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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA | CURSO DE PSICOLOGIA

PSICOLOGIA POLÍTICA: OS DIREITOS HUMANOS E SUAS VIOLAÇÕES

PROFESSOR HERNANI PEREIRA DOS SANTOS

ESTUDANTES: ISABELA ANDRADE, MARIA CLARA NAKAMURA, MARIA JULIA


FURLANETI, VERONICA MIRANDA, JULIA VICTORIANO.

ELABORAÇÃO DO PROJETO FINAL

1. Introdução

A dependência química consiste na maneira como uma pessoa consome


um determinado tipo de substância e as relações estabelecidas entre a substância,
o sujeito e a sociedade, assim como, os contextos socioeconômico e cultural
inseridos. Essa relação do indivíduo com a substância pode apresentar poucos
riscos, como também pode acarretar prejuízos biológicos, psicológicos e sociais.
Assim, a relação vai desde o uso social até a dependência.

O Brasil, atualmente, se baseia no modelo construído durante a Reforma


Psiquiátrica, onde o tratamento dos dependentes químicos deve estar apoiado no
Projeto terapêutico singular, seguindo as premissas estabelecidas pelo National
Institute on Drug Abuse (NIDA). Para isso, implantou-se um novo modo de
administração de recursos e hospitais públicos, priorizando o tratamento
ambulatorial e a reinserção social do internado a longo prazo, a internação, por sua
vez, deve seguir os preceitos da OMS e Tratados Internacionais de Direitos
Humanos, ou seja, realizada apenas em caso de surto ou para desintoxicação, por
períodos curtos e sempre tentando uma abordagem voluntária, por meio da técnica
de motivação (NOVAES, 2014). No entanto, a falta de estrutura e o preconceito, até
mesmo dos agentes responsáveis por esses tratamentos prejudicam o trabalho,
além disso, o tratamento em alguns desses locais podem beirar ao desumano.

Sob esse viés, é possível fazer uma análise em relação à declaração dos
direitos humanos, onde se afirma a igualdade perante a lei, sem distinção e
qualquer discriminação. Também se afirma que ninguém sofrerá intromissões
arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua
correspondência, nem ataques à sua honra e reputação e ninguém será submetido
a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. A partir
disso, é possível perceber que atualmente os tratamentos referentes aos
dependentes químicos no Brasil são problemáticos e o preconceito persistente na
sociedade só prejudica e acentua ainda mais o problema.

O sistema único de assistência social (SUAS) é um sistema de saúde


pública que foi proposto pelo Governo Federal e visa a proteção dos indivíduos e de
suas respectivas famílias, fazendo isso por meio de serviços, benefícios, programas
e projetos. Um dos serviços prestados pelo SUAS é o apoio a dependentes
químicos, que leva em consideração fatores que não são apenas os biológicos, mas
também e, principalmente, os sociais. O contexto social que o indivíduo está
inserido, a complexidade do âmbito familiar e toda história de exclusão da família e
do mesmo expostos a situação de dependência.

Vale destacar que cada droga produz um efeito colateral e cada cultura
possui características distintas quando se trata deste assunto, levar em
consideração o contexto e a razão pelo qual o indivíduo começou o uso de droga
pode auxiliar na atuação mais qualificada do profissional. As drogas são divididas
em três subtipos: depressoras, conhecidas por causar diminuição da reação de dor
e ansiedade, podendo produzir euforia inicial e sonolência, por exemplo, o álcool e
os solventes; as estimulantes que induzem o aumento da atividade e aceleração
dos processos psíquicos, dentre elas, a cocaína; por último as perturbadoras que
podem desencadear alucinações, por exemplo, a maconha (SENAD, 2011. p. 18).

2. Justificativa

No Brasil, é possível perceber que atualmente os tratamentos referentes aos


dependentes químicos são problemáticos e o preconceito persistente na sociedade
só prejudica e acentua ainda mais o problema. Por isso, a intervenção dentro desse
preconceito estrutural e de gerações relacionados aos dependentes químicos além
da problemática levantada sobre o tratamento disponibilizado pelos hospitais é
necessária.

3. Objetivos

3.1. Geral

● Intervir no preconceito frequente contra os dependentes químicos por


meio da conscientização via internet, além de levantar a questão sobre o
tratamento desses nas instituições governamentais.

3.2. Específicos

● Investigar preconceitos em relação aos dependentes químicos.


● Analisar o tratamento dos dependentes dentro da instituição
governamental CAPS e a relação dos mesmos com o grupo familiar.
● Conscientizar as pessoas sobre os preconceitos sofridos pelos
dependentes químicos por meio de compartilhamentos na internet.
4. Fundamentação teórica

O artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa realizada no Centro de Atenção


Psicossocial de Álcool e outras drogas (CAPS-AD) com os usuários e profissionais
acerca da inserção de dependentes químicos no mercado de trabalho. Tende como
objetivo analisar a percepção da inserção no mercado de trabalho dos usuários de
drogas na relação com o estigma do uso de substâncias psicoativas. Segundo
FIORE (2006) o uso de drogas ilícitas é visto pela sociedade como algo fora do
normal, perigoso e marginalizado, a pessoa, faz com que substâncias considerado
rebeldes, irresponsável, perigoso, marginal, bandido e incapaz de um convívio
social, sendo sugerido pelos familiares e amigos e boa parte da sociedade que esse
sujeito seja internado e seja medicado para se adequar às normas societárias, “a
principal característica da categoria acusatória “drogado” é, segundo ele, trazer à
tona a ideia de “doença mental”, capaz de retirar do indivíduo o pleno discernimento
racional e uma ameaça para a reprodução “sadia” da sociedade.

