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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 3

1. ORIGENS REMOTAS DA PSICOLOGIA...................................................................... 5

2. OS LUGARES DA PSICOLOGIA NA MODERNIDADE............................................. 7

3. A GESTÃO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO NO SÉCULO XIX...................................11

4. PRINCIPAIS ABORDAGENS E TEORIAS PSICOLÓGICAS: O NATURAL E O


HISTÓRICO..........................................................................................................................16

5. O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA NO BRASIL: A MODERNIDADE


BRASILEIRA E O LUGAR DA PSICOLOGIA NA SOCIEDADE.................................43

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................47

GABARITO..........................................................................................................................49
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

Prof. Dra. Joana Azevêdo Lima

APRESENTAÇÃO

Não resta dúvida que a emergência histórica de cada


uma das ciências humanas se deu por ocasião de um
problema, de uma exigência, de um obstáculo de ordem
teórica e prática; certamente foram necessárias as novas
normas que a sociedade industrial impôs aos indivíduos
para que, lentamente, durante o século XIX, a psicologia
se constituísse como ciência; não há dúvida também que
foram necessárias as ameaças que desde a Revolução
pesaram sobre os equilíbrios sociais, e sobre aquele
particularmente que havia instaurado a burguesia, para
que aparecesse uma reflexão de tipo sociológica (Foucault,
2002, p. 476).

Escrever acerca da história da Psicologia leva-nos a fazer um recorte.


Diversos autores já versaram sobre este assunto como Schultz e Schultz
(2000), a obra organizada por Jacó-Vilela, Ferreira e Portugal (2008),
Figueiredo (1991, 1992), Bock, Furtado e Teixeira (2008), Rodrigues,
Goodwin (2005), Penna (2000), Freitas (2014), Bock (2007), etc.
Mas por que é tão importante estudar a história do campo da Psicologia?
Além de se conhecer a matriz, a raiz do que se tem hoje, da Psicologia que
fazemos e que nos representa atualmente, esse motivo se prende também
ao fato de que “...há séculos as questões e os problemas de que se ocupa
a Psicologia vêm atraindo a tenção e interesse...” (p. 19). Aliado à isso, a
busca contínua na compreensão do pensamento e comportamento, tanto
em sociedade como individualmente do indivíduo. Isso faz com que a
Psicologia esteja ligada diretamente a seu passado e dele dependa a sua
compreensão, afinal, os caminhos percorridos são dados cruciais para
se compreender a experiência desta ciência atualmente e sua expressão
moderna. Outro argumento forte é o fato de existirem psicologias, o que
faz com que seja urgente o conhecimento do nascimento das diversas
abordagens da Psicologia Moderna (Schultz & Schultz, 2000).

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A Psicologia se desenvolveu junto com o momento histórico, o que significa
dizer que dados de base para compreensão da história da Psicologia
precisam, invariavelmente, serem situações no tempo e espaço. Ora, se o
grande ponto em comum em todas as psicologias é o estudo do indivíduo
e este está em relação contínua com o contexto em que vive, para se
compreender os modos de vida em sociedade e de sua individualidade
no contexto social torna-se imprescindível situá-lo sócio-historicamente.
Significa dizer que a concepção e distinção entre domínio público e privado
foi determinante
Ao mencionar o contexto histórico, nãos e pode esquivar da compreensão
de um fator contextual marcante, o Zeitgeist, enquanto espirito ou
clima intelectual de uma época. Mas há quem diga, que não há muitas
novidades numa determinada época. À estes precisamos fazer relembrar
o movimento de construção da ciência, que corresponde à dialética
heigeliana de tese, antítese e síntese, o que significa dizer que considera-se
a tese existente e, após analisá-la, testá-la etc, constitui-se uma antítese
que vai culminar numa síntese e, esta, por sua vez, se tornara a nova
tese que aguardará uma antítese e assim se faz o ciclo da construção do
conhecimento. Assim, afirmam Schultz e Schultz (2000, p. 27) “o Zeitgeist
no âmbito de uma ciência pode ter um efeito inibidor sobre métodos de
investigação, as formulações teóricas e a definição do objeto de estudo de
uma disciplina...”. Isso porque, em alguns momentos, teorias, abordagens
e estudos em geral não tiveram espaço para as suas manifestações
justamente por não condizerem com o clima intelectual da época.
Esse movimento de tese, antítese e síntese foi o que determinou a
emergência das diversas escolas da Psicologia, afinal de contas, esse
é o movimento da construção do conhecimento cientifico. Estas escolas
constituíam a sua identidade a partir de modos de pensamento teórico,
metodológico e técnico.
Para este material fiz um recorte que analisei funcionar como um esquema
que atende aquilo que vem aparecendo nos editais e provas de concursos
da área. Portanto, evidencio que existem outras organizações da história
da Psicologia, a depender da obra ou autor/a, mas este aqui, em especial,
caminha mais no recorte de Schultz e Schultz (2000), a obra organizada
por Jacó-Vilela, et al (2008) e Figueiredo (1992).
Sendo assim, vamos estudar essa história com a seguinte divisão de
conteúdo:

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1. ORIGENS REMOTAS DA PSICOLOGIA

Para versar sobre o surgimento da Psicologia, evidencia-se que há


múltiplas versões para o surgimento como alguns autores que versam
a partir de origens remotas apoiada nos clássicos, outros autores que
enunciam o surgimento a partir de condições peculiares do século XVI e
outros que analisam a partir da fundação do século XIX.
Importa salientar que os autores situam o surgimento da Psicologia a
partir de uma análise contextual, histórica, uma vez que o nascimento
de uma Psicologia científica não é fruto da evolução natural de uma
tendência da racionalidade moderna ou obra de indivíduos isolados em
seus respectivos laboratórios.

• 1.1 - Autores que situam uma Origem remota nos Clássicos

Alguns autores contam a história da Psicologia enquanto ciência a partir


de uma análise contextual e histórica recortada a partir dos parâmetros
filosóficos e do rompimento e movimento de independência da Psicologia
frente a Filosofia e a Fisiologia, associado a emergência do positivismo.
Nesse contexto, a discussão acerca da compreensão da interioridade
humana ultrapassa o modo de entender da antiguidade cristã, agora
passam a refletir quanto à razão (racionalismo) e à experiência através
dos sentidos (empirismo). No racionalismo menosprezavam o papel
da percepção como fonte de ideias e conhecimentos. A mente tem a
capacidade inata de gerar ideias independentemente da estimulação
ambiental. Todo conhecimento se baseia na razão e a percepção seria
um processo seletivo. Já no empirismo reconhecem a interação entre os
processos mentais e corporais. Começaram a investigar a natureza dos
mecanismos e processos fisiológicos. Juntamente com os iluministas
franceses formaram o movimento psicológico associacionismo considerado
a ruptura entre a filosofia e a psicologia (Jacó-Vilela, 2008).
Foi no século XVIII com Immanuel Kant (1724-1804) que a Psicologia,
comparada e unida à metafísica, começou a se constituir ciência se
confirmando disciplina científico-natural, nas universidades alemãs
na segunda metade do século XVIII. Portanto, para Vidal (2008, p.67),
justificando a visão do Iluminismo, o século XVIII foi “O século da
Psicologia...”

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Então, o positivismo como método visava a cientificidade e objetividade
através da observação e experimentação como meios de compreender
o fenômeno. Pautava-se na associação da razão com a percepção, no
entanto, afirmava que o que se capta na apreensão do fenômeno é a sua
aparência e não essência. E se para a Psicologia ser considerada ciência
necessitava de um método, era atrás das regularidades que se estava
buscando, que significa servir-se das mesmas condições e replicar um
estudo, por exemplo. No entanto onde buscar essas regularidades? No
bom senso, pois a ciência é a sistematização do bom senso. O estudo
sistemático é que faz com que se chegue nos padrões de regularidades.
Para isso pode-se servir de estudos de indução e dedução. Na indução há
as leis da coexistência e da sucessão. Constitui-se regularidade de certos
fatos, a existência de outros fatos ligados aos primeiros. Parte-se de dados
particulares (fatos, experiências, enunciados empíricos) e, por meio de uma
seqüência de operações cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais,
indo dos efeitos à causa, das conseqüências ao princípio, da experiência
à teoria. Na dedução, as leis são apreendidas por via da conseqüência e
correlação, o que leva a fatos novos que escaparam a observação direta
mas que a experiência verificou. Trata-se de um processo de raciocínio
através do qual é possível, partir-se de uma ou mais premissas aceitas
como verdadeiras

• 1.2 - Autores que situam o surgimento a partir de Condições Peculiares


que teriam surgido no Séc XVI

Este século foi marcado pela necessidade de conhecimento de si, busca


da natureza na individualidade e na interioridade humana, espaços
propícios para o surgimento da Psicologia, afinal são bases iniciais de
despertamento do interesse da Psicologia enquanto ciência, através
da emergência de seus objetos, objetivos e métodos. Foi nesse período,
portanto que diversas experiências e práticas emergiram.
Segundo os autores que situam o surgimento da Psicologia a partir
de condições peculiares que emergiram no século XVI, a busca pelo
entendimento da interioridade humana era emergente. A busca pela
concepção dessa interioridade humana fazia destacar uma multiplicidade
de orientações no campo da Psicologia. Dentre estes a orientação
internalista e a externalista.
A abordagem internalista versava sobre as condições da psicologia
através de uma série de transformações intelectuais, conceituais ou

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metodológicas. A externalista, por sua vez, tratava de condições da
psicologia a partir de uma série de transformações culturais, sociais,
econômicas e políticas. Ambas são importantes pois, enquanto a primeira
traz conceitos e práticas científicas e faz parte de uma rede de interesses
de pesquisadores etc, a outra aborda as práticas sociais.
Emerge a concepção de subjetividade enquanto constituição de um
domínio de interioridade reflexiva, diante do conceito de individualidade
que refere produção de um campo de singularização valorativa num espaço
coletivo. E a Psicologia como campo do saber consegue se inserir e, com
o tempo, se destacar em situações e discussões que envolvem a loucura,
que passa a ser vista como doença mental, assim como com o advento no
entendimento de infância enquanto estágio de desenvolvimento distinto
da fase adulta. Cada período agora tem suas condições respeitadas de
acordo como são constituídas. Na discussão sobre infância, especialmente,
a Psicologia entra com a análise do período de vida escolar e a escola.
Espaços propícios para o futuro da Psicologia como veremos mais adiante
(Ferreira, 2008).

• 1.3 - Autores que abordaram a história da origem na Fundação no


Séc XIX

Foi nas décadas finais do século XIX que a Psicologia se institucionalizou,


mas ainda não era exclusivamente experimental. Ela atendia às instituições
especificas ou seja, mantinha-se experimental nas universidades que
assim geravam condições de ser a nova Psicologia emerge para ocupar os
espaços na modernidade. Conforme veremos no próximo capítulo, Wundt
é que torna-se grande referência.

2. OS LUGARES DA PSICOLOGIA NA MODERNIDADE.

No último quarto do século XIX a direção da nova Psicologia foi vastamente


influenciada por Wilhelm Wundt, o qual trazia a concepção da nova
Psicologia, a nova ciência.

