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TESTES PSICOLOGICOS: CONCEITOS, HISTORIA, TIPOS E USO.

AVALIAÇÃO PSICOLOGICA

 Uma das manifestações técnicas da avaliação psicológica. Visa, através dos mais variados métodos e
técnicas, descrever e classificar o comportamento dos outros com o objetivo de enquadra-lo dentro
de alguma tipologia. Acrescenta algo de cunho cientifico por esta baseado no método científico da
observação e inferências feitas a partir dela.

AVALIAÇÃO NÃO-PROFISSIONAL

 Todos nós fazemos, constitui uma habilidade necessária para própria sobrevivência. Trata-se da
habilidade do ser humano de poder interpretar o comportamento dos outros e, assim, realizar as
adaptações necessárias em seu próprio comportamento para se inserir na comunidade e poder nela
sobreviver. Deriva da capacidade de decodificar e interpretar o comportamento verbal e não-verbal,
essas interpretações tendem a criar no outro, respostas de caráter afetivo a favor ou contra o sujeito
que se comporta.

AVALIAÇÃO PROFISSIONAL

 A necessidade de avaliar as condições e aptidões psicológicas de uma pessoa veem desde muito
antigamente. A exigência da avaliação está fundamentada no fato de que todo o ser humano deve
ser responsável, ou seja, dar conta do que faz.
 A avaliação psicológica deve ser constituir como um processo integrado, não se limitando somente a
um certo tipo de técnica (testes psicológicos por exemplo, que predominam no campo), mas sim
fazendo uso da técnica mais adequada a depender do caso, visando alguma intervenção.
 Assim ele comporta quatro etapas: identificar, integrar, inferir e intervir.

CONCEITUAÇÃO DE TESTES PSICOLOGICOS

 Um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descreve-lo com a


ajuda de escalas numéricas e categorias fixas. Consiste em inserir o sujeito numa situação em que
ele deve executar algumas tarefas, também previamente definidas e estabelecidas, sendo suas
respostas descritas geralmente por meio de números.
 Um conjunto de tarefas pré-definidas que o sujeito precisa executar numa situação geralmente
artificializada ou sistematizada, em que o seu comportamento na situação vai ser observado,
descrito e julgado, e essa descrição é feita geralmente usando numeros.
 Definir Testes Psicologicos no sentido episdemologico depende de duas visões opostas:
Monista: entende no fundo o homem como um puro animal, um tanto sofisticado, e expressa essa
sofisticação no adjetivo “racional”. Logo vai definir testes psicologicos como um conjunto de tarefas
ou comportamentos para prever ou representar outro conjunto de comportamentos ou
comportamentos futuros do sujeito.
Dualista: entende o ser humano como um animal mais uma mente, esta ultima tendo o adjetivo
“racional” a definindo. Logo também vai definir os testes como um conjunto de tarefas ou
comportamentos sim, mas esses como representações físicas do objeto de interesse do psicologo,
sendo esse objeto a mente.

HISTORIA DOS TESTES PSICOLOGICOS

 Década de Galton (1880): seus trabalhos visavam avaliar as aptidões humanas através da medida
sensorial, ele acreditava que as operações intelectuais poderiam ser avaliadas através de medidas
sensoriais, uma vez que todas as informações chegariam pelos sentidos. Preocupou-se em
estabelecer os parâmetros das dimensões ideias dos sentidos. Seu trabalho terá um enorme impacto
na orientação prática e teórica da psicometria, essa contribuição ocorreu em três etapas:
1. Criação de testes antropométricos: medida da discriminação sensorial onde desenvolveu testes
cujo os conceitos ainda são utilizados.
2. Criação de escalas de atitudes: escalas de pontos, questionários e associação livre, que ele
utilizava após as medidas sensoriais para investigar as reações mais afetivas e emocionais do
sujeito durantes os testes que fazia.
3. Desenvolvimento e simplificação de métodos estatísticos: método de análise quantitativa dos
dados que coletava com seus testes, tarefa está levada adiante pelo seu famoso discípulo Karl
Pearson.
 Década de Cattel (1890): desenvolveu suas medidas das diferenças individuais e inaugurou a
terminologia “teste mental”. Elaborou sua tese sobre diferenças individuais no tempo de reação,
estava em busca das diferenças individuais. Cattel seguiu as ideias de Galton, dando ênfase as
medidas sensoriais, porque elas permitiam maior precisão. Percebeu que medidas objetivas para
funções mais complexas não produziam efeitos condizentes com o desempenho acadêmico, com
tudo seus próprios testes não apresentavam resultados congruentes entre sí e nem correspondiam
ao desempenho dos alunos.
 Década de Binet (1900): predominava o interesse nas aptidões humanas visando a predição na área
acadêmica e na área de saúde. Binet e Henri começaram com uma crítica aos testes até então
utilizados alegando:
1. Ou eram puramente medidas de cunho sensorial que, embora permitindo maior
precisão, não tinham relação importante com as funções intelectuais.
2. Ou eram testes de conteúdo intelectual que se dirigiam a atividades demasiadamente
específicas (memorizar, calcular etc...) quando deviam se orientar para medir funções
mais amplas como memória, imaginação, atenção, compreensão etc..
Desenvolveram o famoso teste dos 30 itens para cobrir uma gama variada de funções com o
objetivo de avaliar o nível de inteligência de crianças e adultos, no qual estavam especialmente
focados em detectar o retardo mental. Este foco em testes com conteúdo cognitivo (e não sensorial)
e cobrindo funções mais amplas fez grande sucesso nos anos subsequentes, especialmente nos EUA,
inaugurando de vez a era dos testes, inclusive com a introdução do Q.I., este coeficiente substituiu a
forma de expressar o nível intelectual do sujeito em termos de idade mental.
No que se refere especialmente a psicometria ou dos testes, essa década também teve
Spearman como figura significante, que foi quem deu os fundamentos da teoria psicométrica básica.
 Era dos testes de inteligência (1910 – 1930): essa era se desenvolveu sob a influência de:
1. Testes de Inteligência de Binet e Simon.
2. Artigo de Spearman sobre o fator G.
3. A revisão do teste de Binet.
4. Impacto da primeira guerra mundial. A imposição de seleção rápida, eficiente e universal
de recrutas para o exército.
Temos uma quantidade grande de psicólogos trabalhando nessa área, Goddard avaliava os
imigrantes que entravam no país, Cattel fundou o laboratório de psicologia, Joseph Jastrow
desenvolveu 15 testes, Hugo Musterberg elaborou testes para crianças em seu laboratório, Edward
L. Thorndike lançou um livro tratando de medidas mentais e educacionais, Cliff W. Stone publicou o
primeiro teste padronizado em aritmética.
 Década da Análise Fatorial (1930): o entusiasmo com os testes de inteligência decaiu sobretudo
porque se mostrou que dependiam muito da cultura normativa. Tais eventos determinou que
psicólogos e estatísticos começassem a rever as ideias de Spearman (fator geral universal). Kelley,
Thomson, Burt e Thurstone rompem com Spearman. Thurstone é especialmente relevante pois além
de desenvolver a análise fatorial múltipla atuou no desenvolvimento da escalagem psicológica,
fundando a Sociedade Psicométrica Americana.
 Era da Sintetização (1940-1980): Esta era é marcada por duas tendências opostas: trabalhos de
síntese e os de crítica.
Dos trabalhos de síntese: Guilford tentando sistematizar os avanços de psicometria até então
conseguidos e buscou sintetizar uma teoria da inteligência, Gulliksen sistematizando a teoria clássica
dos testes psicológicos, Thorgerson sistematizando a teoria sobre a medida escalar, Thurstone e
Harman recolhem os avanços na área da análise fatorial, Cattel procurou sintetizar os dados das
medidas em personalidade, Buros iniciou uma coletânea de todos os testes disponíveis no mercado
e a Sociedade Psicométrica Americana estipulou normas na criação de testes psicométricos.
Dos trabalhos de críticas: Stevens levantou o problema das escalas de medidas, Lord e Novick
divulgaram a primeira grande crítica a teoria psicométrica clássica que iniciou o desenvolvimento de
uma teoria alternativa, a teoria do traço latente, que vai desembocar na teoria moderna da
Psicometria: a Teoria de resposta ao item. Outra crítica a psicometria clássica foi iniciada pela
Psicologia Cognitiva com os trabalhos de Sternberg com seu modelo e pesquisas sobre os
componentes cognitivos.
 Era da Psicometria Moderna, Teoria de Resposta ao item (1980): esta teoria embora seja o modelo
no primeiro mundo ainda não resolveu todos os problemas fundamentais para se tornar o modelo
definitivos de psicometria e também não veio para substituir a psicometria clássica, apenas parte
dela. É o que há de mais novo no campo.

