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PORTFÓLIO MÓDULO 3 e 4

Título: Campo de Prática na Saúde Mental

GKMS

Módulo 3 – DISPOSITIVOS DE CUIDADO E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Clínica ampliada, Acolhimento e PTS OK

Pensando sobre o Projeto Terapêutico Singular (PTS)..


Esse projeto em minha vivência profissional começa a partir do acolhimento inicial, onde
criasse o vínculo terapêutico com o paciente, faz o acolhimento de suas angústias e começa a
partir de então o PTS.

Para Pereira (2007) a consideração da pessoa em sua individualidade, associada às mudanças


ocorridas no próprio profissional, que faz essa reflexão, valoriza os progressos no caminho da
autonomia, abordando aspectos da vida diária. O mesmo traz um breve relato de uma usuária:

...eu imaginava que a reabilitação seria colocar a pessoa em uma faculdade (...) hoje eu
entendo que a reabilitação são pequenas coisas e que temos que valorizar (...) como tomar um
banho, o auto-cuidado, cortar o cabelo, fazer a barba, cortar a unha. (PEREIRA, 2007, p. 3)

A partir desse relato entendo que o PTS tem que ser construído de acordo com as
potencialidades da pessoa e promovendo autonomia para com isso reduzir os danos e as
relações de risco que o paciente vivencia atualmente.
Na vivência no cenário de UBS encontram-se fragilidades em relação a continuidade do PTS
pois observo dificuldade na vinculação com o paciente, pelo fato do cenário acabar se
apontando como serviço de urgência e de certa forma se tornar um serviço de Pronto
Socorro- PS.
Trazendo assim também a Clínica Ampliada que é uma das diretrizes que a Política Nacional
de Humanização propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é
também aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade.
Como trago na ilustração e texto: superando as práticas manicomiais com estratégias
desinstucionalizantes.

PEREIRA, Maria Alice Ornellas. A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL NO


ATENDIMENTO EM SAÚDE MENTAL: ESTRATÉGIAS EM CONSTRUÇÃO. Artigo
Original Online, [S. l.], jul. 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rlae/a/RqJZPY9xhyRDWjd6tJjB4Bc/?lang=pt&format=pdf. Acesso
em: 9 jan. 2023.

A RAPS - dispositivos e relações interserviços OK

Para Martins (2022) O Ministério da Saúde reforça que a Rede de Atenção Psicossocial é

composta por serviços e equipamentos variados. Cada componente da rede é integrado por

diferentes serviços e ações. Todos são igualmente importantes e complementares. São eles:

● Unidades Básicas de Saúde (UBSs);


● Centros de Atenção Psicossocial (CAPS);
● Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT);
● Unidade de Acolhimento (UAs);
● Equipes Multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde Mental (AMENT);
● Equipes de Consultório na Rua;
● Serviços Ambulatoriais Especializados;
● Unidades de Referência Especializada em Hospital Geral;
● Hospitais Especializados em Psiquiatria;
● Leitos de Saúde Mental em Hospital

O que relaciona com Amarante (2003) que traz de forma organizada as estratégias em três
níveis de prevenção na saúde mental:
a) Primário: Objetiva promover a sanidade mental da população e evitar o surgimento de
casos de doença mental, por meio de intervenções nas condições identificadas como passíveis
de ocasionar a doença, podendo ser aplicadas tanto no indivíduo quanto no meio ambiente,
tem o objetivo de promover um estado de bem estar biopsicossocial;
b) Secundário: Diagnosticar precocemente as enfermidades mentais e proporcionar o
tratamento adequado, evitando, assim, o seu agravo;
c) Terciário: Prevê a reabilitação psicossocial dos que já tenham sido acometidos pela doença
mental, o seu reajustamento e a adaptação à sociedade.

Entre a diversidades dos serviços de cuidado e Rede de atenção Psicossocial no Distrito


Federal (RAPS) surge fragilidades e na minha vivência profissional percebo essas
fragilidades quanto a relação entre a UBS e CAPS, na dificuldade de encaminhamentos e
matriciamento de cuidado ao usuário, porque o protocolo vem sendo difícil ser executado na
prática, quando na maioria das vezes o paciente é encaminhado, não consegue atendimento
porque o protocolo não permite e acaba retornando ao serviço primário, com isso,
sobrecarregando os profissionais, além disso a falta de materiais, insumos e implementação
de novos serviços de bases comunitárias como as residências terapêuticas que aqui no
Distrito Federal só possui uma, também sobrecarrega os profissionais. E tudo isso só aumenta
a demanda e ocorre o desmonte da saúde mental no Distrito Federal.

