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Orientação pedagógica: objetos de estudo, formação e atuação

Profª. Daniela Pereira Vasques

Descrição

Orientação Pedagógica, aspectos fundamentais sobre objetos de


estudo, formação e área de atuação na contemporaneidade.

Propósito

Compreender o papel do orientador pedagógico e sua atuação na


relação aluno-escola-família.

Preparação

Antes de iniciar seu estudo, pesquise as leis que fizeram a história da


Orientação Educacional no país, em especial o Decreto nº 72.846, de 26
de setembro de 1973, que regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de
dezembro de 1968, que provê sobre o exercício da profissão de
orientador educacional. É muito interessante que você conheça a
legislação que regulamenta a profissão de orientador educacional. Outra
lei importante que deve ser sempre consultada é a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, que embasa a Educação no país (Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996). Por fim, tenha sempre à vista o
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13 de julho de
1990), que serve de referência sobre os direitos e deveres de crianças e
adolescentes, o maior público da Educação Básica.
Objetivos

Módulo 1

Orientação pedagógica: objetos de estudo

Reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da Orientação


Pedagógica.

Módulo 2

Orientador Educacional: formação


profissional

Identificar a formação necessária para o exercício profissional da


Orientação Educacional.

Módulo 3

Orientação e os desafios profissionais

Reconhecer a dimensão e importância da atuação do orientador


educacional.

Introdução
A Orientação Educacional é uma profissão reconhecida e
regulamentada pelos órgãos oficiais. Mesmo assim, essa função
muitas vezes inexiste nas escolas do país. Sua atuação é de
extrema importância, que media as relações entre aluno-família-
comunidade escolar. Deve ter o foco na formação integral do aluno,
inclusive com vistas ao mundo do trabalho. O orientador
educacional deve ter um olhar atento para perceber e identificar os
problemas psicossociais que podem estar afetando os alunos,
influenciando-os em seu processo de aprendizagem, e fazer os
encaminhamentos necessários aos órgãos oficiais, quando for o
caso. Deve também ter esse mesmo olhar para orientar e auxiliar
os docentes quando o aluno encontrar dificuldades, despertando-
os para uma ação mais coerente com os momentos de dificuldades
e/ou problemas não diagnosticados dos discentes.

Por todo o exposto, veremos neste conteúdo qual o objeto de


estudo desses profissionais e como eles se relacionam. Em
seguida, veremos também como a Orientação Educacional se
desenvolveu no país e qual a formação necessária para ser um
orientador, afinal, estamos abordando uma profissão reconhecida e
regulamentada. Por fim, abordaremos um pouco sobre a prática do
orientador educacional e o que efetivamente ele encontra no dia a
dia de sua profissão.

1 - Orientação pedagógica: objetos de estudo


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da
Orientação Pedagógica.

Orientação pedagógica: objeto de


estudo
Antes de entrar definitivamente no conteúdo, há que se fazer um
esclarecimento necessário para a perfeita compreensão do tema.
Orientação Pedagógica ou Orientação Educacional? É a mesma coisa? E
Coordenação Pedagógica? Ainda hoje existe alguma confusão em
relação à nomenclatura e isso pode gerar complicações. Sistemas
educacionais diferentes podem adotar terminologias diferentes, mas
faz-se necessário esclarecer qual a função de cada uma delas
especificamente.

Qual a diferença entre Orientação Pedagógica,


Orientação Educacional e Coordenação
Pedagógica?

Cada unidade escolar, independentemente da rede educacional a qual


pertença, por exemplo, escolas públicas ou privadas, deve possuir um
Projeto Político Pedagógico (PPP) que serve como diretriz daquela
unidade.

O PPP é a Constituição da escola.

Esse documento deve refletir as diretrizes norteadoras bem como os


valores daquela instituição. Tal documento deve ser constantemente
revisado e atualizado por toda a equipe da unidade escolar, pois é o
resultado de uma construção coletiva, democrática e participativa. Para
que isso de fato aconteça, esse documento deve apresentar três pilares:

Proposta curricular

A proposta curricular deve especificar o que e como se ensina, as


formas de avaliação de aprendizagem adotadas, a organização
do tempo, do espaço e dos recursos humanos da unidade
escolar.

Formação de professores

A formação de professores deve estabelecer como a equipe vai


se organizar para atender às necessidades originadas a partir do
processo educativo.

Gestão administrativa
A gestão administrativa deve viabilizar tudo para que os demais
pilares funcionem a contento.

Em um modelo ideal de Projeto Político Pedagógico, as funções dos


cargos da equipe diretiva (ou gestora) e técnico-administrativa devem
estar bem estabelecidas. Assim, dentro da equipe diretiva se encontram
as funções de coordenador pedagógico e orientador educacional ou
orientador pedagógico.

