Você está na página 1de 28

TEORIA E

PRÁTICA DA
ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL

PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA


INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

SUMÁRIO

1 PRÁTICA EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ............................................ 03

1.1 Na Educação Infantil .................................................................................. 07

1.2 No Ensino Fundamental e Ensino Médio ................................................... 10

2 AS INTERRELAÇÕES DO SOE ................................................................... 14

2.1 Junto às famílias ........................................................................................ 14

2.2 Junto aos alunos ........................................................................................ 16

2.3 Junto à comunidade ................................................................................... 18

2.4 Junto aos demais profissionais da educação ............................................. 20

3 O ORIENTADOR E O CURRICULO OCULTO ............................................. 23

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 26

2
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

1 PRÁTICA EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Antes tido como o responsável por encaminhar os estudantes


considerados problema a psicólogos, o Orientador Educacional ganhou uma
nova função, perdeu o antigo e pejorativo rótulo de delegado e hoje trabalha
para intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com
alunos com dificuldade de aprendizagem (ALMEIDA, 2009).

Regulamentado por decreto federal, o cargo é desempenhado por um


pedagogo especializado (nas redes públicas, sua presença é obrigatória de
acordo com leis municipais e estaduais). Enquanto o Coordenador Pedagógico
garante o cumprimento do planejamento e dá suporte formativo aos
educadores, o Orientador Educacional faz a ponte entre estudantes, docentes
e pais.

Para ter sucesso, precisa construir uma relação de confiança que


permita administrar os diferentes pontos de vista, ter a habilidade de negociar e
prever ações.

Na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais


da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em
seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para
compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada
em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta
pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais
e responsáveis.

De maneira geral, cabe ao Orientador Educacional:

 Contribuir para o desenvolvimento pessoal do aluno.

 Ajudar a escola a organizar e realizar a proposta pedagógica.

 Trabalhar em parceria com o professor para compreender o


comportamento dos alunos e agir de maneira adequada em relação a
eles.

 Ouvir, dialogar e dar orientações.


3
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Para falarmos do papel do Orientador Educacional ou Orientador Escolar


ou simplesmente Serviço de Orientação, de maneira mais didática optamos por
seguir dois caminhos: dividir as suas atribuições para o Ensino infantil, ensino
fundamental e ensino médio e analisar as relações existentes entre os diversos
atores (família, aluno, comunidade, demais profissionais e direção da escola).

Lembremos sempre que a Orientação Educacional é entendida como um


processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando integrada em todo o
currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve
desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos:
intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional.

Integrada com a Orientação Pedagógica e Docentes, a O.E. deverá ser


um processo cooperativo devendo

 mobilizar a escola, a família e a criança para a investigação coletiva da


realidade na qual todos estão inseridos;

 cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele,


auxiliando-o na tarefa de compreender o comportamento das classes e
dos alunos em particular;

 manter os professores informados quanto às atitudes do SOE junto aos


alunos, principalmente quando esta atitude tiver sido solicitada pelo
professor;

 esclarecer a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE;

 atrair os pais para a escola a fim de que nela participem como forca viva
e ativa;

 desenvolver trabalhos de integração: pais x escola,professores x pais e


pais x filhos;

 pressupor que a educação não é maturação espontânea, mas


intervenção direta ou indireta que possibilita a conquista da disciplina
intelectual e moral;

4
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 trabalhar preventivamente em relação a situações e


dificuldades,promovendo condições que favoreçam o desenvolvimento
do educando;

 organizar dados referentes aos alunos;- procurar captar a confiança e


cooperação dos educandos, ouvindo-os com paciência e atenção;

 ser firme quando necessário, sem intimidação, criando um clima de


cooperação na escola;

 desenvolver atividades de hábitos de estudo e organização;


tratar de assuntos atuais e de interesse dos alunos fazendo integração
junto às diversas disciplina.

Segundo Giacaglia e Penteado (2003), a Orientação Educacional é um


processo educativo que se desenvolve paralelamente ao processo de ensino –
aprendizagem. As atividades técnicas desse processo podem ser agrupadas
nas funções de: planejamento, coordenação, avaliação e assessoramento.

Nestas funções, segundo as autoras, podem ser definidas tanto as


atividades específicas que o Orientador Educacional irá exercer como aquelas
que serão desenvolvidas em parceria com os professores e outros
profissionais.

As autoras ressaltam, ainda, que o Orientador Educacional participa no


processo do Planejamento Curricular e na sua realização, bem como define e
faz pesquisas, participa na elaboração do plano da escola e elabora o Plano de
Atividades da Orientação Educacional, tendo em vista o trabalho em conjunto
com a Administração Escolar, Supervisão Pedagógica e outros setores
referentes à escola, as atividades em parceria da escola e da comunidade e as
atividades de integração da escola e da família. O planejamento e a elaboração
do plano escolar costumam ocorrer no final do ano letivo anterior ou no início
do ano em questão, dependendo do calendário de cada escola, e devem contar
com a participação de todos os profissionais que nela atuam.

