Você está na página 1de 14

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS


ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO HUMANO NA VIDA ADULTA E
ENVELHECIMENTO

ANA CLÁUDIA GERMANY PAULA


BÁRBARA COSTA STEFANELLO
FERNANDA LENTIS SALDANHA
GLEISON MANICA
MARIANA BANDEIRA BORIN
MATHEUS HENRIQUES
RAQUEL CORDEIRO DE OLIVEIRA
SABRINA MAASS DA CUNHA

ENTREVISTA FASES DA VIDA


(ADULTO JOVEM, INTERMEDIÁRIO E MADURO)

Profª: Cristiane Antunes Russo Rangel

PORTO ALEGRE

Maio de 2021
2

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
2. ENTREVISTAS ................................................................................................................. 4
2.1 Entrevista Adulto Jovem....................................................................................... 4
2.2 Entrevista Adulto Intermediário .......................................................................... 5
2.3 Entrevista Adulto Maduro ................................................................................... 7
3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS......................................................................................9
4. CONCLUSÃO...................................................................................................................12
REFERÊNCIAS....................................................................................................................14
3

1. INTRODUÇÃO

Durante o desenvolvimento humano, sofremos constantes variações no decorrer da vida


em diversas funções físicas e psíquicas, envolvendo mente, emoções e relações interpessoais,
definimos esse processo como contínuo e ininterrupto em que os aspectos, biológicos, físicos,
sociais e culturais se entrelaçam. Os critérios para se classificar quando uma pessoa passa de
uma fase do desenvolvimento para outra são diversos, pois são influenciados basicamente pela
cultura em que o indivíduo está inserido. Portanto os aspectos socioculturais, é que
normalmente podem, por exemplo, determinar quando uma pessoa realmente se torna um
adulto.
Vendo dessa perspectiva, podemos dizer que a maioria da população leiga considera um
indivíduo adulto quando o próprio se torna responsável por si mesmo. No momento que
escolhem uma carreira profissional, se casam ou de uma forma geral iniciam uma família.
Papalia (2013), considera que a maturidade psicológica está totalmente interligada com a
descoberta do indivíduo com a sua própria identidade. A independência dos pais de certa forma,
é o resultado externo de um indicador interno, que é a própria autonomia, autorresponsabilidade
e autocontrole. Tudo isso podemos observar não apenas em um evento isolado, e sim um
conjunto de eventos externos e sentimentos internos que permearam a sua vida até aquele
momento.
O desenvolvimento a partir da vida adulta, se inicia na definição de um adulto jovem,
adulto intermediário e vida adulta tardia. O início da vida adulta pode ser experimentado
segundo Erick Erikson, por uma crise que ele denominou de intimidade versus isolamento, onde
adultos jovens no momento que não assumem compromissos pessoais profundos com o outro,
podem se tornar indivíduos excessivamente isolados. Já na fase da vida adulta intermediária, a
crise que se apresenta é a de generatividade versus estagnação, que por essa teoria se o indivíduo
consegue sentir uma preocupação em orientar a próxima geração, e não ficando apenas preso
na sua prole, ele se torna capaz de superar a estagnação. E assim quando a crise da vida adulta
tardia chegar que é a integridade versus desespero, a pessoa será capaz de obter o senso de
integridade do self, uma conquista que se fundamenta na reflexão da própria vida. Os adultos
mais velhos quando chegam nesse último estágio do desenvolvimento tendem a avaliar e aceitar
suas vidas para poderem aceitar a própria morte, até para não se entregarem ao desespero
(Papalia, 2013).
Existem mudanças não só psicossociais, mas como também cognitivas e físicas de cada
fase do desenvolvimento humano. Todas essas transformações influenciam as pessoas e podem
4

acabar produzindo um modo de pensar, sentir e agir diferente para cada indivíduo. Neste
trabalho serão abordados alguns assuntos referentes às fases do desenvolvimento humano na
fase adulta, onde foram realizadas entrevistas com uma pessoa referente a cada estágio do
desenvolvimento.

2. ENTREVISTAS

A fundamentação teórica deste estudo inicia-se com três entrevistas realizadas com
pessoas referente a cada estágio do seu desenvolvimento (adulto jovem, adulto intermediário e
adulto maduro).

