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Centro Universitário Santa Maria

Curso de Bacharelado em Psicologia


Coordenação de Estágio Supervisionado em Psicologia

Autolesão e Ideação Suicida: Relato de Experiência de Estágio Supervisionado I


Paulo Henrique Girão do Nascimento;¹
Maria Aparecida Ferreira Menezes Suassuna;²
Discente do curso de Psicologia do Centro Universitário Santa Maria (e-mail: phgpsi@gmail.com)¹;
Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Santa Maria (e-mail: 000434@fsmead.com.br)².

Introdução Resultados e Discussão


Este trabalho tem por finalidade relatar um caso clínico de As sessões aconteceram com a periodicidade quinzenal, totalizando
autolesão e ideação suicida em um(a) adolescente. Ao recorrer a 07 (sete) atendimentos. A(o) adolescente demonstrou significativa
literatura específica, observou-se diferença entre comportamentos melhora em relação ao quadro inicial, confirmando o que fora
de automutilação não suicida (AMNS) e comportamento suicida, observado anteriormente, apresentando fala bastante articulada,
sendo este o ato completo composto por verbalizações, atenção plena ao momento, boa elaboração de pensamentos e
planejamento e tentativa; e aquele, composto pela busca do alívio assertividade, além de sido notado mudança de comportamento no
imediato da dor ou a redução de emoções negativas sem a clara que diz respeito à autolesão e ao quadro depressivo. A maneira
intenção de morrer (DORNELLES, SCHÄFER, 2017). Devido a como foi estabelecido o rapport facilitou a condução das sessões,
alta prevalência desses casos em adolescentes, faz-se necessário o criando um ambiente propício para a exposição de demandas
uso de intervenções eficazes, que promovam o desenvolvimento antigas e atuais, e a aplicação de técnicas para reforçar os pontos
de estratégias de enfrentamento e autorregulação emocional. Para positivos outrora trabalhados. No decorrer dos atendimentos foram
tanto, usou-se como base a Terapia Cognitivo-Comportamental, de aplicadas técnicas próprias da TCC, tais como Psicoeducação,
Aaron T. Beck, objetivando a reestruturação cognitiva através de Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD) e Questionamento
“uma psicoterapia estruturada, de curta duração e voltada para o Socrático. Assim sendo, foi através da tomada de consciência dos
presente” (Beck, 1964), onde os pensamentos, as emoções e o pensamentos disfuncionais, e não somente das emoções e respostas
comportamento são influenciados pela interpretação dos fatos que fisiológicas sentidas que o(a) paciente conseguiu elaborar melhor
se apresentam diante dos indivíduos. suas vivências e reestruturar suas cognições (BECK, 2022).

Relato de experiência Considerações finais


Por se tratar de um caso de continuidade de atendimento, foi Diante do exposto, percebe-se que a experiência de estágio
realizada anamnese de retorno, onde foi possível coletar supervisionado proporciona o entrelaçamento da teoria com a
informações a respeito do estado atual do(a) paciente, bem como da prática, e a partir desta, pôde-se constatar inúmeras vulnerabilidades
adesão ao tratamento e os resultados obtidos. No decorrer dos sofridas por crianças e adolescentes no tecido social hodierno. No
atendimentos se estabeleceu uma relação terapêutica sólida, onde caso em questão, a automutilação apresentou-se como resultado de
o(a) cliente sentiu-se seguro(a), respeitado(a) e acolhido(a). Esta uma série de eventos estressores que o(a) adolescente enfrenta tanto
ferramenta é fundamental para o progresso da psicoterapia (BECK, no contexto familiar quanto social, envolvendo também o ambiente
2022). Sintomas de ansiedade tais como, crise de choro, tremores, escolar. Nesse sentido, observou-se que o rappot e a escuta
taquicardia, mãos suadas foram relatados pelo(a) paciente em qualificada são ferramentas essenciais e eficazes no manejo de
virtude de sofrimento enfrentado nas relações familiares e escolares, AMNS e Ideação Suicida, e que o papel do terapeuta infantil, além
sendo o bullying sofrido na escola um fator desencadeador de de acolher, respeitar e promover segurança ao paciente através de
estresse e desequilíbrio emocional. A esse respeito, Lindern e intervenções individuais, deve estender-se aos pais, responsáveis e
colaboradores (2017) afirma que esta prática configura-se num educadores, sobretudo na forma de Educação Socioemocional,
estressor social, e portanto, tem a possibilidade de afetar formando assim uma rede de apoio qualificada para enfrentar as
negativamente o desenvolvimento saudável da criança ou do mais variadas demandas vivenciadas nesta fase do desenvolvimento
adolescente envolvido, seja no papel de vítima e até mesmo de humano.
agressor.

Referências
BECK, Aaron. T. Thinking and depression: II. Theory and therapy. Archives of general psychiatry, v. 10, n. 6, p. 561, 1964.
BECK, Judith S. Terapia Cognitivo-Comportamental Teoria e Prática. 3ª ed. Porto Alegre. Editora Artmed. 2022.
DORNELLES, Vinícius; SCHÄFER, Julia Luiza. Manejo de Comportamentos Suicidas e de Automutilação na Infância e na Adolescência. In:
CAMINHA, Renato Maiato; CAMINHA, Marina Gusmão; DUTRA, Camila Arguello. A Prática Cognitiva na Infância e na Adolescência.
Novo Hamburgo: Editora Sinopsys, 2017. p. 557-585.
LINDERN, Daniele et al. Bullying na infância. In: CAMINHA, Renato Maiato; CAMINHA, Marina Gusmão; DUTRA, Camila Arguello. A
Prática Cognitiva na Infância e na Adolescência. Novo Hamburgo: Editora Sinopsys, 2017. p. 557-585.

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