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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Fundamentos e Princípios da Educação Inclusiva

Princípios e Conceitos na Educação Inclusiva. Esse é um tema muito já discutido pela sociedade,
mas muito ainda se tem a refletir sobre esse tema, pois é notória, a necessidade de mudanças
profundas na mentalidade da sociedade diante a sua negação sobre o tema inclusão, dificultando
assim o entendimento que a inclusão é o caminho certo para que pessoas com necessidades
especiais tenham o direito a igualdade perante todos, pois assim como qualquer outro ser humano,
elas sejam olhadas e aceitas por aquilo que são hoje, e não por aquilo que poderão vir a ser e a
produzir.

A pessoa com necessidades especiais tem os mesmos direitos como qualquer outro cidadão
brasileiro, pois conforme a legislação que nos rege, Art. 5º da CF/88, “Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

O preconceito e a falta de informação talvez seja um dos maiores fatores que justifique a resistência
da sociedade em aceitar a inclusão de pessoas com necessidades especiais em nosso cotidiano.

Através de uma pesquisa qualitativa de várias obras de autores renomados como: Werneck, Omote,
Sassaki, Singer e Montoan, podemos fundamentar nossa pesquisa sobre os princípios e conceitos na
educação inclusiva.

Para Werneck:

A sociedade está sempre em busca de um padrão de normalidade, quase sempre baseado em


conceitos estáticos culturais, isso justifica a dificuldade de aceitação no processo de inclusão de
pessoas com necessidades educativas especiais nas escolas regulares de ensino, pois consideram
essas pessoas fora do padrão de beleza e de normalidade da sociedade. (WERNECK, 1998, p.21)

Omote (1990) se refere à deficiência não só como um problema do aluno, mas de nosso próprio
comportamento. Singer fala de um princípio muito importante, para ele o princípio da igualdade
relaciona-se com a igual consideração de interesses.

Sassaki fala em adaptação da sociedade para que o processo de inclusão se realize. Montoan
destaca o conceito de autonomia como finalidade da educação de pessoas com necessidades
educativas especiais.

Enfim todos os autores citados convergem em um senso comum, a inclusão na vida escolar de
pessoas com algum tipo de deficiência é fundamental para seu desenvolvimento e a torne uma
pessoa digna de todos os direitos de qualquer cidadão comum.

Princípios e Conceitos

O Princípio Da Igualdade e a Igual Consideração de Interesse

Segundo dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 1986, p.34) entende-se por igualdade,
“Qualidade daquilo que é igual; uniformidade; identidade de condições entre os membros de uma
sociedade, em que não há privilégios de classes”.

A história comprova que pessoas muito diferentes da média na aparência física ou no modo de
pensar e de agir tem sido vistas como deslize da natureza. É como se a humanidade tivesse um
evidente padrão de qualidade.

As sociedades preferem serem lembradas e referidas mais por suas identidades do que por suas
diferenças. Seres humanos tendem a se agrupar com seus semelhantes em bairros, grupos de
adolescentes, de apreciadores de música clássica, etc. E sempre que possível, até mesmo
inconscientemente, desprezamos ou evitamos o convívio íntimo com quem consideramos diferente.
Quando a diferença é uma deficiência, essa tendência se agrava.

A busca do padrão de normalidade, quase sempre baseado em conceitos estáticos culturais, tem
justificado, através dos séculos, assassinatos de pessoas que se diferenciavam da maioria, apenas
por terem pele mais escura ou defenderem crenças que fugisse da época.

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Segundo Werneck (1997), a sociedade para todos, conscientes da diversidade da raça humana,
estaria estruturada para atender às necessidades básicas de cada cidadão, das maiorias às minorias,
dos privilegiados aos marginalizados.

Crianças, jovens e adultos com deficiência seriam naturalmente incorporadas à sociedade inclusiva,
definida pelo princípio: “toda a pessoa tem o mesmo valor”. E assim, trabalhariam juntas com papéis
diferenciados para atingir o bem comum:

Na sociedade inclusiva não há lugar para atitudes como “abrir espaço para deficientes” ou “aceita-
los”, num gesto de solidariedade, e depois bater no peito ou mesmo ir dormir com a sensação de ter
sido muito bonzinho. (WERNECK, 1998, p.22)

Ninguém precisa ser caridoso, bonzinho, somos sim todos cidadãos, e é nosso dever privar pela
qualidade de vida do nosso semelhante, por mais diferente que ele nos pareça ser.

Em todas as regiões do planeta, pessoas com necessidades especiais estão entre os mais excluídos.
Excluídos das escolas, do direito de ir e vir, da sociedade em fim.

Temos a Política Nacional de Educação, elaborada desde 1993. E a partir da Declaração de


Salamanca (1994) e da nova Lei de Diretrizes e base da Educação, Lei n.º 9.394, muito tem se
discutido e se atualizado sobre este tema através de discussões de várias ideias com representantes
de organizações governamentais e não governamentais, abrangendo todos os campos de pessoas
com necessidades educativas especiais.

O objetivo dessa política é garantir o atendimento educacional ao aluno portador de necessidades


especiais, pois num passado não muito distante as crianças eram segregadas em instituições
especializadas, perdendo a chance de conviver e participar da sociedade em geral.

Atualmente através de muitas discussões vem se buscando de forma gradual a inclusão de pessoas
com necessidades educativas especiais nas classes regulares de ensino, com ótimos resultados.

No entanto, infelizmente esse caminho é longo e moroso, pois vários obstáculos devem ser vencidos
como: a maioria das escolas do país ainda não recebeu a infraestrutura adequada para a inclusão, à
maioria dos professores ainda não recebeu qualificação adequada para trabalharem com aluno com
necessidades educativas especiais previstas em lei, sem falar no pior dos obstáculos, a resistência de
todos nós, família, educadores, governo e a sociedade, em aceitar a pessoa com necessidades
especiais iguais a quaisquer outras pessoas, com os mesmos direitos.

As pessoas com necessidades especiais na maioria das vezes não são vistas como cidadãs, e sim
como pessoas que precisam de atendimento tão especial que acabam sendo diferenciados ainda
mais dos outros, trazendo para ela uma única realidade: a diferença.

Segundo Carvalho (1997, p. 18):

Embora a desigualdade seja estrutural em qualquer sociedade, os índices ainda registrados no Brasil
são indicadores dos baixos níveis de bem-estar social, com o que temos convivido.

A produção da deficiência se dá portanto, não apenas sob a ótica do aluno que se torna deficiente
circunstancial ou tem agravada sua deficiência real. Pode-se dizer que a produção da deficiência na
nossa qualidade de vida é de nossa considerável participação.

Essa desigualdade social se reflete nas dificuldades de acesso e permanência na escola, de crianças
com dificuldades e com necessidades especiais. Com isso nasce um tipo de deficiência cultural, que
é mais comum em nossas escolas, tendo como consequência, o fracasso escolar de muitos alunos.

Todos são diferentes uns dos outros, temos preferências diferentes, necessidades diferentes.

Essas diferenças dependem e são produto da interação das características biológicas com cada um
de nós vem equipado (genéticas, hereditárias e adquiridas após o nascimento), do nível de
desenvolvimento real em que cada um de nós se encontra e do significado que atribuímos às
situações que vivemos em nosso cotidiano. (MEC, 1986, p.30)

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Todos podem se desenvolver, todos podem aprender desde que ensinemos e possamos mediar esse
processo. Entretanto, para que isso acorra, temos que garantir a igualdade de condições.

Segundo Peter Singer (1994) o princípio da igualdade relaciona-se diretamente com a igual
consideração de interesses.

Os princípios de igual consideração de interesses dos outros não dependem das aptidões ou de
características destes, executando a característica de ter interesse. É verdade que não podemos
saber aonde vai nos levar a igual consideração de interesse enquanto não soubermos quais
interesses tem as pessoas, o que pode variar de acordo com suas aptidões, ou outras características.

Levar em conta os interesses das pessoas, sejam elas quais forem, devesse aplicar-se a todos, sem
levar em consideração sua raça, sexo ou nível de inteligência, pois ela nada tem a haver com muitos
interesses do ser humano como o interesse de evitar a dor, desenvolver as próprias aptidões,
satisfazer as necessidades básicas de alimentação, abrigo e de manter relações saudáveis com os
outros.

Nossa sociedade, muitas vezes escraviza pessoas ditas deficientes mentais, impedindo-as se
satisfazer seus interesses. No entanto, o principio da igual consideração de interesses é forte o
suficiente para excluir essa sociedade baseada no índice de inteligência. Também exclui a
discriminação sob o pretexto de incapacidade, tanto intelectual como física.

Com o passar dos tempos difundiu-se a constatação de que todas as tentativas de “normalização”
das vidas das pessoas com necessidades especiais se baseavam na modificação da própria pessoa,
como premissa para o seu ingresso na sociedade.

Depois foi se generalizando a compreensão de que a deficiência, qualquer ela seja, tem como
referência, “a norma”, o ambiente psicossocial ou o espaço físico, para que a pessoa possa
desenvolver ao máximo suas capacidades.

Acreditamos que todas as pessoas devem levar em conta o verdadeiro sentido da igualdade, não
como discurso, mas como princípio de guiar suas vidas.

Autonomia

“Autonomia é a condição de domínio no ambiente físico e social, preservando ao máximo a


privacidade e a dignidade da pessoa que a exerce”. (Sassaki, 1997, p.36)

Para o autor citado, ter mais ou menos autonomia significa que a pessoa com necessidades especiais
tem maior ou menor controle nos vários ambientes físicos e sociais que ela queira ou necessite
frequentar, para atingir seus objetivos. Por exemplo, as rampas de acesso nas calçadas, transporte
coletivo com acesso aos cadeirantes enfim adaptação de todas as infraestruturas facilitando o
deslocamento o mais autônomo possível no espaço físico.

Muitas pessoas com necessidades especiais, na conquista de sua autonomia no meio escolar,
possuem uma percepção negativa delas mesmas. As pessoas creem que o sucesso escolar está fora
de seu alcance, também tendem a um sub desempenho escolar, porque essa percepção negativa
inibe a aquisição do meio para adaptarem-se as exigências da escola.

Na maioria das vezes, elas percebem o esforço de adaptação como sendo não gratificante e
tornarem-se dependentes e mesmo subordinadas às outras, escolhas e respostas alheias. Nesse
sentido, a atitude passiva de aceitação no meio escolar, que é largamente adotada pela escola e pela
sociedade com relação às pessoas com necessidades educativas especiais, deve ser substituída por
atitudes ativas e modificadoras.

Elas precisam ser colocadas em situações problemáticas para aprender a viver o equilíbrio cognitivo
e emocional. Se aos conflitos lhes sã evitados, como poderão chegar a uma tomada de consciência
dos problemas a resolver e como testarão sua capacidade de enfrentá-los? (Montoan, 1997, p.141)

Montoan (1997) comenta que a situação remete a quadros conceituais e a paradigmas educacionais
mais amplos, que estão sendo apontados como propostas para prover o meio escolar de condições
favoráveis ao desenvolvimento da à autonomia de alunos com necessidades educativas especiais.

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Independência

Segundo Sassaki (1997), independência é a faculdade de decidir sem depender de outras pessoas,
tais como: membros da família ou profissionais especializados. Uma pessoa com deficiência pode ser
mais independente ou menos independente em decorrência não só da quantidade e qualidade de
informações que lhes estiverem disponíveis para tomar a melhor decisão, mas também da sua
autodeterminação e prontidão para tomar decisões numa determinada situação.

Esta situação pode ser pessoal (quando envolve a pessoa na privacidade), social (quando ocorre
junto a outras pessoas) e econômica (quando se refere às finanças dessa pessoa). Tanto a
autodeterminação como prontidão pode ser aprendida ou desenvolvida. E quanto mais cedo na vida,
a pessoa tiver oportunidade para fazer isso, melhor. Porém, muitos adultos parecem esperar que a
independência da criança com necessidades especiais irá ocorrer de repente, depois que ela crescer.

Equiparação De Oportunidades

Existem várias declarações que amparam a Equiparação de oportunidades das pessoas com
necessidades especiais.

