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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRB

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

ANDRÉ MARTINS SILVA

USO DE DROGAS ILÍCITAS PELOS ADOLESCENTES NO


BRASIL: DESAFIOS PARA REINSERÇÃO NO MEIO SOCIAL

Juazeiro-BA
2023
ANDRÉ MARTINS SILVA

USO DE DROGAS ILÍCITAS PELOS ADOLESCENTES NO


BRASIL: DESAFIOS PARA REINSERÇÃO NO MEIO SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Serviço Social, do Centro Universitário
UNIRB, como requisito parcial para a
conclusão da disciplina de TCC I.
Professor (a) de TCC I: Dra. Francianne
Oliveira Santos
Professor Orientador (a): Dra. Francianne
Oliveira Santos

Juazeiro-BA
2023
SUMÁRIO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL .................................................... 1


ANDRÉ MARTINS SILVA ............................................................................................ 2
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
1.2 PROBLEMA ...........................................................................................................4
1.3 HIPÓTESE .........................................................................................................................4
1.4 OBJETIVOS ...........................................................................................................4
1.4.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 4
1.4.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 4
1.5 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 4
2 METODOLOGIA ...................................................................................................... 5
3 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................6
3.1 AUMENTO DA ACESSIBILIDADE DO USO DE DROGAS ILÍCITAS....................9
3.2 TRATAMENTO E REINSERÇÃO NO MEIO SOCIAL ......................................... 11
3.3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO FORTALECIMENTO DO VÍNCULO FAMILIAR .........13
3.4 DEPENDÊNCIA E CONSEQUÊNCIAS DO USO DE DROGAS ILÍCITAS ...........16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 18
5 CRONOGRAMA .....................................................................................................19
REFERÊNCIAS .........................................................................................................20
4

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA: Uso de drogas ilícitas pelos adolescentes no Brasil: desafios para
reinserção no meio social

1.2 PROBLEMA: Por que os casos de adolescentes usuários de drogas ilícitas


aumentaram no Brasil e quais os principais desafios para a reinserção no meio
social?

1.3 HIPÓTESE: Porque atualmente os adolescentes tendem a ter fácil acesso as


substâncias psicoativas ilícitas e a dificuldade de reinserção na sociedade está
ligada a fatores sociais, familiares e econômicos.

1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral:
 Analisar as opiniões dos autores frente ao aumento do uso de drogas ilícitas
pelos adolescentes e os desafios para reinserção desses no meio social.
1.4.1 Objetivos específicos
 Investigar fatores associados ao aumento da acessibilidade do uso de drogas
ilícitas pelos adolescentes no Brasil.
 Relatar sobre as dificuldades de reinserção no meio social encontradas pelos
adolescentes usuários de drogas ilícitas no Brasil.
 Investigar fatores associados ao enfraquecimento do vínculo familiar na
adolescência.
 Sondar fatores que levam os adolescentes a se tornarem dependentes do uso
de substâncias psicoativas ilícitas.

1.5 JUSTIFICATIVA

A dependência química pelo uso de drogas ilícitas dos adolescentes é um fator


alarmante na vida social, familiar, econômica e profissional, isso porque afeta
diretamente as relações ligadas ao processo de formação e aceitação do indivíduo
em sociedade. O uso de drogas está ligado aos diversos fatores como: pertencimento
de grupo, que para o jovem se inserir em determinados meios, é necessário que faça
o uso de drogas para ser aceito, pode se relacionar ao desejo de fuga, que é muito
recorrente na adolescência, uma fase de formação de pensamentos, instabilidades, e
até mesmo a estrutura familiar permissiva, sem contar que na sociedade
contemporânea o acesso às substâncias químicas lícitas e ilícitas é de uma facilidade
extremamente chocante. O Assistente Social frente à realidade de reinserção dos
mesmos em sociedade, tem papel importante na implementação de políticas públicas
e ações educativas que visem minimizar o aumento de novos usuários, corroborando
5

também para o processo de ressignificação e ressocialização dos adolescentes que


iniciaram e não entendem os problemas que serão postos a partir do uso, até evoluir
para a dependência. Um estudo desenvolvido em uma unidade de reabilitação de
adictos de um hospital psiquiátrico do Estado do Paraná com 30 dependentes
químicos investigou sua iniciação na droga, e 70% deles afirmaram ter-se iniciado no
meio familiar. Portanto, os profissionais de Serviço Social de caráter urgente, devem
articular ações de prevenção, tratamento e reinserção social dos adolescentes
vitimados pelas drogas ilícitas, além de seus familiares, reconhecendo e legitimando
os direitos fundamentais inerentes a estas e a todas as pessoas que historicamente
são negligenciadas, subordinadas e marginalizadas socialmente.
O papel de reinserção vai muito além e está diretamente relacionado a diversos
fatores sociais que façam com que adolescentes não procurem ou entrem novamente
nesse mundo das drogas, assim os programas sociais juntamente com profissionais
engajados nessa luta, de promover debates e ações inerentes frente ao Estatuto da
Criança e do Adolescente, promover campanhas de cunho a despertar o interesse
dos jovens nos estudos, esportes, cultura, bem-estar social, inclusão, despertando
talentos e os dispersando da marginalização. Criando estratégias na reeducação
familiar, onde é cabível a elaboração de programas que fortaleçam os vínculos
familiares, o enfretamento da pobreza e da questão social, violência doméstica,
oportunidade de empregos, geração de renda própria, através de recursos criados
pelos talentos que surgem nas comunidades.