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• 2.1 - O projeto científico de Wundt

Wilhelm Wundt (1832-1920), filósofo e fisiologista, em seu projeto cientifico


foi quem definiu a Psicologia como ciência, através de determinação de
objeto de estudo, método, tópicos a serem estudados e objetivos. Foi
em 1879, quando instalou o Laboratório de Psicologia Experimental, em
Leipzig, na Alemanha, que a Psicologia começou a se fazer científica.
Formulou um sistema de filosofia, incluindo uma lógica, uma teoria do
conhecimento, uma ética e uma metafísica. Seu objeto de estudo era a
experiência, que considerava “um todo unitário e coerente, que pode ser
concebido e elaborado cientificamente a partir de dois pontos de vista
distintos” (p. 94), que são complementares. Para Wundt, “a psicologia
é uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a experiência imediata.”
(Jacó-Vilela, 2008, p. 94). A experiência refere processos interligados, para
ele, pode ser analisada pelo seu conteúdo objetivo:
• Experiência mediata: investiga-se o conteúdo objetivo, objetos
da experiência, mundo externo, pensados independentemente
do sujeito da experiência;
• Experiência imediata: investiga-se o próprio sujeito da
experiência, mundo interno.

O autor faz uma distinção acerca do que vem a ser ciência natural (física,
química, fisiologia etc) e Psicologia, no que afirma serem complementares.
As ciências naturais estão afeitas à darem conta dos conteúdos da
experiência mediata, já a Psicologia cuida da experiência imediata.
A experiência interliga mundo interno e externo, não havendo diferença
entre ambos e a experiência, por sua vez, abrange os dois, deste modo,
a relação entre psicologia e ciências naturais é de complementariedade.
Aponta ainda dois métodos emprestados das ciências naturais dos quais
a psicologia vai se servir: observação (apreensão do fenômeno da forma
como ele se apresenta sem interferência) e experimentação (manipulação
através da interferência do pesquisador).

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• 2.2 - Estruturalismo

Edward Bradford Titchener (1867-1927), psicólogo estruturalista


britânico, foi aluno e colaborador de Wundt, em Leipzig. Produziu sua
própria concepção de Psicologia, o que lhe fez distanciar dos pensamentos
wundtianos, no que concerne a métodos e concepção de objetos (Jacó-
Vilela, et al, 2008).
O estruturalismo objetiva investigar e entender o fenômeno da consciência,
no entanto, o foco é em seus aspectos estruturais, mais focadamente os
estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso
central. O seu objeto “...é o instrospeccionismo e os conhecimentos
psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é,
produzidos a partir de laboratório.” (Bock, et al, 2008, p.41).

• 2.3 - Funcionalismo

William James (1842-1910) foi um filósofo e psicólogo americano e o


primeiro intelectual a oferecer um curso de psicologia nos Estados Unidos.
É uma escola que tem uma história longa, cujo período refere a metade
da década de 1850: “... Seu desenvolvimento histórico, ao contrário do
estruturalismo, foi promovido por líderes intelectuais com vários interesses
e formações. Pode-se atribuir parcialmente a essa base diversificada o
fato de o funcionalismo, ao contrário do estruturalismo, não ter estagnado
nem declinado.” (Schultz & Schultz, 2000, p. 123).
James interessava-se em pesquisar “o que fazem os homens” e “por
que fazem”, no que elegeu a consciência como objeto através da qual se
aprofunda buscando conhecer o seu funcionamento: como a pessoa se
desenvolve e como funciona a sua mente, como o homem usa a consciência
para adaptar-se ao meio.

• 2.4 - Associacionismo

O principal representante é Edward L. Thorndike (1874-1949), um


psicólogo americano. Iniciou seus estudos de Psicologia na Universidade
de Harvard, Estados Unidos, onde foi discípulo de William James. Na
Psicologia, o que lhe chamava a atenção era o estudo do aprendizado
dos animais. Foi quem formulou a primeira teoria da aprendizagem.

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Para ele, a aprendizagem se dá através de um processo a partir de
associação de ideias. Para aprender uma coisa complexa, a pessoa
precisaria aprender primeiro as ideias mais simples, para assim fazer
suas associações subsequentes. Formulou a Lei do efeito que afirma que
todo comportamento tende a se repetir se for recompensado, por sua vez,
se for castigado, tenderá a não ocorrer mais (Bock, et al, 2008).

• 2.5 - Elementos que levaram às transformações ocorridas na


Psicologia desde a modernidade

Um dos principais pontos de análise de espaço de transformação


na Psicologia gira em torno da constituição das subjetividades
contemporâneas. A modernidade traz o sujeito como fundamento auto-
fundante de um mundo convertido em puro objeto de conhecimento e
controle. Emergem dois modelos de sociedades, holistas e individualistas,
cuja discussão envolve as dimensões de público e o privado da vida em
sociedade.
Com relação às sociedades holistas, dentre as características é a
dominância das formas coletivas e hierárquicas da existência social. As
identidades que os indivíduos assumem se definem a partir da posição
que ocupam no quadro social estratificado e hierarquizado. Limitam as
possibilidades de individuação.
Já nas sociedades individualistas, o sujeito é visto como auto-fundante: cada
indivíduo particular se constitui como sujeito de sua privacidade para nas
esferas públicas fazer valer seus direitos, como sujeito econômico, jurídico.
Os indivíduos gozam de uma precária e muito discutível independência dos
vínculos e obrigações. Concretizam-se na presença de uma autoridade
responsável pela efetuação dos procedimentos disciplinares
Vejamos um exemplo de como o conteúdo sobre ética profissional foi
cobrado pela banca UNIVASF no concurso para o cargo de Psicólogo (a):

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QUESTÃO 01. (UNIVASF 2009)
A Psicologia científica tem como marco histórico de sua fundação:

A) A fundação do Laboratório de Leipzig, por Wilhelm Wundt, em 1879.


B) A abertura do consultório psicanalítico de Freud, no início do século
XIX.
C) A criação do Laboratório de Medidas Antropométricas por Francis
Galton, em 1881.
D) A criação do Centro de Estudos Cognitivos por George Miller e Ulric
Neisser, no início da década de 60.
E) O lançamento do livro “Science and human behavior” de Skinner, em
1953.

3. A GESTÃO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO NO SÉCULO XIX

Para tratar da gestação do espaço de surgimento da Psicologia


considerando o século XIX, utiliza-se a obra de Figueiredo (1991, 1992)
que por sua capacidade de sintetizar esse período e desenvolver o
entendimento a partir dos movimentos que definiram modos de vida
em sociedade e individual, como Romantismo, Liberalismo e Regime
Disciplinar, tornou-se referência para diversas obras que contam essa
história do surgimento da Psicologia enquanto ciência.

3.1 - O romantismo

Foi um movimento cultural e estético de exteriorização das experiências


privatizadas. Tem seu início na Escócia, Inglaterra e Alemanha, mas
ganha proporções revolucionárias na França a partir do fim do século
XVIII, mais precisamente a Revolução Francesa (1789). Surge como
reação ao Iluminismo e ao Neoclassicismo, surge como literatura popular
para atender aos anseios da burguesia, apoiada no idealismo (Figueiredo,
1992).
Na França assume um tom mais moralizador do que crítico, refletindo
a oposição dos liberais conservadores aos revolucionários. Na França o
Romantismo expressa os sentimentos dos descontentes com as novas
estruturas. O que explica as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que

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pontuam todo o movimento. Na Alemanha, o Romantismo valoriza o
individualismo, a liberdade e os valores nacionais (Figueiredo, 1992).
O Romantismo representa os anseios da classe burguesa, na época em
ascensão. Abandona o classicismo e caminha ao lado do povo, da cultura
leiga. Ao Romantismo coube a tarefa de criar uma linguagem nova,
identificada com os padrões da classe média e da burguesia. Enquanto
o classicismo observa a realidade objetiva, exterior e a reproduzia do
mesmo modo, sem deformar a realidade, o Romantismo deforma a
realidade, exposta pelo crivo da emoção. A arte romântica inicia uma nova
e importante etapa na literatura, o que refere uma efervescência social e
política, esperança e paixão, luta e revolução. Retrata uma nova atitude
do homem perante si mesmo, está voltado para a espontaneidade, os
sentimentos e a simplicidade (Figueiredo, 1992).
Nenhum movimento artístico foi tão rebelde e revolucionário. Surge com o
liberalismo e ressalta o eu individual, divulgado pela Revolução Francesa.
Enquanto a Revolução Francesa chega ao poder, quebrando a hierarquia
social, o Romantismo destrói as regras e as formas preestabelecidas,
ressalta a realidade subjetiva (Figueiredo, 1991).
Ainda no Romantismo há uma vivência do individualismo o que refere a
liberdade positiva e a autonomia, auto – engendramento. Transformação
dos sujeitos naquilo que eles de fato são – constituição de uma personalidade
singularizada. Perda das identidades convencionais: tornar-se o que
verdadeiramente se é, contrapondo-se ao conservadorismo, aos papéis e
as máscaras socialmente convencionais (Figueiredo, 1992).
É a configuração do indivíduo no sentido de autônomo, de auto-afirmativo,
definido, personalizado, singularizado. Trata-se de desenvolver suas
potencialidades mesmo que a custa de crises, loucuras ou de agregações
(Figueiredo, 1991).
O movimento romântico fazia através da restauração de formas orgânicas da
vida social, de valores autênticos, de modos de relação entre os homens e o
mundo físico e histórico que trariam de volta a integridade, a espontaneidade
e a fecundidade da vida coletiva e individual (Figueiredo, 1991).
Os indivíduos eram constituídos sob os ideais românticos, e valorizavam
prioritariamente o auto-crescimento. Consideravam suas interioridades
e tentam permanentemente preservá-lo da vida competitividade e
turbulenta das grandes cidades, constituindo, no seu conjunto o que vem
a ser chamado de civilização intimista. Havia a defesa romântica das
paixões, dos impulsos, dos estados alterados da consciência, assim como
a defesa da absoluta liberdade da criação e transfiguração.

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3.2 - O liberalismo e o individualismo.

Acerca dos pressupostos do liberalismo destaca-se John Locke (1632-


1704), que constituiu as linhas básicas do movimento. O séc XIX, foi
considerado o apogeu do liberalismo e do individualismo, quando diante
da separação das esferas privadas e individuais. Não cabia ao Estado
intervir nem administrar a vida de ninguém. Na sociedade individualista,
os indivíduos são portadores de personalidades soberanas, identidades
auto-contidas (Figueiredo, 1992).

Na primeira fase do liberalismo pode-se destacar:


• Jusnaturalismo: reconhece nos indivíduos direitos inalienáveis;
• Contratualismo: Sociedade e Estado fruto de uma convenção
entre homens;
• Liberalismo econômico: combate a intervenção do Estado na
vida econômica;
• Negação do absolutismo estatal: limitação do poder Estado
mediante divisão de poderes.