5
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Participando do planejamento, e da caracterização da escola e


da comunidade, segundo as autoras (2003, p.15), o Orientador pode contribuir
para decisões que se referem ao processo educativo como um todo.
Constituem exemplos dessas decisões o currículo da escola, no que diz
respeito à inclusão de disciplinas e atividades extra classe; a distribuição das
diferentes séries no prédio e por período; a problemática da disciplina e o
código disciplinar; os critérios de avaliação e de atribuições de notas ou
conceitos; os cronogramas de atividades.

É importante que ele participe de todas as decisões de ordem técnica a


serem tomadas, em âmbito escolar, em função do seu preparo, de suas
funções e do seu conhecimento da escola, da comunidade e dos alunos,
visando um melhor atendimento à educação integral dos alunos.

Segundo Giacaglia e Penteado (2003) na coordenação, o Orientador


deve acompanhar o desenvolvimento do Currículo na parte que diz respeito ao
seu setor de trabalho, isto é, possibilitar a elaboração e o desenvolvimento dos
planos de ensino segundo os objetivos da sua área de trabalho, desenvolver
atividades especificas relacionadas ao seu campo, organizar arquivos de dados
pessoais de alunos que sejam necessários para uma melhor desenvoltura do
seu trabalho e desenvolver atividades educativas (visitas, festas, programas
preventivos a saúde, higiene e segurança, atividades culturais, entre outras).

Na avaliação, segundo Giacaglia e Penteado (2003, p. 34), é papel do


orientador educacional, adequar os resultados do processo ensino -
aprendizagem aos objetivos educacionais, identificar com os professores e com
a Supervisão Pedagógica as causas do baixo rendimento escolar dos
educandos, constatar os resultados do plano de atividades do setor ao qual
pertence, esclarecer para a comunidade e, em especial, para os pais dos
alunos, sobre os programas de ensino (o porquê e a importância do que se foi
trabalhado), estabelecer critérios para um bom desempenho dos outros setores
da instituição educacional e obter a produtividade da escola como um todo e
não de uma maneira isolada.

No assessoramento, o Orientador colabora com a supervisão


pedagógica durante o planejamento e a avaliação das suas atividades e auxilia

6
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

os professores na elaboração, na execução e avaliação dos seus programas


de ensino.

Segundo Giacaglia e Penteado (2003, p. 22), à medida que o Orientador


Educacional trabalha em determinada escola, por maior número de anos, sua
atuação irá se tornando cada vez mais precisa, valiosa e facilitada, por ter
adquirido uma visão mais ampla e profunda dos principais problemas e
dificuldades da mesma. Ele terá ainda, desenvolvido maior conhecimento da
comunidade, dos alunos, dos pais, dos professores e dos demais funcionários
bem como de suas características e anseios. Respeitados os aspectos éticos,
esse conhecimento será muito valioso para subsidiar as discussões que terão
lugar não só por ocasião do planejamento escolar, como também durante cada
ano letivo e nos anos subsequentes e, quando necessário, na tomada de
decisões de determinados alunos.

Além das atividades acima citadas, o Orientador elabora um plano


específico para o Serviço de Orientação Educacional. Esse plano é essencial
para nortear o seu trabalho, além de poder se constituir em fonte de consulta
pelos demais membros da equipe, para que possam saber como relacionar e
integrar a programação deles à do SOE – Serviço de Orientação Educacional.
É importante para o bom andamento das atividades escolares saber o que
esperar dos demais e quando, isto é, em que ocasião cada item do plano
estará sendo desenvolvido, como, por quem e por quanto tempo.

1.1 Na Educação Infantil

Cabral e Pimenta (2005) ressaltam que a Orientação Educacional, no


âmbito da Educação Infantil, pode ocorrer individualmente ou em grupos,
trabalhando questões referentes à formação global do indivíduo, no que tange
às questões de respeito, amor, fraternidade, dignidade, solidariedade,
responsabilidade, ética e outros valores fundamentais e essenciais, segundo as
autoras, para a convivência harmoniosa da pessoa humana.

Afirmam ainda, que a Orientação Educacional, na Educação Infantil,


deve buscar a integridade do ser, bem como cooperar com os professores no
7
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

sentido da boa execução dos trabalhos escolares realizados pelos alunos,


buscando imprimir segurança na execução dos trabalhos complementares e
velar para o estudo de forma prazerosa e constritiva, influenciando-o na
preparação para o exercício de cidadão crítico e participativo.

A área de atuação do Orientador Educacional na Educação infantil


destaca-se através de uma preocupação com o desenvolvimento psicomotor e
na preparação para a alfabetização, desenvolvendo a motivação nos alunos.
Bem como, o Orientador Educacional na Educação Infantil trabalha com os
alunos às questões de socialização, desenvolvimento de habilidades de
convívio, ecologia humana e educação sexual. Assim como desenvolve a
valorização do trabalho docente e com a identificação de profissionais
(CABRAL e PIMENTA, 2005).

