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APRESENTAÇÃO

A Profissão de Psicólogo foi legalmente instituída no país a partir da publicação


da Lei n° 4.119/62, que estabelece as normas para a oferta de cursos para a
concessão do grau de psicólogo, bem como dispõe sobre os direitos destes
profissionais. Dentre as prerrogativas cabíveis ao profissional psicólogo destacam-
se a competência para colaborar com outras ciências em assuntos psicológicos,
bem como a função privativa do psicólogo de utilização de métodos e técnicas
psicológicas com os seguintes objetivos (Art. 13):

A. diagnóstico psicológico
B. orientação e seleção profissional
C. orientação psicopedagógica
D. solução de problemas de ajustamento

A partir da publicação da Lei 5.766/71 e do Decreto 79.822/77 foram criados o


Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia, dotados de personalidade
jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, constituindo,
em seu conjunto, uma autarquia, destinados a orientar, disciplinar e fiscalizar o
exercício da profissão de Psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de
ética e disciplina da classe.
Com a criação dos conselhos, o exercício da profissão de Psicólogo, nas suas
diferentes categorias, em todo o território nacional, passou a ser permitido apenas
ao portador de Carteira de Identidade Profissional, expedida pelo Conselho
Regional de Psicologia da respectiva jurisdição.
Entende-se por ética profissional o conjunto de normas morais pelas quais um
indivíduo deve orientar seu comportamento profissional. Tendo em vista a busca
pelo adequado exercício profissional, atendendo às demandas sociais e norteado por
elevados padrões técnicos, visando à adequação às normas éticas que asseguram a
apropriada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um
todo, coube ao CFP elaborar o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

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O código de ética atualmente vigente é a terceira formulação e foi aprovado em
2005, a partir de um amplo processo de discussão e construção coletiva, que
ocorreu sob a forte influência do processo de abertura democrática que vinha
sendo vivenciado no país desde 1988 com a promulgação da atual Carta Magna
(CF/88).
O Código de Ética Profissional visa estabelecer um padrão de conduta que fortaleça
o reconhecimento social da categoria. Este objetivo é conquistado por meio do
fomento à autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de modo
a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por suas ações e pelas decorrentes
consequências sobre o exercício profissional.
Além de conhecer o Código de Ética, cabe ao profissional manter-se em dias com
a edição das resoluções e cartilhas editadas pelo CFP. Conforme será possível
averiguar do decorrer da leitura, as Resoluções editadas pelo Conselho Federal
de Psicologia são fortemente fundamentadas em critérios técnico-científicos e
amparadas pelos fundamentos jurídicos vigentes no país, seja através da própria
Constituição Federal (CF/1988), seja em conformidade com Leis e Decretos ou
ainda em atenção a recomendações formuladas por importantes entidades
internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Estas Resoluções têm como intuito normatizar o exercício da profissão:
1. estabelecendo regras quanto à conduta profissional na prestação do cuidado,
2. definindo critérios objetivos para a utilização de instrumentos e técnicas tanto
na pesquisa quanto no exercício profissional,
3. expondo claramente o posicionamento do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) frente a temas de relevância social,
4. norteando a conduta profissional em conformidade com princípios éticos em
prol do respeito às individualidades, ao direito à vida e à saúde, do direito à
cidadania e à dignidade da pessoa humana.

Recomendo dedicação no estudo deste tema, tendo em vista que é um dos tópicos
mais cobrados em certames para o cargo de psicólogo. O conhecimento apurado
da legislação, associado à capacidade de resolução de questões, é, sem dúvida,
a mais bem-sucedida fórmula para o sucesso em concursos que exijam o domínio
deste conteúdo.
O estudo da legislação a partir da letra original tal qual foi publicada - “lei seca”
- é reconhecidamente a melhor maneira de memorizar seu conteúdo, por esta
razão, apresentaremos a legislação em sua íntegra, comentando os tópicos mais
relevantes para a resolução das questões do concurso.

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Durante a leitura mantenha-se atento aos negritos e grifos e ao símbolo da
Metodologia Direto ao Ponto, pois é garantia de excelentes dicas para seu estudo!

Nos últimos anos tenho elaborado cursos específicos para concursos federais,
estaduais e municipais em diversos estados do país, com excelentes resultados
e muitas histórias de aprovação. Apenas como exemplo para deixa-lo ainda
mais seguro, saiba que a equipe do site Concursos PSI teve o prazer de contribuir
ativamente para a aprovação de:
• 65 candidatos no concurso do SEDS – MG
• 15 alunos no concurso da SUSAM
• Primeiro colocado no concurso DEPEN
• Os primeiros colocados no concurso da SES – PE
• O primeiro colocado no concurso do TJGO
• O primeiro colocado no concurso da Prefeitura de Osasco - SP
• Os primeiros colocados no concurso da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
- PE
• Primeiros colocados em diversos concursos EBSERH
• 1º e 2º lugares no concurso do TJBA
• 1º e 3º colocados no TJMS
• Primeiros colocados no concurso FUNDASUS-MG
• 1º colocado no concurso TJPR e outros 5 aprovados dentro do número de vagas,
além de outros 99 classificados na prova objetiva para a segunda etapa.
• Primeiros colocados em diversas comarcas do TJSP

Todos esses alunos e tantos outros foram aprovados estudando com nossos
cursos específicos, livros e/ou o Sistema Aluno VIP, seguindo a nossa orientação e
aplicando o nosso método. O maior diferencial do nosso material é este: os nossos
alunos são bem-sucedidos em diversos concursos, colecionando aprovações! O
que acha disso?!
A experiência dos professores é muito importante para auxiliar na aprovação em
concursos, afinal, quando temos o mapa do caminho, conseguimos chegar ao
nosso destino muito mais rápido! Então, segure nossa mão com firmeza e iremos
juntos até o seu destino!

