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Fungicultura

Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: INTRODUÇÃO AO CULTIVO

Os processos que envolvem o cultivo do
cogumelo são desconhecidos para a
maioria das pessoas. Cultivar cogumelos é
muito diferente de cultivar plantas em um
jardim, os processos são totalmente
diferentes. Aprender a cultivar cogumelos
pode parecer um pouco complicado para
quem está começando. É preciso ler
bastante sobre o assunto, fazer cursos,
pesquisar muito na internet e infelizmente
existe pouco material em português.
Existem muitas técnicas para aprender e
diversos equipamentos para comprar, o
que pode tornar um pouco difícil escolher
por onde começar. Apesar disso ser
totalmente verdadeiro, ainda assim uma
pessoa inexperiente pode se aventurar no
cultivo de cogumelos sem investir muito
em equipamento ou cursos caros. Para
fazer os cogumelos nascerem o cultivador
não necessariamente precisa dominar
todas as técnicas avançadas de produção.  Fluxograma da produção de cogumelos 

Uma das partes mais complicadas do cultivo é aprender a fabricar sua própria "semente".
"Semente" (ou "spawn", em inglês) é um termo usado no Brasil pelos fungicultores para chamar
o inóculo feito em grãos ou serragem, que consiste em grãos de cereais ou serragem "mofadas"
com o fungo que você deseja cultivar. É a "semente" que você irá usar para "semear" o seu
substrato. Você precisará de uma panela de pressão ou de uma autoclave, de um fornecedor de
grãos, de panelas para preparar o grão, culturas do cogumelo e um ambiente estéril para
transferir sua cultura para os grãos esterilizados. É um trabalho que compensa, porém não é
uma tarefa fácil.  
Você pode pular toda essa etapa de fabricação comprando a sua própria "semente" aqui no
nosso site. Nós enviaremos uma "semente" pronta para o uso, você só precisará inocular o seu
substrato usando alguma das diversas técnicas existentes (ensinaremos algumas aqui no site),
aguardar a colonização e colher os cogumelos. Existem diversas formas de cultivar cogumelos,
muitas técnicas são usadas no mundo todo, mas todas elas basicamente consistem em:  

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1) Cultivar o fungo escolhido em uma placa de petri com meio de cultura

Essa etapa envolve a introdução de esporos, pedaço de cultura ou amostra de um cogumelo em
uma espécie de gelatina nutritiva. Essa parte precisa ser feita em um ambiente totalmente limpo,
livre de contaminações ("glovebox", fluxo laminar, etc) para que esporos de bactérias e fungos
não caiam na placa de petri, competindo com a cultura que você introduziu ali, inviabilizando a
mesma. 

Placa de petri com meio de cultura colonizada com o micélio Transferência de micélio para outra placa

2) Transferir um pedaço do micélio saudável para grãos esterilizados

Novamente, essa etapa precisa ser feita em um ambiente limpo, livre de contaminações. Basta
cortar um pedaço da gelatina nutritiva contendo o seu fungo e transferir o pedaço para um
frasco contendo grãos esterilizados. Também é possível usar uma seringa de cultura líquida, que
nada mais é do que um líquido contendo micélio, bastando injetar cerca de 1ml por frasco. O
fungo vai colonizar todos os grãos depois de um tempo e tomar conta de todo o frasco. 
 

Micélio crescendo em grãos de trigo esterilizados (3 dias) 7 dias de colonização do micélio nos grãos de trigo
 
3) Expandir o micélio em grãos exponencialmente para fabricar a "semente" (spawn)

Pedaços de grãos colonizados podem ser utilizados para inocular diversos outros frascos contendo
grãos estéreis, aumentando exponencialmente o volume de "semente". Um frasco com grãos
colonizados pode inocular outros 10 ou mais frascos com grãos estéreis. Um fato incrível do cultivo

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de cogumelos é a habilidade do fungo crescer exponencialmente sua massa, atingindo milhares de
vezes a massa original. Por exemplo, um pedaço de meio de cultura do tamanho de uma moeda de 5
centavos pode colonizar um pote de 1 litro cheio de grãos esterilizados. Um pode com 1 litro de
grãos colonizados pode ser usado pra colonizar mais de 10 potes ou sacos contendo grãos
esterilizados. Esses 10 podem ser usados para colonizar outros 100, que podem ser usados para
colonizar mil potes ou sacos! É disso que se trata o cultivo de cogumelos, esse é o "segredo":
Aumentar exponencialmente a biomassa do fungo através de diversas técnicas a fim de se chegar no
resultado final, o cogumelo.

Sala de incubação das sementes da empresa Fungicultura


 
4) Inoculação do grão no substrato final 

Uma vez que você consiga uma quantidade suficiente de grãos colonizados, chamados de
"semente" aqui no Brasil pelos cultivadores, ou "spawn" em inglês, os grãos podem ser utilizados
para inocular o substrato final, onde os cogumelos irão se desenvolver. O tipo do substrato
depende da espécie de cogumelo que você irá cultivar. A maioria dos substratos são feitos de
palhas, serragens e resíduos agrícolas, suplementados com farelos. Dependendo do tipo de
substrato ele deve ser pasteurizado ou esterilizado antes de poder receber a "semente". 

Inoculação da "semente" no substrato final a base de serragem


5) Incubação

Uma vez que o substrato é inoculado, começa a fase de colonização, onde o fungo vai crescer e

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Uma vez que o substrato é inoculado, começa a fase de colonização, onde o fungo vai crescer e
tomar conta de todo o substrato a procura de nutrientes. Quando o micélio coloniza todo o
substrato ele estará pronto para produzir os cogumelos.

Sala de incubação dos blocos de serragem inoculados com a "semente"

 
6) Indução do crescimento dos cogumelos (frutificação)

Para que os cogumelos comecem a surgir é preciso alterar alguns parâmetros no cultivo,
colocando os blocos de substrato colonizado no ambiente de frutificação. Esse ambiente deve
favorecer o crescimento dos cogumelos, sendo a temperatura, umidade, luz e concentração de
gás carbônico fatores fundamentais a serem controlados, e tais parâmetros variam de acordo
com a espécie cultivada. Por exemplo, a temperatura de colonização de algumas espécies de
cogumelos é de 25'C. Uma vez colonizado, o substrato é colocado no ambiente de frutificação
adequado para tal espécie, e a temperatura para essa espécie é, por exemplo, 20'C. Essa
mudança de temperatura é fundamental em algumas espécies, sem ela o substrato não produzirá
os cogumelos. 

Começo da frutificação de Pleurotus columbinus

7) Desenvolvimento e colheita dos cogumelos

Após expor o substrato colonizado no ambiente de frutificação, inúmeros primórdios (início da

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Após expor o substrato colonizado no ambiente de frutificação, inúmeros primórdios (início da
formação dos cogumelos) começarão a se desenvolver, drenando água e nutrientes do substrato
rapidamente e transformando­os em cogumelos totalmente desenvolvidos depois de alguns dias.
Após o desenvolvimento os cogumelos podem ser colhidos e, dependendo da espécie de
cogumelo, o substrato pode ser irrigado e novos cogumelos surgirão dentro de poucos dias.
Algumas espécies permitem dois ou três fluxos de colheita por bloco de substrato colonizado.

Pleurotus eryngii se desenvolvendo

Esse foi um apanhado geral de como funciona o cultivo de cogumelos, a seguir iremos detalhar
um pouco mais cada parte do processo. O conteúdo é bem complexo mas estará tudo compilado
em breve aqui no nosso site. Essa primeira parte é introdutória, minha intenção é esclarecer de
forma bem abrangente como funciona o cultivo e a produção e cogumelos comestíveis. Nas
próximas páginas os processos do cultivo serão muito mais aprofundados. Muitas das
informações a respeito do cultivo de cogumelos no Brasil estão desatualizadas, e o material
apresentado aqui é um compilado de anos de experiência cultivando cogumelos, informações de
livros e sites estrangeiros, artigos científicos, blogs e fóruns. Espero conseguir ensiná­los da
melhor forma possível, sempre frisando que meus métodos não são os "mais corretos", apenas
só mais uma forma de cultivá­los, dentre dezenas de técnicas diferentes. Cada produtor tem suas
próprias técnicas e seus processos de cultivo, nenhuma delas é melhor ou pior. Cada técnica é
adaptada a realidade de cada produtor, porém todas seguem basicamente o mesmo padrão
descrito acima. 

Dúvidas frequentes de cultivadores iniciantes

Que tipo de cogumelo cultivar?

Para escolher corretamente o tipo de cogumelo que você vai cultivar, primeiro você deverá
estudar sobre o clima em que ele cresce, qual tipo de substrato ele se desenvolve melhor, dentre
outras coisas. Algumas espécies são bem mais fáceis de cultivar, como o Pleurotus djamor,
Pleurotus ostreatus, Pleurotus columbinus, Pleurotus pulmonarius, e essas são as mais
indicadas para quem está começando. Aqui no site você encontra informações detalhadas a
respeito do cultivo de algumas espécies. Lembrando que esse site está em construção e muita
informação ainda será adicionada nos próximos meses, então caso tenha alguma dúvida ou
sugestão favor enviar para fungicultura@outlook.com Existem diversas espécies incríveis para
cultivar, mas não tome essa decisão tão cedo. Você precisa levar em consideração muitas outras
coisas antes disso. 
Primeiro você deve decidir se vai cultivar apenas uma espécie ou várias, e existem vantagens e
desvantagens em ambas as opções. Cultivar apenas um tipo de cogumelo significa que você terá
menos complicações para lidar durante a fabricação de sementes, inoculação do composto e o

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menos complicações para lidar durante a fabricação de sementes, inoculação do composto e o
tempo do ciclo de produção da espécie. Espécies diferentes podem ter tempos diferentes de
colonização, colheita, o que pode aumentar o trabalho durante o cultivo, porém ter uma
variedade maior de cogumelos para vender pode ser benéfico para o seu negócio. Você também
deverá considerar que diferentes cogumelos possuem diferentes tempos de prateleira (tempo
que o produto dura embalado antes de vencer). Além disso cada cogumelo tem a sua
aceitabilidade no mercado e a demanda e preço por cada um deles varia muito.  

Como é uma "fábrica" de cogumelos?

Como já dito acima, isso tudo depende de que parte do processo o cultivador pretende iniciar.
Para aqueles que desejam comprar a "semente" pronta, o laboratório é desnecessário. Para
quem pretende comprar o substrato inoculado, pronto para frutificar, a área de preparação do
substrato (formulação, mistura, ensacamento, pasteurização/esterilização) é desnecessária.  
Cultivar cogumelos desde o começo é um processo complexo e necessita que muitas coisas sejam
feitas de maneira coordenada para que se atinga um resultado previsível e positivo.  
Para simplificar, dividirei uma produção de cogumelos em 4 partes básicas:

1) O laboratório

É aqui onde tudo começa, e normalmente é a parte mais difícil do processo de cultivo de
cogumelos. Para quem está iniciando, dominar as técnicas de laboratório necessárias para o
cultivo de cogumelos requer anos de estudo e prática. Normalmente esse trabalho é realizado
por um biólogo ou alguém acostumado a trabalhar em laboratórios. O micélio do fungo precisa
de um substrato úmido e nutritivo para crescer, normalmente esse passo é feito em placas de
petri contendo meio de cultura e grãos, ambos estéreis. Infelizmente tanto o meio de cultura
quando os grãos são ambientes ideais para o crescimento de bactérias e fungos competidores.
Caso esses contaminantes caiam dentro do meio de cultura e dos grãos, irão contaminar seu
material. O cultivador precisa necessariamente de um "espaço limpo" para poder propagar as
culturas dos cogumelos, e esse espaço é o laboratório. 
 

O laboratório deve ser uma área isolada do resto da operação de cultivo. Precisa ter o chão e
paredes lisas, feitas de azulejo, tinta epoxy ou qualquer outro material que seja de fácil limpeza
com cloro ou outros desinfetantes. Evite PVC e materiais plásticos pois esses em contato com a
luz UVC podem degradar e liberar compostos tóxicos para quem estiver respirando dentro do
laboratório. Deve­se evitar ao máximo objetos desnecessários, quanto mais superfícies no
laboratório mais poeira acumulada e mais trabalho durante a limpeza. A mesa de trabalho
também deverá ser feita com um material fácil de limpar, evite ao máximo o uso de materiais
feitos de madeira dentro do laboratório.  

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feitos de madeira dentro do laboratório.  
O responsável pelo laboratório deve trabalhar de roupas limpas, calçados limpos, banho tomado,
usando máscara e luva. Uma boa higiene é fundamental. É muito mais fácil evitar que
contaminações entrem no laboratório do que removê­las após uma infestação, então todo
cuidado é pouco.  
A parte fundamental de um laboratório é uma câmara de fluxo laminar. Para quem não conhece,
essa máquina é basicamente uma caixa contendo um exaustor potente que força o ar através de
um filtro absoluto, conhecido como HEPA, do inglês "High Efficiency Particulate Arrestance",
que filtra o ar e cria um ambiente livre de contaminações na frente dele. Esse "espaço limpo"
criado pelo fluxo laminar permite que o cultivador trabalhe com materiais esterilizados, como
placas de petri com meio de cultura e grãos, sem o risco de contaminação. 

Se você não possui dinheiro para investir em uma câmara de fluxo laminar ou se não possui um
cômodo para adaptar e transformar em um laboratório, é possível também montar outros tipos
de sistemas que proporcionam uma área livre (ou quase) de contaminações e manter os níveis
de sucesso nessa etapa em uma faixa aceitável.  
Outra forma bem mais barata de se conseguir um ambiente livre de contaminações é montando
uma "glovebox", ou SAB (do inglês "still air box"). Explicarei como construir uma "glovebox" nos
próximos tópicos, mas resumindo, trata­se de uma caixa plástica onde você coloca todo o seu
material esterilizado, junto com as suas culturas e um spray contendo álcool 70. Essa caixa
possui 2 buracos, por onde você coloca a sua mão usando luvas, limpa todo o interior e o
conteúdo da caixa (incluindo suas luvas) e após alguns minutos o ambiente criado estará livre
(ou quase) de contaminações. O ar parado da caixa faz com que os esporos caiam para o fundo
dela pela ação da gravidade e morrem no álcool.

Esse processo não é tão simples, existem técnicas para se utilizar uma "glovebox" e eu explicarei
detalhadamente em um outro tópico. Atente­se ao uso do álcool pois acidentes no laboratório
são bem comuns com pessoas inexperientes. O uso da glovebox é OK para trabalhos com meio

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de cultivo em pequena escala, fabricação de "semente" em pequena escala, porém para trabalhar
com blocos de serragem suplementada ou sacos grandes de grãos se torna um trabalho difícil. O
uso da "glovebox" é uma alternativa ótima para produtores que desejam começar uma produção
de cogumelos em pequena escala, mas tenha em mente que uma taxa de contaminação pequena
é sempre esperada. 
 
O laboratório é necessário para se produzir cogumelos? NÃO!

Como já dito acima, é possível
colher cogumelos sem sequer passar
por esses processos mais delicados
adquirindo a "semente" pronta aqui
no nosso site. Comprar a "semente"
pronta é uma escolha razoável para
quem quer apenas começar logo
uma produção, sem precisar
aprender a trabalhar com meio de
cultura, esterilização de grãos ou
trabalhar em frente a uma câmara
de fluxo laminar ou "glovebox". Para
isso basta comprar a "semente" e
inoculá­la em substratos tratados
(pasteurização ou esterilização).
Falarei um pouco mais sobre os
substratos em outro tópico.  Sala de incubação das sementes da nossa empresa

Existem algumas vantagens em possuir sua própria micoteca (coleção de fungos) e fabricar sua
própria semente. Além de desenvolver habilidades valiosas sobre técnicas laboratoriais, o
cultivador entenderá melhor o ciclo de vida e o desenvolvimento das suas próprias culturas.
Além disso fabricar sua própria semente é mais barato do que comprá­la pronta, portanto o
cultivador deverá por na balança e decidir qual opção é mais adequada. Se você está começando
no ramo agora, o mais adequado é adquirir uma "semente" pronta, pois os riscos de uma
frustração são menores. 

2) A área de preparação (área suja)
É aqui onde a bagunça começa.
Essa área deve ser relativamente
limpa, mas nem de longe necessita
do nível de limpeza que o
laboratório exige. Podem ser
usadas áreas abertas, garagens ou
algo do tipo para essa parte.
Algumas coisas acontecem na área
de preparação, dependendo de qual
método você utilizará na sua
produção de cogumelos. 
Se você está fabricando sua própria
"semente", a área de preparação é o
Grãos de trigo esfriando após cozimento
local onde você vai preparar os
grãos antes de serem esterilizados.
Você precisará ferver os grãos por determinado tempo e quando atingirem o ponto correto
devem ser colocados em peneiras para que escorram e esfriem. Quando esfria o grão está pronto

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para ser colocado em potes ou sacos próprios para esterilização, e então devem ser esterilizados.
Portanto para essa atividade, a área de preparação deve possuir fogareiros, panelas grandes,
botijões de gás, escorredores e outros ítens, além de contar com energia elétrica e tubulação
para água e esgoto. A área de preparação também pode abrigar o estoque de materiais. É na área
de preparação que os blocos com substrato final são formulados e ensacados.
Se você pretende cultivar cogumelos usando serragem, é nessa área onde você misturará a
serragem com os farelos e corretores de pH. Após a mistura o substrato deve ser umedecido e
colocado dentro de sacos resistentes ao calor, para que depois sigam para a esterilização. 
Caso você utilize palhas como base para formulação do seu substrato, a área de preparação é
fundamental. Palha faz muita sujeira, e não é legal lidar com ela dentro de uma casa, por
exemplo. Na área de preparação você pode pasteurizar grandes quantidades de palha usando um
tambor de ferro de 200 litros e um queimador de alta pressão. Tenha em mente que esse
processo precisa ser feito em uma área ventilada. Na área de preparação você precia ter uma
mesa grande e limpa para espalhar a palha depois da pasteurização para que ela esfrie bem
rápido. Após o resfriamento, a "semente" é espalhada por cima da palha, misturada e então
ensacada, pronta para ir para a sala de incubaçao. 
Trabalhar com substratos a base de palha e com substratos a base de serragem são coisas bem
diferentes, os processos serão detalhados mais adiante. 

3) Sala de frutificação (Estufa)

É na sala de frutificação onde a mágica acontece. O trabalho duro do cultivador finalmente é
recompensado com belas colheitas de cogumelos. A sala de frutificação pode variar muito de
tamanho, e deve ser escolhida de acordo com a quantidade de cogumelos que você deseja
produzir, espaço disponível, investimento, etc. Após algum tempo de prática no cultivo de
cogumelos o cultivador conseguirá saber o tamanho da sala necessária para produzir a
quantidade de cogumelos desejada.  
É com base no tipo de cultivo e na espécie que o cultivador pretende cultivar que ele irá escolher
como serão as estruturas que receberão os blocos de substrato colonizados. Certifique­se de que
o material usado para fazer as prateleiras seja resistente a decomposição. Deve­se evitar usar
madeira pois eventualmente ela embolora se não for tratada adequadamente. Segue abaixo
alguns exemplos de salas de frutificação.
A sala de frutificação fornecerá todos
os parâmetros ideias para o cultivo dos
seus cogumelos. Esses parâmetros
variam de acordo com a espécie
escolhida, estágio de desenvolvimento
dos cogumelos, entre outras coisas.
Basicamente os parâmetros a serem
controlados são: Temperatura,
umidade e nível de CO2. 
A temperatura é muito importante e
precisa ser controlada para um cultivo
bem sucedido, seja utilizando
aquecedores ou ar condicionado ou
<       >
acompanhando as estações do ano, aproveitando o clima natural. Cogumelos como o Pleurotus
djamor e Pleurotus citrinopileatus gostam mais de um clima quente, enquanto que outros (se
não a maioria dos comestíveis) preferem um clima mais ameno. Além disso dentro de uma
mesma espécie é possível existir cepas com preferências de temperatura diferentes. Existem
Pleurotus ostreatus que preferem climas mais frios e outros climas mais quentes, por exemplo.
O nível de gás carbônico (CO2) deve ser controlado fazendo trocas do ar da sala de
frutificação utilizando exaustores ou então permitindo que correntes naturais de ar passem pela
sala através de aberturas em locais estratégicos com telas de proteção contra entrada de insetos.

