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BIBLIOGRAFIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
PROFª ANA VANESSA
1. REFORMA PSIQUIÁTRICA:
NOVA LÓGICA ASSISTENCIAL
A Reforma Psiquiátrica teve início com o movimento da Luta Antimanicomial na Itália em meados
do século XX impulsionado pelo psiquiatra Franco Basaglia e caracteriza-se pela crítica e
transformação do tratamento e das instituições psiquiátricas e pela defesa dos direitos humanos
e o resgate da cidadania das pessoas com transtornos mentais (Neves, 2012).
Este modelo propõe a substituição dos hospitais psiquiátricos por uma rede de serviços territoriais
de atenção psicossocial, com vistas à integração da pessoa que sofre de transtornos mentais à
comunidade.
Segundo Amarante (1994 apud Mathes & Silva, 2012), Basaglia pretendia:
A ideia de Basaglia pode ser dividida em quatro premissas fundamentais (Amarante, 1994 apud
Mathes & Silva, 2012):
1) O movimento a favor do desmonte da forma tradicional dos manicômios, do aparato mani-
comial, isto é, lutando contra a institucionalização;
2) A incorporação de saberes científicos capazes de gerar novas ideologias e novas interven-
ções manicomiais;
3) A substituição da tutela por um “contrato social”;
4) Realização dessas transformações através de mudanças no campo político e social.
Segundo Luchmann & Rodrigues (2007), a reforma psiquiátrica possui quatro dimensões:
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Construção de um novo status social para a pessoa com transtorno mental garantindo a
cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade, promovendo o resgate da sua
capacidade de participar das trocas sociais, tendo assegurados seus direitos e deveres
como todo cidadão.
Proposta:
Substituição dos hospitais psiquiátricos por uma rede de serviços territoriais de atenção
psicossocial, com vistas à integração da pessoa que sofre de transtornos mentais à comunidade.
Ferramentas:
Construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, intensamente
inclusivas, solidárias e libertárias.
No Brasil, tal movimento teve início no final da década de 1970 com a mobilização dos profissionais
da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais.
A defesa dos direitos humanos e o resgate da cidadania das pessoas com transtornos
mentais.
A partir dessa lei originou-se a Política de Saúde Mental que objetiva assegurar o cuidado ao
paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, alterando
a lógica das internações de longa duração cujo modelo de assistência isola o paciente da
convivência com a família e com a sociedade.
Além disso, essa política objetiva a construção de uma rede de dispositivos diferenciados que
possibilitem a atenção ao portador de sofrimento mental em seu território, a desinstitucionalização
de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a
reabilitação psicossocial através da inclusão pelo trabalho, da cultura e do lazer.
Todas as discussões que vem sendo promovidas desde a década de 1980 no Brasil têm direcionado
a assistência em saúde mental para o atual delineamento que conhecemos.
Perceba como os tópicos elencados na “Proposta de Política de Saúde Mental da Nova República”
elaborada na I Conferência de saúde Mental trazem os princípios norteadores da atual Política de
Saúde Mental (Lei nº 10.216/2001).
Os investimentos públicos em Saúde Mental vêm atender a uma demanda antiga e reprimida, de
pessoas excluídas socialmente, ocultadas por muito tempo nos hospitais psiquiátricos.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Os profissionais devem estar atentos ao fato de que o processo de promover saúde mental
implica no desenvolvimento do senso crítico e incentivo ao comprometimento dos usuários com
sua qualidade de vida.
Este processo é viabilizado por meio do estímulo à autonomia e através da discussão conjunta
sobre os papéis dos diversos atores sociais presentes na comunidade, reconhecendo o saber dos
usuários sobre suas necessidades e possibilidades e auxiliando-os na expansão de seus recursos
psíquicos e sociais.
A seguir disponibilizarei uma linha do tempo que elaborei a fim de destacar os principais eventos
de relevância para a configuração da atual política de assistência em saúde mental.
F
undação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)
1976
ovimento de Renovação Médica (REME)
M
1978 E
ste movimento dá início a uma greve – durante oito meses no ano de
Rodrigues, 2007).
Moreno, 2012):
|| A
função social da psiquiatria como estratégia de repressão e or-
dem social;
|| O
caráter do hospital psiquiátrico enquanto instituição de contro-
le social.
1979 T
emática: necessidade de um estreitamento mais articulado com outros
movimentos sociais
1986 M
arco histórico na reforma sanitária
S
aúde como bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência
de doença
C
onquista da garantia de acesso à saúde como direito social universal
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
1987 E
ixos norteadores:
|| E
ixo I – Economia, Sociedade e Estado: impactos sobre saúde e do-
ença mental;
|| E
ixo II – Reforma sanitária e reorganização da assistência à saúde
mental;
|| E
ixo III – Cidadania e doença mental: direitos, deveres e legislação do
doente mental.