2 METODOLOGIA

Será realizado uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa e


descritiva sobre o Tema Uso de Drogas Ilícitas pelos Adolescentes no Brasil: desafios
para reinserção no meio social. Serão aplicados às seguintes palavras-chave:
Desafios, Reinserção, Drogas Ilícitas e Adolescentes. As linguagens usadas
representam a portuguesa e a inglesa. A pesquisa será desenvolvida explorando os
seguintes bancos de dados: Google Acadêmico, Scielo Brasil, Livros, Revista e Tese.
Nessa análise serão selecionados vários artigos incluindo assuntos referentes ao
objetivo geral do tema; matérias sobre o contexto histórico, sobre os problemas
decorrentes do uso de drogas ilícitas pelos adolescentes. Fez-se necessário evoluir a
6

pesquisa tomando como base, períodos inferiores aos últimos dez anos; o motivo foi
a relevância do Contexto Histórico do uso de Drogas por esse Público-alvo.

3 REVISÃO DE LITERATURA

Ao longo dos anos, a concepção a respeito das drogas sofre modificação. No


século XIX, a cocaína, por exemplo, era comercializada em farmácias, para dor nos
dentes ou como um medicamento para a cura da dependência em álcool e morfina.
No Brasil, a comercialização da mesma foi vedada em 1921, devido a um tratado
assinado em 1921 na Convenção Internacional do Ópio, que ocorreu na Holanda.
Contudo, o processo pode se dar inverso também, como é o caso da maconha, em
que, desde o seu início, a utilização é ilegal, sendo possível visualizar na atual
conjuntura alguns países que permitem o uso de forma recreativa, para pesquisas
científicas e/ou fins medicinal (SILVEIRA; DOERINGSILVEIRA, 2017).
O fenômeno da droga tem sido alvo de interesse no campo científico e em
diversos setores da sociedade, seja como reforçador de políticas proibicionistas ou
por sua legalização. O certo é que o olhar sobre tal fenômeno deve reconhecê-lo como
multideterminado por diversos componentes: biológicos, psicológicos, sociais e
culturais. ( MESTRANDA SAMKYA FERNADES DE OLIVEIRA ANDRADE, USO DE DROGAS E ATO
INFRACIONAL: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI).
Hoje, alerta NONTICURI (2010), tem-se no Brasil, assim como em outros
países, um grande número de drogas incluindo as consideradas ilícitas e aqueles que
fazem uso destas são associados diretamente ao ato criminoso, sendo excluídos da
sociedade. O adolescente por sua vez é inserido em um contexto social vulnerável,
devido a um processo histórico já vivenciado e exposto na sociedade atual.
A respeito desta vinculação entre droga, criminalidade e exclusão social, é
possível constatar múltiplos discursos que perpassam a problemática do adolescente
em conflito com a lei, especialmente nos meios de comunicação com matérias
sensacionalistas sobre o quão “perigoso” é o adolescente que comete infração ou o
quão insustentável é andar nas ruas sem ser impelido por um deles. No entanto, pouco
se faz em termos de cuidado ou propostas intervencionistas pois, se o lugar de
exclusão é tomado pelo usuário de droga, ainda mais é aquele que, somado ao uso
de drogas, comete infração (MELO, 2013).
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A influência de amigos para o uso de drogas, por sua vez, pode ocorrer
inicialmente pela pressão dos pares ou ainda pela necessidade de se sentir
pertencente ao grupo. De acordo com PEREIRA E SUDBRACK (2008) a droga atua,
nesse contexto, como facilitadora de vínculos e promove a formação de uma imagem
e identidade grupal. As drogas atingem diretamente o meio social, abrem um leque de
consequências psicológicas e comportamentais, tornando uma barreira de
impedimento construtivo na fase da adolescência.
O uso de substâncias altera mecanismos cerebrais responsáveis pelo humor,
pela memória, pela percepção, pelos estados emocionais e pelos controles finos de
vários comportamentos. O uso regular de drogas modifica a estrutura cerebral, que
pode demorar anos para voltar ao normal. Essas modificações de vários circuitos
cerebrais são responsáveis pelas distorções cognitivas e emocionais que
caracterizam as pessoas dependentes. É como se o uso de drogas modificasse os
circuitos de controle da motivação natural, tornando esse uso quase a única prioridade
do indivíduo. (RONALDO LARANJEIRA, LEGALIZAÇÃO DE DROGAS E A SAÚDE PÚBLICA DRUGS
LEGALIZATION AND PUBLIC HEALTH)

