação da questão central para os seus colegas de
turma e levantamento das boas ideias, bem como da elaboração do material. É importante
não perder de vista o aspecto formativo desse processo, mas, ao mesmo tempo, conside-
rar que os Líderes de Turma poderão necessitar de apoio na mediação dessa discussão.
Esse material produzido será levado pelos líderes de turma para ser apresentado durante
o Fórum de Protagonismo, a ser realizado durante o ICE Café, momento em que irão re-
presentar os demais estudantes da escola.
Barbara Fraatz/Pixabay
A sugestão aqui é retomar as percepções das identidades já desenvolvidas nos temas an-
teriores, utilizando a leitura de um poema para a sensibilização, com mais uma atividade
trazendo desenhos que desenvolvam a percepção de si e do outro, na turma da escola.
Objetivo geral
• Estabelecer conexões entre as diferenças e semelhanças dos Seres Humanos;
• Aprofundar o autoconhecimento e o reconhecimento do outro.
Material necessário
• Poesia Diversidade, de Tatiana Belinky, para leitura com os estudantes;
• Tiras de papel cartão ou cartolina de 50 cm x 15 cm;
• kits compostos por: lápis de cor, canetinhas coloridas, giz de cera, 3 lápis grafite
e uma borracha, sendo um kit para cada trio de estudantes;
• Barbante (cordão) para construção de um varal.
• Pregadores de varal sendo dois por estudante.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A Roda de Conversa é sempre uma boa ferramenta que atrai os estudantes para ouvirem
uma história e desenvolver uma conversa sobre a leitura.
Fazer uma primeira leitura do poema onde o professor pode utilizar gestos como: apontar
os cabelos e imitar alegria e tristeza, mostrando às, as diferenças. Após esta primeira
leitura, o professor pode ler, novamente, pequenos trechos e questionar os educandos
sobre quais diferenças são apresentadas, por exemplo, na estrofe:
“Um é tranquilo
Outro é nervoso
Um é birrento
Outro dengoso
Um é ligeiro
Outro é mais lento
Um é branquelo
Outro sardento”
Para finalizar a atividade, apresentar a penúltima estrofe e chamar a atenção para que
nossas semelhanças consistem no fato de sermos humanos e sermos sociais e assim, as
diferenças existem e devem ser respeitadas:
Com isso, o olhar dos educandos é orientado para estes pontos e estarão, dessa forma,
preparados para um melhor aproveitamento da atividade seguinte.
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Para esta atividade é importante utilizar a própria sala de aula da turma para que o pro-
fessor prepare, previamente, a corrente de pessoas, utilizando cartolina com 4 bonecos
em sequência – corrente (sugestão de tutorial no anexo B).
AVALIAÇÃO
A avaliação desta aula consiste também em uma conclusão das atividades anterio-
res, especialmente os desenhos nos bonecos, onde pode ser feito um varal com as
correntes de papel. O barbante pode ser fixado em uma das paredes da sala de aula,
[...] Vivemos num mundo globalizado e fazemos parte de uma sociedade complexa, cujas
tendências ideológicas neoliberais, preconizam a conjugação do verbo ter. Nos dias de
hoje, o exercício da cidadania acaba se reduzindo apenas à realização de um trabalho
profissional com o objetivo de “ganhar a vida”. Priorizando esse propósito, segundo a
economista Hazel Henderson, “estamos glorificando algumas de nossas predisposições
humanas menos louváveis: cobiça material, competitividade, orgulho, egoísmo e ganân-
cia” (Capra, 1995, p. 193). O mercado de trabalho, por sua vez, atendendo às exigências
de uma prática seletiva cruel e desumana, não oferece oportunidades igualitárias para
todos; o estigma da divisão entre vencedores e perdedores, ou melhor, entre cidadãos e
excluídos, estabelece-se para ficar.
Com muita propriedade, Erich Fromm (1986) aponta que, “a falta de discernimento entre
o senso de ser e a possibilidade de ter nos torna suscetíveis à manipulação de nossos
desejos e do sentido profundo de nossas vidas” (p. 25). Nossos olhos, perplexos diante
Ao longo de toda a vida, nossas dúvidas quanto à decisões a tomar, não manifestam apenas
nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que
decidamos o que fazer, que justifiquemos, para nós mesmos e para os outros, as razões de
nossas decisões e que assumamos todas as consequências decorrentes de nossas ações.
Portanto, a consciência moral é o resultado operativo de nosso senso moral.
Sabemos que, uma pessoa capaz de agir eticamente, nem sempre o faz de fato, assim
como uma pessoa capaz de raciocinar, logicamente, nem sempre pensa de acordo com as
normas lógicas. Piaget deixou intocado o mistério de que mesmo uma pessoa que tenha
as condições necessárias para a ação moral, nem sempre age eticamente. (Freitas, 1999).
Na verdade, não é possível definir, precisamente, de que modo uma pessoa chega a
legitimar determinadas normas de comportamento e a conduzir-se de acordo com elas,
de maneira coerente. Sabemos que um conjunto de processos conscientes e incons-
cientes, ao longo de toda a vida, forma o nosso perfil individual. O modo como se dá o
ensino e a aprendizagem, isto é, as opções didáticas, os métodos, a organização e
o âmbito das atividades, a organização do tempo e do espaço na prática educativa ensi-
nam valores, atitudes e conceitos. E a escola deve ser o lugar onde cada aluno perceba
que os valores e as regras são coerentes e passíveis de uma identidade pessoal ante a
perspectiva de uma vida plena e feliz.
MOUSINHO, Silvia Helena. SPÍNDOLA, Márcia. A autonomia moral e a construção dos valores
no ambiente escolar (considerações finais). Publicado em Revista Eletrônica Educação Pública,
04 de novembro de 2008. Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/edu-
cacao/0201.html> Acesso em julho de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Diversidade
Autora: Tatiana Belinky
Editora: FTD
Ano: 1999
Número de páginas: 35
Referências Bibliográficas
MENHEM, Natália. O que ainda não sabemos sobre ensinar a diversidade. Publicado em Nossa Causa. Disponível em:
<http://nossacausa.com/o-que-ainda-nao-sabemos-sobre-ensinar-diversidade>. Acesso em julho de 2016.
SACRISTÁN, G. J. Currículo e Diversidade Cultural. In: MOREIRA, A. F. e SILVA, T.T. (Orgs). Territórios Contestados:
O Currículo e os Novos Mapas Políticos e Culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
Educação para cidadania global. Tópicos e objetivos de aprendizagem. UNESCO, 2016. Disponível em: <http://unes-
doc.unesco.org/images/0024/002448/244826POR.pdf>. Acesso em julho de 2016.
Relatório Mundial: Investir na diversidade cultural e no diálogo intercultural. UNESCO, 2014. Disponível em: <http://
unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184755por.pdf>. Acesso em julho de 2016.
Poema – Diversidade
Um é feioso,
Outro é bonito
Um é certinho
Outro, esquisito
Um é magrelo
Outro é e gordinho
Um é castanho
Outro é ruivinho
Um é tranquilo
Outro é nervoso
Um é birrento
Outro dengoso
Um é ligeiro
Outro é mais lento
Um é branquelo
Outro sardento
Um é preguiçoso
Outro ,animado
Um é falante
Outro é calado
Um é molenga
Outro forçudo
Um é gaiato
Outro é sisudo
Um é moroso
Outro esperto
Um é fechado
Outro é aberto
Um carrancudo
Outro, tristonho
Um divertido
Outro, enfadonho
Um é enfezado
Outro é pacato
De pele clara
De pele escura
Um, fala branda
O outro, dura
Olho redondo
Olho puxado
Nariz pontudo
Ou arrebitado
Cabelo crespo
Cabelo liso
Dente de leite
Dente de siso
Um é menino
Outro é menina
(Pode ser grande
ou pequenina)
Um é bem jovem
Outro, de idade
Nada é defeito
Nem qualidade
Tudo é humano,
Bem diferente
Assim, assado
todos são gente
Cada um na sua
E não faz mal
Di-ver-si-da-de
É que é legal
Vamos, venhamos
Isto é um fato:
Tudo igualzinho
Ai ,como é chato!
Na aula “Por que as zebras têm listras e os cavalos não têm?” foi discutido um im-
portante tema que é a diversidade. Através do reconhecimento da diversidade, somos
capazes de perceber o que nos une e o que nos multiplica1 em grupos sociais, étnicos,
religiosos, políticos, biológicos, entre outros. O entendimento da diversidade nos amplia
a visão de nossa singularidade. Ao se saber singular, abarcamos processos de autoconhe-
cimento, numa dinâmica de autorreflexão e autocontrole, com os quais administramos a
vida coletiva, de maneira autônoma.
1
Multiplicados e não divididos, pois somos diversos, e não menos ou mais importantes!
Esses são os primeiros traços de um sentimento de coletividade que surge nos primórdios
da experiência humana e num processo de descentralização, cooperação e reciprocidade.
Não há vida coletiva se não houver a AMIZADE. Nenhuma sociedade se sustenta sem
esse valor, pois constituímos todo um imaginário através dela, gerando sentido à vida e
à existência.
Ter amigos, fazer amigos e manter amizades representam fatores fundamentais para
o desenvolvimento saudável do ser humano. As trocas ou as inter-relações colaboram
para o desenvolvimento intelectual e afetivo do indivíduo que contribui para o desenvol-
vimento uns dos outros. No entanto, é importante lembrar que a amizade é também uma
conquista da maturidade e não se concilia com leis e obrigações. Ela deseja liberdade e
depende do livre arbítrio. Por isso, é natural gostar mais de uns do que de outros.
Neste sentido, esta aula pretende propor a vivência da amizade em uma teia, compreen-
dendo que, através dela, comungamos ideias e somos capazes de nos desenvolver en-
quanto indivíduo e sociedade, em respeito à singularidade de cada um que é, ao mesmo
tempo, parte de uma coletividade.
Objetivo geral
• Promover reflexões e ações que possibilitem aos estudantes identificar pessoas
que importam para si próprios, contribuindo para essa etapa do desenvolvimento
da singularidade e da valorização da coletividade, numa sociedade que se quer
protagonistas solidários e competentes.
Material necessário
• Livro Pedro e Tina: uma amizade muito especial, de Stephen Michael King, Editora
BrinqueBook (opcional);
• Projetor ou TV conectada ao computador;
• Dispositivo com arquivo do livro Pedro e Tina: uma amizade muito especial, para
projetar aos estudantes;
• Cópia do texto Pedro e Tina: uma amizade especial (anexo A), para o professor,
(se for necessário);
• Barbante (cordão) – um rolo para dinâmica da teia.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
O que nos torna mais próximos de algumas pessoas e distantes de outras é justamente o
que nos singulariza, mas a AMIZADE, nos coletiviza. Já vimos que cada pessoa é única por
ter características que definem sua forma de ser de maneira particular. Tais características
Com posse do rolo de barbante, alguns pontos da história de Pedro podem ser retomados.
A linha torta de Pedro torna-se nosso fio condutor. Há de sermos muito cuidadosos e ami-
gáveis para conseguir admitir que Pedro venha a conduzir um processo desses, uma vez
Na história, Pedro faz tudo o contrário de todos e, no modelo de sociedade em que vivemos,
não é fácil sair de padrões. Isso gera muita angústia coletiva por temer a mudança de para-
digmas. No entanto, Pedro dá um esbarrão em Tina no começo dessa história, que passa a
ser sua companheira: primeiro revela-se a diferença entre os dois, depois gera um desejo de
coletividade que os aproxima a ponto de construirem uma casa bem estruturada por Tina e
bem decorada por Pedro. Ambos se completam e se complementam. Por fim, o encontro é
gerador de mais potência quando Tina começa aprender com Pedro o que antes não sabia.
A amizade sela o campo da relação puxando um fio que os torna uma socidedade generosa,
autônoma, competente, solidária e protagonista. Um novo mundo se compõe.
Com o rolo de barbante às mãos e toda a turma organizada em roda e em pé, o professor
pode lançar a pergunta aos estudantes sobre como eles percebem o fio desenhado por
Pedro no começo da história, o que ele queria fazer e em que resultou. Consoante as
respostas advindas do grupo, pode-se revelar que esse fio de barbante nas mãos do pro-
fessor vai ajudar toda a turma a pensar sobre a importância da AMIZADE, quando se tem
caracteristicas diferentes como Pedro. “Todos aqui têm ou já teve um amigo especial?”
É esperado que as manifestações expressas pelos estudantes estejam alinhadas com o
texto que acabaram de ouvir, caso não esteja, é interessante o professor reconduzir com
uma nova pergunta e contar a eles que construiremos uma teia da amizade para saber
qual a importância da amizade para esse grupo. Essa sondagem inicial deve levar o pro-
fessor a fazer conexões ao que ele já sabe e conhece da turma, as relações e interesses
por trás de seus agrupamentos.
Então, a dinâmica segue com o professor passando o fio de barbante para um estudante (A)
que deve escolher um colega da sala que tem uma característica especial que o leva a apro-
ximar-se dele. O estudante pode não conseguir expressar essa característica de maneira
conceitual e, nesse sentido, deve ser estimulado a dar um exemplo concreto de algo que
acontece “entre”, que o faz considerá-lo próximo. Assim, deve seguir com o estudante (B)
fazendo o mesmo movimento de escolher entre todos uma pessoa que o atrai por determi-
nada característica ou situação. O jogo segue até que toda a teia esteja formada, represen-
tando como... como o que nos aproxima também nos une, mesmo que entre o primeiro e
o último, por exemplo, haja uma distância, isso não significa que não estejam em relação
e que ambos são importantes uns para os outros e para toda a vida coletiva. Também pode
ocorrer de alguém soltar o barbante e a tensão do fio se perder, ainda assim estão conec-
tados. A empatia, autoconfiança, autorreflexão e autoconhecimento que, potencialmente,
surgem em meio a essa atividade que pode promover maior estabilidade emocional em
cada pessoa. Na sociedade como um todo, a amizade age como um fator de proteção social,
que traz benefícios a autoestima e ao bem-estar da criança.
A teia é um jogo que está disposto no Caderno de Acolhimento. Neste momento, surge
dentro de um importante contexto que a ressignifica na relação com os estudantes. É
fundamental que o professor preencha a aula com esse novo sentido, para que a atividade
dê aos estudantes ganhos em subjetividade e relação com o conhecimento. Em síntese,
dentro do contexto desenhado nesta aula, a atividade da teia de barbante materializa a
sensação de coletividade, de que todos têm um papel importante no coletivo e que conse-
guem contruir coisas juntos, colaborativamente, por intermédio de um importante valor
social que é a AMIZADE.
AVALIAÇÃO
É importante que o professor perceba como se deu a relação dos estudantes durante a
aula, se conseguem comunicar o que sentem, se organizam-se durante a atividade, es-
cutam a narrativa sem interromper, escutam o colega até o fim e seguem as instruções
do professor.
2
Tais reflexões dos três filósofos podem ser encontradas no livro “As cartas não mentem”,
de José Luiz Foureaux de Souza Júnior, impresso pela Imprensa da Universidade de Coimbra
em agosto de 2018.
Texto 1
Aproximar a amizade ao conceito de sustentabilidade possibilita uma visão mais ampla do
que tratamos nesta aula. Essa matéria, publicada em 2011, pelo Instituto Akatu, possibilita
estabelecermos uma ponte de conhecimento em direção a construção de uma nova so-
ciedade. O texto problematiza questões importantes para refletirmos em relação ao curso
da nossa história, de maneira autônoma e protagonista. Boa leitura!
São prazeres da vida que, felizmente, quanto mais consumimos, mais se multiplicam. E,
uma sociedade só pode ser sustentável se a amizade entre as pessoas for alimentada
por esses sentimentos, gestos e valores, defende Camila Melo, gerente de programas de
educação do Instituto Akatu.
“Precisamos ser capazes de imaginar uma sociedade sustentável no futuro e que as re-
lações entre as pessoas sejam mais verdadeiras, cheias de amor, confiança, carinho e
muita troca; uma sociedade que não se paute tanto em bens materiais”, diz Melo. “Mas,
para isso, precisamos contar uns com os outros, precisamos ter o senso de coletividade
e, sem a amizade, isso não é possível”, completa.
Talvez valha repensar que quanto mais tempo gastamos trabalhando para manter as coi-
sas que realmente importam, como a família, os amigos, a natureza. Afinal de contas, vale
mais compartilhar os pequenos prazeres da vida ou viver sempre preocupado em ter a
última roupa da moda?
“Precisamos ter consciência dos impactos que o nosso consumo causa não só no meio
ambiente, mas também, e primeiramente, sobre nós mesmos”, ressalta Melo.
Para manter um estilo de vida consumista, a sociedade mundial já vive no cheque es-
pecial do planeta: hoje, consumimos e descartamos 50% mais recursos e lixo do que a
Terra pode absorver. Além de excessivo, o consumo é desigual: apenas 16 % da população
mundial abocanham 78% do total do consumo do planeta. Se esse padrão de consumo
das nações desenvolvidas fosse adotado pelo resto do mundo, precisaríamos de mais de
cinco planetas para suprir essa voracidade.
Cuidar de nós e dos outros implica necessariamente em cuidar também do planeta. E isso
significa deixar de consumir? Claro que não, mas significa consumir menos e diferente.
Pois a atual situação claramente ameaça a vida humana. Corremos o risco de deixar um
‘cheque especial’ impagável para nossos filhos, na forma de cidades superlotadas, vio-
lentas, de trânsito caótico e com escassez de água, energia e matérias primar, que fatal-
mente serão caríssimas, acessíveis apenas a uma elite. Corremos o risco de acabar com
praias e belezas naturais, de destruir nossas florestas com sua biodiversidade e também
a biodiversidade dos oceanos, que podem se transformar numa enorme lata de lixo tóxico.
“É claro que as ações individuais de mudança dos padrões de consumo podem contribuir
para mudar esta realidade. Mas elas precisam se multiplicar entre os indivíduos e para
isso acontecer, é preciso contar com o outro, confiar no outro. Por isso a amizade é im-
portante”, explica Wilheim.
Para saber mais sobre consumo consciente e ficar por dentro de algumas dicas práticas
que você pode adotar no seu dia-a-dia confira o site http://www.akatu.org.br/Temas/
Consumo-Consciente/Posts/Consumir-consciente-e.
Por isso, em datas especiais como o Dia da Amizade, procure encontrar seus amigos. Vai
chegar o dia em que em vez de presentes, vamos distribuir abraços e beijos; em vez de sacar
o cartão de crédito, sacaremos fotos; em vez de brigar no trânsito, iremos a pé, de trans-
porte público ou de bicicleta; em vez da pegada de carbono, deixaremos recados de carinho
Referências Bibliográficas
KING, Stephen Michael. Pedro e Tina: uma amizade especial. São Paulo: BrinqueBook, 1999.
[KING, Stephen Michael. Pedro e Tina: uma amizade especial. São Paulo: BrinqueBook, 1999.]
irfanarif666/Pixabay
Os valores são nossas qualidades pessoais de interagir com os outros e com o ambiente.
Os valores são compostos das crenças e princípios que se aprendem durante o processo
de socialização, por isso, a escola também se torna um lugar de aprendizagem e desenvol-
vimento de valores positivos que fazem diferença nas atitudes individuais e que resultam
em ações positivas. Entre os mais importantes valores aparecem o respeito, a solidarie-
dade e a responsabilidade.
Objetivo geral
• Perceber a relação causa-efeito de nossas ações
• Refletir sobre a responsabilidade
• Estimular ações responsáveis.
Material necessário
• Texto Lenda da Chuva do Povo MaxaKalí;
• Mapa político do Brasil;
• Duas cartolinas branca, sendo uma com o título AÇÕES E SENTIMENTOS DA
LENDA DA CHUVA e a outra como o título AÇÕES E SENTIMENTOS DE NOSSAS
HISTÓRIAS;
• Caneta pillot ponta média. Duas cores.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Iniciar a aula explicando que a história a ser apresentada pertence ao Povo Indígena Ma-
xakalí que hoje se encontra na divisa dos estados de Minas Gerais e Bahia, neste caso, use
um mapa. Utilizar o mapa do Brasil para abordar esta localização permite o conhecimento
tanto territorial do Povo e do país, como a materialização da história.
Ainda como assunto introdutório, vale a pena destacar que, diversas sociedades possuem
histórias para contar sobre os acontecimentos do mundo e tais narrativas além de expli-
car os acontecimentos, também transmitem conhecimentos sobre os valores humanos.
A leitura então pode ser iniciada. Com um silêncio prévio de todos, utilize o domínio da
narrativa para realizar as entonações necessárias, isso criará uma atenção melhor dos
estudantes- espectadores.
A lenda da chuva
(conforme relato verbal do índio Puhuy MaxaKali,
ouvido e transcrito por Luiz Carlos Lemos)
“Os dedos das mãos e dos pés de cem guerreiros é pouco pra
mostrar há quantas luas se passou o que vou contar, na beira
deste fogo. Tempo. Muito tempo mesmo.
Para gerar a reflexão posterior a leitura, é importante que o professor faça a mediação da
conversa pautada nas seguintes abordagens: retomar a narrativa em conjunto para com-
preensão da história; destacar a causa-consequência das ações dos peixes terem ido morar
no céu e a relação do sentimento de responsabilidade dos mesmos, perante a tristeza dos
homens e o bem estar de todos, quando acontecem as mudanças de atitude dos peixes.
Para finalizar esta etapa, reler o último parágrafo para enfatizar a responsabilidades e o
respeito entre os elementos da vida.
Agora é a hora deles próprios contarem uma história vivida e consigam narrar um fato
onde uma ação acarretou em uma ou mais consequências, seja ela desejada ou indese-
jada. O intuito é trabalhar a compreensão das próprias ações, bem como, desenvolver
continuamente, a oralidade e a escuta nos exercícios em roda.
