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Quantos surdos existem no Brasil 2015 IBGE?

Segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


-IBGE, 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que representa 5,2%
da população brasileira. Deste total 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apresentam
grande dificuldade para ouvir.

Qual a quantidade de surdos no mundo?


Atualmente, 360 milhões de pessoas sofrem algum tipo de surdez no mundo,
um número “maior que o total da população dos Estados Unidos”, comparou a
coordenadora. Dentre eles, 32 milhões são crianças e uma arrasadora maioria
(31 milhões) vive em países em desenvolvimento.1 de mar de 2016

Qual o número de surdos no Brasil atualmente?


Poucos surdos são, de fato, mudos. E já são cerca de 10 milhões
de surdossomente no Brasil. Isso é o equivalente a quase 5% da população
brasileira! Um número bastante considerável hoje em dia, sabendo-se que
o brasileiro é líder mundial em tempo conectado à internet.21 de mar de 2017

Quantas pessoas tem deficiência auditiva no Brasil?


Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, 9,7 milhões de pessoas têm
deficiência auditiva. Desses, 2.147.366 milhões apresentam deficiência
auditivasevera, situação em que há uma perda entre 70 e 90 decibéis (dB).
Cerca de um milhão são jovens até 19 anos. 28 de set de 2016

Isonomia: princípio geral do direito segundo o qual todos são iguais perante a
lei; não devendo ser feita nenhuma distinção entre pessoas que se encontrem
na mesma situação.
O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, representa o símbolo da
democracia, pois indica um tratamento justo para os cidadãos. É essencial dentro dos princípios
constitucionais, porém complexo e para sua completa compreensão é necessário entender o contexto
cultural e histórico em que foi criado. Desde muito tempo, esse princípio tem feito parte das antigas
civilizações. Ao longo da história, foi muitas vezes desrespeitado, assumindo um conceito errado, por
entrar em atrito com os interesses das classes dominantes.
De acordo com a Constituição Federal, o princípio da igualdade está previsto no artigo 5º, que diz que
‘Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza’. Esta igualdade é chamada de
formal. De acordo com ela, é vetado que os legisladores criem ou editem leis que a violem. O princípio da
igualdade garante o tratamento igualitário de acordo com a lei para os cidadãos. Existem algumas
situações específicas na Constituição de 1988, em que o princípio é inserido de forma implícita e vale
ressaltar:

 Igualdade Material: tipo de igualdade, em que todos os seres humanos recebem um tratamento igual
ou desigual, de acordo com a situação. Quando as situações são iguais, deve ser dado um tratamento
igual, mas quando as situações são diferentes é importante que haja um tratamento diferenciado.

A) Qual a opinião da equipe quanto ao tema ainda um tanto polêmico?

R: Há divergência entre os membros da equipe quanto ao assunto, embora haja uma


aceitação desse “novo” modal de relação perante nossa sociedade existe ponto que
conflita quanto a existência da raça humana até a educação de crianças no meio de uma
relação homo afetiva

B) Enquanto o STF evolui o legislativo dorme?


R: Não resta dúvidas quanto a falta de interesse do legislativo, resta claro que o legislativo
casa de tão fundamental importância vem priorizando outros assuntos em detrimento de
uma pauta tão importante quanto é a assunto desse novo modo de famílias, as homo
afetivas, fica claro que essa casa não que ter a responsabilidade de dar a sociedade uma
norma condizente como o fato social vigente em nosso pais, enquanto isso o judiciário tem
que ficar intervindo e reconhecendo direitos que muito das vezes são muito óbvios

C) Quais os possíveis efeitos jurídicos para casamento entre pessoas do mesmo sexo?

R:Por se tratar de uma entidade real reconhecida juridicamente, que concede aos
parceiros direitos e deveres semelhantes ao casamento, como o direito à adoção assim
como todos os benefícios e regras do casamento, como pensões, herança, segurança
social, benefícios de saúde, propriedade conjunta, acompanhamento em hospital e
visitação na prisão, além de fertilização in vitro e barriga de aluguel, etc.