Mas qual a diferença entre eles?

Coordenador pedagógico expand_more

O coordenador pedagógico deve ser um mediador entre o


currículo e os professores. Deve ter boa capacidade de
comunicação com a equipe docente para orientá-la quanto às
propostas curriculares, em consonância com as diretrizes
pedagógicas e socioculturais da unidade escolar.

Orientador educacional expand_more

O orientador educacional é o profissional responsável pela


formação cidadã dos alunos. É ele quem deve zelar pelo
desenvolvimento pessoal de cada aluno, apoiando-os em sua
formação integral, moral e ética. Deve auxiliar no
desenvolvimento do projeto pedagógico da escola, com foco no
desenvolvimento integral do aluno. Por ter uma relação direta
com os discentes, o orientador educacional deve estabelecer
uma relação próxima com o corpo docente da escola, a fim de
acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos,
identificando suas dificuldades e barreiras. Assim, o professor
deve se ocupar do currículo enquanto o orientador educacional
deve se ocupar de conteúdos atitudinais, também conhecido
como currículo oculto.

Orientador pedagógico expand_more

A ação relativa ao cotidiano de mediação pedagógica escolar


entre a equipe gestora e sua ponte com a equipe pedagógica é a
função típica do orientador pedagógico. Como já dissemos,
algumas as escolas tem todas as funções, mas não é incomum
a acumulação.

Neste material vamos lidar com este coletivo de funções, entendendo


seus papeis e atuações no ambiente escolar.

Comentário
Em muitas unidades escolares, por não ter um profissional de
Orientação Educacional em seu quadro, essa função acaba recaindo
sobre o coordenador pedagógico de forma incorreta. Contudo, para se
assumir a função de coordenador pedagógico, o professor não precisa
ter nenhuma formação específica além da graduação que ele já possui.
Já o orientador educacional precisa ter formação específica, assunto
que abordaremos mais adiante.

Agora que já esclarecemos a diferença entre as funções pedagógicas


dentro da equipe técnico-administrativa da escola, vamos nos
aprofundar na função da Orientação Educacional.

A Orientação Educacional e seu


objeto de estudo
Como vimos, o orientador educacional é extremamente importante no
processo educacional, pois seu principal foco é a formação integral do
aluno, e esse processo ocorre na relação com toda a comunidade
escolar. Sobre a Orientação Educacional, Martins (1984) afirma que:

A Orientação Educacional (OE) é um


processo organizado e permanente que
existe na escola. Ela busca a formação
integral dos educandos (esse processo é
apreciado em todos seus aspectos, tido
como capaz de aperfeiçoamento e
realização), por meio de conhecimentos
científicos e métodos técnicos. A Orientação
Educacional é um sistema em que se dá por
meio da relação de ajuda entre orientador,
aluno e demais segmentos da escola;
resultado de uma relação entre pessoas,
realizada de maneira organizada que acaba
por despertar no educando oportunidades
para amadurecer, fazer escolhas, se
autoconhecer e assumir responsabilidades.

(MARTINS, 1984, p. 97)

Para desenvolver bem seu trabalho, é importante que o orientador


educacional conheça a realidade em que a escola está inserida, bem
como a realidade de seus alunos. Isso porque sabemos que o processo
de aprendizagem é influenciado por essas características e experiências
vividas pelos alunos.

Há alguns anos, acreditava-se que a aprendizagem acontecia somente


dentro da escola. Hoje sabemos que vários outros campos da vida do
estudante influenciam nesse processo, como família, trabalho, meios de
comunicação, sociedade etc.

Diante de muitos problemas que acabam respingando na escola, mas


que muitas vezes não são dela, o orientador educacional tem sido cada
vez mais requisitado e, por que não dizer, imprescindível na unidade
escolar. Problemas como conflito nas relações familiares, indisciplina,
dificuldade de aprendizagem pelos mais diversos motivos, entre outros,
influenciam diretamente a formação do aluno. Como vimos, o objetivo
da ação do orientador educacional reside no desenvolvimento integral
do aluno e, para isso, ele deve ter em mente sua ação mediadora entre
todos os membros da comunidade escolar e a sociedade, mas nem
sempre foi assim.

A Orientação Educacional acompanha as mudanças


ocorridas na Educação.

Durante muito tempo, acreditou-se que a escola tinha a função de


ensinar, e o aluno correspondia com sua função de aprender.