Daí́ a importância de uma atuação preventiva com vistas a evitar a doença e


promover a saúde. A realidade brasileira sobre investimento de recursos e políticas
públicas direcionadas à prevenção e ao uso de substâncias psicoativas mostra-se
insipiente e, por que não dizer, ingênua. Se a verba destinada pelo governo federal
para o enfrentamento do crack, no total de R$ 4 bilhões até́ 2014, conseguisse tratar
e recuperar os atuais dependentes dessa droga, isso ainda não iria resolver o
problema, porque logo apareceriam outros usuários. O risco de tornar-se usuário de
drogas envolve a relação entre o número e o tipo de fatores de risco como por exemplo
atitudes e comportamentos desviantes e os fatores de proteção, como por exemplo o
apoio familiar. O impacto potencial de fatores de risco específicos e de fatores de
proteção sofre mudanças com a idade. Por exemplo, os fatores de risco familiares têm
um impacto maior sobre a criança mais nova, enquanto a associação com pares que
abusam de drogas pode ser um importante fator de risco na adolescência. A
intervenção precoce com fatores de risco como por exemplo o comportamento
agressivo e baixo autocontrole muitas vezes têm um impacto maior do que uma
intervenção que visa mudar a trajetória de vida da criança afastando-a dos problemas
e expondo-a a comportamentos positivos. Embora os fatores de risco e de proteção
possam afetar pessoas de todas as faixas etárias, podem ter um efeito diferente
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dependendo da idade, do gênero, da raça, da cultura e do meio ambiente em que a


pessoa vive. Programas de prevenção para famílias devem fortalecer os laços
familiares, bem como seu relacionamento, incluindo competências parentais,
discussão sobre a postura da família em relação ao abuso de substâncias, informação
e educação. O vínculo familiar é o alicerce da relação entre pais e filhos. O
fortalecimento do vínculo pode se dar por meio de treinamento de habilidades,
melhora da capacidade de comunicação e envolvimento parental entre pais e filhos.
O acompanhamento e a supervisão dos pais são essenciais para prevenir o abuso de
drogas. Essas habilidades podem ser melhoradas com treinamento, técnicas para
monitoramento, elogios para o comportamento adequado e disciplina moderada e
consistente que reforce as regras familiares. A informação sobre a educação em
relação a substâncias psicoativas para os pais e/ou cuidadores reforça o que as
crianças estão aprendendo sobre os efeitos nocivos dessas substâncias e abre
oportunidades para discussões em família sobre o tema. Intervenções breves voltadas
para a família e para a população em geral podem alterar positivamente o
comportamento dos pais, podendo, em consequência, reduzir os riscos do uso nocivo
de substâncias na família. (RONALDO LARANJEIRA PH.D. EM PSIQUIATRIA PELA

UNIVERSIDADE DE LONDRES. PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP). PROFESSOR ORIENTADOR DO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA DA UNIFESP.


COORDENADOR DA UNIDADE DE PESQUISA EM ÁLCOOL E DROGAS (UNIAD) DA UNIFESP.
INVESTIGADOR PRINCIPAL DO INSTITUTO NACIONAL DE POLÍTICAS DO ÁLCOOL E DROGAS DO
CNPQ) - (PREVENÇÃO AO USO DE ÁLCOOL E DROGAS ALESSANDRA DIEHL; NELIANA BUZI
FIGLIE).
Diante disso, nota-se o crescimento acelerado do uso de drogas ilícitas pelos
adolescentes, a importância do vínculo familiar nesse processo, como também o
interesse e despertar para os órgãos e entidades públicas e privadas bem como a
criação de programas e projetos direcionados aos adolescentes usuários de drogas
ilícitas.
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3.1 AUMENTO DA ACESSIBILIDADE DO USO DE DROGAS ÍLICITAS PELOS


ADOLESCENTES

O consumo de substâncias psicoativas é um grave problema de saúde pública.


O início do consumo de álcool e de outras drogas geralmente ocorre na adolescência
e tem sido cada vez mais frequente nessa faixa etária. (LUCIANA ROBERTA DONOLA
CARDOSO, ANDRÉ MALBERGIER, A INFLUÊNCIA DOS AMIGOS NO CONSUMO DE DROGAS
ENTRE ADOLESCENTE).