Objetivos e atividades juntos aos professores na Educação Infantil:

 Treinamento de professores em observação e registro do


comportamento do aluno;

 Orientação e pesquisa sobre as causas do desajustamento e


aproveitamento deficiente do aluno;

 Assessorar os professores no planejamento de experiências


diversificadas que permitam ao aluno:

 Descobrir através da auto-avaliação e da execução de atividades,


suas dificuldades e facilidades;

 Descobrir o seu modo e ritmo de trabalho;

 Descobrir sua forma de relacionar-se com os colegas e


profissionais da escola;

 Fazer escolhas;

 Treinar a auto-avaliação;

 Recursos teóricos para interpretar os dados obtidos nas observações;


desenvolvimento de acordo com a faixa etária;

8
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 Pesquisa sobre as causas de desajustamento e aproveitamento


deficiente do aluno;

 Coleta e registro de dados de alunos através de observações,


questionários, entrevistas, reuniões de alunos, reuniões com pais.

 Desenvolver um trabalho de prevenção:

 Estudo sobre o rendimento dos alunos e tarefas educativas conjuntas


que levem ao alcance dos objetivos comuns;

 Sugerir direção da realização de estudos por profissionais


especializados a pais, alunos e professores;

 Avaliação dos resultados do processo ensino-aprendizagem,


adequando-os aos objetivos educacionais, assessorando e decidindo
junto com o professor e Conselho de Classe os casos de aprovação e
reprovação do aluno.

Objetivos e atividades junto aos alunos:

 Atendimentos individuais, sempre que for necessário para análise e


reflexão dos problemas encontrados em situações de classe, recreios,
desempenho escolar, pontualidade, cuidado com material de uso
comum, relacionamento com os colegas de classes e outros alunos do
colégio, respeito aos professores e funcionários;

 Atendimentos grupais sempre que for necessário para reflexão de


problemas citados acima ocorridas em situações de grupo.

Objetivos e atividades junto aos pais:

 Entrevista com os pais para troca de dados e informações acerca do


aluno;

 Propiciar aos pais o conhecimento de características do processo de


desenvolvimento psicológico da criança, bem como de suas
necessidades e condicionamentos sociais;

9
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 Refletir com os pais o desempenho dos seus filhos na escola e fornecer


as observações sobre a integração social do aluno na escola,
verificando variáveis externas que estejam interferindo no
comportamento do aluno, para estudar diretrizes comuns a serem
adotadas;

 A orientação familiar se fará através de reuniões individuais com os pais,


em pequenos grupos e nas reuniões bimestrais programadas constantes
do Calendário Escolar.

1.2 No Ensino Fundamental e Ensino Médio

A Orientação Educacional se propõe em ser um processo educacional


organizado, dinâmico e contínuo. Atua no educando, através de técnicas
adequadas às diferentes faixas etárias, com a finalidade de orientá-lo na sua
formação integral, levando-o ao conhecimento de si mesmo, de suas
capacidades e dificuldades oferecendo-lhe elementos para um ajustamento
harmonioso ao meio escolar e social em que vive.

Os objetivos específicos relacionados aos professores seriam:

 Assessorar o professor no acompanhamento e compreensão de sua


turma;

 Integrar-se às diversas disciplinas visando o desenvolvimento de um


trabalho comum e a formulação das habilidades didático-pedagógicas a
serem desenvolvidas com os alunos;

 Garantir a continuidade do trabalho;

 Avaliar e encaminhar as relações entre os alunos e a escola;

 Assessorar o professor na classificação de problemas relacionados com


os alunos, colegas, etc.;

 Desenvolver uma ação integrada com a coordenação pedagógica e os


professores visando a melhoria do rendimento escolar, por meio da
aquisição de bons hábitos de estudo.

10
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Em relação as atividades junto aos professores:

 Divulgação do perfil das classes;

 Organização de arquivos e fichas cumulativas;

 Proposição de estratégias comuns entre os professores, coordenação e


orientação;

 Análise junto a coordenação dos planejamentos das diversas disciplinas;

 Realização de atendimentos individuais e/ou grupo nas reuniões de


curso para receber ou fornecer informações necessárias dos alunos;

 Realização de atendimentos individuais no S. O. E. para fornecer ou


receber informações necessárias dos alunos;

 Análise e avaliação dos resultados quantitativos e qualitativos dos


alunos, das classes junto à coordenação para posterior
encaminhamentos;

 Participação nas reuniões de curso;

 Participação na preparação e realização dos Conselhos de classe;

 Participação nos eventos da escola;

 Organização e participação junto à coordenação das atividades


extracurriculares.