TIPOS DE TESTES PSICOLÓGICOS

 Os testes podem ser divididos e subdivididos nas seguintes categorias:

Objetividade e Padronização

1. Testes Psicométricos (descrição numérica)


2. Testes Impressionistas (descrição linguísticas)

Constructo (Processo Psicológico) que medem:

1. Capacidade de Aptidão
a. Aptidão Geral
b. Aptidão Específica
c. Psicomotricidade
2. Preferência
a. Personalidade
b. Atitudes e Valores
c. Interesses

Formas de Resposta:

1. Verbal
2. Escrito: papel-e-lápis
3. Motor
4. Via computador

TESTES PSICOMÉTRICOS E TESTES IMPRESSIONISTAS


 O aspecto fundamental de diferença entre os dois é que os testes psicométricos se baseiam na
teoria da medida, mais especificamente na Psicometria, e os teste os testes impressionistas, ainda
que possam utilizar números não se baseiam na teoria da medida, mas na descrição linguística.
 Testes Psicométricos: fazem uso obrigatório da estatística e prima pela objetividade, portanto
“medem” o indivíduo. Esses testes fazem suposições que os traços que eles medem são dimensões,
isto é, atributos que possuem diferentes magnitudes, grandezas estas que são expostas através de
números. Os testes psicométricos são maximamente padronizados em suas tarefas e em suas
interpretações, tal que qualquer aplicador pode chegar aos mesmos resultados. A interpretação é
baseada em perfis estipulados por meio de pesquisas anteriores. Por isso testes psicométricos usam
respostas do tipo escolha forçada, escalas de respostas enunciadas com números na qual o indivíduo
simplesmente marca eliminando a ambiguidade oferecendo menos riscos. Porem por restringir a
abrangência de escolhas ele acaba empobrecendo a resposta do sujeito que fica limitado a um
número de respostas.
 Testes Impressionistas: não necessitam da estatística, focam na subjetividade e “caracterizam” o
indivíduo. Testes impressionistas normalmente apresentam tarefas não-estruturadas, sendo a
decodificação e interpretação dependentes em grande parte do aplicador, de tal sorte que
diferentes aplicadores podem chegar a resultados até mesmo contratantes. Requerem respostas
livres dos sujeitos, tornando a sua apuração mais ambígua e sujeita aos vieses de interpretação do
aplicador, se interessam mais pelo processo de testagem em sí. O psicólogo impressionista trabalha
muito com a subjetividade: suas tarefas são pouco ou nada estruturadas e a apuração de resposta
deixam margem para interpretações subjetivas.
 Psicometristas prezam o rigor e consideram os procedimentos dos impressionistas uma farsa, pura
especulação. Já os impressionistas acreditam que os psicometristas não estão medindo nada
utilizando artefatos estatísticos que aniquilam o psicológico com seus procedimentos reduzindo a
riqueza da personalidade humana a secura árida e fria de números.

TESTES SEGUNDO A FORMA DE RESPOSTA


 A resposta do sujeito pode ser dada verbalmente, ou um tipo de resposta motora, porem a mais
utilizada e a resposta escrita. A grande vantagem da escrita é que um teste com ela pode ser
aplicado a uma grande gama de sujeitos de uma vez, criando uma grande amostra em um curto
espaço de tempo.
 Com a modernização e a utilização do computador, este vem se tornando a maneira mais pratica de
aplicação de um teste. No caso do computador, é preciso distinguir dois usos muito distintos deste:
ele pode ser usado como aplicador ou executor de testes.
 O computador como aplicador de testes (aplicação automatizada): Neste caso o computador
substitui tanto o material utilizado como o próprio psicólogo aplicador. O computador pode:
1. Apresentar muito melhor as questões do teste: melhor qualidade no material, repetir
quantas vezes forem necessárias sem se cansar, estipular tempo, intervalos e estímulos.
2. Corrigir respostas com muito mais rapidez.
3. Produzir um perfil de respostas do sujeito e imediatamente enquadra-lo nas tabelas de
interpretação.
4. Motivar os testando já que o computador não julga, tem total paciência, segue o ritmo da
pessoa e etc..

Obviamente o computador não substitui o psicólogo na observação do comportamento do sujeito, a


interpretação deste é muito mais abrangente que a do computador que é limitada. O computador é superior
ao psicólogo naquilo que diz respeito a aspectos mecânicos da testagem.

 O computador como executor de testes (testagem adaptativa): O computador cria um teste na


hora para cada testando, ele adapta a testagem ao testando. Para o computador se apresentar
como executor de testes são necessárias duas condições a serem satisfeitas: o banco de itens e o
algoritmo de sorteio.
O banco de itens é um tipo de banco de dados que o computador tem a disposição e analisa a
qualidade psicométrica e categoriza de acordo com sua carteira individual de identidade. Com esse
arsenal de itens o computador pode criar testes sem fim, porem quem cria esses itens é o psicólogo
e está sempre os atualizando pelo critério da Teoria de Resposta ao item.
O algoritmo de sorteio diz para o computador que itens do banco de itens extrair para a construção
do teste.

OS TESTES SEGUNDO OS CONSTRUCTOS QUE MEDEM

 Classificar testes de acordo com os processos que medem é arriscado pois existe um número sem
fim de processos. Entretanto os manuais apresentam uma tentativa de classificação que é:

Teste de capacidade intelectual

1. Aptidão Geral
a. Testes de inteligência Geral (Q.I.)
b. Testes de Inteligência Diferencial (aptidões diferenciais, numérica, abstrata, verbal, espacial,
mecânica, inteligência social etc..)
2. Testes de aptidões específicas: mecânico, música, psicomotricidade
3. Teste de desempenho acadêmico (provas educacionais)
4. Testes neuropsicológicos: testes de disfunções cerebrais e neurológicas.

Teste de Preferência Individual

1. Testes de Personalidade
2. Testes de atitude, valores
3. Testes de interesses
4. Testes Projetivos
5. Testes situacionais, de observação de comportamentos, biografias.

USO DOS TESTES PSICOLÓGICOS

 Testes servem para fornecer informações sobre o indivíduo, a partir das quais alguém deve tomar
alguma decisão, visando fornecer dados confiáveis para alguma intervenção.
 Testes devem ter objetivos diferenciados, tanto que um mesmo teste pode ser útil e adequado em
uma situação e em outra não. Portanto eles servem para qualquer proposito, mas para melhor
especificação pode-se dizer que eles são utilizados para cinco finalidades:
 Classificação (Psicotécnico): Colocar dentro de uma categoria. Existe uma terminologia variada de
classificação, depende apenas do contexto em que os testes são aplicados.
1. Triagem: quando se quer fazer uma investigação mais rápida e colocar o sujeito numa
determinada categoria.
2. Certificação: requerida constantemente em certas profissões para a apuração de requisitos.
3. Seleção: situação na qual os sujeitos são submetidos a uma bateria de testes específicos
para averiguar se satisfazem os requisitos do cargo que pretendem ocupar.
 Intervenção Psicoterápica (psicodiagnóstico) e Psicopedagogia: os testes psicológicos também são
usados para definir um problema mental objetivando orientar o planejamento de um tratamento
para o problema. Visa caracterizar em detalhes o problema para efetuar uma intervenção.
 Promoção do autodesenvolvimento: Uma pessoa pode requerer os testes simplesmente para se
conhecer melhor, e reconhecer sua personalidade e habilidades. Algo mais técnico do que isso
ocorre no teste de vocação profissional.
 Avaliação de Programas: os testes também podem ser usados para avaliar programas e instituições.
 Pesquisa Científica: os testes psicológicos além de serem aplicados em áreas práticas também são
aplicados na própria investigação em psicologia. Para se decidir sobre verificações e hipóteses é
muito útil se dispor de dados válidos e específicos e os testes permitem coletar esses dados.