De acordo com Sassaki (1997), uma das primeiras organizações foi a Disables International (DPI),
uma organização criada por pessoas portadoras de deficiência (termo usado na época), não
governamental e sem fins lucrativos. A DPI define “equiparação de oportunidades” como processo
mediante o qual os sistemas gerais da sociedade são feitos acessíveis para todos.

Inclui a remoção das barreiras que impedem a plena participação das pessoas deficientes em todas
as áreas, permitindo-lhes alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas.

Uma definição semelhante consta no documento “Programa Mundial de Ação às pessoas com
Deficiência”, adotado em 3/12/1982 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
(ONU). Este documento define Equiparação de Oportunidades como o processo através do qual os
sistemas gerais da sociedade, tais como o ambiente físico e cultural, a habitação e os transportes, os
serviços sociais e de saúde, as oportunidades educacionais e de trabalho, a vida cultural e social,
incluindo as instalações esportivas e recreativas devem ser acessíveis a todos.

Dez anos depois, a Assembleia Geral da ONU adotou o documento Normas Sobre Equiparação de
Oportunidades que traz outra definição: “Significa o processo através do qual os diversos sistemas da
sociedade e do ambiente são tornados disponíveis para todos”.

Mais adiante esse documento acrescenta que pessoas com deficiência são membros da sociedade e
tem o direito de permanecer em suas comunidades locais. Elas devem receber o apoio que
necessitam dentro das estruturas comuns de educação, saúde, emprego e serviços sociais.
(SASSAKI, 1997, p.39)

Em todas estas definições, esta em primeiro lugar a igualdade de direitos. O princípio de direitos
iguais implica nas necessidades de cada um e de todos. As comunidades devem basear-se nisso
para construção de uma vida melhor e digna para todos os membros de uma sociedade.

Rejeição Zero

De acordo com Sassaki (1997), inicialmente a rejeição zero, ou exclusão zero, consistia em não
rejeitar uma pessoa, par qualquer finalidade, com base no fato de que ela possuía uma deficiência ou
por causa do grau de severidade dessa deficiência. Mais tarde, o conceito passou a abranger as
necessidades especiais, independente de suas causas.

Este conceito vem revolucionando a prática das instituições assistenciais que excluem pessoas cujas
deficiências ou necessidades especiais não possam ser atendidas pelos programas ou serviços
disponíveis.

A luz do princípio da exclusão zero, porém, as instituições são desafiadas a serem capazes de criar
programas e serviços internamente ou busca-los em entidades comuns da comunidade a fim de
melhor atenderem as pessoas com deficiência. As avaliações (sociais, psicológicas, educacionais,
profissionais, etc.) devem trocar sua finalidade tradicional de diagnosticar e separar pessoas,

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passando para a moderna finalidade de oferecer parâmetros em face dos quais as soluções são
buscadas a todos. (SASSAKI, 1997, p.41)

Isso faz com que as instituições tenham que servir às pessoas e não às pessoas terem que se ajustar
às instituições.

Para Montoan (1997), as comunidades que rejeitam a riqueza da diversidade continuam


ultrapassadas, colocando a sociedade em risco, não permitindo, assim, que todos exerçam seus
direitos.

De acordo com os objetivos propostos nesta pesquisa, verificamos que os princípios e conceitos
essenciais da proposta de inclusão envolvem: igualdade e equiparação de oportunidades, autonomia,
independência e rejeição zero.

Tudo está mudando tão rápido, são novas tecnologias que muitos de nós nem conseguimos conhece-
las direito.

Para os mais jovens, já é quase normal às pessoas não se cumprimentarem. Tudo é cercado por
“interesses” e “aparências”, o tempo é algo muito importante, quase todos querem ganhar sem pensar
naqueles que precisam de uma chance para poder “andar” pelas ruas sem olhares preconceituosos.

O país e o mundo vivem atravessando crises financeiras, usando-a como desculpa pela falta de
investimento na saúde, educação etc... Afetando os mais fracos: pobres, idosos e pessoas com
necessidades especiais, isto é, todos que se diferenciam um pouco do que a sociedade impõe que
deva ser normal.

Verificamos também que a sociedade deve se esforçar para transformar esta situação de rejeição ao
que se considera fora do padrão. Não existe nenhuma fórmula, basta que as pessoas pensem um
pouco naqueles que estão a sua volta como cidadãos que possuem os mesmos direitos e deveres,
não importando se possui necessidades especiais ou não, todos viemos do mesmo lugar e vamos
acabar no mesmo lugar, independente se somos ricos ou pobres, brancos ou pretos, enfim de
qualquer coisa.

A luta pela educação especial no Brasil nunca foi fácil. Temos uma legislação, mas sabemos que ela
sozinha não resolve nada. Ainda são poucas as pessoas que lutam pelos direitos das pessoas com
necessidades especiais e que defendem para todos, uma sociedade inclusiva. Precisamos dar as
mãos nesta luta e repensarmos a maneira pela qual lidamos com as diferenças.

Incluir não é favor, mas uma troca e todos saem ganhando. E convivendo com as diferenças
humanas construiremos um país diferente e melhor.

Os Princípios da Filosofia da Educação Inclusiva

A Educação Inclusiva no Brasil tem dado resultados impressionantes, de acordo com o MEC
(Ministério da Educação), em 2008, estão em classes comuns 375.772 estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A fundamentação
filosófica da educação inclusiva é parte importante desses números.

A filosofia da Educação Inclusiva tem seus princípios baseadas na Declaração Universal dos Direitos
Humanos. De acordo com o MEC a diversidade se impõe como uma condição para o alcance da
universalidade e da indivisibilidade dos Direitos Humanos. A fundamentação filosófica da educação
inclusiva defende que as pessoas precisam ser tratadas da mesma forma, respeitando-se a limitação
de cada uma.

A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a
diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse
princípio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se
garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das
peculiaridades de cada indivíduo e/ou grupo social. (MEC)

Os princípios da filosofia da educação inclusiva são:

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• A construção da identidade pessoal, social e a igualdade na diversidade;

• Construção da Cidadania

• Exercício da cidadania e promoção da paz

• E atenção as pessoas com necessidades especiais.

Marcos Legais Da Educação Infantil Inclusiva

A educação infantil é um direito constitucional de todas as crianças que vivem no Brasil. A emenda nº
59/2009 alterou os incisos I e VII do artigo 208 da Constituição Site externo, determinando a
obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos de idade. Consequentemente, a matrícula
tornou-se obrigatória a partir da pré-escola, sendo o acesso à creche um direito de todas as crianças
de 0 a 3 anos, devendo o poder público ampliar sua oferta gradativamente.

O artigo 7 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Site externo da Organização
das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o compromisso com a adoção de medidas necessárias para
assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais em igualdade de oportunidade com as demais.

O documento internacional também resolveu a polêmica da coexistência entre um sistema segregado


de educação, que se baseia na condição de deficiência, e um sistema comum, que reconhece e
valoriza a diversidade humana presente na escola, ao explicitar que o direito das pessoas com
deficiência à educação somente se efetiva em sistemas educacionais inclusivos, em todos os níveis,
etapas e modalidades de ensino.

À luz desses preceitos legais, a resolução nº 5/2009 do Conselho Nacional de Educação (CNE) Site
externo estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), adotando
os pressupostos da educação inclusiva. Assim, as creches e pré-escolas passaram a se constituir em
estabelecimentos educacionais, públicos ou privados, destinados à educação das crianças de 0 a 5
anos de idade, por meio da implementação de proposta pedagógica elaborada e desenvolvida por
professores habilitados, superando o modelo assistencialista e fragmentado, divorciado do sistema
educacional.

Mudanças Na Prática Pedagógica Da Educação Infantil

Os novos marcos legais, políticos e pedagógicos da educação infantil, a mudança da concepção de


deficiência, a consolidação do direito da pessoa com deficiência à educação e a redefinição da
educação especial, em consonância com os preceitos da educação inclusiva, constituíram-se nos
principais fatores que impulsionaram importantes transformações nas práticas pedagógicas.
Considerando que a educação infantil é a porta de entrada da educação básica, seu desenvolvimento
inclusivo tornou-a o alicerce dos sistemas de ensino para todas e todos.

Conforme a resolução n° 04/2009 do CNE Site externo, as creches e pré-escolas passaram a prever
o atendimento das especificidades educacionais das crianças com deficiência em seus Projeto
Político-Pedagógicos (PPPs), planejando e desenvolvendo as atividades próprias da educação infantil
de forma a favorecer a interação entre as crianças com e sem deficiência nos diferentes ambientes
(berçário, solário, parquinho, sala de recreação, refeitório, entre outros), proporcionando a plena
participação de todos. De acordo com a lei n° 13.005/2014 Site externo, a articulação entre as áreas
da educação infantil e da educação especial é condição indispensável para assegurar o atendimento
das especificidades das crianças com deficiência na creche e na pré-escola.

Nesse contexto educativo, por intermédio das brincadeiras multissensoriais, as crianças são
instigadas a redescobrirem o mundo, assim como, são introduzidas estratégias de desenvolvimento
da comunicação. Na perspectiva inclusiva, valoriza-se tanto a comunicação oral, quanto a sinalizada
e demais formas alternativas de expressão, levando as crianças a compartilharem meios
diversificados de interação.

A transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos inicia-se, portanto,


pela garantia de pleno acesso às crianças com deficiência à educação infantil, com a efetivação das
medidas necessárias à consecução da meta de inclusão plena.

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Marcos Históricos E Legais Da Educação Especial No Brasil

No Brasil, o primeiro março da educação especial ocorreu no período imperial. Em 1854 , Dom
Pedro II, influenciado pelo ministro do Império Couto Ferraz, admirado com o trabalho do jovem
cego José Álvares de Azevedo que educou com sucesso a filha do médico da família imperial, Dr.
Sigaud, criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Em 1891 a escola passou a se chamar
Instituto Benjamin Constant - IBC.

Em 1857, D. Pedro II também criou o Instituto Imperial dos Surdos-Mudos. A criação desta escola
deve-se a Ernesto Hüet que veio da França para o Brasil com os planos de fundar uma escola para
surdos-mudos. Em 1957 a escola passou a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES. Ainda no período imperial, em 1874, iniciou-se o tratamento de deficientes mentais no
hospital psiquiátrico da Bahia (hoje hospital Juliano Moreira).

Após a proclamação da República, a Deficiência Mental ganha destaque nas políticas públicas,
mesmo porque acreditavam que esta deficiência pudesse implicar em problemas de saúde - uma
vez que era vista como problema orgânico e a relacionavam com a criminalidade, além de temerem
pelo fracasso escolar. Por volta de 1930 surgiram várias instituições para cuidar da deficiência
mental, em número bem superior ao das instituições voltadas para as outras deficiências.

O surgimento das primeiras entidades privadas marca mais um fator preponderante na história de
nosso país: a filantropia e o assistencialismo. Estes dois fatores colocam as instituições privadas
em destaque no decorrer da história da educação especial brasileira, uma vez que o número de
atendimentos realizados por elas era muito superior ao realizado pelas públicas, e, por essa razão
tinham certo poder no momento de discutir as políticas públicas junto a instancias governamentais.

Pelo relato acima, podemos dividir a história do Brasil em dois momentos:

No primeiro, durante o Brasil Império, as pessoas com deficiências mais acentuadas,


impedidas de realizar trabalhos braçais (agricultura ou serviços de casa) eram segregadas
em instituições públicas. As demais conviviam com suas famílias e não se destacavam muito,
uma vez que a sociedade, por ser rural, não exigia um grau muito elevado de desenvolvimento
cognitivo.

No segundo momento, ao mesmo tempo em que surgia a necessidade de escolarização entre a


população, a sociedade passa a conceber o deficiente como um indivíduo que, devido suas
limitações, não podia conviver nos mesmos espaços sociais que o normal deveria, portanto,
estudar em locais separados e, só seriam aceitos na sociedade aqueles que conseguissem
agir o mais próximo da normalidade possível, sendo capazes de exercer as mesmas funções.
Marca este momento o desenvolvimento da psicologia voltada para a educação, o surgimento das
instituições privadas e das classes especiais. (BATISTA, 2006)

Lei 4.024/1961: Antiga Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacionalprevia o direito dos
“excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

O Título X desta LDB previa que “a educação dos excepcionais, devia, no que for possível,
enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade”. Dessa maneira,
ficava claro que se pretendia integrar, na medida do possível, todos os alunos, com deficiências
ou não, no processo educacional.

