Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 3
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................47
GABARITO..........................................................................................................................49
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
APRESENTAÇÃO
3
A Psicologia se desenvolveu junto com o momento histórico, o que significa
dizer que dados de base para compreensão da história da Psicologia
precisam, invariavelmente, serem situações no tempo e espaço. Ora, se o
grande ponto em comum em todas as psicologias é o estudo do indivíduo
e este está em relação contínua com o contexto em que vive, para se
compreender os modos de vida em sociedade e de sua individualidade
no contexto social torna-se imprescindível situá-lo sócio-historicamente.
Significa dizer que a concepção e distinção entre domínio público e privado
foi determinante
Ao mencionar o contexto histórico, nãos e pode esquivar da compreensão
de um fator contextual marcante, o Zeitgeist, enquanto espirito ou
clima intelectual de uma época. Mas há quem diga, que não há muitas
novidades numa determinada época. À estes precisamos fazer relembrar
o movimento de construção da ciência, que corresponde à dialética
heigeliana de tese, antítese e síntese, o que significa dizer que considera-se
a tese existente e, após analisá-la, testá-la etc, constitui-se uma antítese
que vai culminar numa síntese e, esta, por sua vez, se tornara a nova
tese que aguardará uma antítese e assim se faz o ciclo da construção do
conhecimento. Assim, afirmam Schultz e Schultz (2000, p. 27) “o Zeitgeist
no âmbito de uma ciência pode ter um efeito inibidor sobre métodos de
investigação, as formulações teóricas e a definição do objeto de estudo de
uma disciplina...”. Isso porque, em alguns momentos, teorias, abordagens
e estudos em geral não tiveram espaço para as suas manifestações
justamente por não condizerem com o clima intelectual da época.
Esse movimento de tese, antítese e síntese foi o que determinou a
emergência das diversas escolas da Psicologia, afinal de contas, esse
é o movimento da construção do conhecimento cientifico. Estas escolas
constituíam a sua identidade a partir de modos de pensamento teórico,
metodológico e técnico.
Para este material fiz um recorte que analisei funcionar como um esquema
que atende aquilo que vem aparecendo nos editais e provas de concursos
da área. Portanto, evidencio que existem outras organizações da história
da Psicologia, a depender da obra ou autor/a, mas este aqui, em especial,
caminha mais no recorte de Schultz e Schultz (2000), a obra organizada
por Jacó-Vilela, et al (2008) e Figueiredo (1992).
Sendo assim, vamos estudar essa história com a seguinte divisão de
conteúdo:
4
1. ORIGENS REMOTAS DA PSICOLOGIA
5
Então, o positivismo como método visava a cientificidade e objetividade
através da observação e experimentação como meios de compreender
o fenômeno. Pautava-se na associação da razão com a percepção, no
entanto, afirmava que o que se capta na apreensão do fenômeno é a sua
aparência e não essência. E se para a Psicologia ser considerada ciência
necessitava de um método, era atrás das regularidades que se estava
buscando, que significa servir-se das mesmas condições e replicar um
estudo, por exemplo. No entanto onde buscar essas regularidades? No
bom senso, pois a ciência é a sistematização do bom senso. O estudo
sistemático é que faz com que se chegue nos padrões de regularidades.
Para isso pode-se servir de estudos de indução e dedução. Na indução há
as leis da coexistência e da sucessão. Constitui-se regularidade de certos
fatos, a existência de outros fatos ligados aos primeiros. Parte-se de dados
particulares (fatos, experiências, enunciados empíricos) e, por meio de uma
seqüência de operações cognitivas, chega a leis ou conceitos mais gerais,
indo dos efeitos à causa, das conseqüências ao princípio, da experiência
à teoria. Na dedução, as leis são apreendidas por via da conseqüência e
correlação, o que leva a fatos novos que escaparam a observação direta
mas que a experiência verificou. Trata-se de um processo de raciocínio
através do qual é possível, partir-se de uma ou mais premissas aceitas
como verdadeiras
6
metodológicas. A externalista, por sua vez, tratava de condições da
psicologia a partir de uma série de transformações culturais, sociais,
econômicas e políticas. Ambas são importantes pois, enquanto a primeira
traz conceitos e práticas científicas e faz parte de uma rede de interesses
de pesquisadores etc, a outra aborda as práticas sociais.
Emerge a concepção de subjetividade enquanto constituição de um
domínio de interioridade reflexiva, diante do conceito de individualidade
que refere produção de um campo de singularização valorativa num espaço
coletivo. E a Psicologia como campo do saber consegue se inserir e, com
o tempo, se destacar em situações e discussões que envolvem a loucura,
que passa a ser vista como doença mental, assim como com o advento no
entendimento de infância enquanto estágio de desenvolvimento distinto
da fase adulta. Cada período agora tem suas condições respeitadas de
acordo como são constituídas. Na discussão sobre infância, especialmente,
a Psicologia entra com a análise do período de vida escolar e a escola.
Espaços propícios para o futuro da Psicologia como veremos mais adiante
(Ferreira, 2008).
7
• 2.1 - O projeto científico de Wundt
O autor faz uma distinção acerca do que vem a ser ciência natural (física,
química, fisiologia etc) e Psicologia, no que afirma serem complementares.
As ciências naturais estão afeitas à darem conta dos conteúdos da
experiência mediata, já a Psicologia cuida da experiência imediata.
A experiência interliga mundo interno e externo, não havendo diferença
entre ambos e a experiência, por sua vez, abrange os dois, deste modo,
a relação entre psicologia e ciências naturais é de complementariedade.
