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INCLUSÃO E DIVERSIDADE

(Retirado do capítulo 2 do livro: Inquietações e desafios da escola, de Priscila Boy)

Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos


inferioriza; temos o direito a sermos diferentes, quando a
igualdade nos descaracteriza. (Boaventura de Souza Santos)

Para Romeu Kazumi Sassaki (1997), inclusão é “um processo pelo qual a sociedade se
adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades
especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na
sociedade” (p.41).

No mundo inteiro vem acontecendo uma série de discussões a respeito da Diversidade


Humana. O sistema de Ensino, por sua vez, está se organizando e tentando se adaptar
a essa nova realidade.
A educação inclusiva não implica somente em aceitar a matrícula do educando no
sistema regular de ensino. Diz respeito a um sistema educacional que respeite, aceite e
possibilite, acesso e permanência de TODAS as pessoas, garantindo-lhes uma
escolarização, com competência e qualidade.
Inclusão também não se refere apenas a pessoas com algum tipo de deficiência. Há
muitos excluídos na escola que não tem nenhum tipo de deficiência e nem
incapacidades. É o caso de pessoas negras, obesas, homossexuais, mulheres, pessoas
socialmente desfavorecidas, drogaditos e muitos outros grupos.
Não podemos dizer que há inclusão na escola, verdadeiramente, se o aluno não
apresentar avanços no processo ensino-aprendizagem, qualificando-se, para mais
tarde assumir, o seu papel na sociedade. A nossa visão de inclusão deve ir além da
simples presença deste aluno na sala de aula, pois, sem interação com o professor, os
colegas e a sociedade, sem aprendizagem, sem aquisição de conhecimento, sem
contato direto com a ciência, sem ampliação da cultura, não se podem falar em
“inclusão”.
1 - Discriminação lícita
Os vários sentidos semânticos existentes em nossa língua, muitas vezes não nos
permitem usar palavras que denotem o verdadeiro sentido que queremos dar a ela.
Um exemplo disto é a palavra discriminação. Quando a pronunciamos,
imediatamente seu significado nos remete a algo negativo, pejorativo. Todavia, há
que se deixar claro que é um absurdo afirmar que toda discriminação é odiosa ou
incompatível com os preceitos de equidade de direitos. Muitas vezes, estabelecer uma
diferença, distinguir ou separar é necessário e indispensável para a garantia do próprio
princípio da isonomia, isto é, para que a noção de igualdade atenda as exigências do
princípio da dignidade humana e da produção discursiva (com argumentos racionais
de convencimento) do direito.

2 - Discriminação Ilícita
A discriminação ilícita é uma conduta humana (ação ou omissão) que viola os direitos
das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como raça, o sexo, a
idade, a opção religiosa e outros.
Esses critérios injustificados, são, de maneira geral, fruto de um preconceito, ou seja, de
uma opinião pré-estabelecida ou um senso comum imposto pela cultura, educação,
religião; em outras palavras, pelas tradições de um povo. No caso, o preconceito se
manifesta por um julgamento prévio, negativo, estigmatizando pessoas ou
coletividades por meio de esteriótipos, tais como:
Toda mulher loira é burra.
Toda sogra é antipática.
Todo político é corrupto.
Todo índio é preguiçoso.
Todo negro é burro.
Todo português é estúpido.
Todo pastor é ladrão.
Todo homossexual é promíscuo.
Dentre tantos outros.
Com base nesses estereótipos, as pessoas, a sociedade e o próprio Estado passam a
julgar e a considerar os outros de acordo com esses modelos preconceituosos. Isso fica
na mente das pessoas, gerando produtos como o racismo, o sexismo etc.
A discriminação ilícita pode se manifestar de três formas:
De forma explícita, que seria quando declaradamente segregamos alguém sem
esconder o real motivo;
De forma implícita, quando o fazemos de forma velada, não admitindo que nossas
ações estão sendo movidas por puro preconceito;
E ainda podemos citar outro tipo, que seria a discriminação passiva ou omissão. Isso
ocorre quando nos mostramos indiferentes diante de alguma atitude ou situação de
discriminação.

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