Objetivos específicos relacionados aos alunos:

 Orientação vocacional;

 Instrumentalizar o aluno para a organização eficiente do trabalho


escolar, tornando a aprendizagem mais eficaz;

 Identificar e assistir alunos que apresentam dificuldades de ajustamento


à escola, problemas de rendimento escolar e/ou outras - dificuldades
escolares;

 Acompanhar a vida escolar do aluno;

11
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 Assistir o aluno na análise de seu desempenho escolar e no


desenvolvimento de atitudes responsáveis em relação ao estudo;

 Promover atividades que levem o aluno a analisar, discutir, vivenciar e


desenvolver atitudes fundamentados na filosofia de valores;

 Promover atividades que levem o aluno a desenvolver a compreensão


dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da
família e dos demais grupos que compõem a comunidade e a cultura em
que vive o aluno;

 Despertar no aluno o respeito pelas diferenças individuais, o sentimento


de responsabilidade e confiança nos meios pacíficos para o
encaminhamento e solução dos problemas humanos;

 Promover atividades que levem o aluno a desenvolver a compreensão


dos valores, das implicações e das responsabilidades em relação à
dimensão afetiva e sexual do indivíduo de acordo com a filosofia da
escola e os valores da família;

 Identificar na escola, eventos esportivos, culturais e de lazer que


possam ser utilizados pelos alunos;

 Desenvolver atitudes de valorização do trabalho como meio de


realização pessoal e fator de desenvolvimento social;

 Levar o aluno a identificar suas potencialidades, características básicas


de personalidade e limitações preparando-o para futuras escolhas;

 Preparar o aluno para a escolha de representantes de classe e/ou


comissões;

 Preparar e acompanhar os representantes de classe para o exercício de


suas funções;

 Promover atividades que desenvolvam aspectos relativos a dificuldades


e /ou necessidades inerentes à faixa etária;

 Desenvolver o relacionamento interpessoal e hábitos de trabalho em


grupo.

12
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Atividades junto aos alunos:

 Realização de sessões de orientação com cada série, previamente


agendadas em calendário, onde o S.O.E. estará propondo temas
(textos, trabalhos em grupo, vídeo, informática, debates, atividades
extraclasse etc.) que vão ao encontro dos objetivos propostos e às
necessidades e interesses da faixa etária a ser trabalhada;

 Realização de reuniões com representantes de classe e/ou comissões;

 Participação dos eventos da escola (atividades extraclasse, jogos, festa


junina, encontros, viagens, etc.);

 Realização de atendimentos individuais e/ou pequenos grupos.

13
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

2 AS INTERRELAÇÕES DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL


(SOE)

2.1 Junto às famílias dos alunos

A Orientação Educacional Familiar, segundo Penteado (1976, p.102) é


desenvolvida devido à preocupação que as escolas possuem em relação ao
problema dos pais ausentes nas escolas, os quais não tomam conhecimento e
nem participam de algo que lhes diz respeito: a formação de seus filhos.

Desta forma, segundo Giacaglia e Penteado (2003, p. 57) além desta


preocupação aparente existente nas escolas, há também outro ponto que o
Orientador Educacional deve estar atento, que é a questão das expectativas
depositadas pelos pais na escola.

A criança, de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é


encarregada de prover os recursos necessários à sua sobrevivência; de
propiciar-lhe uma base afetiva; de dar-lhe assistência na área de saúde e de
ministrar-lhe os primeiros ensinamentos. Por sua vez, a instituição escolar está
incumbida de realizar a educação formal das crianças e jovens (GIACAGLIA e
PENTEADO, 2003, p. 57).

Partindo deste pressuposto, sabe-se que cada família possui


expectativas diferentes em relação ao papel desempenhado pela escola, e
vice-versa. Sendo assim, surge uma condição básica para que possam ser
cumpridas as finalidades educacionais, integrando estas duas instituições –
escola/família. A peça-chave dessa condição, segundo as autoras acima, é a
variante, ramificação que pode chamar de Orientador Familiar, papel este
desenvolvido pelo Orientador Educacional, conforme decreto que regulamenta
a sua profissão, no qual encontra-se que será exercido por ele em cooperação
com a família, cabendo ao orientador educacional participar no processo de
integração escola-família-comunidade.

Porém sabe-se que, atualmente, não é somente papel do orientador


educacional promover a integração família-escola-comunidade. Hoje, todos os
14
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

membros da instituição têm a incumbência de desempenhar esse importante


papel, o de promover a integração entre estas instituições – família-escola - tão
importantes para o desenvolvimento da criança e do jovem.

Giacaglia e Penteado (2003) ressaltam também que a atuação da escola


em relação ao aluno é bastante ampla e diversificada, não se atendo apenas
aos aspectos de aprendizagem de conteúdos escolares. São inúmeros os
aspectos, em que é necessário haver concordância de princípios e atuação
entre a família e a escola. Cabe ao orientador educacional trabalhar diversos
temas, entre eles, tudo o que se refere à execução das tarefas, às atividades
extracurriculares, à televisão, à mesada, à escolha da profissão, às drogas, à
aids, à orientação religiosa, à disciplina, ao namoro e outros, variando de
escola para escola, entre os que se tornem mais relevantes na ocasião e no
contexto, como por exemplo, características da comunidade, junto às famílias,
buscando sempre uma ação harmônica e integrada com ela.

