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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA (ISTA)

POLO-CAXITO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PSICODIAGNÓSTICO

ASPECTOS ÉTICOS DO PSICODIAGNÓSTICO

Grupo Nº: 04
2º Ano
Período: Tarde
Curso: Psicologia

Docente
_________________________
Carlos da Costa Miguel

CAXITO-2021/2022
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA (ISTA)
POLO-CAXITO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PSICODIAGNÓSTICO

ASPECTOS ÉTICOS DO PSICODIAGNÓSTICO

Trabalho apresentado ao ISTA/Bengo como parte


necessária do requisito parcial para a obtenção de uma nota
na Disciplina de Psicodiagnóstico, orientado pelo Prof.

Autores:

Agostinho Luís
Bomboco Domingos Mendonça Pedro
Domingas João
Elísio Jaime Simão Yaumba
Felisberta Manuel
Osvaldo Sebastião

CAXITO-2021/202
SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................................I
INTRODUÇÃO........................................................................................................................01
ÉTICA – UMA DEFINIÇÃO FILOSÓFICA E ETIMOLÓGICA...........................................02
RESGATE HISTÓRICO DO PSICODIAGNÓSTICO E SUA CONCEPÇÃO....................................02
A ENTREVISTA INICIAL....................................................................................................................06
HORA DE JOGO DIAGNÓSTICA.......................................................................................................07
DEVOLUTIVA NO PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO...................................................................08
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................09
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................10
RESUMO

Este trabalho tem por objetivo abordar os fundamentos centrais que norteiam a Ética
do Psicodiagnóstico, a partir de recursos utilizados na Psicologia clínica. Partindo de
Caracterização Geral do termo, definimos o Código de Ética profissional, o ideal e a realidade
e apresentamos uma breve exposição dos motivos para a sua validação numa perspectiva
psicofilosófica. Numa fase posterior do estudo, reflectimos acerca do poder e da influência
que o Profissional de Psicologia exerce nos outros. A responsabilidade Ética deverá sempre
pautar o Profissional de Psicologia em todos os seus procedimentos psicológicos
especialmente na Avaliação Psicológica.

Posteriormente, são apresentados aspectos gerais sobre a entrevista inicial e entrevista


com os pais, destacando-se a relevância da devolutiva no processo psicodiagnóstico e o laudo
psicológico. Conclui-se a necessidade em abordar esta discussão, especialmente na formação
do psicólogo, tendo em vista a importância do psicodiagnóstico para a Psicologia clínica ao
corresponder às demandas presentes no cenário psicoterapêutico.

Palavras-chave: Psicodiagnóstico, código de ética profissional, psicoterapia,


avaliação psicológica, entrevista inicial.

I
INTRODUÇÃO

O psicodiagnóstico pode ser compreendido como um procedimento de avaliação das


condições psicológicas de um indivíduo mediante uma abordagem teórico-metodológica. A
realização do mesmo implica num conhecimento orientado para a investigação de seres
humanos e supõe uma situação na qual está implícito um contrato entre a demanda pela
avaliação psicológica, de um lado, e a oferta do serviço, de outro (Cruz, 2001).

A partir dessas constatações e, com base na importância do psicodiagnóstico para a


ciência psicológica, pretende-se discutir nesse trabalho, os fundamentos centrais que norteiam
o Psicodiagnóstico, a partir de recursos utilizados na Psicologia clínica.

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ÉTICA – UMA DEFINIÇÃO FILOSÓFICA E ETIMOLÓGICA

A palavra portuguesa deriva de dois termos gregos muito semelhantes no seu


significado e pronúncia. Éthos significa hábito ou costume - entendidos, com uma certa
superficialidade, como maneira exterior de comportamento; êthos tem um significado mais
amplo e rico: o de lugar ou pátria onde habitualmente se vive e o carácter habitual (ou
maneira de ser ou até forma de pensar) da pessoa. Assim, o ético poderia traduzir-se por
modo ou forma de vida, no sentido mais profundo da palavra, compreendendo as disposições
do homem na vida, o seu carácter, costumes e, claro, também a moral.