Mas, se nessa lógica Dentro desse contexto,


algo desse errado, a aparecia a função do
responsabilidade recaía orientador, ou seja, ele
toda sobre o aluno, ou seria o profissional
seja, a falha era do responsável por
aluno, e não da escola acompanhar esse aluno
nem do professor. close e descobrir o que o
Assim, acreditava-se estava impedindo de
que o aluno precisaria cumprir sua função.
de um Esperava-se, portanto,
acompanhamento mais que esse profissional
próximo para sanar o fosse capaz de adequar
problema que o estava o aluno ao sistema.
impedindo de aprender.

Com o passar do tempo, a Educação foi mudando e sofrendo influência


de várias instâncias da sociedade, principalmente da comunicação e
das mídias sociais. Com isso, o aluno agora se percebe como sujeito de
sua própria história e responsável por seu processo de formação.

E a Orientação Educacional acompanha essa evolução, ampliando


significativamente sua área de atuação, respeitando o senso comum,
prezando pelo conhecimento científico e reconhecendo que sua atuação
só é possível graças a uma teoria pedagógica que lhe possibilita
desenvolver sua ação pedagógica (GRINSPUN, 2002). Segundo Grinspun
(2008), a teoria corresponde ao pensamento, a partir de determinados
pressupostos, enquanto a prática corresponde a ações e resultados
alcançados.

Existem muitas maneiras de compreender essa relação entre teoria e


prática. Para Grinspun, referência nacional quando se trata de
Orientação Educacional, o educador deve considerar essa relação de
três diferentes formas.

looks_one
Na primeira, o educador deve estudar a teoria para depois efetuar sua
prática.

looks_two
Na segunda, a prática está relacionada à aplicação da teoria
pedagógica, a partir de estudos realizados e práticas relatadas.

looks_3
Na terceira, há uma integração entre teoria e prática. Nessa última, o
educador deve desenvolver uma práxis criadora, onde teoria
(pensamento) e prática (ação) se tornam uma só, presentes no
processo de aprendizagem.

A evolução da Educação e a
Orientação Educacional nesse
processo
Retomando um pouco essa questão da evolução da Educação, vale a
pena fazer um breve retrospecto, pois isso caracteriza exatamente a
essência do objeto da Orientação Educacional atualmente.

Grinspun (2012) entende que cada linha teórica definiu, a seu tempo, o
objeto e a ação do orientador dentro da unidade escolar.

Libâneo (2018) destaca essas tendências educacionais


correlacionando-as com as teorias críticas e não críticas da Educação.

Segundo os autores, na educação tradicional, o problema ou a


dificuldade da aprendizagem é sempre relacionado ao aluno,
desprezando as variáveis que podem interferir nesse processo. A
orientação, então, é vista com um viés terapêutico e psicológico, cujo
objetivo é adequar esses alunos “problemáticos” ao modelo desejado
pela família, escola e sociedade.

menu_book Na educação renovada, o orientador é visto como o


profissional responsável pelo desenvolvimento
cognitivo dos alunos a partir de testes específicos,
de modo individualista e afetivo, buscando facilitar
as mudanças.
menu_book Na educação tecnicista, com sua ênfase nas
técnicas, o orientador deve identificar aptidões nos
alunos, direcionado para o mercado de trabalho.

menu_book Na educação libertária, a principal função do


orientador educacional é assessorar o professor
junto aos alunos. A Orientação Educacional está
envolvida nas discussões sobre formas e relações
de poder com as classes trabalhadoras,
contribuindo para uma formação consciente de sua
participação na sociedade.

menu_book Na educação libertadora, a principal função do


orientador é levar os alunos a se perceberem como
sujeitos históricos. Questionar a relação do homem
com a natureza e com seu semelhante, buscando
uma transformação, era o objetivo da Orientação
Educacional nesse período. Docente e discente são
sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, a
partir de uma perspectiva política, constituindo,
assim, um fundamento da Educação.

menu_book Na educação crítico-social dos conteúdos, a


Educação deve preparar o aluno para o mundo e
suas contradições, por meio de conteúdos e
socialização. Assim, a função da Orientação
Educacional nesse período era valorizar as
experiências do aluno, conduzindo-o na busca por
sua autonomia, auxiliando-o na compreensão de
realidades sociais como sujeito de sua história.
menu_book A educação construtivista acredita que todo
conhecimento se origina de uma prática social,
como uma construção coletiva. Dessa forma, a
Orientação Educacional teria como função
promover meios para que o aluno possa adquirir
conhecimento.

É possível concluir que a Orientação Educacional acompanhou a


evolução teórico-prática da Educação, sempre com foco no aluno e sua
relação com o conhecimento e a aprendizagem, sendo esse seu
principal objeto de estudo. Atualmente, a Orientação Educacional tem
como foco a dimensão coletiva que favorece o desenvolvimento integral
do aluno.