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O cogumelo libera gás carbônico como subproduto de seu metabolismo, e caso esse CO2 não seja
removido da sala, o micélio perde seu vigor e abre brecha para contaminações. Além disso níveis
elevados de CO2 acarretam em baixa produtividade, cogumelos deformados e desproporcionais.
Cada espécie tem sua preferência em relação aos níveis de CO2, por isso a escolha do exaustor e
dos métodos de ventilação deve ser feita com base na espécie e no tamanho da sala. Alguns
produtores manipulam os níveis de CO2 para obter resultados diferenciados na aparência ou
peso dos cogumelos. Por exemplo, no cultivo de Ganoderma lucidum quando se mantém níveis
mais elevados de CO2 o cogumelo nasce em formato de colunas, o que dependendo do tamanho
ou disposição da sala de frutificação é mais interessante. Quando os níveis de CO2 são baixos o
Ganoderma nasce em formato de orelha­de­pau.

Diferentes formatos de cogumelos Ganoderma lucidum relacionados aos níveis de CO2

A umidade é controlada de algumas maneiras, normalmente com uso de microaspersores ou
umidificadores de ar. É talvez o fator mais crítico no cultivo de cogumelos. Como precisamos
trocar o ar da sala de frutificação muitas vezes, a umidade acaba sendo perdida, por isso precisa
ser reposta constantemente, caso contrário os cogumelos não vão se desenvolver corretamente.
Se a umidade está muito elevada, por outro lado, ocorrem contaminações com bactérias e
fungos. Apesar no nível de umidade variar de espécie pra espécie, a faixa ideal de umidade
relativa para a maioria dos cogumelos é de 80 a 95%. 

O nível de limpeza de uma sala de frutificação precisa ser elevado, mas nem se compara com o
nível de limpeza do laboratório. Geralmente uma sala de frutificação precisa ter chão e paredes
facilmente laváveis com detergente e soluções com cloro. É importante mencionar novamente
que é muito mais fácil evitar contaminações do que lutar contra elas depois que se instauram. Se
qualquer contaminação for vista em algum bloco de substrato dentro da sala de frutificação, o
mesmo deve ser descartado imediatamente para que não se espalhe. Essa dica é preciosa, porém
muitos cultivadores tem medo de descartar um bloco e perder dinheiro descartando alguns
blocos. O acúmulo de esporos de micro­organismos competidores no ambiente devido a falta de
atenção na limpeza ou manejo dos blocos torna cada vez mais difícil o cultivo livre de
contaminações. Isso torna as limpezas cada vez mais pesadas e com produtos químicos mais
agressivos a saúde do trabalhador. 
Independente de ser uma caixa organizadora, geladeira velha, banheiro desativado, sala feita de
lona, quarto no apartamento adaptado para cultivo, estufa rústica "outdoor" ou galpão
climatizado, todos os tipos de câmaras de frutificação devem ter esses parâmetros controlados
para que os cogumelos nasçam saudáveis e livres de contaminação. 
Além desses parâmetros deve­se prestar muita atenção com a proliferação de insetos, pois esses
botam ovos no substrato e suas larvas causam prejuízo na colheita. Além disso algumas espécies
de insetos comuns em cultivos de cogumelos trazem consigo esporos de fungos competidores,
que podem se espalhar pelos blocos de composto e infestar a sala de cultivo. Existem armadilhas
disponíveis no mercado e algumas podem até ser feitas de forma caseira. Mais detalhes sobre
problemas no cultivo, pragas e insetos em outro tópico. 

4) Área de pós colheita

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A área pós colheita, ou área de processamento, é o local onde os cogumelos são limpos, pesados
e embalados. Os cogumelos podem ser vendidos frescos, desidratados, em conserva, defumados,
etc. A maioria dos vendedores comercializam seus cogumelos frescos, e normalmente são
embalados em bandejas de isopor revestidas com filme de PVC. Cogumelos frescos tem prazo de
validade curto, variando de 3 a 15 dias em média, dependendo da espécie, do teor de umidade do
cogumelo, da temperatura de armazenamento e transporte, dentre outros fatores. Assim como
frutas e vegetais, os cogumelos, mesmo após a colheita, continuam com seu metabolismo ativo.
Isso se deve ao fato de suas células permanecerem vivas mesmo após a colheita, o que resulta em
mudanças na qualidade do produto e reduzem o valor nutricional e comercial com o passar do
tempo. 
O resfriamento dos cogumelos colhidos resulta na diminuição dos processos metabólicos das
células, o que torna a degradação mais demorada pois atrasa o rompimento das células,
reduzem a oxidação, dentre outros fatores químicos. Além disso temperaturas mais baixas
reduzem o crescimento de micro­organismos que deterioram os cogumelos. A temperatura ideal
para estocar os cogumelos é de 2 a 4'C, com umidade variando entre 80 e 95%. 
Já a desidratação consiste em remover a umidade presente nos cogumelos, o que permite sua
estocagem por períodos mais longos (1 ano) sem perder as suas propriedades medicinais e
nutricionais. É possível secar os cogumelos com um desidratador solar, ou usando ar quente
forçado ou ainda por liofilização. Quando são desidratados ao sol, os cogumelos são dispostos
em uma tela e a secagem ocorre em aproximadamente 2 a 4 dias, dependendo das condições
climáticas. Durante a desidratação o cogumelo reduz seu tamanho consideravelmente. Uma
vantagem do uso da luz solar para desidratar os cogumelos é que o teor de vitamina D aumenta
bastante, pois a incidência de luz ultravioleta no cogumelo converte o ergosterol em vitamina D.
Uma desvantagem da desidratação ao sol é que a aparência, cor e sabor são mais alterados que
os cogumelos desidratados com ar quente forçado. Alguns países, como a Austrália, proíbem a
importação de cogumelos secos ao sol. Além de proporcionar um produto melhor acabado, a
desidratação por ar quente forçado resulta num produto de melhor qualidade sanitária, visual e
nutricional. Para aumentar a produção de vitamina D durante a secagem industrial por ar
forçado é possível introduzir luz UV artificial. 
Outro processo de conservação dos cogumelos é a liofilização, que consiste em um congelamento
a temperaturas de ­20'C em um recipiente hermético. A desidratação é realizada por sublimação,
onde a água congelada do cogumelo passa para o estado gasoso sem transitar pelo estado
líquido. Esse processo consiste num aumento lento e gradual da temperatura sob condições de
vácuo por 10 a 20 horas, sendo a perda de umidade próxima aos 95%. A aparência dos
cogumelos é muito parecida ao cogumelo fresco, e para reidratar o cogumelo basta mergulhá­lo
em água morna por alguns minutos. O sabor do cogumelo fica muito próximo ao sabor original
do cogumelo fresco, porém esse processo é caro devido ao valor dos equipamentos e energia
usada. 

PRÓXIMO TÓPICO

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Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: CICLO DE VIDA

Para aprender a cultivar cogumelos precisamos ter um conhecimento prévio sobre o seu ciclo de
vida na natureza, algo que considero fundamental para cultivadores iniciantes. Digo isso pois
durante o cultivo de cogumelos o cultivador precisa "enganar" o fungo, simulando todas as
condições que ele encontraria na natureza. Ao invés de um tronco morto de árvore como
comida, daremos ao fungo serragem ou palha, que tem uma composição semelhante ao seu
substrato natural (lignina, celulose, etc). Ao invés de sombra e ar fresco debaixo de uma árvore,
daremos uma estufa climatizada simulando as condições de um bosque úmido e ventilado. Não
existe melhor estudo para um cultivador iniciante do que ler bastante e tentar cultivar. É
colocando a mão na massa que o cultivador aprende os segredos do cultivo e desenvolve a
própria técnica adaptada para a sua realidade, equipamentos e estrutura. Aqui no nosso site
você encontra culturas de diversas espécies de fungos para você iniciar seus estudos sobre
cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais.
Cogumelo é o nome dado à estrutura reprodutiva de
alguns fungos dos filos Basidiomycota e Ascomycota,
e é responsável pela produção dos esporos, que são as
unidades dispersoras dos fungos. Os esporos são
carregados pelo vento até locais mais distantes, onde
vão cair, germinar e gerar outra colônia do fungo.
Quando o fungo coloniza uma quantidade suficiente
de substrato e é exposto às condições ideais de
luminosidade, temperatura e umidade, cogumelos
começam a se formar.

Conforme o cogumelo vai crescendo e abrindo, o véu que protege a parte de baixo do chapéu se
rompe, expondo as lamelas. É na lamela que os esporos são produzidos e liberados,
completando o ciclo de vida do fungo. Um pequeno cogumelo pode produzir mais de um milhão
de esporos, que podem ser carregados pelo vento por muitos quilômetros. Quando um esporo
cai em um local com as condições apropriadas, ele germina e dá origem ao micélio primário. 
Quando o micélio primário originado
de dois esporos diferentes se
encontram, eles se fundem e dão
origem ao micélio secundário. Esse
micélio continua a crescer e se
desenvolver até que se torne maduro

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o suficiente para produzir cogumelos,
desde que as condições climáticas
sejam favoráveis. A produção dos
cogumelos pelo fungo representa a
terceira e última etapa do ciclo de vida
desses fungos.
Cada espécie de cogumelo possui suas
peculiaridades no cultivo, e por mais
que o cultivador estude diversos
materiais a respeito da espécie em
questão, apenas com a "mão na
massa" é que o cultivador aprenderá
de fato. 

Então o cultivo de cogumelos começa com a germinação dos esporos? 

Não necessariamente. Conforme explicado acima, quando dois esporos compatíveis se
fundem, formam um micélio com dois núcleos, capaz de produzir os cogumelos. Cada
cruzamento entre dois esporos formam indivíduos geneticamente distintos, e cada um deles
exibirá características únicas. Apesar da espécie ser a mesma, cada indivíduo possui uma carga
genética diferente, resultando em algumas características diferentes. Por exemplo, todos os cães
pertencem a mesma espécie, Canis lupus familiaris, porém existem diferentes raças de
cachorros e podemos notar claramente a diferença entre elas. Com os cogumelos acontecem a
mesma coisa, e apesar dos esporos de um cogumelo vierem de uma mesma espécie, os
indivíduos que eles gerarão serão geneticamente distintos uns dos outros, gerando diferenças no
cultivo e na aparência. Chamamos cada indivíduo isolado de cepa. Algumas cepas vão gerar
cogumelos com tonalidades mais claras, outras mais escuros. Uns nascerão maiores, outros
menores. Alguns gostam mais do frio, outros do calor. 
Por isso utilizar esporos para o cultivo de cogumelos em escala comercial não é uma boa ideia,
pois a variabilidade genética é muito grande e jamais saberemos se a produção será um sucesso
ou não. O uso de esporos se limita a busca de novas cepas pelo cultivador e jamais deverá ser
usado em uma produção em escala comercial. O mais indicado, nesse caso, é utilizar micélio
isolado, ou seja, indivíduos geneticamente únicos, culturas puras, cepas com parâmetros de
desenvolvimento e produtividade conhecidos, podendo ser via "semente" (spawn), cultura
líquida, bloco colonizado, etc.
Para isso devemos adquirir a cultura com algum laboratório especializado, como na nossa loja,
por exemplo, ou clonar um cogumelo de supermercado, extraindo um pedaço do interior do
cogumelo e cultivando­o em meio de cultivo (ensinaremos nos próximos tópicos).

PRÓXIMO TÓPICO

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Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: NOÇÕES DE ESTERILIZAÇÃO

A partir de agora entraremos numa parte que é considerada por muitos a parte mais complicada
dos processos que envolvem o cultivo de cogumelos. Qualquer falta de atenção durante essa
etapa pode acarretar em contaminações, então preste muita atenção.
A primeira etapa no cultivo de cogumelos, levando em consideração que você deseja passar por
todas as fases de produção, é aprender a trabalhar com o meio de cultura, com os métodos de
esterilização e boas práticas laboratoriais para que não haja contaminação em nenhuma parte do
processo. O meio de cultura é uma espécie de gelatina que possui na sua fórmula nutrientes e
outras substâncias que fornecem as condições necessárias para que os fungos cresçam. Essa
gelatina é composta de nutrientes, necessários para o crescimento de diversos micro­
organismos, e de ágar, que é o pó extraído de algas marinhas responsável pela consistência
gelatinosa do meio de cultura. Diferentes micro­organismos possuem diferentes necessidades
nutricionais, por isso o meio de cultura é formulado de acordo com as necessidades do micro­
organismo a ser cultivado. Existem diversos tipos e aplicações dos meios de cultura na
microbiologia, porém no cultivo dos cogumelos nos interessa apenas aqueles que são
formulados para otimizar o crescimento do micélio dos fungos que produzem cogumelos.
Ao mesmo tempo que o meio de cultivo é apropriado para o crescimento do micélio do fungo
que você está cultivando, ele também permite que outros micro­organismos se desenvolvam,
como outros fungos e bactérias (contaminações, ou "organismos competidores"). Tudo ao nosso
redor está cheio de micro­organismos. O ar possui uma infinidade de esporos, bactérias e fungos
flutuando, voando com a menor movimentação de ar. Nosso cabelo, barba, pele, boca, mãos são
habitados por uma infinidade de micro­organismos de todo tipo. Nossa casa, mesa, geladeira,
roupas, praticamente tudo que nos rodeia está cheio de fungos, bactérias e esporos, o que torna
o trabalho estéril uma tarefa nada fácil. Por isso, para trabalhar com meio de cultivo (e com
praticamente todos os processos envolvidos no cultivo de cogumelos) é necessário ter
conhecimento sobre técnicas de esterilização e trabalho em laboratório. Mas calma,
conhecer as técnicas não necessariamente significa precisar de um laboratório para conseguir
trabalhar com meio de cultivo ou cultivar cogumelos. Existem diversas maneiras alternativas
que permitem que esse trabalho seja feito até mesmo em casa, em pequena e média escala. 

ESTERILIZAÇÃO
Esterilização é a total eliminação da vida microbiológica do material. É diferente da limpeza e da
assepsia. Uma bisturi pode ser lavado, ficando limpo, porém para ser esterilizado é necessário
que ele seja submetido a uma determinada temperatura e pressão durante um certo tempo,
destruindo todas as bactérias, fungos, esporos e vírus presentes nele. A autoclavagem é a técnica
de esterilização mais usada no cultivo de cogumelos, e é feita utilizando uma autoclave. 

A autoclave é como uma panela de pressão
gigante, que ferve a água e cria vapor sob
pressão. Foi inventada pelo inventor Charles
Chamberland, auxiliar de Louis Pasteur,
em 1880. No cultivo dos cogumelos a
autoclave é utilizada para esterilizar meio de
cultura, "semente" (spawn) em grãos,
"semente" (spawn) em serragem, blocos de
substrato e qualquer outro material que
precisa ser estéril para não contaminar com
outros micro­organismos.
 
Para eliminar completamente os micro­
organismos de um material, o mesmo deve
ser exposto a uma temperatura de 121'C sob
uma pressão de 15 PSI por pelo menos 15
minutos. Esse tempo varia muito conforme
o volume e a densidade do material a ser
esterilizado. Explicaremos mais sobre isso
um pouco adiante. 
Tradicionalmente utilizamos a autoclave para esterilizar os materiais necessários para o cultivo
do cogumelo, porém é possível também usar uma panela de pressão. 
Ambas servem para eliminar os esporos, fungos e bactérias que existem naturalmente nos
substratos usados em todas as partes do cultivo, desde o meio de cultivo usado no laboratório
até os grãos, palhas e os blocos de serragem. 
Como a autoclave e a panela de pressão funcionam na
esterilização? 
 
Sabemos que ao nível do mar a pressão atmosférica é de 1 atm,
e nessa pressão a água ferve a exatos 100'C. Infelizmente não é
quente o suficiente para eliminar muitos dos micro­
organismos presentes nos materiais. No entanto, quando
aplicamos pressão no recipiente, a água nele contida ferve
numa temperatura mais alta. Uma panela de pressão funciona
impedindo que o vapor escape totalmente dela através de uma
válvula contendo um peso. Esse peso tapa o buraco por onde
sai o vapor, e somente quando a pressão interna é superior ao
peso da válvula ele é liberado, mantendo assim uma pressão
constante dentro da panela. Isso significa que dentro de uma
panela de pressão, por exemplo, onde a pressão interna é
superior a pressão atmosférica, a água consegue atingir
temperaturas mais altas antes de entrar em ebulição, fazendo
com que o vapor produzido seja mais quente que 100'C.
Existe uma relação entre volume, pressão e temperatura. Sob um volume constante, pressão e
temperatura correspondem diretamente, uma relação conhecida como Lei de Boyle. A seguir
mostrarei uma tabela com uma relação de pressão e temperatura sob volume constante:
É importante salientar que existe uma relação entre
a altitude e o ponto de ebulição da água, então
PRESSÃO (psi) /GRAUS CELSIUS a altitude e o ponto de ebulição da água, então
alguns ajustes devem ser feitos. Por exemplo, no
Nível do mar (1)                  100                nível do mar a água ferve a 100'C, porém numa
3                                        104 altitude de 5 mil metros a água ferve a 94'C. 
5                                        108 A maioria das panelas brasileiras não atingem os 15
10                                       115 PSI que as autoclaves atingem, mesmo asim é
15                                       121 possível esterilizar materiais aumentando o tempo
20                                      126 de exposição ao calor. Para esterilizar líquidos
25                                      130 limpos na autoclave, como meios de cultivo, por
exemplo, os parâmetros utilizados são 15 minutos a
121'C sob pressão de 15 PSI, tempo suficiente para 
eliminar qualquer esporo, bactéria ou fungo presente no material (claro que esses parâmetros
mudam de acordo com o volume do material a ser esterilizados). Em uma panela de pressão eu
aconselho esterilizar frascos com  meios de cultivo, água e líquidos em geral por um tempo entre
30 e 45 minutos. Apesar de não atingir os 15 PSI necessários para que o vapor atinja 121'C,
aumentando o tempo de exposição do material na panela é possível atingir a esterilização.  
Sendo assim aconselho você a realizar alguns testes a fim e descobrir quanto tempo sua panela
necessita para atingir a esterilização do material desejado. Existem no mercado indicadores de
esterilização biológicos e químicos. Eu recomendo uma fita indicadora de esterilização. Ela
muda de cor quando o material atinge os parâmetros de esterilização. Através de vários testes é
possível saber quanto tempo é necessário para que sua panela de pressão esterilize o material
que você necessita para cultivar seus cogumelos. 

USANDO UMA PANELA DE PRESSÃO NO CULTIVO DE COGUMELOS
 
É muito comum as pessoas estragarem uma panela de
pressão por não saberem direito como usá­la. Trabalhar
com materiais sob pressão oferece certos riscos. A foto ao
lado mostra uma panela que explodiu. Vejam a tampa
espetada no teto e o fogão destruído. Nem preciso
comentar o que aconteceria com uma pessoa se estivesse
perto da explosão, né? Vapores a 121'C escapariam
numa velocidade muito maior que as pernas humanas, e
certamente um acidente como esse envolvendo pessoas
resultaria em queimaduras muito graves. Para usar a
panela de pressão temos que ter em  mente que em
nenhum momento ela pode secar durante o processo. Você
precisará colocar água suficiente para o tempo desejado de
esterilização COM SOBRA para que não estrague sua
panela ou aconteça algum acidente. Caso a água evapore
completamente o material dentro dela pode derreter ou ela pode explodir. Também não é
adequado colocar água além do necessário pois ela pode entrar dentro do seu material. Eu
costumo colocar uma forma de bolo ou pizza toda furada no fundo da minha panela com uma
altura de uns 4 dedos, e depois completo até o nível da forma. Por cima dela coloco o material a
ser esterilizado. Outra coisa a ser evitada é o bloqueio da saída do vapor. Panelas de pressão são
projetadas para que saia vapor suficiente para que se mantenha uma pressão de funcionamento
adequada. Caso a saída do vapor seja obstruída por algum motivo, como sujeira ou o próprio
material a ser esterilizado, como sacos plásticos de cultivo ou potes, a pressão continuará
subindo. As panelas mais modernas possuem alguns dispositivos de segurança, e caso a pressão
subindo. As panelas mais modernas possuem alguns dispositivos de segurança, e caso a pressão
se eleve além do adequado esses dispositivos liberam o excesso do vapor e impedem um
acidente. Se esses dispositivos também ficarem obstruídos a panela pode explodir, por isso caso
esteja esterilizando sacos plásticos coloque por cima deles um espaçador (forma de pizza
perfurada, prato, etc) para que a válvula jamais seja obstruída. 