O tema nuclear da Ética são os actos do ser humano, enquanto ser possuidor de razão a
Ética estuda o Bem e, assim, o seu objectivo é a virtude na condução da vida Heinemann
formula assim a questão central a que esperamos que a Ética responda:
 Que devo escolher?
 Há uma hierarquia de valores? Que espécie de homem devo ser? Que devo querer?
 Que devo fazer?"

Ser ético, é muito mais que um problema de costumes, de normas praticas. Supõe uma
boa conduta das acções, a felicidade pela acção realizada e a alegria da auto-aprovação
diante do bem feito, no dizer de Aristóteles.

Ao longo da história humana, vários pensadores e doutrinas escreveram e teorizaram


sobre Ética... Sem querer entrar na história da Ética ao longo do tempo, estas foram algumas
das doutrinas filosóficas e pensadores sobre Ética como: Sócrates, Platão e Aristóteles,
Estóicos e Epicuristas.

RESGATE HISTÓRICO DO PSICODIAGNÓSTICO E SUA CONCEPÇÃO

Ao final do século XIX, foram preponderantes os trabalhos de Galton, quem


introduziu o estudo das diferenças individuais, de Cattell, cujas primeiras provas mentais
foram denominadas como testes mentais e a Binet, quem propôs a utilização do exame
psicológico (por meio de medidas intelectuais), como co-participante da avaliação
pedagógica. A esses três autores é atribuída a paternidade do Psicodiagnóstico. Não obstante
se possa omitir, este derivou da Psicologia Clínica, introduzida por Lighter Witmer em 1896,
o qual surgiu sob a tradição médica (Cunha, 2000).

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O psicodiagnóstico é um capítulo dentro da avaliação psicológica, realizado com
propósitos clínicos e, portanto não abrange todos os modelos de avaliação psicológica das
diferenças individuais. Testagem é um método de avaliação psicológica. Psicodiagnóstico
pressupõe a utilização de outros instrumentos, além dos testes, para abordar os dados
psicológicos de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas. Para
Ocampo, o psicodiagnóstico é uma situação bi-pessoal, de duração limitada, cujo objetivo é
conseguir uma descrição e compreensão, o mais profunda e completa possível, da
personalidade total do paciente ou do grupo familiar. Enfatiza também a investigação de
algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as características da indicação.
Abrange os aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros (prognóstico) desta
personalidade, utilizando para alcançar tais objetivos certas técnicas.

Segundo Cunha (2000, p.19) “O Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica feita


com propósitos clínicos; portanto não abarca todos os modelos de avaliação psicológica de
diferenças individuais”.

O Psicodiagnóstico é uma atividade restrita aos psicólogos, que tem se tornado cada
vez mais útil à sociedade. Por ser uma das estratégias diagnóstica de avaliação psicológica
que faz uso de testes psicológicos, na prática do Psicodiagnóstico estão envolvidas algumas
questões que vem sendo discutidas na atualidade. Ao longo do tempo, O Psicodiagnóstico
sofreu grandes transformações na sua prática, e como resultado disso têm-se um modelo atual
de Psicodiagnóstico Clínico que está recuperando-se de uma época de crise, já que no passado
havia caído no descrédito pela maioria dos profissionais da saúde mental.

Uma das razões para esse descrédito pode estar relacionado as crescentes críticas
relacionadas ao uso dos testes psicológicos utilizados na avaliação clínica, ou seja, no
Psicodiagnóstico, pois, durante certo período as técnicas projetivas aplicadas no
Psicodiagnóstico com forte influência da Psicanálise apresentaram certo declínio no seu uso,
por problemas metodológicos e principalmente pela ênfase na interpretação intuitiva e
subjetiva das técnicas projetivas no processo de avaliação gerando um período crise nessa
área e descrédito de muitos profissionais .

Outra questão muito importante de ser discutida, refere-se a algumas questões que
envolveram a Avaliação Psicológica como um todo ao longo do tempo, que acabaram
repercutindo na prática do Psicodiagnóstico, pois ao longo do tempo tem surgido muitas

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críticas aos testes psicológicos, principalmente no que se refere: Ao mau uso dos testes
psicológicos, a validade dos testes psicológicos, e a elaboração de laudos psicológicos.