Um histórico e as dimensões da educação inclusiva

Para o desenvolvimento de um trabalho escolar que esteja


permanentemente de portas abertas para a inclusão é
interessante pensarmos sobre o momento que estamos
vivendo hoje em termos de políticas educacionais. Ou seja,
porque estamos sendo convidados a pensar sobre princípios
da educação inclusiva. Perceber onde estamos e para onde
queremos ir é fundamental para realizarmos esse percurso.

Segundo a filósofa Hannah Arendt:


A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para
assumirmos a responsabilidade por ele. É, também, onde decidimos se
amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e
abandoná-las a seus próprios recursos, preparando-as, em vez disso, com
antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum.

Assim, se entendemos que a educação é o ato de introduzir os


mais jovens em um mundo que os precede e está em
constante mudança, configura-se um desafio constante:
olharmos criticamente nossos pensamentos e ações para
responder à questão: como estou apresentando o mundo
comum para os recém-chegados no espaço público?

Diferença como valor


Nessa invenção humana de educar para um mundo humano, o
adjetivo “inclusiva” talvez soe como pleonasmo. Mas podemos
entendê-lo como um alerta, posto que sua presença qualifica a
educação para reforçar que seu público-alvo são todas as
crianças. Todas. Esse é o princípio ético-político fundamental
que norteia as relações humanas no caminho para atingir
nossa opção de construir uma sociedade mais justa e
participativa. Ninguém de fora.
Hoje sabemos e entendemos que todos somos diferentes. A
diferença é o que, de certa forma, nos humaniza. Percebê-la
como valor é um processo que se estabelece em todas as
esferas da vida e que legitimamos individual e socialmente. A
ideia de diferença como valor já está estabelecida desde
a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) Site
externo. Ao apontar que o fundamento da liberdade, da justiça
e da paz no mundo é o reconhecimento da dignidade inerente
a todos os membros da família humana e de seus direitos
iguais e inalienáveis.

Na articulação desses dois princípios pode-se concluir que


todos têm direito às condições de vida digna e às
oportunidades de realizar seus projetos de vida. Então qual o
papel da escola tendo a diferença como valor?

O papel da escola
Resumidamente, a escola como instituição social tem como
tarefa a transmissão e a veiculação de saberes e práticas para
todos (qualidade social). Por meio das relações de diálogo e da
criação de vínculos e tendo a diversidade como valor, trabalha
no sentido de romper com a lógica da exclusão e da
homogeneização. Ou seja, seu papel principal é formar as
crianças para a tarefa de renovar um mundo que está ainda
repleto de situações de exclusão. Nessa perspectiva, são
pressupostos que o processo de aprendizagem de cada
criança é singular, que toda a criança aprende e que todas são
importantes para o processo de construção de conhecimento
no ambiente escolar. A educação inclusiva diz respeito a todas
e todos!
Os avanços nos marcos legais são inegáveis e apontam para a
necessidade de mudar a escola para além de modelos
“normatizantes” que são geradores de exclusão. A Declaração
de Salamanca (1994) Site externo tem como diretriz que “as
escolas regulares com orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e
que alunos com necessidades educacionais especiais devem
ter acesso à escola regular”. Na Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência (2006) Site externo, que não
versa apenas sobre educação e sim sobre todos os direitos
humanos, é apresentado um novo conceito de pessoa com
deficiência. Ela diz que “são consideradas pessoas com
deficiência aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de
condições com as demais pessoas”.

Esses dois exemplos explicitam qual é nossa opção enquanto


sociedade: que é a escola que deve se abrir para atender
estudantes com e sem deficiência e não somente àqueles que
se adaptem a sua estrutura, dado que a deficiência é resultante
da combinação entre barreiras existentes nessa mesma
estrutura e impedimentos humanos.

Somos diferentes, temos os mesmos direitos e a escola é para


todos. Sabemos e concordamos com esses princípios.
Entretanto, quando estamos envolvidos nas tarefas cotidianas
na escola, às vezes nos sentimos impelidos a repetir
repertórios e ferramentas com os quais nos sentimos mais
seguros, pois fomos forjados a partir deles. Nesse sentido, vale
dizer que os estudantes público-alvo da modalidade de
educação especial estão em desvantagem porque em
nossa formação foram raros os momentos que pudemos
conviver e estudar com pessoas com deficiência, transtorno do
espectro autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação.