C
ontempla: a observância das condições de vida e saúde da população
brasileira
S
inaliza: a importância de destacar a saúde mental como uma questão de
saúde pública no Brasil.
E
laboração da “Proposta de Política de Saúde Mental da Nova República”
M
udança: Presença de associações de usuários e familiares
M
anifesto de Bauru:
|| S
inaliza um movimento orientado para a discussão da questão da
loucura para além do limite assistencial
1º CAPS do país
1988 A
rt. 5º III – “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano
ou degradante”
A
rt. 194 – Seguridade Social: saúde | previdência | assistência social
1º NAPS do país
S
erviram de modelo para o Ministério da Saúde
M
udança: participação efetiva dos usuários na realização dos trabalhos
de grupo, nas plenárias, nos debates e tribunas livres
D
iscussões:
E
ntendimento do processo saúde/doença mental a partir de uma
perspectiva contextualizada:
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Portaria GM 224/1992
1992 R
egulamentou o funcionamento de todos os serviços de saúde mental
em acordo com as diretrizes de descentralização e hierarquização das Leis
Orgânicas do Sistema Único de Saúde.
D
efiniu os NAPS/CAPS como:
|| C
ontam com uma população adscrita, definida pelo nível local
|| O
ferecem atendimento de cuidados intermediários entre o regime
ambulatorial e a internação hospitalar
|| P
odem constituir-se também em porta de entrada da rede de servi-
ços para as ações relativas à saúde mental
|| A
tendem também a pacientes referenciados de outros serviços de
saúde, dos serviços de urgência psiquiátrica ou egressos de interna-
ção hospitalar.
1993 E
ixo central: Organização do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial
C
aracterísticas do MNLA: movimento social, plural, independente,
autônomo que deve manter parcerias com outros movimentos sociais
E
laboração da carta sobre os direitos dos usuários e familiares dos
serviços de saúde mental
N
úcleos de discussão: “exclusão na cultura”, “exclusão no trabalho”,
“exclusão na assistência” e “exclusão no direito
1997 T
ema: “Por uma sociedade sem exclusões“
Á
reas temáticas: Legislação; Cultura; Trabalho; Formação e Capacitação;
Assistência às Crianças, Adolescentes e Adultos.
1999 T
ema: “Novas formas de produção de sentido“
T
ópicos debatidos:
|| A
lternativas de moradia ou serviços residenciais para os usuários
|| C
ooperativas sociais
|| R
elações entre sujeito, estado e cidades na produção de sentidos
|| F
inanciamentos e redirecionamento dos recursos relativos à Saúde
Mental para os serviços substitutivos
|| A
provação, na Câmara dos Deputados, de texto relativo à lei sobre a
extinção progressiva dos manicômios (Paulo Delgado)
Subtemas:
1) Recursos Humanos;
2) Financiamento;
3) Controle Social;
4) Direitos, Acessibilidade e Cidadania.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Discussões:
2001
N
ecessidade da municipalização da assistência em saúde mental
R
ecomendação da importância da realização de conferências municipais
de saúde mental
2001 G
rupos temáticos: manicômios; mídia e inclusão social; serviços
substitutivos
D
iscussões: Organização do movimento nacional; organização dos
núcleos; incentivo à criação de associações de usuários e familiares;
manutenção de uma rede de informações
D
eflagração da crise dentro do Movimento Nacional da Luta
Antimanicomial
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Portaria nº 3.088/2011
2011
I nstitui a Rede de Atenção Psicossocial no SUS (RAPS)
P
reconizando o atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno
mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas.
S
er oposição às iniciativas emanadas do poder legislativo, que objetiva
fortalecer as internações compulsórias, o financiamento público das
comunidades terapêuticas e os ataques às conquistas da Reforma
Psiquiátrica Antimanicomial;
A
presentar projetos de lei que respeitem os princípios do SUS e da Lei
10.216;
P
romover eventos públicos, visando mobilizar a sociedade civil para a
implantação de dispositivos de atenção à saúde mental, que não tenham
como princípio a segregação e o higienismo
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
AS CONFERÊNCIAS DE
SAÚDE MENTAL
As Políticas Públicas de Saúde Mental têm por objetivo a implementação de estratégias que
contribuam para a melhoria no atendimento dos serviços e benefícios para os usuários, com vistas
a assegurar-lhes os direitos sociais.
As Políticas em Saúde Mental devem viabilizar o estudo das demandas através de critérios
epidemiológicos para a melhoria nos serviços e promover a discussão e atualização dos meios de
acesso da população às informações.
Dentro desta perspectiva incluem-se as Conferências de Saúde Mental durante as quais são
discutidos temas como inserção social, comunicação, educação e cujo intuito é obter a melhoria
dos serviços, construções de novos CAPS, Residências Terapêuticas e outras demandas
características de cada comunidade.
A partir destas discussões é elaborado um documento com proposições de melhorias que é levado
por delegados eleitos em assembleia para representar o município na Conferência Estadual.