Giacaglia e Penteado (2003) destacam ainda que, desde o primeiro


contato, os pais devem ser alertados sobre a importância de comunicarem à
orientação educacional da escola sobre novos eventos na família que possam
vir a interferir no aproveitamento escolar e no comportamento geral do aluno,
como o nascimento de um irmão, ciúmes, brigas no lar, alcoolismo, separação
ou divórcio dos pais, entre os inúmeros fatores que deverão ser tratados pelo
orientador educacional com máxima descrição e sigilo.

“Há escolas que vão mais além, abrindo sistematicamente suas portas à
comunidade, fora do horário das aulas, proporcionando oportunidades de
cursos os mais variados e de atividades de lazer” (GIACAGLIA; PENTEADO,
2003, p. 63).

Porém elas ressaltam que, apesar de não caber ao orientador


educacional a realização e supervisão dessas atividades, estas formam um
fator de maior entrosamento da escola com as famílias e com a comunidade,
aumentando as possibilidades de comunicação e apoio mútuo.

O orientador educacional é o profissional encarregado da articulação


entre escola e família, ou seja, criador de ambientes socioeducativos. Assim,
cabe a ele a tarefa de contribuir para a aproximação entre as duas, planejando
15
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

momentos culturais em que a família possa estar presente, junto com seus
filhos, na escola. Cabe também ao orientador educacional a tarefa de servir de
elo entre a situação escolar do aluno e a família, sempre visando a contribuir
para que o aluno possa aprender significativamente. A perspectiva de
orientação educacional que consideramos válida não se equipara ao trabalho
do psicólogo escolar, que tem dimensão terapêutica. O papel do orientador
com relação à família não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas
para tecer longas reclamações sobre o comportamento do filho e, sim, procurar
caminhos, junto com a família, para que o espaço escolar seja favorável ao
aluno. Não cabe ao orientador a tarefa de diagnosticar problemas e/ou
dificuldades emocionais ou psicológicas e, sim, que volte seu trabalho para os
aspectos saudáveis dos alunos (PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE,
2008).

2.2 Junto aos alunos

O orientador educacional e os alunos podem partir para a criação de


espaços de participação social e exercício da cidadania.

A visão contemporânea de orientação educacional aponta para o aluno


como centro da ação pedagógica, cabendo ao orientador atender a todos os
alunos em suas solicitações e expectativas, não restringindo a sua atenção
apenas aos alunos que apresentam problemas disciplinares ou dificuldades de
aprendizagem.

Mediador entre o aluno e o meio social, o orientador discute problemas


atuais, que fazem parte do contexto sociopolítico, econômico e cultural em que
vivemos. Assim, por meio da problematização, pode levar o aluno ao
estabelecimento de relações e ao desenvolvimento da consciência crítica.

Para poder exercer a contento a sua função, o orientador precisa


compreender o desenvolvimento cognitivo do aluno, sua afetividade, emoções,
sentimentos, valores, atitudes. Além disso, cabe a ele promover, entre os
alunos, atividades de discussão e informação sobre o mundo do trabalho,
assessorando-os no que se refere a assuntos que dizem respeito a escolhas.
16
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Todas as relações que se estabelecem no cotidiano escolar, em especial o


relacionamento com os colegas, podem receber inúmeras contribuições do
profissional orientador educacional (PASCOAL; HONORATO;
ALBUQUERQUE, 2008).

Giacaglia e Penteado (2003, p.107) comentam que, desde a Grécia


antiga, é ressaltada a importância de uma “mente sã num corpo sadio”. E é por
esta razão que são integradas no currículo escolar a programação, dentre
outras, das áreas de Educação Física e Educação Artística. Além de, segundo
as autoras, os alunos assumirem juntamente com seus pais ou responsáveis o
comprometimento em manter uma atividade esportiva dentre outras.

O papel do Orientador Educacional neste sentido seria o de orientar os


pais no âmbito de saber que atividades esportivas, culturais e de lazer
proporcionar aos filhos; com qual duração, periodicidade e respectivos
dispêndios de energia e dinheiro, além de saber se são ou não indicadas para
a idade escolar deles (GIACAGLIA; PENTEADO, 2003, p.107).

Quanto aos professores, segundo as autoras, o Orientador Educacional


buscará se integrar com estes, para que os alunos sejam orientados quanto ao
lazer. As autoras ressaltam, ainda, que o esporte é muito importante na vida da
criança e do adolescente sendo, ao mesmo tempo, uma forma de lazer e
educação.

Ao atuar em conjunto com os professores, principalmente com os das


áreas de Educação Física e Educação Artística, o Orientador Educacional
poderá colaborar para a identificação de talentos como, por exemplo, para o
esporte competitivo. Os jovens com habilidades especiais podem ser
encaminhados – desde que os pais queiram e consintam – às instituições
competentes, na comunidade, para que desenvolvam, em melhores condições,
esse talento. O mesmo deve ocorrer na área artística, dando ensejo a que
tenham espaço para manifestação e desenvolvimento, na escola, de suas
capacidades. Muitos profissionais de sucesso descobriram sua vocação no
âmbito escolar (GIACAGLIA; PENTEADO, 2003, p.108).