O mau uso dos testes psicológicos pelos profissionais é uma questão muito debatida na
atualidade, principalmente na prática de Avaliação Psicológica em vários âmbitos,
principalmente no contexto clínico. Para a discussão dessa problemática deve ser considerada
a influência da formação profissional recebida pelo profissional psicólogo durante a
graduação, que em muitos casos mostra-se deficiente quanto a metodologia de ensino. A
teoria e prática em muitos casos mostra-se insuficiente no contexto Universitário, muitas
Universidades não dispõem de docentes e pesquisadores capacitados para levar o
conhecimento necessário das técnicas de avaliação para o estudante , comprometendo assim a
qualidade de formação e o compromisso ético desse estudante que no futuro será um
profissional, que terá que lidar com a aplicação de testes e técnicas de avalição, desafios e
principalmente com a responsabilidade com o ser humano e o compromisso ético com os
seus clientes.

Em muitos casos, quando há docentes capacitados dentro da Universidade, há a falta


de infraestrutura necessária para a pesquisa e para práticas em avaliação psicológica. Outra
questão também a ser ressaltada, é que em muitos casos a fundamentação teórica é muito
limitada e insuficiente, não oferecendo aos alunos uma fundamentação teórica e técnica mais
ampla, que mostre as diversas possibilidades de diagnóstico e avaliação, para que no futuro
esse estudante seja um profissional que consiga lidar com questões e desafios, e vá de
encontro com a real necessidade e o contexto de cada paciente, com suas questões, medos e
anseios, de forma flexível e criativa.

Dessa forma, muitos docentes, acabam transmitindo um conhecimento em avaliação


psicológica, principalmente no âmbito da clínica, muito limitado, relacionado a mera
reprodução mecânica de utilização de testes e técnicas sem o questionamento e a articulação
necessária com as novas práticas e articulações da psicologia na atualidade.

Outra questão que também é alvo de discussões diz respeito a validade dos testes
psicológicos utilizados na avaliação psicológica, pois embora o Conselho Federal de
Psicologia (CFP) tenha criado em 1997 a câmara Interinstitucional de avaliação Psicológica,
com o objetivo de fazer um diagnóstico das condições de ensino na área, implantando um
Sistema de avaliação dos Testes Psicológicos usados no Brasil , ainda há alguns profissionais
que fazem uso de testes psicológicos desenvolvidos em outros países ou em outros contextos

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e que são apenas traduzidos para o português sem serem submetidos a estudos para validação
com amostras brasileiras, em Avaliação Psicológica, principalmente na clínica, na prática do
psicodiagnóstico . Essa é uma questão, que deve ser refletida por muitos profissionais que
utilizam dessa prática, considerada de risco que vai contra aos princípios éticos e aos direitos
dos sujeitos que são submetidos a testagem no processo de psicodiagnóstico.

Em relação a elaboração dos laudos psicológicos, último passo do processo de


psicodiagnóstico, tem se verificado que [...] “a elaboração de laudos psicológicos em muitos
casos apenas “rotulam” os sujeitos e repetem jargões psicológicos sem fundamentação
teórica”. Conforme descreve (PATTO 1998, citado por ARAÚJO, 2007).

Nesse sentido, é necessário fazermos uma reflexão crítica quanto aos aspectos éticos
implicados no Psicodiagnóstico. É preciso que os psicólogos assumam um compromisso ético
em relação ao outro, que está submetido em um processo de avaliação, muitos profissionais
psicólogos devem refletir quanto a sua postura de profissional e aos seus serviços prestados na
sua prática. A favor de quem estamos atuando? Será que não estamos ainda, apenas
reproduzindo um discurso reducionista que se preocupa apenas com a neutralidade e a
objetividade? Baseado em um modelo de avaliação classificatória? Em que medida estamos
contribuindo para o desenvolvimento de nossos clientes enquanto sujeitos? Será que o nosso
cliente é só aquele que possui uma “patologia”? Não estamos dando maior visibilidade a
patologia do que ao sujeito? Será que não estamos vendo o sujeito de forma isolada em seu
processo de vida? E as influências da dimensão social nesse sujeito? O contexto histórico ao
qual esse sujeito faz parte? E a sua cultura?