A APLICAÇÃO DE TESTES PSICOLOGICOS

 Testes são instrumentos técnicos de manejo do psicólogo preparado com o conhecimento


necessário. Requerem uma série de regras para sua aplicação, as quais são expressas por meio da
padronização da aplicação dos testes, ela implica:
1. Procedimentos de aplicação.
2. Direito dos testandos.
3. Controle dos vieses do aplicador.
4. Normas na divulgação do resultado.
 Administração dos testes: o procedimento de aplicação tem como objetivo garantir a validade da
testagem, pois um teste nunca deixa de ser pertinente a um caso e podem produzir um resultado
inválido se for mal aplicado. Um teste será válido se sua aplicação seguiu corretamente as
recomendações do autor, que irão exigir ao menos duas condições de aplicação:
 Qualidade do ambiente físico da aplicação, eliminando assim fatores oriundos do ambiente.
 Qualidade do ambiente psicológico, que tipicamente significa uma atmosfera em que a
ansiedade do testando seja reduzida ao mínimo.
O princípio da isonomia prevê que todos os testandos tenham as mesmas condições ambientais
físicas e psicológicas na hora de fazer um teste.
 Vieses do examinador: na aplicação do teste o aplicador é um elemento importante da situação. O
modo de ser e de atuar do aplicador pode influenciar bastante os resultados do teste. Algumas
questões sobre o aplicador: O examinador deve ser familiar ao testando? Encoraja, ajuda ou
atrapalha o testando? O sexo do aplicador é relevante? A idade do aplicador é relevante? Seu estado
emocional? Suas atitudes e opiniões?
 O direito dos Testandos: numa sociedade democrática esse direito é fundamental. A atuação do
psicólogo numa testagem é considerada atividade pericial, por lei os peritos devem apresentar
serviços de qualidade estando subjugados ao PROCOM. Isso significa que o psicólogo responde
criminalmente por sua conduta nos testes. O consentimento do testando na pesquisa é
fundamental. Direito a explicações em linguagem verbal compreensível. O direito de conhecer seus
resultados.
 Sigilo e divulgação dos resultados: o testando tem direito a toda informação obtida com o teste,
também tem direito o solicitante da testagem (apenas a informações estritamente referentes a
resposta de solicitação). Os resultados dos testes devem seguir as normas de sigilo profissional entre
aplicador e testando, assim os dados devem ser seguros de modo que ninguém não autorizado
tenham acesso a eles, as identidades dos indivíduos devem ser codificadas
FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DOS TESTES PSICOLOGICOS

 Testes são instrumentos que produzem resultados confiáveis, logo:


1. Precisam ter embasamento científico
2. Precisam ser apropriadamente utilizados
 Os testes psicológicos e instrumentos psicológicos em sua grande maioria são testes psicométricos.
 Existem dois tipos de Psicometria: a teoria clássica dos testes (TCT) e a Teoria de resposta ao item
(TRI).

A TEORIA DA MEDIDA

CIÊNCIA E MATEMÁTICA

 Os testes psicológicos são operações empíricas através dos quais a psicologia estuda cientificamente
os processos psíquicos e o comportamento deles decorrentes. Contudo, descrevendo esses
processos através de números e não de linguagem, sendo assim: medindo.
 Os testes psicológicos supõem que a melhor maneira de se estudar a psique é através dos números.
 A ciência e a matemática são dois tipos de saber epistemologicamente distintos

LEGITMIDADE DA MEDIDA: O PRINCÍPIO DO ISOMORFISMO

 Será válido o uso de números na observação somente se ao proceder a medida, sejam salvos tanto
os axiomas do número quanto os dos fenômenos naturais que as ciências estudam.

AXIOMAS DOS NUMEROS

 Axiomas do número: Axioma é uma verdade evidente, uma ponte de partida de um sistema lógico.
Russell definiu 27 axiomas que definem a natureza dos números, esses axiomas podem ser
caracterizados por três grandes vertentes: os axiomas de identidade, da ordem e da atividade.
1. Axiomas da identidade: Uma coisa é igual a si mesma e somente ela é idêntica a si mesma, e
se distingue de toda as outras coisas, sendo o número uma dessas coisas. Nesse axioma
esta:
A. Reflexividade: se a=a, então a≠b.
B. Simetria: se a=b então b=a.
C. Transitividade se a=b, b=c então c=a.
2. Axiomas da ordem: Os números não somente são diferentes entre si sob qualquer aspecto,
mas essa diferença se dá também por meios de termos de quantidade, grandeza e
magnitude. Logo eles podem ser colocados em uma sequência linear e crescente. Nesse esse
axioma está:
A. Assimetria: se a>b, então b≠a. A ordem dos termos não pode ser invertida pois a e
maior que b.
B. Transitividade: se a>b e b>c então a>c.
C. Conectividade: ou a>b ou b>a. Pode existir somente uma afirmação pois as duas se
excluem mutuamente.
D. Ordem-denso: o intervalo entre dois números inteiros não é vazio, existe sempre um
número racional entre eles.
3. Axiomas da Atividade: os números podem ser somados e produzem um terceiro número
com a grandeza dos dois anteriores. Os números se criam uns aos outros, basta definir o que
é 0 e 1 e a regra de continuidade, a soma estabelece as outras funções da matemática.
Nesse axioma esta:
A. Comutatividade: a+b e igual a b+a.
B. Associatividade: (a+b)+c é igual a (c+b)+a.

AXIOMAS DA MEDIDA

 A medida, ao usar números para descrever a realidade, deve salvar nessa operação os axiomas dos
números. Quanto mais axiomas dos números forem salvos na medida, mais útil está se torna na
descrição da realidade empírica, caso se salve somente um axioma, não existe muita vantagem em
utilizar os números em relação a linguagem, quanto mais axiomas forem salvos, mais útil a medida
se torna. Todos os atributos da realidade possuem dimensões, ou seja, magnitude, por isso são
cabíveis de medida.
 Axioma da identidade: a mesma propriedade dos números também é evidente para os fenômenos
naturais pois cada um deles é único no cosmos nada é idêntico se não a si mesmo. Quando se fala
em identidade, fala-se de identidade total, não de semelhança. Uma coisa pode ser semelhante a
outra, mas somente ela é idêntica a si mesma, consequentemente se encontra aqui um isomorfismo
completo entre número e realidade empírica, justificando a medida. Os números auxiliam a
distinguir dois objetos diferentes sem fazer com que eles pareçam semelhantes.
 Axioma da ordem: a ordem dada aos números sendo atribuídos a diversos objetos expressam
também uma ordem nesses objetos, ou seja, a ordem dada aos números corresponde a ordem dada
aos objetos empiricamente. Quando temos muitos objetos, basta colocarmos um ao lado do outro e
ordena-los de forma que aquele que aparece acima dos outros será o primeiro da fila e o que
aparece abaixo o último, obtendo uma ordem empírica crescente dos objetos.
 Axioma de atividade: Esse axioma diz respeito ao fato de que as grandezas podem ser somadas para
produzir uma grandeza ainda maior que a a soma das duas iniciais. Para validar esse axioma na
natureza nós aproveitamos das propriedades extensivas (tempo, peso etc..). Duas grandezas
menores concatenadas produzem uma grandeza maior (que é a soma das menores) e de mesma
natureza.

NÍVEIS DA MEDIDA

 Existem níveis diferentes de medidas, umas muito primitivas e outras mais sofisticadas, essa
diferença de descrição se dá pela quantidade de axiomas salvos na medida.
 Para medida ser justificada basta salvar minimamente um axioma, contudo, quanto mais axiomas ela
salvar, melhor e mais adequada será a medida.
 O axioma de identidade é o mais facilmente salvo, dado que qualquer fenômeno só pode ser
idêntico a si mesmo. Porém o papel desempenhado por esse axioma é apenas de classificação dando
aos números uma função de “etiquetagem”. Medir é atribuir aos números as propriedades dos
objetos e não os próprios objetos como acontece na classificação.
 Logo, pode-se dizer que a medida começa, em seu sentido restrito, quando se salva algum axioma
de ordem do número. Pois a função de mensuração só aparece a partir do axioma de ordem e toda
medida deve ter essa função.
 A medida se aprimora dependendo de quantas características dos números ela salvar. Porém, se ela
salvar apenas a ordem e não o intervalo constante que os números apresentam (axioma de
atividade), a medida não passa de ordinal. Assim temos vários níveis de medida:
1. Medida ordinal: salva os axiomas da ordem.
2. Medida Intervalar: além dos da ordem, salva aspectos da distância igual dos intervalos,
características dos axiomas de atividade.
3. Medida de Razão: salva todos os axiomas de identidade, ordem e atividade.