COMENTÁRIOS
Para saber um pouco mais sobre o Povo Maxakalí, aqui está a descrição mais específica de
sua localização. O site www.socioambiental.org possui vastas referências sobre os povos
indígenas do território brasileiro: “Os vários grupos Maxakalí ocupavam uma área com-
preendida entre os rios Pardo e Doce, correspondente ao sudeste da Bahia, o nordeste de
Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. Os remanescentes desses grupos (...) vivem em
duas áreas indígenas – Água Boa e Pradinho – hoje unificadas na Terra Indígena Maxakalí,
no município de Bertópolis, cabeceira do rio Umburanas, vale do Mucuri, no nordeste de
Minas Gerais.” Disponível em: Https://pib.socioambiental.org/pt/povo/maxakali/771
Acesso em agosto de 2016.
AVALIAÇÃO
Com o término da Roda de Conversa/leitura reler os dois cartazes onde estão anotadas
as palavras-chaves. Sendo uma síntese da aula, os cartazes representam o registro ava-
liativo. A Avaliação ocorre durante o próprio processo, ao observar o ordenamento das
ideias expostas e a compreensão do tema proposto.
O fim da educação é a felicidade, embora às vezes nos esqueçamos disso, é o que diz o
especialista mundial David Issacs, autor do livro “A educação das virtudes humanas”. A
universidade chilena ‘Andrés Belo’ o convidou para promover um seminário para docentes
e diretores de escolas, em junho de 2002, onde foi realizada a seguinte entrevista.
Sua obra mais conhecida é sem dúvida “A educação das virtudes humanas”, que já está
em sua 13a edição. Somam-se a isso uma série de vídeos em que aborda este mesmo
tema, fundamental na hora de educar para este homem casado, pai de sete filhos.
David Isaacs dirigiu por cerca de uma década o Instituto de Ciências da Educação da
Universidade de Navarra, Espanha, e durante outro tanto foi vice-reitor. Na atualidade é
professor da Organização e Gestão de Centros Educativos da faculdade de Filosofia e Le-
tras dessa universidade, e é professor colaborador do Instituto de Ciências para a Família.
No seminário organizado pela Universidade de Andrés Bello, o perito se referiu aos ele-
mentos indispensáveis na gestão eficaz de centros educativos. A concorrida plateia escu-
tou atentamente suas ideias sobre o assessoramento pessoal dos estudantes, a educação
da laboriosidade e dos hábitos de estudos, a prudência e os meios de comunicação de
massa, entre outros temas de interesse.
Virtudes humanas são hábitos operativos bons. Por exemplo: a sinceridade, a solidarie-
dade, a compreensão, a perseverança, a lealdade ou a responsabilidade. É possível pensar
que, como consequência do processo educativo, os jovens devem ter aprendido a ser
profissionais competentes, cidadãos responsáveis, amigos leais, membros responsáveis
de uma família e – para os crentes – filhos responsáveis de Deus. Como pode uma pessoa
ser um profissional competente sem ser ordeiro, responsável ou perseverante? E ser um
cidadão responsável, sem ser honrado, solidário ou justo? Ser amigo leal sem ser sincero
e compreensivo? Ou membro responsável de uma família, sem ser generoso e flexível?
De que maneira e desde que idade se consegue educar primeiro em hábitos e logo con-
seguir que estes se tornem virtudes ou valores nas crianças e adolescentes?
Portanto, de forma restrita, as crianças não podem desenvolver virtudes e, como tal, até
os sete ou oito anos, quando então chegam a ser conscientes de seus atos. Em troca,
antes, pode-se prepará-las para este momento, insistindo no desenvolvimento de hábitos,
ainda que as crianças não entendam muito bem o porquê deles. Com as crianças peque-
nas, temos que insistir muito em fazer – e que façam coisas -. Estas ações se traduzirão
em hábitos. Paulatinamente, deve-se passar a exigir-lhes mais no pensar, para que pen-
sem antes de tomar suas próprias decisões.
ESCOLAS AUTÔNOMAS
Para um professor de Química ou Inglês, que deve ensinar um extenso programa num
curso com 40 alunos, é possível educar valores?
Sim, porque se educa em primeiro lugar com o exemplo. O professor, às vezes, crê que
não poderá educar os estudantes em virtudes porque ele é o primeiro a não vivê-las ple-
namente. Porém, não é o exemplo perfeito o que educa, mas o exemplo de luta para se
superar, para tentar cumprir bem, é que será notado pelos alunos. E isto é o que lhes in-
teressa, porque é atrativo. Se um professor vive sua profissão com alegria, cuidando das
diferentes virtudes em sua vida, contagiará, evidentemente, os alunos.
Isaacs lembra que um colégio não é unicamente a soma de várias salas de aula soltas.
Um centro educativo que quer promover o desenvolvimento das virtudes humanas, tam-
bém deverá pensar em ter algumas atividades onde os alunos possam ir descobrindo e
conhecendo as virtudes, intelectualmente. E fará falta, assim mesmo, um conjunto de
atividades, onde o aluno possa viver as virtudes com os demais.
Que elementos o senhor considera básicos para que se possa dirigir um colégio hoje
em dia?
Entendo que a riqueza de um centro educativo está na soma dos estilos pessoais de seus
membros, contanto que compartilhem os mesmos valores. Se não for assim, haverá
Então, em resumo, o centro educativo não pode ser uma organização rígida?
Pelo contrário: sobre a base de uma organização básica, deve-se promover o desenvolvi-
mento pessoal e intransferível de cada um de seus membros. Quanto menos se confia nos
funcionários, nos professores e nos diretores dos colégios, mais trâmites burocráticos são
criados e mais fiscalizações são introduzidas.
Na família, a pessoa pode e deve ser aceita pelo que é, por ser única. Não tanto pelo que
faz, mas sim, pelo que é e pelo conjunto dos aspectos de sua intimidade. Hoje em dia, os
pais tendem a gastar seus esforços em conseguir que seus filhos aprendam a fazer mais
coisas, aprendam mais idiomas, pratiquem mais esportes, desenvolvam diversos gostos,
e se esquecem da necessidade de criar esse clima de aceitação incondicional onde cada
pessoa pode expressar-se, sabendo que não vai ser julgado ou rotulado. Amar, disse o
filósofo alemão Josef Pieper, é dizer ao outro ‘que bom que você existe’. Na família, pre-
cisamos buscar o que há de positivo nos outros, e dizer-lhes, o temos encontrado. Tra-
ta-se de ajudar cada um para que utilizem o que possuem, da melhor maneira possível.
Somente neste contexto, é possível entender bem a ideia de uma educação sexual voltada
para o amor.
Na vida, constantemente temos que tomar decisões. Se uma decisão foi a de casar, de-
ve-se atuar coerentemente com isso. A prioridade para o homem casado deve ser a sua
esposa e vice-versa. A seguir, os filhos e, a seguir, os demais. É evidente que não se trata
de ser simplista, mas a verdade é que muitas pessoas deixam de ser conscientes de suas
prioridades, devido à vida de ação frenética e incessante que levam. A palavra ‘comuni-
cação’ vem da palavra ‘comunidade’ que, por sua vez, vem de ‘unidade’. Como podemos
conseguir a unidade? Compartilhando valores. Como podemos manter a unidade? Comu-
nicando-nos, fazendo coisas juntos e tendo projetos de futuro comuns.
Quanto influi a boa comunicação dos pais nos cuidados e na projeção dos filhos?
O exemplo dos pais é vital. De fato, na educação, existem dois princípios que têm vigência
sempre: a exemplaridade e a personalização. Os professores, temos que dar o exemplo
lutando sempre para melhorarmos como pessoas e, por sua vez, tratar cada filho ou cada
aluno como sendo uma pessoa única, irrepetível.
Publicado no Diario El Mercurio. Traduzido por René Bernardes para o Portal da Família. Disponível
em: <http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo180.shtml> Acesso em agosto de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Escola de Chuva
Autor: James Rumford
Editora: Brinque Book
Ano: 2012
Número de páginas: 32
O livro apresenta a história de Ombela, que em Angola é uma Deusa que, ao cho-
rar de tristeza, produz chuva, e para não fazer mal aos humanos, decidiu que só
iria chora em cima das águas dos mares. Porém, seu pai a ensina que o choro
pode ser benéfico e que a alegria produz outro tipo de lágrima, a doce. Assim,
ela se liberta para ir onde quiser ao levar as lágrimas doces e salgadas por todos
os lugares.
Referências Bibliográficas
ELÁZQUEZ CALLADO, Carlos. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação
Física e dos jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
ISAAC, Davis. Virtudes Humanas. Educar e avaliar. Ed Quadrante, São Paulo, 2009.
LA TAILLE, Yves de. A importância da generosidade no início da gênese da moralidade na criança. Psicol. Reflex.
Crit., Porto Alegre , v. 19, n. 1, p. 9-17, 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-79722006000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: abril de 2016.
PISCALHO, Isabel. SIMÃO, Ana Margarida Veiga. PROMOÇÃO DA AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS
CRIANÇAS: PROPOSTA DE INSTRUMENTO DE APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA. Revista Eletrônica Nuances: estu-
dos sobre Educação, Presidente Prudente -SP, v. 25, n. 3, p. 170-190, set./dez. 2014. Disponível em: <http://revista.
fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3163/2712> acesso em 20 de agosto de 2016.
TILLMAN, Diane. COM NOSSOS CORAÇÕES… A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO EM VALORES. IN: Educação e valo-
res humanos no Brasil: trajetórias, caminhos e registros do Programa Vivendo Valores na Educação. Brahma Kumaris
editora, são paulo 2009. Disponível em: <http://www.livingvalues.net/countries/Latin%20America/brasil/docs-pdf/
Diane%20Tillman%20-%20COM%20NOSSOS%20CORACOES.pdf > acesso em 19 de agosto de 2016.
Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnicos-Raciais. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdo-
cuments/orientacoes_etnicoraciais.pdf. Acesso em agosto de 2016.
A lenda da chuva
(conforme relato verbal do índio Puhuy Maxacali, ouvido e transcrito por Luiz Carlos Lemos)
“Os dedos das mãos e dos pés de cem guerreiros é pouco pra mostrar há quantas luas
se passou o que vou contar, na beira deste fogo. Tempo. Muito tempo mesmo. Naquele
tempo, começo do mundo, não tinha chuva. Era só dia e noite, sol e lua e nada mais. Não
tinha bichos, não tinha planta, não tinha árvore, não tinha verde. Só pedra grandes e rios
grandes, no meio das pedras. Nada mais.
Os homens só comiam os peixes dos rios, que eram muitos. Mas, se não comiam peixe,
morriam de fome porque não tinha outra coisa não.
E os peixes então pularam muito alto e descobriram que no céu tinha água também, nas
nuvens grandes. Então eles pularam mais alto ainda e fugiram para as nuvens e foram
viver nas águas que moravam no céu.
E os homens, que não tinham mais peixe para comer, começaram a morrer de fome na
terra inteira, em cima das pedras, na beira dos rios vazios de peixe.
Os peixes olharam lá do céu e viram os homens morrendo e chorando, todos com fome.
E eles ficaram com pena dos homens e começaram a chorar. As lágrimas dos peixes au-
mentaram muito as águas do céu e o céu não pôde mais segurar as águas.
Então as águas do céu caíram em forma de chuva, que molhou as pedras, que se desman-
charam em terra, e as plantas nasceram para dar comida aos homens.
Mas os peixes sentiram saudade dos rios e começaram a pular de volta para a terra. Os que
caíram nos rios continuaram peixes. Os que caíram fora dos rios viraram animais e pássaros.
E os homens que tinham agora o que comer, juraram que só pescariam, só caçariam e só ti-
rariam das árvores o necessário para não morrer de fome. Por este respeito que os homens
têm pelos rios, pelos animais e pelas florestas, é que o mundo existe até hoje, pois enquanto
o homem não matar a Natureza, a Natureza não vai deixar o homem morrer de fome”
jcomp/Freepik
Ganhar, perder... e tudo o que existe no meio. O tema desta aula propõe um aprofunda-
mento sobre resiliência. Aprofundamento sim, pois esta capacidade humana já foi apre-
sentada às crianças em outras aulas.
A palavra resiliência, nos dicionários, encontra-se definida como a capacidade dos seres
humanos de lidar com suas frustrações, tristezas e dificuldades, superando-as com a utili-
zação deste processo, como fortalecimento emocional e desenvolvimento de maturidade
para o crescimento.
A resiliência pode ser observada em diversas situações de vida, como coragem para supe-
ração de uma situação difícil, superação de uma derrota por não conseguir algo e até as
perdas pessoais, como a morte, a mudança de escola e a perda de amigos. Nesse sentido,
Nesta aula, a ideia é aprofundar o estímulo à resiliência, ao observar outros fatores envol-
vidos neste processo; como escolhas e os sentimentos de perda, ao utilizar um jogo de
cooperação. Neste sentido, o jogo possibilita orientar o olhar dos educandos sobre outros
valores que levam à resiliência, como a cooperação (no sentido de ajudar uns aos outros,
em busca de um objetivo).
Ganhar ou perder um jogo, qual seja, faz com que a capacidade de lidar com a perda e a
frustração permita que as crianças percebam que, entre a vitória e a derrota, estão conti-
dos os efeitos das escolhas, o olhar sobre o outro e a possibilidade de melhorar aquilo que
não funcionou e, ao mesmo tempo, transformar frustrações em aprendizados.
Objetivo geral
• Estimular a percepção sobre nossas escolhas e os resultados delas;
• Propiciar a cooperação entre as crianças;
• Desenvolver continuamente a capacidade de lidar com as perdas e as frustrações.
Material necessário
• Lousa;
• Molas flexíveis, uma por dupla de alunos e uma para o professor, modelo no
anexo A;
• Conjunto com 20 elásticos coloridos (repetir algumas cores) embaraçados. Um
conjunto por dupla de crianças, modelo no anexo B). Pode ser substituído por um
conjunto com 20 pedaços de 40 cm de barbantes coloridos (também com cores
repetidas e embaraçados).
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
Atividade: A mola
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
A atividade deve ser finalizada utilizando a mola para exemplificar o que ocorre com as
pessoas. Oriente o olhar das crianças, aproximando a ideia da mola às pessoas e a força
exercida sobre ela, com as dificuldades que enfrentamos durante nossa vida. Vale res-
saltar, que diferentemente de um objeto, os seres humanos são influenciáveis com os
acontecimentos/sentimentos da vida e que, muitas vezes, até a mola esticada de tal ma-
neira, com muita força também se modificará. Neste momento, o professor pode usar
um exemplo de sua vida onde precisou ser resiliente e superou um problema ou ainda, já
abrindo espaço para a atividade central da aula, falar sobre algum jogo, onde sempre que
um time (ou jogador) vence, haverá um perdedor.
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
O desafio estimulará o raciocínio dos educandos para as ações que devem realizar para
concretizar o desafio. Colocar a entonação de competitividade também auxiliará nas re-
flexões sobre perder e se frustrar.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
Para finalizar, indague-os sobre o que aprenderam com ganhar ou perder. É esperado que
demonstrem a percepção de que a participação sempre é importante, independente do
resultado. Caso isto não fique claro, oriente-os a perceberem que a participação é a parte
mais importante, e que podemos sim superar nossas perdas, sermos resilientes.
Essa pequena história foi relatada pela professora para a mãe do garoto, na primeira reu-
nião de pais e mestres. A professora estava encantada com a postura do garoto e que-
ria saber de qual escola ele viera. Era uma escola que respeitava a curiosidade de cada
aprendiz e oferecia-lhes oportunidades para as escolhas que quisesse fazer. Vale dizer
que a família do garoto também é incomum; valoriza o processo de aprendizagem e não
somente os produtos, ou seja, as notas. Simples assim. Caso raro...
Eu acredito que o desenrolar da aprendizagem das escolhas e decisões é algo que não
se ensina diretamente; a aprendizagem se dá através do desenvolvimento da autonomia,
da oferta e da avaliação de opções e do apoio à vivência de perdas e frustrações. Quando
a criança recebe esses estímulos ela escolhe e compreende as consequências de sua
decisão; as perdas e possíveis ganhos. As famílias [ e a escola ] precisam compreender a
necessidade de seus filhos viverem a superação de frustrações e isso só é possível quando
eles vivem frustrações reais e significativas. É claro que não estou falando de humilha-
ção, muito menos de agressividade. Estou falando da superação de si próprios, da saída
do egocentrismo para a realidade da vida em comunidade. E, para que isso aconteça de
maneira produtiva, a criança deve ser considerada capaz! A leitura de incapacidade feita
pelos pais dificulta o desempenho saudável dos filhos.
PUNDEK, Regina. Publicado no Portal do Educador em 25 de maio de 2015. Disponível em: <http://
www.portaldoeducador.org/educadores/detalhe/regina-pundek/como-ensinar-a-escolher>.
Acesso em 28 de agosto de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Começo, Meio e Fim
Autor: Frei Betto
Editora: Rocco
Ano: 2014
Número de páginas: 36
História elaborada por Frei Betto, apresenta uma situação de vida inesperada
para a menina que adorava relacionar as pessoas que ama aos deliciosos doces. A
morte de uma pessoa querida exigiu dela uma postura resiliente, ao perceber que
a vida tem seu lado amargo.
Referências Bibliográficas
BARRIM, Milene. Resiliência: como competência fundamental para promover mudanças. Universidade estadual de
Londrina (UEL). Disponível em: <http://www.fenassec.com.br/xviii_consec_2012/artigo_selecionado_resiliencia.
pdf> acesso em: agosto de 2016.
ELÁZQUEZ, Carlos Callado. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação Física
e dos jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
ANTUNES, Celso. O jogo e a educação infantil. Falar e dizer/olhar e ver/escutar e ouvir. Petrópolis, RJ. 4ª edição.
Editora Vozes.
rawpixel/Pixabay
Sugestão de mola de brinquedo para realização da atividade.
tove erbs/Pixabay
Sugestão de elásticos para a atividade.
Pixabay/Pexels
Opção de barbantes coloridos.
Aline Dassel/Pixabay
Na aula Ganhar, perder... e tudo que existe no meio, a perda e a frustração foram trazidas
com importante papel de aprendizagem quando propõe uma reflexão sobre as escolhas
que fazemos. Nela, o caráter da resiliência apresentado favorece a aprendizagem sobre
os sentimentos e as emoções, mesmo quando se trabalha em equipe. Na aula Você ganha
cada vez que tenta e não apenas quando está em 1º lugar, retomaremos a cooperação
e o trabalho em equipe, eixos fundamentais para o desenvolvimento do comportamento
pró-social, num processo autorreflexivo, em que as tentativas e os erros são considerados
como importantes fatores para a aprendizagem. O que fazer para continuar tentando e
como lidar com o erro é o ponto de observação para essa aula.
A consciência do erro é trazida como elemento de aprendizagem, que o tira do banco dos
réus e o coloca numa posição de referência fundamental à ação, na trajetória de prota-
gonistas. Mais uma vez, o caráter da perda e do ganho não deve estar desvinculado das
Neste sentido, esta aula busca valorizar as tentativas e reconhecer os erros como elemen-
tos fundamentais para o processo de aprendizagem protagonista, como também para o
destaque à importância de tomar consciência dos erros, de preferência destacando-os
com humor e amorosidade. A ideia é que todos compreendam o erro e a aprendizagem
como pares complementares, e que quando se olha e se dá consciência ao erro, só se
ganha em aprendizagem. Assim, o que faremos agora é buscar formas confortáveis de
olhar para o erro, tirando-o do banco dos réus.
Objetivo geral
• Aprender a lidar com o erro de maneira construtiva, aprendendo o significado da
perda e do ganho, na construção dos relacionamentos pró-sociais.
Material necessário
• Cordas individuais de 1,5m – o suficiente para criar a estação no circuito;
• Cordas coletivas de 4 m – o suficiente para criar a estação no circuito;
• Barbante (cordão) de diferentes cores para compor o labirinto de fios – o sufi-
ciente para criar a estação no circuito;
• Uma venda para os olhos no labirinto de fios – para a estação do labirinto;
• Tênis com cadarços – para compor a estação, sugestão de quatro pares.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Quem aqui lembra de ter aprendido algo ou conseguido fazer algo que antes era difícil?
Como foi? São perguntas importantes que podem dar início a essa atividade onde os
estudantes são incentivados a pensar em algo que não sabem ou ainda não conseguem
realizar e que gostariam de tentar e aprender. Uma conversa sobre desafios, conduz
os estudantes ao trabalho que vai ser realizado: um circuito com estações cheias de
provas para eles.
Nesta aula, é interessante valorizar aquilo que os estudantes ainda sabem em direção ao
que não sabem. Estações de trabalho são criadas em composição de um circuito aven-
tureiro com cordas, fios e cadarços em que os estudantes, divididos em equipes, devem
contribuir para a aprendizagem uns dos outros.
É fundamental que os estudantes compreendam que o mais importante durante cada es-
tação é a aprendizagem significativa que cada um dos membros da equipe conquista e que
nenhuma equipe seja desvalorizada por não conseguir adquirir alguma habilidade que ainda
não esteja preparado. O caminho que conquistaram será compartilhado na Roda de con-
versa, valorizando as tentativas e erros de cada um, e percebendo o que cada um aprendeu.
O que se ganhou sempre é maior do que o que se perdeu. As experiências de aprendizagem
os levam ao caminho do sucesso. Para tanto, é importante que os erros sejam comparti-
lhados como meio de ganhar consciência de como vem tentando realizar determinadas
ações e como tentar novamente os faz construir novas hipóteses que os deixam mais perto
de conquistar a autonomia e o protagonismo, levando em consideração o apoio do outro.
Como direcionamento para a Roda de Conversa e escuta das experiêcias, perguntas como:
COMENTÁRIO
A seleção das equipes deve ser definida a partir das habilidades dos estudantes, sendo
misturadas. O professor pode fazer perguntas pontuais como: quem aqui sabe amarrar
cadarços? Quem sabe pular cordas? Quem já andou numa corda bamba? quem sabe pular
cordas, em cordas individuais?
