Você está na página 1de 4

BUDISMO

O termo "Buda" é um título, não um nome próprio. Significa


"aquele que sabe", ou "aquele que despertou", e se aplica a
alguém que atingiu um superior nível de entendimento e a
plenitude da condição humana. Foi aplicado, e ainda o é, a várias
pessoas excepcionais que atingiram um tal grau de elevação
moral e espiritual que se tranformaram em mestres de sabedoria
no oriente, onde se seguem os preceitos budistas. Porém o mais
fulgurante dos budas, e também o real fundador do budismo, foi
um ser de personalidade excepcional, chamado Sidarta Gautama.

Siddharta Gautama, o Buddha, nasceu no século VI a. C. (em


torno de 556 a. C.), em Kapilavastu, norte da Índia, no atual
Nepal. Ele era de linhagem nobre, filho do rei Suddhodana e da
rainha Maya. Logo depois de nascido, Sidarta foi levado a um
templo para se apresentado aos sacerdotes, quando um velho
sábio, chamado Ansita, que havia se retirado à uma vida de
meditação longe da cidade, aparece, toma o menino nas mãos e
profetiza: "este menino será grande entre os grandes. Será um
poderoso rei ou um um mestre espiritual que ajudará a
humanidade a se libertar de seus sofrimentos".

Sidarta transformou-se no Buda em virtude de uma profunda


transformação interna, psicológica e espiritual, que alterou toda
a sua perspectiva de vida. "Seu modo de encarar a questão da
doença, velhice e morte mudou porque ele mudou" (Fadiman &
Frager, 1986).

Tendo atingido sua iluminação, Buda passa a ensinar o Dharma,


isto é, o caminho que conduz à maturação cognitiva que conduz à
libertação de boa parte do sofrimento terrestre. Eis que o
número de discípulos aumenta cada vez mais, entre eles, seu
filho e sua esposa. Os quarenta anos que se seguiram são
marcadas pelas intermináveis peregrinações, sua e de seus
discípulos, através das diversas regiões da Índia. Quando
completa oitenta anos, Buda sente seu fim terreno se
aproximando. Deixa instruções precisas sobre a atitude de seus
discípulos a partir de então: "Por que deveria deixar instruções
concernentes à comunidade ? Nada mais resta senão praticar,
meditar e propagar a Verdade por piedade do mundo, e para
maior bem dos homens e dos deuses. Os mendicantes não devem
contar com qualquer apoio exterior, devem tomar o Eu - self -
por seguro refúgio, a Lei Eterna como refúgio... e é por isso que
vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio no Eu".

Buda morreu em Kusinara, no bosque de Mallas, Índia. Sete dias


depois seu corpo foi cremado e suas cinzas dadas as pessoas
cujas terras ele vivera e morrera.
Principais Pontos da Doutrina de Buda

Temporalidade

A única constante universal é a mudança. Nada do que é físico


dura para sempre; tudo está em fluxo em determinado momento.
Isto também se aplica a pensamentos e idéias que não deixam de
ser influenciados pelo mundo físico. Isto implica que não pode
haver uma autoridade suprema ou uma verdade permanente,
pois nossa percepção muda de acordo com os tempos e grau de
desenvolvimento filosófico e moral. O que existem são níveis de
compreensão mais adequados para cada tempo e lugar. Uma vez
que as condições e as aspirações, bem como os paradigmas,
mudam, o que parece ser toda a verdade numa época é visto
como imperfeita tentativa de se aproximar de algo noutra época.
Nada, nem mesmo Buda, pode tornar-se fixo. Buda é mudança.

Desprendimento

Já que tudo o que parece existir de fato apenas flui, como


nuvens, também é verdade que tudo o que é composto também
se dissolve. A pessoa deve viver no mundo, utilizar-se do mundo,
mas não deve se apegar ao mundo.

Deve ser alguém que saiba utilizar-se do instrumento sem se


identificar com o instrumento. Deve também ter a consciência de
que seu próprio ego também se transforma com o tempo.
Somente o self, o Atman imortal permanece, mesmo assim se
desenvolvendo eternamente através das reencarnações e através
dos mundos.

Insatisfação ou sofrimento

O problema básico da existência é o sofrimento, que não é um


atributo de algo externo, mas sim numa percepção limitada que
advém da adoção de uma visão de mundo defeituosa adotada
pelas pessoas. Como disse Jesus: "apenas quem se faz como uma
criança pode entrar no reino dos céus", pois as crinças não se
prendem ao passado nem se preocupam com um futuro. Elas
vivem o presente e são autênticas com o que sentem, até o dia
em que a cultura as fazem comer do "fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal", enchendo-as de preconceitos e
ansiedades que as expulsam do paraíso. Os ensinamentos
budistas - e de todos os grandes Mestres da humanidade - são
caminhos propostos para nos ajudar a transcender nosso senso
comum egoísta para se atingir um senso de relativa satisfação
conosco e com o mundo. Se o sofrimento é fruto da percepção
individual, algo pode ser feito para amadurecer esta percepção,
através do autoconhecimento: "Projetistas fazem canais,
arqueiros airam flechas, artífices modelam a madeira e o barro, o
homem sábio modela-se a si mesmo".
As Quatro Nobres Verdades

I - Dado o estado psicológico do homem comum, voltando seu


desenvolvimento para o mundo externo de modo agressivo, a
insatisfação que gera o sofrimento é quase inevitável.