PROCEDIMENTOS DE MEDIDA
 Não há uma única forma de medir as propriedades das coisas. Os elementos a serem medidos
detém propriedades, são elas:
 Propriedades Extensivas: permitem uma mensuração direta, ex: peso, altura, comprimento.
 Propriedades Intensivas: não permitem uma mensuração direta. Ex: cores, habilidades e etc.
 A existência de uma unidade-básica para a mensuração empírica só existe praticamente em
elementos com propriedades extensivas.

FORMAS DE MEDIDA

 Taxonomia: definir grupos e características em comum.


 A taxonomia distingue três formas de mensuração: a medida fundamental, a medida derivada e a
medida por teoria.
 Medida Fundamental: ocorre com praticamente com propriedades extensivas da realidade. O
objeto que se quem medir possui a mesma propriedade que a ferramenta (mensurante) usada para
medi-lo. Basta emparelhar o mensurante com o mensurado para ver quais pontos do mensurante
coincide com os pontos finais do mensurado, a relação de grandeza entre os pontos determina a
grandeza do mensurado.
 Medida derivada: quando não se permite uma medida fundamental direta usamos a medida por
derivada. A propriedade sendo medida é resultante de dois ou mais objetos que permitem a medida
fundamental, usando axiomas de atividade. Por exemplo a gravidade, ela é um elemento de uma
fórmula que consiste em peso e massa (que permitem a medida fundamental), a partir disso
conseguimos medir a gravidade.
 Medida por Teoria: quando uma propriedade não permite medida fundamental nem derivada.
Procura-se medir propriedades outras do objeto ou propriedades de outro objeto que permitam a
medida fundamental ou derivada com as quais a propriedade que se quer medir mantenha alguma
relação mesmo não sendo componentes dela. A diferença desta para a medida derivada é que as
propriedades medidas relacionadas não fazem parte do objeto, porem demonstrou-se
empiricamente que a uma relação constante entre eles. Ex: lei do reforço no behaviorismo, diz-se
que o estimulo está relacionado com a resposta do sujeito, mas o estímulo não é um componente da
resposta (no sentido de medida derivada), porem ficou empiricamente comprovado que existe uma
relação.

UNIDADES DE MEDIDA

 Atributos possuem propriedades na realidade que podem assumir diferentes magnitudes, isto é,
dimensões.
 Na física ainda se procura uma magnitude mínima para se usar de unidade-base para definir todas as
magnitudes. Procura que culminou em 7 unidades-base da física:
1. Comprimento
2. Massa
3. Tempo
4. Corrente-elétrica
5. Temperatura
6. Intensidade da Luz
7. Massa atômica
 De resto, a grande maioria dos fenômenos na física são medidos por meio da medida derivada. A
procura de unidades básicas em ciências psicossociais parece inexistente no momento, se é que faz
algum sentido procura-las.

MEDIDA EM CIÊNCIAS PSICOSSOCIAIS


 Nas ciências psicossociais não é cabível a medida fundamental, nem a medida derivada.
Consequentemente a medida por teoria se faz dominante, nesta ciência, este tipo de medida pode-
se distinguir-se em dois níveis: a medida por lei e a medida por teoria propriamente dita.
 Medida por lei: no caso da psicologia ela ocorre comumente na psicofísica e na análise
experimental. Como por exemplo, as leis do reflexo ou lei do reforço. Fala-se em medida por lei
quando se possui uma relação entre dois atributos estruturalmente distintos, mas que foram
demonstrados de modo empírico que estão sistematicamente relacionados, de sorte que se
manipularmos um deles o outro varia de maneira sistemática. Assim se podemos medir um deles, é
possível estabelecer a medida também do outro. Duas condições devem ser demonstradas:
1. Os atributos em questão são estruturalmente diferentes. Ex: estimulo (evento ambiental) e
resposta (evento de um organismo vivo).
2. Os atributos distintos mantem uma relação sistemática entre eles que foi demonstrada
empiricamente.
 Medida por teoria: Quando a relação entre dois atributos não tem demonstração empírica, mas é
estabelecida por meio de alguma teoria científica. Possui três grandes vertentes:
1. A teoria da detecção do sinal em psicofísica: trabalha com dois parâmetros, a detecção do
sinal e a disposição do sujeito em ver o sinal quando está presente.
2. A teoria dos jogos em Psicologia Social: trabalha com o conceito de probabilidade e
utilidade. A variável representa a preferência do sujeito na escolha de uma alternativa de
ação entre várias possíveis, ela é definida pela probabilidade e a disposição subjetiva do
sujeito.
3. A teoria dos testes psicológicos em Psicometria: trata da medida dos traços latentes
expressos em comportamentos verbais ou motores. A medida é feita ao nível do
comportamento, porem este é entendido apenas como manifestação dos traços latentes.
Trabalha com parâmetros de dificuldade, discriminação dos itens, validade e precisão dos
instrumentos.

O PROBLEMA DO ERRO NA MEDIDA

 Não existe procedimento empírico isento de erro.


 Na medida há apenas a justa posição entre o objeto medidor e o objeto a ser medido, consiste
somente em coincidência entre os pontos e não em “fusão” entre os pontos.
 Logo essa justaposição não se dá em alinhamento e sim entre intervalos, esses intervalos também
não possuem pontos específicos que se possam indicar. Consequentemente a medida produz um
número que não é exatamente matemático já que esse número não possui dimensões.
 O número da medida é um número estatístico, ele representa um intervalo sob forma de um ponto
como média, justamente por isso que todo número estatístico vem acompanhado de um desvio
padrão que representa o provável erro cometido na medida do objeto.

TIPOS DE ERROS DE MEDIDA

 Existem duas grandes fontes de erros principais: erros devido ao próprio método da ciência
(observação) e erros devido a amostragem.
 Erros de Observação: Ocorrem no próprio ato de observar por isso estão intrínsecos no método
típico das ciências, podem ser devidos há:
1. Erro pessoal: Diferenças individuais, a medida produzida por diferentes sujeitos ou pelo
mesmo sujeito em ocasiões diferentes será sempre um pouco diferente.
2. Erro instrumental: Podem ocorrer porque os instrumentos de observação não estão
devidamente calibrados.
3. Erro sistemático: Podem ocorrer devido a algum fator sistemático que interfere na
observação. Ex: medir a temperatura da agua num nível diferente do nível do mar.
4. Erro aleatório: podem ocorrer devido a uma série de fatores que simplesmente não
conhecemos ou não temos capacidade de controlar.
 Erros de Amostragem: Uma pesquisa científica não pode ser feita com todos os elementos de uma
população, então selecionamos alguns elementos dessa população (amostra) e estudamos esses
elementos e generalizamos o resultado. Nunca sabemos se todos os aspectos que interessam a
pesquisa estão presentes na amostra, mesmo quando bem-feitas, é perceptível que as amostras
sempre deixam a desejar no sentido de serem perfeitamente representativas a população.

TEORIA DO ERRO

 O erro constitui uma ameaça a tomada de decisões, por isso os esforços para elimina-lo ou pelo
menos reduzir seus impactos. Porém no erro aleatório não existe a possibilidade de controlar
experimentalmente o erro, uma vez que suas causas são totalmente desconhecidas. Para estes casos
recorre-se a teoria do erro, já que se trata de um evento casualóide, ou seja, que pode ser abordado
pela probabilidade.
 Um evento é dito aleatório se sua ocorrência não puder ser predita a partir dos eventos que
ocorram antes dele, ele é totalmente independente com relação ao que ocorreu antes com ele. A
teoria do erro assume que o erro é um evento aleatório.
 Lei dos grandes números: encontramos desordem e aleatoriedade no pequeno e ordem e constância
nos grandes.
 O teorema de Bernoulli afirma que as amostras devem ser grandes. Uma amostra de 30 casos é
grande o suficiente para se aproximar de uma distribuição normal.
 O erro da medida é expresso pelo erro padrão da medida (EPM).
 O erro padrão afirma que a medida correta de um atributo se situa em torno da média. Isto é, média
+ um erro padrão ou média – um erro padrão.