2.1. ENTREVISTA ADULTO JOVEM

Nome: Pedro Henrique


Idade: 32 anos

1. Para ti, o que configura ser um adulto jovem?


O ser adulto implica no entendimento de responsabilidade tanto de se situar no espaço
social (emprego, formação acadêmica, família…), quanto de autoconhecimento (vontades,
planos, deveres…).

2. Como é a tua vida em termos de saúde: pratica exercícios, tua alimentação é saudável,
tem algum vício?
Exercícios esporádicos, alimentação saudável e vício em cigarro.

3. Você se preocupa com a velhice e com as consequências de seus atos hoje?


Estou ciente das consequências, todavia, não me preocupo.

4. A tua adultez é diferente do que tu imaginavas que seria?


Com certeza. O fluxo do tempo passa mais rápido em decorrência das inúmeras
tarefas, para mim isso foi o mais inesperado.

5. Quais expectativas tu tinhas antes de se tornar adulto?


De já ter uma formação e uma vida financeira confortável.
5

6. O que tu achas que marcou a sua transição para a adultez?


A escolha do curso superior com a ideia de “o que vai fazer da vida” estar
acontecendo.

7. Quais são as condições que tu consideras indispensáveis para considerar alguém um


adulto?
Saber ponderar suas atitudes e respeitar o espaço alheio.

8. Quais são as vantagens e desvantagens de ser adulto?


As vantagens acredito que sejam a liberdade e a independência, as desvantagens dos
problemas “de adulto” como contas e saber que o peso das nossas escolhas acarreta
consequências que serão enfrentadas por nós.

9. Se você pudesse voltar à infância, o que diria a si mesmo?


Para aproveitar mais e procurar saber do que gosto e principalmente do que não gosto.

10. Quais as expectativas na inserção no mercado do trabalho?


Trabalho pautado na concepção do cargo almejado e salário condizente com o custo de
vida do contexto. Realidade é desvio de função, banco de horas e Bill no bolso.

2.2 ENTREVISTA ADULTO INTERMEDIÁRIO

Nome: Ana Júlia


Idade: 53 anos

1. Você se considera um adulto maduro? Por quê?


Sim, porque eu acho que já aconteceram várias situações e etapas que já passei. Acho
que ser maduro é olhar para tudo o que já aconteceu e reavaliar, tentar agora fazer na melhor
maneira possível, isso é maturidade.

2. Como é a tua vida em termos de saúde: pratica exercícios, tua alimentação é saudável,
tem algum vício?
Eu procuro manter uma alimentação saudável, no geral é saudável sim. Pratico
exercícios físicos, porém gostaria de praticar mais. Não tenho vícios.
6

3. Você se preocupa com a velhice e com as consequências de seus atos hoje?


Muito. Eu acho que tudo que a gente vai fazendo e já fez na vida está impactando hoje
e vai ainda impactar muito no futuro, assim como o que eu faço hoje ainda vai impactar. Só que
quando a gente chega nessa idade que eu estou, de adulto maduro, a gente se aproxima mais da
velhice e cada vez pensa mais nas limitações e dificuldades, e sabendo que o corpo vai se
deteriorando, eu procuro tentar minimizar um pouco essas dificuldades que podem acontecer.
Como posso prevenir e ficar melhor na minha velhice.

4. A vida após os 40 anos é diferente do que tu imaginavas que serias?


A vida sempre surpreende, acho que não faz muita diferença em qual idade, sempre
surpreende. Acho que eu não tinha uma ideia muito diferente de como seria ter 40 anos, talvez
eu sonhasse mais quando era jovem.

5. Quais expectativas tu tinhas antes de se tornar adulto?


Eu não pensava muito nisso, não tinha uma ideia pronta. Queria ter filhos, ter uma vida
estável e acho que uma das maiores frustrações da minha vida adulta foi a parte do
relacionamento afetivo.