Todos esses questionamentos são pertinentes, tendo em vista que, na atualidade, a área
de Avaliação Psicológica, em diversos âmbitos, como é o caso da Avaliação Psicológica na
Clínica, por exemplo, tem demonstrado que novos fazeres são possíveis, havendo muitos
avanços nessa área, agregando o conhecimento técnico da área às considerações éticas e
políticas da prática em Psicologia. Há constantes mobilizações da categoria profissional,
muitos profissionais psicólogos e a sociedade têm lutado pela qualificação dos procedimentos
e instrumentos de avaliação, assim como, têm demonstrado grande preocupação com as
discussões voltadas para o processo de formação profissional dos psicólogos que realizam a
Avaliação Psicológica.

No processo de Psicodiagnóstico, deve-se partir de um levantamento prévio de


hipóteses que serão confirmadas ou não, através de passos pré-determinantes e com objetivos

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precisos. Sobre isto, é importante mencionar que podem surgir um ou vários objetivos,
dependendo dos motivos reais ou alegados contidos no encaminhamento. Tal processo é
limitado no tempo, mediante o contrato estabelecido entre psicólogo-paciente/responsável, na
medida em que seja firmado um plano de avaliação e, por conseguinte, uma estimativa do
tempo necessário de atendimento (número aproximado de sessões de exame). (Cunha, 2000).

Partindo para uma análise mais específica, Arcaro, Herzberg e Trinca (1999),
apontam sobre a perspectiva do psicodiagnóstico infantil, o qual entendem que:

Tem sido realizado através de um processo de estudo de caso. Em tal processo, são
efetuadas várias entrevistas com a criança e seus pais, para a coleta direta de dados
relativos à problemática apresentada. Além disso, é também aplicada uma série de
testes psicológicos na criança, com vistas a complementar as informações colhidas
diretamente através dos depoimentos apresentados nas entrevistas. Os testes
podem ser usados para detectar e analisar características e problemas de
personalidade do examinando, bem como suas condições intelectuais. (p.40).

Conforme já foi dito anteriormente, o processo de Psicodiagnóstico consiste ainda na


aplicação de testes psicológicos, técnicas projetivas e de entrevista, reportando ao âmbito
infantil na entrevista com os pais ou responsáveis da criança, além de estratégias científicas da
área, propostas pelo psicólogo a fim de realizar uma avaliação psicológica precisa.

A ENTREVISTA INICIAL

Conforme Ocampo e Arzeno (2009), a entrevista inicial é designada como uma


entrevista semi-dirigida, uma vez que o paciente possui a liberdade em expor seus conflitos
começando por onde preferir e incluindo o que desejar. No entanto, diferente da técnica de
entrevista totalmente livre, o entrevistador (ou no caso, psicoterapeuta), intervém quando o
paciente se mostra desconfortável em iniciar ou continuar um assunto; quando há uma
situação de bloqueio ou paralisação do entrevistado e para preencher “lacunas” ou fatos que
não ficaram claros na verbalização do entrevistado.

Esta técnica constitui-se como um complemento ao processo psicodiagnóstico e é


subdividida em três fases: inicialmente é tida como uma técnica diretiva, em que corresponde
à apresentação mútua, às questões contratuais e ao esclarecimento do enquadramento feito
pelo psicólogo. Num segundo momento, é trabalhada a técnica de entrevista livre, para que o
paciente possa expressar livremente o motivo de sua consulta ou queixa principal. E por fim,
no terceiro momento volta-se a aplicar a técnica diretiva, a fim de preencher as “lacunas”
(Ocampo & Arzeno, 2009).