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Pode acreditar e confiar na qualidade da sua preparação, pois estamos elaborando
um curso da melhor qualidade para lhe conduzir ao melhor resultado da sua vida,
então, saiba que iremos jogar muito duro para trazer a melhor preparação para
você.
Iremos trabalhar confiantes, com base na análise do edital, utilizando como
referência a literatura mais citada nesse campo de atuação, apresentando a
teoria com todo o cuidado para potencializar o seu aprendizado e deixá-lo apto à
aprovação nesse concurso.
Esse será um concurso muito concorrido e, portanto, irá exigir de você real dedicação.
Não precisa ter medo da concorrência, mas você terá que ter compromisso de
verdade para alcançar a aprovação. Você é capaz de conquistar essa vaga,
acredite, é possível, desde que se empenhe mesmo e siga as nossas orientações.
Não quero saber de preguiça, auto piedade ou choramingo. Saiba desde já que o
cansaço vai fazer parte de todo o processo. Estudar para esse certame vai exigir
muita dedicação. É assim mesmo!
Muitas pessoas serão aprovadas e uma dessas vagas pode ser sua, basta pagar
o preço necessário: muitas horas de estudo focado e correto. Acredite e faça
acontecer.
Ao longo das próximas semanas, estudaremos com afinco toda a teoria necessária
para o entendimento dos temas exigidos no edital. Nunca se engane: a base sólida
para a preparação está tanto no texto, exposto ao longo das aulas em PDF, bem
como vídeo aulas.
O candidato bem preparado é aquele que faz a leitura atenta de toda a teoria,
revisando o texto diversas vezes, além de assistir às videoaulas. Não adianta
resolver centenas de questões se você não tiver a base teórica bem fundamentada.
Conforme é característico do nosso método Direto ao Ponto®, apresentaremos no
decorrer das aulas os tópicos mais concursáveis, ou seja, a síntese fundamental
dos conteúdos mais exigidos em provas, extraindo dos textos de referência o
núcleo principal de cada proposta, pois é deste modo que os tópicos são exigidos
nas provas de concursos.
Após a fase de preparação teórica, partiremos para a segunda etapa: a resolução
passo-a-passo das questões cuidadosamente selecionadas. Farei a revisão dos
conteúdos estudados de forma aplicada à realidade dos concursos. Assim, durante
as videoaulas do simulado de revisão, resolverei as questões cuidadosamente, lhe
mostrando em detalhes como gabaritar a sua prova!
Optei por organizar ao final do curso um simulado com questões de concursos
que será disponibilizado separado das aulas. Irei apresentar uma rica seleção de
questões para que você possa realizar o adequado treinamento para a realização
da prova.
Ao resolver as questões busque analisar a forma como a banca elaborou a
questão, qual sua intenção. Tendências devem ser levadas em consideração,
demonstrando quais tópicos devem ser estudados com maior afinco, mas POR
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FAVOR, não negligencie os outros conteúdos!
O primeiro ensinamento que trago para você é CONHEÇA AS REGRAS DO JOGO,
ou seja, leia com muita atenção o edital para saber tudo que há de importante
sobre o concurso, pois é necessário planejar o estudo com base nas regras do
certame. Você pode conferir essas informações em nossa LIVE de lançamento do
curso.
A minha segunda dica para o seu sucesso é: LEIA E RELEIA (ASSISTA),
ESQUEMATIZE E MEMORIZE! Mantenha o foco! Resolva as questões apenas
depois de ter estudado o assunto.
Dedique-se ao máximo, empenhe-se com vontade e tenha certeza que lograr a
aprovação em um certame como este compensará todo o seu investimento em
tempo de estudo.

Algo que vou repetir sempre é:


”por favor, NÃO PERCA TEMPO com mensagens no celular, redes sociais, e-mails
ou jogos na internet! Seus minutos valem ouro”!
Sei que o desejo de aprovação é grande e que às vezes a ansiedade toma conta,
mas respire fundo e confie em mim. Entenda o contexto, fique atento aos conceitos
que serão destacados nos módulos e mantenha-se determinado. Entendido?
A equipe editorial do Concursos PSI® elaborou uma série de dicas que o auxiliarão
na preparação para este concurso:
1. Tome a decisão e acredite! Esqueça a auto piedade e autoindulgência. O
edital foi publicado e a partir de agora todos os minutos são fundamentais e
podem ser decisivos para a sua aprovação, então, sobreponha-se às dores de
cabeça e nas costas, pois tudo isto passa, mas o emprego ficará garantido;
2. Esquematize o edital, entendendo como ocorrerá o concurso, quais suas
regras;
3. Utilize nosso calendário como roteiros para distribuir o estudo dos temas
específicos;
4. Utilize nosso planner de estudos, distribuindo os conteúdos gerais e específicos
de forma equilibrada. Busque estudar tudo, pois o prazo até a data da prova
é mais que suficiente;
5. Inclua as horas de descanso no planner, pois isto diminui a ansiedade e
garante a reposição de energia, assegurando sua saúde;
6. Leia e releia (assista) nossas aulas diversas vezes, tantas quantas achar
necessário, até que o conteúdo tenha sido realmente absorvido;
7. Adquira toda a legislação indicada no edital e a leia diversas vezes, grifando,
destacando os pontos principais, memorizando as regras e as exceções, pois
a banca certamente exigirá o conhecimento destas leis ao pé da letra.
8. Mantenha seu planejamento de estudo e siga-o o mais fielmente possível;
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9. Reajuste o plano de estudos de forma realista sempre que perceber que
precisa intensificar algum conteúdo;
10. Elabore seus próprios resumos enquanto estuda. Eles serão fundamentais
para a revisão na última semana antes da prova!
11. Resolva questões sobre cada tema exigido no edital, mas apenas após ter
estudado o conteúdo correspondente.
12. Após estudar todo o conteúdo teórico nas aulas, assista às videoaulas do
simulado diversas vezes, pois através desse recurso poderemos transmitir
a você nosso conhecimento sobre como identificar a ênfase da banca
organizadora, demonstrando o passo-a-passo da resolução das questões
enquanto apresentamos a revisão aplicada do conteúdo estudado nas aulas
em PDF.

