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Campus Chácara II
Campus Chácara II
São Paulo – 2022
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO........................................................................................................04
2.
PROCEDIMENTO ..................................................................................................07
3.
DISCUSSÃO...........................................................................................................10
4. CONCLUSÃO.........................................................................................................15
5. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................17
6. ANEXOS.................................................................................................................19
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1. INTRODUÇÃO
beijos entre tutor e seu animal de estimação e cuidados todo comportamento de dar
comida, água, proteger do sol ou da chuva.
Outros comportamentos observados, em menor percentual, foram vestir o
animal, brincar, praticar esporte, conversar com o animal e tirar selfie. Houve
também poucas observações de maus-tratos, com 3 relatos encontrados. Sabemos
que existem maus-tratos contra animais e talvez se as observações se
concentrassem em locais privados ou periféricos poderíamos encontrar um número
maior.
Os comportamentos mais observados vão de encontro com pesquisa
realizada pela Radar Pet 2021, que aponta que tutores de cachorros tendem a
perceber os animais como filho, com um crescimento de 7% em relação a 2019. Já
os que percebem os cachorros como membro da família cresceram 3% também em
relação de 2019. E a percepção que está em queda é justamente a de ver o
cachorro somente como um bicho de estimação, caindo 16% em relação a 2019.
É possível relacionar o crescimento da indústria pet com essa percepção
crescente de ver o animal como um filho ou membro da família. De acordo com
dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação) a indústria Pet foi uma das indústrias que não sofreu durante a
pandemia, pelo contrário, ela teve um crescimento de 13,5% no ano de 2020 e um
faturamento de 35,8 bilhões de reais em 2021. Ao considerar os animais como
família, o consumo de produtos para eles também cresce, não só em quantidade,
mas também na qualidade deste produto.
Ainda de acordo com a Abinpet, o crescimento foi de 33% em pet food
(alimentos), 14% em pet care (produtos de cuidado e higiene) e 11% em pet vet
(remédios e clínicas veterinárias).
Outro dado importante de destacar, extraído da pesquisa da Radar Pet de
2021, aponta que o perfil de pessoas que adquiriu um pet se divide entre uma
pessoa que mora sozinha ou um casal sem filho. Podemos relacionar este dado com
os dados do IBGE de 2019, que aponta que a cada 100 famílias, 44 possuem animal
de estimação contra 36 que possuem crianças de até 12 anos. Ou seja, já temos
mais famílias com animais de estimação do que com crianças, reforçando ainda
mais a percepção dos animais serem vistos como filhos ou membros da família.
A nossa conexão com os animais percorre toda a história humana, desde a
pré-história cães ajudam na caça e os gatos afastam os ratos. Se antes eram
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2. PROCEDIMENTO
3. DISCUSSÃO
Embora ainda não exista uma teoria voltada exclusivamente para o vínculo
entre humanos e seus animais de estimação, a Teoria do Apego de John Bowlby
tem sido a mais utilizada para explicar essa relação.
Essa teoria começou a ser elaborada na metade do século XX e tem como
fundamento que todos os seres vivos, humanos e animais, possuem uma inclinação
natural para construir vínculos afetivos. Teoria essa que era contra a ideia vigente da
época, de que os laços formados pela mãe e o bebê eram mantidos apenas pela
necessidade de alimentação:
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Naquele tempo, era largamente aceito que a razão pela qual a criança
desenvolve um forte laço com sua mãe é o fato de que esta a alimenta. Dois
tipos de impulso são postulados, primário e secundário. O alimento é tido
como primário; a relação pessoal, referida como “dependência”, como
secundário. Essa teoria não me parecia se adaptar aos fatos. Por exemplo,
se isso fosse verdade, uma criança de um ano ou dois deveria prontamente
aceitar quem quer que a alimentasse e isso, claramente, não era o caso.
Uma teoria alternativa, da escola húngura de psicanálise, postulava uma
relação objetal primitiva desde o início. Em sua versão mais conhecida,
aquela defendida por Melaine Klein, o seio materno é postulado como o
primeiro objeto e a maior ênfase é dada ao alimento, à oralidade e à
natureza infantil de “dependência”. Nenhum desses dados coincidiam com
minha experiência com crianças (BOWLBY, 1989, p. 37)
Para Bowlby o vínculo não estaria ligado a necessidade de alimentação do
bebê ou à pessoa que o alimenta, mas sim à pessoa que cuida dele, que demonstra
comportamentos de afeto com este bebê. Seus estudos foram fundamentados na
psicologia do desenvolvimento, psicanálise, na biologia e na etologia e
profundamente relacionados com as consequências da Segunda Guerra Mundial.
Uma vez que nascemos com essa inclinação natural para construir vínculos
afetivos, sem um adulto com o qual a criança possa construir esse vínculo, o
desenvolvimento dela será prejudicado, já que ela será incapaz de experimentar
uma base segura e, dessa maneira, se sentir amada e protegida:
[...] o que se acredita ser essencial à saúde mental é que o bebê e a criança
pequena tenham a vivência de uma relação calorosa, íntima e contínua com
a mãe (ou mãe substituta permanente – uma pessoa que desempenha,
regular e constantemente, o papel de mãe para eles), na qual ambos
encontrem satisfação e prazer. É esta relação complexa, rica e
compensadora com a mãe, nos primeiros anos, enriquecida de inúmeras
maneiras pelas relações com o pai e com os irmãos, que os psiquiatras
infantis e muitos outros julgam, atualmente, estar na base do
desenvolvimento da personalidade e saúde mental (BOWLBY, 2020, p.3-4).