Quando o sujeito é dependente químico, ele é estigmatizado como um


“criminoso” ou “doente”, naturalmente será visto e considerado pela sociedade e
pelo mercado de trabalho como uma pessoa incapacitada para desenvolver
qualquer função ocupacional, ou seja, ele não terá a oportunidade de mostrar sua
capacidade e produtividade. O dependente químico fica estigmatizado, logo rotulado
socialmente. A sociedade consegue ver apenas “um lado da moeda”, ou seja,
somente o estigma das drogas, deixando de enxergar o sujeito como um cidadão
comum que merece as mesmas oportunidades de inserção como qualquer outro.

O Ministério da Saúde tem que começar a fazer campanhas esclarecedoras


e informativas com relação não só à dependência química, mas também ao
tratamento e a socialização. Pois, por meio de campanhas desse caráter, a
sociedade poderá ter mais conhecimento com a questão da dependência química e,
pouco a pouco, vai poder quebrar com o preconceito da droga que a assombra ao
longo da história. A maior parte dos usuários sofre algum tipo de preconceito no
local de trabalho, o que é uma desmotivação e medo de procurar emprego, além
disso também se sentem impotentes para competir com outros trabalhadores para
aquela vaga, o que acarreta no afastamento de ter uma vida considerada "normal".
As falta de campanhas que desmistificam com os estereótipos que se impregnaram
nesses sujeitos ao longo da história, estereótipos que o inferiorizam e o discriminam
na sociedade, precisaria de mais discussões e campanhas esclarecedoras e
informativas a respeito do que seja a dependência química, para que se possa
quebrar as correntes do estigma que vem nos aprisionando usuários na história da
periculosidade social.

O projeto EU ACREDITO é uma organização social sem fins lucrativos que tem por
finalidade reabilitar dependentes de drogas, álcool ou qualquer outra substância quí-
mica e pessoas em situação de vulnerabilidade social. A ONG oferece tratamento e
programas socioeducativos de maneira gratuita para pessoas entre 18 e 60 anos,
na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo. Por meio de um trabalho interno, o
projeto busca a recuperação e a reabilitação dos residentes à sociedade mediante a
laborterapia, apoio psicológico, desenvolvimento espiritual e físico. O processo de
internação marca o início efetivo do processo terapêutico e requer o empenho pelo
resultado esperado, seja pela equipe de tratamento, ou pelo candidato à internação
e seus familiares. O período de permanência de referência básico é de nove meses.
A ONG foi fundada em 2013, pelo jovem Jeferson Araújo, que durante anos ajudou
de maneira individual moradores em situação de rua e dependentes quÃmicos. Sua
paixão por esse trabalho nasceu porque sempre acreditou que poderia fazer algo
maior e que trouxesse resultados reais para as pessoas em situação de abandono.
"Eu acredito no ser humano", afirma.

5. Metodologia

5.1. Clientela/Público-alvo

Dependentes químicos, levando em consideração apenas aqueles que estão em


tratamento na instituição governamental do CAPS presente em Londrina-PR para
investigar os preconceitos sofridos por eles assim como seus tratamentos dentro
dessa instituição.

5.2. Estrutura do Programa

Para a intervenção, será feita uma entrevista com os dependentes químicos onde
serão perguntados sobre o tratamento recebido na instituição, assim como o
tratamento que recebem de outras pessoas como seus familiares. Com isso, será
feito uma postagem por meio da internet conscientizando as pessoas sobre o
assunto retratado por essas pessoas. O programa é uma forma de acolhimento e
diálogo com os dependentes para que eles entendam os próprios contextos de vida,
que muitas vezes são confusos até para os que o vivenciam, para que aprendam a
lidar com os preconceitos sofridos e tenham condição de conseguir passar por cima
desses obstáculos.

É estruturado em forma de rodas de conversa e conversas individuais com os


dependentes, de forma com que eles possam abordar os próprios sentimentos,
necessidades e se abrirem sobre como se sentem acerca dos preconceitos diários.