MARTINS, Fran. Rede de Atenção Psicossocial do SUS oferece atendimento às pessoas que
vivem com algum tipo de transtorno mental. Ministério da Saúde , Brasília, 10 out. 2022.
Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/outubro/rede-de-atencao-psicossocial-
do-sus-oferece-atendimento-as-pessoas-que-vivem-com-algum-tipo-de-transtorno-mental.
Acesso em: 9 jan. 2023.

Amarante, P. (2003). A psiquiatria na comunidade: a psiquiatria de setor e a psiquiatria


comunitária. Módulo 6. In: Amarante, P. Saúde mental, políticas e instituições: programa de
educação à distância. Rio de Janeiro: Fiocruz.
Crise em Saúde mental OK

Na ideia de crise, a crise é o agente patogênico da loucura, sendo sua causa por excelência.
Segundo Moraes e Nascimento (2002), a crise é expressão do embate de forças contrárias, o
instituído e as novas possibilidades, que causam um desequilíbrio. Como em um momento
que precisamos mudar algo, mas para que isso aconteça, as coisas precisam provocar grandes
explosões de sentimentos.

Observo que a Crise em grande parte vem sempre seguida de intervenções realizadas pela
psicologia, para que seja de alguma forma acolhida e amenizada. No cenário da UBS 1 do
Areal foi possível ter contatos constantes com pacientes em crises, quando recebia pacientes
nesse estado, sempre se tentava trazer o foco do paciente para outros momentos de sua vida,
buscando memórias boas para que o corpo de alguma forma fosse relaxado ao decorrer do
acolhimento.

Moraes, T. D. & Nascimento, M. L. (2002). Da norma ao risco: transformações na produção


de subjetividades contemporâneas. Psicologia em Estudo, 7(1), 91-102.

Jardim, K.; Dimenstein, M. Risco e crise: pensando os pilares da urgência psiquiátrica.


Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 13, p. 169-189, 2007.

Saúde mental e determinantes sociais OK

Lima (2021) Trás uma relação social estabelecida com a loucura, inclusive nos dias de hoje, é
uma relação mediada muito mais pelo lugar social que essa ocupa do que pela loucura em si.
Compreender a loucura enquanto fenômeno social, é compreendê-la no âmbito do
antagonismo e embate entre classes sociais. Não é possível lidar com a loucura como um
fenômeno isolado e abstrato. Entender a relação social com a loucura, na atualidade, implica
pensá-la enquanto fenômeno particularmente humano no jogo de forças do capitalismo. Não
há análise concreta da loucura se ignorarmos a contradição fundamental do modo de
produção vigente e a luta de classes.

Os determinantes sociais na minha atuação profissional são notáveis quanto a procura do


serviço por usuários fragilizados e com algum tipo de transtorno mental, percebo que os
próprios servidores da unidade fazem discriminações raciais, de gêneros e outros,
determinando assim socialmente o público que terá acesso ao serviço, consequentemente
fechando as portas de acesso para as pessoas em situações de vulnerabilidade social.

Por fim, a título de sintetização, trago um trecho emblemático de Alfredo Moffatt em


Psicoterapia do oprimido, um clássico da luta antimanicomial:

Onde se pode apreciar a injustiça de nosso sistema econômico é no fato que, para
um mesmo tipo de sintomas, para um mesmo grau de perturbação mental, nas
classes altas tem-se um tratamento curto com reintegração social, enquanto que na
classe operária o mesmo caso de delírio leva a um destino de aniquilamento. Uma
situação parecida ocorre nos casos de delito: aquele que rouba para comer vai
preso e aquele que rouba milhões é um respeitável e poderoso cavalheiro, que
viaja seguidamente para a Europa (MOFFATT, 1981, p. 53-54).

MOFFATT, Alfredo. Psicoterapia do oprimido: ideologia e técnica da psiquiatria popular.


São Paulo: Editora Cortez, 1981.

LIMA, Dassayeve Távora. A loucura na sociedade de classes. Blog da Boitempo, São Paulo,
2021. Disponível em:
https://blogdaboitempo.com.br/2021/09/14/a-loucura-na-sociedade-de-classes/. Acesso em: 6
jan. 2023.