Dedique-se de verdade, supere seus limites e venha fazer parte do bem-sucedido


grupo de psicólogos que foram aprovados em diversos concursos estudando com
o material do Concursos PSI. Tenha certeza que lograr a aprovação em um bom
concurso público compensará todo o seu investimento em tempo de estudo.
Busque montar seu planejamento de estudo realizando os 4 níveis de leitura desse
material conforme sempre orientamos em nossas mentorias:
1. Estudo flutuante – leia cada capítulo inicialmente de forma mais dinâmica
e constante, sem pausas, sem retroceder para ampliar o entendimento de
tópicos que à primeira vista não lhe pareçam de fácil entendimento. Nesse
nível inicial de leitura o mais importante é você abrir um espaço mental para o
seu cérebro se acostumar com a narrativa da aula. Não se prenda às dúvidas
que certamente existirão. Leia a aula sem a cobrança de entender tudo.
2. Estudo concentrado – passada a leitura inicial, chega a hora de você ler
pausadamente cada capítulo dessa obra. Não tenha pressa! Busque ler de
forma pausada, num ritmo de aproximadamente 1 página/4 ~ 5 minutos. Aqui
o seu objetivo é se debruçar para entender cada ideia transposta no papel
pelo professor. Ficou em dúvida? Volte e releia! Avance apenas quando você
compreender totalmente cada parágrafo, cada linha do texto. Seja detalhista.
Se possibilite devagar mentalmente sobre o tema. Explore exemplos que você
mesmo crie para absorver o conteúdo ensinado. Faça correlações. Enfim...
estude com total concentração !
3. Estudo esquemático – nessa etapa você deve envidar esforços para produzir
mapas mentais e/ou resumos de cada aula estudada. Busque extrair o sumo
das ideias, dos conceitos, das teorias expostas no texto. Sintetize ao máximo
o conhecimento, transpondo ao seu modo o conhecimento ali ministrado.
Evite ser redundante, ou seja, não copie o texto. Nos mapas mentais busque
sempre utilizar as “palavras-chave” que melhor descrevam aquilo que você
deseja expressar. Essa é a etapa mais importante do seu estudo! Se você
realizar essa etapa com muito esmero, certamente estará semeando o seu
processo de aprovação.

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4. Estudo revisional – agora que você já tem domínio do assunto da aula,
poderá dedicar-se cada vez mais à apenas reler os tópicos de maior destaque
conforme sinalizou no nível de leitura anterior. Se o seu planejamento lhe
permitir revigorar a sua memória desde o nível 2 (estudo concentrado), ótimo!
Se o tempo estiver escasso ou a prova já estiver perto de ser realizada, priorize
o nível 3 (estudo esquemático). Quanto mais adaptado com o texto, mais
ciclos de estudo revisional você conseguirá realizar ao longo de um projeto de
preparação para uma prova de concurso ou seleção. E quanto mais ciclos de
leitura acumulados você tiver no seu histórico, mais preparado(a) você estará
para acertar qualquer questão que lhe cobre os conhecimentos expressos
nesse curso.

Como estamos lidando com um edital extenso, que exige o estudo de diversas
disciplinas em pouco tempo, estou ciente de que nem todos terão tempo para os
4 níveis de estudo. Se esse for o seu caso, considerando como uma exceção ao
plano de estudo, você poderá aglutinar as etapas 2 e 3, mas JAMAIS deixe de
fazer a etapa 1.
Muitos alunos perdem um tempo imenso de estudo excluindo a etapa 1 e indo
direto para as etapas 2 ou 3. Essa é uma falha fatal, pois esses candidatos não
conseguem avançar no estudo e não chegam a concluir o estudo de todos os
temas previstos no edital. Realizar o estudo flutuante assegura que você ao
menos realizará um ciclo completo de todos os temas e tornará um novo estudo
do mesmo material muito mais rápido e fluido.
Caso você tenha muitas horas de estudo disponíveis, busque realizar os 4 níveis.
Mas lembre-se que deve estudar todas as matérias do edital, então, monte um
plano de estudo bem organizado para dar conta de todas as disciplinas.
Outro erro muito comum e que você precisa evitar a todo o custo diz respeito
à resolução de questões. É fundamental resolver questões anteriores da banca
organizadora ou de outras com mesmo perfil.
1. Jamais vá para uma prova sem ter resolvido muitas questões. Você precisa
entender como o conteúdo teórico é cobrado na prova e isso é alcançado
através da resolução de centenas de quesitos.
2. Jamais resolva questões sem ter estudado a teoria. As pessoas perdem muito
tempo resolvendo questões sem ter consolidado o conhecimento da matéria.
Logicamente, você irá acertar muitas questões, pois pode recordar de conceitos
estudados em outros momentos e isso lhe trará uma falsa sensação de que
está tudo bem. Mas você certamente irá errar muitas questões, afinal, não
estudou a matéria com a dedicação necessária e esse baixo desempenho
geralmente traz a alguns candidatos um desânimo enorme, sendo capaz
de abalar sua autoestima. Nesse caso, tanto o excesso como a falta de
autoconfiança podem ser sabotadores poderosíssimos.

