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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO – III

Ementa

O adulto e questões psicológicas relacionadas a: trabalho, relações de


gênero, sexualidade, conjugalidade. Velhice: decorrências físicas,
psicológicas, sociais e culturais.

Bibliografia:

* ATENÇÃO: as anotações a seguir são resumos e esquemas feitos com base


na bibliografia abaixo apenas para fins didáticos de acompanhamento,
discussão e compreensão das aulas de Psicologia do Desenvolvimento - III.
Não foi construída com base na metodologia e por isso não pode ser utilizada
para fazer citações em trabalhos acadêmicos. Para tanto, os alunos devem
consultar as fontes aqui indicadas.

Bibliografia Básica

 Abreu, Maria Célia de. Velhice: uma nova paisagem. São Paulo: Ágora,
2017.
 BEE, Helen L. A pessoa em desenvolvimento. São Paulo, SP: S. Row
do Brasil, 1984.
 DESSEN, Maria Auxiliadora; COSTA JUNIOR, Áderson Luiz (Org.). A
ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas
futuras. Porto Alegre: ArtMed, 2005.
 FERREIRA, Berta Weil; RIES, Bruno Edgar (Org.). Desenvolvimento
humano: adolescência e vida adulta. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.

Bibliografia complementar
 BARROS, M. (1987). Autoridade e afeto. Avós, filhos e netos na família
brasileira. Rio de Janeiro: Zahar.
 BLAZER, D. Problemas Emocionais da Terceira Idade: Estratégias de
Intervenção.
 BEAUVOIR, S. (1990). A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
 BEE, H. (1997). O ciclo vital. Porto Alegre: Artes Médicas.
 BERGER, Kathleen Stassen. O Desenvolvimento da Pessoa - da infância
à terceira idade - 9ª Ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2017.
 CHOPRA, D. Corpo sem Idade, Mente sem Fronteiras. Rio de Janeiro:
Editora Rocco.
 D’ANDRÉA, F.F. Desenvolvimento da Personalidade. São Paulo: Difel,
1974.
 FREITAS, Elizabete Viana de e cols. Tratado de Geriatria e
Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
 GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. (org.) Infância e Velhice: pesquisa
de idéias. Campinas, SP: Editora Alínea, 2003.
 HADDAD, E.G.M. (1986). A ideologia da velhice. São Paulo: Cortez.
 INGHAN, E. Histórias que os Pés Contam: Passos para a Melhor
Saúde. São Paulo: Brasiliense.

1
 LIDZ, T. (1983). A pessoa: seu desenvolvimento durante o ciclo vital.
Porto Alegre: Artes Médicas.
 LOWEN, A. O Medo da Vida. São Paulo: Summus Editorial.
 MOREIRA-ALMEIDA, A; LOTUFO-NETO, F; KOENIG, H.G. (2006).
Religiousness and mental health: a review. Revista Brasileira de Psiquiatria:
242-250. Vol. 28, nº 3. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462006000300018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26/08/2007.
 MORGAS, R. Gerontologia Social: Envelhecimento e Qualidade de
Vida. São Paulo: Paulinas.
 NEISSER, P. A Teia da Vida Adulta. Dissertação de Metrado,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997.
 NERI, A.L. (Org.) (1995). Psicologia do envelhecimento. São Paulo:
Papirus.
 NOVAES, Maria Helena. Psicologia da Terceira Idade: conquistas
possíveis e rupturas necessárias. Bonsucesso: Editora NAU, 1995.
 PALMA, C. & SCHONS, L. (org.). Conversando com Nara Costa
Rodrigues sobre Gerontologia Social. UPF Editora.
 ROSSET, Solange. O casal nosso de cada dia. Curitiba: Ed. Sol, 2004.
 SALEM, T. (1980). O velho e o novo. Um estudo de papéis e conflitos
familiares. Petrópolis: Vozes,
 TELES, F. Dimensões da Angústia Humana. Erechim: Gráfica São
Cristóvão, 2004.
 VARGAS, H. (1983). Psicologia do envelhecimento. São Paulo: Fundo
Editorial Byk-Procieux.
 WITTER, G. ENVELHECIMENTO: REFERENCIAIS TEÓRICOS E PESQUISAS.
CAMPINAS: ALÍNEA, 2006.