De acordo com o último Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas


Psicoativas, entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio, 65,2% fizeram uso de
álcool, 24,9% de tabaco e 15,5% de maconha alguma vez na vida. Dentre eles, 11,7%
relataram ter usado álcool, 3,8% tabaco e 0,7% maconha no mês anterior à entrevista
(Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas, 2004).
Muitos fatores têm sido associados ao consumo de álcool e de drogas entre os
adolescentes. Os amigos parecem exercer grande influência no início e na progressão
do uso de álcool, de tabaco e de maconha entre adolescentes (D’AMICO & MCCARTHY,
2006; DI NAPOLI, 2009; ELLICKSON, TUCKER, KLEIN, & SANER, 2004; MARTINO, ELLICKSON,
& MCCAFFREY, 2009). Fatores como o uso de álcool e de outras drogas, envolvimento
em atividades ilegais, defasagem escolar, agressividade, rebeldia e comportamentos
antissociais praticados pelos amigos têm sido associados ao uso de álcool e de outras
drogas nessa fase da vida (D’AMICO & MCCARTHY, 2006; DUAN, CHOU, ANDREEVA, &
PENTZ, 2009; HEAVYRUNNER-RIOUX & HOLLIST, 2010).
De acordo com a literatura, os adolescentes são mais suscetíveis à opinião e à
avaliação dos amigos (Duan et al., 2009; HEAVYRUNNER-RIOUX & HOLLIST, 2010;
STEINBERG & MONAHAN, 2007). A aprovação dos amigos é um fator que influencia
muito o modo como o adolescente se comporta, o que aumenta o risco do uso de
substâncias psicoativas. Muitas vezes, os amigos transmitem mensagem de
supervalorização do uso de álcool, de tabaco e de outras drogas, de modo que o
consumo promove popularidade no grupo. Além da valorização social, os
adolescentes, muitas vezes, têm dificuldade para impor sua opinião, não resistindo à
influência dos amigos, o que contribui para o uso de álcool e de outras drogas (DUAN
ET AL., 2009). Estudo longitudinal com 4.138 adolescentes entre 11 e 17 anos mostrou
que ter amigos que fumam e ter amigos que já experimentaram drogas aumentou em
3 vezes o risco de os adolescentes usarem tabaco (ENNETT ET AL., 2008). Outro estudo
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mostrou que os adolescentes que relatam ter 50% de amigos fumantes e aqueles
cujos melhores amigos fumam tiveram 2 vezes mais chances de fumar (ALEXANDER,
PIAZZA, MEKOS, & VALENTE, 2001).
Em pesquisa recente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizou um
levantamento que revela o panorama do consumo de drogas no Brasil nos últimos
dois anos. Em parceria com Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD),
órgão vinculado ao Ministério da Saúde (MS), a Fiocruz fez um dos trabalhos mais
completos e com abrangência nacional, inclusive nos municípios menores. A primeira
relação feita foi relacionada a amizade, a adolescência e a juventude são fase de
descobertas. Nessa etapa da vida, a maioria dos indivíduos estão em busca de novos
amigos, diversões e de tudo o que pode aumentar a adrenalina e tornar essa fase
mais divertida e alegre. Porém, o envolvimento com novos amigos pode facilitar o
primeiro contato com as drogas. Grande parte dos jovens que enfrentam problemas
com tóxicos foram viciados por amigos. Por isso, os pais e responsáveis devem ficar
de olho no comportamento dos filhos e orientá-los sobre a escolha das amizades.
Dentro de casa é o segundo maior fator, com o acesso fácil aos meios de
comunicação e à internet, atualmente, é possível aprender a fabricar drogas caseiras.
Infelizmente, há diversos sites na rede que ensinam essas coisas. Diante disso, é
necessário controlar o acesso dos jovens a certos medicamentos e até mesmo aos
produtos de limpeza, já que é possível fabricar entorpecentes a partir dessas
substâncias. Terceiro fator, pela internet, principalmente nas grandes cidades, a
venda de drogas pela internet é bastante difundida e, os responsáveis por esses
serviços nem sempre são punidos por esse tipo de crime. Eles oferecem os produtos,
livremente, nas redes sociais e combinam entrega em shoppings, estações de metrô
ou mesmo nas imediações das escolas. Quarto fator, em festas, muitos jovens que,
hoje, se encontram no submundo das drogas admitiram que o primeiro consumo
aconteceu em festas e em grupo de amigos. Festas, shows e eventos com
aglomerações de jovens são o ambiente ideal para oferta dessas substâncias,
principalmente a de drogas recreativas. Quinto fator, no colégio e na faculdade, o
colégio e a faculdade também são pontos estratégicos que os traficantes utilizam para
vender seus produtos ilícitos. Nesses ambientes, não só ocorre a difusão livre do uso
de drogas comuns entre os jovens como há também a prática do aliciamento dos
novos alunos para o vício.
11

A substância ilícita mais consumida no Brasil é a maconha: 7,7% dos


brasileiros de 12 a 65 anos já a usaram ao menos uma vez na vida. Em segundo lugar,
fica a cocaína em pó: 3,1% já consumiram a substância. Nos 30 dias anteriores à
pesquisa, 0,3% dos entrevistados afirmaram ter feito uso da droga. (FUNDAÇÃO
OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ, 2017) III LEVANTAMENTO NACIONAL SOBRE O USO
DE DROGAS PELA POPULAÇÃO BRASILEIRA.)