Depois dos grupos dispostos, refazer os agrupamentos misturando os que sabem com os
que não sabem, equilibrando as equipes e valorizando a diversidade.
AVALIAÇÃO
A avaliação do trabalho deve considerar o percurso experimentado nas equipes que deve
todo o tempo ser supervisionada pelo professor. Na Roda de Conversa, é importante valo-
rizar a fala dos estudantes considerando a percepção sobre a superação que cada um ex-
perimenta ao tentar algum desafio, de conseguir fazer algo que antes não conseguia fazer.
É esperado que os estudantes percebam que a única forma de conseguir realizar algo que
se tem dificuldade, é tentando muitas vezes e que, com treino e tempo, é possível superar
dificuldades, considerando sempre o erro cometido e possibilitando a reelaboração deste.
O trabalho nas equipes, assim como as dificuldades que surgiram, deve ser registrado
pelo professor que pode perceber e reconduzir processos, caso os conflitos ainda não
sejam resolvidos pelos estudantes, retomando conceitos trabalhados em aulas anterio-
res, bem como atividades e resultados de atividades.
O físico australiano Paul Davies, autor, entre outros, do livro “O quinto milagre”. Em que
ele lança novas luzes sobre a discussão da origem (e do sentido) da vida, revela que,
mesmo antes da ciência surgir, o homem já dominava algumas tecnologias, e cita como
exemplo a bússola, que teria sido inventada na China, e o bumerangue, aquela arma que
retorna à mão de seu arremessador e é utilizada pelos aborígenes australianos. Diz: “O
bumerangue não foi inventado partindo da compreensão dos princípios da aerodinâmica.
A bússola não envolveu a formulação dos princípios do magnetismo. Estes e outros me-
canismos foram alcançados por tentativa e erro. A ciência veio depois”.
VIVENDO E APRENDENDO
Jean Piaget, o psicólogo suíço, falecido em 1980 nos explicou que a aprendizagem é indu-
zida pela experiência (veja a coluna Atitude da Vida Simples n°. 14: “informação e conhe-
cimento”). Disse Piaget que ao longo do processo de desenvolvimento, cada ser humano
constrói seu conhecimento e, que neste processo o erro é um componente importante.
A criança tem suas teorias particulares sobre o mundo e, se ao testar alguma, foi simples-
mente recriminada, sem receber nenhuma explicação para a censura, não compreenderá
o porquê de não ser verdadeira sua teoria, e porque é considerada um erro. Quando isso
acontece, ela passa a ter medo de testar novas experiências, ou seja, passa a ter medo
de errar. Com isso diminui tanto números de erros quanto o de acertos e, pior, a possibili-
dade de aprender. E acaba internalizando esse sentimento, e levando-o pelo resto da vida.
Quando adulto, deixa de fazer coisas por medo de errar.
O ERRO BOM
O erro bom é aquele que nos abre alternativas. Consta que Thomas Edison, após ter sido
intimado pelo seu patrocinador a interromper suas experiências disse: “por que desistir
agora, se já sabemos muitos modos de como não fazer uma lâmpada? Estamos hoje mais
próximos de saber como fazer uma lâmpada que antes!” Isto é, errar é a possibilidade de
acertar na próxima tentativa.
O matemático austríaco Piet Hein inventou aquele “Cubo Mágico”, cujo nome original é
Soma Cube, que possui mais de 240 formas de solução, ou seja, deixar cada lado do cubo
composto por cubos menores da mesma cor. Mas, apesar de tantas formas de acerto, só
é possível chegar lá após muitos erros. Isso significa que você vai tentar muitas rotações
até que consiga solucionar. E, certamente, precisa memorizar as rotações erradas para
não cometê-las novamente. Se não aprender com o erro, vai insistir nele e, continuar in-
sistindo até o limite de seu controle emocional.
Quem já tentou, sabe que em um dado momento, vem a grande vontade desmontar o
cubo e remontá-lo certo. Essa fraude não só não é possível no jogo como também na vida.
Não há como desmontar o mundo e montá-lo como nos parece certo. A única alternativa
é aprender a viver, o que pressupõe tentar, errar e tentar novamente.
Você quer um atalho? Ele existe sim: aprenda também com o erro dos outros. Daqueles
que tentaram antes de você e acabaram acertando, mas não sem errar, acredite. Esse
atalho só é percorrido através do estudo e da interação com outras pessoas, especial-
mente os mais velhos. Hein escreveu um curioso poema a respeito de sua invenção, e da
filosofia do erro:
O ERRO OCULTO
Entretanto, há erros inconscientes, dos quais às vezes não temos como nos livrar. O pai
da psicanálise, Sigmund Freud os denominou de fenômenos lacunares. Isto é, são lacu-
nas que ocorrem nas manifestações conscientes, abrindo caminhos para o inconsciente.
Entre estes fenômenos estão os lapsos, os atos falhos, e outros sintomas. Devido a estes
mecanismos estamos sujeitos a cometer erros que não temos como evitar, pois causam
uma descontinuidade no discurso consciente. Trocar ou esquecer o nome de um conhe-
cido são erros que, quando acontecem, nos deixam com uma estranha sensação de vazio.
Você já experimentou essa bizarra saia justa? Pois você sofreu um fenômeno lacunar.
Freud explica…
A psicologia, a filosofia e até a lei aceitam que errar faz parte da condição humana. Mas
todos são unânimes em afirmar: “não faz mal que você erre, desde que esteja aprendendo
com seus erros”. Na antiga Roma, o político e orador respeitado Marcus Tullius Cícero
dizia que “errar é próprio do homem, mas perseverar no erro é coisa dos tolos”. Muitos
séculos depois o filósofo alemão Emmanuel Kant disse que “o contrário da verdade é a
falsidade. Mas quando a falsidade é tida como verdade, passa a se chamar erro”. Quase
todos os grandes pensadores da humanidade disseram alguma coisa a respeito do erro
e, acredite, todos eles erraram muito, só que entraram para a história por seus acertos,
é claro.
O ERRO PREVISTO
Os erros são, em geral, involuntários, até porque, se forem propositais, deixam de ser
apenas erros, passam a ser crimes. Até o Código Penal brasileiro prevê essa diferença,
cuidando também dos erros, e não apenas dos crimes. Por exemplo, se alguém, em um
aeroporto, leva uma mala de outra pessoa, pensando ser a sua, praticou uma ação ilícita
sem saber. Cometeu o que a lei chama de “erro de tipo”. É claro que essa pessoa não será
condenada por seu ato, mas sua responsabilidade não é desconsiderada, pois ela devia
ser mais atenta.
Há também o chamado “erro de proibição” em que a pessoa errou por não saber que o
que fez era proibido pela lei. A descrição desse erro mostra que a pessoa pode realmente
estar enganada sobre o seu ato ser uma conduta proibida ou não. Um caboclo que sempre
caçou animais nativos, e ao ser preso por crime contra a fauna, não entende o que ele
cometeu de errado, pois sua família sempre agiu daquela forma. O mesmo ocorre com
os índios que não têm conhecimento dos códigos da civilização. Nestes casos, o Estado
A VIRTUDE DO ERRO
O erro não nos afasta da virtude. A maneira como lidamos com ele, sim. Duas qualidades
devem acompanhar o erro: a responsabilidade e o aprendizado. Ser responsável significa
responder por seus erros, o que é próprio dos adultos.
Aprender significa incorporar o que é certo e o que é errado, o que é próprio dos atentos.
Ser adulto e estar atento são qualidades dos que acertam mais, apesar de terem errado
muito.
Isto vale para pessoas, organizações e para a própria sociedade. Em uma empresa da or-
ganizada e próspera cidade de Joinville, vi, certa vez, logo na entra da empresa, uma placa
que dizia: “aqui é permitido errar”. Trata-se de uma empresa adulta, atenta e, claro, com-
petitiva e rica. A moderna administração reconhece a importância do erro, mas a sabedo-
ria popular já fazia isso antes. Nosso Paulo Vanzolini, cientista e poeta, é autor da célebre
música Volta por Cima, em que ele dá conselhos àquele que, como ele, e como todos,
erraram, mas, por ser um “homem de moral, não fica no chão”. O que faz, então? Ora:
“Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima”.
Referências Bibliográficas
BERALDO, Silvana Massera. História de uma linha. São Paulo: Quatro Cantos, 2015.
Revista Vida Simples – É errando que se aprende, de Eugênio Mussak – disponível no site: http://www.eugeniomus-
sak.com.br/e-errando-que-se-aprende/. Acesso setembro 2016.
Simy27/Pixabay
Fazer o certo, mesmo quando não tem ninguém olhando, requer certo nível de autonomia
moral e comportamento ético. Seguindo a linha de raciocínio de Piaget, os adultos cos-
tumam reforçar a heteronomia da criança quando usam recompensas ou castigos; pelo
contrário, estimulam a autonomia quando intercambiam pontos de vista com elas.
Durante a vida, enfrentamos diversos dilemas éticos e, às vezes, nos encontramos em en-
cruzilhadas em que o melhor caminho a seguir é tão difícil quanto o pior caminho a seguir,
ou ambas as opções que temos são prejudiciais e ficamos sem saber como agir. Mas os
valores de justiça, o respeito ao próximo e o cuidado com o outro são ideais importantes
Neste sentido, esta aula pretende reforçar o diálogo diante das situações que propõem
dilemas éticos para que as crianças possam cruzar diferentes pontos de vista para que
possam atingir maior autonomia de pensamento e de ação, considerando a importância
da confiança e do cuidado com o outro, criando elos entre o agir que mede, nas atitudes,
suas consequências.
Objetivo geral
Desenvolver a capacidade de distinguir entre o que é certo e o que é errado, percebendo a
importância de agir corretamente, independentemente da opinião ou do olhar dos outros.
Material necessário
• Filme Contos da Noite, de Michel Ocelot. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=e79Y38wLupg Acesso em outubro de 2016.
• Kit multimídia.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Nesta atividade, os estudantes vão assistir ao filme Contos da Noite. Este filme pretende
propor, aos estudantes, reflexões acerca do bem e do mal, do certo e do errado, evo-
cando relações com valores, tais como: a honestidade, a confiança, a responsabilidade
e a justiça.
O filme “Contos da Noite”, de Michel Ocelot traz histórias-dilemas bem simples, fábulas
que trazem temas fortes como a mentira, a morte e os sacrifícios construídos de maneira
honesta e sem se preocupar com regras. Feito com técnicas antigas e modernas que
causam um estranhamento estético, o filme também é carregado de poesia e beleza.
Para essa aula, sugerimos que o professor selecione, previamente, o conto que fizer maior
sentido para sua turma de protagonistas. Quatro deles é indicado, especialmente, para a
aula, como sendo ideais para discutir dilemas éticos que envolvam os valores de honesti-
dade e respeito, convocando, assim, a habilidade de autorregulação, habilidades impor-
tantes para desenvolver essa temática:
COMENTÁRIOS
Mais do que reforçar o sentido moral de agir corretamente, é importante elencar com os
estudantes quais os desafios e dificuldades que nos levam a agir de forma contrária ao
que sabemos ser o correto. A compreensão de que, ao longo da vida, construímos um
sentido de autorregulação de nossas escolhas e atitudes, é o que vai reforçar o senso
de responsabilidade e honestidade evocado na proposição da aula “é legal fazer o certo,
mesmo quando não tem ninguém olhando.”
AVALIAÇÃO
As questões podem ser respondidas oralmente, como uma conclusão da roda de con-
versa, ou desenhado, ou ainda escrevendo.
Texto 1
O querer fazer: dimensão afetiva
Inúmeras vezes ouvimos as pessoas dizerem (e nós mesmos já dissemos): “Esse menino
é terrível e ele sabe muito bem o que está fazendo!” Vale lembrar que nem sempre existe
coerência entre o que as pessoas fazem e o que dizem. A condição cognitiva, portanto, é
necessária, mas não suficiente para que a pessoa possa agir de forma socialmente com-
petente, para que ela seja movida pelo “sentimento de obrigatoriedade” diante de uma
ação moral. Então, o que falta?
Segundo La Taille, a legitimação da ação moral é indispensável para que uma ação seja,
efetivamente, considerada moral. Se uma pessoa faz algo, não porque se obriga a fazer
aquilo que considera correto e sim porque, de uma forma ou de outra, sente-se pressio-
nada, externamente, a agir assim, ela não está sendo moral, e sim obediente, coagida,
pressionada, constrangida ou qualquer outra denominação imaginada, menos moral.
La Taille (2006) argumenta que três virtudes ou valores são fundamentais para a legi-
timação do agir moral: a justiça, a generosidade e a honra. A justiça e a honra têm um
valor inquestionável no agir moral, sem elas é impossível haver sociedade; a honra seria
o ponto de chegada, ou seja, o momento em que a pessoa passa a agir de determinada
maneira, por uma questão de autorrespeito, porque busca representações de si mesma
com valor positivo.
La Taille (2006, p 108) define seis sentimentos que ele chama de “cimento afetivo que
une as pessoas ao seu entorno social”: amor e medo, confiança, empatia, indignação e
culpa. Para melhor entender o papel que cada um deles desempenha na construção do
comportamento moral, vamos olhar para cada um deles.
[BORGES, Dámaris Simon Camelo. Alfabetizando em valores humanos – Um método para o ensino
de habilidades sociais. São Paulo: Summus, 2012]
O livro Ética para meu filho é indicado para os professores. O livro traz importan-
tes e interessantes reflexões sobre a ética. Em sua apresentação o autor alerta:
“este livro foi pensado e escrito para ser lido pelos adolescentes: provavelmente
ensinará pouca coisa a seus professores. Seu objetivo não é fabricar cidadãos
bem-pensantes (muito menos mal pensados), mas estimular o desenvolvimento
de livres-pensadores”. Assim, mais do que um manual, o que o livre traz é a pos-
sibilidade de desenvolver em todos as pessoas que o lê livre-pensadores.
Referências Bibliográficas
BORGES, Damaris Simon Camelo. Alfabetização em valores humanos – Um método para o ensino de habilidades
sociais. São Paulo: Summus, 2012
KAMII, Constance. A criança e os números. 39ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
Texto sobre o filme Contos da Noite. Disponível em: http://www.cinepipocacult.com.br/2015/01/contos-da-noite.
html. Acesso em abril de 2019.
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De fato, é importante saber quais ações realizadas trazem a felicidade e quais ações tra-
zem a tristeza no outro, pois é a partir de tais discernimentos que se torna possível incen-
tivar laços de relações afetivas e cooperativadas.
Quando a empatia ocorre, junto ocorre uma comunhão e várias conexões pautadas na
afetividade.
Material necessário
• Aparelho de som;
• Música Tum Pá, do grupo Barbatuques. CD Tum Pá, faixa 3. Gravadora MCD. Ano
de produção 2012.
• Caderneta de anotações para o professor registrar os sons de percussão corpo-
ral, escolhidos pelos estudantes.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
Inicialmente, dialogar com a turma sobre a importância de saber o que o outro gosta ou
não gosta, pois todos têm preferências pessoais. Apresentar a música e dizer que ela foi
produzida por um grupo de músicos de percussão corporal e, após ouvi-la, irão cantar.
Organize a turma em roda para apreciação da música, repita a música quantas vezes
desejar, até que todos consigam cantar.
Tum pá
Tum pá tum
Pá tum
Pá tum pá
Pé no chão
Mão no coração
Bate palma
Estala o dedo
Brinca o jogo da canção
Mão na perna
Um pé de cada lado
Bate palma
Estala o dedo
Tudo ao mesmo tempo
Agora corre pro refrão
Tum pá
Tum pá tum
Pá tum
Pá tum pá
Realize a cantoria com a turma em roda, neste momento, todos podem estar tanto senta-
dos como em pé. Mostre quais são os sons que o corpo pode fazer: bater palma, estalar os
dedos, bater a mão na perna, no peito, assoviar, bater o pé no chão. Fazer referência que
o próprio coração possui som e ritmo “ ...mão no coração...”. Possibilite este momento de
experimentação a cada um, oriente-os a fazerem, todos juntos, cada uma das sugestões
apresentadas pela música. Depois, diga-lhes que realizem, cada um por si, aleatoriamente.
Agora, o momento é para escolherem quais sons corporais mais gostaram de fazer e quais
menos gostaram.
Ao término, quando todos colocarem as suas opiniões, escolha alguns sons percussivos,
apresentados pela turma, para criar uma sequência rítmica para realizarem em conjunto;
selecione os sons que mais apareceram (consulte a caderneta de registros e escolha três
ou quatro sons, acrescente algumas repetições para cada um), por exemplo: Duas pal-
mas, uma estalada de dedos e três batidas de pé. Posteriormente, realize também os
outros que não foram incorporados na primeira sequência para que todas as escolhas
sejam contempladas. Desta forma, surgem diferentes sequências, com diferentes ritmos.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
Como uma conversa final, retome o que foi levantado pelos estudantes, entrelaçando as
escolhas que cada um tem como preferências e, como é bom fazer o que o outro escolheu
também. Assim, mostrar que ações que agradam ao outro também podem agradar a si
próprio, principalmente, quando se está rodeado de apoio mútuo.
O sentimento, por sua vez, já tem um caráter mais cognitivo. Ele é a representação da sen-
sação e surge nos momentos em que a pessoa já consegue falar sobre o que lhe afeta – ao
comentar um momento de tristeza, por exemplo. Já a paixão, tem como característica,
o autocontrole em função de um objetivo. Ela se manifesta quando o indivíduo domina o
medo, por exemplo, para sair de uma situação de perigo.
Pelo fato de ser mais visível que as outras duas manifestações, a emoção é tida por Wallon
como a forma mais expressiva de afetividade e ganha destaque dentro de suas obras.
Ao observar as reações emotivas, ele encontra indicadores para analisar as estratégias
usadas em sala de aula. (...) Não é possível falar em afetividade, sem falar em emoção,
porém, os dois termos não são sinônimos.
Trecho da reportagem de Fernanda Salla “O conceito de afetividade de Henri Wallon” para a revista
Nova Escola. Outubro de 2011. Disponível em: http://novaescola.org.br/conteudo/264/0-concei-
to-de-afetividade-de-henri-wallon Acesso em setembro de 2016.
Referências Bibliográficas
FALCÃO, Adriana. Mania de Explicação. São Paulo, Moderna 2001.
ILARI, Beatriz. Música, empatia e comportamentos pró-sociais em crianças. Pesquisa publicada no III SIMPOM 2014
– Simpósio brasileiro de pós-graduandos em música. Disponível em: <www.seer.unirio.br/index.php/simpom/article/
download/4479/4051> Acesso em setembro de 2016.
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Prezado Professor
Assim como há algumas semanas, quando apresentamos aulas “meio diferentes” des-
tinadas à preparação dos estudantes para o Fórum de Protagonismo, agora trazemos
novamente três aulas especiais, desta vez dedicadas à preparação para a Semana de
Protagonismo.
Para esta Semana elaboramos uma programação que requer uma preparação que a an-
tecede, para que, assim, possamos assegurar as condições fundamentais para a reestru-
turação do Recreio de Possibilidades e criação dos Clubinhos de Brincadeiras.
Dessa forma, faremos uma pequena pausa na condução das aulas conforme orientadas
até agora, e retomaremos após a conclusão da programação da Semana de Protagonismo.
QUEM A EXECUTA?
RESULTADOS ESPERADOS
COMO SE REALIZA?
A Semana de Protagonismo requer duas semanas para a sua realização: a primeira se-
mana é chamada de Aquecimento e é executada pelos professores. Ela funciona como
uma grande preparação dos estudantes e também das produções a serem utilizadas na
semana seguinte (a própria Semana de Protagonismo). Ela contém uma programação a
AS ATIVIDADES DO AQUECIMENTO
É preciso que a Equipe Gestora (Gestor (a), Coordenador (a) Pedagógico (a) e os Articula-
dores de Aprendizagem) dedique-se, integralmente, a esta semana e esteja presente em
cada atividade preparatória, acompanhando os professores de Protagonismo.
As atividades se desenvolvem nas salas de aula, como parte da programação das aulas de
Protagonismo de cada ano/turma e nos ambientes requeridos para o trabalho com os grupos.
Objetivo
• Ampliar o repertório de brincadeiras conhecidas pelos estudantes.
Materiais necessários
• 01 caneta para quadro branco para ser usada pelo professor;
• 1 folha de cartolina branca ou outro papel com dimensões semelhantes;
• 01 caixa de canetas tipo Pilot coloridas.
• *os materiais listados serão utilizados apenas pelo professor.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
DESENVOLVIMENTO
Após a conclusão do registro das crianças, o professor solicita que cada grupo apresente
o que foi produzido e à medida em que apresentam, ele registra no quadro a lista de
brincadeiras citadas. Se algumas brincadeiras estiverem repetidas, não há problema. O
mais importante aqui é que cada criança contribua e sinta-se partícipe dessa etapa de
tempestade de ideias.
Uma lista com todas as brincadeiras da turma e o Contrato de Convivência deverão ser
guardados pelo professor, para que integrem o produto final desta semana: o Super Ca-
derno Protagonista de cada turma, que trará o registro de todo o trabalho coletivo do Aque-
cimento. É esse produto final que subsidiará as atividades da Semana de Protagonismo.
Convidar as crianças para uma nova Roda de Conversa e iniciar perguntando se gostaram
de falar sobre as brincadeiras prediletas; se passaram a conhecer novas brincadeiras e se
estão curiosas para conhecê-las; se algumas das brincadeiras que pareciam desconheci-
das eram diferentes apenas pela forma como se brinca; se todas se sentiram contempla-
das com as suas sugestões.
Objetivo
• Selecionar as brincadeiras prediletas da turma.
Materiais necessários
Para uso do professor:
• 01 caneta para quadro branco para ser usada pelo professor;
• 1 folha de cartolina branca ou outro papel com dimensões semelhantes;
• 01 caixa de canetas tipo Pilot coloridas.