Nesse período o Estado é considerado como bem absoluto, embora


moralmente neutro, seu objetivo é escolher sua maneira de ser no mundo.
Trata-se de um bem absoluto porque o indivíduo é visto como fim e não
como meio, no que autoriza-se o poder de persuasão (Figueiredo, 1992).
Nesse período, a categoria indivíduo não é inata é construída
historicamente enquanto um dos modos de subjetivação. Trata-se de um
modo hegemônico de organização da subjetividade na modernidade em
que o indivíduo produzido pelo individualismo pré-existe ao social o qual
se organiza para atendê-lo. As sociedades individualistas, por sua vez,
exigem para sua reprodução a criação ou permanência de dispositivos
que preencham a função instituinte. Busca-se incentivar e exprimir suas
potencialidades concebidas como naturais (Figueiredo, 1991).
Em sendo assim, emerge a discussão mais forte em torno do conceito de
indivíduo. Este conceito foi elevado ao nível de bandeira política de realidade
econômica pelo liberalismo, em que o homem na sua constituição mais
íntima é o centro e o fundamento de um mundo e cultiva-se a proteção de
sua privacidade.

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• 3.3 - O regime disciplinar

No movimento do Regime Disciplinar há a exigência de que o Estado faça


uma intervenção mais positiva e uma certa administração da vida social.
O Estado deveria intervir e administrar os comportamentos individuais,
mediante o controle mais planejado, instaurando novas modalidades
de poder. O Utilitarismo de Bentham irá substituir a crença e a defesa
intransigente dos direitos naturais dos indivíduos pelo cálculo racional da
felicidade (Figueiredo, 1992).
Nesse movimento, as instituições terminam por participar do controle,
como, por exemplo, as instituições educacionais, corretivas, de saúde e
lazer as quais assumem funções disciplinares e preventivas. A família,
o lar, por sua vez, progressivamente abandona a função que lhes era
própria no século XVIII, de espaço da liberdade. A família adota práticas
de treinamento precoce e de normatização das crianças jovens e adultos
(Figueiredo, 1991).
No final do séc XIX e início de XX há o aprofundamento e a expansão das
práticas disciplinares, como práticas de exame, avaliação, programação,
novos exercícios. Trata-se de formas de controle que invadiram todos
os refúgios em que os indivíduos liberais procuravam se abrigar e foram
apresentando-se a estes de forma positivamente sedutora, convincente e
eficaz (Figueiredo, 1992).
Essas mudanças no modo de vida em sociedade e individual, de vida pública
e privada alcançaram o sucesso esperado, uma vez que a construção
de subjetividades disciplinadas, consideradas úteis e cada vez mais
treinadas a responder ao que se desejava para o melhor desempenho de
papéis que lhes são delegados e principalmente aqueles do tipo dóceis e
domesticadas.
A institucionalização da subjetividade teve como um dos aportes
o capitalismo, a preservação da força de trabalho e a integração
aos aparelhos de produção da população. A medicina, por exemplo,
caridosamente dirigida aos “pobres doentes” está reservada à cuidar do
bem-estar físico da população e ganha poder de polícia médica, passa
a se encarregar do controle dos corpos. A população torna-se objeto de
investigação e vigilância e intervenção e o destaque maior, o ponto focal
de ação é o corpo (Figueiredo, 1992).
Foucault (1987) analisa o controle social produzido por estes novos
dispositivos disciplinares e pela normatização técnica-científica.
Apresenta-nos a modernidade como uma era de domesticação dos corpos

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e pela regulação das populações, de modo a maximizar a sua utilidade
social e reduzir o potencial político. Para ele, o indivíduo constitui-se num
produto manufaturado pelos poderes–saberes da disciplinarização.
Foucault (1987) se recusa a atribuir ao Estado um lugar central no
processo de dominação moderna. O poder jurídico-político sediado no
Estado e nas instituições não tem cessado de perder importância em
favor dos minúsculos, invisíveis, mas permanentes poderes disciplinares.
Nesse contexto, os modos de individualidades produzidos se dão a partir
de um controle continuo e permanente, o que resulta numa vigilância das
vidas e corpos, no que concretizou com a ideia do panóptico. O panóptico
é um modelo de prisão que trata da regulação das vidas e corpos dos
indivíduos em busca do controle Trata-se de um sistema de vigilância de
360 graus (imagem 1).

Diante da teoria de Foucault (1987), acerca do que foi considerado como


tecnologia da disciplina, toma-se o corpo como objeto de conhecimento,
poder, controle do corpo e do espaço social. Autoriza, portanto, o
internamento dos considerados loucos e dos pobres, fazendo emergir
aspectos da disciplina higienista. É desse cenário que surge o modelo de
atuação da psicologia atendimento/psicoterapia individual, já que corpos
e psique precisam ser regulados/ajustados/corrigidos/disciplinados.
Sendo assim, nesse movimento de análise e questionamento da realidade
social e individual que se encontra o espaço propicio para os principais
e primeiros questionamentos contundentes acerca do indivíduo e suas
condições de vida, abrindo o cenário para a Psicologia e suas diversas
abordagens. E, novamente, menciono aqui que esse surgimento aconteceu
respeitando-se o movimento de construção do conhecimento cientifico de
tese, antítese e síntese.

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4. PRINCIPAIS ABORDAGENS E TEORIAS PSICOLÓGICAS: O
NATURAL E O HISTÓRICO

Diante dos movimentos que surgiram no século XIX analisados, e das


transformações sofridas pela sociedade e pelos indivíduos em seus modos
de vida pública e privada, as principais escolas da psicologia emergiram,
segundo Figueiredo (1992):

• Do movimento liberal e individualista com suas características


de promoção de liberdade e igualdade entre os homens,
assim como da separação de vida pública e privada, emerge
um espaço propicio para a gestação da antes chamada de
Psicologia do Ego, que mais tarde se constituiu a Psicanálise.
• Do movimento romântico de liberdade de desenvolvimento das
potencialidades das personalidades, aliado à fecundidade da
vida coletiva e exaltação de valores nacionais e de sentimentos,
faz emergir individualidades criativas como acontece com as
características básicas do Humanismo.
• A partir das identidades manipuláveis do regime disciplinar,
através dos controles dos corpos que individualizam e
docilizam, do controle da vida e da centralidade administrativa
desse controle, faz fecundar um espaço de gestação para o
Behaviorismo.

ACERTE O ALVO:
O Behaviorismo é considerada a primeira força, Psicanálise a segunda
força, Humanismo a terceira força e a Psicologia Transpessoal a quarta
força (Schultz & Schultz, 2000; Jacó-Vilela et al, 2008; entre outros).

Enquanto as principais escolas da psicologia emergentes na modernidade,


estas servirão de base para o surgimento das outras diversas abordagens
e áreas de atuação fazendo firmar a consciência de que não há somente
uma Psicologia, mas Psicologias. Esse movimento faz assinalar o que já
foi estudado acerca da construção do pensamento científico através de
tese, formulação de antítese e emergência de síntese.

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• 4.1 - Behaviorismo

Final do séc XIX (EUA) época em que fortes correntes eram ministradas
em cursos de Psicologia, marcadas por identidades delimitadas como o
Funcionalismo de William James e o Estruturalismo de Edward Titchener.
Com base nisso, nesse período o objeto de estudo da Psicologia era a
consciência, o que fez batizar a Psicologia como a ciência da consciência
(Bock, et al, 2008).
Alguns marcos históricos foram muito importantes para a consolidação
da Psicologia enquanto ciência:

• 1888: A Psicologia ministrada formalmente;


• 1892: American Psychological Association (APA);
• 1894: Psychological Review.

Além do Funcionalismo e do Estruturalismo, outra escola importante para


a constituição do cenário do Behaviorismo foi o Funcionalismo de Edward
Lee Thorndike, discípulo de James, como já mencionamos neste material,
e que mais tarde vai fundar o Associassionismo. Este teórico trazia a
discussão acerca da Lei do Efeito através de um estudo controlado sem
se deter na introspecção, em que afirmava que todo comportamento
tende a se repetir se for recompensado, mas se for castigado, tenderá a
não ocorrer mais. Para ele os aspectos mentais são quem determinam
o comportamento. Este estudo trouxe importantes contribuições para a
educação, uma vez que afirmava que a aprendizagem se dá por associação
de ideias (Schultz & Schultz, 2000).
Início do século XX, momento em que a Psicologia almejava o seu
reconhecimento enquanto ciência, com a influência destas escolas, em
especial do Associacionismo de Thorndike e da Lei do Efeito, o espaço
para o Behaviorismo se abre. Os fundamentos básicos estão repousados
no empirismo associacionista britânico que afirma que a experiência é o
determinante da mente e a associação que o Behaviorismo faz na relação
à estimulo (S) e resposta (R). Além disso, a influência do pensamento
mecanicista e materialista dos fisiologistas associado ao positivismo
de Comte, que postula sobre o observável, a observação objetiva, o
conhecimento prático e o controle da natureza (Jacó-Vilela, et al, 2008).

17
Importa dizer que o surgimento do Behaviorismo enquanto escola se
dá em 1913, com um manifesto criado por John Broadus Watson: “O
que precisamos fazer é começar a trabalhar na Psicologia fazendo do
comportamento, e não da consciência, o ponto objetivo de nosso ataque.”
No entanto, outros autores precisam ser mencionados por se fazerem
extremamente importantes para esta abordagem a partir de seus estudos
como Ivan Petrovich Pavlov que antecedeu Watson foi Buurhus Frederick
Skinner (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Um acontecimento importante na época do surgimento do behaviorismo
foi a chamada “crise da física clássica”, que, na verdade, era uma crise
no determinismo que alterou a maneira de pensar a ciência, derrubando
o sistema hegemônico determinista que atribuía relações estritas entre
causas e efeitos nos fenômenos naturais. A explicação para determinados
fenômenos deveria se basear nas relações entre os aspectos envolvidos,
um se altera em função de modificações no outro. Essa crise influenciou
especialmente Skinner, como veremos mais adiante (Jacó-Vilela, et al,
2008).

• 4.1.1 - Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936)

Nasceu na Rússia, numa pequena vila agrícola cujos pais eram


camponeses. Seu pai era sacerdote e sua mãe uma filha de sacerdote.
Iniciou como seminarista e se interessou pela ciência a partir de ideias
mecanicistas e materialistas de um fisiologista russo Sechenov, autor do
clássico estudo sobre reflexos do cérebro (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Em 1870, Pavlov estuda fisiologia na Universidade de São Petersburgo
onde formou-se médico em 1883 e se interessou por pesquisas na área
estudada, fisiologia, mais precisamente acerca da digestão e glândulas
digestivas por volta de 1900, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Fisiologia
em 1904. Sobre isso, dedicou-se ao estudo com cães cujo foco era a
salivação animal através da elaboração de um programa de replicação
(Jacó-Vilela, et al, 2008).

18
Um dos primeiros dispositivos utilizados Estrutura do condicionamento desenvolvida por
por Pavlov para registrar as reações outro Russo chamado Nicolai, mas atribuída à
salivares. Pavlov.

A Torre do Silêncio (imagem abaixo) é um ambiente isolado o suficiente


do mundo exterior para propiciar a objetividade necessária à pesquisa
científica. Tudo isso corroborando com a preocupação dele de controle
rigoroso e eliminação de possíveis fontes de erro (Jacó-Vilela, et al, 2008).

Através deste experimento, ele buscava garantir estímulos controlados.