IMPORTÂNCIA DA MEDIDA

 A grande vantagem da medida é sua pura precisão. Embora ela não esteja destituída de erro ela
pode definir limites dentro dos quais os reais valores dos atributos medidos se situam.
 Outra grande vantagem da medida é a possibilidade de simulação que permite manipular a natureza
através dos modelos matemáticos, que de outra forma seriam inviáveis ou eticamente condenáveis.
A medida produz realidade.

A MEDIDA PSICOMÉTRICA

 A Psicometria é uma das formas de se medir em Psicologia. Ela também trabalha com o modelo de
estrutura latente, ou traço latente.
 Traço Latente: este conceito cobre todo o mundo do propriamente psicológico, dos processos
mentais e experiências subjetivas em oposição com os processos da física ou comportamentais.
Quanto a sua realidade os traços latentes são tão reais quanto as coisas físicas, mas dizem respeito a
um estado mental (em oposição ao físico). Sua realidade é atestada no momento em que o estado
mental interfere no meio físico (corpo). A Psicometria trabalha com um conceito fatorista de traço
latente. Existem diferentes maneiras de conceber este conceito quando se trata de definir sua
estrutura elementar ou seus processos elementares:
1. Concepções elementaristas: entendem o traço latente como uma única grande estrutura
psicológica global.
2. Concepções holísticas: embora pareçam como os elementares, concebem que os fatores
apresentam ainda um caráter globalizante.
 Sistema ou processo: Sistema significa algum objeto organizado, uma coisa, uma entidade. Pode ser
entendido simplesmente como um processo. Um sistema pode ser concebido em níveis de
universalidade maiores ou menores, logo existem sistemas universais e sistemas locais. Na Psicologia
o sistema universal seria a própria estrutura psicológica e os sistemas locais seriam infinitos. O nível
do sistema depende do investigador, para quem estiver interessado em estudar o raciocínio verbal
poderia considera como sistema o objeto do qual esse raciocínio faz parte, a inteligência, cognição
etc. Portanto Sistema se constitui em função do objeto imediato de interesse dentro de um
delineamento de estudo.
 Propriedade: Um sistema possui uma série de características que o distingue de outros sistemas. Na
realidade, nós não conhecemos os sistemas em si, mas suas propriedades, sendo o sistema na
verdade uma conjectura, uma teoria. O sistema se apresenta pelas suas propriedades.
 Magnitude: Quantidades ou dimensões, ou seja, magnitudes. É um postulado matemático e se
define em função de axiomas de ordem e de atividade dos números. Nos referimos a ordem
monotonica crescente, pois na medida nem sempre somos capazes de salvar os axiomas de
atividade.

O PROBLEMA DA REPRESENTAÇÃO COMPORTAMENTAL

 Os traços latentes (processos psicológicos) são abordados cientificamente somente através da


representação comportamental, isto é, eles devem ser expressos somente em comportamento,
porque é unicamente nesse nível que se pode trabalhar cientificamente (empiricamente) em
psicologia?
 Com isso, um traço latente que não se manifeste por meio do comportamento se torna um traço
metafísico, não um traço psicológico. O problema fundamental da Psicometria está em demonstrar
legitimidade do isomorfismo traço latente e comportamento, justamente pela concepção de traço
latente com dimensões, ou seja, com magnitudes e capaz de ser mensurável.
 Postula-se que operar sobre os comportamentos estamos operando sobre os traços latentes.
 A Psicometria analisa uma série de características dos comportamentos (itens) para decidir se eles
são ou não representantes válidos, legítimos e adequados de tal traço latente.

PARAMETROS PSICOMÉTRICOS DOS TESTES PSICOLOGICOS

 Os testes psicológicos são instrumentos de medida em psicologia. E devem possuir duas


características fundamentais para que sejam considerados legítimos e confiáveis: validade e
precisão.

VALIDADE

 Ao se medir comportamentos (itens), que são a representação do traço latente, está se medindo o
próprio traço latente. A validade só é possível se existir uma teoria prévia do traço que fundamente
que a tal representação comportamental constitui uma hipótese dedutível dessa teoria, a validade
então se da pela testagem empírica da verificação da hipótese.
 O teste para validar a representação do traço apresenta dificuldades que se situam em três
momentos desse processo:
1. Nível da Teoria: a teoria psicológica encontra-se ainda em estado embrionário, sem uma
sistemática unilateral, resultando em diversas teorias com pontos de vista completamente
diferentes. Havendo essa confusão no campo teórico do constructo ou traço latente, torna-
se extremamente difícil para o psicometrista formular hipóteses psicologicamente úteis.
2. Coleta empírica de informação: a definição inequívoca de grupos critérios onde esses
constructos possam ser idealmente estudados.
3. Análise estatística da informação: Pela lógica da elaboração do instrumento, a verificação da
hipótese da legitimidade da representação dos constructos se faz pela análise fatorial, que
procura identificar nos dados empíricos, os constructos previamente operacionalizados no
instrumento. A análise fatorial faz umas postulações fortes que não compactuam com a
realidade dos fatos.
 Diante das dificuldades os psicometristas recorrem a uma série de técnicas para validar seus testes,
essas técnicas podem ser reduzidas a três grandes classes: que visam a validade do constructo,
validade de conteúdo e validade de critério.
 Validade de Constructo: é considerada a forma mais fundamental de validade dos instrumentos
psicométricos. Constitui a maneira direta de verificar a hipótese da legitimidade da representação
comportamental dos traços latentes.
Conceito de validade de constructo: característica de um teste enquanto mensuração de um
atributo ou qualidade, o qual não tenha sido definido operacionalmente. Constructos só são
cientificamente pesquisáveis somente se forem passiveis de representação comportamental
adequada, o problema é que vários autores partiram do teste ao invés da teoria psicométrica que
fundamenta a elaboração da teoria do constructo (traços latentes), ou seja, estavam tentando
descobrir se a representação (teste) constitui uma representação legítima, adequada do constructo.
A validade de constructo pode ser trabalhada por dois ângulos:
1. Análise da Representação: São utilizadas duas técnicas como demonstração da adequação
da representação do constructo: análise fatorial e análise da consistência interna.
a) Análise da Consistência interna: consiste em verificar a homogeneidade dos itens
que compõe o teste. Assim o escore total se torna critério de decisão, e a correlação
entre cada item e este escore total decide a qualidade do item: sendo a alta
correlação o item é detido. O índice Alpha de Cronbach é usado como indicador
sumário da consistência interna do teste e, consequentemente dos itens que o
compõe. Ela também pressupõe que todos os itens sejam uma representação do
mesmo traço, porem os itens não garantem por si só serem a representação de um
mesmo constructo.
b) Análise Fatorial: tem como lógica verificar quantos constructos em comum são
necessários para explicar as intercorrelações entre os itens. As correlações entre os
itens são explicadas pela análise fatorial, como resultantes de traços latentes que
seriam causas dessas intercorrelações. Ela também postula que um menor número
de traços latentes é o suficiente para explicar um número maior de variáveis
observadas (itens). A partir de uma teoria que foi construído um teste que mede um
único traço latente, a análise fatorial verifica se o teste realmente mede um único
traço e se as intercorrelações podem ser explicadas por um único fator, validando se
o teste constitui uma representação empírica de um único constructo.
2. Análise por Hipótese: esta análise se fundamenta no poder de um teste psicológico ser capaz
de discriminar ou predizer um critério externo a ele mesmo. Este critério é procurado de
várias formas, havendo quatro entre as mais salientes e comumente utilizadas: validação
convergente-discriminante, idade, outros testes do mesmo constructo e experimentação.
a) Validação convergente-discriminante: parte do princípio de que para demonstrar a
validade de constructo de um teste é preciso determinar duas coisas:
 O teste deve-se correlacionar significativamente com outras variáveis com
as quais o constructo medido pelo teste deveria estar relacionado (validade
convergente).
 Não se correlacionar com variáveis com as quais teoricamente ele deveria
diferir (validade discriminante).
b) Idade: é utilizada como critério para a validação de um constructo quando o teste
mede traços que são intrinsecamente dependentes de mudanças do
desenvolvimento cognitivo/afetivo dos indivíduos. A hipótese é que um teste que
mede um traço X que muda claramente com a idade, é capaz de discriminar grupos
de idade diferentes.
c) Correlação com outros testes: o argumento para essa validação é de que se o teste X
mede validamente o traço Z e o novo teste N se correlaciona altamente com o teste
X, então o novo teste mede o mesmo traço medido por aquele teste.
d) Intervenção experimental: aparece como uma das melhores técnicas para a
validação de um constructo. Esta técnica consiste em verificar se o teste discrimina
claramente grupos-critérios “produzidos” experimentalmente em termos do traço
latente medido no teste. Assim um teste que mede a ansiedade (traço latente) teria
validade se discriminasse grupo ansioso de grupo não ansioso, definindo esses
grupos nos termos do experimento.
 Validade de Critério: concebe-se como validade de critério de um teste o grau o grau de eficácia que
ele tem em predizer um desempenho específico de um sujeito. O desempenho do sujeito torna-se
então o critério o qual a medida obtida pelo teste é avaliada. Evidentemente esse desempenho é
avaliado através de técnicas que são independentes do próprio teste que se quer avaliar. Costuma-
se distinguir dois tipos de validade de critério:
1. Validade preditiva: caso os dados sobre os critérios sejam coletados após a coleta da
informação sobre o teste
2. Validade concorrente: se as coletas de dados sobre o critério e a coleta de informação forem
simultâneas.
Esse fato da coleta da informação se antes ou depois do teste não é relevante para a validade do
teste, mas sim para a determinação de um critério válido. A dificuldade central desse tipo de
validação é:
1. Definir um critério adequado
2. Medir, válida e independentemente do próprio teste.
Quanto aos critérios existem uma série deles utilizados: desempenho acadêmico, desempenho em
treinamento especializado, desempenho profissional, diagnostico psiquiátrico, diagnostico subjetivo
e outros testes disponíveis...
 Validade de Conteúdo: um teste tem validade de conteúdo se ele constitui uma amostra
representativa de um universo finito de comportamentos. É aplicável quando se pode delimitar a
priori um universo de comportamentos. Para viabilizar um teste com validade de conteúdo é preciso
so que se façam as especificações do teste antes da construção dos itens, para estas especificações
comportam a definição de três grandes temas:
1. Definição de conteúdo: trata-se de detalha-lo em termos de tópicos e subtópicos e de
explicitar a importância relativa de cada tópico dentro do teste, tais critérios evitam super-
representação (ou o contrário) de alguns tópicos.
2. Explicitação dos processos psicológicos a serem avaliados: um teste psicológico não deve ser
elaborado para avaliar exclusivamente um processo
3. Determinação da proporção relativa de representação no teste de cada tópico do conteúdo.