6. O que tu achas que marcou a sua transição para um adulto intermediário?


Cair na real. Acho que até os 40 anos eu sonhava mas, achava que eu tinha mais tempo
de vida, achava que eu podia fazer muitas coisas, como se “o céu fosse o limite”, tenho tempo,
posso fazer isso, posso mudar de ideia, posso mudar de trabalho... Acho que depois dos 40 eu
caí na real e vi que não tinha mais tanto tempo, não ia conseguir fazer tudo que imaginava que
eu poderia conseguir, que a vida tem suas várias limitações, que para algumas coisas já era
tarde.

7. Quais são as condições que tu consideras indispensáveis para considerara alguém um


adulto maduro?
Maturidade, que é pesar os prós e os contras e aprender com as experiências, e
responsabilidade, se responsabilizar pelas suas escolhas, pelas suas decisões pela sua visa, não
esperar que outros te façam feliz.

8. Se você pudesse voltar aos seus 20 anos, o que diria a si mesmo?


Eu diria para eu confiar mais em mim, para eu acreditar mais e a partir disso me esforçar
mais, acho que por não acreditar em mim tinham muitas coisas que eu queria, mas eu desistia
7

ou nem tentava. Para buscar sempre ser feliz, e não acreditar tanto nas pessoas, mas mais em
mim mesma, no que eu penso e acredito.

9. Se pudesse voltar no tempo, modificaria algo em tua vida?


Muita coisa, estudaria mais, me preocuparia menos e seria mais racional nas minhas
escolhas sem levar tanto para o lado emocional.

10. Se sente satisfeito na sua vida profissional?


Parcialmente. Acho que conquistei vários aspectos da minha vida profissional, eu
consegui vencer diversos desafios, estudei bastante, fui bem além, em termos de conhecimento
acho que caminhei bastante. Mas financeiramente, hoje em dia, não me sinto satisfeita, ao longo
da carreira existem vários momentos de subidas e descidas, e esses momentos são difíceis.
Então, em termos de evolução na profissão me sinto satisfeita, mas em termos de salário no
momento não.

2.3 ENTREVISTA ADULTO MADURO

Nome: Maria Aparecida


Idade: 83 anos

1. Para ti, o que significa ser idoso?


Significa ter vivido bastante. Mas é relativo, pois tem dias que eu estou com 100 anos e
tem dias que estou com 30 anos.

2. Como é a tua vida em termos de saúde: pratica exercícios, tua alimentação é saudável,
tem algum vício?
Considero boa. Não faço exercício físico, mas tenho afazeres domésticos. Considero a
alimentação variada e de certa forma saudável. Não tenho nenhum vício, além do açúcar.

3. Você se preocupa ou pensa muito na morte? Se sim, tem medo?


Não penso na morte, e não me preocupa. Tenho medo de sofrer na hora de morrer.

4. A tua velhice é diferente do que tu imaginavas que seria?


É muito diferente, pensei que iria ficar atirada e tranquila, apenas com os meus
artesanatos. Achava que nem iria durar mais de 60.
8

5. Como está sua memória, consegue se lembrar de eventos passados e presentes com
facilidade?
Passados com bastante facilidade e o presente com uma relativa facilidade. Sempre tive
déficit de atenção e com a idade aumentou um pouco.

6. Possui alguma doença, condição ou comorbidade que não te permite fazer sozinha as
atividades que gostarias?
Possuo asma desde os 5 anos, e com isso quando pequena não podia fazer muitos
exercícios. Hoje em dia o que mais me incomoda é não poder caminhar rápido.

7. Quais são as vantagens e desvantagens de ser idoso?


Vantagens: É o fato de as pessoas saberem que estou limitada, e com isso não ficam
contando comigo para algumas coisas, exemplo, ficar brincando com o meu neto no colo. E
percebo ter mais aceitação com os meus defeitos e dos outros do que antes.
Desvantagens: É principalmente estar mais limitada fisicamente, além de sentir falta da
minha agilidade mental. Me percebo mais devagar para cair a ficha.

8. Se você pudesse voltar aos 40 anos, o que diria a si mesmo?


Calma que não adianta espernear, mas nunca deixa de lutar pelos teus sonhos. É devagar
e sempre.

9. Qual o seu maior arrependimento, e qual seria?


Não tenho nenhum arrependimento, mas muitas coisas fariam diferente se soubesse na
época o que sei hoje. Por exemplo, não teria casado, teria filhos, mas não meus. Eu entendo que
tentei fazer o que podia, e tentando sempre fazer coisas boas, para melhorar o mundo.
Para mim a passagem da vida da gente não deve ser em vão, não quero ser uma pessoa que não
deixou nada de bom.