3.2 TRATAMENTO E REINSERÇÃO NO MEIO SOCIAL

O termo “reinserção social”, no âmbito do cuidado a pessoas com problemas


decorrentes do uso de álcool e outras drogas, é ancorado nos princípios da reforma
psiquiátrica, que defende que o tratamento deve ocorrer no contexto de serviços
substitutivos com base na criação de novos dispositivos no território (DALLA VECCHIA
& MARTINS, 2009). Nesse sentido, a reinserção social desponta como uma noção
importante para pensar as novas práticas e o cuidado fora dos muros do hospital, sem
excluir o sujeito do seu convívio familiar e comunitário (FRAZATTO & SAWAIA, 2016). De
acordo com o Observatório Brasileiro de Informações sobre drogas (OBID), a
reinserção social está atrelada ao conceito de exclusão que, por sua vez, está
relacionado ao ato de privar alguém de determinadas funções. Nesse sentido, a
exclusão se caracteriza pela falta de acesso a sistemas sociais básicos, tais como
família, moradia, trabalho, saúde etc., sendo necessário o processo de reinserção
social com a finalidade de reconstrução das perdas e capacitação para exercer o
direito à cidadania (Ministério da Justiça, 2012).
Para Saraceno (2001), a reabilitação psicossocial se caracteriza como um
processo que visa a ampliar os espaços de negociação do sujeito, aumentando o seu
poder contratual. Kinoshita (2016), por sua vez, compreende a contratualidade como
a capacidade do sujeito realizar trocas sociais em cenários diversos da vida cotidiana.
A partir do século XIX, estudiosos da psiquiatria, da psicologia e de áreas afins,
impulsionaram o surgimento de serviços de saúde mental infanto juvenil no Brasil;
porém, nada muito estruturado ou sistematizado. Com a criação do primeiro hospital
psiquiátrico brasileiro - Hospício D. Pedro II, datado de 1852, toda criança e
adolescente portador de sofrimento psíquico passa a merecer atenção maior porque,
até então, crianças e adolescentes de classes favorecidas economicamente eram
assistidas pela rede pública de saúde (RIBEIRO, 2006). Na década de 1980, a
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Organização Mundial da Saúde (OMS) estimulou o avanço na criação e ampliação de


políticas públicas voltadas à população jovem. Em 1985, foi proclamado o Ano
Internacional da Juventude, com um lema amplamente discutido, estimulado e
divulgado em toda a rede de saúde: “Juventude: hora de buscar, hora de entender.”
Os países vinculados à OMS passaram a destinar maior atenção às especificidades
da saúde do adolescente e à sua vulnerabilidade. No Brasil, a partir da presente
década, várias instituições e organizações governamentais e não governamentais,
além dos setores da sociedade civil organizada, se articularam e empreenderam
esforços para um avanço importante no campo das políticas públicas voltadas para
essa demanda (BRASIL, 2009A).
No que tange ao adolescente, a Constituição brasileira de 1988 destaca no Art.
277: É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
(BRASIL, 2012 c, s/p).
A internação compulsória de crianças e adolescentes usuários de drogas, os
quais vivem em situação de rua, começa a ser discutida entre gestores municipais,
estaduais e federais, profissionais de diversas áreas, usuários familiares e sociedade
civil, principalmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Essa discussão é
muito complexa e polêmica, embora seja previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente, em artigos que citam situações de risco para esse público diante da
omissão do Estado, dos pais ou mesmo de responsáveis. Organizações ligadas a
direitos humanos protestaram contra essa iniciativa do governo paulista, por
entenderem que essa proposta de internação é “higienizadora” e sem caráter de
continuidade, fazem manifestações em frente ao Centro de Referência de Álcool,
Tabaco e Outras Drogas do Estado (CRATOD), no centro de São Paulo (REDE BAND,
2013). A NOVA LEI BRASILEIRA Nº 11.343/2006, Nº 11.705/2008, Nº 11.754, EM

consonância com a Política Nacional sobre Drogas, objetiva contribuir para a inclusão
social não só de adolescentes, mas de todos os cidadãos usuários de drogas, no
intuito de torná-los menos vulneráveis ao consumo exagerado, ao tráfico e a outros
comportamentos correlatos (MENDONÇA, 2010).
13

Os adolescentes brasileiros crescem num mundo onde muitas das suas


relações são consideradas descartáveis e permeadas pela falta de estrutura social,
pelo medo, por todos os tipos de violência. Essa estrutura favorece o sentimento de
fragilidade, de conflitos, tornando suscetível a incorporação de identidades negativas.
O fato é que os segmentos que compõem sua rede social (família, escola,
comunidade, serviços públicos) não desempenham seus papéis de modo saudável
onde o adolescente possa encontrar respeito, compromisso, responsabilidade e amor
(PEREIRA; SUDBRACK, 2010). Todo adolescente é potencialmente vulnerável, em
todas as suas dimensões, e necessita de atenção e cuidado. Na verdade, a sua
estrutura pluridimensional que envolve pensamentos, sentimentos, fantasias e
comportamentos, são vulneráveis; por isso ele precisa ser cuidado por profissionais
que o visualizem em sua integralidade, assistindo-o em sua subjetividade (WALDOW;
BORGES, 2011). Assim como a reabilitação está à espera de uma teoria
(SARACENO, 2016), a reinserção também se encontra à mercê de entendimentos
não sustentados em um embasamento téorico-metodológico consistente o suficiente
para diferenciar os conceitos envolvidos. O desenvolvimento de práticas de reinserção
social / reabilitação psicossocial / inclusão social que negligenciam os fundamentos
éticos e políticos da reforma psiquiátrica pode abrir para a retomada de ações
manicomiais, retardando ou solapando os esforços de construção de ações que visem
ganhos de liberdade, autonomia e cidadania para as pessoas que vivem problemas
decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