PRECISÃO

 O conceito de precisão ou fidedignidade refere-se a quanto o score obtido no teste se aproxima do


escore verdadeiro do sujeito num traço qualquer, isto é, fidedignidade do teste está intimamente
ligada ao conceito de variância erro, sendo este definido como variabilidade nos escores produzidas
por fatores estranhos ao constructo. A fidedignidade de um teste depende da questão do erro da
medida, especificamente do erro pelo erro produzido pelo próprio instrumento: quando o score do
teste se distancia do valor teta individual na TRI.
 A fidedignidade da medida depende do tamanho da variância do erro, que é precisamente a
variabilidade nos resultados provocada por fatores aleatórios e pela imprecisão do instrumento.
 Dependendo da técnica utilizada para demonstrar a precisão de um teste, surgem vários tipos de
precisão:
 Precisão teste-reteste: A precisão aqui consiste em calcular a correlação entre as distribuições de
escores obtidos num mesmo teste pelos mesmos sujeitos em duas ocasiões diferentes de tempo. ,
 Precisão de formas alternativas: os sujeitos respondem a duas formas paralelas do mesmo teste, e a
correlação entre as duas distribuições de escores constitui o coeficiente de precisão do teste. A
condição necessária para que a análise seja válida é de que os itens em ambas as formas sejam
equivalentes
 Precisão na consistência interna: As técnicas de estabelecer esse tipo de precisão visam verificar a
consistência interna (homogeneizar) das amostras de itens do teste. Técnicas utilizadas:
1. Precisão das duas metades: Sujeitos respondem ao teste numa única ocasião. Os testes são
divididos em duas partes equivalentes e a correlação é calculada entre os escores obtidos
nas duas metades.
2. Precisão de Kuder-Richardson: se baseia na análise individual de cada item do teste.
3. Alfa de Cronbach: é uma extensão da Kuder-Richardson. Aplicavel somente quando a
resposta do item é dicotômica: certo ou errado.
 Precisão na apuração do escores: diz respeito a apuração dos resultados de testes não objetivos, é
preciso mais de um apurador para garantir o resultado preciso no teste. A concordância que é
expressa pela correlação entre as avaliações de diferentes apuradores, produzira um índice de
precisão entre os apuradores.
 Erro na medida padrão: para estabelecer a precisão de um teste, pode no lugar de calcular o
coeficiente de fidedignidade, calcular o erro provável da medida incorrido pelo teste.

PADRONIZAÇÃO DOS TESTES PSICOLOGICOS – AS NORMAS

 Padronização se refere a necessária existência de uniformidade em todos os procedimentos no uso


de um teste válido e preciso: desde precauções a serem tomadas na aplicação do teste até o
desenvolvimento de critérios e parâmetros para a interpretação dos resultados.
1. Padronização = Uniformidade na aplicação dos testes.
2. Normatização = Uniformidade na interpretação dos escores do teste.

PADRONIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS

 Tem como precaução garantir que a coleta de dados dos sujeitos seja de boa qualidade. A má
aplicação não invalida a qualidade psicométrica do teste, mas torna o protocolo do sujeito inválido.
Para garantir uma boa administração dos testes psicológicos e preciso atender a requisitos
referentes aos seguintes temas:
 O material da testagem: duas condições devem ser atendidas:
1. Qualidade do teste: o teste tem que ser válido e preciso.
2. Pertinência do teste: o teste deve ter pertinência ao problema apresentado pelo testando, o
aplicador deve escolher um teste que atenda às necessidades do testando. O teste escolhido
deve se adaptar ao nível do candidato.
 Ambiente da testagem: três condições devem ser atendidas:
1. O ambiente físico: o ambiente físico de testagem deve ser tal que o candidato se sinta em
suas melhores condições para responder o teste sem a presença de distratores ambientais.
2. O ambiente Psicológico: devem ser atendidas três condições:
a) O testando deve estar em condições normais de saúde física.
b) O testando deve compreender com clareza o que lhe é pedido no teste.
c) Esclarecer o rapport com o testando: o aplicador deve fazer um papel amigável com
o testando, não de carrasco ou estranho com o objetivo de reduzir a ansiedade do
testando. Para manter a seriedade o aplicador deve dar comandos ao grupo.
3. A ocasião: o tempo de aplicação do teste será determinado no momento em que as duas
condições acima estiverem asseguradas.
4. Situações adversas: na maioria das vezes o testando não vai estar em condições de fazer o
teste devido a condição da própria testagem (concurso ou perícia), nessas situações não a
muito o que fazer pois a constituição garante o direito a isonomia.
 O aplicador: deve ser um psicólogo e seguir os seguintes parâmetros:
1. Conhecimento: O aplicador deve conhecer profundamente o material utilizado.
2. Aparência: apresentar boa impressão nas suas roupas evitando extravagancias.
3. Comportamentos durante a testagem : o orientador está ali para conduzir a testagem, assim
ele deve manter a ordem, respeito e orientação sem fazer interferências e interrupções
desnecessárias.
4. Gravar a sessão: somente com o consentimento do paciente.