Pela característica de seus estudos e postulados, não aceitava abordagem
psicológica que envolvia o dualismo dos processos mentais e físicos,
uma vez que considerava desnecessária e puramente especulativa.
Sendo assim, ele buscava interpretar os fenômenos em termos cerebrais
recíprocos de excitação e inibição (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Sua teoria, portanto, sobre o que chamou de Reflexo Condicionado, que
postula que um estímulo (S) tem uma relação de dependência com uma
resposta (R). Nessa teoria o tempo (t) também é relevante pois quanto
mais t levava-se para expor o S, menos a R acontecia, o que levava a
uma extinção gradativa da R. seu grande objetivo com estes estudos era
clareza sobre o funcionamento do cérebro (Schultz & Schultz, 2000).

19
• 4.1.2 - John Broadus Watson (1878-1958)

Nascido em 187 na Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Sua história conta
com registro de um pai violento, mãe religiosa a qual lhe deu o nome de um
pregador fundamentalista batista e queria que ele fosse ministro. Entra
na Universidade de Psicologia aos 16 anos, e aos 22 torna-se mestre.
Desperta o interesse pelo comportamento animal, por influência de seu
pai. Torna-se Ph.D. na Universidade de Chicago, onde ensinou também no
período de 1903 a 1908. Falece aos 80 anos após ser homenageado pela
APA (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Em 1913, publica o artigo “A psicologia como o behaviorista a vê”, que
ficou conhecido como o “manifesto behaviorista” e no qual delimitava
o campo onde a psicologia deveria focar seus estudos. O seu objeto de
estudo é o comportamento no que sugere que a Psicologia seja uma
ciência puramente empírica e que leve generalizações amplas sobre o
comportamento humano. Para isso, sugere extremo controle experimental
para que os estudos psicológicos possam ser replicados em qualquer
laboratório (Jacó-Vilela, et al, 2008).
A primeira fase de seus estudos é marcada por estudos com animais.
Através destes estudos afirmava conseguir responder algumas hipóteses
que seriam generalizáveis para a compreensão do universo humano,
quando publica uma de suas mais importantes obras que aborda
o comportamento humano “A psicologia do ponto de vista de um
behaviorista”, nela trazia a sua proposta de psicologia como uma ciência
natural independente (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Em 1920 centraliza seus estudos em crianças, afirma que ao nascer, a
criança tem apenas três reações básicas amor, raiva e medo, as quais
são bases de formação e seus hábitos. O hábito está justamente no
aprendizado na exposição repetida às mesmas condições, fazendo com
que suas respostas sejam as mesmas tanto no que concerne a estímulos
particulares de um ambiente interno (músculos, glândulas etc.) assim
como do externo (os objetos do mundo exterior) (Jacó-Vilela, et al, 2008).

20
Quando sai da universidade onde lecionava, é atraído pela área
de publicidade e propaganda. Torna-se destaque na publicidade
(marketing) mais especificamente no que concerne a predição e controle
do comportamento. O destaque foi tamanho que mais tarde se tornou
presidente da empresa que o contratou permanecendo até a sua
aposentadoria (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Apresenta os conceitos de Estímulo (S) e Resposta (R), mostrando como
uma resposta pode ser condicionada a um estímulo específico, que tipos de
resposta podemos apresentar. Além disso escreve também sobre reflexos
condicionados, estudados Pavlov, um dos maiores influenciadores de seu
trabalho a partir de 1916 (Schultz & Schultz, 2000).

• 4.1.3 - Buurhus Frederick Skinner (1904-1990)

Nasceu numa cidade pequena na Pensylvania. Seu pai era advogado e


sua mãe dona-de-casa e protestante. Tornou-se Psicólogo em 1926, fez
pós-graduação em Psicologia em Harvard em 1928 e doutorado em 1931,
e fez vários pós-doutorados. Então torna-se docente em Minesota, depois
Indiana e em seguida volta para Harvard. Publicou importantes livros
como The behavior of organisms (1938) e Science and human behavior
(1953). Morre aos 86 anos de leucemia (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Ressalto aqui a crise do determinismo já mencionado anteriormente.
Foi nesse contexto que Skinner, influenciado pela concepção funcional
de Mach, propõe um sistema no qual as explicações que dava para o
comportamento do organismo no que concerne a causa e efeito passa a
ser substituído por descrições de relações funcionais entre as alterações
que acontecessem no ambiente e o comportamento. Para ele, não mais o
comportamento do organismo seria condicionado de maneira reflexa, mas
sim seria influenciado por suas consequências. Sendo assim, o homem
passa ser considerado produtor de seu meio através das modificações
produzidas pelo organismo em seu ambiente (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Esse comportamento que passa a ser analisado a partir da influência
de suas consequências recebe a denominação de classe operante.
Refere dizer que as consequências agora passam a ser consideradas
contingências. Portanto, importante dizer que as respostas passam a
ser definidas por suas consequências. Diante disso, o comportamento

21
recebe uma amplitude maior de estudo diferindo do que acontecia com o
comportamento reflexo (Jacó-Vilela, et al, 2008).

ACERTE O ALVO:
Nos casos de comportamento operante o que proporciona a aprendizagem
é a ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante desta ação.

Skinner, assim como os outros estudiosos comportamentais, fez diversos


experimentos com animais. O que de mais importante estes estudos
revelaram? Permitiam fazer afirmações acerca do que chamaram leis do
comportamento, que referiam generalizações (Bock, et al, 2008).
Um dos exemplos clássicos dos estudos skinnerianos é aquele realizado
na “Caixa de Skinner” (figura abaixo). A Caixa de Skinner é um recipiente
fechado em que há uma barra que precisa ser acionada para que a gota
de água seja liberada a partir de uma pequena haste. A aprendizagem
acontece que o sujeito experimental (rato) explora a caixa (ambiente) e
acidentalmente ele pressiona a barra e aciona a liberação de uma gota de
água. Daí em diante, a tendência é que, por conta da privação de água,
ele aprenda a pressionar a barra, se o mantiver nas mesmas condições,
no caso, sede (Bock, et al, 2008).

ACERTE O ALVO:
O comportamento operante pode ser representado pela equação: R→S

22
No entanto, ao se tratar de sujeitos humanos, deve-se considerar o
comportamento verbal como uma forma de comportamento operante
distintiva, pois atua indiretamente sobre o meio, ou seja, que age inicialmente
sobre outros seres humanos. Esse estudo acerca do comportamento verbal
abre espaço para estudos diversos tomando-se como objeto a linguagem,
o pensamento, a moral, a alienação, os propósitos, dentre outros (Jacó-
Vilela, et al, 2008).
Skinner afirma que o comportamento humano é selecionado não apenas
para atender a necessidades de sobrevivência imediata, o que seria
apenas um tipo de conseqüência seletiva, mas também para se adaptar
a condições outras, futuras. Para o teórico, o fato de nos depararmos
sempre com uma diversidade de ambientes o nosso comportamento
acompanhando tantas mudanças também se modifica constantemente,
o que refere o contato da pessoa com as contingências específicas, o lhes
faz serem distintas das outras pessoas. Esse estudo das contingências
passa a ser definido em três níveis (Jacó-Vilela, et al, 2008).
• Filogenético: seleção de comportamentos característicos da
espécie (Humana);
• Ontogenético: comportamentos selecionados ao longo da
interação com o ambiente (história de reforçamento da pessoa);
• Cultural: comportamentos selecionados pela interação do
organismo com seu ambiente social (Eu).

Para Skinner o behaviorismo era uma filosofia. Defendia um behaviorismo


mais indutivo, evitava teoria e buscava mais a prática: “Os homens agem
sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados pelas
conseqüências de suas ações.” (Skinner, 1957, p.15, apud Jacó-Vilela, et
al, 2008, p. 183)
Os estudos de Skinner trouxeram contribuições importantes para a
aprendizagem, principalmente no que tange a problemas de aprendizagem
através do papel da punição na aquisição de respostas, dos efeitos
de diferentes programas de reforço, a extinção de R operante, reforço
secundário e generalização.

23
• 4.1.4 - Behaviorismo no Brasil

Os primeiros cursos de Psicologia no Brasil surgiram nos anos 1950.


Fred Simmons Keller, professor na Universidade de Columbia nos EUA,
contribuiu com pesquisas que colaboraram para o estabelecimento e
divulgação da análise do comportamento. Início da década de 1960 ele
vem ao Brasil na qualidade de professor visitante na USP, posteriormente
passou 2 meses na UNB.
Outro nome importante é Carolina Martuscelli Bori que contribuiu com a
fundação de diversos cursos de graduação em psicologia relacionados
à análise do comportamento. Seus estudos versavam principalmente
em torno da educação e pesquisa, como quando esteve à frente de
importantes instituições científicas como a CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência). Tanto que em 1970 outros diversos
cursos de graduação e pós-graduação surgiram como na USP, UNB, UFPA,
Universidade Federal de São Carlos (SP), PUC-SP (Jacó-Vilela, et al 2008).

ACERTE O ALVO:
Fique de olho em outros processos como extinção, punição, discriminação
e generalização.

• 4.2 - Humanismo

O termo Humanismo surgiu no Renascimento entre o final do século XIV e o


início do século XV. Denominava tanto um aspecto literário, quanto filosófico,
preocupando-se com o valor do homem e tentando compreendê-lo em seu
mundo. Sartre define o humanismo como qualquer doutrina que pense o
homem tomando como critério aquilo que o diferencia dos outros seres, ou
seja, entenda o homem na sua própria existência. Por esse ponto de vista,
o humanismo teria começado na Grécia do século V com os sofistas. Estes
afirmavam que “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são
enquanto são, e das coisas que não são enquanto não são”. O humanismo
sofista situa e valoriza o ser humano em seu mundo: “O humanismo tem como
principal matriz a filosofia romântica que exalta a contemplação estética, o
intuicionismo afetivo e a superação, por fusão empática, da dicotomia entre
sujeito e objeto”. (Sá, 2008, p.335).

24
Algumas críticas foram feitas dirigidas aos sofistas como foi o caso de
Aristóteles, os sofistas não falavam da realidade, pois o que diziam
não poderia ser demonstrado, portanto estavam distantes de qualquer
conhecimento verdadeiro. Durante a Idade Média manifesta-se um
humanismo de natureza cristã, onde o valor do homem é dado na
semelhança com Deus (Schultz & Schultz, 2000).
Posteriormente, nos séculos XVII e XVIII, autores como Descartes,
Rousseau e Kant deram uma contribuição fundamental à compreensão
da especificidade do homem. Descartes, por exemplo, pensava o
conhecimento como ativo, ou seja, o conhecimento não era dado ao
homem por um universo finalista, mas o homem que submetia o universo
ao seu comportamento. Além disso, para ele o homem teria o poder de
conhecer tudo, inclusive sua própria consciência. Rousseau, por sua vez,
concebe o homem como ativo e autônomo, porém, dentro de um campo
ético. Já Kant concebe o homem como autônomo, apesar da limitação
do conhecimento. Segundo ele, não conhecemos a realidade em si, mas
apenas a representação que dela fazemos (fenômenos) (Sá, 2008).
Ferry e Renault (1992) definem o humanismo como a concepção e a
valorização da humanidade em sua capacidade de autonomia. O que
constitui a modernidade é a maneira como o homem vai se pensar como
fonte de suas representações e de seus atos, como fundamento ou como
autor.
Outro marco importante que caracteriza o context de surgimento da
Psicologia Humanista foi a promulgação da Declaração Universal dos
Direitos do Homem, regulada pela ONU em 10 de dezembro de 1948. Essa
Declaração apresenta princípios de Direitos como igualdade de direitos a
todos os homens. Isso contribui para o pensamento do não determinismo do
homem, pois o ser humano é capaz de ultrapassar qualquer determinação
de qualquer natureza e, também por isso, é totalmente responsável por
seus atos. Tal pensamento deve ser posto de forma positiva, afirmando a
autonomia do homem (Sá, 2008).
Assim, a Psicologia Humanista surgiu na década de 1930, nos EUA,
no meio de um movimento mundial mais amplo que se constituía na
valorização do ser humano. Teve seus primeiros trabalhos publicados a
partir dos anos 1940, entretanto, foi na década de 1950 que o movimento
foi reconhecido (Sá, 2008).