- Política, criminalização, a clínica álcool e drogas OK

Podemos adentrar nesse assunto pensando na estratégia de Redução de Danos, diferentes


autores mostram que redução de danos é um conjunto de estratégias cujo objetivo é
minimizar os danos associados ao uso de drogas psicoativas em pessoas que não podem, não
querem ou não conseguem parar de usar drogas, sem necessariamente ter de se abster do seu
uso (O’HARE, 1994; MARLLAT, 1999; WODAK, 1995; IRHA, 2010).

A redução de danos hoje é aplicada a todas as diferentes substâncias psicoativas buscando,


sobretudo, a defesa da vida dos usuários, onde eles são protagonistas das ações. A RD
promove o resgate da cidadania e a pessoa usuária de drogas passa a ser sujeito das práticas,
tomando parte nas decisões a partir de um saber próprio e de sua história. Como nos coloca a
Associação Internacional de Redução de danos (2010) na RD:

As intervenções são facilitadoras e não coercitivas, e são


fundamentadas nas necessidades dos indivíduos. Como tal, os serviços
de redução de danos são estruturados para servir as necessidades dos
usuários onde eles estão ou vivem. Pequenos ganhos para muitos têm
mais impacto comunitário do que grandes ganhos para uns poucos
selecionados. As pessoas tendem mais a dar múltiplos pequenos passos
do que poucos passos enormes. Manter as pessoas que usam drogas,
vivas e protegidas de danos irreparáveis são consideradas as mais
urgentes prioridades, mesmo compreendendo que existem muitas
outras prioridades (2010).

Contudo, a redução de danos não pode deixar de ser uma atividade que visa a valorização do
usuário de drogas enquanto cidadão de direitos e deveres, sujeito de desejo, o que não quer
dizer que este desejo coincida com os nossos ideais e expectativas.

Ainda para refletir, no cenário da UBS imagina-se que deveria acolher e matriciar os
pacientes em uso de SPA, juntamente com o CAPS AD, pelo cenário se caracterizar como
atenção primária, mas pelo contrário, observei os preconceitos sociais e estruturais que
fizeram com que as portas fossem fechadas ou esses pacientes temiam em relatar o caso. Ao
contrário da Redução de Danos, observa-se que no cenário da UBS era utilizado muito mais a
abstenção do uso, na maioria das vezes pela falta de conhecimento, preconceitos
estereotipados e discriminações.
IHRA. O que é Redução de Danos? Uma posição oficial da Associação Internacional de
Redução de Danos. Londres, Grã Bretanha, 2010.

O que é Redução de Danos? Uma posição oficial da Associação Internacional de Redução de


Danos, Londres, Grã Bretanha, 2010. Em:
http://www.ihra.net/files/2010/06/01/Briefing_what_is_HR_Portuguese.pdf. Acessado em
17/01/2023

MARLATT, G. Alan. Redução de danos no mundo: uma breve história. In: Redução de
danos: estratégias práticas para lidar com comportamentos de alto risco. MARLAT. G. Alan e
col.. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

WODAK, Alex. Redução de danos e programas de trocas de seringas. In: BASTOS, F. I..
(org.). Troca de seringas: ciência, debate e saúde pública. Coordenação Nacional de DST e
AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, 1998.

Como substituir os Hospitais Psiquiátricos: superando as práticas manicomiais com


estratégias desinstucionalizantes OK

Rotelli, Leonardis e Mauri (2001) dizem que o desmonte dos hospitais psiquiátricos deve ser
feito de dentro pra fora, deve se começar pelos esforços e conhecimentos dos servidores. O
processo de desinstitucionalização da loucura se realiza por meio das transformações
institucionais pelo uso de recursos, intervenções e problemas internos para construir pedaço
por pedaço as novas veredas.

Na estratégia de redução de danos, também podemos levantar como vivência na Clínica


Peripatética, que foram realizados atendimentos com uma paciente atendida por mim no
cenário da UBS, são consultas realizadas fora do consultório, ou seja, em movimento. Essas
estratégias são elaboradas para pessoas que não se adaptam aos protocolos clínicos
tradicionais como o caso do paciente que apresenta dificuldades de deambulação e corre risco
de queda ao se locomover até o serviço de atendimento, ou seja, quando o dispositivo
psiquiátrico, pedagógico, psicológico não funcionam adequadamente. Em determinadas
ocasiões quem escolhe a localidade é o paciente, assim ele pode se sentir melhor, estando no
ambiente que gosta. O setting utilizado foi a casa da paciente e também foi realizada a
Clínica Ampliada com o instrumento de passeios entre quadras da cidade com a paciente.