Dessa forma, o principal objeto de estudo do orientador educacional


reside nas relações entre o homem, a natureza, o mundo do trabalho, a
escola, a sociedade e a vida, ou seja, todas as relações que permeiam a
vida dos discentes. Em outras palavras, o orientador educacional da
atualidade deve ter suas ações direcionadas para a integração entre
teoria e prática, abarcando os aspectos cognitivos, partindo do cotidiano
escolar para a realidade do aluno.

Concluímos este módulo ressaltando que a razão de ser da escola e da


própria educação é o aluno, sendo este o centro dos estudos da
orientação educacional.

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Entre a teoria e a prática
Neste vídeo, o professor Rodrigo Rainha desenvolve o assunto
estudado, abordando os principais tópicos do conteúdo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos afirmar que atualmente o principal objetivo da ação da


Orientação Educacional deve ser

A o desenvolvimento integral do aluno.

o atendimento exclusivo aos alunos considerados


B
problemáticos na escola.

a investigação sobre as causas psicológicas e/ou


sociais que impedem o correto desenvolvimento da
C
aprendizagem do aluno, emitindo laudo e
encaminhando-o para os profissionais adequados.

adequar e enquadrar o aluno ao sistema


D
educacional vigente.

o atendimento aos professores, orientando-os sobre


as dificuldades dos alunos com problemas de
E
aprendizagem e dando sugestões de como agir em
sala de aula com esses alunos.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Ao longo da história da Orientação Educacional no país, ela teve


diversos objetivos, de acordo com cada momento histórico.
Atualmente, como uma evolução histórica, entende-se que a
Orientação Educacional atua sempre em relação com toda a
comunidade escolar, resguardando os direitos discentes e
protegendo-os de tudo aquilo que for identificável que possa
atrapalhar seu processo de aprendizagem. Por isso essa atuação
tão ampla da Orientação Educacional.

Questão 2

Ao realizar uma abordagem das tendências pedagógicas, Libâneo


afirma que determinada tendência entende que a Orientação
Educacional teria como função principal a valorização das
experiências do aluno, favorecendo o protagonismo e colocando-o
como autor da própria história. Essa descrição se refere à qual
tendência educacional?

A Educação renovada.

B Educação libertária.

C Educação libertadora.

D Educação construtivista.

E Educação crítico-social dos conteúdos.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A tendência educacional educação crítico-social dos conteúdos


defende a preparação dos alunos para o mundo que os espera, com
suas dificuldades e contradições, a partir da socialização e dos
conteúdos. Dessa forma, nessa tendência, o papel da Orientação
Educacional deve ser o de valorizar as experiências dos alunos,
auxiliando-os na busca de sua autonomia e colocando-os como
protagonistas de suas próprias histórias.
2 - Orientador Educacional: formação profissional
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a formação necessária para o exercício
profissional da Orientação Educacional.

Orientação pedagógica: formação


Como vimos no módulo anterior, o orientador educacional é um
profissional integrante da equipe de gestão da unidade escolar. Ele é
integrante do grupo de profissionais do magistério, embora sua função
muitas vezes se relacione com outros grupos que podem ou não atuar
na escola, como psicólogos, assistentes sociais etc. Sua ação está
diretamente relacionada com os alunos, com sua formação integral.
Mas para que possa exercer a contento essa função, ele também
precisa estabelecer relações de parceria com:

Os professores, a fim de conhecer o comportamento dos alunos para


ajudá-los adequadamente, com a escola para auxiliar no
desenvolvimento da proposta pedagógica.

A comunidade, especialmente com os pais, numa relação dialógica, com


o objetivo final de ajudar o desenvolvimento dos alunos.

Historicamente, os cursos de Pedagogia são os responsáveis por


formar profissionais ligados ao exercício de funções inerentes à gestão
educacional:
Administradores escolares
Orientadores educacionais
Supervisores de ensino

Origem da Orientação Educacional


A Orientação Educacional teve origem, segundo Pimenta (1988), na
década de 1930, nos Estados Unidos, com foco na orientação
profissional. No Brasil, de acordo com Grinspun (2012), a Orientação
Educacional aparece na década de 1940 também com um foco na ajuda
ao adolescente em suas escolhas profissionais. Destacamos que a
primeira menção que se faz no país ao cargo de orientador de
estabelecimentos de ensino público ocorreu a partir do Decreto nº
17.698, de 1947, referente às escolas técnicas e industriais.