Para uso do professor:
• 2 folhas de papel tamanho ofício para cada grupo de estudantes;
• 1 caixa de canetas coloridas para cada grupo de estudantes.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
DESENVOLVIMENTO
A partir dessa reflexão, o professor solicita que elas escolham as três (3) brincadeiras
que gostariam de realizar no Recreio de Possibilidades. Assim, organizadas em grupos,
as crianças devem conversar e escolher as brincadeiras, desenhando ou escrevendo na
folha de papel distribuída com as “canetinhas” coloridas.
Após a conclusão do registro das crianças, o professor solicita que cada grupo apresente as
escolhas que fizeram e, à medida que apresentam, ele registra no quadro a lista das três (3)
brincadeiras escolhidas por cada grupo e identifica as três (3) mais indicadas pelas crianças.
Em seguida, o professor elabora um cartaz com as três (3) brincadeiras indicadas pela
turma e afixa no mural da sala. Essa será a nova lista das brincadeiras da turma. Ela ficará
exposta no mural da sala e o professor deve deixar claro que, quando as crianças quise-
rem brincar com outras, poderão reorganizá-la juntamente com o professor de Protago-
nismo e seus colegas.
Uma nova lista, contendo as brincadeiras preferidas da turma, junto com as ilustrações
dessas brincadeiras feitas pelos estudantes, a descrição de como se brincacada uma e a
possível lista de materiais e brinquedos para a brincadeira, também deverá ser guardada
pelo professor de Protagonismo, para integrar o Super Caderno Protagonista da turma.
Esse Super Caderno trará o registro de todo o trabalho coletivo realizado no Aquecimento
e vai subsidiar as atividades da Semana de Protagonismo.
AVALIAÇÃO
Para o encerramento da aula, o professor deve convidar as crianças para uma nova Roda
de Conversa e iniciar perguntando se gostaram de escolher as três (3) brincadeiras
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
Na matriz curricular estão previstas três (3) aulas de Protagonismo semanais. É neces-
sário que duas destas aulas estejam organizadas de forma geminada (duas aulas con-
secutivas) e no mesmo horário (assim como se faz nas Eletivas) por ano, porque serão
formados grupos compostos por estudantes em suas respectivas turmas de cada ano.
O posicionamento dessas aulas no mesmo horário é temporário e se faz necessário ape-
nas nessa semana preparatória.
Caso não seja possível assegurar a forma geminada de duas (2) aulas para as turmas do
mesmo ano, então, recomendamos que se utilize o horário de outro componente curricu-
lar que se realize, de forma que duas de suas aulas sejam geminadas (2 aulas consecu-
tivas) e possam ter a sua organização alterada de modo que ocorram no mesmo horário
para todas as turmas de cada ano.
Para facilitar a compreensão da organização das aulas e agrupamento das turmas, segue
exemplo abaixo para uma escola que possui cinco (5) turmas de 1o ano do Ensino Funda-
mental – Anos Iniciais (1o A / 1o B / 1o C / 1o D / 1o E).
Exemplo:
Horário Segunda
7:50 – 8:40
8:40 – 9:30
9:50 – 10:40
1o A, 1o B e 1o C
10:40 – 11:30
12:50 – 13:40
1o D e 1o E
13:40 – 14:30
Movimento B – Um espaço
É necessário assegurar e organizar um espaço adequado para que as turmas (já organi-
zadas em grupos) possam estar juntas ao mesmo tempo. Esse espaço pode ser o pátio, a
Brinquedoteca, a Quadra ou um Auditório.
Como vivenciado na Atividade Preparatória 2, cada turma elaborou um cartaz com uma
lista das 03 brincadeiras preferidas. Assim, ao agrupar as três turmas (1o A ,1o B e 1o C),
juntas, elas terão três cartazes com três (3) brincadeiras cada, totalizando nove (9) brin-
cadeiras para este agrupamento.
Com as crianças das três turmas (1o A, 1o B e 1o C) juntas e sentadas numa grande Roda de
Conversa, os professores iniciam uma conversa e solicitam para aquelas que desejarem,
que falem sobre o que fizeram e conversaram nas atividades preparatórias 1 e 2.
Aqui também é esclarecido que todos poderão usufruir das três (3) brincadeiras, não im-
portando, para este momento, a qual turma aquela brincadeira pertencia anteriormente.
Na sequência, os professores afixam os três cartazes (um ao lado do outro) e mais um, em
branco. Esse novo cartaz receberá a lista das três (3) brincadeiras indicadas pelas três turmas.
Para isso, os professores começam fazendo um levantamento das brincadeiras que são
comuns entre as três turmas e perguntam se eles querem que ela seja 1 das 3 brincadeiras
da nova lista. É possível fazer uma grande eleição entre as brincadeiras para chegar ao
número final de três (3) brincadeiras.
O objetivo desta atividade é construir uma lista única com três (3) brincadeiras para as
três (3) turmas (considerando que estamos usando um exemplo de situação em que
Essa folha deve ser entregue pelo professor de Protagonismo à Equipe Gestora sempre ao
final de cada atividade de agrupamento, não deixando essa entrega apenas para o final da
semana, pois a Equipe Gestora deverá realizar uma análise prévia para a reunião que terá
com os representantes dos agrupamentos.
Exemplos:
Agora que a Lista das três (3) Brincadeiras do Agrupamento está concluída, eleja 1 repre-
sentante do agrupamento para representar as três turmas na última etapa desse Aque-
cimento que é a Reunião de Consolidação com os Representantes dos Agrupamentos.
Não é necessário que esse representante do agrupamento seja o Líder de Turma, mas
ele deve querer representar as turmas do agrupamento, saber falar como se realizam as
três (3) brincadeiras e levar algumas sugestões sobre como ele pensa que essas brinca-
deiras podem acontecer na sua escola. Caso essas brincadeiras já ocorram, então, ele
deve saber falar sobre como elas podem ser melhor realizadas e considerar a inclusão de
mais crianças.
Esta reunião faz parte da última etapa do Aquecimento e é tão importante quanto as de-
mais atividades planejadas. Ela deve ocorrer na tarde da sexta-feira da semana do Aque-
cimento, liderada pelo Gestor e com a presença dos Articuladores de Aprendizagem, Co-
ordenador Pedagógico e, se possível, os professores de Protagonismo.
Para que ela ocorra de forma exitosa, a Equipe Gestora deverá ter acompanhado as três
(3) Atividades Preparatórias realizadas pelos professores de Protagonismo, principal-
mente a última (Atividade Preparatória 3), na qual são produzidas as listas das brincadei-
ras por agrupamento e realizada a eleição dos representantes dos agrupamentos.
Para essa reunião, os estudantes que representam os agrupamentos são convidados para
conversar sobre as diversas formas de apoio a serem providas pela Equipe Gestora e ne-
cessárias para a execução das brincadeiras.
Para isso, os professores de Protagonismo devem esclarecer que o apoio não se resumirá
apenas às brincadeiras eleitas por eles no momento, mas também àquelas que constam
no listão de cada turma, elaborado na Atividade Preparatória 1 e que serão contempladas
quando os estudantes decidirem realizar as trocas entre as turmas.
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O amor é o sentimento mais forte e mais positivo do ser humano, nisso todos concordam.
É ele que fortalece os laços interpessoais e o ambiente. Apresenta-se em diversas formas
como nas amizades, nas famílias, com os animais, com a escola, com o bairro e assim
alegrando todas as áreas da vida. É este sentimento que leva à ação afetiva e cuidadosa
consigo e com o outro. São ações que constroem valores fortes e importantes, como a
generosidade e a prudência.
A generosidade é um sentimento diretamente ligado a uma ação que envolve o amor, valo-
res e princípios. Na aula anterior, Gostar é quando acontece uma festa de aniversário no
seu peito, foi apresentado o aspecto da ação generosa, ao perceber que o outro necessita
de ajudar para que se sinta melhor. Nesta aula, a proposta é ampliar o olhar sobre a gene-
rosidade, considerando a prudência, ou seja, a ação generosa composta de ponderação,
na busca de criar algo bom para todos os envolvidos. Ponderar as situações movimenta
Objetivo geral
• Perceber e realizar o que torna o outro feliz;
• Estimular a generosidade como prática de relação interpessoal saudável.
Material necessário
• Barbante para construção de um varal. Sugestão de 5m – adaptar de acordo com
tamanho da sala de aula e número de estudantes. Varal para pendurar desenhos
em papel tamanho A4.
• Folhas de papel Canson A4. Uma por estudante.
• Pregadores de roupa. Dois por estudante.
• Kits com lápis de cor, canetinhas coloridas e giz de cera. Um kit para cada grupo
de quatro estudantes.
• Conto “A árvore generosa “adaptado por Fernando Sabino da obra “A árvore ge-
nerosa” Shel, Silverstein. Trad. Sabino, Fernando. A árvore generosa. São Paulo:
Cosac Naify, 2006. Texto adaptado no Anexo A. Uma cópia para o educador.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
Após o término da leitura, retome alguns trechos que demonstrem ações generosas,
como por exemplo:
“Estou muito ocupado pra subir em Árvores”, disse o menino. “Eu quero uma esposa, eu
quero ter filhos, pra isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me
oferecer?” “Eu não tenho casa”, a Árvore disse. “Mas corte meus galhos, faça a sua casa
e seja feliz.”
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
Agrupe os estudantes em até quatro crianças. Entregue um kit de lápis de cor, canetinhas
coloridas e giz de cera, por grupo e, uma folha de papel canson A4, por estudante.
Proponha que pensem em quais atitudes ou ações podem realizar na escola que se sin-
tam bem e que os colegas também se sentiriam felizes. Oriente-os a conversarem com
os colegas, perguntando aos amigos o que gostariam de fazer e, assim, que cada um faça
Fazer os desenhos traz a representação da ação escolhida por cada um, estimulando a
linguagem artística e a concretização da ação pensada.
AVALIAÇÃO
Ao se referir à educação moral, o ideal é que ocorra uma reflexão por parte de todos, visto
que não há como ter educação sem reflexão.
A formação de valores, hábitos que o indivíduo terá como base por toda a sua vida, em
conjunto com a criação familiar, é adquirida em sua maior parte na Educação Infantil.
Baseado nessa colocação, surge a necessidade de alertar os educadores da educação
infantil, visto que esses são os responsáveis, em grande parte, pelo processo educacional
de valores da criança, na fase inicial de sua vida.
É de ressaltar que tal colocação, em relação à educação infantil, não quer dizer que educa-
dores voltados para as demais fases do ensino, não são responsáveis pela formação moral
do estudante. Pelo contrário, a formação de valores de indivíduo é por toda vida, porém,
é na fase infantil que são formadas as bases de uma boa educação.
Será que as escolas em que exercemos a função de educador, estão tendo a preocupação
de educar cidadãos, passando os reais valores que necessitam?
CAIADO, Ellen Campos. O professor e a educação de valores. Publicado no site Brasil Escola. Dis-
ponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/o-professor-educacao-valores.
htm > acesso em setembro de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Um dia na vida de Amos McGee
Autor: Philip C. Stead e Erin E. Stead
Editora: Paz e Terra
Ano: 2012
Número de páginas: 32
Um dia na vida de Amos McGee conta uma história de rara delicadeza e amizade
com detalhes curiosos e engraçados. Amos McGee é uma pessoa muito legal,
com um coração enorme e generoso. Todos os dias ele acorda bem cedo e chega
sempre no mesmo horário ao zoológico onde trabalha. A melhor parte do dia é
quando ele se diverte com os animais: joga xadrez com o elefante, aposta corrida
com o jabuti e se senta ao lado do pinguim, que é muito tímido e não gosta de
conversa. Um dia, Amos pega uma gripe e não pode ir trabalhar. E seus amigos
decidem lhe fazer uma surpresinha.
Um clássico da literatura que traz a história do amor entre um menino e uma ár-
vore de maçãs. O menino tem sua infância envolvida com as brincadeiras e as fru-
tas desta macieira e passa a amá-la. Porém, ao crescer, termina passando pouco
tempo com a árvore. O menino volta diversas vezes à árvore, que por amor, en-
trega-lhe tudo o que tem para sua felicidade. Demonstra as ações generosas com
o foco no bem-estar e nas necessidades do outro.
LA TAILLE, Yves de. A importância da generosidade no início da gênese da moralidade na criança. Psicol. Reflex.
Crit., Porto Alegre , v. 19, n. 1, p. 9-17, 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0102-79722006000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: abril de 2016.
PINHEIRO, Viviane P.G. A Generosidade e os sentimentos morais: um estudo exploratório na perspectiva dos mo-
delos organizadores dos pensamentos. Dissertação de Mestrado da Faculdade de Psicologia da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2009. Disponível em: <file:///home/chronos/u-89adc3f1648d9033f150dd944cd6c1edc5ffc937/
Downloads/VivianePotenzaGuimaraesPinheiro.pdf> Acesso em: abril de 2016.
TUVILLA RAYO, José. Educação em direitos humanos: rumo a uma perspectiva global. Trad. Jussara Haubert Rodri-
gues. – Porto Alegre: Artmed, 2004.
E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas e com elas fazia coroas, imaginando
ser o rei da floresta.
Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs, brincavam às
escondidas e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.
O menino cresceu.
– Venha, menino. Venha subir o meu tronco, balançar-se nos meus ramos, comer maçãs,
brincar à minha sombra e ser feliz.
– Já sou muito crescido para brincar – disse o menino. – Quero comprar coisas e divertir-
-me. Quero dinheiro. Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?”
– Sinto muito – disse a árvore. – Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs. Leve as
minhas maçãs, menino. Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!”
– Estou muito ocupado para subir a árvores – respondeu o menino. – Eu quero uma casa para
viver. Quero uma mulher e filhos. Para isso preciso de uma casa. Podes dar-me uma casa?
– Eu não tenho casa – disse a árvore. – A floresta é o meu abrigo. Mas corte os meus
ramos e construa a sua casa. E então seja feliz.
O menino assim fez. Cortou os ramos e levou-os para construir uma casa.
Mas, uma vez mais, o menino separou-se da árvore e quando voltou, a árvore sentiu-se
tão feliz que mal conseguia falar.
– Estou velho e triste demais para brincar – explicou o menino. – Quero um barco que me
leve para bem longe daqui. Pode dar-me um barco?
– Corta o meu tronco e faz um barco – disse a árvore. – Assim poderás viajar para longe…
E ser feliz.
– Desculpa menino – disse a árvore. – Nada mais me resta para te dar. As maçãs já se foram.
– Desculpa – suspirou a árvore. – Gostava de ter algo para lhe oferecer... mas nada me
resta. Sou apenas um velho toco. Desculpa...
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Na aula Manual prático de como colorir o céu em 3 gestos foi trabalhada a capacidade
de realizar o que importa para o outro, experimentando a sensação de que ao fazer o
outro feliz também sentimos felicidade. Quando as crianças aprendem a generosidade e
o compartilhamento, aprendem a valorizar o que têm e, ao mesmo tempo, a desapegar-se
do que é delas. Aprendem a dar em vez de só receber. E ao receber, podem prolongar o
prazer por meio do sentimento de gratidão.
“Obrigado” é um termo simples: é usado para agradecer a alguém. Ele pode ter perdido o
significado etimológico ao longo das centenas de anos, mas, na raiz, “obrigado” vem do
latim “obligatus”, o particípio do verbo “obligare”, que significa “ligar”, “amarrar”. Dizer
“obrigado”, na verdade, é dizer “fico-lhe obrigado”, ou seja, fico lhe devendo pelo favor.
Gratidão, por sua vez, está ligado ao latim “gratia” – “graça”, literalmente – ou “gratus”,
“agradável”. Falar “gratidão” em vez de “grato” dá, para os adeptos do termo, um efeito
poético para o discurso: tira o sujeito da frase e se foca no sentimento como uma coisa
maior. E faz sentido, claro. Mas “[Estou] grato” ou “[Fico] agradecido” também cumprem
o mesmo papel.
Objetivo geral
• Estabelecer pontos de referência em que o sentimento de gratidão faça sentido
como meio de apreciar o que os outros fazem por nós e manifestar reconheci-
mento por isso, retribuindo algo de bom.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
• C o n f e c ç ã o do círculo do
reconhecimento;
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Primeiro Momento:
A fábula “A Pomba e a Formiga” narra a história de uma pomba que, depois de salvar a
vida de uma formiga, recebe como retribuição o salvamento da própria vida. A moral pode
É através de um fiapo de capim que a pomba salva a formiguinha de ser levada pelas
águas. A pomba é salva de ser morta por um tiro de espingarda porque a formiga picou o
pé do caçador. Cada qual com suas habilidades são capazes de oferecer ao outro a ajuda
necessária para viver melhor. O que para cada uma pareceu representar muito pouco,
salvou-lhes a vida. Como nunca sabemos o que nos aguarda a vida no instante seguinte,
isto já é o bastante para que nos tornemos pessoas amáveis, compassivas e generosas.
Sempre ganhamos ao fazer o bem, não importando a quem.
Segundo Momento:
É nesse sentido que a Roda de Gratidão deve acontecer, para que os estudantes per-
cebam e relembrem situações que foram ajudados. Perguntas podem ser trazidas para
remexer a memória: “quem aqui já se sentiu igual a formiguinha?”; “quem lembra de uma
situação que estava difícil e alguém o ajudou?” ou ainda “quem foi que te ajudou a sair
daquela enrascada?”, “quais as necessidades que foram supridas hoje porque alguém
que merece ser reconhecido”,“quem são as pombas de seu caminho” e “quem acha que
o caçador também tem algo a ensinar?” (afinal de contas o caçador com sua ação criou
uma oportunidade para a formiga se enconrajar e retribuir à pomba o gesto de proteção).
Além disso, é possível provocar lembranças das pessoas que trabalham com a Compa-
nhia de Energia Elétrica que favoreceu o banho quente, do colega que amarrou o tênis,
da cozinheira que preparou a merenda escolar, do estudante que fez um afago na cabeça
do professor num dia em que estava triste, da pessoa que entregou sua vida costurando
roupas para nos vestir, dos agentes de serviços gerais da escola que conservam a limpeza
da escola, dos pais ou responsáveis que dedicam seus dias a trabalhar para manter a eco-
nomia familiar funcionando... Muitos são os apoios que recebemos, visíveis e invisíveis.
Terceiro Momento:
Depois que a atividade no círculo cessar, é apresentada aos estudantes a “caixa da gra-
tidão”. Uma caixa, previamente preparada, colorida e bem embrulhada, ficará disponível
em algum lugar da sala. Quando alguém quiser expressar gratidão por alguém (da sala,
da escola ou mesmo de fora), pode escrever ou fazer um desenho para essa pessoa e
colocar na caixa. A turma, junto ao professor, combinam um dia na semana para que a
caixa seja aberta e as mensagens lidas. Os estudantes podem ser estimulados a iniciar
as trocas no mesmo momento, para tanto, basta disponibilizar material (folha de sulfite,
lápis de escrever, kit de giz de cera e lápis de cor) para quem quiser já deixar uma bilhete
na caixa nesse momento.
Ao final, o círculo da gratidão deve ser colocado em algum lugar escolhido pela turma.
AVALIAÇÃO
Texto 1
Gratidão
A gratidão é um segundo prazer que prolonga o que se deu primeiro. É um eco de alegria,
de alegria sentida. Por isso a gratidão nada tem a ver com atitudes mecânicas de cortesia,
mediante as quais podemos dar o agradecimento sem sentir gratidão. A gratidão é uma
capacidade de receber e de retribuir esse recebimento. É um reconhecimento do prazer
que o outro nos ofereceu. Um egoísta é ingrato não porque seja incapaz de receber, mas
porque não é capaz de reconhecer e retribuir o que recebeu.
As crianças têm alguma dificuldade para aprender a gratidão, porque requer superação
do egocentrismo. Geralmente aprende-se primeiro seu aspecto mais formal, aprende-se
a ser agradecido por cortesia. Somente com o tempo, quando se reconhece o outro como
indivíduo, vai se descobrindo a gratidão. As crianças podem ter mais dificuldade para
aprendê-lo enquanto pensam que tudo e todos existem para lhes satisfazer, para lhes dar
o que precisam no momento em que precisam. Acontece a mesma coisa com os adultos,
já que o individualismo extremo do mundo contemporâneo tem transformado a gratidão
em um valor em desuso e tem feito com que sejam muitos os adultos que se comportam
de maneira egocêntrica. Por último, temos de acrescentar que o amor e a amizade são
valores diretamente ligados à gratidão, porque a amizade e o amor estão constituídos de
gratidão, ou seja, são feitos de atos gratuitos de reconhecimento do prazer e da alegria
que o outro nos causou.
[SÁTIRO, Angélica. Brincar de pensar: com crianças de 3 a 4 anos. São Paulo: Ática, 2012 p. 45-46]
Texto 2
Gratidão
Gracias a La Vida
Violeta Parra
Desta vez, trago-vos algumas histórias e fico grato pelo tempo que possa ser dispensado
à sua leitura. Falam-nos de gratidão e poderão fazer-nos pensar no quanto a gratidão fará,
ou não, parte das nossas vidas. Estou certo de que sabereis extrair a moral da história.
Uma brasileira, sobrevivente de um campo de extermínio nazi, contou que, por duas
vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a câmara de gás. E que, nas duas vezes,
o mesmo soldado alemão a retirou da fila.
A minha amiga Ângela enviou-me uma mensagem que a sua neta Giovanna redigiu para
um ente querido, que falecera:
Era uma vez… dois amigos: Amir e Farid. Durante uma viagem, Farid resolveu tomar um
banho e foi arrastado pela correnteza do rio. Amir atirou-se no rio e o salvou. Grato, Farid
ordenou a um escravo seu que escrevesse numa pedra, em letras grandes: “aqui, com
risco de perder sua vida, Amir salvou o seu amigo Farid”. Mais tarde, numa discussão,
Amir esbofeteou Farid. Este se aproximou da margem do rio e escreveu na areia: “aqui,
por motivos tolos, Amir esbofeteou Farid”. O escravo, que escrevera na rocha a frase
anterior, ficou intrigado: “Senhor, quando fostes salvo, mandastes gravar o feito numa
pedra. Agora escreveis na areia a ofensa recebida. Por que agis assim?”. Farid olhou o
escravo e respondeu: “os atos de amor devem ser gravados na rocha, para que todos
os que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles, procurem imitá-los. Porém,
quando recebermos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, bem perto das águas, para
que seja por elas levada.