Jardim e Dimenstein (2023) trás que apesar dos esforços dos servidores de saúde mental para
fazer avançar as propostas da reforma, a estruturação dessa rede de serviços, cuja função é
evitar o hospitalismo e favorecer a reinserção social com atitudes antimanicomiais, é
problemática exatamente por não ter logrado inverter a pirâmide de atenções primárias,
secundárias e terciárias e manter o espaço privilegiado ocupado pelo hospital, não dando
ênfase às intervenções fora desses espaços.

E pensando no objeto de intervenção à redução de danos em aspectos da vida do paciente,


acredito que quando se retira algo da vida de uma pessoa precisa ser acrescentadas outras,
que podem ser pessoas e ambientes protetivos, e às vezes até as coisas mais simples como a
garantia de alimentação, socialização e higiene..

JARDIM, Katita; DIMENSTEIN, Magda. Risco e crise: pensando os pilares da urgência


psiquiátrica. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, p. 169-190, 2007. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v13n1/v13n1a11.pdf. Acesso em: 6 jan. 2023.

Rotelli, F., Leonardis, O. & Mauri, D. (2001). Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec.

Módulo 4: REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E INCLUSÃO SOCIAL PELO


TRABALHO

- Reabilitação Psicossocial e Inclusão Social pelo Trabalho OK

Pensando na Reabilitação Psicossocial e inclusão social através do trabalho, temos como


referência o filme (Si Puó Fare- Dá pra fazer), sugerido para assistir nas atividades teóricas,
O filme então retrata a história de uma Cooperativa (Cooperativa 180), onde Nello (diretor na
trama) entra e se depara com uma reflexão a respeito das dificuldades e preconceitos da
sociedade com pacientes em reabilitação social, o filme nos faz rir e chorar, principalmente
refletir sobre o quanto ainda repetimos os mesmos erros em pleno século XXI.

Em toda essa rica experiência com a saúde mental, o que mais aprendi sobre a luta
antimanicomial é que ela ainda está dando pequenos passos. A sociedade não tem noção de
que existam pessoas por trás de rótulos, indivíduos que precisam apenas saber que existem.
Não é raro lermos na internet ou assistirmos na TV algum ato violento associado à loucura.
Desta forma, não é difícil generalizar a informação, considerando que a pessoa com
transtorno mental é “perigosa”. A falta de informação e debate resulta em discriminação, o
que contamina a todos. Assim, qualquer diferença precisa ser aprisionada a um rótulo e
medicada, não serve ao sistema. De fato, não é só de loucura que trata o filme, há muito mais,
todos precisamos ter a sensação de pertencimento, de ser reconhecido em nossa singularidade
e de alguma forma ser incluído socialmente.

SIPUÓ Fare. Direção de Giulio Manfredonia. Produção de Angelo Rizzoli Jr e Andrea


Rizzoli Jr.. Roteiro: Fabio Bonifacci e Giulio Manfredonia. Música: Pivio e Aldo de Scalzi.
Itália: Warner Bross, 2008. (111 min.), son., color. Legendado.

- Práticas Integrativas e Complementares e outras intervenções em Saúde Mental


Presencial: Vivência PIS e saúde mental do residente OK

Vivência em Práticas Integrativas Sociais (PIS) e/ou Práticas Integrativas e Complementares


(PIC)

Pensando na aula de eixo transversal, sobre o tema onde podemos levantar as potencialidades
e as dificuldades, os grupos terapêuticos é uma ferramenta de cuidado potencial no sentido
das trocas de cultura, experiências e conversas entre os participantes, o que geram mudanças
tanto na vida pessoal do indivíduo quanto no desenvolvimento do grupo para com a atenção
no cuidado e até resolução dos problemas pessoais e coletivos. As práticas integrativas devem
considerar as particularidades das pessoas que irão participar, deve ser de forma dinâmica,
articulada com o que cada profissional domina e segundo a necessidade dos usuários.
Ainda existem as dificuldades, que devido a precarização do serviço de atendimento, muitas
vezes pela falta de profissional ou instrumentos de utilização, a PIC é usada como serviço
substitutivo, preenchendo lugares dos atendimentos individuais, principalmente terapias
psicológicas, o que não deveria acontecer, porque os atendimentos individuais são
insubstituíveis e alguns indivíduos não se conectam com atividades em grupo, e acaba se
tornando uma barreira de acesso. Portanto, cada caso precisa ser avaliado individualmente,
considerando as vivências pessoais de cada um.

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