Segundo Grinspun (2012), o desenvolvimento da Orientação


Educacional no Brasil pode se caracterizar por um processo histórico. A
autora sugere seis períodos distintos desse desenvolvimento. Vamos
conhecê-los?

menu_book Período Implementador (1920-1941)

É nesse período que a Orientação Educacional


começa a aparecer no cenário brasileiro. Nesse
primeiro momento, ela é associada à formação
profissional, com foco em seleção e escolha
profissional.

menu_book Período Institucional (1942-1960)

Nesse período, acontece a exigência legal da


Orientação Educacional nas unidades escolares.
Segundo Pimenta (1988), as Leis Orgânicas do
Ensino referentes ao período de 1942 a 1946 fazem
alusão à Orientação Educacional. Nessa época, não
havia cursos especiais de orientação educacional, o
que levou ao preenchimento dos cargos pelos

h d "té i d d ã " it
chamados "técnicos de educação", muitas vezes
selecionados por critérios duvidosos.

menu_book Período Transformador (1961-1970)

Com a promulgação da Lei nº 4.024, de 20 de


dezembro de 1961, a Orientação aparece com
caráter educativo. Nesse período, também ocorre a
exigência de profissionalização dos profissionais
que atuam nessa área, a partir da promulgação da
Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968. Essa
década foi muito profícua para a Orientação
Educacional, pois foi o momento em que a
Educação era vista como a responsável pelo
desenvolvimento do país.

menu_book Período Disciplinador (1971-1980)

A promulgação da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de


1971, institui a obrigatoriedade da Orientação
Educacional atrelada ao aconselhamento
vocacional, incluindo professores, família e
comunidade.

menu_book Período Questionador (década de 1980)

Esse período se caracteriza pelos questionamentos


aos quais a Orientação Educacional foi submetida,
tanto do ponto de vista de sua atuação quanto da
formação dos profissionais que atuavam nessa
área. Essa década foi responsável por grandes
transformações que repercutiram na educação, na
escola e, consequentemente, na própria orientação.

menu_book Período Orientador (a partir de 1990)

É ti d í d id d d
É a partir desse período que a necessidade do
aluno é colocada em primeiro plano, a partir da
escuta atenta de todas as vozes da escola.

Do ponto de vista da formação, a profissão de orientador educacional


possui um histórico de mudanças que acompanha a evolução da
sociedade e da educação.

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Como vimos, ela aparece com um caráter educativo em 1961, com a
promulgação da Lei nº 4.024.

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Já em 1968, com a promulgação da Lei nº 5.540, surge a
obrigatoriedade de formação em nível superior para o exercício da
profissão.

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Ainda em 1968, a Lei nº 5.564 regulamenta o exercício da profissão de
orientador educacional.

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Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e
2º graus, em 1971, a Orientação Educacional tornou-se obrigatória.

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Com o exercício da profissão e a obrigatoriedade do mesmo, em 1973
foi publicado o Decreto nº 72.846, regulamentando o exercício da
profissão de orientador educacional.

Atualmente, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB), em seu artigo 64, prevê que:
A formação de profissionais de
educação para administração,
planejamento, inspeção, supervisão
e orientação educacional para a
Educação Básica, será feita em
cursos de graduação em Pedagogia
ou em nível de pós-graduação, a
critério da instituição de ensino,
garantida, nesta formação, a base
comum nacional.

(BRASIL, 1996)

Por fim, destacamos que a profissão de orientador educacional aparece


listada no hall de profissões da Classificação Brasileira de Ocupações
do Ministério do Trabalho.

Como vimos, legalmente falando, a formação do orientador educacional


exige graduação em Pedagogia ou pós-graduação em Orientação
Educacional, conforme a LDB no artigo supracitado. Dessa forma, com
graduação em qualquer área mais pós-graduação em Orientação
Educacional, qualquer docente pode exercer a função do orientador
educacional como servidor público, em qualquer sistema de ensino,
desde que o perfil de entrada seja definido por meio de edital ou
documento equivalente.

Assim, o especialista em Educação com a habilitação em Orientação


Educacional, entre outras, que era exclusividade dos cursos de
graduação em Pedagogia, caiu em 2006, ampliando-se a abertura da
profissão para as demais licenciaturas.

Só a formação acadêmica é
suficiente para se desenvolver o
ofício de orientador educacional?
Além da formação acadêmica, necessária e obrigatória para atuação
nessa área, é de extrema importância que o orientador educacional
busque capacitações que colaboram para o bom desenvolvimento da
sua atividade. Sem dúvida, a escola é um local muito importante na vida
do aluno, pois é lá que ele se desenvolve como cidadão.