NORMATIZAÇÃO DOS TESTES PSICOLOGICOS

 Diz respeito a como se deve interpretar os escores que um sujeito recebeu no teste, isso porque um
escore necessita ser contextualizado para ser interpretado. Uma norma permite situar o escore de
um sujeito permitindo que:
1. Determinar a posição que o sujeito ocupa no traço medido pelo teste que produziu tal
escore.
2. Comparar o escore desse sujeito com o escore de qualquer outro sujeito de acordo com o
nível de desenvolvimento humano e pelas normas intragrupo.
 Normas de Desenvolvimento: as normas de interpretação dos testes são baseadas e se
fundamentam no desenvolvimento progressivo (cognição, maturação psicomotora etc.)pelo qual o
indivíduo humano passa ao longo de sua vida. São utilizados como critério de norma três fatores:
1. A idade mental: Binet separou uma série de questões que falavam de nível mental, as
questões eram respondidas corretamente pela média de crianças/sujeitos de uma idade
cronológica X e definiam o nível/idade mental correspondente a essas idades cronológicas.
2. Série escolar: Utilizado para testes de desempenho acadêmico, faz sentido para disciplinas
oferecidas em uma sequência de várias séries escolares, daí compara-se o escore do aluno
com o escore típico de cada série.
3. Estágio de desenvolvimento: Utilizado por pesquisadores que estudam o desenvolvimento
mental e psicomotor em sucessivas fases do desenvolvimento.
 Normas Intragrupo: O critério de referência é a população para a qual o teste foi construído. O
escore da população é tipicamente inferido a partir do escore de uma amostra representativa. Os
resultados são idênticos para distribuições perfeitamente normais. Referenciado em termos de:
1. Posto Percentílico: O escore do sujeito é expresso em termos do percentil. Um posto
percentílico indica o percentual de sujeitos da população(amostra) que possui um escore
menor que o sujeito avaliado.
2. Desvio normal (z): Representa o quanto o sujeito se afasta da média em termos de desvios
padrões. Duas maneiras de calcular:
a) Escore padrão linear: é calculado diretamente por uma fórmula.
b) Escore padrão normalizado: Calculado através de tabelas da curva normal, a partir
dos percentis.

TRANSFORMAÇÕES DO ESCORE PADRÃO

 Transformações lineares: Escore transformado = a + bz


 Classes normalizadas (estaninos): Mais uma transformação cosmética. Consiste em dividir o escore
z (de -3 a +3) em categorias. Os números de classes mais utilizados são 5, 7, 9 e 11. Caso
utilizássemos 5 classes, as categorias podem ser batizadas de:
1. Superior
2. Médio superior
3. Médio
4. Médio inferior
5. Inferior

FUNDAMENTOS DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM

 A TRI é uma alternativa a teoria clássica dos testes (TCT), que tinha um problema fundamental
observado por Thurstone : o instrumento construído dependia intrinsecamente do objeto medido,
os testes psicológicos elaborados dentro da Psicometria Clássica são dependentes dos itens que os
compõem. Ao se querer medir a inteligência de um sujeito, o resultado vai depender muito do
instrumento utilizado (teste). De tal forma que o objeto medido, afeta diretamente o instrumento
utilizado, o objeto medido acaba sendo definido pelo instrumento utilizado.
 A solução para o problema, veio baseado na teoria do traço latente. Lazersfeld, Lord e Rasch fizeram
trabalhos que seriam a base para a TRI moderna, que também é conhecida pelo nome de Teoria do
traço latente.
 A solução dada ao problema que a TRI propôs apresentava algoritmos matemáticos de tal
complexidade que a tecnologia computacional da época era incapaz de resolver de uma maneira útil
e prática. Com o avanço da tecnologia da informática e da disponibilidade de softwares apropriados,
este problema foi solucionado e a TRI entrou em moda.

PROBLEMAS DA PSICOMETRIA CLÁSSICA

 Além do problema do instrumento, a TCT apresentada outros problemas como:


1. Afirma que os parâmetros dos itens de um teste dependem da amostra de sujeitos em que
eles foram calculados. Assim, um item qualquer se torna mais difícil ou mais fácil
dependendo da amostra ser composta de sujeitos mais inteligentes ou menos inteligentes.
Desta forma, o parâmetro de dificuldade do item vai variar de pesquisa para pesquisa em
função da amostra de sujeitos, este parâmetro é dependente dos sujeitos utilizados na
pesquisa.
2. Problemas com o cálculo do parâmetro de discriminação do item. Esta análise dentro da
TCT, é feita baseada no escore total de um teste, seja utilizando grupos critério ou
coeficientes de correlação. Ocorre incongruência lógica, pois a discriminação de cada item é
testada contra o escore total que é constituído por todos os itens do teste, inclusive o item
que se está analisando. Isto supõe que os outros itens sejam adequados. Mas se o são, então
por que se fazer a análise? E se não o são, então a análise está simplesmente falha.
3. No cálculo da fidedignidade de um teste. Esta é definida comumente em termos de formas
paralelas de um teste, que precisam ser estritamente paralelas produzindo um escore
verdadeiro idêntico e variâncias também iguais. A obtenção de formas assim paralelas de
um mesmo teste é algo difícil de ser conseguido. Os sujeitos, ao tomar uma forma paralela,
nunca serão exatamente os mesmos, pois há os problemas de maturação, tais como a
aprendizagem, o cansaço, a motivação, etc. que muda da aplicação de uma forma para
outra, inclusive diferencialmente para diferentes sujeitos, tornando a comparação entre as
duas formas não mais paralela.
4. Suposição da TCT de que a variância dos erros de medida é a mesma para todos os
testandos, suposição de difícil sustentação, pois parece óbvio que alguns testandos realizam
a tarefa mais consistentemente que outros e que a consistência varia em função da
habilidade dos sujeitos. Por exemplo um teste com itens medianamente fáceis poderá
diferenciar mais os sujeitos com habilidade média, mas não irá diferenciar da mesma
maneira os sujeitos com habilidade superior que provavelmente obterão escores perto dos
mais altos. Consequentemente, o erro de medida neste segundo grupo será maior que no
primeiro.
5. A condição típica dos testes de aptidão construídos dentro dos moldes da TCT . Os testes são
elaborados para avaliar maximamente os sujeitos de habilidades medianas, sendo, por isso,
bem menos apropriados e válidos para avaliar sujeitos com habilidades superiores ou de
pouca habilidade. De sorte que aplicando testes de dificuldade média diferente a sujeitos de
diferentes níveis de aptidão irá produzir resultados nem sempre comparáveis, pois é óbvio
que obter 50 num teste fácil não é a mesma que coisa obter 50 num teste mais difícil que
meça a mesma aptidão. A tarefa de comparar os sujeitos em tais situações é de difícil
manejo dentro dos modelos tradicionais de análise.

HISTORIA

 TRI foi sendo elaborada aos poucos desde os anos 50 por vários autores, embora suas raízes
remontem há mais de uma década anterior. Entre estes precursores:
1. Richardson (1936): comparando os parâmetros dos itens obtidos pela teoria clássica da
Psicometria com os moldes que hoje usa a TRI.
2. Lawley (1943, 1944): indicando alguns métodos para estimar os parâmetros dos itens, os
quais se afastavam da teoria clássica.
3. Tucker (1946): parece ter sido o primeiro a utilizar a expressão curva característica do item
que constitui um conceito chave na TRI.
4. Lazersfeld (1950): introduziu o conceito de traço latente, ainda que no contexto da medida
das atitudes, conceito novamente que se constituiu num parâmetro chave da nova TRI.
5. Frederic Lord (1952, 1953): por ter elaborado, não somente um modelo teórico, mas ainda
métodos para estimar os parâmetros dos itens dentro da nova teoria, utilizando o modelo
da ogiva normal.
6. Samejima (1969, 1972): elaborou modelos para tratar respostas politômicas e mesmo para
dados contínuos.
7. Birnbaum (1957): ao substituir as curvas de ogiva por curvas logísticas, isto é, baseadas nos
logaritmos, tornando o tratamento matemático dos dados bem mais fácil.
8. O avanço da informática. Como a complexidade matemática no campo da TRI é enorme, o
progresso vertiginoso nas máquinas de processamento possibilitou a viabilização dos
cálculos que o modelo TRI exige em Psicometria.