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AS DIFERENTES IDADES DO SER HUMANO

Primeira Idade: improdutiva, indivíduos que só consomem.

Segunda Idade: indivíduos que produzem e consomem – economicamente.

Terceira Idade: já produziram, mas no momento, só consomem.

Diferentes Classificações por Idade

Idade Cronológica: tempo vivido pelo indivíduo. Adotado na sociedade para


regular intervenções socioeconômicas como aposentadorias, legislação sobre
heranças, adoções, responsabilidade penal, etc.

Porém, o transcorrer do tempo não gera consequências uniformes em todos...

Idade Biológica: não necessariamente relacionada ao número de anos


vividos, mas sim, às condições que o indivíduo se encontra. Pautados também
quanto à expectativa de vida da sua sociedade.

Idade Psicológica: é a que resulta do somatório de experiências pessoais e


de relacionamentos, da riqueza das vivências acumuladas ao longo dos anos.
Considera aspectos cognitivos, mas pressupõe níveis de maturidade
existentes em todas as idades.

“Maturidade não está relacionada com o número de anos que você viveu, mas
ao número de experiências e o que aprendeu com elas” (William
Sheakspeare).

Idade Social: determinada por regras e experiências sociais que são


relacionadas a tarefas a serem desempenhadas mais ou menos de acordo
com a idade cronológica e a biológica.

A MATURIDADE

A tarefa do adolescente é formar identidade e ser capaz de planejar a vida


adquirindo um senso de valores e capacidade crítica (ABREU, 2017). “A
adolescência termina quando o indivíduo se convence de que não é mais um
mero aprendiz da vida, mas que tem uma identidade formada, é capaz de viver
intimamente com alguém, está definido profissionalmente e está apto a
associar-se com outras pessoas em condições de igualdade. Com estas
aquisições, o jovem entra para a fase adulta” (D’ANDRÉA, 1974).

Para Abreu (2017) a tarefa do adulto jovem é criar intimidade com o outro,
engajando-se em relações amorosas estáveis que implicam respeito,
responsabilidade e doação, sendo capaz de compartilhar sem perder a

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identidade (individualidade). Já para o Adulto Maduro tarefa é ligada à
capacidade de produzir!
 Gerar para a sociedade: ideias, valores, filhos, trabalho...
DEVOLVENDO O QUE RECEBEU DELA ATÉ ENTÃO!
 Transmitir à geração subsequente: conhecimentos, conceitos e
valores...

“O jovem adulto, superado o problema da formação da sua identidade, agora


deve enfrentar, através de um mais amadurecido relacionamento interpessoal,
três grandes responsabilidades em relação à sociedade e a si mesmo: o
ajustamento profissional, o casamento e a paternidade” (D’ANDRÉA, 1974).

O ajustamento profissional: a profissão determina o status na comunidade,


os papéis sociais e os padrões de vida. As ocupações estão intimamente
associadas à personalidade, influenciando sua dinâmica e sendo por ela
influenciada ao mesmo tempo. Muitos traços de personalidade, maneiras de
comportarem-se, valores morais e sociais, atitudes, opiniões e crenças podem
ser criados ou modificados no exercício de uma ocupação.

