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O jovem foi educado com todos os cuidados e rodeado de todas as riquezas, até ser
confrontado com as realidades da vida através de quatro “mensageiros” – um doente,
um velho, um cadáver e um monge errante. Ao vê-los, surgiu-lhe a mesma pergunta
com que todos nos confrontamos: face ao ciclo da vida e da morte, onde encontrar a
liberdade e a felicidade?
Com vinte e nove anos, o príncipe abandonou a vida do palácio e a família para
procurar respostas para esta pergunta universal. Durante 6 anos praticou diversas
técnicas de meditação com mestres reconhecidos, até que, ao igualá-los, descobria
que ainda não tinha resposta para a questão da libertação do sofrimento. Enveredou
por uma via de ascetismo extremo que também não o aproximou da libertação. Ao
ouvir o diálogo de um professor de música e do seu aluno, percebeu que a via não
estava nos extremos do prazer e do ascetismo. Recordou então uma experiência que
tinha tido quando mais novo, de dhyana (meditação) que lhe pareceu mais próxima da
realidade, e decidiu sentar-se debaixo de uma árvore, conhecida como árvore Bodhi
(árvore da iluminação, na realidade uma variedade de figueira) em BodhGaya, com a
firme resolução de não se levantar do seu lugar enquanto não tivesse a experiência,
ele mesmo, da verdade mais profunda e libertadora. Então, segundo contam os textos
tradicionais, no momento em que a estrela da manhã surgiu no céu, a sua mente abriu
para a incondicionada e imortal liberdade que está para além da vida e da morte.
Nesse momento de libertação, ele tornou-se o Buda, o Desperto, que acordou do
estado de ignorância em que todos estamos imersos como num sonho.
O progresso ao longo do caminho não segue uma trajetória linear simples. Em vez
disso, o desenvolvimento de cada aspecto do Nobre Caminho Óctuplo encoraja o
refinamento e fortalecimento dos outros aspetos.
O Buda baseou os seus ensinamentos numa franca avaliação da nossa situação como
seres humanos: existe insatisfação e sofrimento no mundo. O sofrimento faz parte de
toda a existência condicionada. Ninguém pode contestar esse fato. Porém, como um
médico que prescreve o remédio para uma enfermidade, o Buda oferece a esperança
(a Terceira Nobre Verdade) e a cura (a Quarta). Os ensinamentos do Buda portanto
permitem ter um alto grau de otimismo num mundo complexo, confuso e difícil.
O Buda alegava que a Iluminação que ele redescobriu está acessível a qualquer um que
esteja disposto a fazer o esforço e comprometer-se a seguir o Nobre Caminho Óctuplo
até o fim. Cabe a cada um de nós colocar essa afirmação à prova.
Livro de consulta
O Ensinamento de Buda, Walpola
Vídeo Recomendado
Cultivando Sua mente e Seu Coração
https://www.youtube.com/watch?v=qGKApwERdHw&t=641s
Budismo Desmistificado
Este último ponto foi elucidado durante um conjunto de ensinamentos dado em Abril
de 2017, no Nepal, por Dzongsar Khyentse Rinpoche, sobre o Sutra do Coração, ou a
Essência do Conhecimento Transcendente *. Ele chamou a atenção para a distinção
fundamental que existe entre os ensinamentos que pertencem ao nível relativo (a
verdade convencional), que são conhecidos por serem ‘expeditos’, e os ensinamentos
que pertencem à verdade última.
A um nível prático, para alguém que inicia a viagem no caminho até ao despertar,
todas estas actividades virtuosas feitas com o corpo e a fala são essenciais. Contudo, o
seu único objectivo é permitir à nossa mente gradualmente transformar-se desde a
perplexidade até ao conhecimento, da mesma forma que nós damos líquidos a uma
criança pequena, antes de a alimentarmos com alimentos sólidos. Assim sendo, o
Budismo oferece um caminho até ao despertar – acompanhado por uma intenção
deliberada de libertar todos os seres do seu sofrimento – levando a um conhecimento
transcendente. O Buda expressou isto mesmo, quando ele atingiu o seu despertar: “Eu
encontrei um Dharma que é como um néctar, pacífico, profundo, luminoso, livre de
conceitos e não-construído.” Deste ponto de vista, o Budismo dificilmente encaixa nos
critérios habituais que definem uma religião.