A discussão contou com a participação de 176 delegados eleitos nas préconferências estaduais;
observadores e convidados de diversos segmentos representativos da sociedade. Sua estruturação
constou de três eixos temáticos (Brasil, Ministério da Saúde, 1987):
Eixo III – Cidadania e doença mental: direitos, deveres e legislação do doente mental.
Como produto desta discussão foi elaborada a “Proposta de Política de Saúde Mental da Nova
República” que contempla a observância das condições de vida e saúde da população brasileira e
sinaliza a importância de destacar a saúde mental como uma questão de saúde pública no Brasil.
A partir destas considerações ficou definido que as ações em saúde mental devem ser ofertadas
numa dimensão pedagógica a toda a população através da comunicação dos conhecimentos
sobre como os fatores ambientais, sociais, familiares, individuais e genéticos podem atuar na
promoção de saúde mental ou, inversamente, no adoecimento mental.
Numa outra dimensão estão as ações específicas dirigidas à faixa da população que apresenta
adoecimento psíquico ou com alto risco de adoecimento.
Universalização e Equidade;
Articulação Intersetorial;
Regionalização e Hierarquização;
Descentralização;
Supervisão e Avaliação;
Epidemiologia;
Política Terapêutica.
A II Conferência Nacional de Saúde Mental (Brasil, Ministério da Saúde, 1994) ocorreu em 1992
com a participação de 320 delegados representantes de 24 estados, observadores e convidados
e teve como indicador de mudança a participação efetiva dos usuários na realização dos trabalhos
de grupo, nas plenárias, nos debates e tribunas livres.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Os marcos conceituais desta conferência foram: a Atenção Integral à saúde mental e a Cidadania.
As discussões tiveram como ponto central o entendimento do processo saúde/doença mental
a partir de uma perspectiva contextualizada, onde qualidade e modo de vida são determinantes
para a compreensão do sujeito, sendo de importância fundamental vincular o conceito de saúde
ao exercício da cidadania, respeitando-se as diferenças e a diversidade.
Deste modo, a atenção integral em saúde mental deve propor um conjunto de dispositivos
sanitários e socioculturais que advenham de uma visão integrada das várias dimensões da vida
do indivíduo, em diferentes e múltiplos âmbitos de intervenção (educativo, assistencial e de
reabilitação).
A III Conferência Nacional de Saúde Mental ocorreu em 2001 e teve como eixo temático a
reorientação do modelo assistencial em saúde mental, subdividido nos temas:
1. Recursos Humanos;
2. Financiamento;
3. Controle Social;
Participaram desta conferência 1.000 delegados, sendo 85% eleitos nas etapas estaduais e 15% de
delegados nacionais; 200 observadores e 100 convidados, indicados pela Comissão Organizadora.
Contudo, o maior destaque esteve em torno da discussão sobre os direitos da pessoa com
transtorno mental, tema que se tornou o centro dos debates sobre a reforma psiquiátrica a partir da
promulgação da Lei no 10.216/2001, sendo vista como um poderoso instrumento para a conquista
da cidadania dos usuários e familiares. A III Conferência Nacional de Saúde Mental reafirmou os
princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Por fim, no ano de 2010 ocorreu a IV Conferência de Saúde Mental, para as quais foram realizadas
359 conferências municipais e 205 regionais, com a participação de cerca de 1200 municípios. O
ponto central das discussões foi a intersetorialidade, subdividida nos eixos temáticos:
O destaque principal desta conferência foi a promoção do debate sobre a atenção à saúde
mental com os diversos setores da sociedade. O atual cenário da Reforma Psiquiátrica indica
novos desafios para a melhoria do cuidado em saúde mental no território, devendo contemplar o
desenvolvimento de ações intersetoriais.
Pela primeira vez, uma Conferência de Saúde Mental trouxe uma abordagem intersetorial,
com a presença de parceiros da Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério do
Desenvolvimento Social e de Combate à Fome, do Ministério da Cultura, do Trabalho e Emprego,
da Educação, da Justiça e outros.
Destacou-se neste evento a necessidade da abordagem transversal de várias políticas sociais por
meio de alianças intersetoriais com o estabelecimento de diretrizes, pactuações, planejamento
e avaliação de várias outras políticas, bem como a realização do apoio matricial e o sistema de
referência e contrarreferência articulados de forma intersetorial. É fundamental a participação dos
gestores e lideranças, colegiados e a promoção de eventos em todos os níveis de gestão.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
A lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 – Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata essa lei, são
assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual,
religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade
ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra (Art. 1º).
Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos seus direitos (Art. 2º), elencados a seguir (Art. 2º, parágrafo único):
Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,
visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
Ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não
de sua hospitalização involuntária;
A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos (Art. 6º).
São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica (Art. 4º, parágrafo único):
A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no
momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento (Art. 7º).
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação
do médico assistente (Art. 7º, parágrafo único).
A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada
ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha
ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta (Art. 8º, § 1º).
Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o
consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação
aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde (Art. 11).
ACERTE O ALVO: Fique atento aos grifos no artigo 2º, que versa sobre os direitos dos
portadores de transtornos mentais, e aos grifos nos artigos que versam sobre internação.
3. REDE DE ATENÇÃO
À SAÚDE MENTAL
Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS).
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) tem como FINALIDADE a criação, ampliação e articulação
de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único
de Saúde.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Promover o acesso das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção;
Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território,
qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da
atenção às urgências.
Produzir e ofertar informações sobre direitos das pessoas, medidas de prevenção e cuidado
e os serviços disponíveis na rede;
Atenção Especializada
Atenção Hospitalar
Estratégias de Desinstitucionalização
Reabilitação Psicossocial
Os serviços de saúde mental existentes na maioria das cidades brasileiras têm se dedicado com
afinco à desinstitucionalização de pacientes cronicamente internados, ao tratamento de casos
graves, às crises, etc.
Uma grande parte do sofrimento psíquico menos grave continua sendo objeto do trabalho de
ambulatórios e da Atenção Básica (AB) em qualquer uma de suas formas.
A realidade das equipes de Atenção Básica demonstra que, constantemente, elas se deparam
com problemas de saúde mental: 56% das equipes de saúde da família referem realizar ações de
saúde mental (Brasil, Ministério da Saúde, 2003b), sobretudo quanto a problemas mais leves tais
como queixas psicossomáticas, dependência de benzodiazepínicos, transtornos de ansiedade
menos graves, abuso de álcool e drogas, etc.
Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da Atenção Básica são um recurso
estratégico para o enfrentamento de agravos vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas e
diversas formas de sofrimento psíquico.
No entanto, nem sempre a Atenção Básica apresenta condições para dar conta dessa importante
tarefa. Às vezes, a falta de pessoal e de recursos, bem como a falta de capacitação prejudicam a
execução de uma ação integral pelas equipes. Além disso, atender às pessoas com problemas de
saúde mental é de fato uma tarefa complexa.
Nessa compreensão, o Ministério da Saúde fundamenta a ideia de que urge estimular ativamente,
nas políticas de expansão, formulação e avaliação da Atenção Básica, diretrizes que incluam a
dimensão subjetiva dos usuários e os problemas mais graves de saúde mental.
As ações de saúde mental na Atenção Básica devem obedecer ao modelo de redes de cuidado,
de base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas e que busquem o
estabelecimento de vínculos e acolhimento.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Essas ações devem estar fundamentadas nos princípios do SUS e nos princípios da Reforma
Psiquiátrica. Podemos sintetizar como princípios fundamentais dessa articulação entre saúde
mental e Atenção Básica:
Noção de território;
Intersetorialidade;
Reabilitação psicossocial;
Multiprofissionalidade/interdisciplinaridade;
Desinstitucionalização;
Território não é apenas uma área geográfica, embora sua geografia também seja muito importante
para caracterizá-lo. O território é constituído fundamentalmente pelas pessoas que nele habitam,
com seus conflitos, seus interesses, seus amigos, seus vizinhos, sua família, suas instituições,
seus cenários (igreja, cultos, escola, trabalho, boteco, etc.). É essa noção de território que busca
organizar uma rede de atenção às pessoas que sofrem com transtornos mentais e suas famílias,
amigos e interessados.
As redes possuem muitos centros, muitos nós que as compõem e as tornam complexas e
resistentes. O fundamental é que não se perca a dimensão de que o eixo organizador dessas
redes são as pessoas, sua existência, seu sofrimento.
A atenção em saúde mental deve ser prestada dentro de uma rede de cuidados. Estão incluídos
nessa rede:
Esta rede visa substituir o modelo obsoleto dos hospitais psiquiátricos tendo em vista a prestação
da assistência à saúde como um direito de todos e através da descentralização e da territorialização
dos atendimentos em saúde, conforme diretrizes estabelecidas pela Lei Federal no 8080/1990
que institui o SUS.
Rede e território são dois conceitos fundamentais para o entendimento do papel estratégico dos
CAPS e isso se aplica também à sua relação com a rede básica de saúde.
Entretanto, é a rede básica de saúde o lugar privilegiado de construção de uma nova lógica de
atendimento e de relação com os transtornos mentais.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços destinados a acolher os pacientes com
transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de
busca da autonomia, oferecerlhes atendimento médico e psicológico.
Os CAPS, dentro da atual política de saúde mental do Ministério da Saúde, são considerados
dispositivos estratégicos para a organização da rede de atenção em saúde mental. Eles são
territorializados, ou seja, estão circunscritos no espaço de convívio social (família, escola, trabalho,
igreja, etc.) dos usuários que os frequentam.
Estes serviços devem ser espaços para o resgate das potencialidades dos recursos comunitários
à sua volta, pois todos esses recursos devem ser incluídos nos cuidados em saúde mental. A
reinserção social pode ocorrer a partir do CAPS, mas sempre em direção à comunidade.