Todavia, também no título X frisava-se que “toda iniciativa privada considerada eficiente pelos
conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberia dos poderes
públicos tratamento especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções”.

Com isso, ao mesmo tempo em que se previa a integração de todos os alunos no sistema
educacional geral (público), colocava-se também o incentivo às iniciativas privadas que visassem
abarcar a educação de alunos com dificuldades. Isso tornou contraditórias as afirmações iniciais
da LDB, de educação pública para o desenvolvimento de todos, colocando as premissas da
educação inclusiva como distantes dos ideais desta Lei.

Lei 5.692/1971: Alterou a LDBEN de 1961 e definiu “tratamento especial” para alunos com
deficiências físicas e mentais que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de

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matrícula e os superdotados, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de


atender às necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos
alunos para as classes e escolas especiais.

Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela
gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações
educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda
configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.

Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação,
permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar da educação de alunos com
deficiência. No que se refere aos alunos com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular,
não é organizado um atendimento especializado que considere as suas singularidades de
aprendizagem.

Constituição Federal de 1988: A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos
fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º, inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como
um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de
acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante como dever do
Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino (art. 208).

Lei 7.853-1989: Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social,
sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde,
institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação
do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.

Seu texto prevê a oferta obrigatória e gratuita de educação especial na rede pública de ensino, o
oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades
hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano
algum educando portador de deficiência, a matrícula compulsória em cursos regulares de
estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se
integrarem no sistema regular de ensino e define como crime punível com reclusão de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa: recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa,
a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado,
por motivos derivados da deficiência que porta.

No momento em que o legislador prevê a matrícula compulsória para aqueles portadores de


deficiência “capazes de se integrar no sistema de ensino regular”, ele indiretamente seleciona o
público deficiente que terá acesso à escola, pois não há na legislação uma orientação sobre quem
pode definir tal capacidade.

Esta atitude deixa uma lacuna na norma imposta e permite que as próprias unidades de ensino
definam através de padrões e laudos que determinados deficientes não são capazes de se integrar
ao ambiente escolar.

Declaração de Jomtien 1990: Determina o fim de preconceitos e estereótipos de qualquer


natureza na educação.

Nesta Declaração, os países relembram que "a educação é um direito fundamental de todos,
mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro". Declararam, também, entender que a
educação é de fundamental importância para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades,
sendo um elemento que "pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais
próspero e ambientalmente mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso social,
econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional".

Tendo isso em vista, ao assinar a Declaração de Jomtien, o Brasil assumiu, perante a


comunidade internacional, o compromisso de erradicar o analfabetismo e universalizar o
ensino fundamental no país. Para cumprir com este compromisso, o Brasil tem criado
instrumentos norteadores para a ação educacional e documentos legais para apoiar a construção

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de sistemas educacionais inclusivos, nas diferentes esferas públicas: municipal, estadual e


federal.

Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de


“integração instrucional” que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles
que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas
do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais” (p.19).

Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de participação e


aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que
sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mas mantendo a
responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educaçã o especial.

Lei 8859/94: Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 07 de dezembro de 1977 (Lei de Estágio,
revogada pela Lei 11.788/2008), estendendo aos alunos de ensino especial o direito à participação
em atividades de estágio.

Art. 1º - As pessoas jurídicas de Direito Privado, os órgãos de Administração Pública e as


Instituições de Ensino podem aceitar, como estagiários, os alunos regularmente matriculados em
cursos vinculados ao ensino público e particular.

§ 1º - Os alunos a que se refere o "caput" deste artigo devem, comprovadamente, estar


frequentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de educação
especial.

1994 – Declaração de Salamanca: Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das


Necessidades Educativas Especiais.

A inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do


sistema regular de ensino é a questão central, sobre a qual a Declaração de Salamanca discorre.

Na introdução, a Declaração aborda os Direitos Humanos e a Declaração Mundial sobre a


Educação para Todos e aponta os princípios de uma educação especial e de uma pedagogia
centrada na criança.

Em seguida apresenta propostas, direções e recomendações da Estrutura de Ação em Educação


Especial, um novo pensar em educação especial, com orientações para ações em nível nacional e
em níveis regionais e internacionais.

Pode-se dizer que o conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, é


guiado pelos seguintes princípios:

- Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos;

- Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com
necessidades educativas especiais;

- A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as


especificidades da escola;

- O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças.

A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais,


incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, sej a por que
motivo for.

Assim, a ideia de "necessidades educacionais especiais" passou a incluir, além das crianças
portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou
permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam
forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que
vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou
as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja.

Segundo o documento, “o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças


deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam
ter.

As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos,


acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma ed ucação
de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de
ensino, uso de recursos e parceiras com a comunidade (...) Dentro das escolas inclusivas, as
crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que
possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva (...)” (MENEZES, SANTOS
2002).

Portaria MEC 1793/94: Recomenda a inclusão da disciplina Aspectos Ético - Político -


Educacionais na normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais,
prioritariamente, nos cursos de Pedagogia, Psicologia e em todas as Licenciaturas.

Lei 9.394/1996: Atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica
àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de
suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do
programa escolar.

Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de


avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[... ]
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37).

Incorporou os princípios da Declaração de Salamanca e a partir dela verifica -se toda uma alteração
na legislação brasileira onde, nota-se a intenção de tornarem-se possíveis, as mudanças sociais
necessárias para a construção de uma escola inclusiva.

Pela primeira vez foi destinado um capítulo para tratar da educação especial ( Capítulo V da LDB),
prevendo a oferta de educação “preferencialmente” na rede regular para os alunos
deficientes, a oferta de serviço de apoio especializado na escola regular para atender às
peculiaridades da clientela, o início da oferta de educação na educação infa ntil e restringe o
atendimento em classes e/ou escolas especializadas aos alunos cuja deficiência não permitir sua
integração na rede regular.

A partir deste documento a rede regular começou a matricular os deficientes nas classes comuns e
iniciou-se uma série de discussões sobre o assunto. Alguns defendem a proposta, pois
reconhecem que a convivência entre “normais” e “deficientes” será benéfica para ambos, uma vez
que a integração permitirá aos ”normais” aprender a conviver com as diferenças e aos “deficientes”
será oferecida maior oportunidade de desenvolvimento devido ao estímulo e modelo oferecido
pelos alunos “normais”.

Outros se posicionam contra, pois veem que a escola regular não possui nenhum recurso (físico ou
humano) para atender uma clientela tão diversa. Afirmam que o governo institui as leis, mas não
oferece condições para que sejam devidamente implantadas.

Decreto nº 3.298/1999: regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

No que se refere especificamente à educação, o Decreto estabelece a matrícula compulsória de


pessoas com deficiência, em cursos regulares, a consideração da educação especial como
modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e modalidades de
ensino, a oferta obrigatória e gratuita da educação especial em estabelecimentos públicos de
ensino, dentre outras medidas (Art. 24, I, II, IV). Reafirma a educação especial como modalidade de

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de


necessidades especiais.

Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão – 2001: Com forte apelo de Direitos
inerentes à pessoa humana, estabelece que o acesso igualitário a todos os espaços da vida é um
pré-requisito para os direitos humanos universais e liberdades fundamentais das pessoas.

Considera que o esforço rumo a uma sociedade inclusiva para todos é a essência do
desenvolvimento social sustentável.

Sob a liderança das Nações Unidas, reconheceu a necessidade de garantias adicionais de acesso
para certos grupos, e as declarações intergovernamentais fizeram coro para unificar, em parceria,
governos, trabalhadores e sociedade civil a fim de desenvolverem políticas e práticas inclusivas.

Decreto 3.956/2001:Promulga a Convenção Interamericana da Guatemala para a Eliminação de


Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.

A partir da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


contra as Pessoas Portadores de Deficiência, os Estados Partes reafirmaram que "as pessoas
portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras
pessoas e que estes direitos, inclusive o de não ser submetido à discriminação com base na
deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano”.

Define como discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa
impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. De uma
forma geral a Convenção trata do combate à discriminação contra pessoas com deficiência,
apresentando objetivos que tentam promover a igualdade entre portadores de deficiência e demais
pessoas, mas também sugere que os Estados Partes trabalhem na prevenção de todas as formas
de deficiência passíveis de se prevenir.

Entre as ações compromissadas pelo Brasil no ato da assinatura, tem destaque o trabalho
“prioritário” nas seguintes áreas:

- Prevenção de todas as formas de deficiência;

- Detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educação, formação ocupacional e


prestação de serviços completos para garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida
para as pessoas portadoras de deficiência;

- Sensibilização da população, por meio de campanhas de educação, destinadas a eliminar


preconceitos, estereótipos e outras atitudes que atentam contra o direito das pess oas a serem
iguais, permitindo desta forma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de
deficiência.

Resolução CNE/CEB 02/2001: Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes Nacionais


para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, nos artigo 2º e 3º,
determinam que:

“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se
para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as
condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001)”.

“Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo


educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços
educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a
garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação
básica”.

As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional


especializado complementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admitir a

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializam a adoção de uma política de


educação inclusiva na rede pública de ensino, prevista no seu artigo 2º.

Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001: destaca que “o grande avanço que a
década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o
atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de
ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, aponta um
déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino
regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado.

Entre os objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educacionais
especiais estabelecidos no PNE, destacam-se os que tratam:

• do desenvolvimento de programas educacionais em todos os municípios, e em parceria com as


áreas de saúde e assistência social, visando à ampliação da oferta de atendimento da educação
infantil;

• dos padrões mínimos de infraestrutura das escolas para atendimento de alunos com
necessidades educacionais especiais;

• da formação inicial e continuada dos professores para atendimento às necessidades dos alunos;

• da disponibilização de recursos didáticos especializados de apoio à aprendizagem nas áreas


visual e auditiva;

• da articulação das ações de educação especial com a política de educação para o trabalho;

• do incentivo à realização de estudos e pesquisas nas diversas áreas relacionadas com as


necessidades educacionais dos alunos;

• do sistema de informações sobre a população a ser atendida pela educação especial.

Lei 10.436/2002: Reconhece LÍBRAS (língua brasileira de sinais), como língua oficial no País
juntamente com o Português.

Resolução CNE/CP 01/2002: Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de


Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever, em
sua organização curricular, formação docente voltada para a atenção à diversidade e contemple
conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidade educacionais especiais.

Portaria MEC 2.678/2002: Aprova diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão
do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braille
para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo território nacional.

Lei 10.845/2004: Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional


Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência (PAED), com objetivos principais de garantir
a universalização do atendimento especializado de educandos portadores de deficiência,
cuja situação não permita a integração em classes comuns de ensino regular e garantir,
progressivamente, a inserção dos educandos portadores de deficiência nas classes comuns
de ensino regular. A complementação é realizada através da transferência de recursos financeiros
pelo Governo Federal diretamente à unidade executora constituída na forma de entidade privada
sem fins lucrativos, que preste serviços gratuitos na modalidade de educação especial.

Decreto 5.626/2005: Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais - Líbras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Define que a formação de docentes para o ensino de Líbras nas séries finais do ensino
fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em
curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Líbras ou em Letras: Líbras/Língua
Portuguesa como segunda língua.

Decreto 6.094/2007: Em 2007 foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE,


reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de professores para a educa ção

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica dos


prédios escolares, acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação superior e o
monitoramento do acesso à escola dos favorecidos pelo Benefício de Prestação Continuada – BPC.

No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas é


reafirmada a visão que busca superar a oposição entre educação regular e educação especial.

Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da educação especial nos diferentes


níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva da inclusão e
do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando, o cumprimento do princípio
constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a
continuidade nos níveis mais elevados de ensino (2007, p. 09).

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD): Aprovada pela ONU em
2006 e da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Partes devem assegurar um
sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta da plena participação e inclusão,
adotando medidas para garantir que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de
deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e
compulsório, sob alegação de deficiência;

b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e
gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem.

Considerando que a previsão de terminalidade específica da Lei de Diretrizes e Bases, se baseia


exatamente nas limitações do aluno deficiente para justificar a impossibilidade de continuidade no
Ensino Fundamental, há um choque com o estabelecido na CDPD.