25
O humanismo é uma “linha” de pensamento no qual os interesses e valores
humanos são primordialmente importantes. Os psicólogos humanistas
faziam objeções à Psicanálise e ao Comportamentalismo que vigoravam
na época, argumentando que essas “escolas” ofereciam uma imagem da
natureza humana demasiadamente restrita (Sá, 2008). Os temas bases
desta abordagem teórica dão uma ênfase “...na experiência consciente,
numa crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano,
na concentração no livre-arbítrio, na espontaneidade e no poder de criação
do indivíduo, e no estudo de tudo o que tenha relevância para a condição
humana”. (Schultz & Schultz, 2000, p. 391).
A Psicologia Humanista traz em sua história de surgimento críticas ao
Behaviorismo, forma de entendimento hegemônico da época. Essa crítica
fundamentava-se no fato de o behaviorismo negar as forças inconscientes
e focalizar o comportamento observável, tinham pontos de vista limitados,
por ser baseado na relação S - R, retratavam o ser humano como robôs que
reagem a eventos predeterminados. Os humanistas se opunham a essa
visão argumentando que o comportamento humano é demasiadamente
complexo para ser explicado dessa forma. Critica também a Psicanálise
afirmando que ela estudava apenas o lado emocionalmente perturbado
da natureza humana, dando muita ênfase ao patológico. Contrariamente,
os humanistas pretendiam estudar nossas forças e virtudes e investigar
o comportamento humano no que ele tem de melhor. Essas críticas se
fundamentavam justamente porque a Psicologia Humanista afirmava
que a psicologia deveria abordar a consciência a partir da perspectiva da
totalidade (Schultz & Schultz, 2000; Sá, 2008).
Alguns autores podem ser apontados como iniciadores do movimento
humanista em psicologia Abraham Maslow, Gardner Murphy, Gordon
Allport, Carl Rogers.

• 4.2.1 - Abraham Maslow (1908-1970)

Maslow era o mais velho de sete filhos, nasceu em 1908 no Brooklin,


em Nova York. Teve uma infância difícil, seu pai frequentemente sumia,
abandonando a família. Sua mãe era supersticiosa e frequentemente o
punia pelas mínimas faltas que fizesse, eles não se davam bem. Maslow,
uma vez disse: “Com a infância que tive, é um milagre eu não ser psicótico”.
(Schultz & Schultz, 2000).

26
Maslow é considerado o pai espiritual da psicologia humanista, critica
o determinismo em psicologia e afirma que a pessoa sadia é capaz de
transcender a cultura e as condições e renovar valores. Afirma que cada
pessoa nasce com as mesmas necessidades instintivas que nos capacitam
a crescer, nos desenvolver e realizar nossos potenciais no eu. Que cada
pessoa traz em si uma tendência inata para tornar-se auto-realizadora,
o que lhe levou a desenvolver a teoria da Auto-Realização a partir da
Hierarquia das Necessidades (figura abaixo) (Schultz & Schultz, 2000).

Sobre as necessidades afirma que são inatas, e cada uma delas tem de
ser satisfeita antes que a próxima necessidade da hierarquia surja para
nos motivar. Em sua teoria, as necessidades são atendidas da base para
o topo e aquelas pessoas que conseguem atender as necessidades de
auto-realização são consideradas psicologicamente saudáveis, mas que
não chegam a 1% da população. São consideradas saudáveis porque,
segundo ele, são livres de neuroses e psicoses (Schultz & Schultz, 2000).

• 4.2.2 - Carl Rogers (1902-1987)

Carl Rogers, outro expoente da Psicologia Humanista, era o quarto de


seis filhos, nasceu em 1902, em Oak Park, subúrbio de Chicago. Os pais
eram extremamente religiosos e enfatizavam o comportamento moral.
Aos 12 anos foi morar na zona rural, o que despertou seu interesse pela
ciência. Estudou agricultura na universidade, mas depois abandonou para
se dedicar ao ministério.
Cria a Terapia Centrada na Pessoa (TCP) ou Terapia Centrada no Cliente,
na qual o dom de mudar ou aperfeiçoar a personalidade é centrado
no interior da pessoa. É a pessoa, não o terapeuta que determina a
mudança; o papel do terapeuta é facilitar a mudança. Assim, atribui a
responsabilidade da mudança à pessoa ou cliente, e não ao terapeuta, como
é o caso na psicanálise ortodoxa, Rogers supôs que as pessoas podem

27
alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos
indesejáveis, tornando-os desejáveis. Rogers acreditava, portanto, que
por sermos seres racionais governados por uma percepção consciente
de nós mesmos e de nosso mundo, cada pessoa possui uma tendência
inata para atualizar as capacidades e potenciais do eu (Schultz & Schultz,
2000).
Para ele “...as pessoas devem confiar em seu próprio exame e na
interpretação das suas próprias experiências. Ele também acreditava que
as pessoas podem melhorar conscientemente a si mesmas. Esses conceitos
se tornaram pilares de sua teoria da personalidade...” Significa dizer que
para ele a auto-atualização é o nível mais alto de saúde psicológica e
é alcançada por meio do que o autor denominou como funcionamento
pleno (Schultz & Schultz, 2000 p. 397).

De sua teoria, alguns conceitos importantes recebem destaque:

• Self: fator autônomo próprio do nosso desenvolvimento, que


proporciona maior consciência da responsabilidade pessoal e
do auto-conhecimento;
• Tendência atualizante: motivação humana básica de realizar,
manter e aprimorar o self;
• Auto-realização: O desenvolvimento mais completo do self.

• 4.2.3 - A Psicologia da Gestalt

Surgiu na Europa e emerge negando e tentando superar as Psicologias


da época, século XIX, que caracterizavam-se por fragmentar as ações e
os processos humanos para gerar a sua compreensão. A Psicologia da
Gestalt, diferentemente do que ocorria, buscava compreender o homem
em sua totalidade (Bock, et al, 2008).
Sua origem é na Fenomenologia e, portanto, buscava analisar o fenômeno
até chegar a um nível de consciência chamado de “pura visão”, ou seja, o
modo como o ser humano toma consciência do fenômeno a partir de sua
percepção acerca do seu entorno. Isso porque, para os autores da Gestalt,
a percepção do mundo é a porta de entrada da consciência. No entanto, o
mais importante é analisar como é decodificado pela consciência aquele

28
aprendizado acerca do mundo. Um exemplo bastante utilizado é a analise
acerca da ilusão de ótica (ver imagem), a qual é compreendida como
resultado de uma percepção enganosa da realidade, mas entendida pela
consciência naquele momento como correta.

Conforme se vê nas figuras clássicas denunciadas na Psicologia da Gestalt


apresentadas anteriormente, a ilusão de ótica pode concorrer para que se
enxergue coisas diferentes a depender da percepção de mundo de cada
pessoa.

• 4.2.3.1 - Frederick S. Perls (1893-1970)

Fritz Perls, como era conhecido o criador da Gestalt Terapia (1951), foi um
médico alemão que atuou como psicanalista até 1941. Teve influências
também da Fenomenologia de forma tão forte que inspirou o nome de sua
corrente. Por conta da Segunda Guerra Mundial foi para a África do Sul e
fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise e em 1940 foi para os EUA
onde fez o primeiro lançamento de uma obra de Gestalt Terapia.
Embora sua relação estreita com a Psicanálise, a Gestalt Terapia está
mais próxima da Fenomenologia, uma vez que não trabalha com conceitos
de inconsciente, lhe importando a experiencia do aqui-agora. Dentre os
princípios da Gestalt Terapia estão a valorização do presente frente ao
passado ou futuro, a tomada de consciência diante de uma experiencia e
a importância do todo (Bock, et al, 2008).

29
4.2.4 - Psicologia Humanista no Brasil

Nos anos 1960, a proposta de terapia de Rogers começou a ser divulgada


na Universidade de São Paulo. Nessa mesma época, a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro tinha a disciplina “Técnica de
aconselhamento psicológico”, que também se baseava na teoria de
Rogers. Na Universidade Federal de Minas Gerais, a partir de 1968 surgiu
interesse pela área com a vinda de Max Pagés, ex-aluno e colaborador de
Rogers. Em 1974, no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, foi criada a disciplina “Psicoterapia Centrada na Pessoa”,
e depois foi criada “Psicologia Humanista Existencial”. No Rio de Janeiro,
em 1975, foi fundado o Centro de Psicologia da Pessoa (CPP). Em 1977
Carl Rogers veio ao Brasil, no interior do Rio de Janeiro, onde ocorreu um
workshop de três semanas de duração em que Rogers discutiu todas as
suas ideias (Buys, 2008).
A abordagem Humanista enfatiza a força e a aspiração humana e a
realização do nosso potencial. Oferece uma ideia lisonjeira e otimista da
natureza humana e descreve as pessoas como seres ativos e criativos,
interessados em desenvolvimento e auto-realização (Buys, 2008).

• 4.3 - Psicanálise

O período em que a Psicanálise surgiu foi um período entre guerras (1919


– 1938), quando emergia uma nova forma de Estado e sociedade com o
novo capitalismo. Nesse momento, havia o predomínio da razão permeado
por uma cultura organização industrial cujo foco, aliado ao capitalismo,
era a individualização. Com o fim da 1ª Guerra e o declínio do império
Áustro-Húngaro e a eclosão da Revolução Russa (1917), houve o declínio
de laços aristocráticos (Loureiro, 2008).
No séc XIX, em meio a uma era Vitoriana marcada pela repressão sexual,
a tarefa de sublimação permitiu que a sexualidade fosse, sem restrições
morais, discutida em todos os ambientes, inclusive nos conventos. Esse
fato fez evoluir os conhecimentos psiquiátricos, literários neurofisiológicos,
sociológicos, antropológicos e artísticos, o que trouxe contribuição para a
identificação de fenômenos mentais que iam além dos perceptíveis pela
consciência (Loureiro, 2008).

30
Até a 1ª Guerra Mundial havia uma centralidade em torno da figura de Freud.
Budapest, Londres, Zurique, além de Viena e Berlim tornam-se referência
para analistas para o processo de formação de tradições psicanalíticas locais.
A Psicanálise passa a ter uma veiculação internacional com a publicação do
International Journal of Psychoanalysis (1920) (Loureiro, 2008).
O período pós-freudiano conhecido como Freudismo, é marcado
contextualmente por uma heterogeneidade e amplitude do movimento
cultural. Destaca-se Oskar Pfister, um pastor protestante, marxista
que questiona as condições psíquicas e a fé. Outro destaque é Wilhelm
Reich, que se tornará figura importante na quarta geração, ou quarta
força, a Psicologia Transpessoal, trazia uma teoria de uma “moral sexual
civilizada”, munido de terapias corporais, bioenergética associada a
psicanálise. Ernest Kris era outro nome importante, um crítico de arte, que
trabalhava com temas como caricatura associado à arte e a psicanálise
e à fantasia. Caracterizava um movimento relativamente marginal,
de contracultura e crítica aos costumes. Questionava a moral sexual,
autonomia da consciência e pureza naturalizada da mulher e da criança.
O seu maior interesse repousava em pesquisas acerca do inconsciente e
método clínico mais do que a consolidação de uma doutrina homogênea
com clareza a determinação de procedimentos para tratamentos e
formação dos analistas, o que gerou uma cisão (Dunker, 2008).