Algumas dicas para usar a panela de pressão da forma correta:

1) Verifique se a panela está em boas condições, sem amassados ou danos na tampa. A borracha
que sela a panela resseca com o tempo e deve ser substituída sempre que necessário. Algumas
panelas não possuem borracha, a tampa lacra direto metal com metal.  
2) Certifique­se de que o fogão ou fogareiro utilizado para aquecer a panela aguente o peso.
Alguns fogareiros e fogões de vidro não suportam o peso de uma panela grande cheia de
substrato e água, então tome cuidado.  
3) Use a quantidade correta de água para o tempo desejado de esterilização. Você pode fazer
testes, caso a panela é nova e você não está acostumado. Basta encher a panela até a metade com
água (meça a quantidade de água antes de por), ligar o fogo e quando atingir a pressão
cronometrar 1 hora. Ao final do tempo desligue a panela, espere a pressão sair e meça a
quantidade de água que sobrou, assim você descobre quantos mls de água a panela evapora por
hora. Depois disso é só utilizar uma regra de 3 para descobrir a quantidade correta no seu caso.  
4) Antes de por a panela no fogo, abra a válvula de segurança. Algumas panelas possuem um
dispositivo que levanta o peso da válvula para liberar a pressão, se a sua possui, levante­o. Após
abrir o pino de segurança ou levantar o peso da válvula, ligue o fogão ou fogareiro com a chama
no máximo. Quando começar a sair vapor com força pelo pino ou pela válvula, conte 5 minutos
no relógio para que todo o ar da panela saia e seja substituido pelo vapor, e só então abaixe o
pino ou a válvula, para que a panela comece a pegar pressão.  
5) Quando a panela atingir a pressão, empurrando o peso da válvula para cima e fazendo
barulho forte de vapor, você pode diminuir um pouco a chama, mas sempre mantendo o fogo de
uma forma que o peso da válvula se mova constantemente, saindo sempre vapor constante. É
importante saber que quanto maior a chama, mais água vai evaporar da panela, atente­se ao
nível de água e regule bem a intensidade da chama.  
6) Após terminado o processo de esterilização, o fogo é desligado. O material dentro da panela
estará muito quente para ser manipulado, e por isso a panela deve ser colocada em um local
limpo para que esfrie da noite pro dia. Caso você esteja esterilizando meio de cultivo, o material
deve ser retirado ainda morno, caso contrário o ideal é aguardar até que o material atinja a
temperatura ambiente. Durante o resfriamento do material o ar de fora da panela (sujo) pode
ser sugado para dentro dela, contaminando o material. Por isso quanto mais limpo o local de
resfriamento, melhor.  
7) Após fria, a panela pode ser aberta e o material pode ser retirado. Para trabalhar com
material estéril precisamos de um local limpo, de preferência uma glovebox ou câmara de fluxo
laminar, mas também pode ser um local limpo, sem correntes de ar, próximo a uma chama de
fogão ou bico de bunsen. Detalhes para inoculação de meio de cultivo, grãos e outros materiais
serão encontrados nos respectivos tópicos do site. 

O que eu precisarei esterilizar na panela de pressão para cultivar cogumelos?

Para cultivar cogumelos, como eu já disse, não necessariamente você precisará cumprir com
todas as etapas do cultivo. Você pode iniciar o cultivo "da metade pra frente", ou seja,
adquirindo culturas líquidas ou "sementes" em grãos já prontas para o uso, bastando apenas
"semear" o seu substrato final, que pode ser composto por palhas (pasteurizada ou esterilizada)
ou serragem (esterilizada).
ou serragem (esterilizada).
No entanto, o intuito desse site é ensiná­los a cultivar desde o começo, abordando todas as
etapas do cultivo do cogumelo. Sendo assim, você irá precisar esterilizar meio de cultura, grãos
para a confecção da "semente" (spawn) e substrato final contendo serragem suplementada com
farelos de cereais. Há uma outra opção utilizando a pasteurização, no caso de um substrato final
a base de palhas, porém é assunto para mais tarde. Todos esses assuntos serão explicados com
mais detalhes nos próximos tópicos

Por quanto tempo esterilizar?

O tempo de esterilização está ligado ao volume do objeto a ser esterilizado, sua densidade, etc.
Em uma autoclave, por exemplo, um pote de 500 mls com grãos será esterilizado quando
exposto a 121'C por 60 a 90 minutos, porém um pacote com 2 kg de grãos só atingirá a
esterilização quando exposto a 121'C por no mínimo 120 a 240 minutos. Isso se deve ao fato de
que o calor demora para penetrar totalmente o material, fazendo com que o centro do objeto
demore mais tempo para atingir os 121'C, principalmente se o material tiver muito compactado.

Minha sugestão para esterilizar materiais na panela de pressão:

Meios de cultivo, água, líquidos em geral: 30 a 45 minutos 
Potes com até 1 litro em volume contendo grãos: 90 a 120 minutos 
Pacotes com até 2kg de grãos ou serragem suplementada: 120 a 240 minutos

Um fator importante a ser considerado é a compactação dos objetos na panela. Panelas de
pressão grandes (como as acima de 20 litros) cabem bastante material dentro, porém quanto
mais amontoado eles estão mais difícil é para que o centro atinja a temperatura desejada, então
o ideal é ir fazendo ajustes até encontrar os parâmetros ideais no seu caso, incluindo a
distribuição do conteúdo dentro da panela. O tempo de esterilização só deve ser iniciado a partir
do momento que a panela pega pressão, descontando o tempo que leva até o
aquecimento. Apenas cronometre quando a panela começar a sair pressão pela válvula!
 
Qual panela devo comprar para iniciar meu cultivo de cogumelos?
 
Tudo vai depender do quanto você quer investir e de quanto cogumelo você quer produzir.
Uma panela de pressão de 12 litros tem uma capacidade pequena de produção, mas caso a sua
demanda por meio de cultivo, "semente" e substrato seja pequena, para consumo próprio, é
suficiente. Para produções maiores sugiro panelas de pressão entre 20 e 35 litros. Uma panela
de pressão de 35 litros consegue esterilizar 12 kg de grãos de trigo para fabricação da "semente"
em duas horas e meia de funcionamento. 12 kg de grãos de trigo, depois de colonizados com
micélio de Pleurotus ostreatus, por exemplo, conseguem inocular aproximadamente 600 kg de
substrato final. 
Escolher a panela de pressão correta é fundamental para evitar horas e mais horas na cozinha
repetidas vezes até obter a quantidade desejada de "semente" (spawn). 

PRÓXIMO TÓPICO
Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: COLETA DE ESPOROS

Como vimos anteriormente, esporos são os propágulos do fungo. São eles que saem dos
cogumelos e viajam longas distâncias com o vento até cair em um substrato adequado, dando
origem a outra colônia do fungo. Ao coletar esses esporos, podemos introduzi­los dentro de um
recipiente contendo substrato e iniciar um cultivo. Normalmente os cultivadores não usam
esporos para cultivar cogumelos devido a alta variabilidade genética. Cada par de esporos irá
gerar um indivíduo diferente. Isso significa que dentro de um mesmo bloco colonizado por
esporos de um determinado fungo existem centenas de indivíduos geneticamente distintos
(cepas) disputando por espaço. Alguns deles vão produzir cogumelos mais cedo, outros depois,
uns serão de cor clara, outros mais escuros, dentre outras diferenças fenotípicas. Essa
variabilidade é ruim para o produtor devido a  inconstância da produção, e é por isso que
normalmente os laboratórios que produzem a semente optam por utilizar matrizes
geneticamente isoladas, ou seja, clones genéticos de indivíduos com as características
desejadas. 

Para coletar esporos de um cogumelo, basta separar o chapéu da haste e colocá­lo em uma
superfície limpa com álcool 70, como um quadrado de papel alumínio ou placa de petri estéril,
com as lamelas viradas para baixo. Caso o chapéu esteja muito seco, adicione duas gotas de água
na parte de cima do chapéu para ajudar na liberação dos esporos. Para evitar correntes de ar,
que trazem consigo esporos de outros micro­organismos, um copo é colocado em cima do
chapéu, protegendo a coleta de esporos. Após algumas horas ocorrerá um depósito dos esporos
na superfície do papel alumínio, que acompanha a simetria radial das lamelas. Essa deposição
de esporos em uma superfície é chamada de carimbo de esporos. O processo de coleta de
esporos deve ser feito com atenção pois qualquer objeto sujo que toque as lamelas ou o local de
deposição dos esporos, bem como correntes de ar podem acarretar em contaminações futuras. O
ideal é utilizar luvas para evitar contaminação vinda das mãos e pinças limpas para manipular o
ideal é utilizar luvas para evitar contaminação vinda das mãos e pinças limpas para manipular o
chapéu. Após a conclusão, o papel alumínio é dobrado, nomeado, datado e armazenado em um
recipiente hermético. Esporos de cogumelos podem ser armazenados por anos com pouca perda
de viabilidade.
Muitos cogumelos possuem uma estrutura chamada de
véu, que consiste em uma fina película que vai da haste
do cogumelo até as bordas do chapéu, protegendo as
lamelas. O véu sela as lamelas de forma que a parte
interna se torna livre de contaminações esternas até sua
abertura, que ocorre na maturação do cogumelo a
medida que ele cresce. Ao escolher um cogumelo
saudável e jovem, com o véu intacto, removendo­o com
cuidado do local de crescimento e colocando­o em um
local limpo, é possível obter esporos livres de
contaminações. 

GERMINAÇÃO DE ESPOROS
Uma vez que o carimbo de esporos é coletado, é possível obter uma cultura de cogumelos.
Lembrando que a utilização de esporos para o cultivo de cogumelos é limitada, dada a
inconstância da produtividade e variações nas características do cogumelo, fatores indesejados
para produções comerciais. Para produzir de forma constante e homogênea é necessário utilizar
uma cultura isolada com características conhecidas (ver tópico "clonagem de um cogumelo").
Existem algumas formas para se obter uma cultura feita com esporos, todas elas consistem em
transferir os esporos de maneira asséptica para um substrato e fornecer condições para que os
mesmos germinem e cresçam. Esse substrato pode ser, por exemplo, meio de cultura
laboratorial (no caso de germinação em placas de petri) ou até mesmo o substrato final de
frutificação, como mostrado na figura abaixo: 

Quando os esporos são produzidos pelos cogumelos, eles são úmidos e possuem alta taxa de
germinação. Conforme o tempo passa eles desidratam, o que torna a germinação mais difícil.
Uma das maneiras de facilitar a germinação dos esporos é mergulha­los na água estéril para que
eles absorvam umidade. Depois de algumas horas eles estarão prontos para serem transferidos
para o substrato. Uma das maneiras de fazer essa transferência é através da confecção de uma
seringa de esporos.
A seringa de esporos é uma seringa contendo água estéril e esporos do cogumelo desejado.
Para se fazer uma seringa de esporos basta raspar um carimbo de esporos usando um bisturi
previamente flambado numa chama de uma lamparina a álcool ou bico de bunsen. Os esporos
devem ser depositados em um frasco estéril, como por exemplo um pote de coleta para exames
(vendido em farmácias), ou um frasco de conserva de vidro aquecido no forno a 200 graus por
20 minutos. A água utilizada também deve ser estéril, a mesma pode ser comprada ou
esterilizada em panela de pressão ou autoclave. Após a mistura, o líquido é sugado para dentro
de uma seringa nova e estéril, armazenado por 24 horas e então, após a hidratação dos esporos,
já pode ser usado.
 
A seringa de esporos ideal não é aquela com cor escura, resultado de uma concentração muito
grande de esporos. Isso é um erro muito comum difundido entre os vendedores de carimbos e
seringas de esporos, que acreditam que quanto mais "forte" e concentrado o carimbo ou a
seringa, melhor será o cultivo. Pelo contrário, quando existe uma concentração muito grande de
esporos no carimbo as chances de se formar uma colônia de bactérias e fungos é muito maior.
Um carimbo de esporos não pode ser muito forte nem demorar muito para ser feito. Bactérias
possuem capacidade de replicação muito superior a dos fungos, por isso manter um chapéu
muito tempo "carimbando" cria um ambiente úmido e cheio de matéria orgânica, um prato
cheio para proliferação de bactérias. Além disso quanto maior a área do carimbo raspada, maior
a chance de se arratar uma contaminação para a etapa seguinte. Algumas delas não se
manifestam no início do cultivo, porém mais tarde o cultivador terá problemas. Uma vez feita,
pode ser armazenada por alguns meses na geladeira sem grandes problemas, sendo que em
alguns casos os esporos podem germinar no líquido (isso não causa problemas e pode ser usada
mesmo assim). A seringa de esporos pode ser usada para inocular o substrato final, em algumas
espécies de cogumelos, dando origem a cogumelos (pequena escala de produção, hobby, etc) ou
pode ser usada para inocular placas de petri contendo meio de cultura.
 
O processo adequado para iniciar um cultivo de cogumelos é através da germinação de esporos
em meio de cultura ou clonagem de um cogumelo em meio de cultura. De toda forma é
necessário passar pelos processos envolvendo a fabricação e manipulação do meio de cultura, e
para isso dedicaremos o próximo tópico do nosso tutorial. 

PRÓXIMO TÓPICO
Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: CLONAGEM DE UM COGUMELO

Qual a diferença entre um cultivo de cogumelos feito com esporos e um cultivo feito com um
micélio isolado? Por que cultivadores comerciais utilizam cepas isoladas em laboratório?
Antes de responder essas questões faremos uma revisão de alguns termos:

­ Cepa, ou "strain": Um indivíduo geneticamente distinto, que pode ser monocariótico ou dicariótico. Cada esporo
 origina um indivíduo monocariótico geneticamente distinto (cepa, ou "strain"). 
­ Núcleo: A parte da célula que contem o DNA (informação genética). 
­ Plasmogamia: Estágio da reprodução sexual dos fungos onde ocorre a combinação do material genético de duas
células. 
­ Anastomose: Fusão de 2 hifas, que ocorre antes da plasmogamia. 
­ Colônia: Micélio de um único indivíuo geneticamente distinto. 
­ Esporo: O propágulo usado pelos fungos para dispersão. É haplóide e contém apenas um conjunto de cromossomos, que
ao germinar dá origem a uma colônia monocariótica. 
­ Monocarion: Colônia de fungo que contem um único conjunto de cromossomos em cada célula (haploide).
­ Dicarion: Colônia de fungo que contem dois conjuntos de cromossomos em cada célula (diploide), originada a partir da
fusão de duas células monocarióticas.

1­ O cogumelo libera milhares de esporos, cada um
contendo cargas genéticas diferentes. Cada esporo é
representado por uma cor diferente: Verde, rosa, azul
e amarelo. Cada esporo é haploide, carregando apenas
um conjunto completo de cromossomos. 

2­ Os esporos, ao caírem no substrato, germinam e
formam diversas colônias que também possuem cada
uma um único conjunto de cromossomos. São os
monocárions, representados em colorido. 

3­ Quando compatíveis, as hifas de dois monocárions
se unem e seus núcleos se fundem, gerando uma nova
colônia. Essa colônia agora é dicariótica, e é chamada
de dicrion (representada em roxo).

3a­ Cada célula da colônia monocariótica possui um
único núcleo, cujo material genético é idêntico em
toda a colônia. Depois que as células de duas colônias
monocarióticas se fundem (anastomose), uma das
células doa o núcleo através de uma passagem
formada pela fusão das células (plasmogamia). As
novas células formadas a partir dessa fusão são

dicarióticas e contem os núcleos das duas células "parentais". Essa colônia dicariótica se comporta
dicarióticas e contem os núcleos das duas células "parentais". Essa colônia dicariótica se comporta
diferente das colônias monocarióticas. As células são maiores, crescem mais rápido e irão originar os
cogumelos. 

4­ Os dicárions estão representados em roxo e laranja como exemplo, e assim que são formados eles
colonizam rápido o substrato a procura de nutrientes e território, formando colônias maiores. Os
dicárions são incompatíveis e permanecem separados no substratos, não trocando material genético
e disputam entre si por espaço, tendo como objetivo final a frutificação, ou formação dos cogumelos.
Mesmo quando há sobreposição de colônias dicarióticas, não ocorre troca de material genético. 
 
5­ Cada colônia dicariótica irá crescer e conquistar território até que tenha absorvido nutriente
suficiente para começar a frutificação (não estou levando em consideração fatores ambientais apenas
para que a explicação não se torne complexa demais). O micélio de colônias dicarióticas sofre
diversas mudanças fisiológicas e inicia a formação dos primórdios ("pins"), que darão origem aos
cogumelos. 

5a­ Esse é um exemplo de uma situação que NÃO OCORRE. Duas colônias dicarióticas NÃO se
misturam e NÃO produzem um cogumelo hibrido, por mais que o micélio das duas colônias seja
misturado no substrato. 

Após analisar os processos exemplificados na figura anterior, vamos observar o que ocorre no cultivo
de cogumelos propriamente dito. 
1­ No cultivo de cogumelos os esporos podem
ser usados de dua formas. 

2­ Esporos podem ser germinados em placas de
Petri com meio de cultura. Esses esporos
germinam e dão origem a monocarions (colônias
monocarióticas), que são visíveis na placa,
crescendo ao redor da área onde aconteceu a
inoculação. 

3­ Eventualmente colônias monocarióticas
compatíveis irão começar a se fundir, formando
dicarions. Na placa de Petri com meio de cultura
essas colônias são distintas das monocarióticas
por serem mais grossas, fortes e crescerem mais
rápido. Normalmente esses dicárions se formam
simultaneamente, porém as colônias mais
agressivas irão crescer mais rápido e ganhar
mais espaço no substrato. Conforme crescem é
possível distinguir uma colônia da outra pois
formam diferentes setores nas placas. Como
cada dicárion disputa espaço com outro, eles
dificilmente se misturam. Por isso é fácil separá­
los em colônias distintas através das repicagens
das placas de Petri. 

4­ Usando métodos de isolamento, é possível separar as colônias dicarióticas, obtendo indivíduos
únicos. Isso faz com que a colônia tenha o mesmo material genético. 

5a­ Depois de obter um micélio dicariótico isolado, é possível fabricar "semente" (spawn), cultura
líquida, etc.
líquida, etc.

5b­ Essa etapa corresponde a famosa SERINGA DE ESPOROS, comercializada por muitos
vendedores como a forma inicial de cultivar cogumelos. Usando esse método, os esporos são
injetados no substrato, e as etapas 2 e 3 acontecem de forma não controlada no substrato. Isso
significa que o substrato irá ficar repleto de colônias dicarióticas, competindo por espaço e
nutrientes. 

6a­ Substratos inoculados com uma única colônia isolada irá crescer rápido e os cogumelos
apresentarão as mesmas características fenotípicas (tamanho, cor, velocidade, produtividade, etc.)
pois são clones genéticos. Devido ao fato do substrato ser colonizado por uma única colônia (um
unico indivíduo geneticamente distinto), todos os nutrientes serão utilizados para seu crescimento, e
a frutificação ocorre de forma homogenea e na superfície inteira. 