No que diz respeito às áreas de esportes, cultural e lazer, segundo as


autoras, o Orientador Educacional poderá fazer uso de diferentes estratégias,
17
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

como, palestras para pais e alunos, debates, orientação individual, discussão


com os alunos, competições entre as classes e/ou escolas, apresentação de
opções de lazer na escola e fora dela, ação conjunta com outros professores
nas suas respectivas especialidades e/ou com habilidades especiais nessas
áreas, entre outras inúmeras opções de atividades que podem instigar e
incentivar pais e alunos a desfrutarem do lazer para melhorar a qualidade de
vida.

2.3 Junto à comunidade

Compreender o modo de vida, os interesses, as aspirações, as


necessidades, as conquistas da comunidade é muito importante. Só assim será
possível o apoio da escola na luta da comunidade por melhores condições de
vida. Neste sentido, pode-se apontar que uma das tarefas do orientador
educacional é o conhecimento da comunidade e das situações que facilitam
sua vida, bem como as que a dificultam.

Como polo cultural, cabe à escola e, especificamente, ao orientador


educacional elevar o nível cultural dos membros da comunidade, propiciar
debates sobre temas de interesse, bem como de alunos, pais, professores,
envolvendo questões presentes no dia-a-dia. É fundamental que se estabeleça
um clima de constante diálogo entre ambas, uma vez que a escola deve estar
aberta à comunidade à qual pertence.

Como estratégia que pode colaborar para o bom andamento do trabalho


educativo, podemos citar a abertura da escola à comunidade, que nem sempre
é feita de forma tranquila, com afirma Vasconcellos (2002, p. 63):

Alguns diretores tratam os equipamentos da escola como se fossem


objetos pessoais, propriedades privadas; outros, ao contrário, estabelecem
relações de parceria com a comunidade e, com isto, não só passam a contar
com ela como elemento de apoio para as mudanças, como ainda obtêm
diminuição do vandalismo, da violência; os alunos se sentem acolhidos,
experimentam a escola como território aliado. Queremos deixar claro que
estamos nos referindo à abertura tanto no que diz respeito às instalações e
18
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

equipamentos, quanto, num sentido mais sutil, de se deixar sensibilizar pelas


exigências colocadas pela sociedade (PASCOAL; HONORATO;
ALBUQUERQUE, 2008).

Da mesma forma que se dá o trabalho do orientador educacional no que


se refere à comunidade, assim também o é no que se refere à sociedade. O
orientador educacional é o profissional da escola que, não tendo um currículo a
seguir, pode se organizar para trazer aos alunos os fatos sociais marcantes
que nos envolvem, bem como propor a participação em lutas maiores. A escola
não pode silenciar face às grandes questões que a mídia veicula diariamente.
Discutir a corrupção, os atos de terrorismo, a violência urbana e outras
situações presentes na sociedade brasileira e na mundial serão de grande
utilidade para os demais componentes curriculares.

De modo análogo, não só deve o orientador educacional levar a


sociedade para a escola, mas, também, como uma via de mão dupla, levar a
escola, suas conquistas e dificuldades para a sociedade (PASCOAL;
HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008).

Como membro do corpo gestor da escola, cabe ao orientador


educacional participar da construção coletiva de caminhos para a criação de
condições facilitadoras e desejáveis ao bom desenvolvimento do trabalho
pedagógico. É um profissional que participa de todos os momentos coletivos da
escola, na definição de seus rumos, na elaboração e na avaliação de sua
proposta pedagógica, nas reuniões do Conselho de Classe, oferecendo
subsídios para uma melhor avaliação do processo educacional.

Desta forma, é necessária a discussão sobre a natureza da vida escolar,


em que todos os integrantes da equipe pedagógica escolar “questionem
criticamente o currículo existente na escola, o currículo oculto, o aparelho
político em todos os níveis, a forma e o conteúdo dos textos escolares e as
condições de trabalho que caracterizam escolas específicas” (GIROUX, 1987,
p. 48 apud PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008).

O orientador, aliado aos demais profissionais da escola e a outros


pedagogos, pode contribuir muito para a organização e a dinamização do
processo educativo. É o que dizem Giacaglia e Penteado (2003, p. 15):
19
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

“participando do planejamento e da caracterização da escola e da comunidade,


o orientador educacional poderá contribuir, significativamente, para decisões
que se referem ao processo educativo como um todo”.

Cabe a ele integrar todos os segmentos que compõem a comunidade


escolar: direção, equipe técnica, professores, alunos, funcionários e famílias,
visando à construção de um espaço educativo ético e solidário.

Em que pesem as contribuições do profissional orientador educacional


ao processo educativo, muitas escolas, notadamente na rede escolar estadual
paulista, não têm mais esse profissional na equipe, o que significa que outro
profissional está acumulando as suas funções (PASCOAL; HONORATO;
ALBUQUERQUE, 2008).