3.3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO FORTALECIMENTO DO VÍNCULO FAMILIAR

A família desempenha um papel importante na formação do indivíduo e situa-


se como a primeira unidade de promoção e prevenção para o uso e abuso de drogas.
Pode-se perceber esta função familiar em duas perspectivas. Uma delas são
relacionamentos familiares pautados em negligência, abandono, agressão física e
falta de diálogo, os quais podem contribuir para o uso e abuso de drogas (SELEGHIM;
OLIVEIRA, 2013). Por outro lado, o contexto familiar permeado de diálogo e vínculo
pode funcionar como proteção a este comportamento (MALTA ET AL, 2011B). Além
destas, a família possui responsabilidade nos cuidados ao adolescente usuário de
drogas, visto que, quando amparada por uma rede de apoio satisfatória, é o principal
suporte para os adolescentes (MELO; PAULO, 2012).
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A adolescência é o período em que muitos sujeitos iniciam o uso de drogas,


inclusive substâncias ilícitas como o crack. De acordo com pesquisa realizada pelo
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), no que diz
respeito ao consumo de drogas entre adolescentes estudantes de ensino fundamental
e médio, o consumo de crack, geralmente, inicia-se cedo, por volta dos 14 anos de
idade (CARLINI ET AL., 2010).
É possível perceber que milhares de famílias necessitam do uso
medicamentoso do componente químico da droga ilícita para tratar doenças que são
difíceis de serem controladas, é baseado também nesse argumento que o Conselho
Federal de Serviço Social se posiciona a favor da regulamentação das drogas, cada
vez mais em busca de garantias de direitos sociais, no intuito de diminuir o tráfico, a
super lotação das cadeias e salvando a vida de pessoas que sofrem com algum tipo
de patologia que necessitam do medicamento específico para um tratamento eficaz.
Com isso, é sabido que o efeito da criminalização foi a criação de um mercado
internacional de drogas ilícitas denominado de narcotráfico, que é o mercado ilegal de
drogas. (ILEGAL: PRIMEIRO FILME DA SUPER MOSTRA A LUTA DE PACIENTES PELA

LEGALIZAÇÃO DA MACONHA MEDICINAL NO BRASIL. DOCUMENTÁRIO DISPONÍVEL EM

HTTPS://SUPER.ABRIL.COM.BR/BLOG/SUPERBLOG/ILEGAL-PRIMEIROFILME-DA-SUPER-

MOSTRA-A-LUTA-DE-PACIENTES-PELA-LEGALIZACAO-DA-MACONHA-MEDICINAL-NO-BRASIL/>.

ACESSO EM: 20 DE OUTUBRO DE 2017).


No Brasil, a reforma psiquiátrica insere a família no processo de cuidado, uma
vez que reconhece que o tratamento em saúde mental deve ser realizado,
preferencialmente, em serviços substitutivos de base comunitária e que o usuário
deve estar próximo da sua família, facilitando a reintegração à sociedade, conforme
Lei Federal nº 10.216, sancionada em 2001. Aponta-se, assim, o caráter privilegiado
que pessoas da família, amigos e vizinhos têm com o sujeito sob cuidados, na medida
em que são as pessoas mais próximas do seu convívio, que fazem parte do cenário
de sua vida (SANTIN; KLAFKE, 2011).
A importância da família no cuidado prestado pelos serviços psiquiátricos
substitutivos é ressaltada, ainda, pelo relatório final da III Conferência Nacional de
Saúde Mental, que ocorreu em Brasília, em 2001, no qual se estabelece que à
construção de serviços alternativos devem ser agregadas mudanças no modo de
produção do cuidado, devendo ser criadas estratégias de ação dirigidas aos
15

familiares, e potencialização do papel destes indivíduos enquanto cuidadores mais