6b­ Substratos inoculados com múltiplos dicárions irão se comportar como um mosaico genético,
onde cada colônia disputa espaço entre si. Por não cooperarem, o substrato se divide em territórios, e
cada um ficará com uma porção de recursos (nutrientes e água). Além de uma frutificação não
consistente, o micélio não irá desempenhar tão bem e produzirá menos cogumelos. Cada colônia irá
produzir cogumelos ao seu tempo, e cada colônia irá produzir cogumelos com características
diferentes. Esses cogumelos podem ser clonados, gerando micélio isolado (como na etapa 4), que
pode ser usado para fabricar "semente" e dar origem a um cultivo como na etapa 6a. 
EM BREVE publicaremos aqui o passo a passo de como clonar um cogumelo e obter um
micélio isolado

PRÓXIMO TÓPICO
Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: FABRICAÇÃO DA "SEMENTE" (spawn)

Para aqueles que pretendem ou já adquiriram nossas culturas líquidas, esse tópico do nosso
tutorial é fundamental, e é a partir daqui que o cultivador irá iniciar seu cultivo de cogumelos. O
termo "semente", utilizado pelos cultivadores de cogumelos no Brasil, é empregado de forma
errada, tendo em vista que semente é uma estrutura pertencente ao reino vegetal e os cogumelos
estão agrupados no reino fungi. Apesar disso o termo "semente" é amplamente utilizado, e para
critério de aprendizagem irei me referir ao inóculo feito com grãos ora por "semente" ora por
"spawn" (termo em inglês) para que você se acostume com a terminologia correta. 
O "spawn", ou "semente" é utilizado para inocular
o substrato final, normalmente composto por
palhas ou serragem suplementada. O propósito do
"spawn" é aumentar a biomassa de fungo, antes
presente como um pequeno aglomerado de células
numa placa de petri ou cultura líquida, e expandir
essa massa para vários quilos de fungo.
Basicamente o "spawn" consiste em grãos de
gramíneas, como por exemplo cevada, trigo,
centeio, sorgo, aveia, arroz, milho, etc, mofados
com o fungo que produz os cogumelos. Aqui no
Brasil a maioria dos cultivadores utilizam o trigo,
pois é de fácil acesso e o preço é relativamente
baixo. Além disso o trigo é fácil de preparar, tem
um tamanho correto e oferece bastante pontos de
inoculação. Cada grão colonizado, quando
misturado no substrato final, se torna um ponto
pelo qual o fungo irá se desenvolver, colonizando
Micélio colonizando o trigo
por total o saco com composto em poucos dias. 

Tipos de grãos utilizados na fabricação da "semente"

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trigo        cevada      centeio          arroz              milho                  aveia              painço

Arroz: Utilizado por poucos cultivadores pois é muito comum
formar aglomerados difíceis de serem quebrados
posteriormente durante a inoculação do substrato final, o que
reduz os pontos de inoculação. Se optar pelo uso do arroz,
prefira o com casca. Possui em média 40 grãos por grama, com
uma média de 20% de umidade.

Painço: Apesar de ser um grão pequeno e formar muitos
pontos de inoculação, é relativamente difícil de trabalhar com o
painço, apesar de possível. Possui cerca de 166 grãos por
grama, umidade média de 13%.

Sorgo: Grãos esféricos e relativamente bons para serem
usados como "semente", porém não é tão fácil de encontrar no
mercado. Tem em média 33 grãos por grama, com uma
umidade média de 15%. 

Trigo, cevada, aveia e centeio: Funcionam perfeitamente
para fabricação da "semente". Quando preparados
corretamente não formam aglomerados, são fáceis de trabalhar
e oferecem um resultado excelente na hora de semear o
substrato final. Possuem de 34 a 50 grãos por grama, variando
de 10 a 15% de umidade. 

Em uma única grama de grãos de cevada existem aproximadamente 50 a 100 mil células de
bactérias, mais de 200 mil células de actinomicetos, 12 mil células de fungos e um grande
número de leveduras. Para esterilizar uma grama de grãos devemos, basicamente, eliminar mais
de 300 mil contaminações. Logo após a hidratação dos grãos, esses micro­organismos começam
a se proliferar em uma velocidade astronômica. De todos esses micro­organismos presentes nos
grãos, as bactérias são as mais velozes. Bactérias podem se dividir em média a cada 20 minutos
em temperatura ambiente. Nessa taxa, uma única bactéria pode se multiplicar em mais de um
milhão de células em menos de dez horas. Em mais dez horas, CADA UMA dessas um milhão de
bactérias se divide em outro milhão de células. Se apenas uma pequena fração desses micro­
organismos contaminantes sobreviver ao processo de esterilização, o resultado pode ser
devastador, inviabilizando a "semente". Diferentes lotes de grãos possuem diferentes cargas de
micro­organismos. Ao adquirir grãos para fabricação do "spawn" certifique­se de comprar um
grão bonito, sem sujeira ou manchas de bolor, de preferência colhido recentemente e estocado
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grão bonito, sem sujeira ou manchas de bolor, de preferência colhido recentemente e estocado
em condições corretas. 
 
Uma vez esterilizado, presume­se que o grão está completamente livre de micro­organismos.
Depois de esterilizar os grãos deve­se tomar cuidado com o ar. Nosso ar está cheio de micro­
organismos em suspensão e esporos, nesse exato momento estamos respirando essas partículas.
No ar de uma sala, por exemplo, encontramos cerca de 10 mil partículas por pé cúbico de ar,
enquanto que num laboratório com filtro HEPA normalmente não passa de 100 partículas por
pé cúbico de ar. Quando esterilizamos os grãos utilizamos vapor quente, e a medida que
retiramos os frascos, potes ou sacos contendo grãos da panela ou da autoclave o ar é sugado para
dentro dos recipientes enquanto a temperatura dos grãos cai. Por isso, após esterilizados, os
recipientes contendo grãos devem ser levados até um local limpo ou devem permanecer na
panela ou autoclave até que esfriem. 

A quantidade de água adicionada aos grãos é um fator
importante quando se trata de contaminações. Água em
excesso favorece o crescimento de bactérias, além de
diminuir a velocidade do micélio do cogumelo e diminuir
as trocas gasosas. Quando a hidratação dos grãos passa do
ponto normalmente eles estouram, expondo o núcleo do
grão e favorecendo o desenvolvimento de bactérias.
Determinar o ponto correto de hidratação do grão não é
uma tarefa difícil. Existe um teste muito simples de ser
feito, basicamente consiste em pesar 100 gramas do grão
desejado e aquecer em um forno a mais ou menos 120
Ponto ideal de cozimento do trigo graus Celsius por 3 horas.

Após esse tempo basta pesar novamente os grãos, o peso perdido é o teor de água que o grão
possui. Se ao final do processo o peso dos grãos caiu para 90 gramas, seu grão tem um teor de
10% de umidade. Tendo essa informação em mãos, basta ajustar a umidade adicionando água
até a porcentagem desejada de umidade.
A umidade correta para o "spawn" é de aproximadamente
50 a 55%, e basicamente existem dois métodos para
hidratar o grão:
Progressão do cozimento do milho

        ­ O primeiro consiste em mergulhar os grãos em água fervente em um caldeirão ou panela
por um certo tempo até que se atinja o ponto correto de hidratação, depois escorrer os grãos em
uma tela fina, peneira, escorredor de macarrão ou tecido. Os grãos, ao final do processo, devem
estar totalmente secos por fora e úmidos por dentro. Quando mais espalhados tiverem os grãos,
mais rápido eles irão esfriar e secar. Caso o volume de grãos seja muito grande, agite o recipiente
onde eles estão escorrendo a cada 15 minutos para que sequem por igual e para que os grãos não
cozinhem pelo calor. Após resfriarem e secarem por fora, os grãos são colocados dentro de potes
de vidro, frascos ou sacos de polipropileno, normalmente com filtros feitos de manta acrílica ou
algodão. 
        
       ­ No segundo método os grãos são colocados em um recipiente junto de uma certa

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       ­ No segundo método os grãos são colocados em um recipiente junto de uma certa
quantidade de água quente por entre 12 e 24 horas. A quantidade de água inserida, nesse caso, é
exatamente a necessária para que os grãos atinjam o teor de umidade correto depois de
absorvida. Ao deixar os grãos mergulhados em água por várias horas, esporos de bactérias
resistentes ao calor são germinados, o que torna a esterilização mais eficiente. No dia seguinte
basta agitar o frasco para homogeneizar os grãos e seguir para a esterilização. 
Existem vantagens e desvantagens de ambos os métodos, e o
cultivador deve testar ambos para definir qual é o melhor em cada
caso. Em ambos os casos o cultivador deve adicionar gesso em pó na
proporção de 2% do peso dos grãos, agitando bem para que espalhe
por todos os grãos. O gesso fornece cálcio e enxofre, fundamental para
vários processos metabólicos dos fungos, além de deixar os grãos mais
soltinhos depois da esterilização. A medida que o recipiente contendo
os grãos aumenta em volume, menos água é adicionada aos grãos.
Enquanto que a porcentagem de umidade de um frasco pequeno com grãos deverá ter
aproximadamente 55% de umidade, um recipiente contendo 2kg de grãos deverá ter
aproximadamente 40% de umidade. Condições anaeróbicas são mais comuns em recipientes
contendo grandes quantidades de grãos, fator esse responsável pela menor necessidade de
umidade nesses pacotes e também maiores tempos de esterilização. Os cultivadores devem
ajustar os teores de umidade e tempo de esterilização baseado em testes e observações. Um fator
muito importante na hora de fabricar o próprio "spawn" é o filtro de ar do recipiente. Durante a
colonização dos grãos o micélio precisa respirar, para isso é necessário que tenha um filtro de ar
que irá impedir a entrada de contaminações mas deixar o CO2 sair. Existem alguns materiais
que podem ser usados como filtro, como por exemplo manta acrílica (perlon) ou algodão
hidrofóbico (que não absorve água). Alguns cultivadores usam como filtro uma camada dupla de
fita micropore, vendida em farmácia. Ainda existe a possibilidade de se obter sacos plásticos
resistentes ao calor que são fabricados para o cultivo de cogumelos. Eles já vem de fábrica com
um filtro embutido no plástico e permite a troca de ar na proporção correta para o micélio em
desenvolvimento. Uma maneira fácil de fazer um recipiente adequado para a fabricação da
"semente" é usando potes de vidro de azeitona, palmito ou conservas em geral. Para colocar o
filtro basta fazer um furo na tampa com uma chave de fenda ou furadeira, usando uma broca
para metais.
Além de ser barata, usando a broca o
acabamento fica melhor e é mais fácil
de por o filtro. O filtro pode ser feito
com uma camada dupla de micropore
sobre um furo central, ou então basta
fazer uma bola com um pedaço de
manta acrílica e passar pelo furo, de
modo que fique bem apertada. Depois
disso é só cortar os excessos com uma
Como fazer um frasco com 몭ltro
tesoura em ambos os lados e seu pote
estará pronto para o próximo passo.
Veja ao lado uma sequência de fotos
mostrando como fazer esse frasco com
filtro de manta acrílica.

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Existe ainda a possibilidade de fazer uma entrada que irá receber a agulha da cultura líquida, de
forma a minimizar a chance de contaminação. Para isso basta fazer um furo com um prego na
tampa do pote, entre o filtro e a borda da tampa, e aplicar uma gota de silicone térmico. O
silicone térmico normalmente é vermelho, é vendido em loja de hidráulica e aguenta a
temperatura da esterilização. Essa porta de entrada para a agulha feita com silicone se fecha
automaticamente logo após a retirada da agulha, o que diminui a chance de contaminação. É
possível adaptar a rolha de borracha de frascos de penicilina em tampas de conserva usando
uma broca para metais de tamanho correspondente.  
Como vocês podem ver nas imagens existem muitas
formas de fazer potes adaptados para fabricar a
"semente". O importante é ser um frasco bem vedado,
com um filtro que não deixe passar contaminações. Os
filtros ideais possuem porosidade de 0,2µ (microns). Eu
utilizo atualmente potes importados da Itália que
possuem uma tampa interna e uma tampa rosqueável. O
filtro do pote é o mesmo filtro dos sacos de cultivo, basta
cortar na mesma circunferência do pote e encaixar. A
própria rosca da tampa veda o frasco.

Saco de cultivo com 몭ltro Adaptação com o 몭ltro do saco Filtro feito de micropore

Depois de preparar os grãos e os recipientes, basta
colocar os grãos nos potes, tomando cuidado para
não encher mais do que 2/3 do volume. Esse
espaço vazio é importante para que haja uma troca
de ar eficiente e para conseguir agitar o micélio
quando chegar na hora certa. Após colocar os grãos
devemos cobrir a tampa do pote com um pedaço
duplo de papel alumínio (retângulo dobrado ao
meio formando um quadrado), para que a água
que condensa dentro da panela não entre no seu
pote através do filtro de ar. Ao colocar o papel
alumínio por cima da tampa do pote é importante
apertar bem o papel contra a tampa para que ele se
ajuste e fique bem rente. Feito isso, a próxima
etapa é a esterilização. Os grãos podem ficar hidratados sem esterilizar por no máximo 24 horas
em temperatura ambiente. Caso o clima esteja muito quente, o ideal é usar o trigo o mais rápido
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em temperatura ambiente. Caso o clima esteja muito quente, o ideal é usar o trigo o mais rápido
possível.  Até essa parte do processo o material usado não requer nenhum tipo de limpeza ou
tratamento especial, penas preparamos o recipiente que irá receber os grãos, colocamos
filtro, hidratamos os grãos, colocamos nos potes e cobrimos a tampa com papel alumínio. Veja o
nosso passo­a­passo a seguir. Coloque o mouse sobre a imagem para ler a descrição:

A partir do momento que o material é esterilizado temos que ter consciência de que qualquer
erro pode contaminá­lo. Os podes podem ser esterilizados em panelas de pressão ou
autoclave. Sobre o tempo de esterilização, varia conforme a quantidade de material colocado e
também a disposição dele dentro da panela. Potes de azeitona, maionese, palmito, volumes
pequenos de grãos devem ser esterilizados na panela de pressão por um tempo que varia entre
60 e 90 minutos. Volumes maiores de grãos precisam de um tempo maior para atingir a
esterilização (até 4 horas). O tempo também pode variar de acordo com  a época da colheita,
uma vez que a população de micro­organismos presentes naturalmente nos grãos tendem a
aumentar com o passar do tempo.  Para mais detalhes a respeito da esterilização favor verificar o
tópico noções de esterilização.

Após a esterilização e o resfriamento os potes estarão prontos para receber os esporos, pedaços
de meio e cultivo colonizados ou  a cultura líquida, o jeito mais fácil e prático. Para inocular os
potes com a cultura líquida é necessário que a inoculação aconteça num lugar livre de
contaminações. Normalmente em um laboratório esse procedimento é realizado em uma capela
de fluxo laminar, onde o ar é filtrado com filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance).
O ar filtrado é livre de contaminações que podem estragar o cultivo. Em casa é possível criar um
local livre de contaminações usando uma "glovebox". A "glovebox" consiste em uma caixa
organizadora transparente que irá receber todo o material esterilizado. Nela existe 2 buracos
pelos quais você irá colocar suas mãos usando luvas, e a manipulação dos objetos estéreis se
torna mais limpa. Depois de colocar os objetos estéreis dentro da caixa, junto com a cultura
líquida e todo o material que será usado no processo, devemos borrifar álcool 70 usando um
spray (que ficará dentro da caixa) em toda a parte interna da caixa, bem como os potes e
materiais de dentro dela. Só depois disso será possível trabalhar com esse material. A seguir é
possível ver como construir uma "glovebox" utilizando materiais facilmente encontrados.

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possível ver como construir uma "glovebox" utilizando materiais facilmente encontrados.
Existem diversos modelos e maneiras e construir uma "glovebox",  pesquise no Google para
saber qual modelo é mais adequado às suas necessidades. 
Existe a possibilidade de inocular
frascos próximo a uma chama, como
a de uma vela, fogão ou de um bico de
Bunsen. A região próxima a chama é
livre de contaminações pois cria­se
uma corrente de ar ascendente,
impedindo que esporos caiam no
material. É um procedimento
Como construir uma "glovebox"
delicado e todo o cuidado é pouco. É
muito comum cultivadores de
cogumelos se cortarem ou se
queimarem durante algumas partes
dos processos envolvendo cogumelos.
Tome muito cuidado sempre.
A panela de pressão só pode ser aberta em um local limpo e sem correntes de ar. Caso você não
tenha uma sala própria para isso, sugiro fazer uma boa limpeza na cozinha, passando cloro no
chão e nos azulejos usando um pano limpo. Guarde tudo que não for necessário estar na
cozinha, quanto menos objetos desnecessários melhor. Cuidado com o cloro e com materiais de
limpeza em geral pois alguns liberam gases nocivos para a saúde. Após essa limpeza mais bruta
do chão e paredes com cloro, pegue outro pano e umedeça com álcool 70 e limpe todas as
superfícies que você irá utilizar. Feche as janelas e portas da cozinha, tome um banho, coloque
luva e máscara simples no rosto. Passe álcool 70 no papel toalha, limpe a superfície da panela e
retire a tampa. Com cuidado e com luva limpa com ácool 70, retire os potes de dentro da panela
e coloque dentro da "glovebox", em seguida feche a caixa. 
 
Para usar a "glovebox" é necessário prepará­la. Toda vez que ela for aberta, antes de começar a
mexer no material estéril, é necessário fazer esse procedimento. Um item fundamental que
devemos ter dentro da glovebox é um par de folhas de papel toalha e um spray com álcool 70.
Após colocarmos todo o material dentro da "glovebox", como potes esterilizados, cultura líquida
ou qualquer coisa que você pretende trabalhar, devemos borrifar álcool 70 nas paredes, teto e
fundo da caixa organizadora. Todos os itens dentro da caixa devem ser borrifados com álcool 70,
depois o excesso deve ser retirado com o papel toalha. Sua luva também deve receber álcool 70, e
só então podemos começar a trabalhar com o material estéril. Existem técnicas para utilizar a
"glovebox" que minimizam as chances de contaminação. Fazer movimentos suaves ajuda a não
suspender esporos que caíram no fundo da caixa pela ação da gravidade. Evitar tocar dentro da
tampa do potes estéreis também é fundamental, além disso quanto menos tempo os potes
ficarem abertos melhor. A agulha também não deve tocar em nenhum objeto que não foi limpo.
Com cuidado abra a tampa dos potes, sem tocar a parte interna da tampa. Enquanto uma mão
segura a tampa, inclinando a mesma de ladinho, a outra injeta a cultura líquida, esporos ou
pedaço de meio de cultivo dentro do frasco. Não é necessário remover a tampa toda, basta uma
inclinação suficiente pra conseguir passar a agulha. Cuidado para não encostar a agulha da
seringa em algo sujo. Caso a agulha toque algum objeto, flambe ela usando um isqueiro, vela ou
algo do tipo. Lembrando que ao retirar objetos da "glovebox" é necessário prepará­la
novamente, limpando com álcool em tudo a cada abertura. Antes de usar a cultura líquida, agite

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novamente, limpando com álcool em tudo a cada abertura. Antes de usar a cultura líquida, agite
bem para espalhar o micélio por dentro do líquido. Depois de injetar a cultura, feche a tampa
e rosqueie o frasco. Ao final do processo, depois que você inocular todos os frascos, abra a
"glovebox" e com a ajuda de uma fita isolante, veda rosca ou filme PVC, cubra a parte lateral da
tampa, na intersecção entre a tampa e o frasco, para que nada consiga entrar dentro do pote. A
seguir os frascos devem ser incubados, processo que é descrito no final desse tópico.

Passo a passo para usar a "glovebox": EM BREVE DICA DAS AULAS DE QUÍMICA!

Álcool 70 normalmente é encontrado
em farmácias, lojas de material
hospitalar ou lojas de produto de
limpeza. Caso você só encontre álcool
com uma concentração maior, como o
92,8 por exemplo, basta diluir em
água limpa seguindo a fórmula Ci x Vi
= Cf x Vf (concentração inicial vezes
volume inicial = concentração final
vezes volume final). No caso, 92,8 é
nossa concentração inicial, o volume
Sempre que for utilizar a "glovebox" é necessário repetir inicial é 1000 ml (uma garrafinha de 1
os procedimentos de limpeza descritos acima. É possível litro), a concentração final é 70 e o
realizar qualquer procedimento usando uma "glovebox", volume final desconhecemos. 92,8 x
desde clonagem de cogumelos, inoculação de "semente", 1000 = 70 x Vf. O volume final da
inoculação de substrato, manipulação de meios de solução é de 1325 ml, ou seja, mil ml
cultivo, placas de petri e muito mais.  de álcool 92,8 + 325 ml de água.