TEORIA BÁSICA DA RESPOSTA AO ITEM

 A TRI leva em seu fundamento o conceito de traço latente, esse conceito supõe que as variáveis
observáveis (resposta) emitidos pelo sujeito são consequência de traços hipotéticos (traço latente),
aptidões, não observáveis. Assim, quando temos um estímulo (item) que é apresentado ao sujeito e
ele responde a ele, a resposta emitida depende do nível de traço latente desse sujeito.
 Para poder medir o traço latente é preciso que se hipotetizem relações entre as respostas
observadas do sujeito e o seu nível neste mesmo traço latente.
 Quando se expressa essa relação hipotetizada em uma fórmula matemática temos variáveis e
constante. As constantes seriam as respostas do sujeito que podem ser medidas, pois acontecem no
meio físico, as variáveis o traço latente do qual queremos medir. Assim, se conhecemos as
características das variáveis observadas (como os itens de um teste), estas se tornam constantes na
equação e está se torna solucionável, permitindo que se estime então o nível do traço latente ou a
aptidão do sujeito e vice-versa, isto é, se for conhecido o nível do traço latente é possível serem
estimadas as características dos itens respondidos por este sujeito.
 Existem um número de equações infinitas para matematizar essa relação hipotetizada. A TRI se
apropriou das que achou mais adequada ou produtivas.
 O fundamental da teoria do traço latente consiste em expressar numa fórmula matemática a relação
existente entre variáveis observadas e variáveis hipotéticas, chamadas estas de traços latentes.
 Assim, a TRI faz dois postulados básicos, a saber:
1. O desempenho do sujeito numa tarefa (item de um teste) pode ser predito a partir de um
conjunto de fatores ou variáveis hipotéticas, ditos aptidões ou traços latentes (identificados
na TRI com a letra grega teta: q); o teta sendo a causa e o desempenho o efeito. Trata-se de
modelagem latente, ou seja, comportamento = função (traço latente).
2. A relação entre o desempenho e os traços latentes pode ser descrita por uma equação
matemática monotônica crescente, chamada de Curva Característica do Item – CCI.

VANTAGENS DA TRI

 Pelo princípio da parcimônia em ciência, a TRI sendo mais complexa que a TCT não deveria ser uma
alternativa a mesma, porem como teoria a TRI consegue explicar muito mais coisas que a TCT,
portanto mesmo sendo complexa é aceita. Porém a TRI não veio para substituir totalmente a TCT,
apensa partes dela (análise dos itens e no tema da fidedignidade da medida).
 A TRI trouxe cinco grandes avanços no campo da Psicometria, sendo três deles particularmente
importantes:
1. O cálculo do nível de aptidão do sujeito independe da amostra de itens utilizados. A
habilidade do sujeito é independente do teste, o que não acontecia na TCT onde
dependendo do teste aplicado o que se estava medindo apresentava scores diferentes. Na
TRI não importa que item você esteja utilizando, desde que esteja medindo o mesmo traço
latente irão produzir o mesmo nível de aptidão do sujeito.
2. O cálculo dos parâmetros dos itens independe da amostra de sujeitos utilizada : Na clássica,
os parâmetros dependiam muito dos sujeitos amostrados possuírem maior ou menor
aptidão.
3. A TRI permite emparelhar itens com a aptidão do sujeito . Isto quer dizer que se avalia a
aptidão de um sujeito, utilizando itens com dificuldade tal que se situam em torna do
tamanho da aptidão do sujeito, sendo, assim, possível utilizar itens mais fáceis para sujeitos
com habilidades inferiores e itens mais difíceis para sujeitos mais aptos, produzindo escores
comparáveis em ambos os casos. Na psicometria clássica sempre era aplicado o mesmo
teste.
4. A TRI constitui um modelo que não precisa fazer suposições que aparentam serem
improváveis tais como os erros de medida serem iguais para todos os testandos.
5. A TRI não necessita trabalhar com testes estritamente paralelos como exige a psicometria
clássica.
 A TRI trabalha com o score teta (q) que tem uma relação não linear com a probabilidade de acerto
associada ao escore total e, por isso, corrige as distorções do escore total.

SUPOSIÇÕES DA TRI

 Entre as características ou pré-requisitos da TRI, duas são de especial relevância: a


unidimensionalidade e a independência local, que representam suposições básicas dos modelos
mais correntes desta teoria psicométrica.
 Qualquer modelo matemático, para poder funcionar e ser útil, precisa fazer algumas suposições
entre o modelo e os dados empíricos, inclusive especificando as relações que existem entre as
variáveis hipotéticas do modelo e as variáveis observáveis ou empíricas. Embora as suposições não
possam ser provadas diretamente, elas podem sê-lo indiretamente (em suas consequências),
verificando se a sua violação produz resultados incongruentes no estudo da realidade empírica. Quer
dizer que os resultados práticos irão determinar se as suposições foram ou não úteis ou adequadas.
 Unidimensionalidade: as teorias do traço latente afirmam que existem um conjunto de traços
responsáveis por um comportamento. No entanto a maioria dos modelos de TRI postulam que existe
apenas um único traço latente (q) responsável por um conjunto de tarefas (itens do teste). Para
satisfazer o postulado da unidimensionalidade é suficiente admitir que haja uma aptidão dominante
(um fator ou traço dominante) responsável pelo desempenho num conjunto de itens de um teste,
este fator é o que se supõe estar sendo medido pelo teste.
1. A Independência Local: este fator da unidimensionalidade afirma que mantendo constante
todas as aptidões menos o teta (traço latente) a resposta do sujeito a qualquer um dos itens
é estatisticamente independente. Isto implica que o desempenho do sujeito num item não
afeta o desempenho em outro item: cada item é respondido exclusivamente em função do
tamanho do seu teta dominante. É improvável que os comportamentos (respostas) de um
mesmo sujeito não estejam correlacionados. No entanto, se houver correlação, está se deve
à influência de fatores outros que não o fator dominante. Se os itens estão medindo o
mesmo traço latente, é de se esperar que estejam correlacionados.
 Os itens do teste constituem comportamentos que o sujeito expressa como resposta a um ou mais
traços latentes. Um comportamento é expressão física de um processo psíquico e supõe-se que os
processos psíquicos se distribuem normalmente entre a população. Para expressar essa distribuição
na população utiliza-se a métrica do escore padrão, que é ancorada na média (valor 0) e que vai de
-3 a +3, porque entre estes dois pontos cai 99,97% de todos os sujeitos de uma população, logo
supõe-se que cada sujeito da população possui um tamanho ou nível de teta que o posiciona nesta
escala de -3 a +3.
 Através do comportamento podemos descobrir o tamanho do teta (traço latente) de cada sujeito
por meio de um teste com uma série de questões ou itens os quais expressam algum aspecto do
traço latente. Na TCT o tamanho de teta do sujeito é expresso pelo número de itens que ele acertou,
porem no TRI não se pergunta quantos itens o sujeito acertou e, sim, por que ele acertou ou errou
cada item individual. Desta forma, a TRI está interessada em descobrir qual é o tamanho de teta que
o sujeito deve ter para poder acertar o item, cada item individualmente.
 Em teoria basta até um único item para se poder descobrir o tamanho do teta do sujeito. O
problema que fica para resolver consiste em se saber como o item sinaliza o tamanho do teta do
sujeito. Para isso temos a CCI.
 A Curva Característica do Item – CCI: Se o processo latente é expresso como q, então esta
probabilidade de acerto é definida como pi(q), que se lê como: a probabilidade (p) de acertar o item
(i) dado um tamanho tal de teta (q). Assim, o sujeito com menor habilidade terá uma pi(q) pequena,
enquanto um de aptidão superior terá tal probabilidade bem maior. Desta forma, a pi(q) de acertar
um dado item vai de 0 a 1, onde ela será 0 para o sujeito que não tiver nenhuma aptidão que o item
mede e 1 para o sujeito que tem uma aptidão teta ótima. Esta situação faz com que, à medida que
cresce o tamanho do teta, vai crescendo também a pi(q), provocando visualmente uma curva de tipo
S na escala de aptidão, esta curva expressa tudo que a TRI pode descobrir sobre o item. Ela é
chamada de curva logística
e é caracterizada por duas características, a saber, a dificuldade e a discriminação.

 Função Logística: A expressão da função em termos logísticos evita trabalhar com integrais, o que
permite tratamento matemático mais simples, segundo os estatísticos.
 Parâmetros da CCI: O parâmetro de dificuldade, chamado de bi, é o ponto na escala de aptidão no
qual a probabilidade de uma resposta correta é de 50% (ou seja, 0,5). A métrica teórica deste
parâmetro vai de -3 a +3. O parâmetro da discriminação, chamado de ai, é expresso quando a curva
CCI corta a linha que corresponde à probabilidade de 0,5 de resposta correta, o que acontece
sempre quando q = b. Na prática, a métrica deste parâmetro vai de 0 a 3, onde 0 significa nenhuma
discriminação e 3, discriminação praticamente perfeita.

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