E a função do orientador é vital para o desenvolvimento


dos alunos e para a boa relação entre eles, professores
e comunidade.

Ressaltamos que o orientador educacional possui as mesmas


preocupações que os professores, guardando as especificidades de
cada área. Assim como o professor tem suas preocupações voltadas
para suas áreas específicas, o orientador também as tem, colaborando
na construção da subjetividade dos alunos.

Ele precisa estar ligado Ou seja, o orientador é


ao corpo docente para um especialista da
entender todos os educação, e seu
aspectos de sua área de compromisso envolve
atuação. close toda a educação que
acontece dentro de uma
unidade escolar. Ele é,
antes de tudo, um
educador.

Observando atentamente o artigo 64 da LDB da Educação (Lei nº


9394/1996), e olhando um panorama de formação no país, percebemos
que, de forma geral, atualmente, os orientadores educacionais estão
mais formados no âmbito da pós-graduação do que da graduação, o que
nos permite afirmar que se trata de um especialista da área da
Educação.

Existem atualmente no Brasil várias Associações de Orientação


Educacional. Essas entidades têm papel extremamente importante,
especialmente no que diz respeito à divulgação de cursos de
capacitação, formação continuada e congressos nessa área.

As palavras de Grinspun (2012) justificam a necessidade constante de


formação, capacitação e atualização desse profissional:
Muito há que se fazer na escola e o
orientador educacional é um profissional que,
trabalhando com a questão dos valores, com
a pessoa humana, colaborará na formação
desse aluno, desse sujeito social, que vive a
história do seu tempo, mas protagoniza a sua
própria história como ator principal. Não
basta dar-lhes as ferramentas para viver esse
tempo, mas discutir, analisar, refletir sobre
suas ferramentas a partir do próprio contexto
social e a devolução que a ele se dará a partir
do próprio compromisso com a sociedade.

(GRINSPUN, 2012, p. 208)

Como vimos, a Educação evolui constantemente, e a Orientação


Educacional deve sempre acompanhar essa evolução, atualizando-se e
capacitando-se sempre, a fim de atender cada vez melhor àqueles que
são objetos de sua atuação, ou seja, alunos, professores e comunidade
escolar.

A Orientação Educacional e a inclusão


Qual o papel da Orientação Educacional quando tratamos de inclusão?
Precisamos lembrar que, de acordo com a LDB/1996 e as diretrizes de
inclusão na educação brasileira, a educação é um direito fundamental,
todos têm direito.

A escola não pode É direito desses alunos


negar a matrícula de um o acesso à
aluno que tenha escolarização, à
necessidades especiais sociabilização e ao
ou necessidades suporte para seu
educacionais especiais. arrow_forward desenvolvimento, e
cabe às instituições
criar condições e
suportes para que isso
seja atingido.

As escolas podem – e é aconselhável que mantenham núcleos de


Atendimento Educacional Especializado – constituir espaços de suporte
aos alunos, passando por suporte psicopedagógico, intérprete,
avaliações diferenciadas, entre outros aspectos que não são o centro de
nosso olhar.

Existe, nesse ponto, um importante papel a ser desenvolvido pelo


orientador educacional. Como agente primordial da integração entre a
escola e a comunidade, cabe a ele ser agente central no processo de
inclusão, não somente no ambiente escolar, mas na troca e na
conscientização da comunidade do suporte e na construção da inclusão
efetiva como um valor de cidadania.

Nesse sentido, cabe ao orientador pedagógico trazer a ponte entre as


estratégias de aprendizagem a serem adaptadas, de forma a auxiliar
professores no sentido do que precisam organizar para fomentar a
aprendizagem, estruturar e promover junto aos alunos ações que
fortaleçam o laço, sendo ponto de aprendizado para o corpo de alunos
na construção de uma sociedade mais equilibrada e inclusiva.

Cabe ao orientador educacional contribuir nas estratégias de suporte,


direcionamento e diálogo, mostrando que a inclusão não atrapalha, mas
sim permite o crescimento e a melhoria da própria condição de sujeito e
o fortalecimento da cidadania.

Vamos pensar mais sobre isso?

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Orientador educacional e a inclusão
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques apresenta uma
explicação conceitual e um exemplo que remetem à ideia de como o
orientador educacional dialoga com aspectos práticos como a
educação.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A Orientação Educacional no Brasil passou por vários períodos


históricos importantes, desde sua chegada ao país, na década de
1940. O período histórico no qual ocorreu a exigência de formação
profissional para todos os que pretendessem atuar como
orientadores educacionais corresponde ao

A Período Institucional (1942-1960).

B Período Transformador (1961-1970).

C Período Disciplinador (1971-1980).