• 4.3.1 Sigmund Freud (1856 -1939)

Nasceu em Freiberg (República Tcheca), mas aos 3 anos mudou-se


com a família para Viena (Áustria). Embora de família judia, ele era
agnóstico. Aprende diversos idiomas, inicia estudos sobre humanidades,
especialmente mitologia e história, e interessa-se ainda por literatura
e artes. Em 1873 entra na Faculdade de Medicina, onde tornou-se
Neurologista, se debruçando na ciência positivista e experimental,
estudando o Fisicalismo e a Psiquiatria Organicista. No período de
1885 a 1886 foi para Paris por interessar-se pelo fenômeno da Histeria,
encontrando-se com Jean Martin Charcot, com quem estudou a Clínica
das Psiconeuroses. Encontrou-se com Hyppolyte Bernheim com quem
estudou a hipnose como mera sugestão verbal portanto, mesmo em vigília
poder-se-ia obter os mesmos efeitos alcançados em estado hipnótico. No
período de 1985 a 1938 desenvolve a teoria em torno da hipnose. E em
1938 vai para Londres (Inglaterra) onde fica doente e idoso e em 1939
morre aos 83 anos devido a um câncer de boca (Loureiro, 2008).

31
Uma de suas hipóteses era de que a ansiedade que se manifestava nos
sintomas era conseqüência da energia ligada à sexualidade. A energia
reprimida tinha expressão nos vários sintomas que serviam como um
mecanismo de defesa psicológica. Diante disso, desenvolve métodos para
acessar esse conteúdo reprimido, o que mais tarde será chamado de Livre
Associação ou Associação Livre e posteriormente apresentará o método
de Interpretação dos Sonhos.
Recebeu críticas em 1910 com o argumento de que ele tinha interesse
maior em pesquisas acerca do inconsciente e método clínico do que a
consolidação de uma doutrina homogênea com clareza a determinação
de procedimentos para tratamentos e formação dos analistas, o que gerou
uma cisão com seguidores, discípulos e simpatizantes da Psicanálise.
Dentre eles pode-se citar Carl Gustav Jung, considerado o Príncipe da
Psicanálise, que afirmava que havia um dualismo pulsional e extensa
teoria em torno da sexualidade, fazendo emergir a sua Psicologia Analítica.
Outro teórico com qual cindiu foi Alfred Adler, que argumentava que havia
pouca valorização do poder e da dimensão embrionária da personalidade
além de questões pessoais, o que afirmava a sua Psicologia do Indivíduo, e
outros teóricos que se afastaram por discrepância de ideias e metodologias
(Loureiro, 2008).
Sobre a teoria e método de Freud destaca-se o estudo sobre histeria (1895),
em co-autoria com Joseph Breuer, com quem estudou sobre a histeria.
Nesse método a histeria é causada por repressão de certas lembranças
que são expressas em sintomas corporais. O método desenvolvido para
trabalhar com essa demanda foi o Método Catártico, que consistia na
utilização do recurso da hipnose (que conheceu com Chrcot) em busca de
se acessar um evento traumático e o alivio desse sintoma aconteceria por
meio do que chamou de catarse ou ab-reação. No entanto, ele percebe
que a hipnose era bem sucedida em aliviar ou eliminar sintomas, ela não
parecia capaz de curar, por também ser parcial ou provisória a eliminação
do sintoma. Aliado à isso, Freud descobriu que alguns pacientes neuróticos
não eram fácil ou profundamente hipnotizáveis. Que era, portanto, um meio
artificial de neutralizar as resistências, o que fazia precisar de um meio
que a dissolvesse gradualmente. Por conta desses e de outros problemas,
Freud abandonou a técnica, mas ele manteve a catarse como método de
tratamento, tendo desenvolvido a partir dela o que tem sido considerado
a técnica mais significativa na evolução da psicanálise: a livre associação
(Schultz & Schultz, 2000; Loureiro, 2008).

32
Associação livre (1896) consiste em o paciente deitado no divã e de costas
para o psicanalista falar livremente tudo o que vem á mente (imagem);
P ac iente

P s icanalista

Nessa técnica, o paciente deitado no divã, é encorajado a falar aberta e


espontaneamente, dando completa expressão a qualquer ideia, por mais
embaraçosa, irrelevante ou tola que pareça. O objetivo da psicanálise
freudiana é trazer à percepção consciente lembranças ou pensamentos
reprimidos, que ele supunha ser a fonte do comportamento anormal do
paciente (Schultz & Schultz, 2000).
Para Freud, as associações livres não se dão ao acaso, há um determinismo
psíquico onde tudo remete a um sentido latente. Atravessa e apresenta
a dimensão imaginária de nossa vida psíquica composta de substituições,
sonhos, lapsos, atos falhos, prazer e desprazer com objetos e pessoas,
medo ou bem-estar com objetos ou pessoas, e surgem na consciência em
dois níveis:

• Conteúdo manifesto (no sonho; a palavra esquecida e a


pronunciada, no lapso, no ato falho);
• Conteúdo latente, que é o conteúdo inconsciente real e oculto
(os desejos sexuais).

Freud empreendeu a tarefa de auto-análise como um recurso para melhor


compreender a si mesmo e aos seus pacientes; para isso, empregou o
método da análise de sonhos, já que associação livre seria impossível
por não conseguir ocupar dois lugares ao mesmo tempo, de terapeuta
e de paciente. Para ele os sonhos tinham um rico material emocional
e revelavam causas subjacentes a um distúrbio e as causas estavam

33
situadas no inconsciente, portanto não era algo sem sentido. Suas
anotações destes dois anos de auto-análise culminaram na publicação de
sua mais importante obra, “A interpretação dos Sonhos” (1900) (Schultz
& Schultz, 2000).
Nessa obra da Interpretação dos Sonhos ele apresenta a primeira
concepção (ou primeira tópica) sobre a estrutura e funcionamento psíquico.
Nessa primeira estrutura há três instancias ou sistemas psíquicos, que
chamou de inconsciente, pré-consciente e consciente (imagem abaixo)
(Bock et al, 2008):

• Inconsciente: aquele conteúdo que não está na consciência.


Constitui-se genuinamente do conteúdo reprimido, ou seja,
aquilo que não chega no pré-consciente por obra de censuras
internas.
• Pré-consciente: há os conteúdos que são acessíveis à
consciência, ou seja, não estão na consciência, mas poderiam
e podem estar a qualquer momento.
• Consciente: local que recebe informações do mundo interior e
exterior. Nessa estrutura, há um destaque para a percepção,
atenção e raciocínio.
• A segunda tópica de Freud emerge de uma remodelagem em
1920 e 1923 e apresenta os conceitos de id, ego e superego
referindo três sistemas de personalidade (imagem abaixo)
(Bock et al, 2008):
• Id: onde se localizam as pulsões (de vida e de morte) por ser
considerado o reservatório de energia psíquica. É um sistema
regido pelo princípio do prazer.
• Ego: é a estrutura que refere equilíbrio entre o que exige o
id e as ordens do superego. Por ser regido pelo princípio da
realidade, regula o princípio do prazer na busca de satisfação
considerando as condições objetivas da realidade, o que
pode-se considerar que ao invés de buscar o prazer busca-se
a evitação do desprazer.
• Superego: refere às exigências sociais e culturais, portanto traz
em seu bojo proibições, limites e autoridade. Cabe ao superego
a preservação da moral e dos ideais.

34
ACERTE O ALVO:
• 1º Modelo do Aparelho Psíquico (1890)
• 2º Modelo do Aparelho Psíquico (1920)
• Ao final (1923):valor descritivo e sistemático

Outra informação extremamente importante é conhecer e saber identificar


quem é o sujeito da Psicanálise e como foi determinado. Trata-se de uma
pluralidade identificatória, um sujeito constituído de vários eu’s formados
de sensações, percepções, representações, imagens etc. Pode-se conhece-
lo através de mecanismos psíquicos, como incorporação, introjeção,
internalização, identificação ou projeção do sujeito no outro, ou em função
dos sentimentos, das descrições, das sensações, das razões, das causas
ou das justificativas que damos para funcionar de tal ou qual maneira.
Dentre as contribuições da Psicanálise pode-se citar o conhecimento
acerca do cérebro, quando se questiona para onde vai o conteúdo
reprimido. Contribuição na área da Psicossomática a partir do estudo do
sintoma vegetativo entendido não como algo que refere uma expressão
substitutiva da emoção, mas sim seu concomitante fisiológico. O uso da
compreensão de forma que ela tenha efeito terapêutico. Contribui para
a Educação ao buscar saber o que se está fazendo quando se educa, já
que não se faz o que se quer, além da problematização acerca do excesso
de poder e de repressão que o processo educacional atua nos indivíduos.
Mediante isso, uma hipótese foi levantada acerca das várias histerias que
acontecem em nossa civilização, afirmando que estão ligadas aos tempos
em que a criança está desenvolvendo um processo de aprendizagem e de
interação social (Loureiro, 2008).

35
• 4.3.2 - O movimento psicanalítico no Brasil

Alguns historiadores referem Juliano Moreira, psiquiatra brasileiro, como


aquele que primeiro veiculou as ideias freudianas na Faculdade de
Medicina da Bahia, a ponto de em 1929, quando foi fundada no Rio de
Janeiro a seção carioca da Sociedade Brasileira de Psicanálise, Juliano
Moreira, assumiu a presidência. Em 1951, autorizado pela Associação
Psicanalítica Internacional (IPA), surge, em São Paulo, a Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Dois nomes recebem destaque
na difusão das ideias psicanalíticas no Brasil Franco da Rocha e Durval
Marcondes (Russo, 2008).
Nesse período a Psicanálise ocupava um lugar secundário, como um saber
ou uma prática acessórios à psiquiatria. Por isso não havia interesse na
criação de uma corporação psicanalítica, isto é, de sociedades de formação.
Outros nomes importantes que vem junto com Franco da Rocha e Arthur
Ramos são Antonio Austregésilo e Gastão Pereira da Silva (Russo, 2008).
De 1955 até 1970 no Rio de Janeiro é um período marcado pelo surgimento
de duas sociedades psicanalíticas que dominaram a cena, ou seja, dois
grupos, um era o grupo do Werner Kemper (1899-1975), de Berlim, e
o outro dirigido e movimentado por seguidores de Mark Burke (1900-
1975), membro da Sociedade Psicanalítica Britânica, que romperam.
O grupo de Kemper foi reconhecido em 1955 pela IPA como Sociedade
Psicanalítica do Rio de Janeiro – SPRJ. Os seguidores de Burke se juntaram
aos analistas formados em Buenos Aires, e o grupo foi reconhecido em
1957 como Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro – SBPRJ.
Essas sociedades foram marcadas pela presença hegemônica de médicos
(Russo, 2008).
Só em 1971, um grupo de psicólogos que estudavam e faziam supervisão
com psicanalistas da SPRJ fundou a Sociedade de Psicologia Clínica,
que oferecia formação exclusivamente para psicólogos. Embora período
de ditadura, marcado por perseguições, prisões políticas e tortura, a
psicanálise atinge um patamar d importância significativo ocupando
espaços nos programas de TV e rádio, se tornando grande referência. Há
um boom na busca por atendimento clinico individual, mas o que fazer
com aqueles que não podem pagar? Surgem os grupos de terapia para
atender a crescente demanda (Russo, 2008).