O segredo do sucesso utilizando uma "glovebox" está na técnica. Com o tempo o cultivador
percebe qual é o jeito correto de manipular os objetos de forma a minimizar os riscos de
contaminação. Uma dica boa é usar uma plataforma, como uma grade por exemplo, para elevar
os objetos acima do fundo da "glovebox" para que fiquem longe dos esporos que caíram no
fundo dela pela ação da gravidade. Outra dica importante é nunca tocar, nem com as luvas
limpas, no interior das tampas de potes ou de placas de petri, atente­se para pegar sempre pelas
laterais. Abra o mínimo possível a tampa do frasco para inocular, se possível faça uma porta de
injeção feita de silicone térmico, como ensinei acima. Acho que a dica mais importante é jamais
passar nenhum objeto por cima de um frasco aberto. Enquanto estiver aberto não passe suas
mãos ou qualquer outro objeto por cima do frasco, abra o mínimo possível para injetar o inóculo
lá dentro e feche. Seguindo essas dicas e treinando bastante você conseguirá usar a "glovebox"
com uma taxa de contaminações bem baixas.

Fabricação de "semente" usando grãos colonizados­Transferência G2G (grão para
grão)

Depois que você já tem um frasco de grãos 100% colonizados, é possível usá­los para inocular
outros frascos com grãos recém esterilizados. Essa técnica é chamada G2G, do inglês "grain to
grain", e é um excelente recurso para aumentar a quantidade de "semente" num período curto
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grain", e é um excelente recurso para aumentar a quantidade de "semente" num período curto
de tempo. 
O frasco inicial de grãos colonizados que foi
inoculado diretamente com uma cultura líquida ou
pedaço de meio de cultivo colonizado é chamado de
matriz primária, ou M1, e pode ser utilizado para
inocular um volume 10, 100, até mil vezes maior que
a inicial. A matriz primária pode ser usada para
inocular outros 10 ou mais frascos contendo grãos
esterilizados, dando origem a matriz secundária M2,
que pode ser usada para gerar a matriz terciária, ou
M3. Matrizes devem ser usadas em transferências
G2G assim que estão colonizadas, pois senão o
micélio se torna muito rígido, o que dificulta na hora
de usá­lo para inocular outros frascos. Para que não
haja nenhuma contaminação durante as 10 frascos M1 podem colonizar 100 frascos M2 que podem
transferências, o cultivador deve colonizar 1000 frascos M3

garantir a pureza no micélio. Casa exista alguma contaminação na matriz primária, todos os
outros frascos inoculados com essa matriz contaminarão. Bolores são contaminações comuns
durante a fabricação da "semente", e podem produzir esporos muito rapidamente, espalhando a
contaminação por todo o frasco. O micélio dos fungos que produzem cogumelos, no entanto,
crescem de forma mais linear através da extensão e divisão das suas células. Um único grão
contaminado com Penicillium, rodeado por milhares de grãos colonizados com micélio saudável,
pode arruinar um cultivo. Além disso qualquer contaminação nessa etapa deve ser descartada.
Seguir adiante com uma "semente" ruim pode te fazer perder tempo, espaço e dinheiro.
 
Passo a passo para fazer uma transferência G2G:

1. Inspecione cuidadosamente o frasco colonizado em busca de sinais de contaminação. Procure
por anormalidades como setores com crescimento denso, regiões com crescimento ralo ou sem
crescimento algum de micélio, grãos com aparência de muito úmidos ou melados (um indicador
de bactérias), grãos estourados com margens pálidas, colorações incomuns nos grãos dentre
outros sinais. O micélio dos cogumelos pode exibir líquidos e colorações que variam de
transparente, amarelado, rosado e âmbar, sem necessariamente significar contaminações. O
micélio dos cogumelos produzem líquidos compostos por enzimas que fazem parte da sua
digestão, além de subprodutos do seu metabolismo. Conforme o micélio vai envelhecendo esses
líquidos tendem a ser mais presentes. Excesso de líquidos durante essa etapa podem indicar que
a incubação está ocorrendo em uma temperatura acima da ideal ou que não está ocorrendo troca
gasosa suficiente. Pequenas quantidades de líquidos são normais, porém quando o líquido está
presente em excesso o micélio pode ser prejudicado. Imagens de contaminações durante essa
etapa podem ser vistas no tópico "contaminações e pragas".
 
2. Após selecionar um frasco bonito, sem sinais de contaminação, quebre o micélio agitando
fortemente o frasco. Os grãos devem soltar facilmente, mas caso os grãos tenham cozinhado
além do ponto durante o cozimento, ou se o micélio colonizou demais os grãos, será necessário
bater o frasco contra a mão ou contra um pneu de bicicleta, evitando assim um acidente. Quanto
mais separado os grãos, mais fácil de transferir para outros frascos. 

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mais separado os grãos, mais fácil de transferir para outros frascos. 
 
3. Coloque os frascos com grãos esterilizados dentro da "glovebox" junto com a matriz
colonizada. Feche a "glovebox" e siga os passos descritos anteriormente para inoculações usando
uma "glovebox". Lembre­se de borrifar álcool 70 em todos os frascos. Após a limpeza, retire a
tampa de papel alumínio de todos os frascos recém esterilizados e frios, afrouxe a tampa de
todos sem retirá­las, incluindo a tampa do frasco matriz. Com a sua mão preferida segure o
frasco com a matriz, com a outra mão retire a tampa e coloque no fundo da "glovebox". Com a
mão que você usou para retirar a tampa da matriz, retire a trampa do primeiro frasco com grãos
esterilizados e derrube um pouco de grãos da matriz para o frasco novo, e rapidamente feche o
frasco novo. Repita o procedimento para todos os frascos. Ao final, aperte bem a tampa dos
frascos recém inoculados e em seguida já pode retirá­los da "glovebox". Após a retirada vede as
laterais da tampa usando fita isolante, veda rosca ou filme PVC. 

Incubação da "semente"

Após inoculada, a "semente" precisa ser incubada. A incubação é um processo muito importante
do cultivo de cogumelo, e basicamente consiste em fornecer condições ideias para o micélio
colonizar o substrato no qual ele se encontra. A incubação é a etapa seguinte a inoculação, seja
ela via cultura líquida, via G2G ou via esporos. Luz e umidade não são tão importantes nessa
etapa, uma vez que os frascos são selados e mantém a umidade dentro deles. A temperatura é
um fator fundamental nessa parte, e deve se manter constante numa faixa entre 20 e 25'C (varia
conforme a espécie cultivada). Manter os frascos muito perto uns dos outros faz com que a
temperatura se eleve, o que pode ser ruim em uma incubadora muito pequena. É preciso tomar
cuidado com a compactação dos frascos no local de incubação, pois o fungo gera calor, o que
pode elevar demais a temperatura. Algumas contaminações termofílicas só aparecem quando as
temperaturas se elevam, por isso todo cuidado é pouco. Cheque os parâmetros de cultivo de cada
espécie descritos na aba "culturas", clicando na foto do cogumelo desejado. É possível verificar
os parâmetros de cultivo para cada espécie que comercializamos para saber qual temperatura é a
ideal. 
Durante a incubação, cheque os frascos diariamente tomando cuidado para não perturbar o
crescimento do fungo, evitando balançar o frasco para não romper as hifas que estão crescendo a
todo vapor. Essa verificação diária permite acompanhar o desenvolvimento do micélio e o
possível surgimento de contaminações. Ao menor sinal de contaminação, descarte o conteúdo do
frasco, abrindo­o bem longe do eu local de trabalho. Após o descarte, lave o frasco com bucha e
detergente antes de utilizá­lo novamente. Tenha cuidado ao descartar materiais contaminados,
uma vez que alguns fungos e bactérias que podem vir a crescer nos grãos podem ser prejudiciais
a saúde humana e animal. Cultivadores inexperientes jamais devem abrir frascos contaminados
para descarte próximo ao rosto, sempre use luvas e evite entrar em contato com o material
contaminado. É comum cultivadores cheirarem frascos para saber se estão contaminados com
bactérias, algo que eu não recomendo. As contaminações mais comuns nessa etapa são causadas
pelos mofos Penicillium e Aspergillus, e por bactérias que deixam o grão melado e fedido.
Descarte qualquer material que tenha cheiro de azedo, chulé ou fruta podre. Normalmente o
cheiro fica bem evidente sem a necessidade de abrir o frasco. 

A incubadora pode ser feita de diversas formas, desde caixas de papelão, isopor, frigobar,
geladeiras desativadas até salas enormes. A temperatura deve ser mantida constante com o uso
de termostatos, o aquecimento pode ser feito usando lâmpadas incandescentes ou aquecedores
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de termostatos, o aquecimento pode ser feito usando lâmpadas incandescentes ou aquecedores
de aquário (para pequenas incubadoras) ou aquecedores de ambientes para salas de incubação
maiores. Incubadoras feitas com recipientes fechados devem ser abertas pelo menos uma ou
duas vezes por dia para que o ar se renove, lembrando que os frascos possuem filtros para que o
excesso de CO2 produzido pelo fungo saia do pote. Caso o CO2 saia e fique preso dentro da
incubadora, o filtro de nada servirá, tendo em vista que o CO2 ficará aprisionado dentro da
incubadora. 

EM BREVE FOTOS DE
INCUBADORAS

Armazenamento da "semente"

Uma vez colonizada, a "semente" pode ser armazenada por um curto período de tempo antes de
ocorrer uma queda na sua viabilidade. A medida que a "semente" envelhece os nutrientes
contidos nos grãos vão acabando, o que diminui a taxa de crescimento do fungo. Além disso os
restos metabólicos, incluindo os líquidos secretados pelo micélio, se acumulam, o que prejudica
mais ainda o fungo. Com a queda da vitalidade o micélio perde sua capacidade de se defender
contra vírus, bactérias e bolores, o que pode prejudicar o cultivo caso essa "semente" seja
utilizada nos passos seguintes. Uma "semente" pode permanecer ótima aos 30 dias de idade mas
não ter nem metade do seu vigor aos 60 dias de idade. A "semente" deve ser utilizada no seu pico
de vigor, mas caso você não pretende utilizá­la dentro do prazo a única opção que resta é
armazená­la sob refrigeração. A "semente" pode ser refrigerada por várias semanas em uma
temperatura de não menos que 4'C, o que reduz o seu metabolismo, temperatura em que
geladeiras domésticas chegam. Muito cuidado ao armazenar qualquer material utilizado no
cultivo de cogumelos na geladeira de casa, junto com alimentos e coisas do tipo, pois estes estão
cheios de esporos de mofos e bactérias. A própria geladeira doméstica é lar de diversos tipos de
micro­organismos. Caso opte por armazenar na geladeira de casa, certifique­se de guardar o
material em um ziplock, saco hermético ou pote com tampa. 
Outro fator importante a ser considerado é a temperatura que o micélio da espécie que você
deseja armazenar aguenta. Algumas espécies de cogumelos (de clima quente) não suportam
temperaturas baixas, como o Calocybe indica ou o Volvariella volvacea, por exemplo. Já outros
cogumelos de temperaturas frias iniciam a frutificação quando passam por uma diminuição de
temperatura, como por exemplo o Pleurotus columbinus, que ao ser colocado na geladeira
EM CONSTRUÇÃO
começa a produzir os cogumelos.
PRÓXIMO TÓPICO

Fabricação da "semente" em serragem

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Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: FORMULAÇÃO DO SUBSTRATO

A capacidade que os fungos tem de reciclar restos orgânicos é impressionante. Muitas espécies
conseguem crescer em substratos diferentes dos naturais, como por exemplo os cogumelos do
gênero Pleurotus, conhecidos no Brasil como shimeji, cogumelo ostra ou ainda hiratake. Apesar
de ocorrer naturalmente em troncos de árvores em florestas, os Pleurotus conseguem crescer em
uma enorme quantidade de substratos, como palhas de cereais, grama seca, folhagens,
serragem, resíduos da produção de milho, cascas de sementes, resíduos de café, bagaço de cana,
papel, papelão e subprodutos da industria papeleira, dentre muitos outros. É preciso formular
um substrato que tenha a quantidade correta de nutrientes e umidade, pH adequado e textura
correta. O sucesso do cultivo de cogumelos se encontra na formulação correta do substrato e
tratamento do mesmo através da pasteurização ou esterilização. A pasteurização
normalmente ocorre entre 60 e 90'C sem o uso de pressão. Esterilização, por definição, ocorre
em temperaturas acima de 100'C em sistemas pressurizados. Existe ainda um método de
tratamento chamado de pasteurização severa, que submete o substrato a temperaturas entre 90
e 100'C por várias horas. Substratos formulados com resíduos agrícolas podem ser
pasteurizados, enquanto que substratos suplementados com aditivos contendo alto teor de
nitrogênio (farelos) devem ser esterilizados. Antes de começar um cultivo em grande escala o
cultivador deve avaliar o mercado, a disponibilidade de substratos, o investimento, a espécie a
ser cultivada e o método de tratamento desse substrato. Cultivar Pleurotus ostreatus utilizando
palha pasteurizada é um processo mais barato que cultivar em serragem suplementada
esterilizada. O cultivo com palha normalmente requer espaços maiores para tratamento dessa
palha, já cultivos usando serragem necessitam de menos espaço. Em contraste, shiitake
(Lentinula edodes) produz muito pouco em palha e deve ser cultivado em blocos de serragem
suplementada com farelos para ser financeiramente viável. A seguir é possível ver alguns
exemplos de substratos e tratamentos: 

SUBSTRATOS A BASE DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS 

A maioria dos subprodutos gerados na agricultura podem servir de base para a formulação de
substratos para cultivo de cogumelos. Esse substrato base é chamado de substrato final, ou
substrato de frutificação, e normalmente é misturado com outros ingredientes, chamados de
suplementos, para aumentar a produtividade. Alguns materiais sozinhos não apresentam boa
qualidade para produção de cogumelos, porém quando combinados com outros materiais
podem ser bem produtivos. Aqui vai uma lista pequena de materiais que podem ser reciclados e
transformados em substrato para cogumelos:

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transformados em substrato para cogumelos:

­ Serragem, lascas de madeira 
­ Palhas e casca de cereais
­ Fibra de coco
­ Espiga de milho
­ Palha e borra de café
­ Folhas de chá
­ Bagaço de cana
­ Folhas de bananeira
­ Cascas de sementes e nozes (algodão, amendoim, soja, girassol, amêndoas, etc)
­ Resíduos da produção de soja

Normalmente as pessoas que produzem cogumelos em estufas controladas preferem substratos
mais "limpos", como serragens, enquanto que produtores com estufas mais rústicas preferem
resíduos agrícolas como palhas e bagaços. Existem muitos artigos publicados a respeito de tipos
de substratos para produção de cogumelos, porém caso você queira testar algum que ainda não
foi testado, comece com pequenos experimentos e veja como o fungo se comporta. Testes são
fundamentais antes de se começar uma produção em larga escala. Outro fator importante é a
variabilidade do material ao longo do ano, que normalmente muda conforme as estações. 

Palhas: Para quem pretende cultivar cogumelos Pleurotus a palha é um excelente substrato
base. É possível usar palha de trigo, arroz, centeio, braquiária, dentre outras. As palhas devem
ser estocadas em locais secos para que não embolorem com fungos competidores. Antes de usar
a palha ela deve ser pasteurizada usando algum dos vários métodos existentes. Palhas podem
ser substratos bastantes seletivos, ou seja, não são tão fáceis de contaminar com fungos
competidores caso sejam tratadas de forma adequada. Cultivadores inexperientes têm alta taxa
de sucesso até em inoculações realizadas em ambientes abertos. A palha também pode ser
misturada com outro substrato para melhorar a sua textura e propriedades físicas e químicas.

Papel e papelão: É possível usar produtos a base de papel para formular um substrato para
cultivo de cogumelos. Esses materiais são feitos de fibras de lignina e celulose, materiais que os
fungos conseguem se alimentar. O problema de usar esse tipo de material é que normalmente as
tintas, colas e branqueadores utilizados na produção dos mesmos podem fazer mal a saúde. Para
cultivos experimentais, hobby e curiosidade é válido, porém esse tipo de material não deve ser
usado para uma produção comercial que visa a alimentação humana. 

Resíduos do milho: Palha, sabugo e espigas secas podem ser usadas em formulações de
substratos. Esse material possui muitas cavidades, o que facilita a penetração das células dos
fungos, propiciando uma rápida colonização. Esses resíduos devem ser triturados em pedaços
menores, umedecidos e pasteurizados. Caso ainda tenha milho no sabugo o método de
tratamento necessita ser mais agressivo, neste caso a esterilização é recomendada.

Resíduos da produção de café e bananas: O Brasil possui muitas plantações de café e
enormes bananais. Os resíduos agrícolas provenientes desse tipo de cultura são ótimos para
formulações de substratos para cultivo de cogumelos. Esses resíduos devem ser colhidos,
secados e estocados em ambiente livre de umidade para não estimular a decomposição. Os
cogumelos que produzem bem nesse tipo de material são os do gênero Pleurotus, como o

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cogumelos que produzem bem nesse tipo de material são os do gênero Pleurotus, como o
Pleurotus ostreatus, Pleurotus citrinopileatus, Pleurotus djamor, Pleurotus pulmonarius e
Pleurotus columbinus. Outros cogumelos também podem ser cultivados nesse tipo de substrato
com pequenas adaptações. 

Bagaço de cana­de açúcar: Um dos resíduos agrícolas mais abundantes no Brasil, a cana de
açúcar pode ser usada na produção de cogumelos comestíveis e medicinais. Sozinha ou
misturada com outros materiais, a cana possui açúcar residual que pode ser um ótimo aditivo.

Cascas de sementes: Cascas de sementes são ótimos materiais para usar em formulações de
substratos para cogumelos. De algumas sementes são retirados óleos que extraídos com o uso de
prensas hidráulicas. O resíduo que sobra pode ser usado como aditivo na produção de
cogumelos. No Brasil é possível adquirir casquinha de soja, um subproduto desse processo de
extração. Uma receita de substrato desenvolvida recentemente pelo cultivador T. R. Davis, da
empresa Earth Angel Mushrooms, chamada de "Masters mix", consiste em uma mistura de 20%
serragem, 20% casquinha de soja e 60% de umidade. Muitos dizem que esse substrato é um dos
mais eficientes para produção de cogumelos "indoor", usando estufas controladas, produzindo
um excelente resultado no primeiro fluxo de colheita. Ótimo rendimento para ciclos rápidos de
produção. Esse substrato deve ser esterilizado. 

Suplementos: Adicionar suplementos no substrato pode aumentar consideravelmente a
produtividade. Existe uma variedade enorme de materiais com alto teor de nitrogênio que
podem ser usados como suplemento. A maioria deles são derivados de grãos, como arroz, trigo,
cevada, etc. Também é possível usar resíduos da produção de cerveja, resíduos de produção de
suco de frutas, etc. Cada suplemento possui uma composição diferente, por isso a quantidade a
ser adicionada ao substrato depende muito desses valores. Um cultivador que usa farelo de arroz
(12% de proteína e 2% de nitrogênio) como suplemento, ao mudar para farelo de soja (44% de
proteína e 7% nitrogênio) precisa fazer um ajuste e usar apenas 1/4 da quantidade que usava
antes.
 
Ao suplementar o substrato o cultivador precisa ter em mente que além de colher mais
cogumelos, a taxa de contaminação também aumenta. Quanto maior a taxa de suplementação,
maior o cuidado na hora de inocular o substrato com a "semente". Substratos suplementados
tendem a liberar muito calor durante a corrida micelial (colonização), por isso alguns cuidados
devem ser tomados, como por exemplo deixar os pacotes afastados uns dos outros. Esse
processo se chama termogênese, e caso os pacotes estejam muito próximos o calor gerado pode
subir para um nível prejudicial ao micélio do cogumelo. Em breve colocarei aqui no site uma
tabela de suplementos e taxas de nitrogênio.