Normalmente esse profissional é o coordenador pedagógico, que, além


de cumprir a sua extensa função junto aos professores, associa a ela a função
do orientador, resultando numa inadequação das duas.

2.4 Junto aos demais profissionais da educação

Com relação aos demais profissionais da escola, o Orientador


Educacional pode:

 Fornecer ficha de encaminhamento para o professor formalizar a


solicitação de acompanhamento dos alunos;

 Manter os professores informados quanto às atitudes e


acompanhamentos do S.O.E. junto aos alunos, principalmente quando
esta atitude for solicitada pelo professor;

 Cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele,


auxiliando-o na compreensão do comportamento das classes e dos
alunos em particular;

 Realizar intervenções pedagógicas junto à Coordenação, quando


necessário.

20
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico,


contínuo e sistemático, estando integrada em todo o currículo escolar sempre
encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e
equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral,
estético, político, educacional e vocacional.

Enfim, se integradas as áreas de Orientação Educacional e Docentes, o


processo de trabalho cooperativo passará por:

 Mobilizar a escola, família e criança para a investigação coletiva da


realidade na qual todos estão inseridos;

 Cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele,


auxiliando-o na tarefa de compreender o comportamento das classes e
dos alunos em particular;

 Manter os professores informados quanto às atitudes do SOE junto aos


alunos, principalmente quando esta atitude tiver sido solicitada pelo
professor;

 Esclarecer a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE;

 Atrair os pais para a escola a fim de que nela participem como força viva
e ativa;

 Desenvolver trabalhos de integração: pais x escola, professores x pais e


pais x filhos;

 Pressupor que a educação não é maturação espontânea, mas


intervenção direta ou indireta que possibilita a conquista da disciplina
intelectual e moral;

 Trabalhar preventivamente em relação a situações e dificuldades,


promovendo condições que favoreçam o desenvolvimento do educando;

 Organizar dados referentes aos alunos;

 Procurar captar a confiança e cooperação dos educandos, ouvindo-os


com paciência e atenção;

21
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 Ser firme quando necessário, sem intimidação, criando um clima de


cooperação na escola;

 Desenvolver atividades de hábitos de estudo e organização;

 Tratar de assuntos atuais e de interesse dos alunos fazendo integração


junto às diversas disciplinas;

22
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

3 O ORIENTADOR E O CURRÍCULO OCULTO

Em entrevista a Revista Nova Escola, abril de 2009, a psicoeducadora


Catarina Iavelberg discorre reflexivamente sobre as questões do Orientador
Educacional frente o currículo oculto e acreditamos ser pertinente levá-los a
refletir sobre essa questão.

A orientação educacional tem o compromisso de auxiliar a escola em


sua função socializadora, criando ou reformulando ações pedagógico-
educacionais e favorecendo a articulação de valores que resultem em atitudes
éticas no âmbito do convívio social. Ainda que a instituição não conte com um
cargo específico para essa função, suas atribuições precisam ser realizadas no
dia-a-dia.

Como esse campo se ocupa em desenvolver estratégias para a


aprendizagem dos conteúdos atitudinais, um dos papéis mais importantes do
orientador é gerenciar o currículo oculto. A maior parte dos problemas
tradicionalmente enviados para a sala dele (exclusão de sala de aula, furto,
briga, bullying, mau uso dos espaços coletivos, cola em provas, plágio de
trabalho, atitude de desrespeito ao professor) está vinculada a esses
“conteúdos” que são ensinados e aprendidos de forma não explícita nas
relações interpessoais que se constroem na escola.

Trata-se de um equívoco acreditar que esse educador deva se ocupar


exclusivamente dos alunos (em especial os tidos como indisciplinados e os que
têm baixo rendimento) e de suas famílias. Infelizmente, ainda existem escolas
que trabalham nessa perspectiva antiquada e psicologizante, que posiciona o
orientador educacional como alguém destinado a abafar (e não resolver) os
conflitos na base da mediação com estudantes, pais e professores. Esse modo
de atuar, eticamente ineficaz, faz com que esse profissional muitas vezes se
sinta como um bombeiro, que todos os dias apaga incêndios e deixa brasas
pelo caminho.

23
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Fechado numa sala geralmente distante dos espaços onde o currículo


oculto se manifesta, ele acaba brincando de investigador de polícia, juiz ou
psicólogo clínico. Alguns ficam constrangidos por terem de atuar assim. Mas há
os que exercitam com satisfação esses pequenos poderes (IAVELBERG,
2009).

Uma abordagem contemporânea do trabalho compreende outras


competências para o orientador educacional. Ele deve ter certo distanciamento
da demanda aparente (queixa) para promover uma escuta analítica que o leve
a identificar os agentes, os valores e os conflitos nela envolvidos. Também está
sob sua responsabilidade desencadear ações que ampliem o diálogo e a
compreensão entre os protagonistas da comunidade, sem jamais negar a
natureza dos conflitos.