10. O que tu achas que marcou sua transição profissional?


A passagem de excesso de horas de trabalho como professora, para trabalhar duas vezes
por semana, saindo do trabalho no estado para contratada no Senac. Mais tarde ainda sendo
voluntária, e como professora de artesanato. E me encontrei mesmo como artesã que é o que
me dá prazer. O que marcou mesmo foi a diminuição gradual das atividades, para poder depois
realizar realmente o que gosto que é o artesanato.
9

3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

A primeira pergunta elaborada nas entrevistas para todas as faixas etárias tinha como
propósito descobrir o que representava para a pessoa ser adulto/idoso. Logo, o jovem adulto
respondeu à questão com muita clareza, envolvendo dois aspectos basilares para a entrada na
fase de adulto jovem, quais sejam: aspectos sociais e aspectos intrassociais. Referiu que o
significado de ser adulto para ele envolvia o aspecto social, ou seja, a escolha da profissão, do
emprego e todas as responsabilidades decorrentes de tais escolhas, bem como a oportunidade
de se autoconhecer. Portanto, o jovem adulto entrevistado, diante do conflito inerente à sua
idade (isolamento versus intimidade), está no caminho da intimidade, demonstra ter construído
seu self, na adolescência, e que está pronto para enfrentar a vida como um adulto jovem.
Já o adulto de meia-idade, quanto à primeira questão, responder que, para ele, ser adulto
significa ter passado várias etapas e que agora ele pode reavaliar como se comportou diante dos
eventos que ocorreram em sua vida a fim fazer melhor nas próximas vezes. Dessa forma, fica
nítido que a pessoa entrevistada escolheu pela generatividade e não pela estagnação. Logo, é
justamente na generatividade que a pessoa percebe o que é a vida e o que ela realizou durante
sua vida, quais problemas teve que enfrentar e, no final, avalia se agiu de modo certo ou não, a
fim de melhorar sua conduta nas experiências futuras. Nosso entrevistado não se encontra
estagnado, bem pelo contrário ele parece ter descoberto a possibilidade de construir diretrizes
claras para a vida sobre o que deve e não deve ser feito, tornando-se não só mais feliz, mas
também capaz de viver uma vida produtiva.
Quanto à primeira questão feita ao idoso o esperado, foi muito preciso e sábio na sua
resposta: ser idoso significa que já vivi bastante. Ora, tal análise poderia terminar aqui, já que,
para Erikson, a última fase da vida tem a sabedoria como uma virtude básica. No entanto,
importante mencionar que os conflitos que podem surgir a partir dos 60 anos são integridade
versus desespero. É claro que nosso entrevistado não está desesperado, pelo contrário, ao
mencionar que, mesmo tendo vivido bastante, o conceito de idoso é relativo pois há dias que se
sente com 100 anos e outros que parece estar no auge dos 30 anos. Logo, o sentimento de
juventude sentindo pelo entrevistado representa, em última análise, que pretende viver os anos
que lhe restam como alguém que tem 30 anos de idade.
Na questão dois pretendia entender de que modo o entrevistado cuidava da sua saúde,
se praticava exercícios, se preocupava-se em comer alimentos saudáveis ou se possuía algum
vício. O jovem adulto respondeu que se exercita, que possui uma alimentação saudável e que
possui o vício de fumar. Conforme esperando, as pessoas nessa idade dentem a priorizar a ida
10