PASTEURIZAÇÃO DE SUBSTRATOS A BASE DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS

A pasteurização, tratamento utilizado para tratar alguns tipos de substratos, tem como objetivo
reduzir drasticamente a quantidade de micro­organismos presentes no material tratado. Essa
redução da quantidade de micro­organismos confere uma vantagem para o micélio do
cogumelo, que ao ser inoculado consegue colonizar o substrato antes que esses micro­
organismos restantes se tornem um problema. O calor mata a maioria dos micro­organismos e
esporos presentes no substrato, e os que sobrevivem oferecem pouca ameaça ao cultivo. Esse
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esporos presentes no substrato, e os que sobrevivem oferecem pouca ameaça ao cultivo. Esse
tipo de tratamento da uma janela de mais ou menos 2 semanas para que o micélio colonize o
substrato antes que os micro­organismos restantes proliferem a ponto de prejudicar o cultivo.
Existem vários métodos de pasteurização e cada método possui suas vantagens e desvantagens.
A seguir podemos ver alguns dos métodos de pasteurização mais utilizados pelos cultivadores de
cogumelos:

BANHO DE ÁGUA QUENTE

O primeiro método é o banho com água quente. O substrato é colocado em um saco de tecido ou
cesta metálica e então é mergulhado em um caldeirão ou tambor de ferro contendo água em
temperaturas entre 65 e 82'C por pelo menos 2 horas. Esse método é muito eficiente para cultivo
de Pleurotus utilizando apenas palhas como substrato. O tambor é aquecido por um queimador
de gás de alta pressão ou resistência elétrica. Após o tempo de pasteurização, o substrato é então
retirado da água e colocado para escorrer e esfriar em um local limpo, de preferência grades ou
telas. Após resfriamento o cultivador deve jogar a "semente" por cima do substrato, misturar
tudo e ensacar. Esse método de pasteurização pode deixar o substrato muito úmido, por isso é
necessário escorrer bem antes de inocular. É possível usar a água quente da pasteurização
anterior para pasteurizar mais substrato, economizando assim um pouco de gás, desde que não
exceda 3 ciclos. Após 3 ciclos a água se torna tóxica pro micélio. 

PASTEURIZAÇÃO COM CAL HIDRATADA

Cal hidratada (hidróxido de sódio) é extremamente alcalina e solúvel em água, e pode ser usada
para pasteurizar palhas e outros resíduos agrícolas. Ao mergulhar o substrato em um recipiente
contendo água e cal hidratada, a mudança drástica do pH do substrato elimina boa parte dos
micro­organismos competidores. O método é bem simples: 2kg de cal hidratada é adicionada a
200 litros de água, elevando o pH a níveis acima de 9.5. Depois de picada, a palha é mergulhada
nessa mistura da noite para o dia, e após esse tempo deve ser retirada e escorrida em local
limpo. Após escorrer bem a palha é inoculada com grãos colonizados ("semente"), misturada e
ensacada. 

PASTEURIZAÇÃO SEVERA

Muitos cultivadores não tem como comprar autoclaves grandes para esterilizar os blocos de
serragem para produção de cogumelos comestíveis. Alguns não possuem nem espaço para a
instalação de uma autoclave. Com esse método de pasteurização o cultivador consegue tratar
vários blocos de serragem em um só ciclo, em pouco espaço e utilizando poucos recursos. A
pasteurização severa consiste em expor o substrato a temperaturas entre 90 e 100'C por longos
períodos (12 a 20h). Esse método pode ser utilizado para tratar a maioria dos substratos,
incluindo serragem suplementada. Normalmente esse tipo de pasteurização funciona muito bem
para substratos suplementados com até 10 ou 15% de farelos. Acima desse valor é altamente
recomendado a esterilização para garantir que não haja perda de material para
contaminações. Esse é o meu método preferido para produtores em pequena e média escala pelo
baixo custo de investimento inicial. Basicamente o equipamento necessário para fazer a
pasteurização severa é um tambor de 200 litros de ferro e um queimador de alta pressão para
gás de cozinha, além de um local limpo para fazer a inoculação após o material ser
tratado. (incluir mais detalhes e fotos)
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tratado. (incluir mais detalhes e fotos)

COMPOSTAGEM E PASTEURIZAÇÃO (2 FASES)

Método bastante utilizado no Brasil, o substrato feito através da compostagem oferece muitas
vantagens em relação aos outros substratos. O propósito da compostagem é preparar um
substrato nutritivo que possui características que são ótimas para o crescimento do micélio dos
cogumelos e ruins para o crescimento de micro­organismos competidores. Através desse
processo o cultivador irá obter um substrato física e quimicamente homogêneo, além de ser um
substrato seletivo, ou seja, que favorece o desenvolvimento do micélio do cogumelo e atrasa o
desenvolvimento de competidores. Durante o processo de compostagem, o substrato é
umedecido e misturado com aditivos, que irão estimular o desenvolvimento de micro­
organismos que irão fermentam o composto. Esses micro­organismos irão se alimentar de
açúcares simples e lipídios que revestem a palha, deixando para trás celulose e lignina, alimento
para o micélio dos cogumelos. Esses nutrientes removidos no processo de compostagem são
fonte de alimento para os competidores, e ao removê­los o substrato se torna mais seletivo para
o micélio do cogumelo. Esse processo é dividido em duas fases. A fase 1 é a compostagem
propriamente dita, e basicamente é feita através do empilhamento do substrato
umedecido misturado com os aditivos, e normalmente é feita a céu aberto e em chão de
cimento. A fase 2 é a pasteurização, normalmente realizada em salas fechadas construídas para
essa finalidade. 

FASE 1

O material básico utilizado nesse método é a palha, podendo ser de arroz, trigo, cevada e
diversos outros cereais, além de braquiária. É a palha que vai dar estrutura ao composto.
Algumas palhas tendem a ficar muito densas no processo, algo que pode ser corrigido com a
adição de outros materiais, como bagaço de cana­de­açúcar. O material básico é misturado com
algum suplemento para ajustar o teor de nitrogênio do composto.  Regiões muito densas ou
úmidas no composto podem favorecer condições anaeróbicas (sem oxigênio), o que prejudica o
processo de compostagem. A palha fornece carboidratos, é composta principalmente por
celulose, lignina e hemicelulose. É durante a compostagem que a lignina é transformada em um
material que lembra húmus. 
 
Suplementos 

A compostagem é um processo de decomposição que utiliza os micro­organismos presentes no
substrato utilizado. Para estimular o desenvolvimento desses micro­organismos, são
adicionados suplementos no material básico. Esses suplementos são destinados a aumentar a
quantidade de proteínas (nitrogênio) e carboidratos destinados aos micro­organismos que irão
decompor o composto. A lista de suplementos abaixo é classificada de acordo com o teor de
nitrogênio. O uso deles pelos cultivadores é determinado pela disponibilidade e custo. 

Grupo 1 ­ Teor de nitrogênio alto, sem matéria orgânica
Sulfato de amônia: 21% N
Nitrato de amônia: 26% N
Ureia: 46% N

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Esses são suplementos inorgânicos e fornecem um suprimento rápido de nitrogênio. Quando
usados, é necessário tomar cuidado para aplicar de forma homogênea. O uso de sulfato de
amônia necessita de aplicação de carbonato de cálcio numa proporção de 3 partes de CaCO3
para 1 de sulfato de amônia para neutralizar o enxofre. 

Grupo 2 ­ 10 a 14% N
Farinha de sangue: 13,5% N
Farinha de peixe: 10,5% N

Esses suplementos consistem basicamente em proteínas mas devido ao alto custo raramente são
utilizados.

Grupo 3 ­ 3 a 7% N
Resíduos de cervejaria: 3 a 5% N
Farelo de semente de algodão: 6,5% N
Farelo de casca de amendoim: 6,5% N
Esterco de galinha: 3 a 6% N

Esse grupo contem materiais que são bastante usados por cultivadores comerciais e têm como
característica uma proporção de carbono/nitrogênio bem balanceado. 

Grupo 4 ­ Pouco nitrogênio, muito carboidrato
Bagaço de uva: 1,5% N
Polpa de beterraba: 1,5% N
Polpa de batata: 1% N
Polpa de maçã: 0,7% N
Melaço: 0,5% N
Casca de algodão: 1% N

Esses materiais são excelentes para aumentar a temperatura da pilha de composto e são ótimos
aditivos. Podem ser adicionados a maioria das formulações de composto. 

Grupo 5 ­ Esterco de animais
Esterco de bovinos: 0,5% N
Esterco de porco: 0,3 a 0,8% N

Esse tipo de suplemento é raramente utilizado.

Grupo 6 ­ Feno
Alfafa: 2 a 2,5% N

Feno é útil para aumentar a temperatura no processo de compostagem devido ao alto nível de
carboidratos. 

Grupo 7 ­ Minerais
Gesso ­ Sulfato de cálcio (CaSO4)
O gesso é um suplemento fundamental na formulação de todos os tipos de substratos para
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O gesso é um suplemento fundamental na formulação de todos os tipos de substratos para
cultivo de cogumelos pois fornece cálcio e enxofre, elementos fundamentais em alguns processos
metabólicos do micélio. O gesso também melhora as características físicas do composto,
melhorando a aeração. Melhora também a capacidade do composto de reter água, além de
neutralizar elementos que eventualmente podem se encontrar em excesso no composto. 

Carbonato de cálcio (CaCO3)
O carbonato de cálcio é usado para neutralizar a acidez do composto.

Grupo 8 ­ Material inicial básico
Palhas de todo tipo: 0,5 a 0,7% N

Fórmulas de composto

As fórmulas descritas abaixo são exemplos de formulações de composto para cultivo comercial.
Caso algum ingrediente não seja encontrado facilmente, basta substituí­lo por outro com as
mesmas características nutricionais. O objetivo da fórmula é atingir um teor de nitrogênio de
1,5 a 1,7% no início da montagem da pilha. Para que a compostagem seja eficiente, o teor de
umidade e nitrogênio precisam estar corretas. O teor de nitrogênio dos materiais varia conforme
a idade. Quanto mais velho o material, menor o teor de nitrogênio. A palha também deve ser
estocada seca, caso ela molhe começará a se deteriorar, o que leva a perda da qualidade
nutricional e aumenta a chance de contaminações. 

Fórmula 1                                                 Peso úmido      %umidade      Peso seco     %N      Peso N
Esterco de cavalo                                         907 kg             50               453 kg         1        4,5 kg
Farelo de semente de algodão                      13,6 kg             10                53 kg         6,5      3,6 kg
Gesso (CaSO4)                                             22,6 kg             0               22,6 kg         0          0
                                                                                                 Total:    529 kg                   8,1 kg
(8,1) / (529) = 0,0154, o que corresponde a 1,54% de nitrogênio

Fórmula 2                                                 Peso úmido      %umidade      Peso seco     %N      Peso N
Palha de trigo                                               907 kg             10                816 kg       0,5        4 kg
Esterco de galinha                                        907 kg            20                725 kg        3        21,7 kg
Gesso (CaSO4)                                               57 kg              0                   57 kg        0           0
                                                                                               Total:      1600 kg                   26 kg
(26) / (1600) = 0,0162, o que corresponde a 1,62% de nitrogênio

Durante o processo de compostagem parte da matéria é perdida pela ação dos micro­
organismos. 20 a 30% do peso do composto é perdido durante a fase 1, e de 10 a 15% durante a
fase 2. No total, aproximadamente 40% do peso do substrato é reduzido pela ação dos micro­
organismos. 

Amônia

A produção de amônia é fundamental para o processo de compostagem. Assim como os
carboidratos, a amônia precisa estar presente para que os micro­organismos possam utilizá­la
como fonte de nitrogênio. Ela forma uma massa escura composta de lignina, húmus e nitrogênio
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como fonte de nitrogênio. Ela forma uma massa escura composta de lignina, húmus e nitrogênio
no composto. A amônia é volátil e o excesso dela é expulsa do composto para a atmosfera. O
cheiro de amônia é bem evidente durante a fase 1. 

Proporção carbono:nitrogênio

A proporção entre as quantidades de carbono e nitrogênio é um fator muito importante no
cultivo de cogumelos. Cada espécie de cogumelo possui uma proporção ideal, e o cultivador deve
formular o substrato de acordo com as especificações de cada espécie. Uma formulação errada
diminui a velocidade de colonização e pode acarretar em contaminações. Graças a diminuição da
matéria orgânica durante o processo de compostagem e pasteurização, o teor de nitrogênio
diminui com o passar das etapas. Uma suplementação acima da necessária resulta numa
liberação excessiva de amônia. Uma suplementação acima da necessária de carboidratos resulta
num teor maior de carbono. Maiores concentrações de amônia necessitam de mais tempo de
compostagem. Carboidratos disponíveis no composto que não forem consumidos pelos micro­
organismos durante o processo de compostagem são fonte de alimento para micro­organismos
competidores. 

Umidade e oxigenação

A água é um dos componentes mais importantes da compostagem. A umidade controla a
atividade microbiana no composto pois os micro­organismos só podem absorver os nutrientes
do composto que estão diluídos na água, determinando assim a temperatura da pilha. O
oxigênio também é um fator fundamental no processo de compostagem, pois os organismos que
participam dessa etapa são aeróbicos. Anos de prática e pesquisa resultaram no estabelecimento
das proporções corretas de água e oxigenação do composto para um melhor resultado. Existe
uma relação inversa entre a quantidade de água e a oxigenação da pilha de composto. 

1. Muita água (+75%) = pouca oxigenação 
2. Pouca água (­67%) = muita oxigenação

Um composto muito úmido resulta em poucos espaços de ar, sendo assim o oxigênio não
penetra na pilha de composto, causando condições anaeróbicas. Um composto muito seco
resulta em muita oxigenação da pilha, o que impede que a temperatura suba devido a atividade
microbiana. 
Os micro­organismos podem ser divididos em duas classes de acordo com a necessidade de
oxigênio que eles possuem. Aqueles que precisam de oxigênio para viver são chamados de
aeróbicos (ou aeróbios), enquanto que aqueles que não possuem necessidade de oxigênio são
chamados de anaeróbicos (ou aeróbios). Cada um deles possui características únicas.
Aeróbicos decompõem matéria orgânica de forma completa e mais rapidamente, produzindo gás
carbônico (CO2), água e calor durante o processo de decomposição. Esse calor é chamado de
termogênese. 
Os organismos anaeróbicos decompõem parcialmente a matéria orgânica, produzindo não só
CO2 e água, mas também alguns ácidos orgânicos e vários tipos degases como o metano, por
exemplo. Geram menos calor que os aeróbicos. 
Pedaços da pilha com sinais de anaerobiose apresentam partes amareladas que cheiram como
ovo podre. Essas áreas são notavelmente mais frias e normalmente possuem muita umidade.
Compostos anaeróbicos não são bons para cultivo de cogumelos. 
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Compostos anaeróbicos não são bons para cultivo de cogumelos. 

Pré­umedecimento 

Enquanto o substrato permanece seco, os micro­organismos ficam dormentes e a decomposição
não ocorre. O primeiro passo na compostagem é o umedecimento inicial da pilha. O propósito
do pré­umedecimento é ativar os micro­organismos presentes no substrato utilizado na
formulação do composto. Uma vez ativado, os micro­organismos começam a atacar a palha,
decompondo a fina camada de cera que reveste a fibra vegetal. Enquanto essa cera não é
decomposta a umidade não penetrará na palha e os nutrientes permanecerão aprisionados.
Conforme os micro­organismos vão se alimentando, a fibra vegetal melhora sua capacidade de
absorver a água. O tempo de umedecimento varia conforme o material usado na formulação do
composto. Durante esse período a pilha pode ser revirada algumas vezes para distribuir melhor
a umidade. 

Construção da pilha

O material utilizado na fabricação do composto deve ser misturado e empilhado. As dimensões
da pilha são importantes para otimizar o processo de compostagem.

1. As dimensões da pilha devem ser mais ou menos entre 1,5 a 1,8 metros de largura por 1,2 a 1,8
metros de altura. O formato deve ser retangular ou quadrado. 
2. As laterais da pilha devem ser verticais e levemente comprimidas de 7 a 15 cm para dentro. A
parte interna da pilha deve ser menos densa que a parte externa. 
3. Qualquer aumento na largura ou altura da pilha pode acarretar em condições anaeróbicas.
Com o decorrer do processo de compostagem as
propriedades físicas da pilha se alteram. Conforme
o material degrada a pilha vai cedendo, o que torna
a pilha mais densa e diminui a passagem de
oxigênio. A figura ao lado representa a penetração
de ar na pilha. O ar enta pelas laterais e fornece
oxigênio para os micro­organismos, o que aumenta
a temperatura da pilha. Os fatores que afetam a
taxa de fluxo de ar da pilha são tamanho, umidade
e diferença entre a temperatura da pilha e a
temperatura do ar externo. 

Virada

Uma pilha bem construída esgota seu estoque de oxigênio num prazo de 48 a 96 horas, então
entra em estado anaeróbico. Para prevenir isso, a pilha deve ser desmontada e montada
novamente, algo que chamamos de virada. A virada oxigena o composto, corrige o teor de água
perdida nas camadas externas da pilha por evaporação, mistura corretamente os suplementos e
homogeniza a decomposição. Ao se decompor a pilha encolhe de tamanho, o que reduz os
espaços entre a palha, diminuindo a oxigenação. Usando um termômetro de haste longa é
possível medir a temperatura no interior da pilha. A medida que a taxa de oxigênio diminui a
temperatura também diminui, indicando uma desaceleração da ação dos micro­organismos,

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fornecendo o tempo correto da virada. Nos estágios iniciais da pilha existe uma estratificação
bem evidente de temperatura. Os lados de fora da pilha são mais frios e secos, enquanto que as
partes mais internas são mais quentes e úmidas. Essas partes externas devem ser umedecidas
durante a viragem e movidas para o centro da nova pilha, enquanto que as partes internas da
primeira pilha devem ser preferencialmente colocadas na parte externa da nova pilha. Isso faz
com que o composto tenha partes iguais de decomposição no final do processo. Alguns
suplementos devem ser adicionados nessa etapa do ciclo. O gesso normalmente é adicionado na
segunda virada, quando certo nível de amônia já pode ser encontrado na pilha. 

Temperatura

As condições do composto são especificamente destinadas para facilitar o crescimento de micro­
organismos aeróbicos benéficos. Fornecendo um balanço adequado de substratos, ar e umidade,
uma contínua sucessão de populações de micro­organismos produzem temperaturas que podem
chegar a 80'C. Esses micróbios podem ser divididos em dois grupos, conforme suas necessidades
de temperatura. Os mesófilos são ativos com temperaturas abaixo de 32'C, já os termófilos
preferem temperaturas entre 32 e 71'C. A ação exata desses organismos é complexa, e será
explicada a seguir.
Durante a compostagem, bactérias e fungos mesófilos utilizam os carboidratos do substrato,
atacam os compostos de nitrogênio e liberam amônia. A amônia, então, é utilizada por outra
população de micro­organismos que aparecem logo após a o crescimento da população inicial,
fazendo a temperatura subir. 
Depois que a pilha está feita, os micro­organismos mesófilos predominam nas áreas externas
mais frias, enquanto que os micro­organismos termófilos predominam nas áreas mais internas e
quentes da pilha. Os actinomicetos são visíveis a olho nu, e aparecem no composto como flocos
brancos. As bactérias dominam o centro e continuam a decompor o substrato, liberando mais
amônia. 
Sob temperaturas acima de 65'C a atividade microbiana diminui e os processos químicos
começam. Entre 65 e 74'C acontecem processos químicos e microbianos simultaneamente. Em
temperaturas por volta de 74 a 82'C a decomposição se dá principalmente por reações químicas
de humificação e caramelização, condição favorecida com altas temperaturas, pH alto (básico, +­
8.5) e na presença de amônia e oxigênio. A maioria dos compostos escuros produzidos durante a
compostagem são resultantes desse processo químico de decomposição. 
A figura ao lado mostra as
zonas de temperaturas
encontradas na pilha de
composto. Alguns estudos
demonstraram que o
composto retirado da zona 2
produziu as colheitas mais
abundantes. Baseados nessa
pesquisa, os cultivadores
buscam alcançar as condições
da zona 2 no composto inteiro
utilizando 
câmaras de pasteurização, que são salas especiais onde é injetado vapor para que a temperatura
de todo o composto alcance a faixa ideal.