O casamento: Desde o final da adolescência o indivíduo começa a enfrentar


um novo conflito psicossocial que Erikson chamou de “intimidade X
isolamento” (*já a Psicologia Sistêmica traz esse conflito como a necessidade
que todo o ser humano possui de pertencer e de separar-se). Por intimidade
entende-se a capacidade pessoal de participar de relações íntimas tais como
amizades, amor, relações sexuais e mesmo a intimidade consigo mesmo e
seus recursos internos. A intimidade é, em síntese, a habilidade de fundir a
própria identidade com o outro sem temores de que esta fusão acarrete
prejuízo ou lesões à personalidade. Esta habilidade é condição essencial ao
casamento. Assim, casar-se representa uma mudança de status e papéis
sociais, uma renúncia ao descompromisso da vida de solteiro, uma
recanalização dos afetos e uma responsabilidade sexual e social para com um
companheiro com o qual se compartilhará todas as importantes decisões
futuras. Além disso, sabe-se que o casamento também está intimamente
associado à personalidade, influenciando sua dinâmica e sendo por ela
influenciado ao mesmo tempo. É importante citar que ROSSET (2004) traz a
capacidade em lidar com as diferenças como a principal habilidade necessária
para manter-se a qualidade de uma boa relação conjugal.

A paternidade: ao tornarem-se pais, marido e mulher assumem novos e


importantes papéis que vão influenciar profundamente sua orientação frente ao
futuro. Os cônjuges, com o nascimento do 1º filho têm que redistribuir sua
economia psíquica para incluir o recém chegado, além de reorganizar papéis
sociais, funções familiares e hábitos de vida com o advento da parentalidade.
Os pais mudam por influência dos filhos, quando estes nascem e trazem
alterações na dinâmica familiar, quando ficam doentes e mobilizam
intensamente suas emoções, quando vão para a escola e põe em xeque seus
velhos conhecimentos, quando se opõem aos seus princípios e quando os
“abandonam”, ao sair de casa para cuidar da própria vida.

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A MEIA IDADE

“O resultado global, para quem aplicou bem suas potencialidades e recebeu


estímulo para seu desenvolvimento, é a maturidade propriamente dita.
Entendemos esta maturidade como o clímax da história pessoal, o ponto em
que o indivíduo conseguiu plasmar um conjunto de traços que o definem,
frente a si mesmo e aos demais, como uma pessoa realizada. Entre esses
traços, salientam-se os seguintes”:

1. Viver de acordo com a realidade, em vez de deixar-se levar por


impulsos, temores ou fantasias.
2. Ser capaz de reconhecer os próprios sentimentos e reações.
3. Ter um seguro e relativamente estável sistema de valores.
4. Estar adaptado profissionalmente e conseguir realizar o trabalho
cotidiano sem sentir-se excessivamente fadigado ou tenso.
5. Ser capaz de realmente descansar e distrair-se nos períodos de lazer.
6. Ser autoconfiante mesmo quando as situações da vida forem adversas.
7. Ter suficiente flexibilidade para mudar quando a mudança promover
melhor adaptação à realidade.
8. Ser capaz de amar de exercer a conjugalidade, obtendo prazer tanto em
dar como em receber amor.
9. Interessar-se pelos semelhantes de maneira construtiva, sem esquecer-
se dos seus próprios interesses.
10. Ser capaz de tomar decisões a respeito de si próprio e dos outros sem
influenciar-se por preconceitos.
11. Estabelecer amizades duradouras sendo tolerante e afetuoso, de forma
assexual, com amigos íntimos.
12. Desejar promover o bem estar do grupo familiar e dos outros grupos de
participação e, na medida do possível, contribuir para o progresso da
coletividade.
(D’ANDRÉA, 1974)

“Obviamente não se pretende encontrar um grande número de pessoas que


atinjam este ideal de maturidade. Quase sempre os traços descritos não se
desenvolvem no mesmo grau, existindo frequentemente um ou outro menos
desenvolvido” (D’ANDRÉA, 1974).

Crises da Meia Idade

As crises da meia idade envolve tarefas relativas a fase do ciclo de vida


familiar em que a pessoa se encontra, o que envolve:
 Filhos adultos saindo de casa
 Re-contratos de questões conjugais
 Papel mais central na família maior em relação às gerações
antecedentes e precedentes
 Deparar-se com o próprio envelhecer.

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A TERCEIRA IDADE

SITUAÇÃO SOCIAL DO IDOSO EM DIFERENTES ÉPOCAS

 Idade da Pedra – Os idosos eram exaltados ou eliminados:

 Povos Primitivos – Caçadores ou coletores.

