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VIDA ADULTA

AULA MINISTRADA PARA A 42ª SEMANA DE PSICOLOGIA


UNORTE

Ser psicóloga, para mim, é meu ser


Ouvir, falar, resolver problemas e pensar
Não sei o que seria de mim
Sem poder todos os dias
Devolver os clientes para si mesmos
CONCEITOS

Ser adulto é uma fase da vida que muitas pessoas almejam alcançar.
Período caracterizado por mudanças físicas, emocionais e sociais que nos
transformam em indivíduos responsáveis e independentes.
Do ponto de vista biológico, a chegada à fase adulta está relacionada com
a puberdade, uma época em que ocorrem transformações no corpo e no
sistema hormonal. O desenvolvimento de características sexuais secundárias,
como o crescimento dos órgãos genitais, o aparecimento dos pelos e o
desenvolvimento das mamas, marcam o início dessa transição, quer dizer que
biologicamente iniciamos a vida adulta na puberdade fisiológica. Essas
mudanças têm um papel fundamental na preparação para reprodução.
No aspecto laboral, ser adulto envolve a escolha da profissão, e em
seguida assumir responsabilidades financeiras e garantir o próprio sustento. É
um momento em que se ingressa no mercado de trabalho, buscando uma
carreira que proporcione a independência financeira e o sucesso profissional.
Nesta fase, é necessário lidar com desafios, tais como escolher a profissão
certa, lidar com a pressão social e se adaptar às exigências do mundo
corporativo do mercado de trabalho.
No que diz respeito aos relacionamentos, ser adulto significa estabelecer
relações mais maduras e duradouras. Enquanto crianças e adolescentes,
focamos mais em amizades superficiais, ao amadurecer, buscamos relações
mais profundas, tanto afetivamente quanto socialmente.
Desenvolver habilidades de comunicação, empatia e respeito é essencial
para construir relacionamentos saudáveis e duradouros com amigos, familiares
e parceiros românticos.
Enquanto na adolescência passamos por uma fase em que a identificação
de si próprio, está naquilo que nos foi ensinado em casa e um pouco da escola,
na adolescência tende se a discordar desses modelos, vai-se para o grupo e as
amizades são a maior fonte de identificação e aprendizado, principalmente o
social para buscarmos ideias novas e até contraditórias ao que nos foi
ensinado.
Na idade adulta conseguimos fazer a soma de tudo e formar nossas
própria ideias e fazer escolhas que serão fruto de toda uma história de
aprendizagem.
Nessa nova fase, as consequências que viveremos e enfrentaremos irão
determinar um repertório comportamental novo a cada experiência de sucesso
e não sucesso.
Essa questão de sucesso, também é um conceito que temos que
entender, e pensar no que ele significa para cada um.
Como se vê ser adulto não é apenas uma jornada de sucesso e
felicidade. Durante essa fase, é comum atravessar crises, enfrentar medos e
lidar com um turbilhão de emoções.
Crises existenciais, medo do fracasso, estresse e ansiedade são desafios
frequentemente vivenciados pelos adultos. É essencial aprender lidar com
essas situações de forma saudável, buscando apoio emocional, adotando
hábitos de autocuidado, ter uma rotina de atividades físicas, lazer e o famoso
ócio, e descanso.

Enfrentar os desafios da vida adulta é um processo contínuo de


aprendizagem e crescimento pessoal. É importante reconhecer que todos têm
suas próprias batalhas internas, inseguranças, e que tudo bem não ter todas as
respostas. Buscar equilíbrio entre trabalho, relacionamentos e autocuidado é
essencial para se tornar um adulto realizado, feliz e saudável.
Em resumo, ser adulto envolve aspectos biológicos, laborais e relacionais,
além das crises e medos que podem surgir ao longo dessa jornada. É
importante lembrar que cada pessoa tem seu próprio ritmo de desenvolvimento
e que o mais importante é aprender com as experiências, superar os desafios e
buscar a felicidade e o bem-estar pessoal.
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B. F. Skinner, escreve o ser adulto, como a capacidade de agir de forma
autônoma e responsável. Considerava que o desenvolvimento adulto era uma
continuação do aprendizado ao longo da vida e que os adultos deveriam ser
capazes de tomar decisões adequadas e buscar objetivos de forma eficaz.
Para ele, ser adulto também envolvia o desenvolvimento de habilidades sociais
e emocionais para interagir de forma saudável com outras pessoas e lidar com
as demandas do mundo. Skinner enfatizava que o comportamento adulto é
influenciado pela interação entre o ambiente e as contingências de reforço, ou
seja, as consequências das ações que moldam e mantêm o comportamento.
Skinner discute aspectos do comportamento adulto e desenvolvimento
humano em seus diferentes livros, como "Ciência e Comportamento Humano",
"Além da Liberdade e da Dignidade”, e “Questões recentes da análise do
comportamento”, entre outros. Nestas obras, o autor explora temas como
aprendizagem, comportamento operante, controle de estímulos e modelagem
do comportamento humano.
Para atenuar o descontentamento dos jovens, devemos proporcionar-lhes
um certo sentido de finalidade e minorar os sentimentos de alienação ou
desânimo. (Skinner; Para além da liberdade e da dignidade)
Mas, enquanto não há idade certa para marcar a fase adulta, há algumas
características que a identificam… Dessa forma, listamos algumas, à luz da
Psicologia, para ajudar o leitor a identificar um adulto em seu meio:
Estabelecimento de um novo vínculo com os pais;
Adaptação ao “novo corpo” que passou por mudanças biológicas vindas
da adolescência;
Escolha e a definição profissional;
Construção de um sistema pessoal de crenças e valores;
Autonomia de um adulto;
Gerenciamento da própria vida;
Senso de responsabilidade;
Coerência entre o que se fala e se faz;
Definição da sexualidade;
Estabilidade afetiva;
Desenvolvimento de relações interpessoais de qualidade.
Portanto, diante de tantos desafios, a psicoterapia se apresenta como um
lugar de suporte e referência, auxiliando o indivíduo na transição de uma fase
para outra, e no manejo de dificuldades em cada fase da vida.
Keila Outeiral, Psicóloga Clínica (https://inpaonline.com.br/blog/fase-
adulta/)