Dimensões da educação inclusiva


Como sair dessa situação de repetição? Hoje estão à
disposição inúmeros instrumentos para auxiliar na trilha da
educação inclusiva. O Instituto Rodrigo Mendes Site externo,
por adotar um conceito amplo de diversidade, criou uma
metodologia de análise dos arranjos e situações escolares com
foco em barreiras e potencialidades para subsidiar e apoiar a
organização de uma ambiência educacional inclusiva.

Composta por cinco aspectos estruturantes a serem


considerados na compreensão de instituições sociais
complexas como a escola, não pode ser entendida como
modelo único a ser aplicado, posto que não se filia a um
pensamento causa-efeito. Pode ser utilizada em momentos de
planejamento, desenvolvimento e avaliação como orientadora
na sistematização da análise de conjuntura e proposta de
novas ações tendo em vista a efetivação da educação
inclusiva.
A dimensão das políticas públicas abrange as instâncias
legislativa, executiva e judiciária, isto é, o conjunto de leis,
diretrizes e decisões judiciais que buscam concretizar o direito
à educação inclusiva em um determinado país ou território. No
estudo sobre a realidade da qual fazemos parte, há que
analisar qual é o conjunto de políticas públicas que organiza a
proposta educacional. Por exemplo: hoje no Brasil estão
estabelecidos a Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Site externo e
o Plano Nacional de Educação (2014) Site externo, além da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) Site
externo. Essa legislação, originária de diferentes órgãos,
estabelece as diretrizes que cada educador deve conhecer.

A dimensão da gestão escolar refere-se às diversas etapas de


planejamento e desenvolvimento das atividades de direção de
uma instituição de ensino. Abrange a construção dos projetos
político-pedagógicos, a elaboração dos planos de ação, a
gestão dos processos internos da instituição e de suas
relações com a comunidade. Saber como se organiza a
instituição da qual fazemos parte é condição para propor
mudanças e realizar ações de maneira plena.

A dimensão estratégias pedagógicas refere-se às diversas


etapas de planejamento e desenvolvimento das práticas
voltadas ao ensino e à aprendizagem. Abrange as atividades
do ensino regular, as ações destinadas ao atendimento
educacional especializado e o processo de avaliação de todos
os estudantes. Assim, ao estudar atentamente os pontos que
compõe essa dimensão podemos responder à pergunta se de
fato estamos trabalhando na perspectiva da educação
inclusiva. Caso a resposta seja negativa, é sempre possível
acertar a rota e replanejar ações.

A dimensão famílias refere-se às relações estabelecidas entre


a escola e as famílias dos educandos. Abrange o envolvimento
da família com o planejamento e o desenvolvimento das
atividades escolares e análise das relações estabelecidas. Se
percebemos que as famílias não respondem a nossos
chamados, por vezes precisamos entender quais são os
pressupostos que estão na base desse não-diálogo para nos
sentirmos mais seguros no sentido de propor alterações.

Por último, a dimensão parcerias refere-se às relações


estabelecidas entre a escola e os atores externos à instituição
que atuam para dar apoio aos processos de educação
inclusiva. Tais atores podem ser pessoas físicas ou jurídicas e
abrangem as áreas da educação especial, da saúde, da
educação não-formal, da assistência social e outros. Entender
essas alianças ou a falta delas é fundamental para que a
escola de fato possa traçar estratégias na direção de se
fortalecer como uma instituição que pertence ao território no
qual ela está geograficamente localizada.

As áreas de intersecção entre as dimensões indicam a


interdependência entre elas e são permeadas por temas
transversais, como conteúdo curricular, formação de
educadores, infraestrutura, acessibilidade, tecnologia assistiva
etc.