Primeiro Momento (da vida dos povos primitivos):


 Eram nômades ou seminômades. Não havia uma sociedade
estruturada. Os velhos eram reduzidos à mendicância e morriam de
fome e frio. Apenas os que eram Xamãs eram respeitados.

Segundo Momento (da vida dos povos primitivos):


 Passam a dedicar-se à agricultura e fixam-se na terra.
 A família passa a ser patriarcal. Porém, quando estes se sentem
sem forças, o filho mais velho assume o comando.
 Com o passar dos anos, a magia e a religião florescem e o papel
do idoso torna-se mais complexo. Eles conheciam as tradições –
contos, mitos, cerimônias, costumes.
 Excedentes agrícolas eram importantes para manter o idoso.

 Século II da Era Cristã - Galeno escreve tratado sobre a higiene dos


velhos “Gerckomia”, influenciado por Aristóteles, que acreditava que a velhice
é o enfraquecimento da vida. Passa a dar conselhos:
 Atividade física
 Vinhos
 Banhos quentes

 Até o século XII - não se generalizaram os relógios e não havia


registros de nascimentos e óbitos. Muitos indivíduos não sabiam a sua
identidade, esta era avaliada pela capacidade de guerrear, ou pelas condições
econômicas do indivíduo.

 Século XIX - longevidade maior nas classes ricas. A autoridade do


patriarca era fato. Começa o conflito de gerações: Gerontocracia. Nas famílias
pobres, o chefe não podia mais trabalhar e a situação piorava – o patrão
diminuía o horário, o salário, ou até mesmo, o demitia.

Curiosidades:

 O termo GERONTOLOGIA – 1908, criado pelo Dr. Mitschnikoff

 Geronto – Velho
 Logia – Estudo

 O termo “Geriatria” (tratamento do velho) foi usado a primeira vez por


Ignas Leo Nascher, em 1909.

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 Bismarck, na Alemanha, após estudos sobre o “custo da velhice”, iniciou
o primeiro programa (lei) para substituir a caridade por um sistema de seguros
e poupança para o idoso.
 Em 1950 foi fundada a Associação Internacional de Gerontologia.
 Em 1912 – Nascher funda a Sociedade de Geriatria de Nova Iorque. Ele
é o primeiro a escrever um livro enfatizando que a velhice era uma etapa da
vida, diferente da concepção grega, que duraram 2000 anos e acreditava que
a velhice era doença.
 Em 2500 a.C. acreditava-se que “a velhice é a pior desgraça que pode
acontecer ao homem” (Ptah – Hotop – obra do antigo Egito).
 Nas tribos africanas os velhos eram postos para fora das tribos.
 Nas tribos de esquimós eram induzidos / incentivados ao suicídio.
 Para os Hebreus os velhos eram chefes naturais (Conselhos dos
Anciãos).
 Entre os Incas e Astecas havia mais reconhecimento a contribuição e
sabedoria dos idosos.
 Entre os Romanos havia lutas pelo poder e conflitos entre pais e filhos
→ autoridade no poder sobre as famílias.
 As tribos Germânicas eliminavam os idosos.
 Entre os Índios Brasileiros os velhos são reconhecidos através do
Conselho dos Anciãos.
 Em 1970 – gerontologia passa a ganhar campo no Brasil.

ATUALMENTE: VIVÊNCIAS COMUNS DO IDOSO

 Perda de pessoas iguais ou diferentes no convívio.


 Perda do convívio com os filhos e familiares ou na qualidade do
convívio.
 Perda dos papéis sociais.
 Perda econômica → A aposentadoria é menor que o salário anterior.
 Perda da imagem corporal → Necessidade de reconstrução (processo
semelhante ao do adolescente).
 Perda das habilidades físicas → Vivência de luto (contribui para o ar de
infelicidade).
 Comportamentos semelhantes aos emitidos no TOC → Economia
excessiva com prevenção de mal maior no futuro e pensamento mágico mais
aguçado.
 Alterações ou exageros nos traços de personalidade:

 Transtornos de personalidade: também podem ser decorrentes


de experiências, doenças, cultura e sociedade.
 Devem ser diferenciados de “testes” de vínculo e afeto na
tentativa de buscar atenção para si.