[PACHECO, José. Dicionário de Valores. São Paulo: SM Edições, 2012. Disponível em http://www.
clicrbs.com.br/pdf/15794939.pdf. Acesso em: outubro de 2016].
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: O coração e a garrafa
Autor: Oliver Jeffers
Editora: Salamandra
Ano: 2012
Número de páginas: 32
Durante os últimos meses de sua vida, Oliver Sacks escreveu uma série de
ensaios nos quais explorou de maneira comovente seu percurso pessoal para
concluir a vida e enfrentar a própria morte da melhor forma. Este livro traz qua-
tro textos publicados no New York Times entre julho de 2013 e agosto de 2015,
pouco antes de ele morrer. Juntos, formam uma ode à singularidade de cada ser
humano e de gratidão pelo dom da vida. Sacks reflete sobre o significado de levar
uma existência que valha a pena. “Não consigo fingir que não estou com medo.
Mas meu sentimento predominante é a gratidão. Amei e fui amado, recebi muito
e dei algo em troca, li, viajei, pensei, escrevi. Tive meu intercurso com o mundo,
o intercurso especial dos escritores e leitores.”
Referências Bibliográficas
MUSSAK, Eugenio. Por que ser grato. Revista Vida Simples. Editora Abril. Disponível em: http://www.eugeniomussak.
com.br/gratidao/. Acesso em: outubro de 2016.
SÁTIRO, Angélica. Brincar de pensar: com crianças de 3 a 4 anos. São Paulo: Ática, 2012
A pomba e a formiga
Fábula de Esopo
A formiga trabalhara muitíssimo naquele dia, guardando alimentos para o inverno que se
avizinhava, pois, segundo anunciaram os homens da meteorologia, seria o mais intenso
dos últimos 10 anos. E melhor seria prevenir do que remediar. Mas coitada, vitimada pelo
cansaço extremo, ao tentar beber um gole de água, acabou sendo tragada pelo rio. E
quanto mais lutava para a margem chegar, mais dela se distanciava.
Observando a cena, que se desenrolava próxima dela, uma pomba condoeu-se da luta
da tenaz formiguinha. Arrancou uma folha de capim-limão e, com o bico, esticou-o até a
vítima que nela subiu, salvando-se. Depois de muito agradecer à sua salvadora, a formiga
dirigia-se para seu buraco, quando viu um homem de espingarda em punho, buscando um
lugar mais amplo para atirar na generosa pomba. Mais que depressa, a danadinha subiu
pelos seus pés magros e acertou uma picada bem no calcanhar de aquiles do caçador,
liberando todo
O ácido fórmico que estava na sua saliva, e provocando uma dor dos diabos no sujeito,
que soltou a arma e pôs-se a gritar.
Aturdida com a gritaria, a pomba bateu asas para longe, pois tinha a certeza de que fora
salva pelo gongo, ou melhor, pela ação leal da formiga. Neste caso, uma mão lavou a outra.
Cole Stivers/Pixabay
Tudo bem, posso lidar com isso! Este é o tema proposto nesta aula. Nas últimas aulas,
a proposta foi despertar a percepção do que é possível fazer para ajudar o outro e, mais
profundamente, reconhecer o que o outro precisa sem que este diga. Pois bem, e como
agir quando a situação desconfortável ocorre conosco? Desistir? Gritar? Ou… respirar,
refletir e lidar com a situação?
Diante desses pontos, a proposta da aula é desenvolver uma reflexão sobre as situações
desconfortáveis, identificar os sentimentos ruins que essas situações estimulam e refletir
sobre a melhor forma de agir diante delas, promovendo a reflexão, o respeito e a tempe-
rança nas escolhas das melhores ações.
Objetivos gerais
• Identificar situações desconfortáveis;
• Refletir sobre sentimentos que situações desconfortáveis estimulam;
• Buscar melhor forma de resolver o problema.
Material necessário
• Videoclipe da música “Amigo longe, viagem perto” produção da TV Cultura para o
programa “Cocoricó” (Disponível em: http://tvcultura.com.br/videos/42638_vi-
deoclip-amigo-longe-viagem-perto.html. Acesso em: setembro de 2016);
• Projetor de áudio e vídeo;
• Letra da música “Amigo longe, viagem perto”, uma para o professor (ANEXO A);
• Revistas antigas para recortar imagens (pelo menos, uma por estudante);
• “kit” com cola, tesoura, canetinhas hidrocores, lápis de cor e giz de cera (um por
grupo de estudantes);
• Pedação de papel Kraft 60cm x50 cm (um por grupo de estudantes);
• Lousa e giz.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
Para esta aula, é importante que o professor escolha antecipadamente o local (ou locais)
para realizar as atividades, uma vez que a proposta é utilizar equipamento multimídia,
lousa e materiais de artes plásticas. Essa observação é importante para a organização
da própria aula.
Peça aos estudantes que observem a história apresentada que se passa com um menino,
Júlio. Ele tinha um grande amigo na escola e este amigo muda de cidade. A música mostra
a tristeza que Júlio sentiu, como conseguiu manter contato com o amigo e transformar a
tristeza da saudade na alegria de uma viagem. O professor pode apresentar novamente o
vídeo e, com a letra da música em mãos, apontar para as crianças trechos específicos como:
Retome a história do vídeo, perguntando aos estudantes qual situação provocou tristeza
e solidão no personagem Júlio. A partir dessa relação é possível explanar aos educandos
sobre como no dia a dia podem ocorrer diversas situações que provocam sentimentos ruins
e desconfortáveis. Neste momento, o professor pode colocar outros exemplos de situações
comuns em sala de aula, como: “Minha amiga não quer brincar comigo”, “ele quebrou meu
lápis” ou ainda “ela riscou meu caderno”. É importante utilizar os exemplos para demons-
trar como as pessoas sentem esses momentos ruins e precisam passar por eles.
Após a explanação, o professor deve perguntar aos educandos quais situações descon-
fortáveis eles conhecem e porque não gostam delas.
OBJETIVO
ESTRATÉGIA
DESENVOLVIMENTO
Organize as crianças em duplas. Entregue a cada dupla duas revistas, 1 kit (cola, tesoura,
lápis de cor, canetinhas hidrocores, etc) e um pedaço de papel Kraft. Escreva na lousa
as duas frases, dividindo a lousa ao meio: O que eu não gosto ou não gostei? E, na outra
metade: O que faço com isso?
Retome o desfecho da história vivida pelo personagem Júlio, perguntado aos estudantes
sobre o que Júlio fez para lidar com a tristeza e ficar contente. As crianças devem apontar a
correspondência pelas cartas e, principalmente, a viagem no feriado para encontrar o amigo.
Estimule-os a conversarem entre si para que conheçam o que desagrada e incomoda o outro,
assim, nas entrelinhas da atividade as crianças conhecerão um pouco mais de seus colegas
construindo uma memória emocional que será utilizada por eles no convívio com a turma.
Determine o tempo que têm para isso e avise-os que cada dupla apresentará suas
conclusões.
AVALIAÇÃO
Cabe aqui, ainda, a percepção e orientação do professor quando as respostas não são
adequadas para o convívio social. Nesse sentido, ao aparecer algo assim, por exemplo,
resolver um problema com uma briga, o professor pode perguntar à criança por que ela
pensa que é certo brigar. Sempre com um tom calmo, levando a criança a refletir sobre
seu posicionamento.
COMENTÁRIO
A proposta da aula seguinte é identificar o diálogo como melhor forma de resolver proble-
mas e conflitos, portanto, a sugestão é que nas orientações finais desta aula, o professor
crie uma ponte para interligar as duas aulas.
Contudo, muitos pais se empenham em evitar que os seus filhos experimentem essas
emoções desconfortáveis. Mas isso não é bom a longo prazo. Em algum momento as
crianças terão que enfrentar essas situações, a dor e a frustração. Resgatá-los só fará
com que a sua vida adulta seja mais difícil.
Embora não seja uma tarefa fácil, ensinar as crianças a lidar com a dor, a ira ou a raiva,
entre outras emoções, irá prepará-las para a vida. Estas emoções desconfortáveis serão
cada vez mais intensas, de modo que aprender a enfrentá-las desde pequenos facilitará o
seu processo de adaptação e amadurecimento.
O tédio é algo que pode nos pegar de surpresa. Contudo, as crianças são muito propensas
a se sentirem entediadas e demandarem atenção. Entretanto, o fato de uma criança estar
entediada não quer dizer que um adulto deve resolver os seus problemas. Na verdade, é
bom que as crianças se entediem de vez em quando.
O tédio estimula nas crianças a sua capacidade nata de serem criativas. Por isso, é pre-
ciso estimular a criança a procurar a forma de usar o seu tempo e não lhe oferecer um
entretenimento constante.
Querer ajudar a criança quando se sente frustrada é uma reação natural, mas as crianças pre-
cisam saber como lidar com essa frustração de forma eficaz. Nem sempre haverá alguém por
perto para fazê-lo, de modo que elas precisam aprender e enfrentar uma situação frustrante.
Nestes casos, é preciso falar com a criança, ajudá-la a se tranquilizar e encorajá-la a pro-
curar uma solução. Assim, ela aprenderá que para resolver uma situação frustrante é
necessário primeiro se acalmar.
A tristeza é uma emoção que nos acompanhará ao longo da vida. É algo normal que surge
como resultado de eventos e situações. As crianças precisam aprender a identificar a
tristeza e a saber que é algo normal, algo que passa.
O seu filho deve aprender que na vida nem tudo é alegria e festa. Deixar que ele viva a sua tris-
teza com naturalidade o ajudará a se sentir melhor consigo mesmo e com seus sentimentos.
Não é saudável para as crianças que vivam sob constante ansiedade. Contudo, é impor-
tante que reconheçam quando estão ansiosos e que tipo de situações desencadeiam esta
emoção. Só assim poderão aprender a identificá-las e administrá-las.
Também precisam aprender a enfrentar os temores que essa ansiedade gera e descobrir
que essa emoção não precisa impedi-los de alcançar o que desejam, seja vencer em seu
jogo favorito ou tirar uma boa nota em uma prova.
Quando uma criança está ansiosa é importante ajudá-la a entender o que está aconte-
cendo e ensiná-la a se tranquilizar. Às vezes é preciso deixar que exteriorizem a ansiedade
para poder lhes mostrar o que acontece e ajudá-las a superar os seus medos. Reprimi-los
não soluciona nada.
A decepção aparece com frequência nas crianças por muitos motivos, a maioria deles
incontroláveis. Pode ser que o seu time favorito tenha perdido um jogo, que não encontre
o seu doce preferido, que o seu amigo esteja em um grupo diferente ou que o seu pai ou
mãe não chegue a tempo para brincar com ele antes de jantar.
Seja qual for o motivo, a decepção é uma emoção que experimentamos ao longo de toda a
vida e que é preciso aprender a administrar. Caso contrário, viveríamos em uma constante
sensação de fim do mundo.
A ira não é uma emoção ruim. O ruim é o que decidimos fazer quando esta surge. As crian-
ças precisam aprender formas saudáveis de lidar com a ira e os sentimentos de fúria, que
a agressividade não é necessária nem saudável.
Quando uma criança está chateada é preciso ensiná-la como acalmar o seu corpo respi-
rando profundamente e fazendo um momento de pausa. Contar até seis é uma fórmula
que funciona com crianças e adultos e que permite tomar distância e controlar a situação.
Não se deve permitir que uma criança sempre se livre da culpa com desculpas. As crian-
ças precisam aprender a reconhecer que o seu comportamento afeta os outros e que uma
desculpa não soluciona tudo. Não se trata de envergonhá-los, e sim de favorecer
uma culpa saudável que pode provocar mudanças construtivas.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Hoje
Autora: Eva Montanari
Editora: Jujuba
Ano: 2014
Número de páginas: 32
Referências Bibliográficas
ELÁZQUEZ, Carlos Callado. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação Física
e dos jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
MELILLO, A. et al. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005, 160.
PEREIRA, Solange Hyath. Educação Emocional e aprendizagem. Universidade Cândido Medes, RJ, 2002. Disponível
em: http://externalfile:drive-89adc3f1648d9033f150dd944cd6c1edc5ffc937/root/Projeto Mel/educa%C3%A7ao
emocional e pedagogiaSOLANGE HYATH PEREIRA.pdf. Acesso em: 20 fev. 2016.
REZENDE, Mônica. Inteligência Emocional – Já pensou em gerenciar suas emoções? Disponível em: < http://www.
monicarezende.com.br/inteligencia-emocional-ja-pensou-em-gerenciar-suas-emocoes/Inteligência Emocional –
Já pensou em gerenciar suas emoções?>. Acesso em: 20 de fev. 2016.
Gerd Altmann/Pixabay
Nesse propósito, sobre a busca de encontrar a melhor forma de resolver momentos com-
plicados, a sugestão era que o professor encaminhasse as orientações finais indicando o
diálogo como a maneira ideal para resolver os problemas, criando uma ponte para esta
aula. Assim, o tema desta aula propõe uma situação- problema e o caminho do diálogo
como a melhor forma de resolver a questão.
É possível, então, por meio de atividades, demonstrar que perceber e identificar um pro-
blema é o primeiro passo para encontrar uma solução e, assim, incentivar o diálogo como
ferramenta eficaz e pacífica para resolvê-lo. Além disso, o diálogo favorece o autoconhe-
cimento e a reflexão sobre as próprias atitudes e as atitudes do outro.
A proposta desta aula é perceber e praticar o diálogo e, ainda, incentivar toda a comuni-
dade escolar a praticá-lo também.
Objetivo geral
• Utilizar a comunicação oral – o diálogo – para solucionar conflitos e problemas;
• Refletir sobre os comportamentos do outro e de si próprios;
• Incentivar o outro a praticar o diálogo como forma de encontrar uma comunicação
não violenta.
Material necessário
• Cartolinas brancas (uma por dupla de estudantes);
• Lápis grafite (6B), um por estudante;
• Kit com lápis de cor, “canetinhas”, giz de cera e borracha (um por dupla de
estudante);
• Lousa e giz;
• Fita Crepe (1 rolo).
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa;
• Produção de desenhos e slogans para incentivar a comuni-
dade escolar a praticar o diálogo na resolução de conflitos.
DESENVOLVIMENTO
Esta atividade possui dois momentos distintos. Inicia-se com uma conversa sobre o tema,
na qual se estabelece a relação com a aula anterior, bem como indica o diálogo como
melhor maneira de resolver problemas e de evitá-los, promovendo a paz. No segundo
momento, os estudantes produzem uma “Campanha pelo diálogo e pela paz” para a
comunidade escolar.
Apresentar algumas situações, por exemplo: “Pedi um lápis emprestado para um colega
e perdi o lápis”. Como resolver a situação? Vou bater ou gritar com o colega que perdeu
o lápis? Ou ainda vou fingir que nada aconteceu, que eu, simplesmente, esqueci o lápis?
AVALIAÇÃO
Após o término do tempo proposto pela atividade, solicite aos estudantes que se sentem em
Roda de Conversa. Perguntar a eles o que sentiram? Se foi bom pensar no diálogo e ainda se
é importante fazer uma campanha pela paz. Sair com eles para fixar os cartazes pela escola.
Caso não seja possível, neste momento, agende com eles a colagem pela escola.
a) Sentimo-nos bem;
b) Passamos a ter uma boa convivência com nossos colegas;
c) Temos a certeza de que as soluções foram justas para todos.
a) Evitar;
b) Competir;
c) Ceder.
Em segundo lugar:
1) Devemos cooperar;
2) Devemos negociar.
Para conseguir estas metas anteriores são necessários dois aspectos de intervenção
no conflito:
Acreditamos que quando um grupo tem o mesmo objetivo, ou um problema comum para
resolver, se reúnem forças em dimensões incríveis para produzir soluções. A participa-
ção do grupo na resolução de problemas é a única condição que leva aos âmbitos social,
emocional e cognitivo, a interação com grande intensidade e equilíbrio. Este processo
de interação, para conseguir uma solução para benefício de todo um grupo, implica no
equilíbrio nos seguintes componentes:
1. Na colaboração;
2. Na cooperação;
3. A coordenação de ações lúdicas compartilhadas.
2.
O que fazer – quando a criança tem a necessidade de ter
amigos:
• Ensinar a reconhecer os sentimentos dos demais.
• Aprender a não culpar ninguém a menos que tenha visto
a cena.
• Fomentando sua seguridade e autoestima.
• Perguntar o que necessitam para jogar em paz.
• Não se preocupar se o que faz, gosta ou não, os nossos
colegas.
A prática em resolver conflitos nos cria confiança e habilidade. Com a prática e a con-
fiança, as crianças podem enfrentar os conflitos em duas perspectivas:
O professor infantil deve ter em conta e bastante cuidado nos seguintes temas:
REFLEXÃO FINAL
Acredito que a escola pode ser um espaço qualificado para aplicar propostas educativas
e de aprendizagens para a tolerância, e tenho a esperança, que o brincar pode ser um ins-
trumento mediador para a formação moral, política, crítica e social das crianças. Podemos
na educação infantil ter uma intervenção educativa para a tolerância e para resolução de
conflitos por vias não violentas. Este momento educativo é propício para abordar e com-
partilhar as seguintes dimensões educativas propostas pela UNESCO, que são:
Formar pessoas capazes de cumprir com seus deveres e exercer seus direitos como cida-
dãos de uma sociedade aberta e plural é uma tarefa educativa muito difícil na atualidade,
mas não é impossível. Devemos rapidamente instrumentalizar, oferecer e compartilhar
com as nossas crianças conteúdos educativos que possam permitir que elas resolvam os
conflitos de forma pacifica e por vias não violentas.
[ALMEIDA, Marcos Teodorico. Resolução de conflitos no brincar infantil. Publicado Web Artigos.
Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/resolucao-de-conflitos-no-brincar-infantil/
7827/>. Acesso em setembro de 2016].
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Trabalhando valores em sala de aula – Histórias para
rodas de conversas
Autora: Cris Pizzimenti
Editora: Vozes
Ano: 2013
Número de páginas: 128
Este livro mostra que a violência, revelada todo dia pelo noticiário da tevê e dos
jornais, é uma ameaça que nos cerca por todo lado. Mas ela não se restringe a as-
saltos, homicídios e, nos casos mais extremos, a guerra e ao terrorismo. Porque
a violência também existe nas sociedades desiguais. Igualmente a encontramos
na intolerância, que leva à discriminação e ao preconceito. E hoje, mais do que
nunca, no sofrimento da natureza devastada pela mão humana.
Referências Bibliográficas
ELÁZQUEZ, Carlos Callado. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação Física
e dos jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
FLORES, Sabrina Bezerra. MARQUES, Tânia Beatriz Iwaszko. Roda de conversa e resolução de conflitos na educação
infantil. Trabalho de Conclusão de curso da Faculdade de Educação Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.
Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/27401?show=full >. Acesso em: setembro de 2016.
ROSENBERG, Dr. Marshall. Sobre a Comunicação Não-Violenta. Publicado por CNV Brasil, 2016. Disponível em:
http://www.pucsp.br/ecopolitica/downloads/cartilhas/2_C_2006_Rede_comunicacao_violencia.pdf >. Acesso
em: setembro de 2016.
Freepik
Mais do que uma moral, o provérbio “O preguiçoso faz duas vezes” sugerido no título da
aula deve dar aos estudantes uma noção do quão importante é a organização de uma
determinada ação para que se alcance os resultados esperados. Por isso, não adianta
correr para terminar, pois há um objetivo a ser alcançado em todas as ações que empre-
endemos. Somos desejosos de aumentar nossa potência, de satisfazer as necessidades
básicas com excelência e cumprir nosso vínculo social com responsabilidade.
Objetivo geral
• Estabelecer pontos de referência para a compreensão da importância em realizar
as diferentes atividades cotidianas de maneira positiva.
Material necessário
• Cópia da Letra da Música Pequeno Cidadão (ANEXO A), do grupo “Pequeno Cida-
dão” para o professor;
• CD do grupo Pequeno Cidadão;
• Aparelho de som.
Memória e Concepção do Modelo • Concepção do Modelo da Escola da Escolha • Anos Finais Ensino Fundamental 387
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa;
• Escuta e adaptação da música Pequeno Cidadão, da banda
com mesmo nome.
DESENVOLVIMENTO
Consoante foi trazido na introdução da aula, sua organização pressupõe uma reflexão por
parte do professor acerca de como está a organização do tempo e espaço das aulas de
protagonismo. Este momento inicial sugere uma observação e avaliação de como anda
a rotina e pretende gerar um impulso para trabalhar os objetivos desta aula, trazendo os
problemas cotidianos de maneira proativa e determinada, abusando do reconhecimento
e compartilhamento de responsabilidades.
Após esse primeiro contato com essas questões, o objetivo da aula pode ser comparti-
lhado na Roda de Conversa com os estudantes, na medida em que são questionados se
eles sabem o que é ser um Pequeno Cidadão. É sugestão que escutem a música Pequeno
Cidadão (ANEXO A), da banda com mesmo nome. A música possibilita que seja construída
A música Pequeno Cidadão traz uma sequência de ações que se referem a processos
de cuidado, consigo, com o espaço e com o outro, finalizando em uma conclusão de que
“é sinal de educação/fazer sua obrigação/para ter o seu direito de Pequeno Cidadão”.
A música traz uma relação de finalidade, prezando por uma vida moral, em que os direitos
e deveres estejam alinhados, asseguradas por ações como “arrumar o quarto”, “assistir
tv”, “jogar bola”. O interessante é que a música não idealiza uma criança quieta, compor-
tada. Ela sugere também ações como “brincar na lama”, “pular no sofá”, são tão impor-
tantes quanto as tarefas de cuidado com o espaço e com si mesmo. No entanto, todas
elas estão condicionadas a um sentido de ordem, tempo, direito e dever: “Agora pode...”,
“Agora tem...”, “Agora pega...”
Recomenda, assim, que a satisfação das necessidades básicas seja respeitada, mas sem
perder de vista o sentido de dever das ações. Também carrega de sentido de que cada ação
tem um tempo para acontecer, o que possibilita a reflexão sobre a administração do tempo
de cada um, de forma a fazê-la de maneira satisfatória: não adianta correr, não precisa
correr... Um compromisso se cumpre com excelência e se torna um Pequeno Cidadão.
A orientação para a Educação emocional não pode perder de vista tais compromissos que
devem ser empreendidos pelas crianças como meios de proteger sua vida e dos outros.
É a partir da consciência de suas necessidades primordiais que se deve limitar o tempo e
o espaço para garantir que todo um sistema funcione a favor do desenvolvimento pleno
e saudável.
Assim, após ouvir a música, os estudantes podem ser estimulados a conversar sobre seus
compromissos e suas necessidades, pensando na importância de cada um deles, na difi-
culdade em assumir alguns, que são mais chatos e como é cumprir outros, mais divertidos.
O professor pode sugerir que façam essa divisão considerando os compromissos que eles
têm com eles mesmos, no que refere ao autocuidado, nos compromissos que têm com
seus familiares, na convivência familiar e nos compromissos que têm com a escola, na
convivência social. Outra possibilidade é a criação de uma lista de rotina, compromissos
pessoais e sociais, seguida de uma reflexão sobre como se sentem ao cumprir cada item.
Nem sempre todos os compromissos que assumimos são agradáveis, pois escovar os
dentes e arrumar os brinquedos são vilões e muitos estudantes fazem de maneira des-
compromissada, com intenção contagiada por sentimentos e emoções contrários à im-
portância de tais ações. Esse aspecto é importante refletir com os estudantes, a princípio,
nomeando a emoção de quando fazem determinadas ações (medo, raiva, preguiça, tris-
teza, alegria) e, depois, refletindo quanto tempo dedicam e com que intenção fazem-nas
(vagarosamente, apressadamente, para acabar logo, para fazer bem feito...). O estímulo à
criação de símbolos pelos estudantes pode orientar a definição do estado emocional para
A chamada para consciência do tempo e a definição de limites claros para tais ações é
fundamental. Algumas deverão ser determinadas dentro da rotina escolar e familiar: cinco
minutos de escovação, trinta minutos de alimentação, por exemplo. Aos poucos acontece
a introjeção de tal organização. É importante refletir com eles que o não cumprimento
acarreta consequências graves e, por isso, deve ser refeita. O objetivo é cumprir a neces-
sidade de cuidado, de limpeza, de asseio. É possível obturar um dente careado, mas este
está longe de ser o objetivo de dentes sadios. Dentes sadios se mantêm com prevenção
de cáries. Os estudantes precisam ir, aos poucos, compreendendo tais questões, tendo
criado pontos de referência.
É importante ressaltar que o tempo de ações livres deve ser assegurado na rotina dos
estudantes, para que eles possam desenvolver autonomia e protagonismo na autogestão
de tempo e espaço, escolher com que e como brincar, ficar sem fazer nada, parada num
canto, também faz parte de uma rotina saudável e deve ser considerada para um bom
desenvolvimento emocional.
COMENTÁRIO
AVALIAÇÃO
Texto 1
A percepção do tempo
Para os gregos da Antiguidade o tempo tinha dois conceitos: chronos ou kyros. Chronos é
o tempo do relógio medido em segundos, minutos e horas, e aparece na raiz de palavras
como “cronologia” e “cronológico”. Kyros é a atemporalidade, é viver o aqui e o agora,
a sincronia e carpe diem – colher o dia, aproveitar o momento... Chronos e kyros repre-
sentam quantidade e qualidade, o que reflete o significado de nossa luta contra o tempo.
Enquanto chronos está fixado num padrão objetivo, kyros varia muito, pois é subjetivo e
pode ser uma experiência positiva ou negativa. Por exemplo: para a maioria das pessoas,
45 minutos passados numa cadeira de dentista parecem mais tempo que o mesmo perí-
odo gasto quando se lê um livro fascinante ou se assiste a um filme que prende a atenção.
Como podemos vivenciar mais tempo kyros positivo e menos chronos? Fazer uma coisa
por vez, recusar-se a levar uma vida cheia de compromissos e arranjar tempo para as
pessoas e atividades importantes de nossa vida são pontos fundamentais para equilibrar
a quantidade e a qualidade do nosso tempo.
[MACDONALD, Lucy. Aprenda a usar o Tempo: saiba como equilibrar sua vida pessoal e profissional
e encontre o bem estar. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 15]
Texto 2
Crianças precisam de mais tempo livre
para desenvolver a criatividade
Jeanne Callegari e Malu Echeverria
Agendas menos lotadas e brincar do que realmente gosta é essencial para ensinar
a pensar
Criatividade sem ócio não existe, diz o escritor gaúcho Luiz Antônio de Assis Brasil. A frase
é parte de um conto de ficção, mas o pensador italiano Domenico De Masi, conhecido pelo
best-seller O Ócio Criativo (Editora Sextante), provavelmente concordaria. O ócio, para
De Masi, não é ficar à toa, mas ter tempo livre para fazer o que nos interessa e, assim,
poder criar com liberdade.
Criatividade, aliás, é a ordem do dia. Os pais sabem que, hoje, para se destacar, as crian-
ças têm de pensar criativamente. A chave para o futuro está mudando de mãos, como diz
O que não combina com as agendas lotadas das crianças do século 21. Estudo recente da
Academia Americana de Pediatria aponta os fatores que consomem o tempo dos peque-
nos, atrapalhando o livre-pensar. Excesso de atividades e rigor para entrar na faculdade
estão entre eles.
Qual a saída? Para a psicanalista suíça Corinne Maier, autora de Bom Dia, Preguiça (Edi-
tora Campus Elsevier), é mostrar às crianças o lado positivo do ócio. “Devemos ensiná-las
a fazer o que querem, e não só a obedecer os outros”, diz.
Mas, para criar um líder e não uma abelha operária, vale a tentativa. Para começar, nada
de gerenciar todos os espaços livres da agenda das crianças. Eles precisam de tempo
para sonhar. Escolhendo as próprias brincadeiras, vão descobrir do que gostam. Caso
contrário, como diz o professor Rubem Alves, no futuro, serão apenas ecos das receitas
ensinadas e aprendidas.
[Texto adaptado de Crianças precisam de mais tempo livre para desenvolver a criatividade. Dispo-
nível em: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer. Acesso em: julho de 2016].
Referências Bibliográficas
MACDONALD, Lucy. Aprenda a usar o Tempo: saiba como equilibrar sua vida pessoal e profissional e encontre o bem
estar. São Paulo: Publifolha, 2006.
Pequeno cidadão
Arnaldo Antunes/ Antonio Pinto
É sinal de educação
Fazer sua obrigação
Para ter o seu direito
De pequeno cidadão
©BMG
Rommel Diaz/Pixabay
O que leva uma pessoa a se sensibilizar com a dor do outro e a devotar a ele o que tem
de melhor de seus sentimentos? Pergunta sem uma única resposta, mas suas atitudes
Esse é o foco da nossa aula: promover situações nas quais a gentileza seja um valor
cultivado.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de pedir ajuda e ajudar a colegas e adultos – ser
prestativo.
Material necessário
• Recortes de cartolina ou papel cartão brancos ou coloridos, de 10 x 10 cm, para
confecção das flores – 1 para cada trio.
• Recortes de cartolina ou papel cartão de 4 x 4 cm, para confecção dos miolos das
flores – 1 para cada trio.
• Pedaços de papel colorido, miçangas, botões, ou o que tiver à disposição para se-
rem usados para enfeitar as flores – um pouco para cada trio.
• Lápis grafite e material para colorir, para cada trio.
• Tesoura – para cada trio.
• Canudinho de plástico, a ser usado como cabo das flores – 1 para cada trio.
• Fita adesiva.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa
• Elaboração de flores, com palavras ou expressões de gentileza.
• Entrega das flores à Equipe Escolar (gestor, professores, co-
ordenadores, funcionários...).
Em Roda de Conversa, professor e estudantes trocam ideias sobre o que é ser gentil.
O professor inicia a conversa formulando algumas questões que orientam as crianças
a pensar sobre gentilezas: Sabem o que é gentileza? Em que momentos ela acontece?
Receber uma gentileza deixa a gente mais alegre? Que demonstração de gentileza
temos nas seguintes situações: quando encontramos uma pessoa pela primeira vez no
dia; quando queremos que alguém nos faça alguma coisa; quando alguém nos faz um
favor; quando queremos passar em algum lugar e outra pessoa está na nossa frente;
quando queremos agradar alguém; quando alguém fez uma coisa muito legal; ou quando
se faz aniversário; quando fazemos algo que magoou outra pessoa?
Enfim, são muitas as questões que podem ser feitas e o professor pode complementá-las.
Nesse caso, a finalidade consiste em fazer com que as crianças, aos poucos, lembrem-se
e mencionem palavras ou expressões agradáveis que demonstrem gentileza.
Em seguida, com a participação dos estudantes, o professor escreve uma lista das pala-
vras ou expressões faladas na Roda de Conversa e explica que, em trios, deverão produzir
uma flor com palavras gentis, que será distribuída a pessoas da escola.
Em trios, agora, vão confeccionar a flor, com recortes de cartolina ou papel cartão. Podem
colorir ou enfeitar com pedacinhos de papel colorido, ou colar miçangas. O importante é
que sejam criativos e caprichosos, porque a flor precisa ficar muito bonita, já que, com
ela, pretendemos agradar as pessoas.
O professor distribui os pedaços de cartolina, ou papel cartão, para que desenhem sua
flor, orientando que ocupem o maior espaço possível. Depois de desenhá-la, vão recortar
e colorir ou enfeitar as pétalas. Podem incluir algumas folhas, também. Então vão fazer
o miolo, que pode ser um círculo recortado de outro pedaço de papel. Nesse círculo, vão
escolher uma das palavras da lista escrita na lousa, escrevê-la e colar no centro da flor.
Colam a flor e as folhas no canudinho.
Terminadas as flores, a turma toda vai combinar o que dizer ao entregar a flor a alguém
da escola. A mensagem deve expressar a importância de ser gentil todos os dias. Alguns
exemplos que podem ajudar: “Ser gentil é muito importante”; ou “Gentilezas trazem ale-
gria”; ou “Que tal ser gentil todos os dias?”. Decide-se por uma frase que todos devem
dizer ao entregar a flor. Então, em trios, saem pela escola e entregam a flor à primeira
pessoa que encontrarem.
A disponibilidade para entregar a flor a outras pessoas e a forma como se dirigem a elas
são um indício da compreensão da atividade e da apropriação do gesto que realizam.
Por fim, o modo como aceitam, ou não, o combinado proposto, também reflete a disponi-
bilidade de incorporá-lo em suas ações, que é o objetivo maior desta aula.
O poder da gentileza
Por Edivaldo Pinheiro
Quem não gosta de ser bem tratado? Quem não gosta de, na hora de um aperto, ter
alguém por perto pra nos dar a mão? Quem não se sente bem diante de um sorriso ver-
dadeiro? Quem não gosta de ver seu nome pronunciado por alguém? Atitudes de carinho,
respeito e atenção fazem toda a diferença. E as pessoas que agem com gentileza,
com respeito e consideração são sempre muito admiradas por quem recebe um compor-
tamento tão agradável, produto de uma pessoa gentil.
Não há como negar que a gentileza não só nos deixa mais felizes como também nos ajuda
a viver mais. Muito do que torna a vida mais difícil – uma batidinha no carro, uma porta
que alguém não segurou quando você passou, um motorista de ônibus que, antes mesmo
de você conseguir se posicionar dentro ônibus, arranca sem considerar que você pode
cair, o caixa do supermercado sempre mal humorado – se deve à falta de consideração
pelo outro. Certamente que o mundo seria bem melhor se todos fossem um pouquinho
mais gentis. Ao tentarmos entrar numa rua movimentada, por exemplo, alguém nos cede
passagem. No supermercado, você deixa alguém apressado entrar na sua frente na fila do
caixa. No ônibus lotado, você se levanta para dar lugar a quem parece cansado.
A gentileza nos ensina que temos em nós a capacidade de ajudar os outros, principal-
mente os que nos são próximos, a fim de garantir nossa sobrevivência. Haja vista que
o bem-estar que sentimos ao fazermos algo de bom pode nos incentivar a ter atitudes
gentis com as pessoas de nossa comunidade.
Mas o que é gentileza? Gentileza é um modo de agir, um jeito de ser, uma maneira de en-
xergar o mundo. Dessa forma, ser gentil é um atributo muito mais sofisticado e profundo
do que ser educado ou meramente cumprir regras de etiqueta, porque embora possamos
Percebemos que as pessoas não conseguem ser gentis porque a rotina nos cega. Pressio-
nados por ideias equivocadas, que nos pressionam a ter sempre mais, a cumprir prazos
sem nos respeitarmos, a atingir metas que, muitas vezes, não fazem parte de nossa mis-
são de vida e daquilo em que acreditamos nos tornamos mais e mais insensíveis. E nesta
insensibilidade, vamos agindo e nos relacionando com as pessoas – mesmo com aquelas
que amamos – de forma menos gentil, mais apressada e mais automatizada, sem nem
nos darmos conta disso. É por isso que, a meu ver, ser gentil não pode depender do outro,
não pode ser uma moeda de troca, tem que ser uma escolha pessoal, um entendimento de
que podemos fazer a nossa parte e contribuir sim para um mundo melhor. Leonardo Boff
tem uma frase maravilhosa que resume bem o que quero dizer: “Não serão nossos gritos
a fazer a diferença e sim a força contida em nossas mais delicadas e íntegras ações”.
Ser gentil nada tem a ver com ser bobo e fazer o que todos querem que a gente faça. Muito
pelo contrário: quanto mais gentil somos com as pessoas, mais gentil somos também
com nossa verdade, com nossos valores. Assim, dificilmente nos aviltaremos em nome de
algo que não esteja de acordo com nosso coração. Pessoas que dizem sim a todos estão,
na realidade, reforçando uma imagem de ‘vítimas da vida’, alimentando um argumento
de ‘coitadinhas’, de extremamente boas e injustiçadas. Isso não é ser gentil e demonstra
mais uma dificuldade em lidar com sua própria carência do que a força ou o poder contido
na gentileza.
Aprender a dizer não nem sempre é uma tarefa simples. A gente aprende que tem de cor-
responder às expectativas de quem amamos, desde pequeninos; daí, quando crescemos,
não sabemos dizer não sem nos sentirmos culpados. Daí para justificar nosso medo de
dizer não, é um pulo; afinal, é bem mais fácil transferirmos a responsabilidade de nossas
limitações para o outro. Ser gentil é extremamente benéfico quando se entende que a gen-
tileza abre portas, muda o rumo dos conflitos, facilita negociações, transforma humores,
melhora as relações, enfim, propicia inúmeras vantagens tanto na vida de quem é gentil
quanto na de quem se permite receber gentilezas.
No ambiente de trabalho, por exemplo, é fato que as empresas têm preferido, cada vez mais,
profissionais dispostos a solucionar problemas e favorecer as conciliações. Afinal de contas,
competência técnica é oferecida em universidades de todo o país, mas habilidades humanas
como a gentileza são características escassas e muito bem quistas no mundo atual. Pesqui-
sas diversas têm demonstrado que a gentileza também pode nos deixar mais felizes.
A gentileza nos faz bem de outras maneiras, por exemplo: os que ajudam os outros regu-
larmente têm mais saúde mental e menos depressão, dizem as pesquisas. Pessoas solidá-
rias têm menos probabilidade de sofrer de doenças crônicas, e seu sistema imunológico
tende a ser melhor, porque existe uma relação direta entre bem-estar, felicidade e saúde
nas pessoas. A gentileza talvez ajude a regular as emoções, o que causa impacto positivo
sobre a saúde. Se nosso instinto biológico automático do tipo” lutar ou correr” ficar
ativo demais por causa do estresse, o sistema cardiovascular é afetado e a imunidade do
corpo enfraquece. Portanto, é difícil ficar zangado, ressentido ou amedrontado quando se
amor altruísta pelos outros, em outras palavras, quando se é gentil.
1.
Tente se colocar no lugar do outro. Isso o ajuda a entender
melhor as pessoas, seu modo de pensar e agir.
2. Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar
qualquer desavença ou problema.
3. Pratique a arte da paciência. Evite julgamentos e ações
precipitadas.
4. Peça desculpas. Isso pode prevenir a violência e salvar
relacionamentos.
5. Pense positivo. Procure valorizar o que a situação e o outro
têm de bom e perceba que este hábito pode promover ver-
dadeiros milagres.
6. Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de
modo diferente de você. As diferenças são uma verdadeira
riqueza para todos.
7.
Seja solidário e companheiro. Demonstre interesse pelo
outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
8. Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas depende de
se descobrir a raiz do problema.
10.
Mude a sua maneira de ver os conflitos. A gentileza nos
mostra que o conflito pode ter resultados positivos e ainda
tornar a convivência mais íntima e confiável.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: O menino e o monstro
Autor: Henrique Sitchin
Editora: Panda Books
Ano: 2016
Número de páginas: 48
Negative Space/Pexels
As formas de comunicação são as mais diversas possíveis: fala, escrita, expressões fa-
ciais, gestos, desenhos, música... São muitas as linguagens que temos à disposição para
entrarmos em contato com o outro. Mas as diferentes situações sociais exigem, também,
diferentes capacidades de comunicação.
Há algum tempo os estudos das Psicologia e da Pedagogia já têm demonstrado que os iguais
também são fonte de conhecimento, uns para outros; não apenas o professor. As crianças
aprendem com o conhecimento dos demais, com suas dúvidas, hipóteses. Enfim, quando o
trabalho pedagógico é bem formulado, elas só têm a crescer ao compartilhar ideias e ativi-
dades entre si.
Objetivo geral
• Desenvolver a capacidade de empenhar-se nas mesmas ideias ou atividades com
pares, por meio do uso adequado da linguagem em diferentes situações sociais.
Material necessário
• 1 cópia colorida do Anexo A – Mulher em frente ao sol, para o trio comunicador.
• Lápis grafite, borracha e material para colorir (lápis de cor, ou canetinha hidrográ-
fica, ou giz de cera) – 1 conjunto para cada trio.
• Fita adesiva.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa.
• Reprodução de um quadro a partir de orientações orais.
O professor propõe uma situação imaginária: informa que vão fazer uma atividade de
reprodução de um quadro famoso, por encomenda de vários museus, e que essa versão
precisa ser o mais fiel possível ao original, para que seja aceita pelos especialistas. No
entanto, complementa que não podem ver o quadro, somente ouvir as instruções de como
deve ser feito.
A turma é dividida em trios. Um dos trios será o comunicador: orientará, somente com
palavras, a reprodução da obra de arte pelos demais grupos. Não pode deixar que os ou-
tros estudantes vejam o quadro.
Com o anexo A em mãos – Mulher em frente ao sol (de Joan Miró), o trio comunicador
se retira por cinco minutos da sala, a fim de analisar o quadro e decidir como vão dar as
orientações: por onde começar, como falar dos tamanhos das imagens, como vão orientar
as cores, se vão mandar que comecem desenhando com lápis grafite para depois colorir
ou não...
Ao retornarem, ficam de frente para os trios, de modo que ninguém possa ver o quadro
original. Avisam que ninguém pode fazer perguntas. Devem prestar atenção nas instru-
ções e reproduzi-las no papel.
Os outros trios recebem uma folha de papel, lápis grafite e material para colorir. Devem
fazer apenas um quadro por grupo. Antes de começarem a desenhar ou pintar, a cada
orientação precisam conversar para decidir como vão colocar no papel as instruções
dadas pelos comunicadores.
O trio comunicador começa, então, a dar as orientações e os demais trios vão desenhando
ou pintando o que compreendem.
Depois de algum tempo, avisam que, a partir de agora, as perguntas são permitidas.
Continuam dando as instruções até que considerem que o quadro foi descrito completa-
mente. Revelam o nome do artista e o quadro original para que todos o comparem com
suas reproduções e observem o que há de semelhante ou de diferente do modelo.
Cada trio cola suas produções no painel da sala, montando uma exposição. Os estudantes
são convidados a apreciar as obras de todos.
Em Roda de Conversa, estudantes trocam impressões sobre a atividade: foi fácil comuni-
car a obra para os outros? Por quê? Foi fácil compreender as orientações? A linguagem
AVALIAÇÃO
O professor deve observar a comunicação nos dois níveis: orientar a pintura e compreen-
der as orientações, avaliando a qualidade da comunicação em ambas as situações.
Ao final, pelos comentários dos estudantes na Roda de Conversa, avalia se houve compre-
ensão da necessidade de clareza na comunicação para que as reproduções pudessem se
aproximar o mais possível do quadro original.
Cada estágio da vida oferece ao indivíduo desafios importantes para o seu desenvolvi-
mento. O ser humano está em constante processo de aprendizagem e essa não ocorre
de forma isolada. São inúmeros os fatores, tanto biológicos, quanto sociais ou históricos
que influenciam na formação do sujeito, mas que isoladamente não determinam a sua
constituição. Como afirma Vigotski (2001, p.63) “o comportamento do homem é formado
por peculiaridades e condições biológicas e sociais do seu crescimento”.