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Mas, então, como agir para ter o melhor resultado? Antes de estudar você até
pode selecionar questões e organizá-las por tema, apenas para traçar o perfil.
Mas, resolver questões sobre cada tema do edital de ser praticado sempre após
já ter estudado a matéria. São etapas muito diferentes!
Você entende a diferença? Selecionar questões e traçar perfil são atitudes
estratégicas de planejamento do estudo, sem cobrança de desempenho e sem
perda de tempo. Resolver questões após ter estudado é outra etapa, com foco
fundamental na avaliação e consolidação do conteúdo, visando testar na prática
o que foi aprendido. A prática do concurseiro é resolver questões de provas !!!
Depois disso, analise quais foram seus pontos fortes e quais os pontos que
precisam de maior atenção e busque consolidar o estudo nesses pontos quando
estiver nos próximos ciclos de estudo.

“O sucesso é a soma de pequenos esforços -


repetidos dia sim, e no outro dia também.”
Robert Collier

Vamos lá? Foco total nos estudos!

Ana Vanessa de Medeiros Neves


Cofundadora da Editora Concursos PSI
Coordenadora de Psicologia da Editora Sanar
Psicóloga do Ministério da Saúde (CRP03/03592)
Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano

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1. O QUE É ÉTICA

A Ética é o ramo da filosofia que se dedica ao estudo dos valores e da moral, tendo
por finalidade esclarecer reflexivamente o campo da moral de tal modo a orientar
racionalmente para o apontamento da conduta moralmente pertinente. Assim,
a Ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as
ações dos seres humanos (Oliveira e Capanema, 2009).
Deontos, derivado grego - significa dever - juntamente com logus estudo - forma
o termo Deontologia. É, portanto, um estudo dos deveres profissionais (Segre e
Cohen, 2002). Assim, o estudo que realizamos do nosso Código de Ética Profissional
está dentro do campo da Deontologia.
A Moral, por sua vez, resulta de juízos de valores impostos (pela família, pela
sociedade, pela religião, pelos códigos, escritos ou não) e que exclui a autonomia
(crítica) do indivíduo, trazendo embutida a ideia de prêmio (pelo ato “bom”) ou
de castigo (pelo ato “mau”). A Moral é resultado da obediência (o oposto da
autonomia), sendo representada, na pessoa (Segre e Cohen, 2002).
A Deontologia pode ser compreendida como a moral profissional, isto é, o elenco
das obrigações que o profissional tem, porque as assumiu com o seu mundo
profissional: o paciente, a família do paciente, a sociedade em geral, o colega, o
Estado (Segre e Cohen, 2002).
O fundamento ético é tão importante quanto a estrutura de um prédio. Se esse
fundamento não está bem entendido, corre-se o risco de não enfrentar de maneira
adequada os desafios éticos que a profissão pode trazer (Junqueira, 2011).

2. O QUE É BIOÉTICA
A Bioética teve início na década de 1970 com a publicação de duas obras muito
importantes do professor norte-americano Van Rensselaer Potter, pesquisador
da área de oncologia (Junqueira, 2011).ACERTE O ALVO: Um dos conceitos que
define Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência que tem como objetivo indicar
os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os
valores de referência racionalmente proponíveis e denunciar os riscos das possíveis
aplicações (Junqueira, 2011).

Bioética, por sua vez, é a parte da Ética, ramo da filosofia, que enfoca as questões
referentes à vida humana (e, portanto, à saúde), tanto na sua origem, como no
seu desenvolvimento e no seu fim, pois, tendo a vida como objeto de estudo, trata
também da morte (Petry, 2004; Beauchamp e Childress, 2002; Segre e Cohen,
2002).

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A bioética propõe o diálogo como forma de resolução de dilemas morais, convidando
ao debate todos os potenciais e efetivos interessados, quando numa condição de
igualdade, podem discutir seus valores e fundamentos. É a ética da vida humana
e, consequentemente, a ética de toda a sociedade (Oliveira e Capanema, 2009;
Ligiera, 2005).
A Bioética tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões éticas /
bioéticas que surgem na vida profissional (Junqueira, 2011), e por isto deve ser
livre, considerando o mérito de cada uma das questões inerentes à vida e à saúde
humanas e posicionando-se altaneiramente frente aos avanços das ciências
biomédicas (Segre e Cohen, 2002).
A Bioética está dividida em dois grandes ramos (Segre e Cohen, 2002):
• Macrobioética: aborda matérias como a Ecologia, visando à preservação da
espécie humana no planeta, ou a Medicina Sanitária, dirigida para a saúde de
determinadas comunidades ou populações.
• Microbioética: voltada basicamente para o relacionamento entre os profissionais
de saúde e os pacientes, e entre as instituições (governamentais ou privadas),
os próprios pacientes, e, ainda, no interesse deles, destas com relação aos
profissionais de saúde.