Decreto Legislativo 186/2008: Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, nos termos do § 3º do artigo 5º da Constituição Federal,
assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.

Em parágrafo único do artigo 1º, estabelece que ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
quaisquer atos que alterem a referida Convenção e seu Protocolo Facultativo, bem como quaisquer
outros ajustes complementares que, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição
Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Decreto 6.949/2009: Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

Resolução CNE/CEB 04/2009: Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional


Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.

Apresenta o AEE – Atendimento Educacional Especializado como um “serviço” da Educação


Especial assegurado na legislação brasileira através da Constituição de 1988.

Diante da análise recorrente aos documentos Política Nacional de Educação Especial na


Perspectiva da Educação Inclusiva e da Resolução CNE/CEB n. 04/2009, podemos perceber que
ambos condizem em relação às ideias referentes ao AEE. Os referidos doc umentos concebem o
AEE como uma modalidade da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos
pedagógicos e de acessibilidade, com o intuito de eliminar as barreiras que se interpõem à plena
participação, no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos com deficiência ou mobilidade
reduzida, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Os textos dos citados documentos fazem referência ao Atendimento Educacional Especializado


como um serviço que perpassa todos os níveis e etapas, assim como todas as modalidades da
educação básica e superior, ocorrendo, preferencialmente, nas salas de recursos multifuncionais
da própria escola na qual o aluno encontra-se matriculado ou outra escola do ensino regular,
podendo ser realizado, também, em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos... (art. 5º


CNE/CEB nº 04).

Foi a partir do artigo 1º desta Resolução que brotaram as primeiras divergências ideológicas acerca
da Educação Especial, pois a determinação é de que os sistemas de ensino devem matricular os
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado
(AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional
Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem
fins lucrativos.

Decreto 7611/2011: Publicado em 18 de novembro de 2011, dispõe sobre a educação especial, o


atendimento educacional especializado e dá outras providências. Revogou na íntegra o
Decreto 6571/2008 e causou controvérsias na interpretação de seus artigos por “supostamente”
recuar em políticas que já vinham se solidificando na garantia do direito de alunos com deficiência.

Um dos artigos controversos é o 1º e seu inciso III, cuja transcrição prevê:

Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será
efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:

...

III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;

Previsão esta que destoa da Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional(9.394/96), que em
seu artigo 59, inciso II, determina a terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências.

A polêmica continua quando se trata de repasse de verbas, pois o Decreto 6571/08 também
garantia a dupla matrícula no âmbito do FUNDEB desses alunos matriculados no AEE no período
oposto ao da escolarização. Ou seja, além de o aluno estar na sala regular, garantia a oferta do
AEE no turno oposto em Salas de Recursos Multifuncionais na própria escola ou em outra escola
da rede de ensino, em centro de atendimento educacional especializado ou por instituições
filantrópicas.

Militantes da causa da educação especial, professores e profissionais apontam um retrocesso no


artigo 14 do Decreto 7611/2011 e seu parágrafo 1º, cuja transcrição prevê:

Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das
matrículas efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais
ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com
o Poder Executivo competente.

§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino, em


classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais ou
especializadas.

“O conflito está no termo “educação especial”, onde deveria ler-se “atendimento educacional
especializado”, visto que as instituições filantrópicas não possuem autorização para escolarizar
como a escola regular”.

Segundo a interpretação de alguns, este artigo do novo decreto permite que escolas especiais
ofertem a Educação, ou seja, que espaços considerados segregados de escolarização sejam
regulamentados por lei.

Decreto 7612/2011: Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver
sem Limite.

Possui a finalidade de promover, por meio da integração e articulação de políticas, programas e


ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência, nos termos da
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo

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Facultativo, aprovados por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008,


com status de emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto 6.949/2009

Possui como um de seus eixos principais o acesso à educação, e prevê a garantia de que os
equipamentos públicos de educação sejam acessíveis para as pessoas com deficiência, inclusive
por meio de transporte adequado.

Meta 4 do Novo Plano Nacional de Educação: O Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020)
documento que servirá como diretriz para todas as políticas educacionais do País para a próxima
década, é composto por 12 artigos e um anexo com 20 metas para a Educação, e tem como foco a
valorização do magistério e a qualidade da Educação.

Sua formulação foi realizada através de um documento base elaborado pelo Ministério da
Educação e adequado exaustivamente por representantes da educação de todo o país, através da
realização de Conferências Municipais e Estaduais de Educação. Após esse processo, a
Conferência Nacional de Educação (CONAE), ocorrida em 2010, finalizou o documento que seria
enviado à Câmara dos Deputados para aprovação e demais trâmites legais.

A meta 4 do PNE, que trata da educação de pessoas público-alvo da Educação Especial, em seu
texto original, tal qual apresentado pelo Ministério da Educação, foi fruto de deliberações de
centenas de delegados na Conferência Nacional de Educação, baseado na Constituição Federal e
na Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência.

O texto original proposto pelos delegados da CONAE apresentava a seguinte redação:

“Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes


com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
rede regular de ensino”.

Após inúmeras intervenções, que não consideraram a construção coletiva como havia sido feito
anteriormente, em 29 de maio de 2012 o Deputado Angelo Vanhoni apresenta nova redação, que
vem sendo acusada de ser anticonstitucional uma vez que contraria a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, que tem status de emenda constitucional no Brasil, veja:

“Meta 4: Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o atendimento escolar aos
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, preferencialmente, na rede regular de ensino, garantindo o atendimento educacional
especializado em classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou comunitários, sempre
que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível sua integração nas classes
comuns.”

Para os defensores da inclusão plena em escolas regulares da rede pública de ensino, t al redação
legitima a exclusão da população com deficiência do sistema comum de ensino, permite a triagem
de alunos para o ingresso na escola e traz de volta a segregação em escolas e classes especiais.
Permite que se determine se uma criança ou um jovem deve ou não estar numa escola comum,
ação essa que pelo histórico legislativo do país, não foi nenhuma inovação, visto que ao longo dos
anos as regulamentações sempre oscilaram entre a escola regular e as instituições especializadas,
havendo movimento pró escola regular num lapso temporal de aproximadamente quatro anos até
os dias de hoje.

A escola comum se caracteriza como inclusiva quando reconhece e valoriza as diferenças de


características de seu alunado e quando luta contra práticas discriminatórias, segregacionistas e
contra processos sociais excludentes, garantindo a todos o direito de aprender a aprender.

A escola na perspectiva inclusiva, não o é somente pela presença física de sujeitos deficientes,
muito menos por assegurar a matricula e a presença de educandos especiais em seu âmbito. Esse
acesso deverá ser acompanhado de qualidade, permanência com êxito, mudança comportamental
da comunidade escolar e o reconhecimento do aluno deficiente como sujeito de direito igual a
todos, capaz de traçar sua própria trajetória, caso contrário será a exclusão dentro da inclusão.

As escolas de educação regular, pública e privada, devem assegurar as condições necessárias


para o pleno acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência e transtornos

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globais do desenvolvimento, em todas as atividades desenvolvidas no contexto escolar, para que


haja contexto e justificativa da presença do aluno naquele ambiente, para não nos pautarmos em
práticas que apenas permitem ao deficiente estar na escola, em qualquer ambiente, fazendo
qualquer coisa, menos as atividades inerentes às unidades escolares, ou seja, sem efetivamente
integrar-se à escola.

Dentre os serviços da educação especial que os sistemas de ensino devem prover estão os
profissionais de apoio, tais como aqueles necessários para promoção da acessibilidade e para
atendimento a necessidades específicas dos estudantes no âmbito da acessibilidade às
comunicações e da atenção aos cuidados pessoais de alimentação, higiene e locomoção .
Na organização e oferta desses serviços devem ser considerados os seguintes aspectos:

 As atividades de profissional tradutor e intérprete de Líbras e de guia-intérprete para alunos surdo


cegos seguem regulamentação própria, devendo ser orientada sua atuação na escola pela
educação especial, em articulação com o ensino comum.

 Os profissionais de apoio às atividades de locomoção, higiene, alimentação, prestam auxílio


individualizado aos estudantes que não realizam essas atividades com independência. Esse ap oio
ocorre conforme as especificidades apresentadas pelo estudante, relacionadas à sua condição de
funcionalidade e não à condição de deficiência.

 A demanda de um profissional de apoio se justifica quando a necessidade específica do


estudante público alvo da educação especial não for atendida no contexto geral dos cuidados
disponibilizados aos demais estudantes.

 Em caso de educando que requer um profissional “acompanhante” em razão de histórico


segregado, cabe à escola favorecer o desenvolvimento dos processos pessoais e sociais para a
autonomia, avaliando juntamente com a família a possibilidade gradativa de retirar esse
profissional.

 Não é atribuição do profissional de apoio desenvolver atividades educacionais diferenciadas, ao


aluno público alvo da educação especial, e nem se responsabilizar pelo ensino deste aluno.

 O profissional de apoio deve atuar de forma articulada com os professores do aluno público alvo
da educação especial, da sala de aula comum, da sala de recursos multifuncionais, entre outros
profissionais no contexto da escola.

 Os demais profissionais de apoio que atuam no âmbito geral da escola, como auxiliar na
educação infantil, nas atividades de pátio, na segurança, na alimentação, entre outras atividades,
devem ser orientados quanto à observação para colaborar com relação no atendimento às
necessidades educacionais específicas dos estudantes.

A educação inclusiva requer uma redefinição conceitual e organizacional das políticas educacionais
e culturais. Nesta perspectiva, o financiamento dos serviços de apoio aos alunos público alvo da
educação especial devem integrar os custos gerais com o desenvolvimento do ensino, sendo
disponibilizados em qualquer nível, etapa ou modalidade de ensino, no âmbito da educação pública
ou privada.

Ressalta-se que os estabelecimentos de ensino deverão ofertar os recursos específicos


necessários para garantir a igualdade de condições no processo educacional, cabendo -lhes a
responsabilidade pelo provimento dos profissionais de apoio.

Portanto esta obrigação não deverá ser transferida às famílias dos estudantes público alvo da
educação especial, por meio da cobrança de taxas ou qualquer outra forma de repasse desta
atribuição, e ao Ministério Público caberá a definição de entendimentos positivados pela
interpretação das normas em vigor, no sentido de promover a garantia dos direitos de crianças e
adolescentes em circunstâncias que não firam sua dignidade humana.

Os Desafios da Educação Inclusiva: Foco Nas Redes de Apoio

Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é
preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes,

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gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades
Educacionais Especiais

O esforço pela inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais no Brasil é a
resposta para uma situação que perpetuava a segregação dessas pessoas e cerceava o seu pleno
desenvolvimento.

Até o início do século 21, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola
regular e a escola especial - ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, nosso
sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a
regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles
que encontram barreiras para a aprendizagem.

A Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a


escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos
os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.

Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e


que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e
apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos.

A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento e do


fortalecimento da personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a
construção da cidadania, deve ser incentivado.

Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A
opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário.
Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa
variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver
oportunidades de convivência a todas as crianças.

Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na realidade social, representa


oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com ênfase nas competências,
capacidades e potencialidades do educando.

Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de Educação


inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à equidade. Trata-
se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos - inclusive às pessoas em situação de
deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o direito de aprender a aprender,
aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO, 2005).

O Que O Plano Nacional De Educação Diz Sobre A Educação Inclusiva

Isac Oliveira Souza aprendendo ler na lousa braile, na sala de recursos da EE Dom Jayme de Barros.

No Brasil, a regulamentação mais recente que norteia a organização do sistema educacional é


o Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Esse documento, entre outras metas e propostas
inclusivas, estabelece a nova função da Educação especial como modalidade de ensino que
perpassa todos os segmentos da escolarização (da Educação Infantil ao ensino superior); realiza o
atendimento educacional especializado (AEE); disponibiliza os serviços e recursos próprios do
AEE e orienta os alunos e seus professores quanto à sua utilização nas turmas comuns do ensino
regular.

O PNE considera público alvo da Educação especial na perspectiva da Educação inclusiva,


educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do
desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.