Ponto certo do composto para a fase 2

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O aspecto do composto muda bastante durante a compostagem. Algumas características
apontam se o composto está pronto para a pasteurização, baseados na cor, textura e odor. O
escurecimento gradual da palha e o cheiro forte de amônia são bons sinais. No ponto correto o
composto tem cor marrom escuro, a palha ainda é fibrosa porém se rompe mais facilmente. Ao
apertar o composto com as mãos forma­se um líquido entre os dedos. O cheiro do composto é de
amônia, e seu pH é aproximadamente 8 a 8,5. Outro forte indício é a presença de actinomicetos,
pequenos flocos que aparecem por todo composto. 

FASE 2

Enquanto a fase 1 é ditada por processos biológicos e químicos, a fase 2 é puramente biológica.
Ao trazer o composto para dentro de uma câmara de pasteurização, os fatores ambientais como
temperatura, umidade e troca de ar são facilmente controlados de modo que o cultivador pode
otimizar o crescimento dos micro­organismos. O resultado da ação dos micro­organismos é uma
abundante biomassa de células de bactérias e fungos que contém vitaminas, gorduras e
proteínas. Essa massa marrom fornece algumas substâncias que ajudam no crescimento do
micélio do cogumelo. A fase 2 é dividida em duas partes:
 
Pasteurização ­ A temperatura do ar da câmara e do composto são mantidas entre 57 e 60
graus por aproximadamente 6 horas através da injeção de vapor de água. O propósito da
pasteurização é eliminar ovos de insetos, esporos de fungos competidores, nematoides, entre
outros. Composto mantido acima de 60'C favorece o desenvolvimento das bactérias que
produzem amônia e diminui a presença de actinomicetos e fungos. 

Condicionamento ­ Depois de pasteurizado, a temperatura do composto deve ser diminuída
gradualmente até uma faixa que favorece o desenvolvimento dos actinomicetos e fungos
benéficos. Para isso o composto é mantido entre 48 e 55'C até que o excesso de amônia 
desapareça. 

Oxigenação durante a pasteurização

A fase 2 é puramente um processo de fermentação aeróbica, e um fornecimento constante de ar
fresco é fundamental. Para assegurar esse fornecimento é necessário um exaustor que irá
circular o ar de dentro da câmara de pasteurização e também injetar ar fresco filtrado com filtro
HEPA. Esse ar fresco deve ser injetado numa taxa de 8 a 10% do total de ar circulado. A falta de
oxigênio durante a fase 2 pode resultar em contaminações por Chaetomium (mofo verde oliva).
O ar fresco não só fornece oxigênio mas também pode ser usado para manter a temperatura do
composto na faixa correta. Para diminuir a temperatura do composto mais ar é injetado na
câmara de pasteurização. A injeção de ar fresco não pode ser muito forte para que a temperatura
do composto não caia muito rapidamente, a não ser logo após a pasteurização. O pico de
atividade microbiana ocorre entre 24 e 48 horas após a pasteurização. Quando as fontes de
nutrientes dos micro­organismos começam a se esgotar, a atividade microbiana começa a
diminuir. A temperatura do composto deve começar a cair sozinha. Enquanto ela cai, o
fornecimento de ar fresco deve ir diminuindo. 
O tamanho da câmara de
pasteurização varia de acordo
com as necessidades do
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com as necessidades do
cultivador, mas deve ser grande
para caber um grande volume de
composto. O recomendado é que
a câmara tenha isolamento
térmico nas paredes e portas. O
chão deve ter um fundo falso
removível para facilitar a limpeza e para ajudar na circulação do vapor e do ar. A câmara precisa
ser hermética, sem buracos ou rachaduras para não entrar insetos. A porta de acesso deve
facilitar a carga e a descarga do composto. O sistema de ventilação deve ser composto por um
exaustor centrífugo com uma capacidade de 90 a 120 CFM por tonelada de composto. O duto de
recirculação de ar deve ser isolado termicamente, e sai do teto da câmara e volta pelo chão da
câmara. Um "damper" deve ser instalado para controlar a quantidade de ar fresco que entra, que
deve passar por um filtro hepa. 

Procedimentos para encher a câmara de pasteurização

1. Encha o mais rápido possível para aproveitar o calor do composto
2. O composto deve ter uma estrutura correta e um teor de umidade correto. Não encha a
câmara com composto muito úmido ou muito denso.
3. Preencha de forma homogênea. A densidade do composto é importante. Evite compactação
ou buracos ocos. Certifique­se de que o composto está bem distribuído por toda a câmara.
Dia Procedimento da pasteurização
0 Enchimento: O composto é levado para dentro da câmara de pasteurização.
Termômetros devem ser instalados em diferentes pontos do composto e 1 acima do
composto para medir a temperatura do ar. Ligue o exaustor para circular o ar da
câmara com o "damper" fechado até a temperatura atingir 50'C. Normalmente isso
leva de 8 a 24 horas, então abra o "damper" para colocar de 8 a 10% de ar fresco na
câmara. 
1-2 Pasteurização: Deixe a temperatura subir entre 55 a 57'C utilizando o próprio calor
do composto ou com auxílio de caldeiras, e mantenha nessa faixa por pelo menos 6
horas e no máximo 10 horas. Após esse tempo introduza ar fresco até a temperatura
abaixar para 50'C, algo que pode demorar até 12 horas. 
Condicionamento: A quantidade de ar fresco da câmara de pasteurização deve ser
2-10
ajustado para manter o composto numa faixa de temperatura entre 47 e 50'C até que
toda a amônia desapareça. A quantidade de ar fresco deve ser reduzida
gradativamente. 
Resfriamento: Depois que a amônia desaparecer do composto pela ação dos
4-10
actinomicetos e fungos benéficos, ar fresco filtrado é introduzido até que o composto
reduza a temperatura para 27'C. O procedimento de resfriamento deve ser feito o
mais rápido possível. 

Teste da amônia e aspecto do composto ao final da pasteurização

O jeito básico de testar a quantidade de amônia é pelo cheiro. O cheiro da amônia deve ter ido
embora completamente antes de inocular o composto com a "semente". É possível testar a
amônia do ar utilizando reagentes químicos ou detectores de ar. o pH do composto deve estar

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amônia do ar utilizando reagentes químicos ou detectores de ar. o pH do composto deve estar
entre 7,8 e 7,5. A palha tem uma cor de chocolate, salpicada com flocos brancos de
actinomicetos. O composto é mole, pode ser rompido facilmente com as mãos. O teor de
umidade deve estar entre 64 e 68%. O teor de nitrogênio varia de 2 a 2,3%, e a proporção
carbono:nitrogênio é de 17:1

SUBSTRATOS A BASE DE SERRAGEM SUPLEMENTADA
PRÓXIMO TÓPICO
EM BREVE

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Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

INÍCIO LOJA APRENDA A CULTIVAR CURSOS TERMOS E CONDIÇÕES

APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: FRUTIFICAÇÃO

O  cultivo  de  cogumelos  era  originalmente  uma  atividade  que  dependia  muito  das  condições
climáticas para dar certo. O substrato era preparado e semeado de acordo com a estação do ano
correta, quando as condições de temperatura e umidade estavam favoráveis. Isso ocorre até hoje
com pequenos produtores de shiitake e algumas espécies de Pleurotus. As primeiras tentativas
de cultivo de cogumelos “indoor” foram feitas na França, durante o século XVIII.
Os  cultivadores  de  cogumelos  do  gênero  Agaricus,  conhecidos  como
champignon de paris, encontraram em cavernas francesas o ambiente
ideal  para  crescer,  com  temperatura  e  umidade  corretas.  Diversos
tipos  de  locais  podem  ser  adaptados  para  o  cultivo  de  cogumelos,
como por exemplo porões, garagens, silos, salas, contêiners, cavernas,
estruturas de alvenaria, hangares, etc.
Em  geral,  estruturas  desenhadas  e  planejadas  para  cultivo  de  cogumelo  possuem  diversas
vantagens  em  relação  a  estruturas  adaptadas  para  o  cultivo.  Para  um  micro  produtor,  ou  seja,
aquele que deseja produzir para o consumo próprio, até mesmo uma caixa plástica pode servir
como câmara de frutificação, sendo possível cultivar diversos tipos de cogumelos comestíveis e
medicinais. A escala da câmara de frutificação deve ser feita de acordo com as necessidades do
produtor, podendo variar desde uma caixa plástica de 40 litros até uma estufa de vários metros
quadrados. As câmaras de frutificação têm como objetivo
manter  os  parâmetros  corretos  de  cultivo,  como  por
exemplo  umidade,  temperatura  e  trocas  de  ar.  Cada
espécie  de  cogumelo  possui  seus  próprios  parâmetros
ideais,  por  isso  o  cultivador  deve  ficar  atento  na  hora  de
projetar a estrutura que irá receber o substrato colonizado.
O  guia  a  seguir  servirá  como  base  de  informação  para  o
desenho  e  o  planejamento  correto  de  uma  câmara,  estufa
ou sala de frutificação.

Cultivo em micro escala (consumo pessoal)

A  começar  pelo  micro  produtor,  ou  seja,  aquele


que deseja produzir cogumelos para consumo
próprio  em  uma  escala  bem  reduzida,  ou  para  os
aventureiros  que  desejam  experimentar  o  cultivo
aventureiros  que  desejam  experimentar  o  cultivo
pela  primeira  vez  sem  grandes  investimentos,  o
menor  tipo  de  câmara  de  frutificação  é  conhecida
como  Monotub.  O  monotub  consiste  basicamente
em  uma  caixa  organizadora  transparente  ou  baldes
contendo furos nas laterais. A caixa serve como uma
estufa, mantendo a umidade ideal, e os furos são os
locais por onde ocorrerá as trocas de ar.
Como  vimos  no  capítulo  “Introdução  ao  cultivo”,  o  micélio  dos  cogumelos  produz  muito  CO2
graças aos seus processos metabólicos. Esse CO2 precisa ser expulso na câmara de frutificação,
dando lugar ao ar fresco que entra pelos furos. Em uma câmara como o Monotub, essas trocas
de  ar  ocorrem  de  maneira  passiva  devido  ao  tamanho  reduzido.  O  micélio  produz  calor
(termogênese),  aquecendo  o  ar  acima  do  bloco.  Quando  o  ar  é  aquecido,  ele  se  torna  menos
denso que o ar frio e sobe. Como consequência, o ar frio desce, e esse movimento faz com que o
ar  interno  se  misture  com  o  ar  externo  ao  passar  perto  dos  buracos  do  Monotub.  Além  disso,
pequenas correntes de ar que existem no local onde se encontra essa caixa ajudam nessa troca
de ar. Com isso, as taxas de CO2 de dentro do Monotub ficam dentro da faixa ideal para cultivo
do cogumelo. Pequenos ajustem devem ser feitos como tamanho e quantidade dos furos para se
obter  um  equilíbrio  correto.  Esses  ajustem  devem  ser  feitos  de  acordo  com  a  observação  o
cultivador perante os resultados do cultivo anterior. A cada lote de produção pequenos ajustes
devem ser feitos para maximizar os resultados.
Os  furos  do  Monotub  podem  ser  cobertos  com  materiais
porosos e que permitam a troca de ar, como algodão, manta
acrílica, micropore e muitos outros materiais. Isso impede
a  entrada  de  insetos  e  ácaros,  desejáveis  no  cultivo  de
cogumelos por trazerem diversas contaminações. O cultivador
não deve tapar esses furos de modo a impedir a passagem
correta de ar, com medo de contaminações do ar como esporos
de  fungos  e  bactérias.  Esporos  de  fungos  e  bactérias  JÁ
ESTARÃO no bloco, no ar e na caixa, mesmo que você limpe
o  máximo  possível.  O  cultivador  não  deve  ter  medo  desses
esporos,  sendo  sua  única  preocupação  a  manutenção  correta
dos  parâmetros  de  cultivo  da  espécie  desejada.  Se  o  bloco
colonizado da espécie de cogumelo que você quiser cultivar for
colocada  num  Monotub  com  os  parâmetros  corretos  de  troca
de ar e umidade, ele irá se desenvolver de forma perfeita.

Caso o bloco colonizado seja colocado num Monotub com falta
de oxigenação, o micélio irá morrer ou ficar fraco, e servirá de
comida  para  as  espécies  que  gostam  de  níveis  elevados  de
CO2. Basicamente a luta contra contaminações, nessa fase do
cultivo, se dá através da manutenção dos parâmetros corretos
de cultivo, muito mais do que tentar proteger contra a entrada
de  esporos.  A  proteção  dos  furos  é  apenas  para  evitar  a
entrada de insetos, sem impedir a respiração do sistema.
A umidade da caixa é outro fator a ser considerado. Dependendo da técnica que você irá utilizar
no  Monotub,  a  umidade  se  manterá  sozinha  graças  a  própria  umidade  presente  no  bloco,  e  só
precisará ser reposta após um fluxo de colheita. Vamos a alguns exemplos:
precisará ser reposta após um fluxo de colheita. Vamos a alguns exemplos:

Esse  tipo  de  cultivo  consiste  em  fazer  o  preparo


do  substrato  (mistura,  hidratação  e
pasteurização/esterilização)  e  adicionar
diretamente  no  fundo  da  caixa  Monotub,
misturando  o  substrato  com  a  “semente”
(spawn) do cogumelo desejado. Após alguns dias
a  “semente”  irá  colonizar  o  substrato  e  formará
um  bloco  sólido  e  branco,  e  dali  surgirão  os
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Psilocybe cubensis cogumelos.  Por  ter  uma  massa  grande  de
Psilocybe cubensis "TPB" na técnica monotube
substrato, a própria umidade do bloco fornece
<  Galeria de fotos  >

umidade para a câmara e se mantém nos níveis ideais para o desenvolvimento dos cogumelos.
Lembrando, os cogumelos são 90% feitos de água, e o ambiente onde eles estão crescendo deve
ser bastante úmido. Existe outra técnica que também utiliza uma caixa no estilo Monotub que se
chama PF Tek, onde os blocos de substrato são colonizados dentro de copinhos de vidro ou de
plástico,  e  só  depois  de  colonizados  é  que  são  distribuídos  dentro  da  caixa.  Nessa  técnica  os
bolinhos  não  são  capazes  de  fornecer  a  umidade  correta  para  o  sistema  por  possuírem  uma
massa bem menor que o blocão da técnica anterior, que preenche todo o fundo da caixa.
Essa  técnica  PF  Tek  é  mais  fácil  devido  a
menor  taxa  de  contaminação,  pois  a
colonização  do  substrato  é  feita  inteiramente
dentro  de  um  pote  ou  copo  fechado.  A  vedação
de um pote de azeitona, copo ou pote plástico é
muito  superior  à  vedação  de  uma  caixa
organizadora, por isso as taxas de contaminação
são menores. Para corrigir a umidade nesse tipo
de  técnica  é  possível  manter  um  centímetro  de 1/8
Pleurotus djamor
água  no  fundo  da  caixa,  apoiando  os  bolinhos PF Tek
em  cima  de  pratos  ou  tampas,  de  modo  a  não <  Galeria de fotos  >
encostarem  na  água.  A  técnica  "PF  Tek"  pode
ser muito fácil
para  quem  está  iniciando  no  cultivo  de  cogumelos  pois  as  chances  de  contaminação  são
pequenas. Em breve colocaremos um tutorial completo ensinando a usar as nossas
culturas líquidas para produzir cogumelos, utilizando um esquema bem simples.
Outra  forma  muito  utilizada  é  o  uso  de  perlita,  um
tipo de mineral de origem vulcânica muito utilizado na
composição  de  solos  no  cultivo  de  plantas  “indoor”.
Ele é um material muito leve e poroso, e devido a essa
característica possui uma grande superfície de contato,
o  que  confere  a  ele  um  poder  de  evaporação  muito
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superior  ao  filete  de  água  citado  anteriormente.  Ao
Inoculação
Inoculação usando cultura líquida usar  a  perlita  úmida  no  fundo  da  caixa  o  nível  de
<  Galeria de fotos  >
umidade se mantém próximo dos 99%.
Esse  material  pode  ser  reaproveitado  a  cada  cultivo,  precisando
apenas ser higienizado com água e cloro por alguns minutos antes
de ser lavado apenas com água e devolvido ao fundo da caixa com o
de ser lavado apenas com água e devolvido ao fundo da caixa com o
próximo  lote  de  cultivo.  Depois  de  montar  a  caixa  Monotub  e
colonizar  o  substrato,  a  mesma  deve  ser  colocada  em  um  local
iluminado e com a temperatura correta para o desenvolvimento dos
cogumelos  da  espécie  desejada.  Existem  diversos  tipos  de
gambiarras para ajustar os parâmetros das caixas, como adaptações
com  umidificadores,  lâmpadas,  fitas  de  led,  ventoinhas,  porém  eu
particularmente  desencorajo  qualquer  tipo  de  maluquice
dessas.
As  caixas,  quando  são  feitas  corretamente,  com  a  quantidade  de  furos  corretas,  tamanho  e
localização, funcionam sozinhas, sem a necessidade do emprego de qualquer tipo de tecnologia.
A  temperatura  deve  ser  ajustada  NA  SALA  onde  a  caixa  se  encontra.  A  seguir  segue  alguns
exemplos de cultivos utilizando câmaras de frutificação utilizando caixas plásticas:
Esse estilo de cultivo permite ao cultivador uma
quantidade  razoável  de  cogumelos  em  pouco
espaço,  utilizando  poucos  recursos.  A
temperatura da sala pode ser ajustada utilizando
um  aquecedor  a  óleo  ou  aquecedor
cerâmico,  sendo  o  primeiro  o  mais  econômico
para  períodos  de  longa  duração,  além  de  não
retirar oxigênio do ar. Após o término do cultivo,
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Monotub o  cultivador  deve  higienizar  as  caixas  com
Cultivo empilhado
detergente e bucha nova, seguido de álcool 70.
<  Galeria de fotos  >

Cultivo em pequena escala (EM BREVE)
PRÓXIMO TÓPICO
Fungicultura
Cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais

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APRENDA A CULTIVAR COGUMELOS: PROBLEMAS, CONTAMINAÇÕES E PRAGAS

Cultivar cogumelos é uma eterna batalha na luta contra contaminações. Da mesma forma que os
substratos usados no cultivo servem de alimento para o micélio, também servem como alimento
para diversos outros micro­organismos. Quando esses micro­organismos entram em contato
com o substrato, eventualmente podem se estabelecer, impedindo que o micélio do cogumelo
cresça, prejudicando o cultivo. Descobrir a fonte da contaminação e corrigir o problema pode
impedir que você tenha uma perda de produção. Quando você se depara com uma contaminação
é necessário pensar o que você fez de errado e corrigir o mais rápido possível para que na
próxima vez de tudo certo. Aqui vão algumas dicas sobre as contaminações e de onde elas
podem vir:

1. Do cultivador
2. Do ar
3. Do substrato
4. Das ferramentas utilizadas
5. Do inóculo ("semente", cultura líquida, esporos, etc)
6. Insetos e outros animais

1. Contaminações vindas do cultivador

O corpo humano é cheio de micro­organismos. Muitos organismos vivem no corpo humano,
diversas espécies de fungos, bactérias, vírus e leveduras, além de insetos minúsculos. Cada parte
do corpo possui uma população diferente de micro­organismos. No cultivo de cogumelos os
contaminantes mais frequentes são espalhados através da pele e da respiração. O descamamento
da pele também é uma causa bem comum de contaminações, pois a pele morta é comida para
alguns desses micro­organismos. É por isso que os cultivadores utilizam luvas de látex limpas
com álcool 70 para determinadas tarefas com materiais estéreis. Antes de tocar em qualquer
material estéril lembre­se de limpar as mãos com álcool 70. Toda vez que você tocar em um
material não estéril, limpe as mãos novamente. Eu recomendo fortemente que o cultivador tome
um banho (esfregue bastante as mãos e braços com bucha e sabão para remover pele morta),
vista roupas limpas, utilize luvas limpas com álcool 70 e máscara simples para evitar que
gotículas de saliva ou barba caiam no material estéril. Prender o cabelo também pode ser uma
boa ideia.