36
4.4 - Sócio-Histórica

A Psicologia Sócio-Histórica estuda o ser humano e seu mundo como


construções sociais e históricas da própria humanidade. O mundo que se tem
hoje é um mundo construído pela humanidade, fazendo depender, assim, do
tempo e do espaço que se vive que oportuniza essa construção, ou seja, as
condições do mundo material e das formas de vida (Bock et al, 2008).
Quanto à definição de Psicologia sócio-histórica pode-se dizer que segue
os princípios filosóficos do materialismo histórico e dialético. Contém
uma teoria e um método científico que se contrapõem à leitura da
ciência proposta pelo positivismo lógico, por centralizar o sujeito ativo na
transformação de seu mundo (Spink & Spink, 2008).
A Psicologia Sócio-Histórica tem como grandes nomes em sua origem
Vigotsky, Luria, Leontiev e Rubenstein, cientistas russos de fins do século
XIX e início do XX. Vigotsky, por exemplo, dentro de um pensamento
marxista propôs a construção de uma psicologia científica que desse conta
dos processos psicológicos superiores, os quais marcariam a diferença
qualitativa entre homens e animais (Spink & Spink, 2008).
Kornilov foi o primeiro a tentar uma aplicação do marxismo à psicologia.
Tentava sintetizar a psicologia idealista que reconhece uma essência
inerente ao homem responsável pela vida psíquica, e a psicologia
objetiva que atribui ao materialismo a essência do real primário a ação
humana(Spink & Spink, 2008).
Vygotsky, grande referência na Psicologia Sócio-Histórica do mundo,
compreende a psique como um sistema processual, contraditório e
complexo. Para ele, a psique funciona como processo recursivo do qual as
influências do mundo se definiam como processo de produção de sentidos e
de significados que emergiam nos sujeitos a partir das experiências. Refere
dizer que para ele o sujeito é ativo e está em constante transformação ao
se deparar e relacionar-se com a realidade objetiva, ou seja, as relações
estabelecidas dialeticamente com o social agem diretamente em seus
saltos qualitativos e quantitativos de aprendizagem ao oportunizarem
construção de novos sentidos e significados (Jacó-Vilela et al, 2008).
Acerca dos princípios da Psicologia Sócio-Histórica tem-se a compreensão
das Funções Psicológicas Superiores, representadas pela linguagem,
atenção voluntária, raciocínio, pensamento, memória voluntária,
imaginação etc. Por serem exclusivas do homem, estas não podem ser
alcançadas pela psicologia animal pois os animais não têm vida social e
cultural (Bock et al, 2008).

37
Portanto, os princípios da Psicologia Sócio-Histórica recebem destaque
a linguagem e o pensamento humano como tendo origem social. Isso
porque é na relação com o social que se produz sentidos e significados.
Sendo assim, a cultura passa a ser parte importante do desenvolvimento
humano e deve ser integrada ao estudo e à explicação das funções
psicológicas superiores. A consciência e o comportamento são aspectos
integrados de uma unidade, não podendo ser isolados pela Psicologia
(Bock, et al, 2008).
A subjetividade, por sua vez, pode ser analisada e concebida partir de
duas dimensões, individual e social. Quando individual tem a ver com a
constituição histórica dos laços sociais dentro de um sistema individual.
Significa dizer que o sujeito vai construindo seus valores próprios e
seus sentidos a partir das relações. Quando social analisa-se como a
participação ativa do sujeito em sua subjetividade na vida social enquanto
transformador e transformado dialeticamente. Para essa constituição
subjetiva, o uso de instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de
atividades em cujo interior as novas funções psicológicas podem operar,
ampliando assim seu repertorio de possibilidades. As operações com os
signos são as bases sobre as quais acontecem a reconstrução da atividade
psicológica na internalização de formas culturais de comportamento,
referindo-se a construção de sentidos e significados. Não existe nada
internamente que não tenha existido externamente, afinal a relação é
dialética (Bock et al, 2008).
Além da subjetividade e da linguagem outras categorias são consideradas
fundamentais na Psicologia Sócio-Histórica como atividade, consciência
e identidade a partir de estudos de Luria, Leontiev e Vigotsky. A atividade
é considerada o meio pelo qual o sujeito se coloca no mundo e estabelece
as suas relações determinantes para a sua constituição subjetiva de
transformador do mundo e de transformado por ele simultaneamente
respeitando a relação dialética. A consciência pode ser considerada um
reflexo ativamente modificado da realidade objetiva vivida pelos sujeitos.
Trata-se do mundo dos registros das vivências da vida vivida do sujeito,
não referindo, portanto, só dimensão cognitiva, mas também composto de
razão, afeto e emoção. A categoria identidade refere a organização que
o sujeito faz de si mesmo, uma forma de se reconhecer único identificado
com o si mesmo, com o que faz, com a forma que vive (Bock, et ao, 2008).

38
• 4.4.1 - Psicologia Sócio-Histórica no Brasil

Surge como a proposta de uma nova Psicologia Social e nessa história


de emergência brasileira destaca-se especialmente Silvia Lane (PUC-SP)
e Ecléia Bosi (USP). O que antes era uma Psicologia Social importada
de outros países, que não representava o contexto histórico e social do
Brasil, transformou-se na proposta de contextualização e representação
a partir das duas escolas apontadas, PUC-SP e USP. Nessa Psicologia
Social Sócio-Histórica brasileira, o homem é entendido ainda como um
ser histórico e social e a relação estabelecida entre o indivíduo e sociedade
é dialética, o que configura o movimento de transformação da realidade.
O objetivo dessa da Psicologia Sócio-Histórica brasileira é compreender o
indivíduo em relação dialética com a sociedade. Trata-se de compreender
a constituição histórica e social do indivíduo e os elementos que explicam
os processos de consciência e alienação, assim como compreender as
possibilidades de ação do indivíduo frente às determinações sociais (Spink
& Spink, 2008).
O método utilizado para compreender esse sujeito social e histórico
dinâmico e contínuo em suas transformações e ativo é o materialismo
histórico dialético, pois permite trabalhar com a historicidade dos
fenômenos e, por isso, contrapõe-se à sua naturalização. Considera que
sujeito e objeto estão em relação dialética, portanto não há neutralidade
no conhecimento, há sempre uma intenção do sujeito sobre o objeto, e
essa intenção é histórica e deve ser considerada.
Retomando as duas Escolas USP e PUC-SP, vamos fazer um apanhado
histórico dessas conquistas e construções da Psicologia Social Sócio-
Histórica brasileira. Ressalta-se que embora não tão mencionada como
Silvia Lane, Ecléia Bosi tem a mesma estatura e importância para a história.
Bosi foi aluna de Dante Moreira Leite, importante nome, e desenvolveu o
seu estudo acerca da memória. Inaugurou uma forma de compreender
a cidade a partir da memória de seus moradores, o que fez com que
contribuísse para uma mentalidade não colonizada de Psicologia Social
(Bock, et al, 2007; Bock et al, 2008).
Alguns marcos históricos recebem destaque aqui para o nosso estudo, de
forma que nos dê uma melhor compreensão do cenário de constituição
dessa Psicologia Social. Destacamos aqui o ano de 1971, período em
plena a ditadura militar no país. Nesse ano na Faculdade de Psicologia da
PUC-SP cresce uma inquietação sobre as bases teóricas e metodológicas
da Psicologia Social, justamente pelo fato de ser algo importado que não

39
correspondia com a realidade contextual brasileira. Lane retoma seus
estudos acerca do marxismo o que lhe rendeu perseguições políticas na
época. Retorna a Marx para buscar bases para construir a Psicologia
Social para o Brasil, no que concebe uma leitura crítica do cognitivismo,
aquele que influenciava a Psicologia Social da época, algo advindo dos
EUA, o que marca o início da construção do pensamento de Lane.
Em 1972, ainda na PUC-SP, há a inauguração da primeira pós-graduação
em Psicologia Social no Brasil, um marco importante justamente para a
construção do nosso próprio conhecimento a partir da nossa realidade,
fato confirmado por Lane. Significa também dizer que a Psicologia Social
precisa ser pesquisa não só intervenção, ou seja, através da pesquisa
conquistamos o conhecimento prático e teórico necessário para a
compreensão e intervenção em nossa realidade: emerge a Psicologia
voltada para a realidade brasileira (Bock, et al, 2007).
Faz emergir, portanto, a chamada Psicologia Social Crítica, inicialmente
muito mal vista porque se recusava a reproduzir o que vinha de fora, ou
seja, de outros países. Ela propunha a superação do método experimental,
faziam outro tipo de pesquisa, o que fez com que os modelos de pesquisa
em Psicologia hegemônicos (e importados, não canso de referir) não
concordaram e se sentiram desafiados e ameaçados.
1980 foi marcado pela fundação da ABRAPSO (Associação Brasileira
de Psicologia Social) por Lane. Em 1981 há o primeiro Encontro da
ABRAPSO, onde se discutiram questões que resultam do confronto entre
a psicologia existente e as novas necessidades. Além disso, foi em 1984
que é publicada a principal obra, o livro “Psicologia Social: O homem em
movimento” de Silvia Lane e Wanderley Codo. Nela estão publicados os
estudos dos alunos de pós-graduação acerca das principais categorias
teóricas da Psicologia Social Sócio-Histórica brasileira e suas inserções
em principais áreas. Em seguida, em 1988, há o segundo Encontro da
ABRAPSO em que são discutidos os avanços na compreensão do
psiquismo de maneira integrada, na compreensão da inserção social do
indivíduo e no reconhecimento do grupo como referência fundamental
para a compreensão dos indivíduos e para a intervenção do psicólogo.
Mediante a compreensão sócio-histórica do indivíduo, cresce a importância
da leitura sócio-histórica o que leva a elaboração de material de referencial
que advém marxismo e do materialismo histórico dialético (Bock, et al,
2007).

