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Salas de uso assistido de substancias

psicoativas e articulação intersetorial para a


reinserção social no trabalho e moradias
assistidas

Douglas Alexsandro Correa Petronilho


Disciplina Formação Pedagogica e Projetos de
Intervenção
Tutor Marco Aurelio Braga
Polo Feira de Santana - BA
1- Qual a temática que você escolheu para a construção do seu PROJETO INTERVENTIVO?

Escolhi a temática da Dependencia Quimica e o uso de substancias psicoativas em vias publicas na cidade de São
Paulo, que constitui a maior cena aberta de uso de substancias no Brasil há cerca de três décadas sendo denominado a
Cracolândia. O número de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e em vias publicas no Brasil vem
crescendo exponencialmente como consequência da desigualdade social. Esta situação se consolida no centro da
maior cidade da América Latina e desafia a sociedade e o Estado no enfrentamento do problema, que traz
consequências de ordem social , econômica, politica, alem de desdobramentos na politica e na vida das pessoas.

2- Qual o título do seu PROJETO INTERVENTIVO? (Informar mesmo se o título for provisório)

Salas de uso assistido de substancias psicoativas e articulação intersetorial para a reinserção social no trabalho e
moradias assistidas
3 – A partir da descrição da realidade local, discuta quais seriam as razões da escolha do tema ou
problemática e a importância de elaborar um projeto de intervenção nessa mesma realidade.
 De acordo com estudo realizado pela UNIFESP, 65,3% dos usuários de drogas entrevistados na Cracolândia
passam a maior parte do tempo ali mesmo na Cracolândia, sendo que 41,7% estão em situação de rua há cinco
anos ou mais e 77,5% não possuem atividade remunerada no mesmo período.
 O mesmo estudo trouxe que 31% dos entrevistados afirmaram que começaram a frequentar a Cracolândia devido à
alta disponibilidade de drogas na região. A idade média de início de consumo de crack na região é de 21,1 anos,
17,1 para cocaína, 14,9 para a maconha e 11,4 para o álcool.
 A Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR) vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos
e da Cidadania (MDHC) divulgou recentemente o relatório sobre a população em situação de rua no Brasil
evidenciando que existem 236 mil pessoas vivendo nas ruas das cidades brasileiras, sendo que 62% estão na
região Sudeste, e o perfil dessa população é majoritariamente composto por homens (87%), adultos (55%) e negros
(68%).
 Considerando os dados acima demonstrados, alem das politicas e estruturas do Estado e da sociedade para o
enfrentamento do problema do uso ilícito de substancias em vias publicas na cena de uso da Cracolândia, sendo um
fenômeno de impacto social relevante e produtor de alta vulnerabilidade social, há necessidade da construção de
um Programa de enfrentamento ao uso de substancias em vias publicas e de acolhimento para as pessoas que
possuem o diagnostico da Dependencia Quimica afim de que todas as estruturas do Estado e sociedade possam
garantir o devido acolhimento e encaminhamento das pessoas para o trabalho, moradia e lazer.
 A Reabilitação Psicossocial como proposta de intervenção em saude mental e, portanto, como base para a
construção de um Projeto Terapêutico para o enfrentamento do uso ilícito de drogas e a Dependencia Quimica ,
esta fundamentada na construção de um projeto de vida que providencie moradia, trabalho e lazer para que as
pessoas reduzam a vulnerabilidade e enfrentem os problemas relacionados a saude mental.
4 – Explicite as motivações pessoais ou institucionais para a escolha da sua proposta

Como especialista em Dependencia Quimica e Mestre em Ciências da Saude pela Universidade de São Paulo,
compreendo o problema do uso de substancias psicoativas em vias publicas como uma questão social, que deve ser
discutida pela sociedade e Estado afim de que sejam reduzidas as vulnerabilidades sociais das pessoas que sofrem
com o enfrentamento desse grave problema de ordem da Saude Publica e que ocupa o cenário central da maior
cidade da América Latina. Atuo como gerente de um serviço de saude e assistência social voltado para o acolhimento
da população em vulnerabilidade e dependentes químicos e percebo que na pratica das equipes sempre falta a porta
de saída para o devido encaminhamento dessas pessoas, que não esta apenas na ordem do retorno à família ou a
comunidade local de origem, mas que deve exigir a inclusão social apesar do uso da substancia, o monitoramento do
padrão de uso das pessoas e a garantia de que haja moradia e trabalho para ocupação e que seja efetivada pelo
poder publico e pela sociedade as condições para a reabilitação psicossocial. Estas são garantias constitucionais que
determinam o fenômeno saude-doença da população brasileira e que deveriam ser propostas para solucionarmos em
conjunto o problema do uso de substancias em vias publicas. Os especialistas em saude mental recomendam que o
problema relacionado ao uso de drogas seja enfrentado com intervenções propostas como a abstinência, a Redução
de Danos, a internação e o acolhimento psicossocial, porem ainda há divergência entre os especialistas e em especial,
na sociedade, sobre o uso de substancias em vias publicas, a descriminalização do porte de drogas e a aplicação da
Lei diante das questões que envolvem o trafico de drogas, distinguindo usuário de traficante. Há necessidade de
promover o encontro de propostas de acolhimento social, tratamento em saude e direitos humanos, bem como o
envolvimento da segurança pública e da sociedade civil nesta causa, que afeta milhares de pessoas no Brasil. O uso
assistido de substancias tem sido promovido em Países que também enfrentam esta situação e tem trazido resultados
importantes para as sociedades destes países, promovendo a inclusão social e diminuindo a desigualdade ao acesso.
O uso monitorado de substancias poderá reduzir e cessar a frequência das pessoas em situação de ruas em cenas de
usos de drogas, passando assim a ser efetivamente monitorado pelo Estado e sociedade, buscando o resgate da
autonomia, a redução de danos e a abstinência para a reabilitação psicossocial.
5 – Apresente a necessidade social, local e/ou técnica de se levar a efeito tal projeto de intervenção