Os CAPS devem assumir seu papel estratégico na articulação e na construção dessas redes,
tanto cumprindo suas funções na assistência direta e na regulação da rede de serviços de
saúde, trabalhando em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários
de Saúde, quanto na promoção da vida comunitária e da autonomia dos usuários, articulando os
recursos existentes em outras redes: sócio sanitárias, jurídicas, cooperativas de trabalho, escolas,
empresas etc (Brasil, Ministério da saúde, 2004b).
Neste contexto, a organização das Ações de Apoio Matricial pode ser efetivada das seguintes
formas:
Onde houver CAPS, Oficinas e/ou outros equipamentos da Saúde Mental: Os diversos
membros dessas equipes de saúde mental farão o apoio matricial às diferentes equipes
de Atenção Básica, programando sua carga horária para encontros semanais, e formas de
contrato para demandas invesperadas ou intercorrências.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
No caso de municípios onde o número de CAPS é insuficiente para garantir apoio matricial a todas
as equipes da Atenção Básica é possível compor esse apoio com a implantação de equipes de
apoio matricial e/ou planejar a expansão do número de CAPS.
Onde não houver serviços de saúde mental: Criação de equipes de apoio matricial
compostas, no mínimo, por um médico psiquiatra (ou generalista com capacitação em
saúde mental), dois técnicos de nível superior (psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente
social, enfermeiro, etc.) e auxiliares de enfermagem, para no mínimo seis e no máximo nove
equipes de PSF ou para grupos populacionais entre 15 e 30 mil habitantes.
No caso de municípios com menos de 20 mil habitantes é possível pensar em equipes de apoio
matricial mais simples, compostas por um médico generalista com capacitação em saúde mental
e um técnico de saúde mental de nível superior.
Conforme as diretrizes da Política de Saúde Mental, quando o território for constituído por uma
grande população de abrangência, é importante que o CAPS discuta com o gestor local a
possibilidade de acrescentar ao seu quadro uma ou mais equipes de saúde mental, destinadas a
realizar essas atividades de apoio à rede básica.
Dispensando medicamentos;
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando
o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer,
exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de
atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.
CAPS I e CAPS II: são CAPS para atendimento diário de adultos, em sua população de
abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes.
CAPS III: são CAPS para atendimento diário e noturno de adultos, durante sete dias
da semana, atendendo à população de referência com transtornos mentais severos e
persistentes.
CAPSi: CAPS para infância e adolescência, para atendimento diário a crianças e adolescentes
com transtornos mentais.
CAPSad: CAPS para usuários de álcool e drogas, para atendimento diário à população com
transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e
outras drogas. Esse tipo de CAPS possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de
tratamento de desintoxicação.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
CAPSad III: CAPS destinado a proporcionar atenção integral e contínua a pessoas com
transtornos decorrentes do uso abusivo e da dependência de álcool e outras drogas, com
funcionamento durante as 24 horas do dia, inclusive nos feriados e finais de semana.
A equipe de saúde mental neste contexto deverá ser constituída por 01 psicólogo ou psiquiatra
necessariamente e 01 terapeuta ocupacional e/ou 01 assistente social e deve estar articulada
preferencialmente aos CAPS, onde houver, ou a outro serviço de saúde mental de referência.
Expomos a seguir as principais características de cada um dos CAPS para facilitar seu entendimento
e dinamizar seu estudo. Recomendamos que observe as diferenças existentes entre as várias
propostas para evitar confusões no momento de resolver as questões da prova.
DICA: existe uma lógica de ampliação dos serviços e das responsabilidades de acordo com a
classificação nos casos dos CAPS I, II e III. Quanto aos CAPSi e CAPSad a lógica é da especialização
do serviço.
Sintetizando, os parâmetros populacionais para a implantação dos CAPS são definidos da se-
guinte forma:
Municípios até 20.000 habitantes – rede básica com ações de saúde mental;
Municípios entre 20.000 a 70.000 habitantes – CAPS I e rede básica com ações de saúde
mental;
Municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes – CAPS II, CAPS AD e rede básica
com ações de saúde mental;
Municípios com mais de 200.000 habitantes – CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi, e rede
básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU.
As equipes técnicas de quaisquer tipos de CAPS devem organizar-se para acolher os usuários,
desenvolver os projetos terapêuticos, trabalhar nas atividades de reabilitação psicossocial,
O CAPS precisa estar inserido em uma rede articulada de serviços que se propõem a oferecer um
continuum de cuidados. O processo de reconstrução dos laços sociais, familiares e comunitários,
que vão possibilitar a autonomia, deve ser cuidadosamente preparado e ocorrer de forma gradual
e continuada.
As práticas realizadas nos CAPS se caracterizam por ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor
e inserido no bairro. A fim de assegurar a execução dessas ações, cada CAPS deve ter um projeto
terapêutico do serviço.