De acordo com estas autoras, há objetivos que constituem a entrevista inicial, como: a
impressão inicial que nos desperta o paciente e se esta se altera no decorrer do processo
psicoterapêutico; as verbalizações que o cliente nos comunica, ou seja, o tom de voz, a forma

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de expressão, gestos verbais e não verbais e neste quesito observar se há congruência entre o
discurso trazido ou contradições presentes; planejamento dos testes; estabelecimento de um
bom rapport com o cliente, a fim de criar um clima favorável ao período de avaliação
psicológica; captar ainda, o processo de transferência e contratransferência que o paciente nos
provoca, entre outros objetivos presentes.

No que concerne esta entrevista inicial, Pinheiro (2007, p.144), enfatiza a importância
de delimitar a finalidade do primeiro encontro com o paciente, acordando com autoras
supracitadas:

Para o melhor aproveitamento da primeira entrevista é fundamental que o


terapeuta tenha clareza de seu objetivo naquele momento. É uma entrevista inicial
de atendimento individual, de casal, de família ou é uma entrevista de avaliação e
encaminhamento? É importante que o objetivo daquele encontro fique bem
explicitado também para seu cliente. Por exemplo, em casos de avaliação em uma
instituição é fundamental que isso seja clarificado para o cliente de forma a que ele
não se sinta frustrado ao final da sessão em suas expectativas de início de
atendimento imediato, quando não há previsão de atendê-lo prontamente.

Além das questões contratuais presumidas na entrevista inicial, é importante atentar


sobre o motivo manifesto e latente ou subjacente advindos neste período de avaliação
psicológica. Segundo Ocampo e Arzeno (2009), cabe ao psicoterapeuta saber discriminar
estes dois fenômenos no decorrer do atendimento clínico. É fundamental considerar a queixa
que motivou a procura pela Psicologia Clínica. Portanto, o motivo manifesto é aquele que
preocupa quem solicita a consulta, ou seja, preocupa ao ponto de perceber que não pode
resolver sozinho, uma situação e resolve pedir ajuda. Geralmente, o motivo manifesto é
acompanhado de sintomas que afligem o paciente, ou aqueles que convivem com ele, por sua
vez, é o motivo menos ansiógeno de ser dito ao psicólogo. Já o motivo latente, corresponde às
causas mais profundas, que em algumas vezes, podem estar em nível inconsciente no paciente
ou nos pais deste (em atendimentos clínicos infantis).

HORA DE JOGO DIAGNÓSTICA


Segundo Efron et al. (2009), a Hora de Jogo Diagnóstica constitui um recurso ou
instrumento técnico que o psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico que tem
como objetivo conhecer a realidade da criança que foi trazida à consulta. Esta técnica
instrumentaliza o psicoterapeuta a comunicar-se de maneira viável à criança para depois
conceituar a realidade que se apresenta a ela; uma vez que, a atividade lúdica é sua forma de
expressão própria, assim como a linguagem verbal o é no adulto.

De acordo com as autoras supracitadas, é conveniente salientar a diferença básica que


ha entre hora de jogo diagnóstica e a hora de jogo terapêutica. A primeira compreende um
processo que tem começo, desenvolvimento e um fim em si mesmo, atuando como uma

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unidade no processo psicodiagnóstico. A segunda refere-se à intervenção do psicólogo já no
processo de psicoterapia.
Cada hora de jogo diagnóstica representa uma experiência nova, tanto para a criança
quanto para o psicólogo; o que reporta ao estabelecimento de um vínculo transferencial breve,
cuja finalidade é o conhecimento e a compreensão da criança. (Efron et. al, 2009). Neste
sentido, Araújo (2007, p.135), complementa que “este procedimento consiste em uma
entrevista diagnóstica que tem como base o brincar livre e espontâneo da criança”.