à academia e a vida fitness e, em contrapartida, exageram em bebidas e outros vícios, como é o


caso do entrevistado. Em contrapartida, o adulto de meia idade demonstrou responsabilidade
ao passo que está plenamente ciente que seus atos de hoje refletirão na sua saúde de amanhã e
que, dessa forma, há doenças que ele pode prevenir. Assim, demonstra uma característica
importante da generatividade, que é a empatia, especialmente pelos que terão que cuidá-lo na
sua velhice. Por último, o idoso mencionou que faz tarefas domésticas e que seu único vício é
o açúcar.
A terceira pergunta, a fim de tornar, tal análise mais didática, deve-se mencionar a
pergunta que foi feita para cada faixa etária, já que, embora tenha conservado o objetivo de
entender mais sobre a saúde do entrevistado, por serem idades diferentes, as perguntas também
tiveram que ser adaptadas. Nesse passo, ao jovem adulto foi perguntado se ele se preocupa com
a velhice e com as consequências de seus atos hoje. Ele respondeu que sabe das consequências
de seus atos, mas que esse fato não o preocupa. Para Erikson, uma das principais características
dos jovens adultos é negligenciar a saúde e acreditarem que as tragédias só acontecem com os
outros, jamais com eles. Inclusive, é nessa faixa etária, em que há mais mortes por acidentes de
carro. Ao adulto de meia idade foi perguntado se ele se preocupava com sua velhice. Sua
resposta foi ao encontro da generalidade de Erikson, uma vez que, ao preocupar-se com os
impactos dos seus atos de hoje sobre o futuro, demonstra responsabilidade consigo e com o
outro. Além disso, disse que sabe que pode prevenir certas doenças e procura fazer isso a fim
de ter uma velhice melhor. Já ao idoso, a terceira pergunta, foi quanto ao medo da morte, muito
comum em pessoas dessa idade. Nosso entrevistado, no entanto, referiu não se preocupar com
isso e não ter medo de morrer. Apenas uma coisa lhe angustia: sofrer na hora da morte.
De forma geral, em relação às expectativas de como seriam suas vidas até determinado
momento, os entrevistados se mostraram surpresos na transição para a vida adulta, mais
acostumados e ambientados com a vida e seu funcionamento ao chegar na meia idade, e
surpresos por descobrir que a vida não está findando apenas porque se chegou aos 60 anos ou
mais. É possível notar as dificuldades de transição no início da vida adulta, enquanto se adquire
um senso de responsabilidade maior, onde a escolha da vida profissional ocupa papel de
destaque nas relações psicossociais da vida adulta. A vida do adulto de meia-idade já é mais
estabilizada e flexível, tendo uma maior facilidade na aceitação de fatos e uma subjetividade
maior para interpretá-los. Já na vida idosa as pessoas tendem a carregar consigo um sentimento
de inutilidade, pela forma como tem de se reorganizar devido aos declínios cognitivos e físicos,
e tal fato gera um pensamento errôneo de que a vida já findou ao chegar nesta fase, mas ao
chegar lá é possível reconhecer que ainda há muitas coisas que se podem fazer e viver.
11

No período de adulto jovem e meia-idade, podemos perceber a idealização de se tornar


adulto como ter uma vida estável, financeira e emocionalmente, e até mesmo o anseio por
constituir uma família, ter filhos. Já na fase idosa podemos perceber os declínios cognitivos,
decorrentes da idade já um pouco avançada, e que é um processo natural ao longo da vida.
Algumas perguntas denotam as diferenças de preocupações na vida adulto jovem e
intermediário em comparação ao idoso, onde o jovem passa pela preocupação de construir uma
carreira e ter vida estável, sendo assim responsável e assumindo a sua realidade como adulto.
O adulto intermediário já tem pensamentos flexíveis e realistas, e comumente já construiu sua
vida estável e família. Já o idoso passa a estar mais preocupado com a sua saúde e as limitações
que vai adquirindo conforme o envelhecimento do corpo, e já tem reflexões sobre as formas
como levou a vida, fazendo um balanço desta.
Durante do processo da mudança da adolescência para a vida adulta, a busca da
identidade pessoal se torna mais flexível, no qual os jovens adultos têm a possibilidade de
experimentar diversos papéis e estilos de vida, porém junto a isso, vem à tona as
responsabilidades do papel de um adulto. Érikson chama este momento de recentralização, um
processo no qual o poder, a responsabilidade e a tomada de decisão passam dos pais, para o
jovem adulto. Na questão de número oito, fica claro que Pedro está passando por esse
movimento, no qual fala sobre vantagens e desvantagens de ser adulto, o peso das escolhas e a
independência (PAPALIA, 2013). Ainda na questão de vantagens e desvantagens, podemos
trazer a fala de Maria, que relata sobre as limitações físicas ocasionadas por sua idade, no qual
diz que ao mesmo tempo tal limitação traz vantagens, como ser melhor aceita por seus defeitos,
sente que existe uma restrição de agilidade mental. Segundo Papalia (2013) existe um declínio
das funções sensório-motoras no envelhecimento, assim como a entrevistada relata.
Foram feitas perguntas sobre a possibilidade de voltar no passado e dar um conselho a
si mesmo naquele tempo, foi de consenso que as três gerações deram sugestões positivas como
aproveitar mais a vida (jovem), acreditar em si e não desistir de suas vontades (adulto) e para
que tenha calma na jornada e que não deixe de seguir seus sonhos. Todos disseram não ter
arrependimentos passados, mas que se pudessem mudariam alguns quesitos que hoje em dia
não se sentem satisfeitos com. A idosa relata que se pudesse faria algumas coisas diferentes, e
que quer ter deixado algo de bom para o mundo, como um marco, essa informação tem muito
a ver com o estágio psicossocial de desenvolvimento segundo Erikson, a Integridade versus
Desespero. Podemos avaliar na fala dela que tem muito do lado da Integridade, que é de avaliar
e aceitar a vida como ela foi, sem maiores arrependimentos, para assim conseguir aceitar de
maneira saudável a morte.
12

