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ISSN 1646-6977
Documento produzido em 08.05.2016
O SETTING TERAPÊUTICO
E A TERAPIA CENTRADA NA PESSOA:
O ACOLHIMENTO E A TRANSFORMAÇÃO DO SUJEITO
2016
E-mail de contato:
johnny.epb@hotmail.com
RESUMO
INTRODUÇÃO
Mesmo em casos de crianças acolhidas pela primeira vez ou quem já passou por este processo
antes, existe um sentimento de culpa e punição por alguma atitude realizada que favoreceu a
retirada de sua família de origem. Em uma pesquisa realizada em 670 instituições de acolhimento
e abrigos em 2003, através do Levantamento Nacional dos Abrigos para Crianças e Adolescentes,
conduzidos tecnicamente pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), observou-se
o desconhecimento por parte do governo federal sobre as condições dos acolhidos (Rossetti et al.
2012). Em outro estudo realizado por Lacerda em 2008, através do banco de dados de Solon
(2006), com o uso de narrativas de algumas crianças que relataram de forma negativa a passagem
de criança no abrigo, mas que este período faz parte de sua historia de vida (Lacerda & Guimarães,
2011 citado por Rossetti et al).
O uso do setting terapêutico consolidou-se com a psicanalise demostrando ser uma forma
prática e que garantia um enfoque maior do sujeito. É uma resposta e uma consequência natural
ao que Freud havia compreendido sobre a relação peculiar do analista com seu analisando,
caracterizada pelos fenômenos transferenciais (Migliavacca, 2008).
Assim quando nos deparamos com a realidade de crianças acolhidas, seu pré-conceito sobre
si e sobre os outros seria transforado em uma leitura atualizada destes conceitos pré-concebidos e
empaticamente favoráveis a construção de novas tendências significativas e importantes para o
crescimento do sujeito.
“Ele vê que nem todas as árvores são verdes, nem todos os
homens são pais rígidos, nem todas as mulheres são
rejeitadoras, nem todas as experiências de fracasso provam
que ele não é bom, e assim por diante... Como seria de esperar,
essa capacidade crescente de ser aberto à experiência o toma
muito mais realista ao lidar com nossas pessoas novas, novas
situações, novo problemas. Significa que suas crenças não são
rígidas, que ele pode tolerar a ambiguidade” (Rogers, 1961).
Podemos supor que o setting terapêutico dependerá das condições em que o terapeuta
construa vínculo com seu cliente, independente do local em que isso aconteça, seja em um setting
terapêutico tradicional ou em um bando de praça ou mesmo em um encontro casual e inesperado,
mas que para o cliente naquele momento é importante para busca de fortalecimento, crescimento
pessoal e automotivação.
Jovens acolhidos necessitam de uma comunicação empática que garanta seu
desenvolvimento, pois promove a interiorização de novos conceitos e um relacionamento
intrapessoal, desta maneira conforme Rogers (1983, citado por Miranda e Freire, 2012):
“constato... que ouvir traz consequências. Quando
efetivamente ouço uma pessoa e os significados que lhe são
importantes naquele momento, ouvindo não suas palavras,
mas ela mesma, e quando lhe demonstro que ouvi seus
significados pessoais e íntimos, muitas coisas acontecem”
(Rogers, 1983).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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