As pessoas atendidas nos CAPS apresentam intenso sofrimento psíquico, que lhes impossibilita
de viver e realizar seus projetos de vida. São, preferencialmente, pessoas com transtornos mentais
severos e/ou persistentes, incluindo crianças e adolescentes com transtornos mentais e também
os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e outras drogas).
Os usuários dos CAPS podem ter tido uma longa história de internações psiquiátricas, podem
nunca ter sido internados ou podem já ter sido atendidos em outros serviços de saúde (ambulatório,
hospital-dia, consultórios, etc.).
A busca por atendimentos no CAPS pode ocorrer por demanda espontânea ou através de
encaminhamento pelo Programa de Saúde da Família ou por qualquer serviço de saúde. A pessoa
pode ir sozinha ou acompanhada, devendo procurar, preferencialmente, o CAPS que atende à
região onde mora.
O importante é que essas pessoas saibam que podem ser atendidas e quais os objetivos e
atividades desenvolvidas nos CAPS. A partir da inserção no serviço, é construído um projeto
terapêutico específico para o usuário.
Caso a pessoa não queira ou não possa ser favorecida com o trabalho oferecido pelo CAPS,
deverá ser realizado seu encaminhamento para outro serviço de saúde mais adequado à sua
necessidade.
Nos casos em que uma pessoa está isolada, sem condições de acesso ao serviço, ela poderá ser
atendida em domicílio por um profissional da equipe do CAPS, por meio da articulação com a
equipe de saúde da família do local, a pedido de um familiar ou vizinho.
A rede básica de saúde se constitui pelos centros ou unidades de saúde locais e/ou regionais, pelo
Programa de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde, que atuam na comunidade
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
de sua área de abrangência. Esses profissionais e equipes são pessoas que estão próximas e que
possuem a responsabilidade pela atenção à saúde da população daquele território.
Os CAPS devem buscar a integração permanente com as equipes da rede básica de saúde em
seu território, pois tem um papel fundamental no acompanhamento, na capacitação e no apoio
para o trabalho dessas equipes com as pessoas com transtornos mentais.
O protagonismo dos usuários é fundamental para que se alcancem os objetivos dos CAPS,
como dispositivos de promoção da saúde e da reabilitação psicossocial. Os usuários devem ser
incentivados a participar das discussões sobre as atividades terapêuticas do serviço.
A equipe técnica pode favorecer a apropriação, pelos usuários, do seu próprio projeto terapêutico
através do Terapeuta de Referência, que é uma pessoa essencial para esse processo e que deve
estar comprometido em refletir sobre o vínculo que o usuário está estabelecendo com o serviço
e com os profissionais e estimulá-lo a participar de forma ativa de seu tratamento e da construção
de laços sociais.
Os usuários devem ser estimulados a criar suas associações ou cooperativas, onde possam,
através da organização, discutir seus problemas comuns e buscar soluções coletivas para
questões sociais e de direitos essenciais, que ultrapassam as possibilidades de atuação dos CAPS.
As organizações de usuários e/ou familiares têm cumprido uma importante função na mudança
do modelo assistencial no Brasil, participando ativamente da discussão sobre os serviços de
saúde mental e desenvolvendo atividades com vistas à maior inserção social, à geração de renda
e trabalho e à garantia de seus direitos sociais.
Um dos objetivos do CAPS é incentivar que as famílias participem da melhor forma possível da
rotina dos serviços, incentivando o usuário a se envolver no projeto terapêutico, mas também
participando diretamente das atividades do serviço, tanto internas como nos projetos de trabalho
e ações comunitárias de integração social. Os familiares são considerados pelos CAPS como
parceiros no tratamento.
A comunidade poderá ser parceira dos CAPS através de doações, cessão de instalações,
realização de serviços, instrução ou treinamento em algum assunto ou ofício, realização conjunta
de um evento (uma festa, por exemplo), execução conjunta de projeto mais longo, participação
nas atividades quotidianas do serviço. O CAPS deve ser parte integrante da comunidade, de sua
vida diária e de suas atividades culturais.
Características:
Destinado a crianças e adolescentes com transtornos mentais;
Municípios com população de cerca de 200.000 hab. ou de acordo com outro critério
epidemiológico estabelecido pelo gestor;
Funciona das 8 às 18 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo
comportar um terceiro turno funcionando até 21 horas. Atribuições:
Possui capacidade técnica para regular a porta de entrada da rede assistencial no âmbito
do seu território e/ou do módulo assistencial;
Todas as ações desenvolvidas têm como foco a atenção à criança e ao adolescente com
transtorno mental, seja em intervenções individuais, familiares ou junto à comunidade. O critério
para implantação é mais flexível e deve considerar indicadores epidemiológicos. Os horários de
funcionamento são similares ao proposto para os CAPS II.