A partir da abordagem do autor, é possível observar que a interação tem papel funda-
mental no desenvolvimento da mente. A partir da interação entre diferentes sujeitos se
estabelecem processos de aprendizagem e, por consequência, o aprimoramento de suas
estruturas mentais existentes desde o nascimento.
Neste processo, o ser humano necessita estabelecer uma rede de contatos com outros
seres humanos para incrementar e construir novos conceitos. O outro social, se torna
altamente significativo para as crianças que estão no auge do seu desenvolvimento, uma
vez que assume o papel de meio de verificação das diferenças entre as suas competências
Assim como teoriza Vigostki, acerca da natureza social do ser humano que o acompanha
desde seu nascimento, Rogoff aprofunda a teoria afirmando que através da apropriação
participatória os envolvidos estabelecem novas condição para aquela situação. Ou seja,
estabelecem conexões conforme as necessidades do grupo, dinâmica natural uma vez
que todos os processos biológicos e sociais se organizam em uma lógica reticular, assu-
mindo-se como uma pessoa que se comunica com outras e que, com estas, estabelece
relações conforme seu interesse.
O ser humano não vive isolado, ele participa de diferentes ambientes. Os grupos reúnem
seus integrantes em torno de um objetivo comum e as pessoas geralmente participam
desses porque se sentem acolhidas, porque percebem que naquele grupo sua presença é
ROGOFF, B. Observando a atividade sociocultural em três planos: apropriação participatória, participação guiada e
aprendizado. IN.: WERTSCH, James V.; ALVAREZ, Amelia; DEL RÍO, Pablo. Estudos socioculturais da mente. Porto
Alegre: ARTMED, 1998.
____________. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
MELLO. E. F. F e TEIXEIRA. A. C. A interação social descrita por Vigotski e a sua possível ligação com a aprendizagem
colaborativa através das tecnologias de rede. In: IX ANPED SUL, Seminário de Pesquisa em Educação, Região Sul,
2012. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/6/871
(reprodução parcial) Acesso em setembro de 2016.
Inspirador do filme com mesmo nome, o livro conta a história de uma menina que
se une a um gigante de sete metros para combater outros gigantes malvados,
que querem tomar a cidade e aterrorizar os humanos.
Pixabay/Pexels
Nesta sequência de aulas “Oba! Posso fazer meu próprio brinquedo” e “Tá difícil de fazer, mas
eu posso dar um jeito” busca-se a experimentação das possíveis formas de agrupar materiais
com tamanhos e texturas diversas, ressignificando sua função original. Desta forma, um novo
uso se estabelece ao construir uma relação com o brincar. Isso ocorre, na medida em que os
estudantes observam e avaliam os diferentes materiais disponíveis e suas possibilidades de
uso, tanto funcionais quanto estéticas, no planejamento do brinquedo que deseja.
Mesmo ainda sem sistematizar num registro absolutamente decodificável aos olhos de
um adulto, a criança estabelece, graficamente, o que se deseja construir.
Os materiais separados para estas aulas podem ser tanto matérias orgânicas, como: folhas,
galhos, pequenas rochas; ou também materiais que compõem o grupo chamado de sucatas.
Desta forma, abre-se outro caminho de reflexão que não seja somente a reutilização como
forma sustentável de viver, mas também o debate de como os produtos são fabricados,
como eles chegam até seus consumidores e como se pode reduzir o consumismo.
Objetivo geral
• Motivar a ordenação do pensamento para a criação de planejamento e a execução
de um novo brinquedo;
• Fortalecer responsabilidades socioambientais.
Material necessário
• Equipamento de som;
• Músicas do CD – álbum Semeando em canto. Produção da Companhia Artística Se-
meando Encantos. Disponível para downloads em: http://www.semeandoencanto.
com.br/downloads;
• Folha sulfite com tamanho A3 (uma por estudante);
• Estojo com 6 lápis grafite, 3 apontadores, 6 borrachas, diversos lápis de cor e di-
versas “canetinhas” (seis estojos para a turma compartilhar);
• Diferentes materiais de sucatas, prioritariamente coletados na própria Unidade Es-
colar, como: caixa de papelão de diferentes tamanhos, tampas de garrafas, sobras
dos tubos e tampas de canetas, rolos de fitas acabadas, garrafas plásticas e outras
embalagens;
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
Nesta próxima etapa, caminhem pela escola com as caixas e/ou sacos para vasculharem
lixeiras, jardins e outros cantos possíveis de encontrarem objetos para a criação de brin-
quedos. Se preferir pode-se organizar a turma em três (3) grandes grupos de estudantes
e estabelecer um tempo, bem como um local de encontro para estimular a autonomia e a
responsabilidade dos estudantes.
Com a mediação da conversa, direcione o olhar para as possibilidades que esses materiais
oferecem para a criação de um brinquedo.
COMENTÁRIOS
OBJETIVO
DESENVOLVIMENTO
Organizar a turma nos grupos com até seis (6) estudantes para distribuir os kits de es-
tojos. Entregar para cada um dos estudantes a folha A3 para construir um croqui, um
esboço do que irá confeccionar.
Neste momento, todos manuseiam os objetos e utilizam o seu repertório acumulado para
livremente criar. Desse modo, as habilidades de cada um são favorecidas, concomitante-
mente, com uma afloração de seu mundo de fantasias.
Não se esqueçam de registrar com desenhos, símbolos e palavras o brinquedo a ser cons-
truído. Sempre que possível o professor deve também criar em conjunto com os estudan-
tes, ou seja, crie você também o seu brinquedo! Não há dúvidas das ideias maravilhosas
que surgem quando ocorre a oferta do tempo para a livre criação.
AVALIAÇÃO
Exponha os registros gráficos do planejamento na própria sala, pois eles serão a base para
a aula seguinte.
Como essas atividades podem se prolongar por mais de 45 minutos, permita-se duplicar
o tempo-espaço. Isso favorece ainda mais o desenvolvimento da competência e da ha-
bilidade, por parte dos estudantes, de refletir e planejar com detalhes o brinquedo, bem
como a melhor fruição do tempo em que estão juntos.
Canoas de isopor
Mar pede navegar, pede flutuar com velas aprumadas com o vento, pede precisão de
meninos certeiros no corte do isopor ao construir suas canoas.
Aqui em Tatajuba estamos aprendendo sobre a natureza do brincar líquido. Estamos per-
cebendo o quanto um bom capitão de canoas de isopor precisa conhecer os movimentos
do ar mais até mais do que da água. A simetria do peso dos ventos contrabalanceada por
pedrinhas ou lama dentro das canoas. Conhecimentos do universo da navegação.
Os meninos aqui têm dois tipos de canoas: de isopor ou de raiz da timbaúba. Enquanto
aguardamos a raiz da timbaúba secar dias no sol, fomos aprender como fazem as de isopor.
Achar o isopor para tantos meninos não foi um problema, afinal, o Seu Zé Arteiro compra
isopores quebrados, junta toneladas no seu quintal, e os usa para encher as balsas que
atravessam turistas de lá pra cá de Jericoacoara.
Assistir as mãos dos meninos em cortes precisos do isopor, que retiram os excessos e vão
aos poucos apresentando o formato certinho da canoa, é um presente para nós. Suas mãos
erram bastante também mas a persistência segue na frente e a canoa acontece de um jeito
ou de outro.
Os gestos sutis do corte são redobrados no feitio dos mastros. As talas do mastro e da
tranca precisam ter peso ideal, tamanho certo, “senão não presta para navegar”, dizem
eles. A vela, ou pano como eles chamam, é de sacola plástica costurada detalhadamente
por toda sua dimensão.
Uma manhã inteira para dar a forma a canoa de isopor, outra manhã para construir os
mastros e lemes. Foi só no terceiro dia que tudo ficou pronto para colocar as canoas na
água e fazer as regatas.
A regata é o pico da brincadeira, mas nem por isso o principal. Fazer o brinquedo é brin-
cadeira pura, é mergulhar nas entranhas dos materiais e ir dialogando com eles nos mais
diversos caminhos do imaginário.
Quem não sabe fazer permanece ao lado usufruindo dos principais mecanismos de apren-
dizagem: a observação silenciosa e atenta. Ninguém ensina ninguém, mas todos apren-
dem fazendo junto.
A regata acontece nos melhores momentos de vento do dia. Cada qual se posiciona no
mar com sua canoa e com a fé de que será o vencedor.
Ao sinal de “já” simplesmente tiram as mãos da embarcação e o vento faz todo o resto.
Só vale encostar nela novamente caso tombe ou mude de rumo, senão, é correr até a
chegada para conhecer o vencedor.
Meirelles, Renata. Texto escrito para o projeto Território do Brincar. Disponível em: http://terri-
toriodobrincar.com.br/biblioteca-cat/olhares-brasil/oficinas-do-brincar-as-maos-e-os-desejos/
canoas-de-isopor/ .Acesso em novembro de 2016.
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Frans Krajcberg. A obra que não queremos ver –
Caderno-ateliê
Autoras: Renata Sant’anna e Valquíria Prates.
Editora: Paulinas
Ano: 2006
Número de páginas: 56
Referências bibliográficas
Site Brincando por Aí, “Porque construir brinquedos de sucata NÃO ensina sustentabilidade”. Artigo disponível
em: http://naescola.eduqa.me/atividades/porque-construir-brinquedos-de-sucata-nao-ensina-sustentabilidade/.
Acesso em novembro de 2016.
Donovan Valdivia/Unsplash
Na aula anterior “Oba, eu posso fazer meu próprio brinquedo”, houve um planejamento
para iniciar uma execução do projeto. Nesta aula, cabe concretizar os objetivos planeja-
dos, e concomitantemente, identificar as dificuldades, bem como proporcionar caminhos
para solucioná-las.
Objetivos gerais
• Capacitar continuamente a formação e a realização de objetivos;
• Propiciar soluções para possíveis obstáculos.
Material necessário
• Equipamento de som;
• Músicas do CD-álbum Semeando em canto. Produção da Companhia Artística
Semeando Encantos. Disponível para downloads no sítio http://www.semeando
encanto.com.br/downloads;
• Planejamento em folha sulfite com tamanho A3 realizado na aula “Oba, eu posso
fazer meu próprio brinquedo”. Cada estudante com seu planejamento (rascunho);
• Estojo com 6 lápis grafite, 3 apontadores, 6 borrachas, diversos lápis de cor e di-
versas “canetinhas”. Seis estojos para a turma compartilhar;
• Diferentes materiais de sucatas, prioritariamente, coletados na própria Unidade
Escolar, entre estes materiais: caixa de papelão de diferentes tamanhos, tampas
de garrafas, sobras dos tubos e tampas de canetas, estruturas de rolos de fitas,
garrafas plásticas e outras embalagens. Importante: os mesmos devem ter sido
coletados na aula anterior e, previamente, separados nas caixas e/ou sacolas de
cada estudante;
• Diferentes materiais orgânicos coletados na própria escola, como galhos, folhas
secas e pequenas rochas, também coletados na aula anterior e, previamente, se-
parados nas caixas e/ou sacolas de cada estudante;
• Outros materiais possíveis, como revistas e jornais usados, arame coberto de fe-
char embalagens, guaches e/ ou sobras de tintas naturais já realizadas em outros
momentos, barbantes e linhas para acabamentos e finalizações;
• Kits de 3 cola, 3 pincéis, 6 tesouras, 1 fita crepe e/ou 1 durex (seis kits para a turma);
• Cola quente para o uso do professor;
• Sete cestos e/ou sacos de coleta de lixo.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa;
• CD Semeando em cantos para música ambiente;
• Suporte material para a confecção dos brinquedos;
DESENVOLVIMENTO
A movimentação dos corpos é natural, bem como os resíduos produzidos com o manuseio
dos materiais. Neste ponto, vale a indicação que a organização e limpeza do espaço per-
tence continuamente à realização do brinquedo. Assim, disponha de alguns cestos de lixo,
no caso, seis (6) cestos para coletar estes materiais recicláveis. E, um outro, para coletar
as sobras dos materiais orgânicos e, assim, serem devolvidos para um jardim. Sempre
bom recordá-los da separação dos resíduos sólidos.
Como finalização desta Roda de Conversa, informe sobre a utilização da música ambiente.
As músicas sugeridas configuram um ambiente criativo e remetem à aula do planeja-
mento, pois se utiliza do mesmo grupo artístico Semeando Encantos, que propõe refle-
xões sobre as boas práticas socioambientais.
Agora é deixar a livre criatividade extravasar para as confecções dos brinquedos. O papel
ativo do professor, como apoio, é de suma importância para este momento no qual os estu-
dantes se organizam, desde a busca por seus materiais, dos rascunhos e os outros elemen-
tos necessários para a realização da atividade. Observar como se distribuem no espaço do
Ateliê Criativo para ajudá-los, caso seja necessário, organize grupos. Como os kits de cola,
tesoura, lápis, entre outros materiais, estão agrupados em seis estojos, a tendência é que
eles fiquem próximos às fontes de suas necessidades.
Conforme ocorre o término da confecção, monte alguns cantos da sala para colocarem
a produção realizada, agrupe rascunho/planejamento com sua respectiva obra. Espere
todos terminarem para realizar uma conversa avaliativa final.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
Para a conversa avaliativa final, busque a argumentação dos estudantes com o direciona-
mento sobre o percurso produtivo: Como foi planejar e concretizar um brinquedo? Quais
dificuldades apareceram? Quais conseguiram superar? A superação veio por meio de si
próprio ou obteve ajuda? Estas questões ajudam a sistematizar a autoavaliação.
Ainda durante a conversa final, sugira a possibilidade de realizar uma exposição dos
brinquedos durante um intervalo ou horário de almoço do período letivo. Elaborar um
Os embates com materiais difíceis para composição de um brinquedo, por menor que
ele seja, pedem a diligência de todo o corpo, todos os músculos. Tal esforço é encontro
marcado, com a vontade, que, como solda, une a mão e o martelo, o corpo e o brinquedo,
os músculos e o material. A uma implicação direta de conhecimento, uma objetividade
radical. Os espasmos que lastreiam a musculatura a contração da mente concentrada
no objetivo a prensagem que todo o corpo exerce sobre o material são os tentáculos da
vontade que emperra como senhora da corporeidade do brincar.
A matéria dura marcará o corpo também pelo limite, pela impossibilidade, pela força inci-
siva da natureza. Surgem os valores do respeito diante do impávido, do imensurável forte.
O limite dado é valorado com respeito ao mundo e às próprias forças. Os testes do brincar
material transformam marcas corpóreas de impacto e temor em gestos de autocontrole.
Trabalham como tônus, governam os descontroles da vontade. Pode-se ver, aqui o des-
contar dos sentimentos mais nobres de reverência. Os primeiros sensos de humildade.
(PIORSKY, GANDHY. Brinquedos do chão. A natureza, o imaginário e o brincar. São Paulo: Editora
Peirópolis, 2016).
Livro: Malvina
Autor: André Neves
Editora: DCL
Ano: 2015
Número de páginas: 32
Malvina, uma menina inventiva, uma criadora de engenhocas que um dia resolve
ajudar os adultos a não mais ter a cabeça cheia de preocupações e, assim, pla-
neja uma máquina para isso. Mas, algo inesperado acontece com suas ideias.
E agora?
Site Na Escola: Porque construir brinquedos de sucata NÃO ensina sustentabilidade. Artigo disponível em http://
naescola.eduqa.me/atividades/porque-construir-brinquedos-de-sucata-nao-ensina-sustentabilidade/. Acesso em
novembro de 2016.
betinasuarez/Pixabay
A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento de uma criança que foi reconhe-
cida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos como um di-
reito. Quando brincam as crianças usam sua criatividade, desenvolvem sua imaginação,
destreza e força física, cognitiva e emocional. Brincar é fundamental para o desenvolvi-
mento saudável do cérebro.
Ao brincar, as crianças, desde muito cedo, se engajam e interagem no mundo ao seu redor,
criam e exploram um mundo que podem dominar, desafiando os seus medos enquanto pra-
ticam papéis adultos, às vezes, em conjunto com outras crianças ou mesmo com adultos.
Acima de tudo, brincar é uma alegria simples. É uma parte muito querida da infância.
Objetivo geral
• Estimular a capacidade de criar, planejar e executar projetos coletivos que consi-
derem o cuidado com o meio ambiente.
Material necessário
• 1 pen drive com o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=TwPQnOzQlSI do
minuto 00 até 4’13
Para melhor visualização, seguem as figuras que representam o início e o fim do vídeo.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
• Execução do projeto.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Exibição do vídeo
• Observação e exploração da brinquedoteca;
• Toró de Palpites (brainstorm);
• Formação de grupos e planejamento;
• Execução do plano;
• Roda de Partilha e avaliação.
Primeiro momento:
A proposta é iniciar a aula com o jogo exploratório Caminhada com a câmera proposto
por David Earl Platts, no livro Autodescoberta Divertida (1997,71). O jogo propõe que os
estudantes organizados em trios vivenciem a perspectiva do outro, ao mesmo tempo em
que tenham novas ideias sobre o espaço da brinquedoteca, explorando o ambiente e os
materiais disponibilizados para a realização do projeto coletivo. Nesse momento, os mate-
riais selecionados para a aula (em quantidade suficiente para os estudantes) devem estar
expostos de modo a garantir que todos os estudantes possam visualiza-los.
Divididos em trios, cada grupo deve definir quem será ‘A’, quem será ‘B’ e quem será ‘C’
e ficar de pé, todos juntos. ‘A’, com os olhos vendado, permite que ‘B’ o leve para passear
pela brinquedoteca em busca de “boas fotos”. ‘B’ se torna o olho da câmera para ‘A’,
levando-o a um objeto interessante ou a um cenário digno de uma “foto”, ou qualquer
coisa que quer que ‘A’ vivencie. O mesmo processo se repete com o ‘B’ sendo levado para
“passear” pelo C ’e, finalmente, o ‘C’ sendo levado pelo ‘A’. Para simular a “fotografia ima-
ginária”, eles devem fazer um um retângulo com suas mãos em frente aos olhos do colega
que está “passeando” (simulando o visor de uma câmera) e quando tiver encontrado o
ângulo e a posição desejados, um sinal é dado para que esse estudante (que está passe-
ando) possa abrir os olhos (os olhos equivalem à abertura da câmera), até que o colega
que está guiando faça novo sinal para que o colega feche os olhos de novo. O tempo pode
ser variado e a velocidade com que se ‘tiram as fotos’ também. Após alguns minutos, os
papéis são invertidos. Esse é um exercício não-verbal.
Segundo Momento:
Com os estudantes organizados na grande Roda de Conversa, deve ser iniciada uma
sessão de Toró de Palpites (ou brainstorm). A proposta é que, neste momento, possam
trocar impressões sobre a exploração do espaço de forma a utilizar os materiais que se
encontram na brinquedoteca. Por isso, devem ser convidados a falar, de maneira livre,
ideias surgidas durante a exploração em duplas no primeiro momento. “O que dá vontade
de fazer para construir um projeto coletivo?” Essa é uma pergunta orientadora. As falas
podem começar com “eu tenho vontade de...” ou “eu tive a ideia de fazer...”.
O que é o brincar?
O ser humano nasce e cresce com a necessidade de brincar, sendo uma das atividades mais
importantes na vida do indivíduo. Por meio das brincadeiras, sabe-se que a criança trabalha
as suas potencialidades, limitações, habilidades sociais, afetivas, cognitivas e físicas.
O brincar, segundo pesquisadores, é uma necessidade que toda criança tem. É, também,
uma atividade que faz parte do seu cotidiano, é comunicação e expressão, associando o
pensamento e a ação; um ato instintivo voluntário; uma atividade exploratória, que auxilia as
crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social; um meio de aprender a
viver, e não um mero passatempo. Durante as brincadeiras, a criança desenvolve o exercício
da fantasia e da imaginação, adquirindo, assim, experiências que irão contribuir para a vida
adulta, experimentando inúmeras sensações que poderão ser usadas na vida cotidiana. Ao
brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para aprender aquilo que ela
quer, precisa, necessita. Está no seu momento de aprender; isso pode não ter a ver com o
que a família, o professor ou o fabricante de brinquedos propõem que ela aprenda.
O tempo de brincar sempre traz lembranças da nossa família, dos nossos amigos e do es-
paço em que brincávamos, pois o jogo é o protagonista da nossa infância. Provavelmente,
um dos espaços onde você brincava era a rua, mas com o crescimento das cidades, a vio-
lência e o aumento da demanda tecnológica, muitas formas do brincar acabaram ficando
mais difíceis. Por exemplo, no passado, tínhamos diversos espaços para explorar o corpo,
tínhamos árvores para subir, muros para escalar, corríamos descalços na rua.
Diante desses fatos, a escola assumiu um papel importante no brincar e nós, do Colégio
Pentágono, sabemos que a brincadeira é de suma importância no dia a dia dos nossos alu-
nos. Sendo assim, ela está presente nos diversos momentos de aprendizagem, no recreio,
quando nossas crianças podem brincar e explorar o seu corpo da maneira que melhor
lhes convêm e, também, nas aulas de Educação Física, em que são preparadas atividades
que possibilitem explorar o corpo com maior autonomia, criando consciência para as suas
atividades diárias através dos jogos e brincadeiras,deixando, assim, nossos alunos mais
preparados corporalmente e, consequentemente, mais concentrados para as demais aulas
e para o dia a dia.
Referências bibliográficas
FRIEDMANN, Adriana e outros. O direito de brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Scritta: ABRINQ 1992.
PLATTS, David Earl. Autodescoberta Divertida: uma abordagem da fundação Findhorn para desenvolver a con-
fiança nos grupos. São Paulo: TRIOM, 1997.
Gerd Altmann/Pixabay
1
PAVIANI, Jayme. Ensinar: deixar aprender. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, p.84.