Aponta ainda dois métodos emprestados das ciências naturais dos quais
a psicologia vai se servir: observação (apreensão do fenômeno da forma
como ele se apresenta sem interferência) e experimentação (manipulação
através da interferência do pesquisador).
8
• 2.2 - Estruturalismo
• 2.3 - Funcionalismo
• 2.4 - Associacionismo
9
Para ele, a aprendizagem se dá através de um processo a partir de
associação de ideias. Para aprender uma coisa complexa, a pessoa
precisaria aprender primeiro as ideias mais simples, para assim fazer
suas associações subsequentes. Formulou a Lei do efeito que afirma que
todo comportamento tende a se repetir se for recompensado, por sua vez,
se for castigado, tenderá a não ocorrer mais (Bock, et al, 2008).
10
QUESTÃO 01. (UNIVASF 2009)
A Psicologia científica tem como marco histórico de sua fundação:
3.1 - O romantismo
11
pontuam todo o movimento. Na Alemanha, o Romantismo valoriza o
individualismo, a liberdade e os valores nacionais (Figueiredo, 1992).
O Romantismo representa os anseios da classe burguesa, na época em
ascensão. Abandona o classicismo e caminha ao lado do povo, da cultura
leiga. Ao Romantismo coube a tarefa de criar uma linguagem nova,
identificada com os padrões da classe média e da burguesia. Enquanto
o classicismo observa a realidade objetiva, exterior e a reproduzia do
mesmo modo, sem deformar a realidade, o Romantismo deforma a
realidade, exposta pelo crivo da emoção. A arte romântica inicia uma nova
e importante etapa na literatura, o que refere uma efervescência social e
política, esperança e paixão, luta e revolução. Retrata uma nova atitude
do homem perante si mesmo, está voltado para a espontaneidade, os
sentimentos e a simplicidade (Figueiredo, 1992).
Nenhum movimento artístico foi tão rebelde e revolucionário. Surge com o
liberalismo e ressalta o eu individual, divulgado pela Revolução Francesa.
Enquanto a Revolução Francesa chega ao poder, quebrando a hierarquia
social, o Romantismo destrói as regras e as formas preestabelecidas,
ressalta a realidade subjetiva (Figueiredo, 1991).
Ainda no Romantismo há uma vivência do individualismo o que refere a
liberdade positiva e a autonomia, auto – engendramento. Transformação
dos sujeitos naquilo que eles de fato são – constituição de uma personalidade
singularizada. Perda das identidades convencionais: tornar-se o que
verdadeiramente se é, contrapondo-se ao conservadorismo, aos papéis e
as máscaras socialmente convencionais (Figueiredo, 1992).
É a configuração do indivíduo no sentido de autônomo, de auto-afirmativo,
definido, personalizado, singularizado. Trata-se de desenvolver suas
potencialidades mesmo que a custa de crises, loucuras ou de agregações
(Figueiredo, 1991).
O movimento romântico fazia através da restauração de formas orgânicas da
vida social, de valores autênticos, de modos de relação entre os homens e o
mundo físico e histórico que trariam de volta a integridade, a espontaneidade
e a fecundidade da vida coletiva e individual (Figueiredo, 1991).
Os indivíduos eram constituídos sob os ideais românticos, e valorizavam
prioritariamente o auto-crescimento. Consideravam suas interioridades
e tentam permanentemente preservá-lo da vida competitividade e
turbulenta das grandes cidades, constituindo, no seu conjunto o que vem
a ser chamado de civilização intimista. Havia a defesa romântica das
paixões, dos impulsos, dos estados alterados da consciência, assim como
a defesa da absoluta liberdade da criação e transfiguração.
12
3.2 - O liberalismo e o individualismo.
13
• 3.3 - O regime disciplinar
14
e pela regulação das populações, de modo a maximizar a sua utilidade
social e reduzir o potencial político. Para ele, o indivíduo constitui-se num
produto manufaturado pelos poderes–saberes da disciplinarização.
Foucault (1987) se recusa a atribuir ao Estado um lugar central no
processo de dominação moderna. O poder jurídico-político sediado no
Estado e nas instituições não tem cessado de perder importância em
favor dos minúsculos, invisíveis, mas permanentes poderes disciplinares.
Nesse contexto, os modos de individualidades produzidos se dão a partir
de um controle continuo e permanente, o que resulta numa vigilância das
vidas e corpos, no que concretizou com a ideia do panóptico. O panóptico
é um modelo de prisão que trata da regulação das vidas e corpos dos
indivíduos em busca do controle Trata-se de um sistema de vigilância de
360 graus (imagem 1).
15
4. PRINCIPAIS ABORDAGENS E TEORIAS PSICOLÓGICAS: O
NATURAL E O HISTÓRICO
ACERTE O ALVO:
O Behaviorismo é considerada a primeira força, Psicanálise a segunda
força, Humanismo a terceira força e a Psicologia Transpessoal a quarta
força (Schultz & Schultz, 2000; Jacó-Vilela et al, 2008; entre outros).
16
• 4.1 - Behaviorismo
Final do séc XIX (EUA) época em que fortes correntes eram ministradas
em cursos de Psicologia, marcadas por identidades delimitadas como o
Funcionalismo de William James e o Estruturalismo de Edward Titchener.
Com base nisso, nesse período o objeto de estudo da Psicologia era a
consciência, o que fez batizar a Psicologia como a ciência da consciência
(Bock, et al, 2008).
Alguns marcos históricos foram muito importantes para a consolidação
da Psicologia enquanto ciência:
17
Importa dizer que o surgimento do Behaviorismo enquanto escola se
dá em 1913, com um manifesto criado por John Broadus Watson: “O
que precisamos fazer é começar a trabalhar na Psicologia fazendo do
comportamento, e não da consciência, o ponto objetivo de nosso ataque.”