próximos dos usuários dos serviços de saúde mental (SILVA; MONTEIRO, 2011).
Sobre esse aspecto, o Projeto de Lei nº 7.672/2010, conhecido como Lei da
Palmada, busca problematizar a cultura da violência que ainda se encontra enraizada
na sociedade. Esse projeto determina claramente que as crianças e os adolescentes
devem ser educados sem a utilização de castigo corporal e possui o intuito de
executar medidas a fim de coibir o uso de castigos corporais e o tratamento cruel e
degradante. O projeto define como castigo corporal a ação de natureza disciplinar ou
punitiva que envolva o uso da força física, que resulta em dor ou em lesão à criança
ou ao adolescente (ALVES; SIQUEIRA, 2013).
Sabe-se que, quando um indivíduo está vivenciando um problema e sendo
afetado por ele, todo o entorno é afetado também. E quando a família se depara com
a realidade do envolvimento com as drogas, passa a estabelecer uma estratégia de
muitas vezes fugir ao invés de enfrentar. Apresentando inicialmente a tentativa de
negar o problema, tanto por parte do usuário como por parte dos membros, tornando-
se codependente do uso, sendo vítima da doença alheia, a reação de autodestruição
do outro e que acaba por destruir a si próprio.
É preciso envolver a família na perspectiva que englobe a supervisão e o
conhecimento e saber a realidade que o membro vive através do diálogo. No estudo
realizado com alunos do ensino fundamental nas 27 capitais brasileiras, constatou-se
que a supervisão familiar também é importante na prevenção do hábito ao uso das
drogas. As práticas como fazer pelo menos uma refeição com pais ou responsáveis,
na maioria dos dias da semana, e o fato de os pais ou responsáveis saberem o que
fazem no tempo livre nos últimos 30 dias tem efeito protetor.
O envolvimento da família no debate do uso das drogas, destaca-se a questão
do papel dos pais, os quais funcionam como um modelo no processo de
desenvolvimento dos filhos. Em meio ao grupo familiar ou de amigos que o sujeito se
espelha para definir, muitas vezes, do que gostar e o que fazer, nesta perspectiva que
se pode pensar no enfrentar os problemas e dilemas com as drogas. A família, como
instituição cuidadora de seus membros, e responsável pela transmissão de valores
éticos e morais e de indiscutível relevância como instituição capaz de contribuir para
a prevenção frente aos inúmeros problemas acarretados pelas drogas. Tanto que, um
dos comportamentos de risco mais frequentes associados ao uso de drogas é a
relação sexual sem proteção. Considerando-se as implicações relacionadas a este
16

comportamento, a ocorrência do uso álcool e outras drogas. Por fim, o enfretamento


dos problemas decorrentes do uso das drogas é preciso ser abraçado por toda
sociedade afim de unir forças e responsabilidades para tratar a questão. O Psicologia
e Saúde em Debate ISSN 2446-922X Outubro, 2016: o fortalecimento da família como
instituição cuidadora é essencial para a luta árdua dos problemas com as drogas,
resgatando os valores éticos e morais sem o preconceito e o estigma do ‘drogado’.
(DROGAS E A FAMÍLIA, UMA DISCUSSÃO DA LITERATURA DOI: 10.22289/2446-
922X.V2EEA6 LUCIENE MARIA DOS SANTOS FERNANDES6 GILMAR ANTONIASSI JUNIOR).
A família tem papel fundamental no processo de criação dos adolescentes, é o
meio social em que jovens começam a criar seu histórico de vida, direcionando-os
para o mundo. Portanto, deve ser um berço de amor e acolhida especial para eles.

3.4 DEPENDÊNCIA E CONSEQUÊNCIAS DO USO DE DROGAS ILÍCITAS NA


ADOLESCÊNCIA

A experimentação é o primeiro contato que o indivíduo tem com substâncias


psicoativas, e isso geralmente ocorre em festas, baladas ou em ocasiões oportunas.
A experimentação pode ser o início de outras fases, podendo desencadear o uso
eventual ou recreativo, ou mesmo chegar ao abuso e à dependência. Nem sempre
essas fases são percorridas de forma linear por todas as pessoas que
experimentaram substâncias psicoativas, mas, dependendo da substância e das
predisposições individuais, este é um ponto de partida ao uso descontrolado.
A legislação brasileira de proteção do adolescente para o uso de drogas define
a adolescência como o período etário que vai dos 12 aos 18 anos de idade, podendo
ser aplicado a pessoas de 18 a 21 anos em situações especiais 2. Estudos realizados
com adolescentes no Brasil evidenciam que o uso de substâncias, especialmente o
álcool, geralmente acontece em torno dos 12 anos de idade, com tendência cada vez
mais à precocidade"11,12. Quando ocorre com crianças e adolescentes em situação de
rua, a faixa etária fica entre 10 e 18 anos, ou seja, mais precocemente, em decorrência
das vulnerabilidades a que estão submetidos cotidianamente.
Em um estudo realizado por Sanchez e Nappo (11) afirma que o uso das drogas
ilícitas, ocorre por volta dos 12 aos 16 anos e, na maioria das vezes, inicia-se com o
consumo de maconha, geralmente considerada uma droga mais leve pelos usuários,
progredindo para o uso das chamadas drogas pesadas como a cocaína, crack e
outras.
17