Se o aluno apresentar necessidade específica, decorrente de suas características ou condições,


poderá requerer, além dos princípios comuns da Educação na diversidade, recursos diferenciados
identificados como necessidades educacionais especiais (NEE). O estudante poderá beneficiar-se
dos apoios de caráter especializado, como o ensino de linguagens e códigos específicos de
comunicação e sinalização, no caso da deficiência visual e auditiva; mediação para o

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desenvolvimento de estratégias de pensamento, no caso da deficiência intelectual; adaptações do


material e do ambiente físico, no caso da deficiência física; estratégias diferenciadas para
adaptação e regulação do comportamento, no caso do transtorno global; ampliação dos recursos
educacionais e/ou aceleração de conteúdos para altas habilidades.

A Educação inclusiva tem sido um caminho importante para abranger a diversidade mediante a
construção de uma escola que ofereça uma proposta ao grupo (como um todo) ao mesmo tempo em
que atenda às necessidades de cada um, principalmente àqueles que correm risco de exclusão em
termos de aprendizagem e participação na sala de aula.

Além de ser um direito, a Educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do


mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve
competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não
escondê-la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as
habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia
de alguns, é uma Educação melhor para todos. (MENDES, 2012).

O Que Significa Ter Um Projeto Pedagógico Inclusivo?

Marilda Dutra, professora de Geografia, e Marcia Maisa Leite Buss, intérprete de libras, da EE Nossa
Senhora da Conceição, e seus alunos.

As barreiras que podem impedir o acesso de alguns alunos ao ensino e à convivência estão
relacionadas a diversos componentes e dimensões da escolarização. Ocorrem, também,
impedimentos na ação dos educadores. Vejamos os principais pontos revelados na experiência com
educadores no exercício da Educação inclusiva, para todos.

Educadores reconhecem, cada vez mais, a diversidade humana e as diferenças individuais que
compõem seu grupo de alunos e se deparam com a urgência de transformar o sistema educacional e
garantir um ensino de qualidade para todos os estudantes.

Não basta que a escola receba a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais, é
preciso que ofereça condições para a operacionalização desse projeto pedagógico inclusivo. A
inclusão deve garantir a todas as crianças e jovens o acesso à aprendizagem por meio de todas as
possibilidades de desenvolvimento que a escolarização oferece.

As mudanças são imprescindíveis, dentre elas a reestruturação física, com a eliminação das barreiras
arquitetônicas; a introdução de recursos e de tecnologias assistivas; a oferta de profissionais do
ensino especial, ainda em número insuficiente. Além da compreensão e incorporação desses serviços
na escola regular são necessárias alternativas relativas à organização, ao planejamento e à avaliação
do ensino.

Outro ponto importante refere-se à formação dos professores para a inclusão. A transformação de
paradigma na Educação exige professores preparados para a nova prática, de modo que possam
atender também às necessidades do ensino inclusivo. O saber está sendo construído à medida que
as experiências vão acumulando-se e as práticas anteriores vão sendo transformadas. Por isso, a
formação continuada tem um papel fundamental na prática profissional.

A inclusão de pessoas com necessidades especiais faz parte do paradigma de uma sociedade
democrática, comprometida com o respeito aos cidadãos e à cidadania. Esse paradigma, na escola,
apresenta-se no projeto pedagógico que norteará sua ação, explicitará sua política educacional, seu
compromisso com a formação dos alunos, assim como, com ações que favoreçam a inclusão social.

É o projeto pedagógico que orienta as atividades escolares revelando a concepção da escola e as


intenções da equipe de educadores. Com base no projeto pedagógico a escola organiza seu trabalho;
garante apoio administrativo, técnico e científico às necessidades da Educação inclusiva; planeja
suas ações; possibilita a existência de propostas curriculares diversificadas e abertas; flexibiliza seu
funcionamento; atende à diversidade do alunado; estabelece redes de apoio, que proporcionam a
ação de profissionais especializados, para favorecer o processo educacional.

É na sala de aula que acontece a concretização do projeto pedagógico - elaborado nos diversos
níveis do sistema educacional. Vários fatores podem influenciar a dinâmica da sala de aula e a

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eficácia do processo de ensino e aprendizagem. Planejamentos que contemplem regulações


organizativas diversas, com possibilidades de adequações ou flexibilizações têm sido uma das
alternativas mais discutidas como opção para o rompimento com estratégias e práticas limitadas e
limitantes.

Flexibilização e Adaptação curricular em Favor da Aprendizagem

Para estruturar as flexibilizações na escola inclusiva é preciso que se reflita sobre os possíveis
ajustes relativos à organização didática. Qualquer adaptação não poderá constituir um plano paralelo,
segregado ou excludente. As flexibilizações e/ou adequações da prática pedagógica deverão estar a
serviço de uma única premissa: diferenciar os meios para igualar os direitos, principalmente o direito
à participação, ao convívio.

O desafio, agora, é avançar para uma maior valorização da diversidade sem ignorar o comum
entre os seres humanos. Destacar muito o que nos diferencia pode conduzir à intolerância, à
exclusão ou a posturas fundamentalistas que limitem o desenvolvimento das pessoas e das
sociedades, ou, que justifiquem, por exemplo, a elaboração de currículos paralelos para as
diferentes culturas, ou para pessoas com necessidades educacionais especiais. (BLANCO,
2009).

Além disso, para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, há necessidade de uma atitude
positiva e disponibilidade do professor para que ele possa criar uma atmosfera acolhedora na classe.
A sala de aula afirma ou nega o sucesso ou a eficácia da inclusão escolar, mas isso não quer dizer
que a responsabilidade seja só do professor. O professor não pode estar sozinho, deverá ter
uma rede de apoio, na escola e fora dela, para viabilizar o processo inclusivo.

Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua de apoio deveria
ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas
adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à
provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de apoio externo.
(Declaração de Salamanca, 1994).

Como Formar Redes De Apoio À Educação Inclusiva

Matheus Santana da Silva, aluno autista, com seu pai na biblioteca da escola.

Os sistemas de apoio começam na própria escola, na equipe e na gestão escolar. O aluno com
necessidades especiais não é visto como responsabilidade unicamente do professor, mas de todos
os participantes do processo educacional.

A direção e a coordenação pedagógica devem organizar momentos para que os professores possam
manifestar suas dúvidas e angústias. Ao legitimar as necessidades dos docentes, a equipe gestora
pode organizar espaços para o acompanhamento dos alunos; compartilhar entre a equipe os relatos
das condições de aprendizagens, das situações da sala de aula e discutir estratégias ou
possibilidades para o enfrentamento dos desafios. Essas ações produzem assuntos para estudo e
pesquisa que colaboram para a formação continuada dos educadores.

A família compõe a rede de apoio como a instituição primeira e significativamente importante para a
escolarização dos alunos. É a fonte de informações para o professor sobre as necessidades
específicas da criança. É essencial que se estabeleça uma relação de confiança e cooperação entre
a escola e a família, pois esse vínculo favorecerá o desenvolvimento da criança.

Profissionais da área de saúde que trabalham com o aluno, como fisioterapeutas, psicopedagogos,
psicólogos, fonoaudiólogos ou médicos, também compõem a rede. Esses profissionais poderão
esclarecer as necessidades de crianças e jovens e sugerir, ao professor, alternativas para o
atendimento dessas necessidades.

Na perspectiva da Educação inclusiva, os apoios centrais reúnem os serviços da Educação especial


e o Atendimento Educacional Especializado (AEE). São esses os novos recursos que precisam
ser incorporados à escola. O aluno tem direito de frequentar o AEE no período oposto às aulas. O
sistema público tem organizado salas multifuncionais ou salas de apoio, na própria escola ou em

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instituições conveniadas, com o objetivo de oferecer recursos de acessibilidade e estratégias para


eliminar as barreiras, favorecendo a plena participação social e o desenvolvimento da aprendizagem.

Art. 1º. Para a implementação do Decreto no 6.571/2008, os sistemas de ensino devem


matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento
Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em
centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos;

Art. 2º. O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio
da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as
barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem;
Parágrafo Único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na
Educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e
pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e
informação, dos transportes e dos demais serviços. (CNB/CNE, 2009).

Ainda que não apresente números consideráveis, a inclusão tem sido incorporada e revela ações que
podem ser consideradas práticas para apoiar o professor. Ter um segundo professor na sala de aula,
é um exemplo, seja presente durante todas as aulas ou em alguns momentos, nas mais diversas
modalidades: intérprete, apoio, monitor ou auxiliar. Esse professor poderá possuir formação
específica, básica ou poderá ser um estagiário. A participação do professor do AEE poderá ocorrer na
elaboração do planejamento e no suporte quanto à compreensão das condições de aprendizagem
dos alunos, como forma de auxiliar a equipe pedagógica.

Outra atividade evidenciada pela prática inclusiva para favorecer o educador é a adoção das práxis -
no ensino, nas interações, no espaço e no tempo - que relacione os diferentes conteúdos às diversas
atividades presentes no trabalho pedagógico. São esses procedimentos que irão promover aos
alunos a possibilidade de reorganização do conhecimento, à medida que são respeitados os
diferentes estilos e ritmos de aprendizagem.

Vale ressaltar que a Educação inclusiva, como prática em construção, está em fase de
implementação. São muitos os desafios a serem enfrentados, mas as iniciativas e as alternativas
realizadas pelos educadores são fundamentais. As experiências, agora, centralizam os esforços para
além da convivência, para as possibilidades de participação e de aprendizagem efetiva de todos os
alunos.

Diferenciar Para Incluir: Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

Muito antes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) Site externo, a
Convenção Interamericana Para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as
Pessoas Portadoras de Deficiência (2001), ou Convenção da Guatemala, esclarecia sobre o fato de
não constituir discriminação a diferenciação ou preferência adotada para promover a integração social
ou o desenvolvimento das pessoas com deficiência, desde que a diferenciação ou preferência não
limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal
diferenciação ou preferência.

Por essa Convenção, as diferenciações são, em algumas circunstâncias, admitidas, mas jamais serão
permitidas a exclusão ou limitações e restrições se o motivo for a deficiência. Desatrelada das
conquistas de movimentos em favor da inclusão escolar, a educação especial, até 2008, diferenciava
o atendimento a seus estudantes, excluindo-os dos ambientes comuns de escolarização, em classes
e escolas especiais.

O propósito atual da educação especial é alinhar-se ao que preceitua a nossa Constituição, ao


estender e aprofundar a compreensão do direito à educação pela internalização desses e de outros
documentos internacionais dos que o Brasil é signatário. Mas não é tão fácil e palatável aos sistemas
de ensino e aos que pleiteiam a educação especial na sua concepção excludente assumir essa
virada de sentido da diferenciação. Essa dificuldade, embora até certo ponto esperada, tem se
traduzido por uma resistência vazia de argumentos e de embasamento teórico metodológico que

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convença a volta atrás, o retrocesso aos tempos em que o entendimento da educação comum e da
educação especial permitia e sustentava os benefícios de diferenciar para excluir.

Pais e professores, autoridades educacionais, políticos engajados no atendimento a pessoas com


deficiência ainda enfrentam o ceticismo, o pessimismo de muitos, cujos olhos, embaçados pelo
assistencialismo, a benemerência, o paternalismo, não conseguem vislumbrar o que esse novo
sentido da diferenciação traz de avanços e vantagens para todos, indistintamente.

A diferenciação para excluir, que motiva a discriminação, e a diferenciação para incluir, que promove
a inclusão, têm sido exaustivamente explicitadas pelos que se dispõem a esclarecer as atuais
pretensões da educação especial.

As iniciativas em favor do acesso dos alunos da educação especial às turmas das escolas comuns e
aos novos serviços especializados propostos pela Política de 2008 visam à transposição das
barreiras que os impediam de cursar com autonomia todos os níveis de ensino em suas etapas e
modalidades, resguardado o direito à diferença, na igualdade de direitos. Munidos das prescrições de
nosso ordenamento jurídico, é possível e urgente que se garanta a igualdade de direitos a uma
educação, que livra o aluno de qualquer diferenciação para excluir e/ou inferiorizá-los e que assegure
o direito à diferença, quando lhes é propiciado um atendimento especializado, que considera suas
características e especificidades.

A Política Nacional de Educação Especial de 2008

A Política Nacional de Educação Especial de 2008 Site externo trouxe novas concepções à atuação
da educação especial, em nossos sistemas de ensino. De substitutiva do ensino comum para alunos
com deficiência, a educação especial se volta atualmente à tarefa de complementar a formação dos
alunos que constituem seu público-alvo, por meio do ensino de conteúdos e utilização de recursos
que lhes conferem a possibilidade de acesso, permanência e participação nas turmas comuns de
ensino regular, com autonomia e independência.