No entanto, outros autores precisam ser mencionados por se fazerem
extremamente importantes para esta abordagem a partir de seus estudos
como Ivan Petrovich Pavlov que antecedeu Watson foi Buurhus Frederick
Skinner (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Um acontecimento importante na época do surgimento do behaviorismo
foi a chamada “crise da física clássica”, que, na verdade, era uma crise
no determinismo que alterou a maneira de pensar a ciência, derrubando
o sistema hegemônico determinista que atribuía relações estritas entre
causas e efeitos nos fenômenos naturais. A explicação para determinados
fenômenos deveria se basear nas relações entre os aspectos envolvidos,
um se altera em função de modificações no outro. Essa crise influenciou
especialmente Skinner, como veremos mais adiante (Jacó-Vilela, et al,
2008).
18
Um dos primeiros dispositivos utilizados Estrutura do condicionamento desenvolvida por
por Pavlov para registrar as reações outro Russo chamado Nicolai, mas atribuída à
salivares. Pavlov.
19
• 4.1.2 - John Broadus Watson (1878-1958)
Nascido em 187 na Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Sua história conta
com registro de um pai violento, mãe religiosa a qual lhe deu o nome de um
pregador fundamentalista batista e queria que ele fosse ministro. Entra
na Universidade de Psicologia aos 16 anos, e aos 22 torna-se mestre.
Desperta o interesse pelo comportamento animal, por influência de seu
pai. Torna-se Ph.D. na Universidade de Chicago, onde ensinou também no
período de 1903 a 1908. Falece aos 80 anos após ser homenageado pela
APA (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Em 1913, publica o artigo “A psicologia como o behaviorista a vê”, que
ficou conhecido como o “manifesto behaviorista” e no qual delimitava
o campo onde a psicologia deveria focar seus estudos. O seu objeto de
estudo é o comportamento no que sugere que a Psicologia seja uma
ciência puramente empírica e que leve generalizações amplas sobre o
comportamento humano. Para isso, sugere extremo controle experimental
para que os estudos psicológicos possam ser replicados em qualquer
laboratório (Jacó-Vilela, et al, 2008).
A primeira fase de seus estudos é marcada por estudos com animais.
Através destes estudos afirmava conseguir responder algumas hipóteses
que seriam generalizáveis para a compreensão do universo humano,
quando publica uma de suas mais importantes obras que aborda
o comportamento humano “A psicologia do ponto de vista de um
behaviorista”, nela trazia a sua proposta de psicologia como uma ciência
natural independente (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Em 1920 centraliza seus estudos em crianças, afirma que ao nascer, a
criança tem apenas três reações básicas amor, raiva e medo, as quais
são bases de formação e seus hábitos. O hábito está justamente no
aprendizado na exposição repetida às mesmas condições, fazendo com
que suas respostas sejam as mesmas tanto no que concerne a estímulos
particulares de um ambiente interno (músculos, glândulas etc.) assim
como do externo (os objetos do mundo exterior) (Jacó-Vilela, et al, 2008).
20
Quando sai da universidade onde lecionava, é atraído pela área
de publicidade e propaganda. Torna-se destaque na publicidade
(marketing) mais especificamente no que concerne a predição e controle
do comportamento. O destaque foi tamanho que mais tarde se tornou
presidente da empresa que o contratou permanecendo até a sua
aposentadoria (Jacó-Vilela, et al, 2008).
Apresenta os conceitos de Estímulo (S) e Resposta (R), mostrando como
uma resposta pode ser condicionada a um estímulo específico, que tipos de
resposta podemos apresentar. Além disso escreve também sobre reflexos
condicionados, estudados Pavlov, um dos maiores influenciadores de seu
trabalho a partir de 1916 (Schultz & Schultz, 2000).
21
recebe uma amplitude maior de estudo diferindo do que acontecia com o
comportamento reflexo (Jacó-Vilela, et al, 2008).
ACERTE O ALVO:
Nos casos de comportamento operante o que proporciona a aprendizagem
é a ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante desta ação.
ACERTE O ALVO:
O comportamento operante pode ser representado pela equação: R→S
22
No entanto, ao se tratar de sujeitos humanos, deve-se considerar o
comportamento verbal como uma forma de comportamento operante
distintiva, pois atua indiretamente sobre o meio, ou seja, que age inicialmente
sobre outros seres humanos. Esse estudo acerca do comportamento verbal
abre espaço para estudos diversos tomando-se como objeto a linguagem,
o pensamento, a moral, a alienação, os propósitos, dentre outros (Jacó-
Vilela, et al, 2008).
Skinner afirma que o comportamento humano é selecionado não apenas
para atender a necessidades de sobrevivência imediata, o que seria
apenas um tipo de conseqüência seletiva, mas também para se adaptar
a condições outras, futuras. Para o teórico, o fato de nos depararmos
sempre com uma diversidade de ambientes o nosso comportamento
acompanhando tantas mudanças também se modifica constantemente,
o que refere o contato da pessoa com as contingências específicas, o lhes
faz serem distintas das outras pessoas. Esse estudo das contingências
passa a ser definido em três níveis (Jacó-Vilela, et al, 2008).
• Filogenético: seleção de comportamentos característicos da
espécie (Humana);
• Ontogenético: comportamentos selecionados ao longo da
interação com o ambiente (história de reforçamento da pessoa);
• Cultural: comportamentos selecionados pela interação do
organismo com seu ambiente social (Eu).
23
• 4.1.4 - Behaviorismo no Brasil
ACERTE O ALVO:
Fique de olho em outros processos como extinção, punição, discriminação
e generalização.
• 4.2 - Humanismo
24
Algumas críticas foram feitas dirigidas aos sofistas como foi o caso de
Aristóteles, os sofistas não falavam da realidade, pois o que diziam
não poderia ser demonstrado, portanto estavam distantes de qualquer
conhecimento verdadeiro. Durante a Idade Média manifesta-se um
humanismo de natureza cristã, onde o valor do homem é dado na
semelhança com Deus (Schultz & Schultz, 2000).
Posteriormente, nos séculos XVII e XVIII, autores como Descartes,
Rousseau e Kant deram uma contribuição fundamental à compreensão
da especificidade do homem. Descartes, por exemplo, pensava o
conhecimento como ativo, ou seja, o conhecimento não era dado ao
homem por um universo finalista, mas o homem que submetia o universo
ao seu comportamento. Além disso, para ele o homem teria o poder de
conhecer tudo, inclusive sua própria consciência. Rousseau, por sua vez,
concebe o homem como ativo e autônomo, porém, dentro de um campo
ético. Já Kant concebe o homem como autônomo, apesar da limitação
do conhecimento. Segundo ele, não conhecemos a realidade em si, mas
apenas a representação que dela fazemos (fenômenos) (Sá, 2008).
Ferry e Renault (1992) definem o humanismo como a concepção e a
valorização da humanidade em sua capacidade de autonomia. O que
constitui a modernidade é a maneira como o homem vai se pensar como
fonte de suas representações e de seus atos, como fundamento ou como
autor.
Outro marco importante que caracteriza o context de surgimento da
Psicologia Humanista foi a promulgação da Declaração Universal dos
Direitos do Homem, regulada pela ONU em 10 de dezembro de 1948. Essa
Declaração apresenta princípios de Direitos como igualdade de direitos a
todos os homens. Isso contribui para o pensamento do não determinismo do
homem, pois o ser humano é capaz de ultrapassar qualquer determinação
de qualquer natureza e, também por isso, é totalmente responsável por
seus atos. Tal pensamento deve ser posto de forma positiva, afirmando a
autonomia do homem (Sá, 2008).
Assim, a Psicologia Humanista surgiu na década de 1930, nos EUA,
no meio de um movimento mundial mais amplo que se constituía na
valorização do ser humano. Teve seus primeiros trabalhos publicados a
partir dos anos 1940, entretanto, foi na década de 1950 que o movimento
foi reconhecido (Sá, 2008).
25
O humanismo é uma “linha” de pensamento no qual os interesses e valores
humanos são primordialmente importantes. Os psicólogos humanistas
faziam objeções à Psicanálise e ao Comportamentalismo que vigoravam
na época, argumentando que essas “escolas” ofereciam uma imagem da
natureza humana demasiadamente restrita (Sá, 2008). Os temas bases
desta abordagem teórica dão uma ênfase “...na experiência consciente,
numa crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano,
na concentração no livre-arbítrio, na espontaneidade e no poder de criação
do indivíduo, e no estudo de tudo o que tenha relevância para a condição
humana”. (Schultz & Schultz, 2000, p. 391).
A Psicologia Humanista traz em sua história de surgimento críticas ao
Behaviorismo, forma de entendimento hegemônico da época. Essa crítica
fundamentava-se no fato de o behaviorismo negar as forças inconscientes
e focalizar o comportamento observável, tinham pontos de vista limitados,
por ser baseado na relação S - R, retratavam o ser humano como robôs que
reagem a eventos predeterminados. Os humanistas se opunham a essa
visão argumentando que o comportamento humano é demasiadamente
complexo para ser explicado dessa forma. Critica também a Psicanálise
afirmando que ela estudava apenas o lado emocionalmente perturbado
da natureza humana, dando muita ênfase ao patológico. Contrariamente,
os humanistas pretendiam estudar nossas forças e virtudes e investigar
o comportamento humano no que ele tem de melhor. Essas críticas se
fundamentavam justamente porque a Psicologia Humanista afirmava
que a psicologia deveria abordar a consciência a partir da perspectiva da
totalidade (Schultz & Schultz, 2000; Sá, 2008).
Alguns autores podem ser apontados como iniciadores do movimento
humanista em psicologia Abraham Maslow, Gardner Murphy, Gordon
Allport, Carl Rogers.
26
Maslow é considerado o pai espiritual da psicologia humanista, critica
o determinismo em psicologia e afirma que a pessoa sadia é capaz de
transcender a cultura e as condições e renovar valores. Afirma que cada
pessoa nasce com as mesmas necessidades instintivas que nos capacitam
a crescer, nos desenvolver e realizar nossos potenciais no eu. Que cada
pessoa traz em si uma tendência inata para tornar-se auto-realizadora,
o que lhe levou a desenvolver a teoria da Auto-Realização a partir da
Hierarquia das Necessidades (figura abaixo) (Schultz & Schultz, 2000).
Sobre as necessidades afirma que são inatas, e cada uma delas tem de
ser satisfeita antes que a próxima necessidade da hierarquia surja para
nos motivar. Em sua teoria, as necessidades são atendidas da base para
o topo e aquelas pessoas que conseguem atender as necessidades de
auto-realização são consideradas psicologicamente saudáveis, mas que
não chegam a 1% da população. São consideradas saudáveis porque,
segundo ele, são livres de neuroses e psicoses (Schultz & Schultz, 2000).
27
alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos
indesejáveis, tornando-os desejáveis. Rogers acreditava, portanto, que
por sermos seres racionais governados por uma percepção consciente
de nós mesmos e de nosso mundo, cada pessoa possui uma tendência
inata para atualizar as capacidades e potenciais do eu (Schultz & Schultz,
2000).
Para ele “...as pessoas devem confiar em seu próprio exame e na
interpretação das suas próprias experiências. Ele também acreditava que
as pessoas podem melhorar conscientemente a si mesmas. Esses conceitos
se tornaram pilares de sua teoria da personalidade...” Significa dizer que
para ele a auto-atualização é o nível mais alto de saúde psicológica e
é alcançada por meio do que o autor denominou como funcionamento
pleno (Schultz & Schultz, 2000 p. 397).
28
aprendizado acerca do mundo. Um exemplo bastante utilizado é a analise
acerca da ilusão de ótica (ver imagem), a qual é compreendida como
resultado de uma percepção enganosa da realidade, mas entendida pela
consciência naquele momento como correta.
Fritz Perls, como era conhecido o criador da Gestalt Terapia (1951), foi um
médico alemão que atuou como psicanalista até 1941. Teve influências
também da Fenomenologia de forma tão forte que inspirou o nome de sua
corrente. Por conta da Segunda Guerra Mundial foi para a África do Sul e
fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise e em 1940 foi para os EUA
onde fez o primeiro lançamento de uma obra de Gestalt Terapia.
Embora sua relação estreita com a Psicanálise, a Gestalt Terapia está
mais próxima da Fenomenologia, uma vez que não trabalha com conceitos
de inconsciente, lhe importando a experiencia do aqui-agora. Dentre os
princípios da Gestalt Terapia estão a valorização do presente frente ao
passado ou futuro, a tomada de consciência diante de uma experiencia e
a importância do todo (Bock, et al, 2008).
29
4.2.4 - Psicologia Humanista no Brasil
• 4.3 - Psicanálise
30
Até a 1ª Guerra Mundial havia uma centralidade em torno da figura de Freud.
Budapest, Londres, Zurique, além de Viena e Berlim tornam-se referência
para analistas para o processo de formação de tradições psicanalíticas locais.
A Psicanálise passa a ter uma veiculação internacional com a publicação do
International Journal of Psychoanalysis (1920) (Loureiro, 2008).
O período pós-freudiano conhecido como Freudismo, é marcado
contextualmente por uma heterogeneidade e amplitude do movimento
cultural. Destaca-se Oskar Pfister, um pastor protestante, marxista
que questiona as condições psíquicas e a fé. Outro destaque é Wilhelm
Reich, que se tornará figura importante na quarta geração, ou quarta
força, a Psicologia Transpessoal, trazia uma teoria de uma “moral sexual
civilizada”, munido de terapias corporais, bioenergética associada a
psicanálise. Ernest Kris era outro nome importante, um crítico de arte, que
trabalhava com temas como caricatura associado à arte e a psicanálise
e à fantasia. Caracterizava um movimento relativamente marginal,
de contracultura e crítica aos costumes. Questionava a moral sexual,
autonomia da consciência e pureza naturalizada da mulher e da criança.
O seu maior interesse repousava em pesquisas acerca do inconsciente e
método clínico mais do que a consolidação de uma doutrina homogênea
com clareza a determinação de procedimentos para tratamentos e
formação dos analistas, o que gerou uma cisão (Dunker, 2008).
31
Uma de suas hipóteses era de que a ansiedade que se manifestava nos
sintomas era conseqüência da energia ligada à sexualidade. A energia
reprimida tinha expressão nos vários sintomas que serviam como um
mecanismo de defesa psicológica. Diante disso, desenvolve métodos para
acessar esse conteúdo reprimido, o que mais tarde será chamado de Livre
Associação ou Associação Livre e posteriormente apresentará o método
de Interpretação dos Sonhos.
Recebeu críticas em 1910 com o argumento de que ele tinha interesse
maior em pesquisas acerca do inconsciente e método clínico do que a
consolidação de uma doutrina homogênea com clareza a determinação
de procedimentos para tratamentos e formação dos analistas, o que gerou
uma cisão com seguidores, discípulos e simpatizantes da Psicanálise.
Dentre eles pode-se citar Carl Gustav Jung, considerado o Príncipe da
Psicanálise, que afirmava que havia um dualismo pulsional e extensa
teoria em torno da sexualidade, fazendo emergir a sua Psicologia Analítica.
Outro teórico com qual cindiu foi Alfred Adler, que argumentava que havia
pouca valorização do poder e da dimensão embrionária da personalidade
além de questões pessoais, o que afirmava a sua Psicologia do Indivíduo, e
outros teóricos que se afastaram por discrepância de ideias e metodologias
(Loureiro, 2008).
Sobre a teoria e método de Freud destaca-se o estudo sobre histeria (1895),
em co-autoria com Joseph Breuer, com quem estudou sobre a histeria.
Nesse método a histeria é causada por repressão de certas lembranças
que são expressas em sintomas corporais. O método desenvolvido para
trabalhar com essa demanda foi o Método Catártico, que consistia na
utilização do recurso da hipnose (que conheceu com Chrcot) em busca de
se acessar um evento traumático e o alivio desse sintoma aconteceria por
meio do que chamou de catarse ou ab-reação. No entanto, ele percebe
que a hipnose era bem sucedida em aliviar ou eliminar sintomas, ela não
parecia capaz de curar, por também ser parcial ou provisória a eliminação
do sintoma. Aliado à isso, Freud descobriu que alguns pacientes neuróticos
não eram fácil ou profundamente hipnotizáveis. Que era, portanto, um meio
artificial de neutralizar as resistências, o que fazia precisar de um meio
que a dissolvesse gradualmente. Por conta desses e de outros problemas,
Freud abandonou a técnica, mas ele manteve a catarse como método de
tratamento, tendo desenvolvido a partir dela o que tem sido considerado
a técnica mais significativa na evolução da psicanálise: a livre associação
(Schultz & Schultz, 2000; Loureiro, 2008).
32
Associação livre (1896) consiste em o paciente deitado no divã e de costas
para o psicanalista falar livremente tudo o que vem á mente (imagem);
P ac iente
P s icanalista
33
situadas no inconsciente, portanto não era algo sem sentido. Suas
anotações destes dois anos de auto-análise culminaram na publicação de
sua mais importante obra, “A interpretação dos Sonhos” (1900) (Schultz
& Schultz, 2000).
Nessa obra da Interpretação dos Sonhos ele apresenta a primeira
concepção (ou primeira tópica) sobre a estrutura e funcionamento psíquico.
Nessa primeira estrutura há três instancias ou sistemas psíquicos, que
chamou de inconsciente, pré-consciente e consciente (imagem abaixo)
(Bock et al, 2008):
34
ACERTE O ALVO:
• 1º Modelo do Aparelho Psíquico (1890)
• 2º Modelo do Aparelho Psíquico (1920)
• Ao final (1923):valor descritivo e sistemático
35
• 4.3.2 - O movimento psicanalítico no Brasil
36
4.4 - Sócio-Histórica
37
Portanto, os princípios da Psicologia Sócio-Histórica recebem destaque
a linguagem e o pensamento humano como tendo origem social. Isso
porque é na relação com o social que se produz sentidos e significados.
Sendo assim, a cultura passa a ser parte importante do desenvolvimento
humano e deve ser integrada ao estudo e à explicação das funções
psicológicas superiores. A consciência e o comportamento são aspectos
integrados de uma unidade, não podendo ser isolados pela Psicologia
(Bock, et al, 2008).
A subjetividade, por sua vez, pode ser analisada e concebida partir de
duas dimensões, individual e social. Quando individual tem a ver com a
constituição histórica dos laços sociais dentro de um sistema individual.
Significa dizer que o sujeito vai construindo seus valores próprios e
seus sentidos a partir das relações. Quando social analisa-se como a
participação ativa do sujeito em sua subjetividade na vida social enquanto
transformador e transformado dialeticamente. Para essa constituição
subjetiva, o uso de instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de
atividades em cujo interior as novas funções psicológicas podem operar,
ampliando assim seu repertorio de possibilidades. As operações com os
signos são as bases sobre as quais acontecem a reconstrução da atividade
psicológica na internalização de formas culturais de comportamento,
referindo-se a construção de sentidos e significados. Não existe nada
internamente que não tenha existido externamente, afinal a relação é
dialética (Bock et al, 2008).
Além da subjetividade e da linguagem outras categorias são consideradas
fundamentais na Psicologia Sócio-Histórica como atividade, consciência
e identidade a partir de estudos de Luria, Leontiev e Vigotsky. A atividade
é considerada o meio pelo qual o sujeito se coloca no mundo e estabelece
as suas relações determinantes para a sua constituição subjetiva de
transformador do mundo e de transformado por ele simultaneamente
respeitando a relação dialética. A consciência pode ser considerada um
reflexo ativamente modificado da realidade objetiva vivida pelos sujeitos.
Trata-se do mundo dos registros das vivências da vida vivida do sujeito,
não referindo, portanto, só dimensão cognitiva, mas também composto de
razão, afeto e emoção. A categoria identidade refere a organização que
o sujeito faz de si mesmo, uma forma de se reconhecer único identificado
com o si mesmo, com o que faz, com a forma que vive (Bock, et ao, 2008).
38
• 4.4.1 - Psicologia Sócio-Histórica no Brasil
39
correspondia com a realidade contextual brasileira. Lane retoma seus
estudos acerca do marxismo o que lhe rendeu perseguições políticas na
época. Retorna a Marx para buscar bases para construir a Psicologia
Social para o Brasil, no que concebe uma leitura crítica do cognitivismo,
aquele que influenciava a Psicologia Social da época, algo advindo dos
EUA, o que marca o início da construção do pensamento de Lane.
Em 1972, ainda na PUC-SP, há a inauguração da primeira pós-graduação
em Psicologia Social no Brasil, um marco importante justamente para a
construção do nosso próprio conhecimento a partir da nossa realidade,
fato confirmado por Lane. Significa também dizer que a Psicologia Social
precisa ser pesquisa não só intervenção, ou seja, através da pesquisa
conquistamos o conhecimento prático e teórico necessário para a
compreensão e intervenção em nossa realidade: emerge a Psicologia
voltada para a realidade brasileira (Bock, et al, 2007).
Faz emergir, portanto, a chamada Psicologia Social Crítica, inicialmente
muito mal vista porque se recusava a reproduzir o que vinha de fora, ou
seja, de outros países. Ela propunha a superação do método experimental,
faziam outro tipo de pesquisa, o que fez com que os modelos de pesquisa
em Psicologia hegemônicos (e importados, não canso de referir) não
concordaram e se sentiram desafiados e ameaçados.
1980 foi marcado pela fundação da ABRAPSO (Associação Brasileira
de Psicologia Social) por Lane. Em 1981 há o primeiro Encontro da
ABRAPSO, onde se discutiram questões que resultam do confronto entre
a psicologia existente e as novas necessidades. Além disso, foi em 1984
que é publicada a principal obra, o livro “Psicologia Social: O homem em
movimento” de Silvia Lane e Wanderley Codo. Nela estão publicados os
estudos dos alunos de pós-graduação acerca das principais categorias
teóricas da Psicologia Social Sócio-Histórica brasileira e suas inserções
em principais áreas. Em seguida, em 1988, há o segundo Encontro da
ABRAPSO em que são discutidos os avanços na compreensão do
psiquismo de maneira integrada, na compreensão da inserção social do
indivíduo e no reconhecimento do grupo como referência fundamental
para a compreensão dos indivíduos e para a intervenção do psicólogo.
Mediante a compreensão sócio-histórica do indivíduo, cresce a importância
da leitura sócio-histórica o que leva a elaboração de material de referencial
que advém marxismo e do materialismo histórico dialético (Bock, et al,
2007).
40
Essa Psicologia Sócio-Hitsórica apresenta seus fundamentos, portanto,
com base em proposições teóricas e prática, principalmente, pautadas na
compreensão da relação dialética subjetividade-objetividade. Faz emergir
a influência da Teoria das Representações Sociais postulada por Moscovici.
As categorias antes já enunciadas de atividade, linguagem e identidade
são retomadas e desenvolvidas de acordo com as características locais.
A compreensão da linguagem enquanto mediação no processo de
consciência, e assim, também a importância do lugar social ocupado
pelo indivíduo e suas relações com as determinações históricas a que
está sujeito. Passa-se a considerar o indivíduo também como produtor de
sentidos recoloca-o em posição ativa, mesmo que de maneira contraditória
(Lane & Codo, 1984).
A partir dessa nova Psicologia Social, emerge a discussão e afirmação
de que toda Psicologia é social. Importa dizer que não refere que toda
Psicologia é Psicologia Social, mas sim que o fenômeno psíquico é afetado
pelo social, algo unânime entre as abordagens e teóricos, o que muda é a
qualidade da afetação e o que se considera social (Bock et al, 2007)
Mas nesse contexto de nova Psicologia Social, quem seria o Psicólogo
(a) Social Sócio-Histórico? Aquele que lança um olhar o sujeito como
alguém inserido num contexto social composto por uma sociedade que lhe
convida a enfrentar desafios e produzir respostas às questões impostas
pela realidade. Sua atuação consta em exercitar a contextualização do
seu cliente no seu momento social e histórico, cujas fontes explicativas e
os resultados obtidos adquirem um caráter de habilitação de cada pessoa
para atuar e transformar sua realidade, o que refere a participação do
indivíduo ativamente, característica central do sujeito sócio-histórico
(Lane & Codo, 1984).
Por fim, vamos prestigiar o que foi chamado de Legado Lane que refere
um conhecimento capaz de falar da vida vivida. Capaz de apresentar
possibilidades de contribuição para a transformação das condições de
vida na busca da dignidade. Um conhecimento em que qualquer tema
poderia ser eixo das pesquisas que seus orientandos traziam. Significa
dizer que para a escolha dos temas ou frentes de trabalho todos deveriam
responder a si mesmos: qual a realidade que quero contribuir para mudar?
Esse movimento refere justamente aquilo que foi compreendido como o
compromisso social da Psicologia Social Sócio-Histórica brasileira.
Vejamos um exemplo de como o conteúdo sobre ética profissional foi
cobrado pela banca IF-TO no concurso para o cargo de Psicólogo (a):
41
QUESTÃO 02. (IF-TO / IF-TO / 2016)
Foi com a publicação de qual teoria que a psicologia alcançou o status
de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica?
A) Gestalt
B) Psicanálise
C) Psicologia Analítica
D) Behaviorismo
E) Psicologia Humanista
42
5. O DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA NO BRASIL: A
MODERNIDADE BRASILEIRA E O LUGAR DA PSICOLOGIA NA
SOCIEDADE
43
Trata-se do campo da Psicologia que estuda as influências psicológicas
sobre como as pessoas permanecem saudáveis, por que ficam doentes
e como agem ao adoecerem. Traz em seu bojo a análise e tendência
do sistema de atenção à saúde, prevenção, recuperação, promoção,
elaboração de políticas de saúde. A Psicologia da Saúde nasce, portanto,
da demanda social de respostas sociossanitárias que solicitava soluções
de problemas de saúde. Diante disso, surgem novos modelos teóricos para
as novas práticas, atendendo e estimulando a modificação de crenças e
atitudes frente às doenças e a participação ativa individual e coletiva em
questões relativas à saúde (Spink, 2003).
Diante da grande demanda e das tantas propostas de modos de
trabalho, diante do crescimento da área, urge que se amplie espaços de
atuação. Conforme afirma Yamamoto (1998) o mais importante é que o
profissional de psicologia atuando na área de saúde esteja munido de
instrumentalização técnica e tenha em sua bagagem um conhecimento
que lhe sustente num respaldo teórico.
Em sendo assim, conforme vimos, o contexto histórico da entrada da
Psicologia na Saúde Pública é marcado pela medicina clínica realizada
nos hospitais, pela chamada medicina urbana que refere o sanitarismo,
pela medicina previdenciária que reporta a saúde do trabalhador, e pela
atenção materno-infantil – PAISM / PSF. Os grandes desafios para a nossa
prática junto ao SUS repousa em problemas como acesso, financiamento,
descentralização, participação popular, gestão e formação para o trabalho
em saúde (Spink, 2003).
44
A Psicologia Social Comunitária surge na América Latina e EUA e referia
profissionais junto à população, mas, inicialmente, com cunho assistencial
e manipulativo uma vez que não se tinha parâmetros teóricos e práticos
para essa atuação, por ser algo novo e em construção. Há um movimento
de deselitização da profissão em que as práticas ganham significação
política de mobilização e de transformações sociais. Em meados de 60,
surge o termo psicólogo (a) na comunidade que, posteriormente, foi
publicado em Revistas ligadas a um grupo de psicólogos (as) e estudantes
da PUC-SP. Neste momento, o (a) Psicólogo (a) trabalhava de maneira
voluntária, mas firme em seu papel político e social baseando-se em
referenciais teóricos e metodológicos da sociologia, antropologia, história
da educação popular e serviço social, cuja preocupação fundamental era
colocar a psicologia a serviço da comunidade (Freitas, 2014).
Em 1970 aparece o conceito de comunidade de maneira sistematizada
dando conta de servir de referência para as práticas. Na Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) surge a disciplina de Psicologia
Comunitária, a qual passa a fazer parte do currículo do curso. A partir daí
o termo comunidade foi propagado por órgãos internacionais como ONU,
principalmente na América Latina.
Surgem Centros Comunitários de Saúde Mental demonstrando a
superação dos hospitais psiquiátricos, cuja base era o desenvolvimento
de atividades de educação popular. Segue-se, portanto, com a realização
de muitos trabalhos junto à população, o que favoreceu a construção de
teoria e prática para servir de base para a área e teoria emergente. A
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) destaca-se com seus resultados
de pesquisa na área realizados junto com população rural (Freitas, 2014).
No final da década de 1970 revisão da intencionalidade da psicologia
comunitária e seu destinatário apresenta o predomínio da matriz marxista.
Apresenta-se como área do conhecimento não elitista a serviço do povo,
para superar a exploração e a dominação (Freitas, 2014).
Em 1980 com a criação da ABRAPSO emerge uma Psicologia Social
Crítica, histórica e comprometida com a realidade concreta da população,
com o modo de vida vivida da população. Em cada região do país tinha
um núcleo da ABRAPSO que discutia seus aspectos regionalmente e
oportunizava o intercâmbio dos profissionais para que se fizesse uma rede
de comunicação e divulgação do conhecimento para o desenvolvimento
da área.
45
Em 1981, incialmente, o Psicólogo (a) na comunidade se confundia com
o educador social, assistente social ou com o clínico fora do consultório,
mas só que agora desenvolve um papel de militante, que oportuniza
conscientização coletiva através dos grandes verbos da Psicologia
Social comunitária, educar e politizar. Foi neste mesmo ano que houve I
Encontro Regional de Psicologia na Comunidade da ABRAPSO (regional
SP). Encerra-se o questionamento do papel do Psicólogo (a) ligado à
prevenção e cura de doença mental ou tarefas conscientizadoras e
educativas. O Psicólogo (a) ainda definido pelas técnicas que utiliza e não
por seu conhecimento, algo que será desenvolvido mais adiante com a
consolidação da profissão e da área.
Em 1988 a partir do Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária em que
se deu ênfase à técnicas e dinâmica de grupo, os limites teóricos e práticos
da profissão foram discutidos e chegou-se a conclusão de que havia a
necessidade de resgatar a individualidade e subjetividade-competência
do Psicólogo (a), um dos meios poderia ser através da relação estreita
entre saúde e condição de vida;
Por fim, em 1990 já se escuta mais o termo Psicologia da Comunidade como
aquela voltada para o profissional que atua geralmente em instituições
públicas e por elas demandada como órgãos ligados à família, instituições
penais, posto de saúde etc. Destaca-se principalmente ligados à saúde
onde contribui para que se enxergue a Psicologia como uma profissão da
saúde, o que oportuniza a nossa entrada na saúde.
46
BIBLIOGRAFIA
47
13. LOUREIRO, Inês. Luzes e sombras. Freud e o advento da psicanálise.
In A. M. JACÓ-VILELA, A. A. L. FERREIRA, & F. T. PORTUGAL, (Eds.).
História da Psicologia: Rumos e Percursos. (p. 371-386). Rio de
Janeiro, RJ: Nau, 2008.
14. PENNA, A. G. História das Ideias Psicológicas. Rio de Janeiro: Imago,
2000.
15. SCHULTZ, D. P., & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna.
São Paulo: Cultrix, 2000.
16. RUSSO, J. A. O movimento psicanalítico brasileiro. In A. M. JACÓ-
VILELA, A. A. L. FERREIRA, & F. T. PORTUGAL, (Eds.). História da
Psicologia: Rumos e Percursos. (p. 413-424). Rio de Janeiro, RJ: Nau,
2008.
17. SÁ, Roberto Novaes de. As influências da fenomenologia e do
existencialismo na Psicologia. In A. M. JACÓ-VILELA, A. A. L. FERREIRA,
& F. T. PORTUGAL, (Eds.). História da Psicologia: Rumos e Percursos.
(p. 319-338). Rio de Janeiro, RJ: Nau, 2008.
18. SPINK, Mary Jane. Psicologia Social e saúde: Prática, saberes e
sentidos. Petrópoliz: Vozes, 2003.
19. SPINK, M. J. Psicologia Social e Saúde: trabalhando com a
complexidade. Quaderns de Psicología, Vol. 12, No 1, 41-56, 2010.
20. SPINK, Mary Jane Paris & SPINK, Peter Kevin. A psicologia social
na atualidade. In A. M. JACÓ-VILELA, A. A. L. FERREIRA, & F. T.
PORTUGAL, (Eds.). História da Psicologia: Rumos e Percursos. (p.
565-586). Rio de Janeiro, RJ: Nau, 2008.
21. VIDAL, F. A mais útil de todas as ciências”. Configurações da psicologia
desde o Renascimento tardio até o fim do Iluminismo. In A. M. JACÓ-
VILELA, A. A. L. FERREIRA, & F. T. PORTUGAL, (Eds.). História da
Psicologia: Rumos e Percursos. (p. 47-71). Rio de Janeiro, RJ: Nau,
2008.
22. YAMAMOTO, O. H. O psicólogo em hospitais de Natal: uma
caracterização preliminar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11, p.345-
362, 1998.
48
GABARITO
01 A
02 D
03 A
49