Composição da equipe:
Atendimento de 15 crianças e/ou adolescentes por turno, tendo como limite máximo 25 pacientes/
dia, será composta por:
1 Enfermeiro;
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Tipos de assistência:
Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
Atendimento à família;
Descrevemos as atividades desenvolvidas nos CAPSi, que, em geral, são as mesmas oferecidas
nos demais CAPS, como atendimento individual, atendimento grupal, atendimento familiar,
visitas domiciliares, atividades de inserção social, oficinas terapêuticas, atividades socioculturais
e esportivas, atividades externas. Elas devem ser dirigidas para a faixa etária a quem se destina
atender.
A equipe deve ser composta por psiquiatra ou neurologista ou pediatra com formação em saúde
mental. A possibilidade de inserção de um médico neurologista ou pediatra tem em vistas as
especificidades da faixa etária assistida e da alta frequência de transtornos mentais em crianças
associados a quadros neurológicos.
Quanto aos transtornos decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas, a necessidade
de atendimento regular atinge cerca de 6 a 8% da população (Brasil, Ministério da saúde, 2004b),
embora existam estimativas ainda mais elevadas.
Para essa população específica, vemos que o sistema assistencial ainda vigente (mas em
processo contínuo de revisão e reversão de seu modelo) privilegia as pessoas mais acometidas,
nos dispositivos de atenção hospitalar.
Os CAPSad possuem a composição da equipe similar aos dos CAPS II, contudo se faz necessária
a inclusão de um médico clínico para triagem, avaliação e acompanhamento de possíveis
intercorrências clínicas.
Características:
Destinado a pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias
psicoativas;
Funciona das 8 às 18 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo
comportar um terceiro turno funcionando até 21 horas. Atribuições:
Regula a porta de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo
assistencial;
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1 médico psiquiatra;
Enfermeiro,
Terapeuta ocupacional,
Auxiliar de enfermagem;
Técnico administrativo;
Técnico educacional
Artesão.
Tipos de Assistência:
Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
Visitas domiciliares;
Atendimento à família;
Atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e sua inserção
familiar e social;
Os CAPSad desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual
(medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo ou
oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.
Também devem oferecer condições para o repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial
de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção clínica
hospitalar.
Os CAPSad devem oferecer atendimento diário a pacientes que fazem um uso prejudicial
de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva
individualizada de evolução contínua. Esta proposta possibilita intervenções precoces, reduzindo
o estigma associado ao tratamento.
Esta rede de atendimento se baseia em serviços comunitários, apoiados por leitos psiquiátricos
em hospital geral e outras práticas de atenção comunitária (ex.: internação domiciliar, inserção
comunitária de serviços), de acordo com as necessidades da população-alvo. São disponibilizados
de dois a quatro leitos para desintoxicação e repouso e os horários de atendimento são similares
aos dos CAPS II.
A prevenção direcionada ao uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas pode ser
definida como um processo de planejamento, implantação e execução de diversas estratégias
direcionadas para a redução dos fatores de risco específicos e para o fortalecimento dos fatores
de proteção.
Implica na inserção comunitária das práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos
sociais disponíveis. A prevenção tem como objetivo coibir o início do uso de substâncias psicoativas,
evitando-o e minimizando suas consequências.
A lógica que sustenta este planejamento deve ser a da Redução de Danos, em uma ampla
perspectiva de práticas voltadas para minimizar as consequências globais de uso de álcool e
drogas.
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propostas mais flexíveis, que não tenham a abstinência total como a única meta viável e possível
aos usuários dos serviços CAPSad (Brasil, Ministério da Saúde, 2004c).
Os CAPSad devem estabelecer articulações consistentes com os Hospitais Gerais de seu território,
para servirem de suporte ao tratamento, quando necessário (Brasil, Ministério da Saúde, 2004c).
Tendo em vista a lacuna histórica de políticas de saúde voltadas para o consumo prejudicial
de álcool e outras drogas, foram elaborados o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao
Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde – SUS (PEAD
2009 –2010), instituído pela Portaria nº1190, de 04 de junho de 2009 e o Plano Integrado de
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas (PIEC), instituído pelo Decreto Presidencial nº 7179 de
20 de maio de 2010, ambos estruturados por meio da articulação entre diversas políticas sociais.
Objetivos:
Ampliar o acesso ao tratamento e à prevenção em álcool e outras drogas no Sistema Único
de Saúde (SUS);
Dentre os dispositivos propostos nesses Planos, destaca-se o Consultório de Rua (CR), componente
da rede de atenção substitutiva em saúde mental, por meio da oferta de ações de promoção,
prevenção e cuidados primários executados no próprio espaço da rua.
A perspectiva em foco visa à redução dos danos potenciais do uso de substâncias psicoativas
através de uma abordagem preventiva e de cuidado em saúde.
O Consultório de Rua tem como princípios norteadores (Brasil, Ministério da Saúde, 2010):
O respeito às diferenças;
O enfrentamento do estigma;
A intersetorialidade.