A Bioética provém de uma corrente de ideias segundo a qual os avanços científicos


não constituem automaticamente progressos para a humanidade em geral, de tal
modo que o que é tecnocientificamente possível não é necessariamente sempre
bom nem necessariamente permissível (Ligiera, 2005).
Uma das principais características da Bioética é a interdisciplinaridade,
entendida como o envolvimento de várias disciplinas que visam conjuntamente
proporcionar, ao lado da evolução do conhecimento científico (notadamente em
relação a pesquisas e tratamentos médicos), a percepção dos conflitos, o exercício
da autonomia e a busca pela coerência (Ligiera, 2005). Assim, profissionais de
diversas áreas devem participar das discussões sobre os temas que envolvem o
impacto da tecnologia sobre a vida (Junqueira, 2011).
Nas últimas décadas, muito se tem abordado a respeito de questões éticas e
morais relativas à saúde (Oliveira e Capanema, 2009). Na década de 1970 foi
elaborado nos Estados Unidos o Relatório Belmont, que teve como objetivo
identificar princípios éticos básicos que podem nortear pesquisas envolvendo
seres humanos e desenvolver procedimentos que garantam que a pesquisa seja
realmente administrada sob a égide de tais princípios.
Os três princípios estabelecidos no relatório Belmont foram os seguintes (Ligiera,
2005):
• Respeito pelas pessoas (posteriormente traduzido como “autonomia”);
• Beneficência (prática ou virtude de fazer o bem, de beneficiar o próximo);

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• Justiça (caráter ou qualidade do que está em conformidade com o que é justo
ou equânime).

Estes princípios – respeito pelas pessoas, beneficência e justiça – têm sido aceitos
desde então como os 3 princípios fundamentais para nortear o desenvolvimento
de pesquisas éticas envolvendo participantes humanos (Oliveira e Capanema,
2009).
Todos esses princípios (insistimos que eles devem ser nossas “ferramentas” de
trabalho) devem ser considerados na ordem em que foram apresentados, pois
existe uma hierarquia entre eles. Isso significa que, diante de um processo de
decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento (o reconhecimento
do valor da pessoa); em seguida, devemos buscar fazer o bem para aquela pessoa
(e evitar um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas (autonomia); e, por fim,
devemos ser justos (Junqueira, 2011).
Beuchamp e Childress reestruturaram esses três princípios em quatro, distinguindo
beneficência e não maleficência (Ligiera, 2005):

2.1 PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA


Esse princípio é decomposto em outros dois (Petry, 2004; Beauchamp e Childress,
2002):
• Beneficência – determina ações orientadas para a promoção do bem;
• Utilidade – requer um equilíbrio entre os benefícios e possíveis prejuízos de
uma determinada ação.

As regras derivadas são formuladas positivamente, de modo que a elas não cabem
sanções quando não cumpridas.
Um assunto importante que se relaciona a esse princípio consiste na prática
paternalista, a qual é realizada a fim de beneficiar certa pessoa com detrimento
de sua autonomia.
As práticas paternalistas estão muito associadas ao antigo modelo biomédico,
onde o profissional, devido à sua expertise, era visto como completo possuidor
do poder e direito de decidir qual o melhor tratamento para o paciente, sempre
argumentando que a suas decisões estão pautadas da beneficência ao paciente.
Como há diferentes graus possíveis de se violar a autonomia de uma pessoa, há,
também, formas mais fortes ou mais fracas de paternalismo.
Os autores defendem que o paternalismo pode geralmente ser justificado quando
os resultados a serem obtidos se equilibram com os interesses do paciente, não
havendo desrespeito à autonomia deste.

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Há que se analisar cada caso de modo cuidadoso, a fim de que a pretensão de
fazer o bem não se transforme numa obsessão de atuar, mesmo quando as
circunstâncias concretas demonstram a insensatez da utilização de determinado
procedimento (Ligiera, 2005).
A verdadeira beneficência envolve fazer o bem não apenas do ponto de vista do
médico, mas também segundo o que o próprio paciente considera bom para si
mesmo (Ligiera, 2005).
A conduta beneficente não pode mais ser atrelada a um critério unilateral do
profissional de saúde. É direito do paciente participar na escolha do que constitui
o bem para si mesmo. Para que tal direito não seja violado, é necessário que haja
um amplo respeito à autonomia (Ligiera, 2005).
O profissional (por ter o conhecimento técnico que diz que aquele tratamento é
necessário) deverá se esforçar ao máximo para explicar ao paciente a importância
da terapêutica, afinal o princípio da beneficência (e não o da autonomia) deve ser
respeitado em primeiro lugar (Junqueira, 2011).

Fique atento! As discussões no campo da Bioética propõem que o profissional


deve prezar pelo princípio da beneficência, mas tentando respeitar o princípio da
autonomia do paciente. No entanto, se precisarmos estabelecer uma hierarquia
entre os princípios, podemos afirmar que, quando o paciente não possui condições
de decidir ou está em situação de risco iminente de morte, a  beneficência se
sobrepõe à autonomia, visto que o objetivo primordial das ações em saúde é
promover o bem-estar e a melhoria do estado do paciente. Se o profissional puder
realizar a intervenção respeitando a autonomia, tanto melhor será para o paciente
e o tratamento, mas nem sempre é possível atender a ambos.
ATENÇÃO: Existe decisão judicial do STJ obrigando o médico a realizar transfusão
de sangue em paciente Testemunha de Jeová, mesmo contrário ao desejo da
família. Nesse caso, fica claro que o princípio da Beneficência se sobrepôs ao da
Autonomia.

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2.2 PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA
Esse princípio exige que não se cause dano ou mal às pessoas. Dano é entendido
como dano físico, como a dor, morte ou incapacidade, porém, não nega a
importância de outros danos possíveis, como os mentais e aqueles que impedem
a realização dos interesses dos pacientes (Petry, 2004; Beauchamp e Childress,
2002).
Beauchamp e Childress (2002) afirmam que, embora a não maleficência e a
beneficência sejam similares e frequentemente tratadas na filosofia moral como
não sendo nitidamente distinguíveis, combiná-las num mesmo princípio obscurece
distinções relevantes.
Em geral, as obrigações de não maleficência são mais rigorosas que as obrigações
de beneficência; e, em alguns casos, a não maleficência suplanta a beneficência,
mesmo que o resultado mais útil seja obtido agindo-se de forma beneficente
(Beauchamp e Childress, 2002; Ligiera, 2005).
Se a atuação “beneficente” tiver chances de provocar um dano maior do que a não
intervenção, levando-se em consideração o paciente como um todo, o profissional
deve reavaliar sua conduta e pensar melhor antes de intervir (Ligiera, 2005).