O primeiro passo é observar o problema, que estimula a percepção da situação, dos envol-
vidos e do meio. Um segundo momento é conversar com os colegas para encontrar uma
solução e isso mobiliza o raciocínio, o respeito ao ouvir as propostas e a prudência para
realizar a escolha, a decisão diante da situação e encontrar a melhor solução, de forma
justa e solidária, além de estimular outros sentimentos como a determinação, o otimismo
e a coragem. Vale lembrar, que durante as aulas deste projeto, esses sentimentos e emo-
ções são trabalhados, há dedicação individual para cada um deles em diversos períodos e
é justamente a habilidade de juntá-los que abre caminho aos pensamentos mais comple-
xos como a generosidade, o respeito e a prudência.
Objetivos gerais
• Estimular a mobilização do respeito, da determinação e da capacidade de escolha;
• Estimular escolhas com justiça e solidariedade.
Material necessário
• Sementes variadas preparadas para produção de artesanato, por exemplo: açaí,
melancia, buriti, guaraná e dendê. (Ver Anexo A); sugestão de melancia, açaí e olho
de boi (Ormosia arbórea); quantidades suficientes para a produção de um colar por
estudante, misturando as sementes;
• Fio de nylon (01 pedaço de 50 cm por estudante);
• Três (3) recipientes para acomodar as sementes ou quantidade, de acordo com a
variedade de sementes para cada dupla de estudantes.
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVO
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
No Ateliê Criativo e em Roda de Conversa, apresente aos educandos o título da aula “Mui-
tas propostas, uma escolha”. Questione-os sobre o que são escolhas e como elas estão
presentes no dia-a-dia, desde uma decisão simples até a resolução de um grande pro-
blema. Aqui, o professor pode utilizar alguns exemplos para estimular o pensamento,
orientar uma linha de raciocínio e sensibilizar para a proposta geral da aula. Pode utilizar
como exemplo, desde a hora de acordar e escolher a roupa que vai vestir, se primeiro
escova os dentes ou utiliza o banheiro, com qual colega da escola vai lanchar e assim por
diante. Também é possível retomar as atividades de produção dos brinquedos das aulas
anteriores, nas quais tiveram que escolher o que fazer e como fazer.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
DESENVOLVIMENTO
Acomode os estudantes em duplas e entregue a cada uma dois pedaços de fio de nylon
e os recipientes (cada recipiente com sementes diferentes). As sementes utilizadas
devem ser escolhidas previamente na preparação da aula. Seguem sugestões no anexo.
Para a descrição da atividade são usadas sementes de melancia, açaí e olho de boi. Por-
tanto, três recipientes por dupla, uma com semente de melancia, uma de açaí e outra
de olho de boi.
Antes de iniciar a atividade, é necessário que o professor fique atento ao ponto principal
para o adequado desenvolvimento, deve tomar o cuidado de deixar as regras bem claras
para a produção dos colares, pois são estas regras colocarão os desafios para os educan-
dos tomarem decisões e fazerem escolhas.
AVALIAÇÃO
A avaliação ocorre, simultaneamente, ao debate, justamente por esse ser o foco prin-
cipal da atividade e da aula: identificar a necessidade de se fazer escolhas frente às
diversas situações.
Separe dez minutos finais da aula para que as crianças mostrem seus colares e pergunte a
eles como foi escolher a sequência de sementes para produzir o colar. Isso fará com que re-
tomem as ações e pensamentos vividos durante a atividade e reflitam sobre suas escolhas.
Longe de constituir uma surpresa, esses balanços deveriam confirmar e aprimorar o que
o educador já sabe ou pressente. Portanto, não dispensam absolutamente uma observa-
ção contínua, da qual uma das funções é atualizar e complementar uma representação
das aquisições do aluno. Contrariamente ao que se crê, às vezes, a avaliação contínua
preenche uma função cumulativa, até mesmo certificativa, por que nada substitui a obser-
vação dos alunos no trabalho, quando se quer conhecer suas competências, assim como
se julga o pedreiro “ao lado da parede”, cotidianamente, mais do que em uma “prova de
construção”. Todavia, não basta conviver em aula com um aluno para saber observá-
-lo, nem observá-lo com atenção para identificar claramente suas aquisições e modos
de aprendizagem. Sem empregar uma instrumentação pesada, pouco compatível com a
gestão da classe e das atividades. É importante que o educador saiba determinar, inter-
pretar e memorizar momentos significativos que, em pequenos toques, contribuem para
estabelecer um quadro de conjuntos do aluno às voltas com diversas tarefas. O recurso
conjunto de um portfólio e de um diário pode facilitar esse trabalho.
Evidentemente, a observação continua não tem apenas a função de coletar dados com
vistas a um balanço. Sua primeira função é formativa, o que, em um perspectiva prag-
mática, significa que considera tudo o que pode auxiliar o aluno a aprender melhor: suas
aquisições, as quais condicionam as tarefas que lhe podem ser propostas, assim como
sua maneira de aprender e de raciocinar, sua relação com o saber, suas angústias e blo-
queios eventuais diante de certos tipos de tarefas, o que faz sentido para ele e o mobiliza,
seus interesses, seus projetos, sua auto-imagem como sujeito mais ou menos capaz de
aprender, seu ambiente escolar e familiar.
[...]
[PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000,
p. 49-51].
Na Estante
Vale a pena ler
Livro: Jogo de escolhas
Autor: Reginaldo Prandi
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2009
Número de páginas: 144
O Livro de Reginaldo Prandi conta a história de uma família que sai de férias, mas
para escolher o local das férias cria um concurso de histórias. Cada um conta
uma história e o contador da melhor história escolhe o lugar. O livro trata de
diversos sentimentos e a necessidade de se fazer escolhas, uma vez que as his-
tórias contadas pelas personagens seguem também este propósito.
Referências Bibliográficas
Corcetti, Maria Lucinda; da Silva, Rita Maria Cadorin. PROJETO “VIVENDO VALORES NA ESCOLA”. ESCOLA DE EDU-
CAÇÃO BÁSICA BELISÁRIO PENA – CAPINZAL (SC) Pesquisador: Maria Teresa Ceron Trevisol - UNOESC Disponível
em: <http://www.fct.unesp.br/Home/Pesquisa/EducacaoMoral/Projeto_SC.pdf>. Acesso em abril de 2019.
ELÁZQUEZ, Carlos Callado. Educação para a Paz: promovendo valores humanos na escola através da Educação
Física e dos jogos cooperativos. (Tradução Maria Racio Bustios de Veiga). Santos, SP: Projeto Cooperação, 2004.
PAVIANI, Jayme. Ensinar: deixar aprender. EDIPUCRS, 2003. Porto Alegre. Disponível em: <https://books.google.com.br/
books?id=KBaQzz3DC_gC&pg=PA84&lpg=PA84&dq=ensinar+escolhas+e+responsabilidades&source=bl&ots=OcFR-
FM-vub&sig=a2iWlAdcpYxieAi66ADkgzh9sso&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjVqI3k3LzRAhWDIJAKHYV3Ajw4ChDo-
AQgpMAQ#v=onepage&q=ensinar%20escolhas%20e%20responsabilidades&f=false>. Acesso em Janeiro de 2017.
Imagens com exemplos de sementes que podem ser adquiridas em lojas de artesanatos e
biojóias já com os furos para passar o fio. Podem ser naturais ou artificialmente coloridas.
Harish Sharma/Pixabay
Um mundo recheado de ideias! Vivemos assim. Mas nem sempre é fácil lidar com as opi-
niões que divergem das nossas.
Observar que muitas ideias são elaboradas por um apanhado de sugestões de outras pes-
soas pode parecer ruim, nada original. Porém, é justamente pelo intermédio da escuta que
recriamos a originalidade. Já, numa escala coletiva, encontrar um consenso para resolver
uma situação demanda atenção à opinião do outro e argumentação acerca a própria opi-
nião, a fim de buscar uma composição de uma nova ideia comum.
A atividade proposta sugere que as crianças escolham uma brincadeira para realizar no mo-
mento da aula, levando em consideração as múltiplas ideias que surgem ao levantar o ques-
tionamento de qual brincadeira é viável para este momento. Para tanto, é fundamental o(a)
professor(a), em Roda de Conversa, apresentar as ferramentas existentes para a brincadeira.
Objetivos gerais
• Escutar e aceitar ideias numa situação-problema;
• Propor soluções diante de conflitos.
Material necessário
• Corda de pular (três cordas grandes para a turma);
• Saco de bexigas (um saco contendo 20 bexigas em cores diversas);
• Bolas com diferentes tamanhos e modalidades esportivas;
• Folha sulfite A3 e caneta Pillot para o professor registrar as ideias;
• Bastão ou papel com o vocábulo PALAVRA.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
5 minutos
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de Conversa;
• Atividade lúdica do brincar.
DESENVOLVIMENTO
Realizar o acolhimento dos estudantes para uma Roda de Conversa. Exponha a situação
problema com a pergunta “Do que vamos brincar?” Organize o diálogo com as ferramen-
tas disponíveis do brincar: as cordas, as bolas, as bexigas e os espaços aptos para a ativi-
dade, sala, pátio ou quadra. Explique que as ideias das brincadeiras partem do uso desses
materiais, sendo um, dois ou todos. Também devem indicar de que maneira será feita a
escolha final, ou seja, por votação, pela ideia que aparece mais vezes, pela inovação da
brincadeira, por uma nova sugestão de decisão dos estudantes ou mesmo pelo possível
consenso a partir do diálogo.
Utilizar a técnica do bastão, ou mesmo do papel escrito com o vocábulo PALAVRA, para
indicar qual estudante está com o direito à fala. Além de auxiliar na organização, esta
técnica permite que o restante do grupo escute a opinião de cada colega.
Nesta etapa da atividade, destaque que muitas brincadeiras e suas configurações são
possíveis de se realizarem, respeitando o tempo e o espaço disponíveis na unidade esco-
lar: um grupo que joga futebol, outro pula corda ou todos brincam com bexigas, e assim
por diante. Entretanto, cada um tem que elaborar uma ideia e argumentar sua escolha
perante o grupo.
Reserve aproximadamente vinte (20) minutos finais para a realização da(s) brincadeira(s)
escolhidas.
COMENTÁRIOS
AVALIAÇÃO
Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a comunicação para o desenvol-
vimento propõe ações de engajamento de adultos, jovens e crianças que dialogam sobre
suas realidades e constroem mudanças para os problemas e questões sociais e coletivas
que encontram. Ou seja, a comunicação para o desenvolvimento só existe como processo
dialógico, construído de forma colaborativa e a partir da realidade dos envolvidos.
O livro conta uma fábula dos amigos que buscam salvar o Riacho Verde. Juntos
enfrentam o desafio de lidar com muitas ideias diferentes. Para encontrarem o
melhor a ser feito terão que conseguir ouvir as sugestões e respeitarem as opi-
niões de cada um.
A história do pato que só conseguia dar ordens, não ouvia as opiniões dos outros que
moravam na lagoa. Em meio aos conflitos ocasionados por suas proibições, viu seus
amigos irem embora. Dessa maneira, ele começou a rever sua postura de mandão.
Referências bibliográficas
DREW, Noemi. A paz também se aprende. São Paulo: Editora Gaia, 1990.
FILINTO, Tatiana. A menor Ilha do Mundo. São Paulo: Editora Grão, 2010.
Capri23auto/Pixabay
A partir do momento em que se traça uma meta a ser alcançada e segue-se em direção
a sua realização, podem surgir desafios que, inicialmente, parecem impossíveis. Para o
desenvolvimento de ações na formação de protagonistas torna-se fundamental criar con-
dições para que se identifiquem os problemas que poderão surgir no caminho rumo a um
objetivo, a fim de que os estudantes reflitam sobre as mudanças necessárias. Encontrar
saída significa achar a solução adequada para correção de rumos em direção à realização
de um sonho, de um projeto, de um desejo, seja coletivo ou individual.
Material necessário
• Figuras de quebra-cabeças (proposta no Anexo A) ou recortes de revistas – prepa-
rados previamente – 1 para cada grupo de trabalho;
• Papelão para suporte das imagens do quebra-cabeça;
• Tesoura;
• Cola;
• Papel Kraft;
• Caneta piloto;
• Fita adesiva.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
É certo que, na “vida real”, quando a crise se apresenta, quando “a coisa fica feia”, tende-
mos a nos esquecer dessa dimensão de jogo – afinal, estamos habituados a tomar como
jogo apenas o aspecto divertido do processo. Mas, se analisarmos cuidadosamente nos-
sos atos, veremos que as habilidades exigidas quando estamos em ação não diferem em
nada daquelas demandadas por um bom jogador.
Assim, se é verdade que a vida não é lúdica o tempo todo, é verdade que quanto mais ludi-
cidade tivermos, quanto mais brincarmos e jogarmos nos tempos menos tempestuosos,
mais hábeis estaremos para quando a tempestade chegar. Nesse sentido, as atividades
desta aula pretendem exercitar e desenvolver habilidades essenciais para encontrar so-
luções diante de situações-problema.
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Jogo do Nó Humano;
• Conversa sobre as qualidades e atitudes necessárias para o
Jogo do Nó;
• Montagem de quebra-cabeça em grupo;
• Conversa sobre as qualidades e as atitudes necessárias para
o jogo do quebra-cabeça;
• Montagem do painel das soluções.
DESENVOLVIMENTO
Com os estudantes em sala iniciar o Jogo do Nó. O professor também deve participar
do jogo:
Após o término da atividade, os estudantes são convidados a uma breve Roda de Con-
versa sobre o Jogo do Nó. O foco da conversa é levantar que atitudes e qualidades foram
necessárias para resolver o problema do nó. A conversa pode ser iniciada com a pergunta:
“o que foi preciso para conseguir desembaraçar o nó?”. Assim, os estudantes irão apon-
tando e percebendo as atitudes que tiveram e que ajudaram na resolução do problema.
Após finalizados os quebra-cabeças, todos podem contemplar o trabalho dos outros gru-
pos. Então, os estudantes são convidados para uma conversa com o objetivo de levan-
tar que atitudes e qualidades foram necessárias, dessa vez, para resolver o problema do
quebra-cabeça.
Terminada a conversa, o papel kraft deve ser preenchido com as palavras que nomeiam
as atitudes e as qualidades necessárias para resolver problemas levantadas na conversa.
Se alguém já souber escrever, pode ser o escriba da turma. Senão, o professor deve escre-
ver conforme os estudantes forem retomando e relembrando as mesmas. O papel pode
ter o título “Painel das Soluções” e ser afixado em local visível na sala de aula.
AVALIAÇÃO
A avaliação desta aula deve se ocorrer por meio da observação em relação ao modo como
os estudantes lidaram, de forma coletiva, com a situação-problema proposta inicialmente:
o Jogo do Nó. A partir desse jogo é possível dialogar e escutar os estudantes sobre como
estão pensando os problemas. Na resolução de problemas coletivos, é importante que
consigam considerar:
Após a Roda de Conversa, o trabalho em grupo com os quebra-cabeças deve fluir com
maior atenção e concentração na solução. Na escrita do cartaz, os estudantes podem
compor com as palavras o caminho mais viável para solucionar problemas.
As perguntas fechadas pedem “sim” ou “não” como respostas e devem ser evitadas. Já as
perguntas abertas são muito úteis, pois pedem respostas mais abrangentes e com mais
conteúdo; elas levam a muitas respostas e estimulam o pensamento, facilitando as trocas
de informações; elas abrem possibilidades de reflexão sobre determinado tema.
Você estava no pátio no mo- Você pode me dizer o que viu lá no pátio?
mento da briga?
Você ainda não realizou o seu O que você descobriu de novo enquanto realizava
trabalho? o seu trabalho?
PERGUNTAR RESTAURATIVO
Quando ocorre um problema, em primeiro lugar, sempre é preciso saber o que aconteceu.
Para tanto, algumas questões são cruciais: quem? O quê? Quando? Por quê? Como?
O “perguntar restaurativo” leva a uma forma de ouvir que possibilita ao ouvinte entender a
história do interlocutor e possibilita o reconhecimento de seus pensamentos, sentimentos
e necessidades em um dado momento. Em síntese, o “perguntar restaurativo”:
[NUNES, Antonio Carlos Osório (redator). Diálogos e mediação de conflitos nas escolas: Guia Prático
para educadores. Conselho Nacional do Ministério Público. Brasília, DF, 2014. p. 30 – 32. Disponível
em: http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_
Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.
pdf Acesso em Janeiro de 2017].
Estas imagens devem ser coladas sobre um papelão ou papel cartão – para dar um suporte
mais firme às peças do quebra-cabeça. Depois da colagem seca, as peças devem ser recor-
tadas nos locais indicados e embaralhadas entre si. Podem ser guardadas em um saquinho
ou caixinha. Atenção para não misturar peças de quebra-cabeças (imagens) diferentes.
InspiredImages/Pixabay
Clker-Free-Vector-Images/Pixabay
brgfx/Freepik
O ano que se encerra nos rendeu oportunidades marcantes de exercitar, testar e des-
cobrir formas cada vez mais colaborativas e éticas que valorizam o desafio e zelam pela
alegria da convivência em grupo. Certamente os valores mais caros a essas relações, bem
como as habilidades socioemocionais a eles correlatas, consolidaram-se aula após aula,
durante o ano letivo.
Objetivo geral
• Exercer a capacidade de empreender ações positivas para atingir objetivos sociais.
Material necessário
• Folha de sulfite – o suficiente para o trabalho de planejamento dos grupos;
• Lápis grafite – para cada grupo fazer seu planejamento;
• Material necessário para a intervenção que deve ser feita pelos grupos de trabalho.
Roteiro
ATIVIDADES DURAÇÃO
PREVISTAS DESCRIÇÃO PREVISTA
OBJETIVOS
ESTRATÉGIAS
• Roda de conversa;
• Composição de ação no espaço público.
DESENVOLVIMENTO
Nesta aula, os estudantes devem retomar gestos transformadores e positivos que são
capazes de gerar bem-estar social. Uma ciranda, uma intervenção com poemas, o plantio
coletivo de uma árvore, símbolo da transição para um novo ciclo, tudo pode ser ideia para
gerar empatia e sinergia em direção a objetivos sociais.
A partir da revelação das memórias dos estudantes, o grupo deve tomar uma decisão co-
letiva e criar uma ação transformadora para fechar o percurso no projeto. Algo que possa
ser definida como a atitude ideal para o mundo, que hoje pode ser igualmente transfor-
madora. Algo que se processe no momento presente.
Em seguida, os estudantes devem se organizar para realizar a ação. Para ajudar o pro-
cesso, algumas perguntas vão nortear o planejamento da mesma:
• O que fazer?
• Onde?
• Quando?
• Que material precisaremos?
AVALIAÇÃO
Texto 1
Ser grande não é questão de tamanho, e sim de atitude
De tudo o que você tem, a atitude é a mais importante. É ela que escolherá os melhores
sapatos para que você pise nas pedras que aparecerem em seu caminho, ela é que lhe
fará saltar as barreiras e fará você grande. Porque uma boa atitude é a força que nos faz
persistir, resistir e triunfar.
Nossa atitude é essa energia interior que move mais mentes que um batalhão de homens.
Não pode ser vista, nem tocada, mas se desprende de nossas respostas, em nosso modo
de enfrentar o dia-a-dia, por mais cinza que este tenha amanhecido.
Nossa atitude não aparece da noite para o dia; na verdade, ela é projetada durante a nossa
vida através de diferentes processos. Abrange reflexões e valores que nos fazem ver as
prioridades que melhor se encaixam com a nossa personalidade.
Não nos rendermos, não ver a escuridão de dias desperdiçados, enfrentar a vida com resili-
ência, equilíbrio e desejo de superação é algo essencial. Não se trata apenas de sermos oti-
mistas, mas sim de manter um realismo objetivo onde saibamos tirar partido de nós mesmos.
Porque quem ocupa mais espaço não é necessariamente maior, mas sim quem deixa um
vazio maior quando vai embora. Isto é forjado no dia-a-dia, mantendo uma boa atitude que
faça de nós e os demais sejam felizes.
Há atitudes para todos os gostos e cores, inclusive para cada momento do dia. Estamos
seguros de que você também conhece alguém que varia quando o assunto é essa dimen-
são: às vezes se mostram combatentes e outras se prendem a um derrotismo tão fatalista
que quase acabam transmitindo isso para nós.
É muito possível que você pense que nossas atitudes e nossa personalidade são o mesmo.
Estão relacionadas, não cabe dúvida quanto a isso, mas as atitudes estão sempre ligadas
aos acontecimentos do dia, são elas que nos fazem aceitar ou rejeitar algo, elas que dão
brilho a nossa superação do dia a dia, ou que, pelo contrário, nos apagam e nos fazem cair
nos comportamentos mais derrotistas.
Costuma-se dizer, com frequência, que as atitudes não são aptidões e que, na realidade,
são pilares que nos proporcionam uma certa altura para ver o mundo em toda a sua ex-
pansão. É aí onde se estendem os sonhos, ao alcance de nossas mãos...
Sabemos também que nem sempre é fácil “olhar a situação como um todo” quando temos
um problema, uma preocupação, mas na realidade sempre valerá a pena olhar um pouco
além, estender nosso olhar e favorecer uma atitude lutadora e forte.
Há dias em que não podemos mais. Em que, por mais que desejemos encontrar aquele
raio de luz cotidiano, só vemos nuvens. E mais ainda, às vezes até quem está ao nosso
redor reforça este estado de desamparo. O que nós podemos fazer?
Como dizemos, não é fácil nos envolvermos tão prontamente neste positivismo estranho,
como quem decide jogar para cima algum pó mágico esperando que surte algum efeito. A
felicidade não conhece rituais nem feitiços, mas conhece atitudes:
“Uma árvore vale mais que sua madeira”, essa era a máxima de Wangari Maathai.
Ativista ecológica queniana que plantou milhões de árvores e ganhou o Prêmio
Nobel da Paz. Sua história recontada no livro de Franck Prévot, indicado para ler
com os estudantes.
Livro: O Lórax
Autor: Dr. Seuss
Editora: Companhia das Letrinhas
Ano: 2017
Número de páginas: 80