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CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DA TERCEIRA IDADE

A partir da 4ª década de vida ocorrer uma perda progressiva e absoluta


da massa óssea, associada a alterações no tecido cartilaginoso, tendinoso e
ligamentar (os quais se tornam mais rígidos); a massa muscular magra sofre
decréscimo de 10%-16% após este período e a força muscular é reduzida em
15% por década após os 40 anos. Isso leva a uma diminuição da coordenação
motora, da capacidade de realizar atividades de vida diária, podendo levar o
idoso a um estado de impossibilidade física que influenciam negativamente na
velocidade do caminhar, do subir escadas e do levantar-se da posição sentada
para a em pé.
Com o avançar da idade, também ocorrem alterações oculares, como
catarata e glaucoma, responsáveis por levar a um decréscimo da acuidade
visual. Há ainda a perda auditiva, bem como a presença de zumbido e
vertigens, encontrados comumente em idosos, os quais são resultados da alta
sensibilidade dos sistemas auditivo e vestibular (conjunto de órgãos do ouvido
interno) a problemas clínicos comuns aos processos de deterioração funcional
destes sistemas com o envelhecimento. Doenças cardiovasculares, músculo-
esqueléticas, diabetes e lesões neurológicas focais também podem se
manifestar.
Além disso, a reserva hídrica no corpo humano que inicia com 90% ao
nascimento, cai para 70% na adolescência, 60% na fase adulta da vida e
menos de 50% para os idosos. As implicações disso alcançam:
 Perda da memória (no cérebro, as células neurais apresentam maior
quantidade de células mortas – alteração da memória, da concentração,
tremores, lesões cerebrais).
 Pele seca.
 Diminuição dos pelos nas axilas e pelve.
 Sua menos.
 Rugas devido à pele seca com perda da elasticidade.
 Os ossos esponjosos perdem sua consistência.
 Células musculares perdem a elasticidade.
 Perde a capacidade muscular.
 Incapacidades físicas = doenças oportunistas.
 Mudanças corporais:
 Nariz maior
 A gordura corporal deposita-se no queixo e na barriga e acumula-
se dentro dos órgãos.
 Aparecem manchas no rosto e nas mãos (manchas causadas
pelos melanócitos, perda da melanina e da cobertura total da pele).

CARACTERÍSTICAS SOCIAIS DA TERCEIRA IDADE

Adaptação às mudanças sociais: diferentes expectativas da sociedade sobre


os idosos.

 ANTES: o meio social esperava e cobrava do idoso que ele fosse uma
pessoa assexuada, reclusa, discreta e às vezes até isolada socialmente.

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 HOJE: o meio social paulatinamente passa a esperar e cobrar do idoso
que ele seja uma pessoa sexuada, que deve buscar atividades substitutivas da
sua antiga ocupação, alegre e que deve buscar contato e convívio com
pessoas e grupos sociais, tendo especial atenção à sua saúde.

CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DA TERCEIRA IDADE

Refere-se a como o idoso é visto pela cultura do local onde vive, e como ela
afeta sua vida, bem como aos comportamentos que ele adquire da cultura.

CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DA TERCEIRA IDADE

 Luto pelas perdas:

 Da identidade corporal (pode gerar queda na auto - estima).


 Do trabalho (pode gerar sentimentos de inutilidade).
 Dos papéis sociais e familiares (pode gerar carência afetiva).
 Do status social.
 Da saúde (pode gerar mal-estar psicológico, como depressão).
 De pessoas queridas em idades igual / semelhante (gera desde
dor pela perda até idéias fixas com medo ou desejo de que se aproxime
seu próprio óbito).