Um ponto importante da fase adulta que retirei do Livro “Viva bem a


Velhice” (Skinner e Vaughan) é perceber o “papel essencial desempenhado
pelas consequências. Nós nos comportamos de certa maneira, em função do
que se segue a esse comportamento. Algumas coisas ‘têm de ser feitas’, no
sentido em que, se não as fizermos, seguir-se-ão consequências
desagradáveis.” Assim também, a algumas coisas que temos que fazer,
seguem-se consequências agradáveis.
Skinner nesse mesmo livro fala a respeito de lidar com as frustrações. E
ter compromisso, que é uma das características da maturidade, exige renúncia.
Ter compromisso, mas não querer cumprir X ter que cumprir.
Erikson fala das fases da vida, e cada uma delas passa por uma crise,
sendo o “crítico, uma característica de momentos de decisão entre o progresso
e a regressão. Nesse momento ocorrem vitórias ou derrotas, e em algum grau
torna o futuro melhor ou pior, mas há uma reestruturação”; Erikson, E. Infância
e sociedade.
Lidar com as frustrações é o que tenho observado em clínica e isso é uma
das grandes dificuldades de lidar com as crises. A dor que a frustração causa é
forte, e exige um aprendizado que na maioria das vezes é feito quando criança,
passa pela adolescência e perpetua e amadurece na vida adulta.
Mas e se não houve aprendizado? Se queremos que tudo dê certo na
primeira vez? Se tudo foi conseguido de certa forma fácil. Seja pela capacidade
intelectual da pessoa, pelas aulas on line da pandemia, onde não havia tanta
exigência como nas aulas presenciais, ou até pela facilitação dos pais em
resolver os problemas que eram da criança, do jovem e até do adulto jovem?
Como fazer? Como lidar com essas dissonâncias?
De forma simplificada, tem-se que treinar, para lidar com a ansiedade, já
que ficar frustrado cria um medo do desconhecido (ansiedade), raiva que é um
dos grandes subprodutos da frustração e até uma diminuição na frequência de
comportamentos que nos leva a uma diminuição na frequência de vários
comportamentos de nosso repertório (depressão segundo Charles Ferster,
princípios do comportamento).
Um aspecto importante que enfrentamos muito atualmente é o medo de
errar. Se há o erro, outro pode pegar o meu lugar, o erro pode significar
incapacidade em lidar com a vida, o mundo, o outro ser humano. Uma
exigência de produzir mais, fazer várias coisas ao mesmo tempo, estar por
dentro de tudo, saber de tudo. Estar conectado o tempo todo às redes sociais e
de informação, medo de perder alguma coisa (famoso FOMO fear of missing
out): Estudos psicológicos britânicos definiram a síndrome como uma
“apreensão generalizada de que os outros possam estar tendo experiências
gratificantes das quais alguém está ausente”, diz o artigo.
Entre os sintomas da síndrome, a publicação menciona que o indivíduo
pode sentir-se solitário e inadequado por se comparar com as atividades e a
popularidade dos outros. A Fomo também é associada à insônia, problemas de
saúde mental, baixa auto-estima e sintomas depressivos em alguns
indivíduos. (Revista National Geographic)

Mas o que é o tudo? O que de fato é importante?