Ter essas dimensões como pilares para estudar a escola na


qual realizamos nosso trabalho cotidiano pode auxiliar no
distanciamento necessário para que consigamos conhecer
melhor e reorientar nossas ações, qualificando o trabalho
institucional para reafirmar possibilidades a partir da
singularidade de cada pessoa em cada contexto, com
planejamento e avaliação voltados para o bem comum, a
construção da autonomia e a participação plena.
Se a educação tem como objetivos desenvolver as
potencialidades e capacidades, preparar para o exercício
laboral e para ser cidadã(o), é imprescindível romper com os
preconceitos e compreender as diferentes características como
valor e não como problemas a serem sanados. Os princípios
não são negociáveis. As atitudes sim, são passiveis de
mudança. Esse é o desafio.

Atuar no campo educacional a partir dos princípios da inclusão


é uma chance que os educadores têm de reorganizar as
escolas com o objetivo de garantir e qualificar socialmente o
acesso de todas e todos às oportunidades educacionais e
sociais. Os desafios aparecem nas relações entre pessoas
diferentes convivendo no espaço comum. Fazer a escola para
todos é aceitar o desafio de reinventar cotidianamente o mundo
em que vivemos!
A palavra “empatia” tem sido mais e mais usada a cada dia,
sendo definida vulgarmente como “a capacidade de se colocar
no lugar do outro”. Ora, essa definição contém riscos e vamos
tentar explorá-los um pouco neste texto, para entender como a
escola inclusiva precisa extrapolar o homogêneo e enxergar o
diferente.

Comecemos com um exemplo de Tuca Munhoz, ativista dos


direitos das pessoas com deficiência e cadeirante. Nas
palavras dele, em depoimento em rede social:
Hoje, em mais um dia de treinamento na rua, enquanto subia uma rampa,
percebi que alguém me empurrava. Brequei a cadeira imediatamente e disse à
pessoa, no caso um rapaz, que estava treinando e que não queria ser
empurrado. E que ele deveria sempre perguntar antes de tomar uma iniciativa
como essa. Admito que falei tudo isso de minha maneira ranzinza. O rapaz
ficou muito bravo, não tanto por minha rabugice, mas sim porque ele teve
frustrada sua oportunidade de ajudar, que, sem dúvida, era muito mais
importante para ele do que para mim. Mesmo se eu precisasse!

Qual o problema da atitude do rapaz? Não estaria ele sendo


“empático” ao se colocar no lugar do autor em seu esforço para
subir a rampa? Não estaria sentindo suas dificuldades e se
doando para ajudá-lo? A verdade é que não. Por trás da
pretensa empatia, havia uma incapacidade de ver o outro
verdadeiramente.
Esse relato ilustra o problema da definição banal de empatia
como “colocar-se no lugar do outro”. Trata-se de um ato
impossível. Não temos instrumentos ou capacidade psíquica
para tanto. O ser humano pode sensibilizar-se e pode se
identificar com o outro de forma a compreender, a partir de sua
própria experiência, que o outro também é um ser humano. No
entanto, ele nunca poderá realmente se colocar no lugar do
outro, pois suas histórias de vida, suas identidades e mesmo
suas características biopsicossociais nunca coincidirão.

 
Empatia: a compreensão da igualdade e da diferença

É imprescindível que saibamos que o outro é diferente de nós.


Ele tem suas próprias expectativas, desejos, habilidades e
valores. E só teremos certeza de que nosso pensamento
coincide com o dele por meio de um ato bastante simples e, no
entanto, extremamente complexo e pouco utilizado:
relacionando-se com ele.

A empatia serve para “desobjetificar” o outro, para vê-lo como


sujeito e para que o coloquemos, simbolicamente, fora de nós.
Ela é essencial para que possamos compreender o outro como
um ser autônomo, não como um mero reflexo de nós mesmos.
Essa compreensão é essencial para que percebamos a
diferença.

Não é um movimento simples, no entanto. Colocar-se nesse


lugar significa conceber a existência de um outro, diferente de
nós. É um movimento duplo: percebê-lo como ser humano –
igual a mim – e percebê-lo como outro – diferente de mim. Só
há empatia quando existe a compreensão da igualdade (de
poder ser, existir, ter direitos) e da diferença (de necessidades,
desejos etc.) simultaneamente.