2.3 PRINCÍPIO DO RESPEITO À AUTONOMIA


A sua fundamentação está baseada na teoria de John Stuart Mill, da qual o princípio
empresta a noção de respeito às pessoas enquanto indivíduos que buscam a
realização de seus objetivos, desde que estes não interfiram na vida de outras
pessoas, e na ideia kantiana de que se deve respeitar o ser humano como fim em
si mesmo (Petry, 2004; Beauchamp e Childress, 2002).
O princípio da autonomia, estabelecido originalmente no informe Belmont, indica
que o respeito pelas pessoas incorpora ao menos duas convicções éticas:
• Os indivíduos devem ser tratados como entes autônomos;
• As pessoas cuja autonomia está diminuída devem receber proteção.

Com base do Relatório Belmont, entende-se por ente autônomo o indivíduo capaz
de deliberar sobre seus próprios objetivos pessoais e atuar sob a direção dessa
determinação (Ligiera, 2005).
Sustenta-se, também, que respeitar a autonomia significa dar valor às opiniões e
escolhas de cada pessoa, evitando interferir nas suas ações, a menos que estas
prejudiquem a terceiros (Ligiera, 2005).
Autonomia é, portanto, a capacidade de atuar com conhecimento de causa e sem
coação externa (Ligiera, 2005).
De acordo com esse princípio, as pessoas têm liberdade de decisão sobre sua
vida. A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja,

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o quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras
pessoas (Junqueira, 2011).
O conceito de autonomia é empregado por Beauchamp e Childress para examinar
a tomada de decisão no cuidado da saúde, a fim de identificar o que é protegido
pelas regras de consentimento informado e recusa informada (Ligiera, 2005).
O consentimento informado apresenta-se, outrossim, como extremamente
relevante para o alcance do pleno respeito à autonomia do paciente (Ligiera, 2005).
Atualmente, já não se admite uma postura autoritária do profissional de saúde.
Qualquer intervenção só pode ser realizada após a obtenção do consentimento
do paciente, depois de ser ele suficientemente esclarecido dos possíveis riscos,
benefícios e alternativas disponíveis (Ligiera, 2005).
O consentimento informado consiste na “decisão voluntária, realizada por pessoa
autônoma e capaz, tomada após um processo informativo e deliberativo, visando
à aceitação de um tratamento específico ou experimentação, sabendo da natureza
do mesmo, das suas consequências e dos seus riscos.” (Clotet, 2003) (Ligiera,
2005).
A noção de consentimento esclarecido que garante a autonomia do doente é a
pedra angular de toda a ética médica ocidental (Ligiera, 2005).
Assim, se o paciente pode livremente consentir no tratamento, também pode
livremente recusá-lo. Afinal, de nada adiantaria assegurar-lhe o direito ao
consentimento se, mesmo discordando do tratamento, o paciente fosse obrigado
a ele submeter-se (Ligiera, 2005).
O direito do paciente ao consentimento informado inclui o direito de escolha entre
diversas opções terapêuticas e, por conseguinte, o direito de recusa de algumas
delas. Trata-se, com efeito, da expressão máxima do seu exercício de sujeito
autônomo (Ligiera, 2005).
Em algumas situações, a liberdade (autonomia) de algumas pessoas não é
respeitada para que se respeite o benefício de outras (Junqueira, 2011).

2.4 PRINCÍPIO DA JUSTIÇA


O princípio bioético da justiça visa garantir a distribuição justa, equitativa e
universal dos benefícios dos serviços de saúde. Essa interpretação é feita tendo
como base a visão da justiça distributiva, que busca a distribuição igualitária dos
recursos de saúde a todos aqueles que têm as mesmas necessidades (Ligiera,
2005).
Costuma-se acrescentar outro conceito ao de justiça: o conceito de equidade que
representa dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo suas necessidades,
ou seja, incorpora-se a ideia de que as pessoas são diferentes e que, portanto,
também são diferentes as suas necessidades. De acordo com o princípio da justiça,
é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um (Junqueira, 2011).
15
3. ÉTICA PROFISSIONAL

RESOLUÇÃO CFP nº 010/2005


O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e
regimentais, que lhe são conferidas pela Lei n° 5.766, de 20 de dezembro de 1971;
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6°, letra “e”, da Lei n° 5.766 de 20/12/1971, e
o Art. 6°, inciso VII, do Decreto n° 79.822 de 17/6/1977;
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de 1988, conhecida como
Constituição Cidadã, que consolida o Estado Democrático de Direito e legislações
dela decorrentes;
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no dia 21 de julho
de 2005; RESOLVE:
Art. 1° - Aprovar o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Art. 2° - A presente Resolução entrará em vigor no dia 27 de agosto de
2005.
Art. 3° - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
CFP n° 002/87.

3.1 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO


APRESENTAÇÃO
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender
demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de
normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus
pares e com a sociedade como um todo.

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Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às
práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade,
procura fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua
práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas
consequências no exercício profissional.

A missão primordial de um código de ética profissional não é de normatizar a


natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes
para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que
fortaleça o reconhecimento social daquela categoria.
Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade
que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em
princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus
direitos fundamentais.
17
Por constituir a expressão de valores universais, tais como os constantes na
Declaração Universal dos Direitos Humanos; socioculturais, que refletem a
realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código de ética
não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo.

As sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma


reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta.
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil,
responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio
de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional.
Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria
e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional-
legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição
Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes.
Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi construído
a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas
responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo

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ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta dos
psicólogos e aberto à sociedade.
Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de um
instrumento de reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo
psicólogo. Para tanto, na sua construção buscou-se:
1. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar
a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais
e a ciência, pois esses eixos atravessam todas as práticas e estas demandam
uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional.
2. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções
relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial para as relações
que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão e os usuários ou
beneficiários dos seus serviços.
3. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a crescente
inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes multiprofissionais.
4. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas
práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se restringem
a práticas específicas e surgem em quaisquer contextos de atuação.

Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a expectativa


é de que ele seja um instrumento capaz de delinear para a sociedade as
responsabilidades e deveres do psicólogo, oferecer diretrizes para a sua formação
e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o fortalecimento e
ampliação do significado social da profissão.

ACERTE O ALVO
Na alínea a, o texto deixa claro que este Código de Ética pauta-se nos Princípios
Fundamentais apresentados nos incisos a seguir. Este conhecimento é essencial
para a resolução das questões, pois, quando a banca apresentar uma alternativa
que contrarie os Princípios Fundamentais, então, considere-a errada! Fique
atento!

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

ACERTE O ALVO
Os Princípios Fundamentais são os eixos que norteiam todos os artigos deste Código
de Ética. Leia com bastante atenção os incisos apresentados neste tópico, pois o
conhecimento seguro sobre estes princípios será essencial para reconhecer quando
pressupostos. Grifamos e negritamos algumas palavras propositalmente para chamar
a sua atenção e facilitar a memorização. Leia, entenda, memorize. Fique atento!
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I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade,
da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das


pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer
formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e


historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

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IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo
aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.

V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da


população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos
serviços e aos padrões éticos da profissão.

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VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com
dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.

VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua


e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios
deste Código.

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DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO

ACERTE O ALVO
Os artigos e incisos do tópico DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO
costumam ser muito exigidos em provas de concursos. Observe nossos grifos e
trechos em negrito. Fique atento na leitura! Tópico altamente concursável !!!

Art. 1° - São deveres fundamentais dos psicólogos:


a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código;

ACERTE O ALVO
Preste atenção na alínea a. Está explícito neste texto que é dever do psicólogo
conhecer o Código de Ética, ou seja, caso incorra em falta ética, o profissional
jamais poderá argumentar que não conhecia seus deveres, pois todo psicólogo tem
o dever de conhecer a legislação que regulamenta a profissão. Além de conhecer
o código, é dever profissional divulgá-lo e zelar pelo seu cumprimento.

23
b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para
as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;

ACERTE O ALVO
Este é outro inciso muitíssimo cobrado em provas. Deve ficar muito claro para
você que o psicólogo somente poderá assumir responsabilidades profissionais
em atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente.
Assim, caso o psicólogo seja chamado a prestar um serviço para o qual não esteja
capacitado, deverá recusar-se tendo como argumento o dever previsto no Art 1°b
do Código de Ética Profissional do Psicólogo. ALTAMENTE CONCURSÁVEL!

24
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho
dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios,
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na
ciência psicológica, na ética e na legislação profissional;

ACERTE O ALVO
A alínea c traz fundamentos importantes para a prática profissional. Observe a
parte grifada e perceba que ela associa a prestação do serviço de qualidade à
necessidade de condições adequadas de trabalho. Como exemplo, podemos pensar
em um serviço em que não haja um espaço reservado para a escuta do paciente,
deixando que o som vaze e o sigilo seja comprometido; ou quando for necessária a
aplicação de técnicas normatizadas. Com base nesta alínea o profissional poderá
fundamentar a solicitação de um espaço adequado para a prestação do serviço.
Observe agora os trechos em negrito. O psicólogo tem o dever de utilizar
instrumentos e técnicas fundamentados na ciência psicológica, na ética e na
legislação profissional. Deste modo, o profissional ao aplicar apenas técnicas ou
instrumentos que tenham fundamentação compatível com a ética da profissão,
comprovado embasamento científico e em acordo com este código e com as
resoluções emitidas pelo CFP.

25
d) Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou
de emergência, sem visar benefício pessoal;

e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos


do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;

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f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos,
informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo
profissional;

g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de


serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a
tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário;

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h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados,
a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que
solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;

I) Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo,


guarda e forma de divulgação do material privativo do psicólogo sejam
feitas conforme os princípios deste Código;

j) Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais,


respeito, consideração e solidariedade, e, quando solicitado, colaborar
com estes, salvo impedimento por motivo relevante;

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k) Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos
justificáveis, não puderem ser continuados pelo profissional que os
assumiu inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações
necessárias à continuidade do trabalho;

l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal


ou irregular da profissão, transgressões a princípios e diretrizes deste
Código ou da legislação profissional.

29
Art. 2° - Ao psicólogo é vedado:

ACERTE O ALVO
O Art.2° é um tópico altamente concursável. Leia, entenda, memorize. Note que se
trata de VEDAÇÕES, ou seja, o profissional não pode praticar as ações elencadas
neste artigo de modo algum, pois estará cometendo falta ética grave !

a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;

b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas,


de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do
exercício de suas funções profissionais;

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c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas
psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de
violência;

d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou


favoreçam o exercício ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer
outra atividade profissional;

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e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou
contravenções penais praticados por psicólogos na prestação de serviços
profissionais;

f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de


atendimento psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não
estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão;

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g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica;

h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas


psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas;

i) Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços;

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j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha
vínculo com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos
objetivos do serviço prestado;

k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus


vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a
qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da
avaliação;

ACERTE O ALVO
As alíneas j) e k) são ALTAMENTE CONCURSÁVEIS, principalmente em certames
dos Tribunais de Justiça e Fundação Casa. Fique atento !