 Medo da morte (pelo avanço da idade, o surgimento de doenças


oportunistas, pelas idéias de “ciclo normal da vida”, por não saber do amanhã
e ainda devido ao falecimento de pessoas da mesma idade ou com idade
semelhante).
 Apego pelas vivências passadas e pela cultura de gerações passadas.
 Ausência de planos futuros (por acreditar que está morrendo, ou achar
que não pode, não deve, não é capaz, que não há tempo suficiente).
 Carência afetiva (por causa das diversas perdas sofridas).
 Conflito de gerações (questões culturais).
 Baixa autoestima (imagem corporal e questões culturais).
 Aumenta a dependência de terceiros (fragilidade da saúde e das
condições financeiras).
 Saudosismo (memória remota mais ativa).
 Queixumes desviam a atenção da suposta proximidade da morte e
buscam chamar a atenção.
 Enrijecimento de conceitos e inflexibilidade nos valores (memória
remota).
 Frequência do desejo sexual diminui (questões culturais e físicas).
 A mulher idosa pode se despir das couraças: o tempo dedicado às
carícias preliminares ao ato sexual aumenta – menos inibição.
 Menor inibição social.
 Mudança na identidade.
 Necessidade de repensar o significado da vida (devido ao adiantado da
idade e a suposta proximidade da morte).
 Rituais obsessivos - compulsivos (a segurança da rotina).

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 Busca mais intensa pelo desenvolver da espiritualidade ou religiosidade
do ser (desejo de conhecer melhor ou de evitar a morte).
 Medo da perda do controle (paralelo metafórico ou direto com o controle
dos esfíncteres).
 Medo da solidão (perda de amigos, de papéis sociais e conflito de
gerações).
 Adaptação no casamento (devido às mudanças nos padrões de
interação).

TRABALHO PSICOTERAPÊUTICO COM IDOSOS

“A tarefa é a integridade do EGO. Usando a sabedoria, entendida como a


compreensão do mundo que usa informações acumuladas com o passar do tempo,
deve-se integrar todas as tarefas psicossociais anteriores e aceitar-se, percebendo-se
como parte do gênero humano – que passa a ser entendido como uma extensão das
relações familiares -, e posicionar-se quanto à morte, além de continuar a desenvolver
seu potencial criativo. É preciso que a pessoa reúna todas as experiências prévias e
se apoie nelas, mantendo-se consciente e sendo criativo, exibindo uma nova
dignidade. Instalam-se um sentimento de preenchimento, de tarefa cumprida, e uma
aceitação filosófica de si mesmo, a despeito de erros e tropeços ao longo do caminho.
A compreensão de que houve um fio condutor na história de vida é um fator crítico
que, se não for alcançado pode criar sentimentos de amargura e de arrependimento.
Amarrar as experiências acumuladas ao longo da vida numa história pessoal é um
modo de encontrar significado na vida.” (ABREU, 2017, p. 61-62).

 Com os lutos vividos.

Fases do trabalho de superação de lutos:

1. Chorar a dor.
2. Vivenciar e expressar a raiva.
3. Libertar-se das culpas.
4. Trabalhar com a aceitação da condição atual e com o perdão.
5. Reconstruir planos futuros.

 Com o “aqui - agora”.


 Com construção de planos para o futuro.
 Com reinserção em grupos sociais. Ex: inclusão em grupos de terceira
idade.
 Com reconstrução de papéis sociais.
 Com reconstrução da imagem corporal, através de vivências e técnicas
específicas. Ex: espelho, mapeamento, recortes, etc.
 Construir novos modelos estéticos.
 Com adaptação às mudanças provenientes da idade.
 Com dados de realidade.
 Sem infantilização.
 Com adaptação a problemas de saúde.
 Abrir espaço para aperfeiçoar suas formas de comunicação.