Os objetivos da educação especial na perspectiva da educação inclusiva asseguram a inclusão


escolar de alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas
habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para:

• Garantir o acesso de todos os alunos ao ensino regular (com participação, aprendizagem e


continuidade nos níveis mais elevados de ensino;
• Formar professores para o AEE e demais professores para a inclusão;
• Prover acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, comunicações e informação;
• Estimular a participação da família e da comunidade;
• Promover a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas educacionais;
• Oferecer o atendimento educacional especializado (AEE).

As diretrizes da Política de Educação Especial se fundamentam na diferenciação para incluir e são


extensivas a todas as ações e serviços da educação especial, devendo estar presentes
transversalmente, em todas as modalidades e níveis de ensino.

A definição de um público-alvo da educação especial eliminou a possibilidade de um grande número


de alunos serem encaminhados a seus serviços, por exclusão total ou parcial das turmas comuns. A
diferenciação para excluir era ato comumente praticado, mesmo com base nas melhores intenções.

Os serviços da educação especial permitiam que alunos com dificuldades de aprendizagem, por
exemplo, fossem atendidos em salas de recursos, em classes especiais e até mesmo em escolas
especiais. Os professores de educação especial se descaracterizavam ao atender a esses casos e
tinham seus perfis desfigurados e suas competências subutilizadas. A exclusão se mantinha e se
justificava por esses descaminhos.

O Atendimento Educacional Especializado

Diferenciando para incluir, sem restrições e limites, a educação especial propicia hoje aos seus
alunos a novidade do atendimento educacional especializado. Nesse serviço, os alunos ampliam sua
formação, para que possam estudar nas turmas comuns e viver suas vidas plenamente, na medida
de suas capacidades e, principalmente, segundo as possibilidades que lhe são oferecidas pelo meio

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escolar e social. A condição de uma vida inclusiva é uma conjunção entre fatores que pertencem ao
sujeito e ao meio em que interage. A “situação de deficiência” é o resultado dessa equação.

O AEE está sendo disseminado pelas escolas brasileiras, do ponto de vista conceitual e prático, de
modo que possa ser compreendido e executado segundo seus objetivos de: identificar, elaborar, e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.

Ele complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua autonomia na escola e fora
dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. Esse atendimento tem funções próprias
do ensino especial; não se confunde, portanto, com reforço escolar para a clientela da educação
especial.

Os objetivos do atendimento educacional especializado, ao serem absorvidos pelas redes de ensino,


vão exigindo das escolas: espaço físico, recursos, equipamentos, formação continuada de
professores em serviço, integração da educação especial nos projetos político-pedagógicos. Por meio
desse e de outros tipos de atuação, a educação especial está se introduzindo pouco a pouco nas
escolas comuns e redesenhando os seus contornos educacionais, conquanto não estejam ainda
verdadeiramente comprometidas com a inclusão escolar.

A homogeneização das turmas escolares decorre da identidade que se impõe como a desejável,
embora o normal só se defina pelo anormal, o branco pelo preto, ao velho pelo novo, o bom pelo mau
e vice-versa. Explica-se por tais razões a facilidade que temos de apontar, decidir /definir quem fica e,
automaticamente, quem sai das turmas por ter ou não condições de ficar “dentro” delas. Na inclusão,
ninguém sai; todos estão dentro da escola, até mesmo o AEE, embora ainda preferencialmente.

Por ora, vivencia-se a intrincada situação de formar professores para a educação especial e mais
precisamente para o atendimento educacional especializado. A orientação da Política de Educação
Especial é formar um profissional que não está encerrado no conhecimento específico de uma dada
deficiência, como ocorria antes. Essa formação não lhe confere poderes de ensinar a partir de
conhecimentos universalizados, referentes a uma deficiência os problemas e soluções estão
encarnados no aluno e não se encaixam em um receituário geral.

Assim como os alunos excluídos se inseriram nas escolas, nas fases iniciais de garantia do direito de
todos à educação, os professores, ao introduzirem o AEE nas escolas, estão ocupando lugares na
equipe pedagógica, que são determinantes para que a inclusão escolar seja mais e melhor
compreendida em seus princípios, fortalecendo-se e expandindo-se no ensino comum e especial.
Esse lugar não é abstrato, mas um espaço, denominado sala de recursos multifuncionais (SRM), que
reúne recursos humanos e materiais que envolvem novos conhecimentos, equipamentos, arranjos e
parcerias e uma gestão da presença da educação especial na escola, que está sendo pouco a pouco
sentida e considerada pela comunidade escolar e pelos pais a partir de novas práticas de
encaminhamento, estudos e planos de ação educativos.

A despeito das resistências de toda ordem, os alunos com deficiência já não encontram a oposição
de tempos atrás e estão adentrando em número cada vez mais crescente às nossas escolas comuns.
Segundo a diretoria de Educação Especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC), o acesso de alunos público alvo
da educação especial em classes comuns de ensino regular, em 2010, chegou a 484.3332
estudantes, representando 69% do total de matrícula dessa população.

Em nota técnica recente, o MEC conclui que o crescimento ocorreu, a partir da promoção da
acessibilidade na escola, que alcançou 83% dos municípios brasileiros, por meio da implantação das
SRMs, onde se oferta o AEE, entre outros. A mesma nota destaca que, se o ritmo de crescimento de
matrícula continuar semelhante ao que aconteceu nos últimos 10 anos, em 2020 os sistemas de
ensino atingirão 66% da população público alvo da educação especial, na faixa etária e 4 a 17 anos,
na rede regular de ensino.

Para que se alcance o que propõe a Meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE) correspondente
ao decênio 2011-2020, isto é, universalizar para a população de 4 a 17 anos o atendimento
educacional especializado, faz-se necessário que o Ministério da Educação amplie e fortaleça as
ações em desenvolvimento, articulado com os sistemas de ensino estaduais e municipais. Estratégias
estão sendo criadas para que meta atenda às necessidades de: implantação de salas de recursos

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

multifuncionais; investimentos na adequação dos prédios escolares para acessibilidade das escolas
públicas, transporte acessível, material didático, equipamentos e outros recursos indispensáveis;
implementação da rede nacional de formação continuada de professores de educação especial pela
Universidade Aberta do Brasil (UAB), à qual se associaram inúmeras universidades federais e
estaduais.

Marcando seus espaços, e desafiando os que nela atuam, questionando-os, no silêncio dessa
ocupação, no desconforto que provocam aos que não conseguem lidar com suas próprias diferenças.
Porque é muito forte a presença do novo em ambientes conservadores e que se pretendem imunes
ao que não pertence a um meio escolar no qual se pune e controla o ensino e o aprendiz e em que a
exclusão é absolutamente previsível e adequada.

As mudanças na educação especial e na escola comum estão vivendo o assombro pelo outro, pelo
diferente, nas nossas escolas. Reconhecer o outro como “o diferente” não basta, porque esse outro é
sempre “um” outro e não “o” mesmo – ele difere infinitamente. O nosso entendimento do outro está
comprometido pela imagem do aluno rotulado que conseguimos conter em nossa cartela de
categorias educacionais.

A aprendizagem que nos falta para distinguir a diferenciação para incluir da diferenciação para excluir
sobrevém aos encontros com esse Outro, que difere sempre e que não se deixa capturar. Ela é
essencialmente ativa e mobilizadora, pois o confronto com a alteridade, quando nos deixa perplexos,
constitui o seu momento ideal, impulsionado pela incerteza, pela dúvida, pelo desejo de enfrentar o
desconhecido. As incursões da educação especial nos sistemas de ensino promovem essas
aprendizagens por aproximações necessárias e inusitadas, nas turmas, nas atividades do cotidiano.

A Educação Especial na Educação Inclusiva

A Educação Inclusiva é a educação para todos, que visa reverter o percurso da exclusão, ao criar
condições, estruturas e espaços para uma diversidade de educandos. Assim, a escola será inclusiva
quando transformar, não apenas a rede física, mas a postura, as atitudes e a mentalidade dos
educadores, e da comunidade escolar em geral, para aprender a lidar com o heterogêneo e conviver
naturalmente com as diferenças. Os sistemas de ensino devem dar respostas às necessidades
educacionais de todos os alunos, pois o movimento inclusivo nas escolas, por mais contestado, que
ainda seja, até mesmo pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio
educacional, é irreversível e convence a todos pela sua lógica e pela ética do seu posicionamento
social.

O momento é refazer a educação escolar, seguindo novos paradigmas, preceitos, ferramentas e


tecnologias educacionais.

A sustentação de um projeto escolar inclusivo implica necessariamente mudanças nas propostas


educacionais da maioria das nossas escolas e em uma organização curricular idealizada e executada
pelos seus professores, diretor, pais, alunos, e todos os que se interessam pela educação na
comunidade em que a escola se insere.

As propostas educacionais que dão conta de uma concepção inclusiva de ensino refletem o que é
próprio do meio físico, social, cultural em que a escola se localiza; e são elaboradas a partir de um
estudo das características deste meio. Embora mais difíceis de serem concretizadas, elas não são
utópicas, e demandam inúmeras ações, que são descritas e estruturadas no plano político-
pedagógico de cada escola.

De acordo com a Profª Dra. Leny Magalhães Mrech (Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo), os Projetos da Escola, devem apresentar as seguintes características:

1- Um direcionamento para a Comunidade - Na escola inclusiva o processo educativo é entendido


como um processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de
distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização, o mais próximo possível do normal. O alvo
a ser alcançado é a integração da criança, portadora de deficiência, na comunidade.

2- Vanguarda - Uma escola inclusiva é uma escola líder em relação às demais. Ela se apresenta
como vanguarda do processo educacional. O seu objetivo maior é fazer com que a escola atue

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

através de todos os seus escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem parte.

3- Altos padrões - Há em relação às escolas inclusivas altas expectativas de desempenho por parte
de todas as crianças envolvidas.O objetivo é fazer com que as crianças atinjam o seu potencial
máximo. O processo deverá ser dosado às necessidades de cada criança.

4- Colaboração e cooperação - Há um privilegiamento das relações sociais entre todos os


participantes da escola, tendo em vista a criação de uma rede de auto-ajuda.

5- Mudando os papéis e responsabilidades - A escola inclusiva muda os papéis tradicionais dos


professores e da equipe técnica da escola. Os professores tornam-se mais próximos dos alunos, na
captação das suas maiores dificuldades. O suporte aos professores da classe comum é essencial,
para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem.

6- Estabelecimento de uma infra-estrutura de serviços - Gradativamente, a escola inclusiva irá


criando uma rede de suporte para a superação das suas maiores dificuldades. A escola inclusiva é
uma escola integrada à sua comunidade.

7- Parceria com os pais - Os pais são os parceiros essenciais no processo de inclusão da criança na
escola.

8-Ambientes educacionais flexíveis - Os ambientes educacionais têm que visar o processo ensino-
aprendizagem do aluno.

9- Estratégias baseadas em pesquisas - As modificações na escola deverão ser introduzidas a


partir das discussões com a equipe técnica, alunos, pais e professores.

10- Estabelecimento de novas formas de avaliação - Os critérios de avaliações antigos deverão


ser mudados para atender às necessidades dos alunos portadores de deficiência.

11- Acesso - O acesso físico à escola deverá ser facilitado aos indivíduos portadores de deficiência.

12- Continuidade no desenvolvimento profissional da equipe técnica - Os participantes da escola


inclusiva deverão dar continuidade aos seus estudos, aprofundando-os.

A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.


Segundo relatório da ONU, todo mundo se beneficia da educação inclusiva. Veja as vantagens:

Estudantes Com Deficiências:

 aprendem a gostar da diversidade;

 adquirem experiência direta com a variedade das capacidades humanas;

 demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem através do trabalho em grupo, com


outros deficientes ou não;

 ficam melhor preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada:entendem que são
diferentes, mas não inferiores.

