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Educadores em
Liderança e Cidadania
Módulo 2
Cidadania Local e Global
Cidadania Local e Global
O Bullying é um termo que tem sido muito utilizado dentro dos espaços
educacionais para se referir às violências que estudantes têm vivenciado,
constantemente, por se apresentarem de alguma forma diferentes. Para conhecer
melhor sobre o tema, indicamos a leitura do Manual Antibullying para alunos, pais e
professores, escrito pelo Dr. Gustavo Teixeira (2011). A Politize! também criou um
material que pode te ajudar a compreender melhor sobre o tema.
Um conceito muito presente nos debates sobre a saúde menstrual é a Pobreza Menstrual. Segundo a
antropóloga Mirian Goldenberg, o termo criado na França pode ser entendido como “a falta de acesso não
somente a itens básicos de higiene durante o período de menstruação, mas também a falta de informação,
dinheiro para comprar um absorvente e, principalmente, falta de apoio”. Ainda segundo a pesquisadora, uma
em cada quatro meninas no Brasil faltam à aula por não possuírem absorventes, e dessas, 50% nunca
falaram sobre o assunto na escola. O Politize! publicou um material que pode te ajudar a compreender
melhor sobre o tema.
Esse é um exemplo que nos mostra que a escola não pode invisibilizar temas como a
menstruação, e reconhecer as especificidades de estudantes que menstruam para a garantia de
acesso mínimo a recursos, como a distribuição gratuita de absorventes.
Você deve estar se perguntando, o que tudo isso tem a ver com Cidadania Local e Global?
O destaque que queremos apresentar, é que, assim como aprendemos a ser seres
humanos, seres sociáveis, também aprendemos a sermos cidadãs e cidadãos. E esse processo
muitas vezes não ocorre em momentos pontuais do dia a dia, ou em componentes curriculares
específicos. Por isso o destaque em nossa Trilha de Aprofundamento em Liderança e Cidadania
sobre esses debates, e de forma que não estão unicamente na unidade sobre o tema, mas
transversalmente em todo o aprofundamento. A escola tem um papel fundamental na
construção de sujeitos que se reconhecem como cidadãos, não só localmente, mas de toda uma
humanidade, ou em outras palavras, cidadãos globais.
Quando nos referimos a cidadania, isso não está relacionado apenas a moradoras e
moradores de cidades. Estamos dizendo sobre algo que vai além. A partir do momento em que
vivemos em sociedade, ela se torna responsável pela garantia do mínimo para que possamos
viver de forma digna. Entre essas necessidades, estão recursos básicos, como água potável,
alimentação de qualidade e saneamento básico, como também o acesso ao lazer, à fruição da
cultura, a educação e garantia de acesso ao mercado de trabalho, por exemplo.
A partir do momento em que determinado recurso se torna essencial para a nossa vida
em sociedade, os indivíduos se organizam de forma a garantir que o Estado, responsável pela
gestão da vida pública, garanta tais acessos. Essa organização dos indivíduos pode se dar por
meio de manifestações em praça pública, negociações políticas e diversos outros trâmites, que
Cidadania Local e Global
veremos durante o nosso curso. Para este momento, cabe destacar, em linhas gerais, que se
existe uma determinada necessidade que deve ser garantida pelo governo, ela torna-se um
direito da população. Os direitos podem se dividir entre:
Uma jovem moradora de uma favela não acessa os mesmos serviços públicos que uma jovem
moradora de uma área nobre, ou de uma área rural e assim em diante. Sendo assim, é importante
compreender sobre o contexto local e de que forma ele se relaciona com a cidadania de cada
indivíduo.
Mas pensar apenas em âmbito local não basta. Em um mundo interconectado, em que as
informações, serviços e produtos estão indo cada vez mais distante, é preciso garantir que a
rede global se fortaleça. A Pandemia do Covid-19 nos mostrou explicitamente que estamos
todos interconectados. Sendo assim, não é possível as juventudes pensarem apenas localmente,
é preciso reconhecer que existe uma cidadania global. Para Soo-Hyang Choi, “cidadão global é o
que sente pertencer a uma humanidade comum e compreende que precisa cuidar do outro,
tanto do conhecido, quanto do desconhecido”. Ou seja, fazemos parte não só de comunidades
locais ou regionais, somos parte de toda uma humanidade. As nossas ações no bairro impactam
indivíduos que estão em outras partes do globo.
Durante a Pandemia do COVID-19, as juventudes com as quais trabalhamos em sala de
aula foram diretamente atingidas, seja pelo distanciamento social, pelas dificuldades impostas
pelo ensino remoto emergencial ou híbrido, ou seja pela restrições de acesso ao mercado de
trabalho. Em uma das fases em que estabelecer relações sociais é um fator fundamental para a
sua construção enquanto sujeito, o que pode se dar por meio de relacionamentos afetivos, com
amigos da escola, pela projeção de sonhos profissionais e de sua própria trajetória de vida, essas
juventudes foram pegas de surpresa. E, sem saberem o que vem pela frente, tiveram que
redirecionar suas perspectivas. Isso não aconteceu apenas na sua cidade, mas em todo o mundo.
Por isso a importância de que essas juventudes se conectem e pensem em ações conjuntas,
como para trazer soluções para os impactos sofridos pelo meio ambiente em razão da ação
humana, para o mercado de trabalho e para os processos migratórios. Assim, importa entender a
educação como possível um espaço para convidar estudantes a pensarem de forma global, e
para isso precisam de ferramentas.
Cidadania Local e Global
Nós, professores e professoras podemos direcionar nossos esforços para que estudantes
compreendam e se engajem nas questões sociais, políticas culturais e globais, destacando
atitudes, valores e habilidades cruciais para que as juventudes se percebam como cidadãos
globais.
Referências Bibliográficas
EDNIR, Madza. Educar para a cidadania global, a partir do espaço local: Provocando
transformações individuais, comunitárias e globais. 2020.
MARSHALL, Thomas Humphrey. Cidadania, classe social e status. Zahar,., 1967.
MASTRODI, Josué; AVELAR, Ana Emília Cunha. O conceito de cidadania a partir da obra de TH
Marshall: conquista e concessão. Cadernos de Direito, v. 17, n. 33, p. 3-27, 2017.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Um currículo entre formas e forças. Educação, v. 38, n. 1, p. 49-58,
2015.
TEIXEIRA, Gustavo. Manual antibullying: Para alunos, pais e professoes. Editora Best Seller,
2014.