40
Essa Psicologia Sócio-Hitsórica apresenta seus fundamentos, portanto,
com base em proposições teóricas e prática, principalmente, pautadas na
compreensão da relação dialética subjetividade-objetividade. Faz emergir
a influência da Teoria das Representações Sociais postulada por Moscovici.
As categorias antes já enunciadas de atividade, linguagem e identidade
são retomadas e desenvolvidas de acordo com as características locais.
A compreensão da linguagem enquanto mediação no processo de
consciência, e assim, também a importância do lugar social ocupado
pelo indivíduo e suas relações com as determinações históricas a que
está sujeito. Passa-se a considerar o indivíduo também como produtor de
sentidos recoloca-o em posição ativa, mesmo que de maneira contraditória
(Lane & Codo, 1984).
A partir dessa nova Psicologia Social, emerge a discussão e afirmação
de que toda Psicologia é social. Importa dizer que não refere que toda
Psicologia é Psicologia Social, mas sim que o fenômeno psíquico é afetado
pelo social, algo unânime entre as abordagens e teóricos, o que muda é a
qualidade da afetação e o que se considera social (Bock et al, 2007)
Mas nesse contexto de nova Psicologia Social, quem seria o Psicólogo
(a) Social Sócio-Histórico? Aquele que lança um olhar o sujeito como
alguém inserido num contexto social composto por uma sociedade que lhe
convida a enfrentar desafios e produzir respostas às questões impostas
pela realidade. Sua atuação consta em exercitar a contextualização do
seu cliente no seu momento social e histórico, cujas fontes explicativas e
os resultados obtidos adquirem um caráter de habilitação de cada pessoa
para atuar e transformar sua realidade, o que refere a participação do
indivíduo ativamente, característica central do sujeito sócio-histórico
(Lane & Codo, 1984).
Por fim, vamos prestigiar o que foi chamado de Legado Lane que refere
um conhecimento capaz de falar da vida vivida. Capaz de apresentar
possibilidades de contribuição para a transformação das condições de
vida na busca da dignidade. Um conhecimento em que qualquer tema
poderia ser eixo das pesquisas que seus orientandos traziam. Significa
dizer que para a escolha dos temas ou frentes de trabalho todos deveriam
responder a si mesmos: qual a realidade que quero contribuir para mudar?
Esse movimento refere justamente aquilo que foi compreendido como o
compromisso social da Psicologia Social Sócio-Histórica brasileira.
Vejamos um exemplo de como o conteúdo sobre ética profissional foi
cobrado pela banca IF-TO no concurso para o cargo de Psicólogo (a):

41
QUESTÃO 02. (IF-TO / IF-TO / 2016)
Foi com a publicação de qual teoria que a psicologia alcançou o status
de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica?

A) Gestalt
B) Psicanálise
C) Psicologia Analítica
D) Behaviorismo
E) Psicologia Humanista

Vejamos um exemplo de como o conteúdo sobre ética profissional foi


cobrado pela banca UNIVASF no concurso para o cargo de Psicólogo (a):

QUESTÃO 03. (UNIVASF / 2009)


Quais dos teóricos abaixo é referência para a abordagem Sócio-Histórica
em Psicologia?

A) Vygotsky, Luria e Leontiev.


B) Skinner, Leontiev e Rogers.
C) Comte, Luria e Freud.
D) Wundt, Watson e Jung.
E) Piaget, Freud e Wallon.

42
5. O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA NO BRASIL: A
MODERNIDADE BRASILEIRA E O LUGAR DA PSICOLOGIA NA
SOCIEDADE

Como já vimos a Psicologia no Brasil se desenvolveu aos poucos e com


influencias significativas de algumas áreas, teorias e teóricos. Inicialmente
a área de trabalho que nos era reservada era a clínica, feita de maneira
individual e genuinamente elitista, deixando de lado as populações de
baixa renda, o que retira a Psicologia do rol de um serviço popular e
democrático.
No entanto, após o surgimento do movimento da Psicologia Social no
Brasil, no período da ditadura, começamos a demarcar nosso espaço junto
ao público e não somente junto à população abastada. A partir desse
movimento há a nossa entrada na saúde e nas comunidades.

5.1 - A entrada da Psicologia na Saúde

Para falarmos da nossa entrada na saúde vamos abordar os pressupostos


que marcaram essa época. Estamos falando do séc. XX quando houve
a inserção do Psicólogo (a) na educação médica, cujo objetivo era de
humanização nos atendimentos. No serviço público de saúde, a nossa
inserção foi em 1970 e o objetivo era construir modelos alternativos de
hospital psiquiátrico. Significa dizer que entramos por via da discussão
acerca da saúde mental (Spink, 2003).
Em 1980 há um grande desenvolvimento na área de psicologia da saúde
justamente por conta a efetivação de concursos públicos. A partir destes,
vários outros profissionais puderam ocupar os cargos disponíveis na área.
No entanto, a nossa preocupação na saúde era de Compreender a relação
entre comportamento e saúde, buscando compreender a melhor forma de
intervenção junto à equação de relação entre indivíduo, sistema de saúde
e sociedade (Spink, 2003).
Por conta da caracterização de seu surgimento, a Psicologia da
Saúde recebeu diversas nomenclaturas, que fizeram emergir algumas
abordagens para a atuação no contexto como: Medicina Psicossomática,
Psicologia Médica, Medicina Comportamental. Tornou-se, portanto, área
de conhecimento e de pesquisa em Psicologia (Spink, 2010).

43
Trata-se do campo da Psicologia que estuda as influências psicológicas
sobre como as pessoas permanecem saudáveis, por que ficam doentes
e como agem ao adoecerem. Traz em seu bojo a análise e tendência
do sistema de atenção à saúde, prevenção, recuperação, promoção,
elaboração de políticas de saúde. A Psicologia da Saúde nasce, portanto,
da demanda social de respostas sociossanitárias que solicitava soluções
de problemas de saúde. Diante disso, surgem novos modelos teóricos para
as novas práticas, atendendo e estimulando a modificação de crenças e
atitudes frente às doenças e a participação ativa individual e coletiva em
questões relativas à saúde (Spink, 2003).
Diante da grande demanda e das tantas propostas de modos de
trabalho, diante do crescimento da área, urge que se amplie espaços de
atuação. Conforme afirma Yamamoto (1998) o mais importante é que o
profissional de psicologia atuando na área de saúde esteja munido de
instrumentalização técnica e tenha em sua bagagem um conhecimento
que lhe sustente num respaldo teórico.
Em sendo assim, conforme vimos, o contexto histórico da entrada da
Psicologia na Saúde Pública é marcado pela medicina clínica realizada
nos hospitais, pela chamada medicina urbana que refere o sanitarismo,
pela medicina previdenciária que reporta a saúde do trabalhador, e pela
atenção materno-infantil – PAISM / PSF. Os grandes desafios para a nossa
prática junto ao SUS repousa em problemas como acesso, financiamento,
descentralização, participação popular, gestão e formação para o trabalho
em saúde (Spink, 2003).

5.2 - A entrada da Psicologia nas Comunidades

Para entendermos a nossa entrada nas comunidades vamos desenhar


uma linha do tempo. Em 1960, época do golpe militar, os (as) Psicólogos
(as) se questionavam acerca do papel do psicólogo (a) junto à população:
Qual o seu papel na conscientização e organização da população? Esses
questionamentos em meio a um cenário de Psicologia Clínica individual,
importada e elitista fez eclodir uma crise da psicologia enquanto ciência
(Freitas, 2014).
Sobre suas práticas questionavam, por exemplo acerca Antipsiquiatria e o
sobre o que vinha a ser doença mental. A ação proposta pelos psicólogos
(as) era preventiva junto à população pobre e oprimida, o que era algo
bem contra-hegemônico na época (Freitas, 2014).

44
A Psicologia Social Comunitária surge na América Latina e EUA e referia
profissionais junto à população, mas, inicialmente, com cunho assistencial
e manipulativo uma vez que não se tinha parâmetros teóricos e práticos
para essa atuação, por ser algo novo e em construção. Há um movimento
de deselitização da profissão em que as práticas ganham significação
política de mobilização e de transformações sociais. Em meados de 60,
surge o termo psicólogo (a) na comunidade que, posteriormente, foi
publicado em Revistas ligadas a um grupo de psicólogos (as) e estudantes
da PUC-SP. Neste momento, o (a) Psicólogo (a) trabalhava de maneira
voluntária, mas firme em seu papel político e social baseando-se em
referenciais teóricos e metodológicos da sociologia, antropologia, história
da educação popular e serviço social, cuja preocupação fundamental era
colocar a psicologia a serviço da comunidade (Freitas, 2014).
Em 1970 aparece o conceito de comunidade de maneira sistematizada
dando conta de servir de referência para as práticas. Na Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) surge a disciplina de Psicologia
Comunitária, a qual passa a fazer parte do currículo do curso. A partir daí
o termo comunidade foi propagado por órgãos internacionais como ONU,
principalmente na América Latina.
Surgem Centros Comunitários de Saúde Mental demonstrando a
superação dos hospitais psiquiátricos, cuja base era o desenvolvimento
de atividades de educação popular. Segue-se, portanto, com a realização
de muitos trabalhos junto à população, o que favoreceu a construção de
teoria e prática para servir de base para a área e teoria emergente. A
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) destaca-se com seus resultados
de pesquisa na área realizados junto com população rural (Freitas, 2014).
No final da década de 1970 revisão da intencionalidade da psicologia
comunitária e seu destinatário apresenta o predomínio da matriz marxista.
Apresenta-se como área do conhecimento não elitista a serviço do povo,
para superar a exploração e a dominação (Freitas, 2014).
Em 1980 com a criação da ABRAPSO emerge uma Psicologia Social
Crítica, histórica e comprometida com a realidade concreta da população,
com o modo de vida vivida da população. Em cada região do país tinha
um núcleo da ABRAPSO que discutia seus aspectos regionalmente e
oportunizava o intercâmbio dos profissionais para que se fizesse uma rede
de comunicação e divulgação do conhecimento para o desenvolvimento
da área.

45
Em 1981, incialmente, o Psicólogo (a) na comunidade se confundia com
o educador social, assistente social ou com o clínico fora do consultório,
mas só que agora desenvolve um papel de militante, que oportuniza
conscientização coletiva através dos grandes verbos da Psicologia
Social comunitária, educar e politizar. Foi neste mesmo ano que houve I
Encontro Regional de Psicologia na Comunidade da ABRAPSO (regional
SP). Encerra-se o questionamento do papel do Psicólogo (a) ligado à
prevenção e cura de doença mental ou tarefas conscientizadoras e
educativas. O Psicólogo (a) ainda definido pelas técnicas que utiliza e não
por seu conhecimento, algo que será desenvolvido mais adiante com a
consolidação da profissão e da área.
Em 1988 a partir do Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária em que
se deu ênfase à técnicas e dinâmica de grupo, os limites teóricos e práticos
da profissão foram discutidos e chegou-se a conclusão de que havia a
necessidade de resgatar a individualidade e subjetividade-competência
do Psicólogo (a), um dos meios poderia ser através da relação estreita
entre saúde e condição de vida;
Por fim, em 1990 já se escuta mais o termo Psicologia da Comunidade como
aquela voltada para o profissional que atua geralmente em instituições
públicas e por elas demandada como órgãos ligados à família, instituições
penais, posto de saúde etc. Destaca-se principalmente ligados à saúde
onde contribui para que se enxergue a Psicologia como uma profissão da
saúde, o que oportuniza a nossa entrada na saúde.

46
BIBLIOGRAFIA

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Introdução ao Estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
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71822007000500018&lng=en&nrm=iso>.
3. BUYS, Rogerio Christiano. A psicologia humanista. In A. M. JACÓ-
VILELA, A. A. L. FERREIRA, & F. T. PORTUGAL, (Eds.). História da
Psicologia: Rumos e Percursos. (p. 339-348). Rio de Janeiro, RJ: Nau,
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GABARITO

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02 D
03 A

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