D Período Questionador (década de 1980).

E Período Orientador (a partir da década de 1990).

Parabéns! A alternativa B está correta.

Até o Período Transformador não havia nenhuma exigência de


formação para quem atuava como orientador educacional.
Normalmente, esse cargo era exercido pelos chamados “técnicos
de educação”. Com a promulgação da Lei nº 5.540, em 28 de
novembro de 1968, surge a obrigatoriedade de formação
profissional para atuar como orientador educacional. O Período
Transformador foi um período muito rico para a Orientação
Educacional, promovendo muitos avanços para a área.
Questão 2

Considerando o artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (Lei nº 9394/96), sobre a formação do orientador
educacional, podemos afirmar que

a formação docente deverá incluir prática de ensino


A
de, no mínimo, 180 horas.

a preparação para o exercício do orientador


educacional deverá obrigatoriamente contar com
B
curso em nível de pós-graduação, prioritariamente
em programas de mestrado e doutorado.

a formação de profissionais de educação na área de


Orientação Educacional para a Educação Básica
C
deverá ser feita em cursos de graduação em
Pedagogia ou em nível de pós-graduação.

o notório saber, reconhecido por universidade com


D curso de doutorado em área afim, poderá suprir a
exigência do curso de graduação em Pedagogia.

a formação dos profissionais para atuar como


orientador educacional deverá ser feita por meio de
E
cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível
médio.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A formação de profissionais de educação na área de Orientação


Educacional para a Educação Básica deverá ser feita em cursos de
graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação.
3 - Orientação e os desafios profissionais
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a dimensão e importância da atuação
do orientador educacional

Orientação pedagógica: atuação


Como vimos no módulo anterior, a formação do orientador passou por
diferentes períodos no contexto histórico. E, naturalmente, sua atuação
também foi sendo modificada, acompanhando as alterações teóricas,
durante esses períodos.

Momentos importantes na atuação do


orientador educacional
No primeiro momento, a atuação do orientador educacional era centrada
apenas no aluno, concentrada no desenvolvimento de sua
personalidade. Nesse momento, a ênfase partia de pressupostos
psicológicos, e Rogers era o nome de referência teórica predominante
na atuação dos orientadores.

Havia necessidade de Nesse momento,


adaptação do sujeito, sucesso e fracasso
no caso, o aluno, ao dependiam unicamente
meio. Em outras do sujeito e, nesse
palavras, a orientação
arrow_forward sentido, a atuação do
educacional devia orientador devia estar
pensar no homem certo voltada para a
para o lugar certo. promoção do
autoconhecimento do
aluno.

Nessa fase, ocorriam as aplicações dos testes de aptidão e interesses,


análise dos resultados, elaboração de perfis das turmas etc. Esse
momento é caracterizado pela atuação do orientador educacional a
partir da utilização de técnicas já utilizadas no campo da Psicologia.

No segundo momento, a atuação do orientador educacional era


centrada no professor e na escola. Nesse momento, o orientador é visto
como um assessor do professor e um prestador de serviço da escola.

O professor devia Em relação à escola, o


conhecer seu aluno orientador devia atuar
mais profundamente e em atividades mais
cabia ao orientador burocráticas, como
auxiliar o professor auxiliar no período de
nesse conhecimento. O matrícula, fazer a
professor devia levar o enturmação dos alunos,
aluno ao preparar e montar o
autoconhecimento e arrow_forward horário escolar até
cabia ao orientador questões mais
assessorar o professor pedagógicas, como
nesse processo. preparação do projeto
político-pedagógico da
escola e
desenvolvimento de
currículo.

Atualmente, está em curso a construção de uma nova prática da


Orientação Educacional, cujo foco é a construção coletiva, com o aluno,
de condições facilitadoras para seu desenvolvimento integral. Nos
momentos anteriores, existiam técnicas para a atuação do orientador.
Não que elas não sejam importantes, mas há que se buscar técnicas
mais interativas, em que todas as dimensões do ser sejam
consideradas.
O orientador deve compreender o aluno do ponto de vista cognitivo,
comportamental, afetivo, social. É preciso ter em mente que se busca o
desenvolvimento integral do aluno.

Isso inclui o Por isso, esse


acompanhamento do profissional deve estar
discente em todas as atento às resoluções,
áreas, desde suas aos decretos e às
relações pessoais que portarias publicados
perpassam a escola, ou pelas Secretarias de
seja, suas relações com Educação de cada
todos os membros da estado e/ou município
comunidade escolar, arrow_forward onde atua, sobre os
incluindo a família, até direitos e os deveres
seu processo de dos alunos no que se
aprendizagem, refere ao processo
passando, inclusive, avaliativo.
pelas avaliações e pela
recuperação de
estudos.