2. Contaminações vindas do ar

O ar é cheio de contaminações invisíveis flutuando. O vento carrega diversas partículas e micro­
organismos, que ao caírem em um substrato esterilizado irão contaminá­lo. Quando uma pessoa
organismos, que ao caírem em um substrato esterilizado irão contaminá­lo. Quando uma pessoa
entra em um ambiente estéril, como um laboratório, por exemplo, ela traz consigo diversos
micro­organismos presos ao corpo. Além disso a movimentação da pessoa no laboratório
suspende os micro­organismos que estavam presos no chão do laboratório, trazendo­os para
cima novamente. Um dos métodos para diminuir esse tipo de contaminação é usando uma
antessala, que consiste em uma salinha antes da sala principal. O uso de filtros HEPA para
pressurizar a sala limpa também é fortemente recomendado. Uma boa limpeza das superfícies
da sala também é fortemente recomendado. Esfregue tudo com detergente e bucha, depois
aplique cloro nas paredes, chãos e pias com ajuda de panos limpos e rodos, e álcool 70 para
superfícies mais delicadas. Durante a aplicação do cloro use sempre luvas, máscara para vapores
orgânicos, óculos e roupas protetoras. Luz ultravioleta, também conhecida como luz UVC, são
ótimas ferramentas para esterilização do ar de ambientes. Esse tipo de luz interfere na
replicação do DNA dos organismos vivo, e é eficiente apenas quando atinge o micro­organismo
diretamente. Locais onde a luz ultravioleta não atinge diretamente não serão esterilizados
corretamente, por isso ao fazer uso desse tipo de luz evite objetos desnecessários na sala e
instale a lâmpada num local onde a incidência de luz será mais eficiente. É muito importante
jamais entrar em contato com a luz UVC, ela é prejudicial a saúde do ser humano, podendo
causar queimaduras, cegueira e câncer de pele. Desligue a lâmpada antes de entrar na sala. 

3. Contaminações vindas do substrato

Os materiais utilizados no cultivo de cogumelo carregam diversos tipos de contaminações. Meio
de cultura, grãos, palhas, serragem, todos os materiais utilizados no cultivo possuem
naturalmente esporos de fungos e bactérias, e quando o tratamento de esterilização não é
adequado esses micro­organismos vão causar problemas. No tópico "noções de esterilização" é
possível saber mais sobre essa parte. 

4. Contaminações vindas das ferramentas

Todas as ferramentas utilizadas no cultivo devem ser limpas antes e depois do uso, desde
bisturis, panelas até os frascos utilizados, mesmo antes de esterilizá­los. Para ferramentas que
entrarão em contato direto com o meio de cultivo, como bisturis, o método tradicional é flambar.
Aquecer a lâmina de um bisturi ou agulha de uma seringa no fogo até que fiquem vermelhos
elimina qualquer micro­organismo presente. Depois de flambar não toque com a ferramenta em
lugar algum. Quando você esteriliza materiais usando uma panela de pressão, lembre­se que o
interior da panela e o material nela contida está estéril, porém a parte de fora não. Antes de abrir
para retirar o material estéril de dentro, limpe o exterior da panela com álcool 70 e papel toalha. 

5. Contaminações vindas do inóculo ("semente", cultura líquida, esporos, etc)

O inóculo é o meio por onde o cultivador irá introduzir o fungo no substrato. Bactérias e fungos
podem ser arrastados para esses inóculos, que quando utilizados podem acarretar em
contaminações. O inóculo deve ser testado a cada lote para certificar que estão puros. Somente
adquira inóculo de laboratórios especializados, jamais use material duvidoso para cultivar
cogumelos. 

6. Contaminações vindas de insetos e animais

Insetos podem ser devastadores no cultivo de cogumelos pois muitos pousam em materiais
contaminados e, ao pousar no material estéril destinado ao cultivo de cogumelos,
contaminam com diversos esporos de fungos e bactérias. Animais em geral atuam como veículos
para diversos tipos de contaminações e devem ser evitados ao máximo com o uso de telas de
proteção, armadilhas e todo arsenal disponível. Formigas, moscas, ácaros, gatos, cachorros,
todos devem ser evitados nas áreas limpas do cultivo de cogumelos. Um método para evitar a
entrada de ácaros e outros insetos pequenos é colocando uma bandeja com uma solução de cloro
na entrada do local limpo. Todos que entrarem nesse local devem primeiro limpar o tênis,
pisando na bandeja. Outra dica é o uso de placas ou copos descartáveis amarelos impregnados
com cola entomológica, facilmente comprada no MercadoLivre. Existe um produto a base de
bactérias Bacillus thunriginensis que elimina as larvas das mosquinhas encontradas
frequentemente em cultivos de cogumelos. Essa bactéria é naturalmente encontrada na natureza
e esse produto deve ser aplicado por cima dos sacos durante a colonização e antes de irem para a
sala de frutificação. A seguir entrarei em detalhes sobre os insetos comuns no cultivo de
cogumelos.

INSETOS NO CULTIVO DE COGUMELOS

Cogumelos não servem de alimento apenas para os seres humanos. Diversos outros organismos
se alimentam dos cogumelos e do micélio. Atraídos pelo odor característico do micélio, alguns
insetos pousam no composto e nos cogumelos e depositam seus ovos. Dentro de poucos dias os
ovos eclodem, dando origem as larvas, que se alimentam da matéria orgânica presente. A larva
ocasiona o maior prejuízo, pois ela escava túneis nos cogumelos e prejudicam a aparência do
produto final. Além do problema relacionado a larva, os insetos trazem diversos esporos de
fungos, bactérias e vírus contaminantes, e ao pousar no composto esses esporos podem
germinar e estragar o cultivo. Para garantir que os insetos não proliferem no cultivo, o cultivador
deve tomar certos cuidados. É possível utilizar alguns inseticidas, no entanto deve­se tomar
cuidado no uso desse tipo de produto pois os cogumelos serão destinados a alimentação
humana. Existem produtos naturais que afastam os insetos e medidas preventivas, esses
métodos são os melhores aliados. Abaixo citarei alguns:

1. O tempo de pasteurização do substrato deve ser suficiente para matar todos os estágios de
crescimento do inseto, ou seja, temperatura mínima de 60'C por 2 horas.
2. Após a pasteurização todos os processos devem ser feitos em ambiente limpo. A inoculação e
incubação do composto devem ser feitas em local com tela, protegido contra entrada de insetos e
com armadilhas pegajosas instaladas, feitas com placas amarelas e cola entomológica.
3. Todas as ferramentas, prateleiras e galpões devem ser desinfetados entre uma safra e outra de
produção. Cloro a 2% é eficiente nessa questão, matando inclusive vírus. O uso de calda
bordalesa ajuda a prevenir o mofo. Evite derivados de petróleo. 
4. Compostos velhos e contaminados, restos de cogumelos e matéria orgânica devem ser
removidos das proximidades dos galpões de produção, tendo em vista que esses atraem insetos.
5. A entrada de ar fresco e a saída de ar devem ser protegidos com tela fina contra mosquitos,
lembrando que os insetos que costumam aparecer nas produções de cogumelos são mais finos
que mosquitinho de banana. Certifique­se de que a sala de produção não tenha entradas e
rachaduras por onde os insetos podem entrar. 
6. Em caso de infestação de insetos (mosquinhas, ácaros, besouros) é possível utilizar produtos
de uso agrícola como o Diazinon (diluição 1:500 300ml/m²), Malation (1:100 200ml/m²) ou
Kelthane (1:100 200ml/m²). A aplicação pode ser feita no intervalo de produção (vazio
sanitário) ou durante a produção, dentro e fora da sala de produção ­ Fonte: Bononi et al (1995), Stamets e
Chilton (1983) e Urben e Oliveira (1998)

FUNGOS, BACTÉRIAS E VÍRUS NO CULTIVO DE COGUMELOS

Chamamos de contaminantes (ou competidores) os fungos, bactérias e vírus que podem estragar
qualquer etapa do cultivo de cogumelos. No começo desse tópico expliquei de onde esses
contaminantes podem vir e alguns métodos para evitá­los. Com o tempo o cultivador começa a
perceber que cada etapa do processo de cultivo de cogumelos é afetada mais por determinado
grupo de contaminações. Cultivadores novatos podem ter muito medo das contaminações no
início, mas depois se acostumam e começam a entender de onde elas surgem e como evitá­las.
Anotar todos os passos do processo em um caderno, como tempo de esterilização, temperatura,
material usado, quantidade de água, etc, pode ajudar o cultivador a achar a origem do problema,
além de poder avaliar a produtividade do cultivo. 
Os contaminantes podem ser divididos em dois grupos. Os que atacam os cogumelos são
chamados de patógenos, enquanto que os que atacam o substrato são chamados de
competidores. Em geral os patógenos ocorrem em menor número que os competidores. Nem
todos os fungos e bactérias são prejudiciais ao cultivo de cogumelos. Algumas espécies são
benéficas, e em alguns casos são fundamentais para o cultivo de algumas espécies de cogumelos.
Esses micro­organismos não são chamados de competidores, pois ajudam de alguma forma o
cogumelo. Segue alguns exemplos: Humicola, Torula, Actinomicetos, Streptomicetos, algumas
espécies de Pseudomonas e Bacillus. 
O crescimento desse tipo de micro­organismo é promovido através do processo de
compostagem, sendo os actinomicetos visíveis a olho nu durante as viradas do composto
(manchas brancas). As contaminações variam de tamanho, sendo os vírus os menores micro­
organismos que prejudicam o cultivo (entre 0,01 e 0,2 microns). As bactérias variam de 0,4 a 5
microns, e são visíveis sob microscópio óptico. Os fungos variam de 2 a 30 microns, podem ser
vistos em microscópio óptico e também a olho nu, quando a colônia está grande. 

Chave de identificação para contaminações no cultivo de cogumelo

Essa é uma ferramenta muito simples de utilizar, basta seguir o caminho correspondente as
características da sua contaminação. Comece pelo número 1, leia as características descritas e
selecione a que mais se parece com a sua contaminação. Ao final de cada etapa tem um número,
que corresponde ao próximo nível da chave que você deverá seguir. Ao chegar ao final da
identificação, procure na internet o nome da contaminação e verifique se corresponde ao que
ocorre no seu cultivo.

1a  A contaminação paralisa o crescimento do cogumelo (patógena).............................................2
1b  A contaminação não paralisa o crescimento do cogumelo (competidora)................................7
2a  A contaminação deixa os cogumelos melados e pegajosos, sem a presença de mofo..............3
2b  A contaminação deixa os cogumelos com uma fina camada de mofo.......................................4
3a  Gotículas se formam no chapéu e haste, mas sem lesões. Eventualmente os cogumelos viram
uma massa esponjosa esbranquiçada.............................................organismo não identificado
3b  Chapéu não fica como o anterior, porém se formam manchas marrons que crescem, as vezes
formando um mofo cinza gosmento. Eventualmente os cogumelos se desintegram formando
uma massa gosmenta...............................................................Pseudomonas tolassi
(bactéria)
4a   Contaminação começa branca densa e depois fica esverdeada  ................................................
..................................................Trichoderma viride, Trichoderma koningii (bolor
verde)
4b  Não é como o
4a.............................................................................................................................5
5a  Contaminação aparece na camada de cobertura como uma teia de aranha ou algodão, que
cresce rapidamente..................................................................Dactlyium dendroides
(cobweb)
5b  A contaminação ataca o cogumelo mas raramente aparece na camada de cobertura.............6
6a  A contaminação transforma cogumelos pequenos em uma massa redonda amorfa da qual
brota líquidos cor âmbar quando cortado. A haste do cogumelo não descasca ...............................
............................................................................................Mycogone pernciosa (bolha
úmida)
6b  A contaminação afeta os cogumelos como o 6a, porém não solta líquido âmbar ao corte. A
haste do cogumelo normalmente descasca ou descama ....................................................................
........................................................................................Verticillium malthousei (bolha
seca)
7a  A contaminação é outro cogumelo, cujo chapéu derrete numa tinta preta conforme
envelhece.................................................................................. Coprinus spp. (chapéu de
tinta)
7b  Contaminação não é como
7a.......................................................................................................8
8a  Contaminação é rosa ou avermelhada, ficando roxa conforme envelhece...............................9
8b  Contaminação não é como
8a....................................................................................................14
9a  Ocorre no composto ou na camada de cobertura
(casing).......................................................10
9b  Ocorre no meio de cultivo com ágar ou nos grãos da "semente".............................................11
10a  Micélio cresce rápido, aéreo e não possui uma textura de congelado. Com o tempo se torna
rosado................................................................................................Neurospora sp. (mofo
rosa)
10b  Micélio cresce devagar e com textura de congelado, tornando­se avermelhado conforme
envelhece..............................................................................................Geotrichum (mofo
batom)
11a  Micélio do contaminante não é bem desenvolvido, quase invisível a olho nu, as vezes com
aspecto
gelatinoso..............................................................................................................................12
11b  Micélio do contaminante é bem desenvolvido e visível a olho nu, não se parece com
gelatina...............................................................................................................................................1
3
12a  Mais frequente em meio de cultura de ágar................................Cryptococcus (levedura)
12b  Mais frequente em grãos na "semente"................................Fusarium (mofo amarelado)
13a Micélio cresce rápido e aéreo...................................................Neurospora sp. (mofo
rosa)
13b Micélio cresce devagar........................................................Trichothecium sp. (mofo
rosa)
14a Contaminante
gelatinoso............................................................................................................15
14b  Contaminante em forma de mofo ou
micélio...........................................................................17
15a  Sem mobilidade (visível no microscópio). Não é afetado por antibiótico como sulfato de
gentamicina.............................................................................................Cryptococcus
(levedura)
15b  Móvel (visível no microscópio). Crescimento afetado por
antibiótico...................................16
16a  Células em formato de cajado. Gram­positivas (coradas de violeta quando fixadas com
solução de iodo....................................................................................................Bacillus
(bactéria)
16b  Formato das células variado. Gram­negativas (não coram de violeta quando fixadas com
solução de iodo......................................................................................Pseudomonas
(bactéria)
17a  Contaminante em forma de mofo
verde...................................................................................18
17b Contaminante em forma de mofo
preto....................................................................................20
17c  Contaminante em forma de mofo
marrom..............................................................................24
17d  Contaminante em forma de mofo
amarelo..............................................................................25
17e  Contaminante em forma de mofo
branco................................................................................28
18a  Forma rebarbas brancas normalmente com cor verde oliva.......Chaetomium olivaceum
18b  Não é como o
18a.......................................................................................................................19
19a  Mofo normalmente de cor azulada.................Penicillium spp. (mofo azul
esverdeado)
19b  Mofo normalmente verde ou amarelado............................Aspergillus spp. (mofo
verde)
19c  Mofo em formato de floresta verde..................................Trichoderma spp. (mofo
verde)
19d  Mofo verde escuro.............................................Cladosporium spp. (mofo verde
escuro)
20a  Colônia densa, parecido com o Penicillium mas não é aéreo................................................21
20b  Colônia aérea mas não é parecido com Penicillium.............................................................22
21a  Esporos grandes (20 microns), alongados e com ornamentos
..................................................
.........................................................................................................Alternaria spp. (mofo
preto)
21b  Esporos esféricos, sem ornamentos e pequenos (até 5 microns)...............................................
.......................................................... ......................................................Aspergillus (mofo
preto)
22a  Mais frequente no composto, lembrando um bigode preto.......................................................
........................................................................................Doratomyces stemonitis (mofo
preto)
22b  Mais frequente em meio de cultura de ágar, aparência de mofo com pintinhas pretas..... 23
23a  Conidióforo parece inchado no ápice, parcialmente coberto por uma membrana...................
......................................................................................................................Rhizopus (mofo
preto)
23b  Conidióforo diferente do 23a, ápice totalmente coberto por uma membrana ........................
...........................................................................................................................Mucor (mofo
preto)
24a  Mofo desenvolve massas de células em forma de talão. Não produz frutos em formato de
copo.................................................................................Papulospora byssina (mofo
marrom)
24b  Mofo diferente do 24a, com frutos em formato de copo.............Botrytis (mofo
marrom)
25a  Mofo forma uma camada parecida com cortiça entre a camada de cobertura (casing) e o
composto............................................Chrysosporium luteum (doença do tapete
amarelo)
25b  Mofo não forma uma camada parecida com
cortiça..............................................................26
26a  Não ocorre no composto.........................................................Epicoccum (mofo amarelo)
26b  Frequentemente visto no composto mas não exclusivo........................................................27
27a  Esporos largos, excedendo 5 microns e de dois tipos......Sepedonium (mofo amarelo)
27b  Esporos pequenos, menores que 5 microns, ovóides, formados em uma estrutura que
lembra uma cabeça no ápice de uma haste.........................Aspergillus spp. (mofo amarelo)
28a   Micélio que lembra gesso.....................................Scopulariopsis (mofo branco gesso)
28b  Micélio não lembra
gesso.........................................................................................................29
29a  Esporos se formam de hifas em cadeia...........................Monilia (mofo farinha branca)
29b  Esporos ausentes, não se formam das hifas................................................Mycelia sterilia
 

Manual de boas práticas para cultivadores de cogumelos

O sucesso do cultivo de cogumelos está ligado ao manejo diário das salas de cultivo. O ambiente
onde os cogumelos nascem está em constante mudança, e é necessário atentar­se aos detalhes.
Alguns acontecimentos podem desencadear um prejuízo no cultivo e, as vezes, danos
irreparáveis em todo o lote de produção. O trabalho diário dos funcionários no cultivo impactam
de forma significativa a produção dos cogumelos. Com pequenas regras sendo seguidas e uma
metodologia bem definida e padronizada, a produção pode atingir o máximo da capacidade. É
altamente recomendado ter uma rotina diária e semanal de tarefas destinadas a manutenção da
produção. Abaixo podemos conferir algumas dicas:

Mantenha a higiene pessoal: Tome banho todos os  dias e vista roupas limpas. Odores corporais
são resultado de colônias de bactérias do corpo. Evite contato com mofo, terra, animais de
estimação, etc. Os trabalhadores devem lavar as mãos com sabão antes de manipular objetos
utilizados no cultivo. As pessoas responsáveis pela colheita e processamento dos cogumelos
colhidos devem lavar as mãos com sabão e ainda usar luvas.

Mantenha uma rotina de limpeza: Uma atenção deve ser dada a limpeza antes e após um lote de
produção para remover resíduos orgânicos, como restos e cogumelos e composto. Os resíduos da
produção de cogumelos devem ser removidos para um local afastado das salas de produção. 

Use um lava pés na entrada das salas de cultivo: Pisar numa bandeja contendo desinfetante com
o tênis antes de entrar na salas de cultivo ajuda a não trazer contaminações para dentro da
produção. O desinfetante da bandeja deve ser trocado todos os dias.

Coletar dados de temperatura e umidade diariamente: É importante ter um caderno com dados
relacionados a temperatura e umidade ao longo dos dias durante o cultivo. Esses dados devem
ser coletados de preferência duas vezes ao longo do dia, sempre no mesmo horário. O perfil de
temperatura é importante na hora de prever o tempo de incubação e colheita, e também na hora
de fazer uma relação entre o número de pragas (como mosquinhas) e a estação do ano. Para
cultivo de Pleurotus, por exemplo, a umidade ideal gira em torno de 90%. 

Remova sacos contaminados uma vez por dia: Uma vez que o trabalhador removeu um saco
contaminado de dentro da sala de cultivo, ele deve ter consciência de que está cheio de esporos
pelo corpo todo. Caso um trabalhador mexa com alguma contaminação, ele estará inapto a
entrar em contato com material susceptível a contaminação, como por exemplo composto recém
esterilizado ou pasteurizado e salas de incubação. Por isso a remoção de blocos contaminados
deve ser feita, preferencialmente, no final do dia, quando os trabalhos se encerram. 

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