DEVOLUTIVA NO PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

Sobre esta técnica de devolutiva, as autoras supracitadas consideram alguns objetivos


centrais: a transmissão da informação e a observação da resposta verbal e pré-verbal do
paciente e dos pais ante a recepção da mensagem do psicólogo. Além disto, pontuam sobre a
devolução de informação de maneira multifacetada: do ponto de vista do paciente, dos pais do
paciente e do psicólogo. Resumidamente, pode-se entender que sob o olhar da criança, a “falta
de devolução favorece o aparecimento de sentimentos de roubo, curiosidade, inveja, etc., cuja
elaboração não é sequer tentada, se o vínculo entre o psicólogo e o paciente acaba com o
último teste”. (Ocampo & Arzeno, 2009, p.317). No ponto de vista dos pais do paciente, a
devolutiva implica em amenizar possíveis fantasias no que se refere à problemática do filho,
reintegrar a imagem da criança, deles próprios e do grupo familiar. É importante atentar
novamente ao fato, de que são os pais os responsáveis pela concretização do tratamento, é por
esse motivo que a devolutiva constitui-se como fundamental técnica a ser utilizada no
processo psicodiagnóstico.
Em vista deste cenário, cabe ao psicólogo ter um bom domínio do que será transmitido
ao paciente na entrevista final. Sobre este aspecto, Marnat (como citado por Cunha, 2000)
observa que, muitas vezes, psicólogos competentes passam a dar uma grande quantidade de
informações desnecessárias ao paciente ao final do processo psicodiagnóstico. Portanto, para
evitar este tipo de situação, Ocampo e Arzeno (2009), apontam que o psicólogo deva estar
atento quanto à sequência do que será transmitido aos responsáveis da criança e ao paciente,
tendo o cuidado de partir daquilo que é menos ansiógeno para o mais ansiógeno, além de ser
pontual nas informações trazidas, ou seja, estruturar a entrevista final, tendo o cuidado de
transmitir aquilo que o paciente e seus responsáveis (no caso do atendimento clínico infantil),
devem ou não ter conhecimento na circunstância presente.
Outras recomendações que as autoras enfatizam, remetem a linguagem utilizada pelo
psicólogo, de maneira a ser mais apropriada ao paciente, além de ser fundamental que este
profissional saiba se expressar com clareza e faça reiteradas sínteses. Pode-se complementar
que a entrevista de devolução não precisa necessariamente ser a última entrevista. Pois, caso o
paciente ou os pais precisem de mais uma oportunidade para elaborar o que foi dito e
esclarecer suas dúvidas, há esta possibilidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram abordados os fundamentos centrais que norteiam o


Psicodiagnóstico, a partir de recursos utilizados na Psicologia Clínica. Com isto, fica claro
que este processo científico visa auxiliar o psicólogo a identificar forças e fraquezas na
estrutura psíquica do paciente e a diagnosticar possíveis psicopatologias. Além disso, o
psicodiagnóstico possibilita identificar e avaliar aspectos específicos, usados para
classificação do caso, apontamento de um possível prognóstico, e comunicação dos
resultados obtidos.

Com base no exposto deve-se considerar tal procedimento para a prática clínica
psicológica e a relevância de se abordar tal temática, principalmente na formação do
psicólogo. Há uma necessidade bastante pertinente no tocante ao aprofundamento dessas
questões na formação terapêutica, haja vista a importância do psicodiagnóstico para a
psicologia clínica. Ademais, salienta-se a demanda em dispor-se de meios eficientes que
promovam intervenções eficientes e adequadas à realidade social, tais como, instrumentos
psicológicos que atuem enquanto mediadores do contato entre o terapeuta com o mundo
interno dos pacientes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, M. de F. (2007). Estratégias de Diagnóstico e Avaliação Psicológica.


Psicologia: Teoria e Prática. São Paulo. v. 9, n.2, p.126-141.

Greenspan, S. I.; Greenspan, N. T. (1993). Entrevista Clínica com Crianças. Porto


Alegre: Artes Médicas.

Ocampo, M. L. S., Arzeno, M. E. G., Piccolo, E. G. & cols. (2009). O processo


psicodiagnóstico e as técnicas projetivas (11ª Ed.). São Paulo: Martins Fontes.

Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico V (5ª Edição). Porto Alegre: Artes Médicas.

Cruz, R. M. (2001). Psicodiagnóstico de síndromes dolorosas crônicas relacionadas ao


trabalho. Tese de doutorado não-publicada, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis.

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