Política para Atenção Integral a Pessoas que Usam Álcool e Outras Drogas;
Política de Humanização;
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O Consultório de Rua foi idealizado pelo Prof. Antônio Nery Filho no início do ano 1990 como uma
resposta ao problema das crianças em situação de rua e uso de drogas. Esta proposta vem sendo
executada pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas – CETAD, instituição criada
como extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), desde 1999
na cidade de Salvador, na Bahia.
Equipe volante, ou seja, sem local fixo para intervenção, podendo se deslocar pelos
diversos locais nos quais haja potenciais usuários do serviço.
Equipe com formação multidisciplinar das áreas de saúde mental, atenção básica,
assistência social. Categorias profissionais: médico, assistente social, psicólogo. Pode haver
ainda outros profissionais de nível superior e educadores sociais, redutores de danos,
técnicos de enfermagem e eventualmente oficineiros para o desenvolvimento estratégico
de atividades de arte-expressão.
Um carro tipo perua (“van”), para prover o deslocamento da equipe profissional e dos
materiais necessários à realização das ações. O carro, além deste transporte, tem a função
de se constituir como referência para os usuários. Para isso, a caracterização do veículo deve
conter sua identificação institucional, com o nome Consultório de Rua – SUS.
A principal ferramenta das equipes de Consultório de Rua é o relacionamento. Por isto, a equipe
deve procurar construir uma aproximação cuidadosa no sentido de adequar as ações a serem
desenvolvidas, priorizando a abordagem a partir do estabelecimento de vínculos de confiança, na
busca de constituir uma interlocução singular com os usuários (Brasil, Ministério da Saúde, 2010e).
Os profissionais realizam uma escuta sensível sobre a situação atual e as histórias de vida dos
usuários, ajudando-os a refletir e tentar encontrar caminhos alternativos de acordo com seus
desejos.
Quanto ao trabalho específico com crianças e adolescentes, deve-se utilizar uma linguagem
própria, com o uso de recursos e estratégias lúdicas que intermedeiem a aproximação dos
profissionais e a população mais jovem.
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Garantir o alinhamento com as diretrizes da Política para Atenção Integral a Pessoas que
Usam Álcool e Outras Drogas, do Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento
e Prevenção em Álcool e outras Drogas, do Plano Integrado de Enfrentamento do Crack,
da Política Nacional de Saúde Mental, da Política Nacional de DST/AIDS, da Política de
Humanização e da Política de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
Atuar como uma ponte para a população que está à margem do sistema de saúde e
possibilitar sua inserção na rede.
Como um parâmetro geral, os Consultórios de Rua são indicados para municípios com população
superior a 300 mil habitantes, o que deve ser visto como uma orientação flexível, pois o critério
fundamental é o perfil epidemiológico da população.
2. Escolha pela equipe das áreas prioritárias para a presença do Consultório de Rua.
4. Definição de um ponto fixo para estacionar a unidade móvel: Etapa realizada em conjunto
com a comunidade.
Segundo a Portaria nº 121 / 2012, a Unidade de Acolhimento Adulto – UAA é um serviço da Rede
de Atenção Psicossocial que oferece acolhimento transitório às pessoas de ambos os sexos, com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
Elas funcionam como casas onde as pessoas que estejam em tratamento nos CAPS tem apoio
profissional e podem viver por um período.
Acolhem até 15 adultos por até 6 seis meses, apoiando seus moradores na busca de emprego,
estudo e outras alternativas de moradia. São espaços abertos, de acolhimento sempre voluntário.
São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia
de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não.
O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas,
que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada
um.
Conforme vimos, a atual configuração da Política Nacional de Saúde Mental é o resultado de uma
longa discussão que teve início com o movimento da Reforma Psiquiátrica e que tem se fortalecido
através da realização das Conferências de Saúde Mental.
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SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA
Os investimentos públicos em Saúde Mental vêm atender a uma demanda antiga e reprimida, de
pessoas excluídas socialmente, ocultadas por muito tempo nos hospitais psiquiátricos.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, G.C.; COSTA, T.G.; MORENO, V. Movimento da luta antimanicomial: trajetória, avanços e
desafios. Cad. Bras. Saúde Mental, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 45-50, jan./jun. 2012.
MATHES, P. G.; SILVA, F. B. Saúde Mental e o Campo Sociojurídico: o “estado da arte do debate”
com a Reforma Psiquiátrica. Saúde Soc. São Paulo, v.21, n.3, p.529-542, 2012.
NEVES, A. V. M. Políticas Públicas de Saúde para concursos. Rio de Janeiro: Editora Campus /
Elsevier, 2012.
PORTO, K. F.; AQUINO, A. P.; ABREU, I. G. H.; FRANÇA, A. C. Notícia: IV Encontro Nacional da Luta
Antimanicomial. Psicologia: Teoria e Pesquisa Jan-Abr 1999, Vol. 15 n. 1, pp. 077-077.
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