Estudantes Sem Deficiências:

 têm acesso a uma gama bem mais ampla de papéis so-ciais;

 perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente; desenvolvem a cooperação e a tolerância;

 adquirem grande senso de responsabilidade e melhoram o rendimento escolar;

 são melhor preparados para a vida adulta porque desde cedo assimilam que as pessoas, as
famílias e os espaços sociais não são homogêneos e que as diferenças são enriquecedoras para o
ser humano.

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O MEC Avalia, Através Do Censo Escolar, Um Avanço Na Educação Inclusiva.

Os desafios de promover no Brasil uma escola pública inclusiva e de qualidade vêm apresentando
bons resultados, conforme os dados levantados pelo Censo Escolar 2004/INEP. Percebe-se no
quadro acima, que nos últimos três anos houve um avanço significativo das matrículas dos alunos
com necessidades educacionais especiais, com um aumento na esfera pública, representando 57%
dos 566.753 alunos.

O Censo indicou ainda que, além de superar a esfera privada em número de matrículas a partir de
2002, as escolas públicas, em 2004, já concentram 57,7% dos alunos com necessidades
educacionais especiais em classes comuns de escolas regulares. E a tendência é atender, a cada
ano, um número maior de alunos através do Programa Educação Inclusiva.

Isso porque existe hoje, dentro da Secretaria de Educação Especial do MEC, um movimento cada vez
mais freqüente de estímulo para que os alunos com necessidades educacionais especiais sejam
recebidos pelas escolas públicas inclusivas.

A inclusão escolar, enquanto política educacional, tenta resgatar uma dívida com um segmento
populacional que, historicamente, tem ficado à margem da sociedade. Reflete também, a inequívoca
opção, socialmente construída, pelo princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, bem
como pelos valores de respeito e valorização da diversidade, direito à igualdade de oportunidades e
condições para o exercício da cidadania.

Nesse processo de transformação, a Educação Especial vem desempenhando um importante papel:


desenvolver um conjunto de conhecimentos, recursos humanos, estratégias e materiais que, postos
pedagogicamente a serviço do sistema educacional - ao longo de todos os níveis e modalidades de
ensino - possam responder de forma eficaz às necessidades educacionais especiais que qualquer
aluno possa apresentar nos processos do ensinar e do aprender.

Portanto, inclusão significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e desenvolvendo suas
potencialidades.

O MEC vem disponibilizando tecnologia educacional que atribua competência aos professores e à
gestão escolar, fornecendo equipamentos e materiais de apoio ao aluno, produzindo e disseminando
conhecimento com o Programa Educação Inclusiva, bem como priorizando o atendimento
educacional complementar específico a cada tipo de necessidade educacional especial.

Estratégias Para Chegar-Se a Educação Inclusiva

As Escolas podem iniciar o processo de inclusão nas salas de ensino regular, através de dinâmicas,
como no exemplo abaixo.

Através do Pôster "TODOS JUNTOS, APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS" e as atividades a


seguir descritas, a escola faz uma dinâmica, que ajuda os alunos a vencer preconceitos e substituir
sentimentos como medo, pena, raiva ou repulsa, por empatia,solidariedade e respeito.
Comece a aula perguntando aos alunos se eles conhecem dois seres vivos iguais.

Use as figuras dos quadrinhos como exemplo de que não apenas nós humanos somos muito
particulares. Se alguém responder que existem gêmeos idênticos, questione as diferenças de
temperamento que geralmente esses irmãos apresentam.

Incite um debate: como seria o mundo se todos fossem iguais, pensassem da mesma maneira,
tivessem os mesmos gostos, desejos e sonhos, e agissem do mesmo modo? Mostre as vantagens de
as pessoas serem diferentes, pois isso origina diversas contribuições para a sociedade.

Fixe o pôster na classe, em lugar visível. Pergunte se os estudantes conhecem algum portador de
deficiência. Peça que eles contem quem são essas pessoas, como é o relacionamento com elas e
que tipo de sentimentos elas despertam.

Anote os comentários no quadro-negro.


A seguir, proponha exercícios de vivência emocional. Divida a classe em pares. Cada dupla deve

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optar por um tipo de deficiência (motora, visual, auditiva, mental ou múltipla). Os alunos devem
passar alguns minutos como um portador de deficiência, alternando os papéis de deficiente e
acompanhante. Algumas sugestões:

1. Deficiência visual: explorar a sala de aula ou outro ambiente da escola de olhos vendados, com a
ajuda do colega

2. Deficiência auditiva: assistir a um programa de televisão sem som. O que eles apreendem
observando só as imagens?

3. Deficiência na fala: tentar passar, através de mímica, uma mensagem para o colega.

4. Deficiência motora: deve ser abordada em brincadeiras como corrida do saco ou corrida do ovo na

colher, nas quais ora o aluno estará com as pernas, ora com os braços imobilizados.

5. Deficiência múltipla: associar dois ou mais tipos de deficiências.

Com a classe novamente reunida, pergunte aos alunos como eles se sentiram ao ficar com um dos
membros ou sentidos sem função. Como o colega ajudou ou atrapalhou? Questione a turma se
houve alguma mudança em relação aos sentimentos citados no início da discussão e, principalmente,
o que aprenderam com a experiência.

Solicite uma pesquisa em revistas, jornais e na internet sobre pessoas que nasceram com deficiência
ou que a tenham adquirido depois de um acidente. Como elas desenvolvem suas atividades e
superam as dificuldades? Exemplos: o locutor Osmar Santos e os atores Gerson Brenner e Flávio
Silvino, além de atletas da Para-Olimpíada.

Com essas conclusões em mãos, peça que os alunos façam uma redação sobre o tema "Todos têm o
direito de ser diferente".

A E.E. Pequeno Cotolengo de Dom Orione em Cotia, DE de Carapicuíba é um exemplo de escola


inclusiva,pois a mesma atende ao Ensino Fundamental (Ciclo I e Ciclo II), Ensino Médio e 8 (oito)
classes de Educação Especial (DA, DM e DF).No seu Projeto Pedagógico, já há alguns anos, está
inserida a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais nas classes de ensino regular.
A escola mantém uma parceria com a Fundação Rotariana (Cotia), através da qual Professores da
Fundação , especializados em "Libras" -Linguagem de Sinais, acompanham, desde 2002, alunos
portadores de deficiência auditiva nas classes de ensino regular.

Também em 2002, a Escola desenvolveu um Projeto denominado "Auto -Estima", envolvendo toda a
Equipe Escolar e a Instituição Religiosa Pequeno Cotolengo de Dom Orione, onde a escola está
inserida.

O fator determinante deste projeto foi trabalhar a auto- estima de todos os envolvidos, através da
colaboração e cooperação em ações desenvolvidas não só nas salas de aulas, mas também em
todas as datas comemorativas do calendário escolar, como no exemplo abaixo:

Dia da Saúde: Mostrar que um ambiente tem que estar limpo, e que a higiene começa pelo nosso
corpo.

Prevenção de doenças infecto- contagiosas


*Apresentação de teatro, com personagens representando animais nocivos à saúde, como o
mosquito da Dengue,etc...

Páscoa: Trabalhar o verdadeiro sentido da Páscoa.


Apresentação de coral e danças-(entrosamento de todos os alunos inclusos e comunidade escolar)

Dia do Índio: Pesquisar sobre as tribos indígenas, costumes, alimentação, vestes, cultura ,etc.
Montagem de painel com trabalhos alusivos a data, confeccionado pelos próprios alunos.
Bandinha-para a execução da dança da chuva.
Comida típica.

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Dia das Mães: Missa realizada na Instituição Religiosa "Pequeno Cotolengo", pelo padre ,da
coordenação deste projeto.
Apresentação de dança com bambolês com os alunos portadores de necessidades especiais,
auxiliados pelos alunos do ensino regular.

Oficina de Artes para as Mães: Trabalhar a auto-estima das mães de alunos portadores de
necessidades especiais, através de aulas de artesanato, culinária, palestras educativas, pois muitas
dessas mães permanecem o período todo na escola, para dar uma assistência individual aos seus
filhos, principalmente nas necessidades físicas, pois a escola não conta com funcionários
especializados.

Linguagem Brasileira de Sinais (Libras): Professores de Deficiência Auditiva ministrando


linguagem de sinais para os professores do Ciclo I do Ensino Fundamental Regular.

Grupo de Expressão Corporal: Atividades propostas para favorecer o desenvolvimento das


capacidades necessárias na construção do conhecimento: analisar, criticar, comparar, sintetizar,
identificar, abstrair, generalizar e concluir."Todas as atividades desenvolvidas num ambiente
descontraído e alegre, pois os estudos afirmam que "rir" melhora a respiração e oxigena o cérebro,
facilitando a aprendizagem "(Agenda Almanaque para Educadores).

Oficinas de Artes para alunos portadores de necessidades especiais: A arte é sem dúvida a
melhor forma de expressão interior, é através dela que o indivíduo pode visualizar concretamente
seus sentimentos e anseios.

Pessoas que se permitem inovar e criar diminuem intensamente emoções como medo, insegurança e
falta de fé.

Nesta oficina os alunos apresentam lentamente valores de coragem e ousadia.

Projeto Tietê-Salesópolis: Desenvolver a integração: Turismo, Meio Ambiente, Preservação e


Educação.

Desenvolver e cultivar o espírito de colaboração e solidariedade com os colegas, professores e


demais participantes.

Alguns tópicos trabalhados nos locais:Cinturão verde, Barragem da ponte nova, Nascente do rio
Tietê; Senzala, Estação de tratamento de água e Almoço (sistema self-sérvice).

Neste projeto, foi fundamental a colaboração e cooperação dos alunos do ensino regular, para com
os alunos portadores de necessidades especiais.

Avaliação Do Projeto Auto-Estima.

Os objetivos propostos foram atingidos, na medida em que toda a equipe escolar participou
ativamente das atividades propostas. As mães desses alunos estavam muito emocionadas e
satisfeitas porque os filhos estavam tendo uma oportunidade inédita.

Em 2005 a E.E. Pequeno Cotolengo montou mais um projeto, denominado ' Oficina/Sala Ambiente.",
para que os alunos com deficiência pudessem dar a sua contribuição para a construção da
comunidade escolar, apesar das diferenças nas suas habilidades".

A oficina, neste caso, pode ser considerada uma forma de viabilizar situações de ensino e
aprendizagem com propostas mais próximas das necessidades dos alunos. Os professores precisam
desenvolver um ambiente de trabalho seguro, pacífico, pois, se o aluno não confia no ambiente
escolar, ele não se sentirá à vontade e não aprenderá com eficiência.

Ressaltamos três diferentes aspectos que foram abordados e compreendidos:

" Artísticos: seria o criar propriamente dito; seu valor está no "fazer".

" Artesanais: são trabalhos manuais que podem ser transmitidos de geração para geração,

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mantendo vivas nossa cultura, tradições, desenvolvendo habilidades manuais, distinguindo


semelhanças e diferenças.}

" Terapêuticos: situações de vivências prazerosas, envolvendo imagens, sons, leitura de histórias,
dramatização, expressão oral e corporal, etc. fazendo com que o aluno discrimine o que está a seu
redor.

Objetivos: Proporcionar aos alunos com necessidades educativas especiais situações que
promovam experiências enriquecedoras e gratificantes, através de atividades concretas e
significativas, desenvolvendo habilidades diversas tais como: coordenação, expressão corporal,
criatividade, iniciativa, etc, buscando com isso a melhoria de sua qualidade de vida.
Trabalhar em equipe, para:

 Conhecer os interesses e possibilidades uns dos outros;

 Discutir e trocar idéias, dar sugestões;

 Atender, incentivar e apoiar as necessidades e interesses dos alunos;

 Integração, sociabilização no grupo.

 Rodízio de turmas de modo que os alunos possam ter contato com diferentes atividades permitindo
melhorar suas aptidões.A participação do aluno, dependendo de seu grau de comprometimento,
poderá ser parcial, mas o mesmo jamais será excluído de qualquer atividade.

O professor deverá saber lidar com a temporalidade de cada um, sabendo portanto o que e como
será exigido.

Recursos: Os ambientes serão divididos e adaptados de acordo com as propostas pré-estabelecidas.

Duas salas de aula deverão estar equipadas com lousa, painel para cartazes, armários, carteiras
normais e adaptadas, mesas para cadeirantes (alunos que ficam o tempo todo em cadeiras de roda),
ventilador, boa iluminação, pintura adequada, cortinas, jogos pedagógicos, computador, relógio de
parede.

