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psicólogo no CAPS
Luisa Motta Corrêa
(psicóloga do CAPSi Mauricio de Sousa e doutoranda em
Saúde Coletiva - IMS/UERJ)
Breve histórico da Reforma
Psiquiátrica
• A Reforma Psiquiátrica é um “processo social complexo” (AMARANTE, 2003), que foi
deflagrado pela crítica à instituição asilar e a subsequente criação de estratégias para transformar
este modelo.
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
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• EUA psiquiatria preventiva e comunitária > desinstitucionalização como
desospitalização > redução do número de leitos e tempo médio de permanência
hospitalar e implantação de uma rede assistencial de cunho preventivo/promocional
para interferir no surgimento ou desenvolvimento das doenças (AMARANTE, 1996) -
reforma de cunho mais administrativo, com o objetivo de reduzir os custos do
governo.
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Experiência italiana: um novo olhar sobre a
desinstitucionalização
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Instituição (Rotelli; 1994): conjunto que liga os saberes, as administrações, as leis, os
regulamentos, os recursos materiais, que estruturam a relação médico-paciente; e,
em uma visão objetivante, naturalística, o médico faz-de-conta que não vê o que está
implicado nesta rede institucional (p.151).
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Basaglia (1985):
• “dentro de uma instituição psiquiátrica existe uma razão psicopatológica para cada
acontecimento e uma explicação científica para cada ato” (p. 122).
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Se a doença mental ganha forma e expressão a partir da ótica que a instituição produz sobre ela,
transformando-a em problema a ser solucionado, torna-se necessário desconstruir esta lógica, desmontando “a
solução institucional existente para desmontar (e remontar) o problema” (ROTELLI, LEONARDIS, MAURI, 2001,
p. 29). Para isso, era preciso inverter a operação da psiquiatria, colocando não o doente, mas a doença entre
parênteses, de modo a dar voz aos sofrimentos e desejos do sujeito concreto na sua relação com a sociedade
(GIOVANELLA e AMARANTE, 1994).
•Década de 70 – Trieste: desmontagem do manicômio e criação de serviços terapêuticos territoriais. Rede de dispositivos
– centros territoriais, moradias e serviço de psiquiatria dentro do hospital geral com no máximo 15 leitos.
Objetivo “reprodução social das pessoas” (ROTELLI, 2001, p. 91) e não mais a cura a ação terapêutica deve se
voltar para os lugares da cidade que o sujeito percorre e habita – seu território- tomando como foco a relação e não o
indivíduo isoladamente.
•Tanto na “revolução” de Trieste, quanto na de outras cidades italianas, como Ímola, buscou-se tornar os usuários
protagonistas das escolhas, pois “o verdadeiro indicador da desinstitucionalização – o selo DOC, o rótulo azul – é a
presença ativa dos [mesmos]” (VENTURINI, 2016, p. 93) revolve o mandato implícito da psiquiatria, que é, sempre e
de todas as maneiras, o de tornar passivos e controláveis seus usuários (Ibidem, p. 113).
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A reforma psiquiátrica brasileira
Fortes influências da reforma italiana desinstitucionalização como desconstrução de um paradigma.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS ) principal dispositivo.
Marcos históricos:
1987 – CAPS Luiz da Rocha Cerqueira.
Entre 1989 e 1996 - intervenção na Casa de Saúde Anchieta (Santos) planejamento de 5 Núcleos de
Atenção Psicossocial (NAPS).
Décadas de 90 e 2000 expansão da rede de CAPS.
Residências Terapêuticas.
Centros de Convivência.
2001 – aprovação da Lei 10.2016 (lei da Reforma Psiquiátrica) mutação do panorama assistencial (com a
abertura e expansão da rede de base comunitária), gradual redução no número de leitos em hospitais
psiquiátricos, deslocamento da aplicação dos recursos financeiros (que migraram da rede hospitalar para os
serviços comunitários) e estabelecimento de uma base de garantia de direitos aos usuários em
questão”(Fiocruz e Fundação Calouste Gulbenkian, 2015, p. 15).
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Principais atividades do CAPS:
• Visitas domiciliares
• Visitas hospitalares
• Oficinas terapêuticas
• Convivência
• Passeios
• Assembléias
• Reuniões de equipe
• Uma das tarefas primordiais dos CAPS: agenciar a saída de pessoas que vivem em
hospitais psiquiátricos para a comunidade.
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Referências bibliográficas:
•AMARANTE, P. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1996.
•___________ A (clínica) e a reforma psiquiátrica. In: ______. (Org.). Archivos de saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2003.
p.45-66.
•BASAGLIA, F. A instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico. Tradução de Heloisa Jahn. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
•Fiocruz. Fundação Calouste Gulbenkian. Inovações e Desafios em Desinstitucionalização e Atenção Comunitária no Brasil. Seminário Internacional de Saúde
Mental: Documento Técnico Final. Fiocruz. Fundação Calouste Gulbenkian. Organização Mundial de Saúde. Ministério da Saúde – 2015, 90 p. (mais anexo,
4p.).
•GIOVANELLA, L.; AMARANTE, P. O enfoque estratégico do planejamento em saúde e saúde mental. In: Amarante, P. (org.) Psiquiatria Social e Reforma
na saúde mental: contribuições para estudos avaliativos. Rio de Janeiro: Cepesc; IMS/LAPPIS; Abrasco, 2007, p. 137-54.
•ROTELLI, F. Superando o manicômio: o circuito psiquiátrico de Trieste. In: Amarante, P. (org.) Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica, Rio de Janeiro: