da consolidação da psicologia como profissão. O ingresso da psicologia na Universidade como disciplina, cursos de especialização e, posteriormente, graduação em psicologia: ampliou o número de pessoas que passaram a praticar a psicologia e despertou o interesse na profissionalização desta área. Assim, foram anos para que a regulamentação acontecesse em 1962, mas o processo só teve fim em 1975, com a aprovação do Código de Ética e a instalação dos Conselhos de Psicologia. (BAPTISTA, 2010). Em São Paulo os “profissionais” já pensavam desde o final da década de 1940 na regulamentação da profissão. A Sociedade de Psicologia de São Paulo fundada em 1945 - entidade importante neste processo - muitas as discussões em eventos e publicações que fomentaram o processo de profissionalização. Baptista (2010), afirma que “primeiro anteprojeto de lei sobre a formação e a regulamentação da profissão de psicologista, apresentado em novembro de 1953 ao Ministério de Educação e Cultura, foi organizado por alguns profissionais do Rio de Janeiro filiados à Associação Brasileira de Psicotécnica. O documento foi assinado por quatro profissionais, membros da diretoria dessa associação: Manuel B. Lourenço Filho, José da Silva Pontual, Emilio Mira y Lopes e José Moacir de Andrade Sobrinho. Esses profissionais também eram ligados ao ISOP, órgão da FGV (Fundação Getulio Vargas)” (p.175). Apesar de Madre Cristina e Annita Cabral terem organizado um material no I Simpósio das Faculdades de Filosofia do Brasil, que não foi encontrado, ele é citado no Parecer nº 412 da Comissão de Superior do Ministério de Educação e Cultura. A segunda proposta de regulamentação foi organizada no I Congresso Brasileiro de Psicologia realizado em Curitiba, em dezembro de 1953. Havia um certo consenso que a formação do psicólogo deveria acontecer no âmbito das Faculdades de Filosofia. O grupo que participou da discussão do primeiro anteprojeto, não esteve envolvido neste segundo momento. Em 1958, foi elaborado o projeto de lei 3825-A pela Comissão de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura, que se referia “à formação de psicologistas no Brasil” que foi complementado com o parecer 412. (BAPTISTA, 2010, p. 179). Assim, se estabelecia profissão de psicologista, mas se fazia a ressalva que a psicologia clínica deveria pertencer à especialidade médica. Reformulado o projeto subtraindo do texto as palavras psicoterapia e psicologia clínica, enfatizando a psicometria como única prática exclusiva com o profissional. Projeto foi aprovado e a profissão foi regulamentada pela Lei 4119 em 27 de agosto de 1962. Após a aprovação da lei, e o reconhecimento da psicologia como profissão, são criados os primeiros cursos regulares. (ANTUNES, 2004). Neste momento, é elaborado um parecer sobre a formação do psicólogo, um currículo mínimo e a duração do curso. Como o projeto lei não previu um seu texto a constituição de um órgão que cuidasse da profissão que nascia, uma comissão foi constituída para avaliar os primeiros pedidos de profissionalização. Esta comissão era composta por Lourenço Filho, Pe. Antonio Benko, Carolina Bori, Enzo Azzi e Pe. Pedro Parafita Bessa. Somente em meio a ditadura, que o Conselho Federal de Psicologia foi criado. (BAPTISTA, 2010). O Conselho Federal de Psicologia é o órgão supremo dos Conselhos Regionais, com jurisdição em todo o território nacional e sede no Distrito Federal. Criados em 1971, o Conselho Federal de Psicologia e os conselhos regionais de Psicologia (CRPs)passaram a funcionar efetivamente em 1973 e 1974, respectivamente, com a incumbência de: orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo. Em 1968, o governo militar promove a Reforma do Ensino -MEC-Usaid, em que o ensino brasileiro foi aberto para a iniciativa privada. Cursos de graduação em psicologia e em outras áreas foram abertos por faculdades particulares para atender a um público que iria custear seus estudos com o próprio trabalho. Outra classe social teve acesso ao ensino superior. Para a psicologia isto significou por uma lado questionamentos dessa nova classe que ascendeu à universidade e, por outro lado, uma redução do currículo, já que esta nova configuração permitia cursos matutinos ou noturnos e, não mais em período integral. Então, na década de 70 as discussões entre os psicólogos eram feitas moderadamente, pois estávamos em meio a ditadura. Na década de 1980, houve o processo de redemocratização do Brasil e o movimento “Diretas Já!” em 1984. O Brasil se abre novamente e as ciências acompanham o mesmo movimento. Foi a partir de 1980, que os psicólogos que se opunham à alienação da psicologia ao social passam a ocupar as entidades que representavam a categoria com a intenção de avançarem na direção do compromisso com a população brasileira. (BOCK, 1999). Em 1988, se organiza o I Congresso de Psicologia – CONPSI, neste evento a psicologia busca definir a finalidade do trabalho da psicologia, o fenômeno psicológico e a construção social desta ciência. O resultado é que os psicólogos entram em crise e buscam uma nova identidade e reflexão sobre sua imagem social. No ano seguinte, o Congresso Unificado dos Psicólogos acontece com o intuito de integrar as heterogeneidades e a diversidade de posições dentro da psicologia. De um lado, os progressistas tinham um visão da ligação entre a psicologia e o social e de outro, os retrógrados, que pretendiam o retorno da psicologia como reserva de mercado para algumas áreas e atividades. O grupo progressista vence e adota uma proposta de articulação da psicologia com o compromisso social atendendo os interesses da maioria da população, uma formação generalista e interdisciplinar. Neste sentido, o modelo médico que regia a prática profissional com o binômio saúde-doença é abandonado e a proposta que surge é o modelo de saúde. (BOCK, 1999). Hoje, trabalhamos com o modelo de prevenção e promoção de saúde, deixando de lado o modelo pautado na patologia e seguindo a bandeira: Psicologia e Compromisso Social. É preciso ressaltar o papel de Madre Cristina no processo de regulamentação e na inserção da psicologia no social. Referências Bibliográficas ANTUNES, M.A.M. A psicologia no Brasil no século XX: desenvolvimento científico e profissional. In: MASSIMI, M., GUEDES, M.C. (orgs.). História da Psicologia no Brasil: novos estudos. São Paulo: Educ/Cortez, 2004. BAPTISTA, Marisa Todescan Dias da Silva. A regulamentação da profissão psicologia: documentos que explicitam o processo histórico. Psicologia Ciência Profissão. 10 (1), 2010. p. 170-91. BOCK, A M. B. Aventuras do barão de Munchhausen na psicologia. São Paulo: Cortez Editora, 1999. p. 156- 167.