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O Livro Tibetano dos Mortos, hoje bastante conhecido no Ocidente, constitui apenas
parte de um ciclo completo de ensinamentos oferecidos pelo notável mestre
Padmasambhava, considerado pelos tibetanos como o segundo Buda que levou o
budismo para o Tibete e a região do Himalaia.
O verdadeiro título do chamado Livro Tibetano dos Mortos é: A grande libertação por
meio da audição no bardo.
2 - Dharmata - A essência das coisas tais como elas são, quando a natureza da
consciência se manifesta sob forma de visões;
Segundo o budismo, a mente tem dois aspectos: A mente ordinária, trata o sentido do
eu, como gostaríamos que continuasse, pois ela é a única indicação que temos de nossa
existência.
Se quiserdes conhecer vossa vida passada, olhai para vossa condição presente; se
quiserdes conhecer vossa vida futura, olhai para vossas ações presentes”(Buda). A
palavra karma significa ação, cada uma de nossas ações é dotada de poder e está grávida
de suas conseqüências.
O carma afeta nossas mentes, o que, por sua vez, afeta nossas ações e nossa vida.
A única maneira de por fim a esse ciclo é interrompê-lo. No ponto exato em que o
cortamos está o começo e o fim. Nesse momento começa a cessar a nossa confusão.
O primeiro passo para interromper o ciclo do Samsara é tornar-se mais atento e sereno.
A atenção é desenvolvida disciplinando a mente na meditação. O estado desperto da
atenção esclarece a percepção e elimina o obscurecimento.
As mudanças, ou pequenas mortes que ocorrem com tanta freqüência em nossas vidas,
constituem um elo vivo com a morte real, incitando-nos a abrir mão, a desistir. Podemos
com treinamento, perceber a verdadeira natureza de nossa mente e na transição e
incerteza da mudança está a oportunidade para despertar.
Assim, para um indivíduo, mais importante que uma prova científica da sobrevivência
após a morte é a questão do que realmente significa para ele a sobrevivência.
A prática mais enfatizada na tradição budista é a do abrir mão dos apegos, dos
condicionamentos e dos hábitos que constituem o nível enevoado da mente.
O budismo ensina que, quando morremos, tudo que acumulamos na memória durante
esta vida desaparece por completo e que, quando renascemos, desenvolvemos uma nova
memória. Entretanto, o carma fica registrado como caráter ou disposição fundamental
de uma pessoa, afetando todo o seu ser.
O Livro Tibetano dos Mortos descreve oportunidades de libertação nos três bardos da
morte, que é destinado a ser lido para uma pessoa agonizante que tenha se dedicado às
práticas e esteja habituada a essa tradição.
Se vamos ajudar uma pessoa que em vida não teve nenhuma experiência espiritual que a
apoiasse, nossa confiança e força espirituais poderão trazer à tona sua essência
espiritual. O amor pode ajudar as pessoas a aceitar a morte.
As pessoas cujas energias estão cerradas devido ao carma, as que não tenham feito
práticas espirituais podem permanecer bastante tempo nesse estado de escuridão depois
de desfalecer.
Para a maioria dos ocidentais, as visões detalhadas no Livro Tibetano dos Mortos
podem parecer estranhas e exóticas. Sendo constituídas dos mesmos elementos e
componentes psicológicos, todos, de uma forma ou de outra experimentam visões e
todos as experimentarão sob forma que lhes sejam mais familiares, de acordo com seu
condicionamento cultural. Entretanto, o importante é a maneira da pessoa relacionar-se
com elas e não a forma que elas possam assumir.
Quando uma pessoa não consegue obter a libertação por não reconhecer esses
fenômenos como suas próprias projeções, as visões se dissolvem. Então, a consciência
abandona o corpo e prossegue sua jornada para dentro do bardo do vir-a-ser.
Quando o morto não tem consciência que morreu, tenta conversar com a família,
ficando imensamente aflito por não receber nenhuma resposta. Finalmente, ao ver seus
parentes chorando, removendo objetos que lhe pertenciam, não colocando seu lugar à
mesa, compreende que morreu. Verifica também que pode ver e conversar com os
inúmeros viajantes que vai encontrando no mundo do bardo.
Por ser a consciência tão extremamente leve e móvel na experiência do bardo, qualquer
pensamento que surja, seja ele bom ou mau, é bastante poderoso, de modo que o livro
tibetano dos mortos incita a consciência do morto a se precaver contra pensamentos
impuros, tais como sentimentos agressivos, medo e apego aos seus antigos bens.