O exercício dessas competências só é possível quando o orientador


educacional deixa a rotina de sua sala e se insere em outros espaços para
procurar e explicitar os elementos do currículo oculto. As ações serão eficazes
quando contribuírem para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem,
o que requer a interlocução com a equipe docente e o entendimento do sujeito
como um ser histórico, crítico e social. Embora o orientador educacional não
seja um especialista nas didáticas – essa é a especialidade do coordenador
pedagógico –, ele deve ser capaz de identificar se a ação docente está de
acordo com os princípios que norteiam o projeto pedagógico da escola.

É imprescindível sua participação nos momentos de formação dos


professores, desenvolvendo estratégias para problematizar o convívio e as
relações entre as pessoas. Trata-se de promover coletivamente o abandono do
discurso pessimista e paralisador do fracasso da escola e do aluno e debruçar-
se sobre os obstáculos que precisam ser superados. Existem diversos
aspectos que compõem uma boa parceria entre o educacional e o pedagógico.

A seguir, alguns exemplos:

 Compartilhar as observações do cotidiano escolar que ajudem a


descobrir os aspectos do currículo oculto.

24
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

 Problematizar temas relacionados à qualidade do convívio, tais como


valores, uso do espaço coletivo, furtos, violência, questões de gênero,
preconceito, etc.

 Refletir sobre a formação ética do sujeito social por meio da análise dos
temas transversais nas diversas disciplinas e da seleção dos temas
sociais complexos e o momento mais apropriado para introduzi-los em
situações de aprendizagem.

 Investigar a escola sob novos paradigmas, entrando em contato com a


produção de teóricos da ciência, da sociologia e da psicologia da
Educação.

 Compreender as características da diversidade da família moderna e


seus impactos na Educação.

 Informar-se sobre as principais características dos alunos com


necessidades educativas especiais e como garantir a socialização e a
aprendizagem.

 Construir acordos educativos coletivos que comuniquem o resultado da


reflexão da instituição sobre as práticas e sirvam de parâmetros para
futuras ações.

A integração do educacional com o pedagógico só funciona nas escolas


que acreditam e apostam na troca de experiências e saberes, com o apoio
institucional necessário e a adesão de gestores e docentes que não temem
buscar oportunidades para propiciar o desenvolvimento de suas competências
profissionais (IAVELBERG, 2009).

Um dos principais papéis do orientador educacional é fazer uma escuta


atenta das relações interpessoais construídas no cotidiano, ajudando a revelar
o currículo oculto que se produz e reproduz nos diversos ambientes de
aprendizagem.

Enfim, a atuação desse profissional se potencializa quando está


integrada ao trabalho da equipe pedagógica.

25
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS

ALMEIDA, Daniela. Orientador Educacional: o mediador da escola. Revista


Nova Escola, edição 220, março, 2009. Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/orientador-
educacional/mediador-escola-427372.shtml> Acesso em: 23 jun. 2010.

CABRAL, Adriana Alvez. PIMENTA, Izabel Nunes. Serviço de Orientação


Educacional (2005). Disponível em <http://www.jmj-bsb.com.br> Acesso em:
23 jun. 2010.

CARREIRA. Orientação Educacional. São Paulo: Edição nº. 16 de Março de


2003. Disponível em
<http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/160mar03/html/carreira> Acesso
em: 23 jun. 2010.

FELTRAN, Regina Célia de Santis. Orientação educacional na pré-escola.


Campinas, SP: Papirus, 1990.

GIACAGLIA Lia Renata Angelini, PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação


educacional na prática: princípios, técnicas, instrumentos. São Paulo, SP:
Pioneira Educação, 2000, 2003.

IAVELBERG, Catarina. Currículo oculto. Revista Nova Escola online. Edição


n. 1, abril, 2009. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestao-
escolar/orientador-educacional/curriculo-oculto-468655.shtml> Acesso em: 24
jun. 2010.

KUHLMANN JÚNIOR, Moysés. Trajetórias das Concepções de Educação


Infantil. Disponível em http://www.omep.org.br/artigos/palestras/05.pdf Acesso
em: 23 jun. 2010.

MAIA, E. M e GARCIA, R. L. Uma orientação educacional nova para uma


nova escola. São Paulo: Loyola,1990.

MARTINS, José do Prado. Princípios e Métodos de Orientação


Educacional. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1992.

MIALARET, Gaston. A Educação pré-escolar no mundo. Lisboa: Moraes


Editores, 1976.

26
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

PASCOAL, Miriam; HONORATO, Eliane Costa; ALBUQUERQUE, Fabiana


Aparecida de. O orientador educacional no Brasil. Educ. rev. [online]. 2008,
n.47, pp. 101-120. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/n47/06.pdf>
Acesso em: 23 jun. 2010.

PENTEADO, Wilma M. A. (org.). Fundamentos de Orientação Educacional.


São Paulo: EPU, 1976.

VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto


político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

27
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEORIA E PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

28
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521

Você também pode gostar