Existem um sem número de textos filosóficos e tratados que oferecem explicações
detalhadas nos poucos pontos mencionados acima, mas em inglês, é possível consultar
por exemplo, “Wisdom: Two Buddhist Commentaries” **, que oferece dois
comentários sobre o nono capítulo do texto de Shantideva “The Way of the
Bodhisattva”, um trabalho dedicado ao conhecimento transcendente.”
Notas:
Esta escola começou por se estabelecer no Sri Lanka e daí expandiu-se para a Birmânia
(Myanmar), Tailândia, Laos, Camboja e mesmo para o Vietname, Malaia e Indonésia,
embora estes países tenham igualmente recebido a influência de outras escolas
budistas.
A escola de transmissão oral Kagyu tem origem nos ensinamentos do yogi indiano
Tilopa. O principal ensinamento desta escola é o Mahamudra (Grande Selo, ou Grande
Marca), ou a percepção directa da claridade da mente.
A escola Sakya, fundada pelo lama tibetano Khön Könchog Gyelpo, é considerada a
escola mais esotérica do Budismo Tibetano.
A Escola dos Virtuosos, a escola Gelug foi fundada pelo monge tibetano Tsongkhapa
Losang Dragpa e perdurou como uma escola monástica. Esta escola está na origem na
linhagem do Dalai Lama.
http://bodhicharyaportugal.org/
Budismo Zen
O termo japonês Zen (em chinês Ch’an) é a forma abreviada de Zenna, derivado do
chinês Ch’an-na, que por sua vez vem de Dhyana — “meditação” em sânscrito.
Desde então, essa transmissão de “mente a mente” passou por vinte e oito gerações
de patriarcas, até que o indiano Bodhidharma, para alguns, mais mítico do que real,
levou essa tradição à China e fundou a escola de Dhyana. Surgiram posteriormente
vários tipos de escolas Zen na China, Coreia, Japão e Vietname.
As escolas Zen mais conhecidas no Ocidente são a escola Soto e a escola Rinzai. Ambas
se centram na prática da meditação sentada (zazen), embora a escola Rinzai dê
também grande importância à prática dos koans. Os koans consistem na sua maior
parte em frases ou histórias enigmáticas, paradoxais ou mesmo absurdas que o
estudante deve “resolver” mas cuja solução não se atinge pelo raciocínio. Os koans
transcendem a lógica e os conceitos e visam romper os nossos condicionamentos. Uma
vez que não podem ser solucionados pela lógica discursiva, os koans clarificam o
praticante sobre as limitações do pensamento. Os koans são utilizados como um tema
de meditação, incessantemente colocados pelos praticantes durante as sessões de
meditação e, sempre que possível, ao longo do dia.
Ainda que avesso às definições, o Zen pode ser visto como uma prática de
transformação dos processos mentais pela atenção dada ao presente. Nesse sentido as
escolas Zen acentuam a integração da prática no dia-a-dia, aproximando-se neste
sentido da escola Theravada. No Zen, utiliza-se ainda a meditação em andamento e a
recitação de sutras como práticas complementares. Os retiros (sesshin), as entrevistas
pessoais com o professor (dokusan) e as palestras sobre o Dharma (teisho) e o trabalho
enquanto prática meditativa (samu) têm um papel igualmente importante no Zen.
Diz-se que o Zen é a essência do Budismo. Um mestre Zen japonês disse: “O Zen nasceu
e cresceu na Índia, floresceu na China e deu fruto no Japão.” Mas não é assim tão
simples. O Zen é a prática que nasceu da experiência do Buda Shakyamuni, o qual
despertou para a realidade última da vida (o não-eu). Como tal, o Zen não pertence a
nenhuma seita religiosa em particular. Podemos até encontrá-lo no Cristianismo, no
Hinduísmo, nas cartas de S. Paulo, por exemplo, ou nas biografias de Ramakrishna. Por
favor, não tirem nenhuma conclusão por eu ser um monge budista; em vez disso,
descubram e realizem a raiz da vossa prática Zen através deste encontro quotidiano
Aqui-Agora. (Mestre Zen Hôgen Yamahata, Folhas Caem, um Novo Rebento)
https://sanghazenpt.org/
Budismo Ocidental