Por fim, nas últimas questões referentes ao trabalho, o jovem adulto que está
ingressando no mercado de trabalho se mostrou bastante racional e realista, entendendo que
muitas vezes nossas expectativas são frustradas no mercado. Papalia (2013) fala sobre a relação
da complexidade substantiva (reflexão e julgamento que o trabalho requer) e a flexibilidade
cognitiva do jovem para compreender tais demandas, que se relaciona com a fala do
entrevistado. A adulta intermediária se diz satisfeita em seu ramo profissional, que compreende
ter alcançado diversas conquistas, mas que gostaria de receber um salário mais condizente com
o trabalho realizado. E a resposta da idosa quanto ao trabalho tem muito a ver com seu momento
de vida, no qual está em um momento de descoberta sobre si mesma, para contemplar um final
de trajetória que condiga com sua história pessoal interna. A mesma relata que foi aos poucos
diminuindo as atividades como professora, para agora encontrar o que realmente gosta de fazer,
o artesanato.

4. CONCLUSÃO

Nesse trabalho abordamos o assunto fases da vida e com ela trouxemos entrevistas com
diferentes pessoas em diferentes idades, cada um com seu estilo de vida e suas preocupações.
Os entrevistados mostraram aspectos diferentes do ponto de vista deles, como planejam ou
planejaram seu futuro e como se tornaram adultos, apesar da maioria dos indivíduos
considerarem ser adulto no momento ao qual escolhem uma carreira profissional ou iniciam
uma família. Ao serem questionados sobre as fases da vida, nota-se diferentes opiniões em
certas perguntas pontuadas pelo entrevistador.
Para o Jovem adulto, apesar de se sentir intimado com a vida adulta, mostrou-se estar
pronto para enfrentá-la preocupando-se com aspectos sociais e com a oportunidade de se
autoconhecer, vivendo a vida do jeito que gostaria sem se preocupar com futuras consequências.
Para o adulto de meia-idade, ser adulto é ter passado por várias etapas até aquele
momento e descoberto diretrizes claras para a vida sobre o que deve ou não ser feito, podendo
se reavaliar, já que está ciente que seus atos hoje o afetaram futuramente.
Para o idoso, toda a trajetória o tornou mais sábio e preciso mesmo havendo alguns
declínios cognitivos, o que é um processo natural nessa fase da vida, pois como o mesmo cita
“ser idoso significa que já vivi bastante”.
De forma geral em relação às expectativas de como seriam suas vidas até o determinado
momento, os entrevistados se mostraram satisfeitos com tudo que haviam conquistados e
13

surpresos na transição para a vida adulta. E apesar das dificuldades, perceberam que dependiam
apenas deles mesmos para terem aquilo que tanto almejaram.
14

REFERÊNCIAS

PAPALIA, Diane E; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 12.ed. Porto


Alegre: AMGH Editora LTDA, 2013.

Você também pode gostar