5.2.1. Etapa de Diagnóstico

a) reconhecimento do fenômeno psicológico

● O fenômeno apresentado no seguinte projeto é o de dependência química,


que se caracteriza por ser um fenômeno que faz a pessoa ter
comportamentos impulsivos que a levam a ser excluída da vida em
sociedade, assim levanta várias questões sociais as quais serão analisadas a
seguir.

b) seleção da amostra
● Serão estudadas pessoas em tratamento por dependência química, entre 20-
40 anos devido ao fato de que foi a idade média apresentada com maior
índice de dependentes, também levando em consideração apenas aqueles
que estão em tratamento em instituições governamentais presentes em
Londrina-PR para investigar os preconceitos sofridos por eles assim como
seus tratamentos dentro dessas instituições.

c) indicadores de resultados e metas

● Por meio de entrevistas, é possível juntar dados referentes aos preconceitos


sofridos por dependentes químicos, além disso, é possível verificar o
tratamento dado para eles dentro da instituição e assim intervir levantando
reflexões sociais por meio de compartilhamentos via internet.

d) metodologia de coleta de dados

● Os dados serão coletados a partir de entrevistas feitas com o público alvo, se


utilizando de perguntas formuladas a partir de artigos

5.2.2. Etapa de Intervenção

Fase 1

Objetivo(s): Investigar preconceitos em relação aos dependentes químicos.

- Atividade 1.1. Procedimentos: Escolher a instituição (CAPS) para a


pesquisa

- Atividade 1.2. Procedimentos: Escolher os dependentes químicos que se


encaixam nas características necessárias para a entrevista

Perguntas a serem abordadas na entrevista:

-Qual o seu nome? quantos anos tem? Qual(is) é(são) a(s)


substância(s) que você consome?

-Ser usuário já influenciou nas suas relações familiares,


afetivas ou sociais?

-Você já sofreu preconceito por conta das substâncias que


você utiliza? Se sim, poderia descrever como se deu esse
acontecimento e se te abalou emocionalmente ou
influenciou na sua conduta?

-Houve mudança de comportamento do meio em que você


convive ( família, amigos ou colegas de trabalho)?

-Você já recebeu algum tratamento para dependência


química? Se sim, poderia me descrever como foi realizado?

-Você identificou algum tipo de abuso por conta da


instituição?

Fase 2

Objetivo(s): Analisar o tratamento dos dependentes dentro de instituições


governamentais e a relação dos mesmos com o grupo familiar.

- Atividade 2.1. Procedimentos: Montar perguntas sobre a instituição e


sobre o tratamento recebido por esses dependentes
químicos também de outras pessoas, como seus familiares

- Atividade 2.2. Procedimentos: Fazer a entrevista e coletar os dados

Fase 3

Objetivo(s): Conscientizar as pessoas sobre os preconceitos sofridos pelos


dependentes químicos por meio de compartilhamentos na internet.

- Atividade 2.1. Procedimentos: Criar posts sobre os dados coletados a


partir das entrevistas

- Atividade 2.2. Procedimentos: Postar esses posts em redes sociais a fim


de alcançar o máximo de pessoas possíveis
6. Cronograma

Data 05/23 06/23 07/23 08/23 09/23 10/23 a 11/23 a 12/24


a a a a a 11/23 12/23
06/23 07/23 08/23 09/23 10/23

Etapa
diagnóstica

Etapa de
intervenção

- Investigar
preconceitos em
relação aos
dependentes
químicos.

- Analisar o
tratamento dos
dependentes
dentro de
instituições
governamentais
e a relação dos
mesmos com o
grupo familiar.

Conscientizar as
pessoas sobre
os preconceitos
sofridos pelos
dependentes
químicos por
meio de
compartilhament
os na internet.
REFERÊNCIAS

______. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.


Prevenção dos problemas relacionados ao uso de drogas: capacitação para
conselheiros e lideranças comunitárias. 6. ed. Brasília: SENAD-MJ/NUTE-UFSC,
2014.

Brasil Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno de


Orientações Técnicas: Atendimento no SUAS às famílias e aos indivíduos em
situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social por violação de direitos
associada ao consumo de álcool e outras drogas. Brasília, 2016.

MIGOTT, Ana Maria Bellani. Dependência química: problema biológico,


psicológico ou social?. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 3, p. 710-711, 2008.

Novaes, Priscila Simara O tratamento da dependência química e o ordenamento


jurídico brasileiro* * Baseado em Monografia apresentada na Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo - USP como parte dos requisitos para
conclusão do curso de Psicopatologia e Saúde Pública sob orientação da Profa.
Maria Angela Santa Cruz. . Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental
[online]. 2014, v. 17, n. 2 [Acessado 17 Maio 2022] , pp. 342-356. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1984-0381v17n2a13>. ISSN 1984-0381.
https://doi.org/10.1590/1984-0381v17n2a13.

SCHEFFER, Graziela; QUIXABA, Auriane. Trabalho, estigma e uso de drogas:


encruzilhadas da inserção ao mercado atual. Serviço Social & Realidade, v. 24,
n. 2, 2015.

Projeto Eu Acredito: Reabilitação de Dependentes Químicos


NOSSO DIFERENCIAL É ACREDITAR NO SER HUMANO
<https://projetoeuacredito.org.br/>
© 2016 PROJETO EU ACREDITO; ESTRADA MUNICIPAL, S/N - VIEIRINHA - CEP: 18150-000 - IBIÚNA
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