A capacidade de desenvolver laços emocionais com outras pessoas,
segundo Bowlby (1989), é fundamental para o pleno funcionamento da saúde mental
e da personalidade e por isso as figuras de apego são importantes não só na
infância mas em todas as fases do ser humano.
Fica claro, através dessa breve explicação sobre a Teoria do Apego, que ela
é essencial para compreender o papel dos relacionamentos e porque ela é tão
utilizada para explicar o vínculo com os animais de estimação. De acordo com
Bowlby:
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[...] não sentimos amor e nem pesar por um ser humano qualquer, mas
apenas por um ou alguns seres humanos em particular. O núcleo daquilo
que eu chamo de “vínculo afetivo” é a atração de que um indivíduo sente
por um outro indivíduo (BOWLBY, 2006, p.95-96, grifo do autor).
Seria possível então estender esse “vínculo afetivo” para os próprios animais
de estimação, com os quais, através das nossas observações, conseguimos
registrar comportamentos de apego:
Ela, sentada num banco, conversava com o animal como se ele realmente
pudesse compreender de forma racional todo o diálogo, trocando assuntos
longos sobre respeito dos filhos e da vida. (Angel Santana, 09/10/2022)
No momento que cheguei havia um pequeno cachorro branco da raça spitz
alemão, ele havia acabado de tomar banho e a dona estava escolhendo
uma roupinha para ele. Acredito que era uma fêmea, visto que a roupa
escolhida foi um vestido azul com corações. A dona, uma mulher de
aparentemente 50 anos, estava eufórica com sua cachorra, chamando ela
de filha e princesa, dando beijos e tirando fotos. (Simone Almeida,
04/09/2022).
Fica evidente nos registros de observação os mesmos comportamentos de
apego encontrados por Bowlby, é possível verificar a preocupação dos donos com
seus animais de estimação, a busca por proximidade e principalmente o cuidado,
que é um comportamento complementar ao comportamento de apego pois, segundo
Bowlby (1989) só há vínculo com aquele que oferece algum tipo de cuidado.
Os animais de estimações proporcionam sentimento de bem-estar, de
companhia, de leveza, de distração em relação aos problemas, além da troca de
carinho existente com seu dono, que vai fortalecendo essa relação conforme os
anos. Além disso, contribuem também para a relação com outras pessoas,
fornecendo uma base segura para que os donos explorem essas relações.
Pode ser que, justamente por serem uma fonte constante de afeto, que essa
relação tenha alcançado novos patamares, com os animais de estimação cada vez
mais se tornando membros da família e sendo vistos como “filhos”.
O animal de estimação vai perdendo então suas funções originais (cão de
guarda, de caça, de ajuda no campo, de transporte), e adquire este novo lugar, hoje,
nas famílias, promovendo um estreitamento de laços afetivos com o homem.
Relacionando com a teoria de outro autor que iria dar sentido ao alerta para
a crescente fragilização das relações sociais e afetivas em nosso mundo moderno,
Zygmunt Bauman (2001), nos traz o momento de vida da sociedade atual, onde
encontramos a fragilidade dos relacionamentos em tempos de rápidas mudanças e
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4. CONCLUSÃO
Uma prática social possível e que consideramos que poderia ser muito
efetiva seria a de incluir animais de estimação no convívio com os idosos.
De acordo com a Psicologia do Desenvolvimento e Ciclo Vital, a fase da vida
adulta tardia (dos sessenta e cinco anos adiante), é a fase com maior declínio da
saúde e das capacidades físicas, com deterioração da inteligência e da memória e
muitas vezes vem acompanhada da solidão. É uma fase onde se tem um contato
maior com a perda, de amigos que já se foram, de familiares que vão se afastando,
da própria autonomia de gerenciar sua vida. Por isso mesmo é também uma fase de
maior busca por significado para a sua vida.
Desta maneira, entendemos que incluir no dia a dia desse idoso o cuidado
com um animal de estimação poderia suprimir o sentimento de solidão, através da
companhia deste animal, além de outros sentimentos positivos que surgiriam através
do vínculo a ser formados por eles. A necessidade de cuidar daquele animal, de
alimentar, de conversar, de dar colo e aconchego, poderia aumentar a percepção de
autonomia, de responsabilidade e com isso trazer um novo significado para a vida
daquele idoso.
Essa prática poderia se dar tanto nas próprias instituições que cuidam
exclusivamente de idosos, quanto em lares familiares onde o idoso mora sozinho ou
permanece sozinho na maior parte do tempo.
Existem centenas de animais abandonados que, uma vez cuidados e
prontos para serem adotados, poderiam auxiliar nessa fase tão carente de contato
com outras pessoas e melhorar ainda mais sua qualidade de vida.
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● 5. BIBLIOGRAFIA
VIEIRA, M. (2016) Quando morre o animal de estimação: um estudo sobre luto. São
Paulo: Pontífica Universidade Católica de São Paulo.
Quais países tem mais animais de estimação? Super Interessante 2022. Disponível
em: Quais países têm mais animais de estimação? | Super (abril.com.br)
Animais de estimação aliviam o estresse. Revista Veja. 2010. Disponível em: Animais
de estimação aliviam estresse, diz estudo | VEJA (abril.com.br)
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Ciência: donos de animais felizes e saudáveis. Meus animais. 2015. Disponível em:
Donos de animais: felizes e saudáveis (meusanimais.com.br)
ANEXO 01
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ANEXO 02
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ANEXO 3