O que fazer se errei? Serei excluído? “Cancelado”. O que vai ser de mim?
Primeiro, errar faz parte de todas essas contingências. Inicialmente
sabemos nada, e aprendemos tudo. Iremos “salvar”, aquilo que foi reforçado de
maneira mais eficaz, ou através de reforços poderosos, ou punições severas.
Mas ao longo do processo de aprendizagem, precisamos errar, para corrigir,
fazer de novo, quantas vezes for necessário e então acertarmos. A visão que
temos do erro como sinônimo de fracasso é insustentável. Não existe. Mas a
competição e o medo paralisam pelo significado que tudo isso pode ter em
nossa sociedade contemporânea.
Quero enfatizar agora aspectos sobre nossas escolhas. Muitas “frases de
Instagram”, reafirmam que somos fruto de nossas escolhas, ou Somos aquilo
que escolhemos esquecer, com diz Ivan Izquierdo no livro “A arte de esquecer”.
Mas enfim, como escolher, como suportar a dor da frustração por escolhas
erradas tanto reversíveis como irreversíveis? Como suportar a frustração por
não receber reconhecimento daquilo que fizemos e nos esforçamos por fazer,
mas nada aconteceu depois, a ausência de reforço?
Erikson fala das fases da vida, e cada uma delas passa por uma crise,
sendo o “crítico, uma característica de momentos de decisão entre o progresso
e a regressão. Neese momento ocorrem vitórias ou derrotas, e em algum grau
torna o futuro melhor ou pior, mas há uma reestruturação”; Erikson, E. Infância
e sociedade.

RELACIONAMENTO
Todo relacionamento é feito por indivíduos. Essa observação é importante
pois quando estamos juntos temos opiniões diferentes, mesmo que tenhamos
relacionamentos com pares que tendem a ter comportamentos (pensamentos,
sentimentos e visão de mundo) semelhantes. Sendo assim a individualidade
deve ser respeitada não como uma rejeição ao grupo, mas uma necessidade
“do indivíduo”.
Ao mesmo tempo não somos totalmente independentes.
A rede que formamos ao longo da vida, inclusive que pode ser iniciada na
vida adulta é fundamental
Não é necessariamente a família. Muitas vezes a família mais distante
acaba sendo uma razão de mais conflitos e não de formação de sua própria
identidade. A família nuclear ajuda no início da fase adulta, e pode não ser uma
fonte de apoio na vida adulta.
Na fase adulta já devemos ter responsabilidade com nossa vida, nosso
corpo, nossas necessidades fisiológicas, e a responsabilidade com o outro. O
que pode significar afastar-se.
Por que é difícil se relacionar? Talvez por pensarmos demais naquilo que
o outro está pensando, que eu estou pensando, que ele está pensando.
Criar muitas expectativas em relação ao que o outro sente e quer. Ao
contrário devemos ser mais autênticos e deixar a autenticidade do outro
aparecer.
Medo da rejeição, de ser abandonado e não ser amado. Mas não é sobre
abandono, e rejeição. Relacionar-se é sobre compromisso, parceria e lealdade.
Não é verdade o tempo todo, mas também não é mentira de vez em
quando. A lealdade vai além da fidelidade, ela encontra-se na esquina do
respeito ao outro e a si mesmo com o auto conhecimento e o enfrentamento de
si mesmo. É estar vulnerável. Se não se sente seguro em estar vulnerável fica
difícil se relacionar por inteiro.
Mas e os machucados?
Fazem parte da brincadeira de ser sério no estar apaixonado no começo,
e amar até o fim. Quando é o fim? O relacionamento saberá dizer com todas as
palavras, se for verdadeiro.

CRISES
Todo conflito que vivemos onde precisamos fazer uma renúncia, que é a
parte difícil em uma escolha.
A frustração é o grande conflito da vida.
Não somos querido por quem queremos.
Não conseguimos fazer corretamente da primeira vez, e aqui já vimos
sobre a questão da necessidade de errar para conseguir chegar a algum lugar.
Somos traídos, o que é uma dor enorme, mas somos capazes de superar,
tendo em vista que o outro é um indivíduo e pode escolher comportamentos
que nos machucam. Até porque não conseguem fazer escolhas melhores, e
isso não é nossa responsabilidade.

CONCLUSÃO

Ser adulto, relacionar-se e passar por crises faz parte da condição


humana e da vida toda, não apenas da vida adulta.
Temos um repertório comportamental moldado por comparações,
competição e medo do fracasso.
Esse grande conflito baseado na impossibilidade de viver de acordo com
um modelo único, é uma das grandes causas de nosso sofrimento.
Não temos que ser melhores, iguais aos outros ou ter sucesso.
Precisamos ser felizes, entendermos nossas dores, conversar sobre elas
com pessoas inteligentes que sabem ouvir, sem se posicionar, pois somos
indivíduos. Isso deve ser levado em conta sempre, quando somos ouvintes e
quando somos falantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Erikson, E. Infância e sociedade. Zahar. Rio de Janeiro, 1971.


Ferster, C. Princípios do comportamento. Ed. Hucitec, São Paulo, 1979
Keila Outeiral, Psicóloga Clínica (https://inpaonline.com.br/blog/fase-
adulta/), 01 de outubro de 2023.
Redação national geographic, O que é síndrome de FOMO,
https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/02/o-que-e-a-sindrome-
de-fomo. publicado 22 de fev. de 2023, 11:16 brt
Sheehy, g. Passagens. Crises previsíveis da vida adulta, Francisco Alves,
9ª edição. Rio de Janeiro: 1984
Skinner, B.F. Para além da liberdade e da dignidade, Ediçoes 70; Lisboa,
Portugal: 1971
___________Questões recentes na análise comportamental, Papirus,
Campinas, 1991.
___________Viva bem a velhice. Summus. São Paulo. 1985
___________Ciência e comportamento humano.

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