Uma sala estará preparada para atividades de artesanato, pintura com várias técnicas de trabalho,
etc, com mesa e bancada em forma de U, com cadeiras para alunos e adaptações para cadeirantes,
uma cadeira giratória para que o professor tenha acesso a todos os alunos, prateleiras para guardar
materiais.

Uma sala estará equipada com vídeo, DVD, rádio, livros, tapete de leitura, almofadas, cadeiras
adequadas para estimulação áudio visual e corporal, relógio de parede, pintura adequada, cortinas,
ventilador.

Todos estes elementos, irão contribuir para que o aluno tenha um desenvolvimento de forma global.

Atividades desenvolvidas:

 Trabalhos artesanais, manuais e pinturas diversas:

 Culinária:-Confecção de Chocolate;

 Papel reciclável e/ou papel marchê;

 Confecção de sabonetes artesanais;

 Estimulação Áudio /Visual

Obs: Para todas as atividades desenvolvidas são necessários materiais apropriados.

Avaliação Do Projeto-Oficina/Sala Ambiente

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Devido ao comportamento das crianças com necessidades especiais, serão utilizados recursos e
estratégias diversas para melhor atender as necessidades individuais de cada aluno, e serão
realizadas observações constantes verificando a aprendizagem e o entendimento adquirido.

A professora irá também utilizar como instrumentos de avaliação todas as atividades que servirem
para documentar os projetos e os conhecimentos no decorrer do projeto, bem como a observação do
educador envolvido na aprendizagem do grupo.

Atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública de ensino. Alunos
com necessidades especiais integrados e inseridos nas salas de ensino fundamental da escola. Este
grupo da foto é de uma sala de 4ª série.

Atividade proposta dentro do projeto desenvolvido na oficina de artesanato confeccionando bijuterias.


Esta é uma forma de viabilizar o possível desenvolvimento de habilidades para facilitar a inserção do
aluno no mercado de trabalho.

Assegurar aos educandos currículos, métodos, técnicas e organização específicos, para atender as
suas necessidades

Educação especial para o trabalho, visando a integração na vida em sociedade. A escola oferece
oportunidade de inserção no mercado de trabalho na própria escola e for a dela para valorizar as
potencialidades de seus alunos e assim contribuir com o exercício da cidadania.

Lei Estadual nº 10.958, de 27/11/01 - LIBRAS: Apresentação dos deficientes auditivos no dia das
mães, valorizando assim sua própria forma de comunicação na linguagem de sinais.

Integração e conscientização sobre medidas e hábitos favoráveis à preservação do meio ambiente.


Neste sentido, algumas classes se organizaram para desenvolver o projeto cultivo na escola, onde os
alunos se envolveram com o plantio em cantoneiras e vasos com mudas de morangos.

Atividades Artesanais. Colagem e montagem de painéis, por alunos de uma classe especial.
Comemorações Especiais: Escola da Família

Trabalho elaborado e realizado pelo projeto "Escola da Família", que busca maior integração e
participação com a comunidade local.

Inclusão Social, Educação Inclusiva E Educação Especial: Enlaces E Desenlaces


1Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, Departamento de Física e Química. e-mail: <camargoep@dfq.feis.unesp.br>.

Com este editorial objetiva-se estabelecer diferenças, pontos e contrapontos entre inclusão social,
educação inclusiva e educação especial. O conceito de inclusão vem sendo amplamente e
demasiadamente mal compreendido segundo a interpretação do senso comum. Esta crítica diz
respeito ao fato de o mesmo ser "aplicado" apenas aos estudantes, público-alvo da educação
especial, e ao contexto educacional. É frequente a manifestação pública de expressões equivocadas
como: "aluno de inclusão" e "sala de inclusão".

A inclusão é um paradigma que se aplica aos mais variados espaços físicos e simbólicos. Os grupos
de pessoas, nos contextos inclusivos, têm suas características idiossincráticas reconhecidas e
valorizadas. Por isto, participam efetivamente. Segundo o referido paradigma, identidade, diferença e
diversidade representam vantagens sociais que favorecem o surgimento e o estabelecimento de
relações de solidariedade e de colaboração.

Nos contextos sociais inclusivos, tais grupos não são passivos, respondendo à sua mudança e
agindo sobre ela. Assim, em relação dialética com o objeto sócio-cultural, transformam-no e são
transformados por ele.

Desconstruindo a ideia de homem padrão (MACE, 1990), o conceito de Desenho Universal emerge na
perpectiva inclusiva, de maneira a permitir a construção do design e da arquitetura acessíveis, sem
necessidade de adaptações pontuais.

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O desenho universal, que fundamenta a aplicação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (BRASIL, 2015) expressa bem a ideia discutida. O artigo 102 da referida lei afirma que "[...]
desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de
tecnologia assistiva." (BRASIL, 2015, p. 29).

Não faz sentido, por exemplo, estudantes com deficiências participarem efetivamente apenas da
educação básica. Quando concluírem o ensino médio, encontrarão espaços sociais para além dos
muros escolares, prontos para a exclusão.

Inclusão, portanto, é uma prática social que se aplica no trabalho, na arquitetura, no lazer, na
educação, na cultura, mas, principalmente, na atitude e no perceber das coisas, de si e do outrem.

Na área educacional, o trabalho com identidade, diferença e diversidade é central para a construção
de metodologias, materiais e processo de comunicação que dêem conta de atender o que é comum e
o que é específico entre os estudantes.

Como afirma Mantoan (2004, p. 7-8): "há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo
deve ser diferente, [...] é preciso que tenhamos o direito de ser diferente quando a igualdade nos
descaracteriza e o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza."

Há aqui outro ponto controverso, a diferença entre a educação inclusiva e a educação especial,
quase sempre tomadas como sinônimas.

Uma questão de pano de fundo nos é imposta: quais são os estudantes foco da educação inclusiva?
A resposta é: todos. Quer dizer, ela se estende aos alunos, público-alvo da educação especial (BRASIL,
2013a), e àqueles que não são público-alvo dessa modalidade de ensino: os alunos brancos, negros,

de distintos gêneros, índios, homossexuais, heterossexuais etc. Ou seja, aos seres humanos reais,
com foco prioritário aos excluídos do processo educacional. De forma contraditória, a cultura atual,
principalmente a ocidental, tenta moldá-los e "formá-los" como seres homogêneos. Como
consequência, os que não se enquadram nos referidos padrões e segundo as regras de normalização
forjadas socialmente, recebem vários adjetivos: "anormais", "deficientes", "incapazes", "inválidos", etc.

A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos


humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à
idéia de eqüidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão
dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p. 1).

O trabalho didático-pedagógico em sala de aula, com o comum e o específico entre a diversidade que
caracteriza o ser humano, constitui o objetivo da inclusão escolar que

[...] postula uma reestruturação do sistema educacional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino
regular, cujo objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e
competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou
características pessoais, baseando-se no princípio de que a diversidade deve não só ser aceita como
desejada. (BRASIL, 2001, p. 40).

Em práticas educacionais formais, a aplicação do Desenho Universal leva em conta a diversidade de


gênero, etnia, idade, estatura, deficiência, ritmos e estilo de aprendizagem nos projetos de ensino
(BURGSTAHLER, 2009).

Aplicando o conceito de educação inclusiva ao educando, público-alvo da educação especial, temos


uma relação bilateral de transformação do ambiente educacional e do referido educando, em que o
primeiro gera, mobiliza e direciona as condições para a participação efetiva do segundo. Esse, por
sua vez, age ativamente sobre tal transformação, modificando e sendo modificado por ela.

Por outro lado,

[...] a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e
modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e
orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino
regular. (BRASIL, 2008, p. 7).

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A lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos
profissionais da educação e dar outras providências (BRASIL, 2013a), determina em seu Art. 4, Incisos I e
III:

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
organizada da seguinte forma

a. pré-escola;

b. ensino fundamental;

c. ensino médio; [...]

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis,
etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. ( BRASIL, 2013a).

Participam dessa modalidade de ensino os estudantes público-alvo da educação especial, ou seja,


com deficiência (visual, auditiva, física e intelectual) (BRASIL, 2015), com transtorno global de
desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação. Ela deve ser oferecida, preferencialmente,
na rede regular de ensino e de forma complementar e/ou suplementar (BRASIL, 2008). O termo
"preferencialmente" não diz respeito à educação regular e sim ao atendimento educacional
especializado.

Sobre o atendimento educacional especializado presente no inciso III supracitado, em perfeito acordo
com o artigo 208 da Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), se faz necessário esclarecer: o artigo
208 do capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto - da Constituição prescreve que o dever
do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: "[...] atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino" ( MANTOAN,
2006, p. 27); (ii) o "preferencialmente" refere-se a "atendimento educacional especializado", ou seja, o

que é necessariamente diferente no ensino para melhor atender às especificidades dos estudantes
com deficiência, ou segundo o inciso III do artigo 3 da lei nº 12.796, aos alunos com deficiência,
transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. ( BRASIL, 2013a).

Como exemplo, temos o ensino do Braille e do Soroban para os educandos cegos e da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) para os surdos, quer dizer, aquilo que é específico desses alunos, a fim
de que os mesmos possam ter acesso ao currículo comum.

O ensino de tais conteúdo é objeto da educação especial e deve ser ofertado, preferencialmente na
rede regular de ensino, no atendimento educacional especializado, no contraturno do ensino regular
do educando com deficiência, transtorno global de desenvolvimento e com altas habilidades ou
superdotação. Ainda, os conteúdos do atendimento educacional especializados não devem substituir
os da educação regular. Devem ser complementares, para os alunos com deficiências e transtorno
global de desenvolvimento ou suplementares para os educandos com altas habilidades ou
superdotação. (BRASIL, 2013b).

A estrutura proposta pelo desenho universal pressupõe a diversidade e o trabalho com identidade e
diferença em sua constituição. Metodologia, processo de comunicação e material instrucional
pensado sobre a estrutura referida precisam ser aplicados para toda a sala de aula, devendo ser
contemplado na metodologia, processo de comunicação e material instrucional, elementos próprios
dos princípios da diversidade, identidade e diferença, e não da homogeneidade e dos espaços
homogeneizantes, esses últimos produtos de construção social.

São exemplos de materiais instrucionais pensados sob a estrutura do desenho universal, as


maquetes e experimentos multissensoriais para o ensino de física de estudantes com e sem
deficiência visual contidas em Camargo (2016), uma vez que esses recursos didático-pedagógicos
valorizam a diversidade sensorial e discursiva nos processos de ensino, favorecendo a participação
efetiva de todos em sala de aula.

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FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Hoje, mais que a construção de políticas públicas, como o estatuto da Pessoa com Deficiência ( BRASIL,
2015), a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência ( BRASIL, 2009), a Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), etc., é o momento de praticá-
las, para a promoção de participação efetiva de todos os seres humanos, principalmente dos
excluídos dos mais variados espaços sociais.

Como afirmara Vigotski (1997, p. 77, tradução nossa), "um ponto do sistema Braille fez mais pelo cego que mil
obras de caridade" E por quê? Na opinião de Vigotski, é pelo fato de Braille ter incluído tais pessoas
no mundo da leitura e da escrita. A partir de 1825, quando o jovem francês Louis Braille (1809-1852)
terminou o seu sistema de célula com seis pontos, os cegos puderam efetivamente ter acesso aos
estudos, para que fosse possível, atualmente, consolidar esse acesso e ainda possibilitar o ingresso e
a permanência no trabalho.

Isso mostra a importância da educação, em particular, da educação em física, química e biologia,


para todas as pessoas, como fundamento das conquistas sociais para a promoção de cidadania de
um povo, elemento este indissociável da heterogeneidade que o caracteriza. A atual crise política que
assola o Brasil traz um discurso contraditório e, às vezes, confuso sobre "qualidade de ensino", que
na opinião do autor do presente editorial, objetiva retirar dos educandos brasileiros, público ou não
público da educação especial, os instrumentos psicológicos de mediação (VIGOTSKI, 2001) que lhes
possibilitam interpretar o mundo não natural e que define conceitos como normalidade e deficiência. É
preciso, a todo custo, desconstruir a "qualidade de ensino" imposta no Brasil (2016).

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