34
l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício
próprio, pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual
mantenha qualquer tipo de vínculo profissional;

m) Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo


que possam resultar em prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes
de informações privilegiadas;

n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais;

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o) Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens
outras de qualquer espécie, além dos honorários contratados, assim
como intermediar transações financeiras;

p) Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento


de serviços;

q) Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados


de serviços psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor
pessoas, grupos ou organizações.

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Art. 3° - O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma
organização, considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas
e as práticas nela vigentes e sua compatibilidade com os princípios e
regras deste Código.

Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo


recusar-se a prestar serviços e, se pertinente, apresentar denúncia ao
órgão competente.

37
Art. 4° - Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo:
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as
condições do usuário ou beneficiário;

b) Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o


comunicará ao usuário ou beneficiário antes do início do trabalho a ser
realizado;

c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente


do valor acordado.

38
Art. 5° - O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações,
garantirá que:
a) As atividades de emergência não sejam interrompidas;

b) Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários


dos serviços atingidos pela mesma.

39
Art. 6° - O psicólogo, no relacionamento com profissionais não
psicólogos:
a) Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados
demandas que extrapolem seu campo de atuação;

b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o


serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações,
assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.

ACERTE O ALVO
Art.6°, alínea b) – versa sobre a confidencialidade das informações e o cuidado ao
partilhar dados com outros profissionais. TÓPICO ALTAMENTE CONCURSÁVEL:
conteúdo bastante frequente em provas.

40
Art. 7° - O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos
que estejam sendo efetuados por outro profissional, nas seguintes
situações:
a) A pedido do profissional responsável pelo serviço;

b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço,


quando dará imediata ciência ao profissional;

c) Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da


interrupção voluntária e definitiva do serviço;

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d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer
parte da metodologia adotada.

Art. 8° - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente


ou interdito, o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de
seus responsáveis, observadas as determinações da legislação vigente:

§1° – No caso de não se apresentar um responsável legal o atendimento


deverá ser efetuado e comunicado às autoridades competentes;

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§2° - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se
fizerem necessários para garantir a proteção integral do atendido.

ACERTE O ALVO
O Art.8º e seus dois parágrafos versam sobre tópico ALTAMENTE CONCURSÁVEL,
principalmente em certames dos Tribunais de Justiça. Fique atento!

Art. 9° - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de


proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos
ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.

43
Art. 10 - Nas situações em que se configure conflito entre as exigências
decorrentes do disposto no Art. 9° e as afirmações dos princípios
fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o
psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na
busca do menor prejuízo.

Art. 11 - Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar


informações, considerando o previsto neste Código.

ACERTE O ALVO
O sigilo é um DEVER do psicólogo, no entanto, em certas situações é permitido ao
profissional revelar algumas informações, devendo seguir as orientações do Código
de Ética e, restringir-se a expor apenas os elementos estritamente necessários. Os
artigos 9°, 10 e 11 são ALTAMENTE CONCURSÁVEIS. Foco neles! Entenda quais
são as situações de exceção e memorize-as.

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Art. 12 - Nos documentos que embasam as atividades em equipe
multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações
necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho.

Art. 13 - No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve


ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se
promoverem medidas em seu benefício.

45
Art. 14 - A utilização de quaisquer meios de registro e observação da
prática psicológica obedecerá às normas deste Código e a legislação
profissional vigente, devendo o usuário ou beneficiário, desde o início,
ser informado.

Art. 15 - Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer


motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais.

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§ 1° - Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar
todo o material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para
posterior utilização pelo psicólogo substituto.

§ 2° - Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo


responsável informará ao Conselho Regional de Psicologia, que
providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.

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Art. 16 - O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades
voltadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento de
tecnologias:

a) Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela


divulgação dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas,
grupos, organizações e comunidades envolvidas;

b) Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos,


mediante consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas
em legislação específica e respeitando os princípios deste Código;

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c) Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo
interesse manifesto destes;

d) Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos


resultados das pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre
que assim o desejarem.

Art. 17 - Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer,


informar, orientar e exigir dos estudantes a observância dos princípios e
normas contidas neste Código.

49
Art. 18 - O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou
venderá a leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou
facilitem o exercício ilegal da profissão.

Art. 19 - O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de


comunicação, zelará para que as informações prestadas disseminem o
conhecimento a respeito das atribuições, da base científica e do papel
social da profissão.

Art. 20 - O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por


quaisquer meios, individual ou coletivamente:

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a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;

b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que


possua;

c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a


técnicas e práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela
profissão;

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d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;

e) Não fará previsão taxativa de resultados

f) Não fará autopromoção em detrimento de outros profissionais;

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g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras
categorias profissionais;

h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS


Art. 21 - As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração
disciplinar com a aplicação das seguintes penalidades, na forma dos
dispositivos legais ou regimentais:
• Advertência;
• Multa;
• Censura pública;
• Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad
referendum do Conselho Federal de Psicologia;
• Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho
Federal de Psicologia.

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Art. 22 - As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos
serão resolvidos pelos Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum
do Conselho Federal de Psicologia.

Art. 23 - Competirá ao Conselho Federal de Psicologia firmar jurisprudência


quanto aos casos omissos e fazê-la incorporar a este Código.

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Art. 24 - O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de
Psicologia, por iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos
Regionais de Psicologia.

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