 
Homogeneidade, narcisismo e a negação da diferença

A mente humana, no entanto, tende a buscar a


homogeneização. Ora, se o outro é igual a mim, eu não preciso
ter medo de não ser aceito, de ser expulso, de não ser
compreendido. Na busca por aceitação universal, combatemos
a diferença e nos reduzimos à semelhança. É nossa herança
narcísica: o mito de que todos são iguais a nós acabaria com
os conflitos.

Mas, apesar disso, um pequeno detalhe se mantém:


continuamos diferentes. Negar essa distinção é agarrar-se ao
narcisismo e ver a todos como espelhos de nós mesmos.
Como dizia Caetano Veloso: “Narciso acha feio o que não é
espelho”. E uma consequência dessa negação é a objetificação
do próximo. Aquele que é diferente deixa de ser sujeito
humano e passa a ser objeto, a não ter mais desejo próprio,
nem necessidades, nem valores, nem direitos, nem potencial.
Parece-se conosco, mas não é humano. Deve ser evitado,
excluído, apartado e, de preferência, esquecido.

Essa forma de perceber o desigual foi chamada por Sigmund


Freud de “narcisismo das pequenas diferenças”. Suas
características mais marcantes são:
• A imposição da minha realidade sobre a realidade do outro;
• Pouca solidariedade e sentimento de estranheza e de
hostilidade em relação a quem expõe a diferença (para uma
visão rápida sobre o assunto, sugiro a leitura do artigo Três
versões do narcisismo das pequenas diferenças em Freud Site
externo).

No primeiro aspecto, ao invés de interagir com o próximo,


partimos do princípio de que nossos pensamentos coincidem, o
que nos leva a acreditar que um só tratamento servirá a todos.
Justificamos, assim, nossas aulas homogeneizadas, voltadas
para um “aluno padrão”. No entanto, esse ser humano ideal
sempre se confunde com a compreensão que temos, cada um
de nós, da humanidade. Ensinar, nesse contexto, é repetir para
si mesmo aquilo que já se sabe, da forma que já se sabe, no
modelo que já deu certo.

A segunda característica desse narcisismo nos faz estranhar e


atacar todo aquele que não ratifica nosso pensamento. Quem
não aprende da mesma forma se torna, então, o problema a
ser hostilizado, aquele que não devia estar ali. Não porque ele
não pode aprender, mas porque nega nossa igualdade e nosso
narcisismo.

 
Conhecer antes de ensinar

É importante aprofundarmos a ideia de narcisismo: estamos


falando de um conceito específico, diferente daquele que, no
senso comum, confunde-se com o egoísta ou o egocêntrico.
Não se trata de uma característica da racionalidade e da
escolha consciente, mas de uma falta mais profunda: nosso
medo da solidão, nosso pavor da loucura, nosso desejo de
sermos amados e reconhecidos. É necessário muito
investimento para nos darmos conta de que caímos na
armadilha narcísica de acreditar que devemos ser iguais para
sermos amados. É uma reflexão diária frente ao outro. Não o
excluímos por maldade, mas pela crença nesse mito de
pertencimento dentro da massa homogênea.

De certa forma, evitamos a diferença por ignorarmos a nós


mesmos, num mundo massificado que tenta minar nossa
potência, fazendo-nos acreditar que somos inúteis frente ao
tamanho da vida ou à opressão da sociedade. Nesse sentido,
aceitar o outro é aceitar sua própria capacidade de mudar, de
fazer a diferença, de tornar-se humano.

É esse o convite que gostaria de fazer ao leitor: compreender


que é no espaço construído entre as diferenças de um para
outro que se torna possível ensinar. Esse espaço surge quando
percebemos que, para levar conhecimento ao outro,
precisamos primeiro conhecê-lo: ouvi-lo ao invés de
diagnosticá-lo; perceber suas necessidades individuais ao
invés de massificá-lo, admitir suas diferenças para construir
uma relação de aprendizagem.

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