II - A insatisfação é o resultado de anseios ou desejos que não


podem ser plenamente realizados, e estão atrelados à sede de
poder. A maioria das pessoas é incapaz de aceitar o mundo como
é porque é levada pelos vínculos com o desejo narcisivo do
sempre agradável e com sentimentos de aversão pelo negativo e
doloroso. O anseio sempre cria uma estrutura mental instável, no
qual o presente, única realidade fenomênica, nunca é
satisfatório. Se os desejos não são satisfeitos, a pessoa tende a
lutar para mudar o presente ou agarra-se a um tempo passado;
se são satisfeitos, a pessoa tem medo da mudança, o que
acarreta novas frustrações e insatisfações. Como tudo se
transforma e passa, o desfrutar de uma realização tem a
contrapartida de que sabemos que não será eterno. Quanto mais
intenso for o desejo, mais intensa será a insatisfação ao saber
que tal realização não irá durar.

III - O controle dos desejos leva à extinção do sofrimento.


Controlar o desejo não significa extinguir todos os desejos, mas
sim não estar amarrado ou controlado por eles, nem condicionar
ou acreditar que a felicidade está atrelada a satisfação de
determinados desejos. Os desejos são normais e necessários até
certo ponto, pois eles têm a função primária de preservar a vida
orgânica. Mas se todos os desejos e necessidades são
imediatamente satisfeitas, é provável que passemos a um estado
passivo e alienado de complacência. A aceitação refere-se a uma
atitude calma de desfrute dos desejos realizados sem nos
perturbarmos seriamente com os inevitáveis períodos de
insatisfação.

IV - Há uma forma de se eliminar o sofrimento: O Nobre Caminho


Óctuplo, exemplificado pelo Caminho do Meio.

A maioria das pessoas busca o mais alto grau de satisfação dos


sentidos, e nunca se dão por satisfeitas. Outros, ao contrário,
percebem as limitações desta abordagem e tendem ir ao outro
prejudicial extremo: a mortificação. O ideal budista é o da
moderação. O Caminho Óctuplo consiste no discurso, ação, modo
de vida, esforço, cautela, concentração, pensamento e
compreensão adequados. Todas as ações, pensamentos, etc,
tendem a ser forças que, expressando-se, podem magoar as
pessoas e a ferir e limitar a nós mesmo. O caminho do meio
segue a máxima de ouro de Jesus Cristo: "Fazei aos outros o que
gostariam que fizessem a vós".

A Psicologia Budista
O físico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, nos fala que o
budismo - ao contrário do hinduísmo que lhe serviu de
preparação e que possui um forte colorido mitológico e
ritualístico - tem um caráter e um "sabor" eminentemente
psicológicos. Segundo Capra, "Buda não estava interessado em
satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do mundo, da
natureza do Divino ou questões desse gênero. Ele estava
preocupado exclusivamente com a situação humana, com o
sofrimento e frustrações dos seres humanos. Sua doutrina,
portanto, não era metafísica; era uma psicoterapia. Buda
indicava a origem das frustrações humanas e a forma de superá-
las. Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais de
maya, karma, nirvana, etc., atribuindo-lhes uma interpretação
psicológica renovada, dinâmica e diretamente pertinente."
(Capra, 1986, p. 77). Ele havia dedicado-se a um aspecto da
evolução humana: a autocompreensão para por fim ao
sofrimento humano, e só a este aspecto se dedicara.

A questão da causalidade em Buda, assim como em Freud, na


psicologia ocidental, é um dos elementos principais de seus
ensinamentos. Esta é chamada de karma, que significa ação, e
representa a lei universal de causa e efeito em que o resultado
de uma ação mais cedo ou mais tarde acaba por retornar a quem
a praticou. Jesus certamente se refere à mesma lei universal
quando fala: "Colherás aquilo que semeares". De acordo com o
budismo, qualquer situação em que possamos nos encontrar em
dado momento é a resultante de toda a nossa história pregressa,
em cuja corrente histórica nos lançamos até atingir o estado
atual; isto quer dizer que dispomos constantemente da
oportunidade de aprender as lições para enriquecer nosso
crescimento e evolução espiritual. Corretamente entendida, a
doutrina do karma não é, como supõem alguns, uma forma de
evitar uma ação responsável, nem uma desculpa para a aceitação
das coisas tais como estão, mas um incentivo para aproveitar o
presente da forma mais criativa e positiva possível; toda
experiência vivencial se converte em um empurrão para diante
na nossa jornada para a compreensão de nós mesmos.

"O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem


que condicionaram nosso comportamento, e são os nossos atuais
pensamentos que constroem a nossa vida de amanhã; a nossa
vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou atua com
a mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a
roda do carro segue ao animal que o arrasta". (Buda)

Fonte: E-Deus.org

Cola da Web – Trabalhos escolares prontos


www.coladaweb.com

Você também pode gostar