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 Aproveitar a vida (do que gosta, o que pode e deseja fazer com o tempo
livre).
 Tomar posse da vida no agora.
 Utilizar-se da religião dele (fonte de convívio social e de pensamentos
positivos, além de abaixar a ansiedade com o medo da morte e do
desconhecido) como rede de apoio (instrumento terapêutico).
 Rever as prioridades e adaptarem-se às mudanças de prioridades.
 Autoestima.
 Auto-aceitação.
 Mapear corresponsabilidades nas queixas apresentadas, pois ele ainda
está apto a crescer. Ex: como contribui com SEU comportamento para que
fique ou não fique sozinho.
 Cada um tem uma contribuição para a situação atual → O idoso pode e
às vezes deve treinar comportamentos diferentes!
 O que me incomoda que vou ter que aprender a lidar?
 Terapia familiar – resgate ou reconstrução de diferentes funções. Ex: a
importância do idoso na família com seu papel e sua função.
 Atividades com pedagogia adequada.
 Adaptações necessárias no matrimônio:

 Maior convivência dos cônjuges.


 Sexualidade.
 Novos indivíduos na família.
 Adaptações às mudanças do parceiro.

 Readaptações a questões práticas da rotina diária:

 Os déficits de memória podem ser contornados através de


anotações (diário, agenda, lembretes, livro).
 Pode ser necessário trabalhar a adaptação a mudanças de lugar:
mudança para asilos ou casa de um dos filhos.
 Pode ser necessário trabalhar a adaptação a mudanças de
pessoas com quem convive: caso se mude para asilos, casa de um dos
filhos, ou contratação de novos funcionários e/ou enfermagem.
 Capacidade de locomoção e acomodação: escadas e pisos lisos
com lixas antiderrapantes, lugar apropriado a cadeiras de rodas, etc.
 Frequentar auxílio médico: clínica geral e geriátrica, ginecologia /
urologia, fisioterapeuta.
 Demais auxílios necessários – Psicólogos devem fazer
encaminhamento e tentar trabalhar em equipe multidisciplinar
(profissional deve cuidar para manter a ética).

A Religiosidade e o Adulto Idoso

 Muitos pesquisadores concordam que a religiosidade é inerente à


evolução do homem e que está mais associada a resultados positivos para a
saúde física e mental, embora apareça associada a patologias.
 Jung (1971), ao tratar da Psicologia do Desenvolvimento do Adulto,
afirma que na segunda metade da vida, a atenção da pessoa volta-se para

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“dentro de si” (self), e isso facilita encontrar um sentido para a vida. Afirma que
uma perspectiva espiritual é essencial para a saúde psicológica,
principalmente a partir da meia-idade. Para esse estudioso, a religiosidade
cresce na maturidade e dá um propósito para essa fase da vida.
 Há cerca de trinta anos, pesquisadores vêm percebendo e verificando
que a crença religiosa tem grande influência na vida das pessoas,
principalmente em sua saúde física e psicológica. Rigorosas pesquisas
demonstram que pacientes “espiritualizados” respondem melhor ao tratamento
e recuperam-se mais rapidamente do que os “não espiritualizados”
 Em 1996, Koening, Larson e Mattews pesquisando uma centena de
artigos em saúde mental concluíram que pessoas idosas religiosas são mais
saudáveis, mais felizes e mais satisfeitas com suas vidas, além de se sentirem
menos deprimidas, ansiosas e solitárias, quando comparadas àquelas não
religiosas.
 Tendência recente e influente na psicogerontologia atual é a que
considera a espiritualidade / religiosidade como variável mediadora entre os
eventos estressantes e as respostas dos idosos aos eventos negativos da
velhice, ou como um recurso de enfrentamento. Acredita-se que a
religiosidade/espiritualidade suaviza o impacto negativo de certos eventos e
facilita a aceitação de perdas ligadas ao processo de envelhecimento.
 Outra tendência do estudo da religiosidade na velhice relaciona essa
variável à busca de significado, ou da “percepção de que a vida significa
alguma coisa”.
 Num estudo de Moreira-Almeida, Lotufo-Neto e Koennig (2006)
revisaram todas as publicações científicas disponíveis em revistas sérias do
mundo todo sobre a associação entre religiosidade e saúde mental, e
descobriram que: a maior parte dos estudos aponta que a religiosidade diminui
significativamente o uso e abuso de álcool e drogas, a depressão e o suicídio.
Descobriu também que este benefício fica potencialmente maior com
populações de risco, como doentes e idosos.

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