Conforme apontado o aumento do numero de pessoas que vivem em situação de rua no Brasil vem crescendo
exponencialmente e com isso o uso de substâncias ilícitas também tem crescido nas vias publicas, sendo que na
maior cidade da América Latina temos enfrentado este cenário na região central. O centro de São Paulo acumula o
poder do Capitalismo nacional e, portanto, é oportunidade para o acesso ao dinheiro e a compra de drogas por
traficantes que verificam nesta região a grande chance de venda das substancias. Considerando que o tema da
descriminalização do porte de drogas ainda é tabu na sociedade brasileira e, ainda, que o numero de pessoas que
frequentam a cena de uso da Cracolândia tem sido cada vez maior, há necessidade de um projeto de intervenção que
envolva União, Estado e Município no diálogo com a sociedade civil para acolhimento e cuidado das pessoas, através
do uso monitorado de substancias e encaminhamento para atividades de ocupação e trabalho, lazer e moradia como
propõe o modelo de reabilitação psicossocial. Há divergência entre os especialistas em psiquiatria e Dependencia
Quimica sobre a abstinência total e a redução de danos, bem como há o tabu da sociedade civil para a discussão
sobre o porte de drogas. Neste cenário vemos que as ruas tem sido ocupadas por pessoas em vulnerabilidade que
não possuem atividades em suas vidas, passando a maior parte do tempo em uso de substancia em cenas de uso
aberto, sem monitoramento de equipes de saude, assistência, direitos humanos e segurança pública. Com o uso de
substancias, o crescimento do tráfico e da violência nas ruas, vemos que os recursos públicos tem sido orquestrados
para solucionar o problema que há três décadas onera os cofres públicos sem solucionar a causa. Dessa forma, a
questão do uso de substancias em vias publicas poderia ser monitorado pelo Estado e por equipamentos de saude em
salas de uso assistido, alem da intensificação e controle da atuação da segurança publica e do acolhimento nas ruas,
encaminhando as pessoas para as moradias assistidas e custeadas pelo Estado. Há necessidade de moradia e de
acolhimento, de controle pelos órgãos da saude, assistência social e direitos humanos para a efetiva aplicação da
politica publica e o incremento de salas de uso assistido para que possamos cuidar das pessoas e incluí-las
efetivamente em moradias diminuindo a desigualdade social e aumentando o acesso aos programas de saude de
6 – Aponte por que e para quem é importante resolver esse problema. Quais são os benefícios para a
população-alvo?
A questão do uso de substancias ilícitas em vias publicas tem sido um grande tabu para a discussão pela sociedade civil
e Estado, tendo sido ate aqui propostas ações para abstinência e de redução de danos, que são efetivas, porem faltam-
lhes ainda o aporte do encaminhamento para moradia, lazer e trabalho, a referida porta de saída para o enfrentamento
do problema com acolhimento em saude, assistência e direitos humanos garantidos conforme a constituição. O
problema da Cracolândia evidencia uma ferida social no centro da maior cidade da América Latina e aponta para uma
desigualdade social que está enraizado na cultura brasileira quando verificamos que as pessoas que vivem na rua são
na sua grande maioria homens, negros e desempregados. O uso de drogas em vias publicas tem sido demonizado e a
sociedade não tem discutido formas de enfrentar o problema, acolhendo as pessoas e removendo-as da condição da
vivencia nas ruas, para promover a inclusão social, a moradia, o trabalho e o lazer. A politica nacional de enfrentamento
ao crack e ao uso de substancias em vias publicas deve considerar que as pessoas não estão em condições de eleger
uma estratégia de tratamento para si mesmas e, portanto, o uso assistido de substancias e a terapêutica do
acompanhamento por especialistas durante o uso e promovendo a redução desse uso e, finalmente a abstinência, pode
ser um processo organizado de enfrentamento do uso de substancias. Com o numero cada vez mais crescente de
pessoas que vivem nas ruas, e a vulnerabilidade, há crescimento da violência nas ruas e portanto há interesse da
sociedade civil neste debate, oportunidade que o Estado deve utilizar para promover o diálogo sobre a descriminalização
do uso de substancias em vias publicas e do porte de drogas no Brasil, o devido encaminhamento e acolhimento para
serviços de saude e assistência social e a garantia da segurança publica para que estas pessoas não sofram represálias
nas ruas, violência física e institucional. Há necessidade de um programa de articulação entre as pastas para o devido
enfrentamento ao uso de drogas em vias publicas, que reuna todas as propostas de acolhimento e encaminhamento das
pessoas para o trabalho e para a moradia assistida, que possa ser estrutura de suporte e enfrentamento a este grave
problema de saude publica. Com o devido uso assistido, a redução do uso e dos danos causados, a busca pela
abstinência e um projeto de vida voltado para a inclusão no trabalho, na moradia e no lazer, é possível vencermos esta
situação em conjunto.

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