Conforme Berry e Mechoulam (20), o efeito da maconha e do THC


(Tetrahidrocanabinol) – seu principal componente ativo –, sobre o apetite humano tem
sido bastante relatado pelos pesquisadores e a observação mais frequente é o
aumento do apetite após cerca de 3 horas do uso da droga. Devido a isso, esta ação
orexígena dos canabinoides da maconha tem sido estudada para fins terapêuticos
como estimulante do apetite em pacientes com câncer e Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (SIDA) já há alguns anos (21). No presente estudo, o uso
do crack inibiu a fome dos jovens, contudo, associado à maconha, o efeito foi
contrário, demonstrando polifagia, conforme relatado por Berry e Mechoulam (20).
Segundo Mincis (27), o consumo de drogas ilícitas eleva os níveis de
aminotransferases no soro. Pratt e Kaplan (28) relatam que, quando há lesões
hepatocelulares, as aminotransferases se encontram aumentadas, como, por
exemplo, a TGO, que é encontrada em ordem decrescente quanto à concentração no
fígado, músculo cardíaco, músculo esquelético, rim, cérebro, pâncreas, pulmão
leucócito e eritrócitos. Níveis elevados de TGP são encontrados no fígado, podendo
ser considerados marcadores específicos de dano hepático. Os exames que mais
apresentaram alterações quanto aos níveis de TGO e TGP foram daqueles pacientes
que relataram que a droga mais utilizada dos últimos tempos foi o crack. Porém, um
dos exames que mais chamou a atenção foi de um paciente que apresentou os
maiores níveis de TGO e TGP de todos os exames analisados e o mesmo relatou
nunca ter usado o crack sozinho, e sim na forma de “pitico”, que é que o crack e a
maconha fumados juntos. Isso pode demonstrar que as drogas, quando associadas,
podem provocar maiores danos hepáticos, conforme no estudo de Oliveró (17) que
relata que a toxicidade hepática pode ser aumentada pelo consumo simultâneo de
outras drogas. O consumo de droga não afeta somente o usuário, mas também seus
familiares e toda a comunidade. Como um problema que traz embutidos
discriminação, estigma e preconceito, deve ser enfrentado ainda na adolescência, na
perspectiva de se elucidar as vulnerabilidades a que o adolescente está exposto
socialmente, emocionalmente e em relação à saúde. Assim, uma das possibilidades
de enfocar a temática será mediante a abordagem da proteção, promoção e
prevenção de riscos à saúde. A educação em saúde, neste aspecto, deve ser
compreendida como uma ferramenta de ação, que deve ser utilizada por todos os
profissionais que atuam com adolescentes, valorizando seus saberes e favorecendo
a construção de sua própria identidade e responsabilidade social. As consequências
18

são diversas, é como se não tivesse uma luz que pudesse brilhar em todo esse
escuro, mas tem. A dependência desperta vários estigmas e provoca recaídas, mas
o contexto social é um fator determinante para que o ambiente oferta a esses
adolescentes, dispersão, amor, acolhimento e que mudem de pensamento,
construindo assim um novo ser social.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É indubitável que em uma sociedade tão globalizada, marginalizada por um


processo de lutas e cicatrizes, não houvesse uma massiva parte de adolescentes
usuários de drogas ilícitas. O presente estudo decorre para essa parte que tem sido
um paradigma estampado na nossa sociedade, que é indiscutível como ainda apesar
de todo avanço das esferas públicas, o cenário atual ainda seja tão alarmante como
é esse que vemos diariamente. As políticas sociais de acolhimento precisam ser
menos fragilizadas e ganhar espaço na sociedade, como fortificadoras de vínculos
familiares, sociais e tantos outros historicamente retidos às invisibilidades.
A assistência social aos jovens nesse modelo é indispensável e o olhar atento
se torna cada vez mais necessário na reinserção, maturação e inclusão dos mesmos
no ciclo social. De fato, a sociedade é liberal e isso é devido a evolução esporádica
das informações, da mídia, da construção familiar subjetivada na cultura que se
modifica conforme os anos vão passando. Programas de diversos modelos e projetos
fortalecem a relação de acolhida com os adolescentes usuários de drogas ilícitas, que
combatem o preconceito e os julgamentos impostos a quem fazem uso de
substâncias. Não se deve excluir ninguém no modelo social, mas, acreditar e lutar
para que esses jovens tenham maturidade para enfrentar seus processos em busca
de um caminho com menos dores, já que sabemos que sempre existe um motivo que
os leva ao primeiro contato, seguindo de uso e posterior dependência.
Portanto, é mostrando a realidade que podemos entender tais paradigmas
associados ao uso de substâncias na adolescência, adotar estratégias sem vitimizar
ninguém, e sim entender todo percurso que faz os jovens ingressarem nessa vida tão
precocemente, a partir disso começar a entender do ponto de partida, medidas que
podem minimizar o uso de drogas pelos adolescentes.
19

5 CRONOGRAMA

ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Levantamento X
da literatura

Escolha do X
instrumento e
preparação
para coleta de
dados

Levantamento X
de dados

Escrita da X
parte teórica

Análise dos X
dados

Discussão X
dos
resultados

Elaboração X
da conclusão
e referências

Ajustes finais X X

Criação da X X
apresentação

Defesa do X
TCC
20

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