Exemplo
No estado do Rio de Janeiro, temos a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419,
de 27 de setembro de 2013, que estabelece as normas de avaliação e
desempenho escolar. Essa portaria assegura os direitos dos alunos em
relação ao processo avaliativo, e o orientador educacional deve estar
atento para saber se a unidade escolar ou o corpo docente estão
cumprindo o que determina a portaria.

A atuação do orientador educacional


na contemporaneidade
O orientador educacional deve manter uma relação com todos os atores
da escola. Isso é importante também porque sua atuação abrange
diferentes esferas e, portanto, ele deve:
[...] buscar os meios necessários
para que a escola cumpra seu papel
de ensinar/educar, promovendo as
condições básicas para formação
da cidadania de nossos alunos.

(GRINSPUN, 2011, p. 55)

Em outras palavras, a autora quer dizer que cabe ao orientador


educacional possibilitar a formação integral dos estudantes como
cidadãos, educando-os pelos direitos humanos e pela diversidade,
resguardando a função social e política da educação.

Ao abordarmos a atuação do orientador educacional, não devemos


perder de vista que ele é, antes de qualquer coisa, um educador. Dessa
forma, seu trabalho está diretamente relacionado à atuação pedagógica
dentro da escola. Assim, ele deve ter:

[...] caráter mediador junto aos


demais educadores, atuando com
todos os protagonistas da escola no
resgate de uma ação mais efetiva e
de uma educação de qualidade nas
escolas.

(GRINSPUN, 2011, p. 35)

Portanto, podemos concluir que o papel do orientador educacional é


bastante complexo, pois, a partir de uma relação de mediação entre
todos os atores da escola, deve buscar desenvolver um espaço de
desenvolvimento e formação humana integral para os discentes.

Assim como seu papel, Nesse cenário, onde ele


a atuação do orientador deve ser o mediador
educacional não é entre o aluno e o meio
diferente. Ela deve social, o orientador deve
integrar as diferentes promover o diálogo em
esferas existentes na arrow_forward torno dos problemas
escola, relacionando atuais, que fazem parte
saberes e ações em do contexto
favor da formação sociopolítico,
plena do aluno. econômico e cultural
em que todos estão
inseridos.

Por meio da problematização, ele pode e deve levar o aluno ao


desenvolvimento de uma consciência crítica.

Dito isso, o papel de orientador educacional nesse cenário é


fundamental, pois é ele quem encaminha a escola em direção ao
cumprimento de sua função primordial de educar para a cidadania.

O que o orientador educacional faz na


prática, no dia a dia?
As atividades principais referem-se a atendimento a pais, alunos e
professores, assim como assessoria à equipe pedagógica e direção.
Dessa forma, percebemos que o trabalho do orientador educacional se
dá, em essência, a partir de um processo dialético, uma vez que suas
ações podem influenciar, especialmente, os alunos. Na prática, suas
principais ações estão relacionadas à mediação de conflitos nas
relações entre professores e alunos, alunos e alunos, professores e
família, e entre professores. Também oferece os seguintes
atendimentos:

Atendimentos individuais.

Orientação aos pais.


3

Articulação entre família e


escola.

Atendimento a alunos com


dificuldade de aprendizagem.

Orientação quanto à elaboração


de rotina de estudos.

Comunicação ao Conselho
Tutelar em caso de evasão ou
abandono.

Orientação a alunos
considerados indisciplinados.

Interação com todos os


membros da comunidade
escolar.
9

Organização de formação
continuada dos docentes.

10

Controle de faltas e busca ativa


dos alunos infrequentes (isto é,
tentar contato com a família
para identificar o problema que
está afastando o aluno da
escola).

11

Levantamento de dados e
confecção de relatórios para
encaminhamento aos órgãos
oficiais, quando necessário.

12

Atendimento a estudantes com


problemas emocionais com os
devidos encaminhamentos aos
órgãos responsáveis, quando
necessário.

border_color
Atividade discursiva
O Resgate da Esperança
Havia um aluno chamado Pedro, um jovem brilhante e cheio de energia,
que adorava ir à escola e estava envolvido em várias atividades
extracurriculares. No entanto, após contrair COVID-19 e passar por uma
experiência assustadora de isolamento social e medo da doença, Pedro
desenvolveu um grave quadro de ansiedade e pânico. Ele se recusava a
voltar à escola, mesmo depois de se recuperar completamente da
doença. Os pais de Pedro, trabalhando longas horas, estavam pouco
presentes e não sabiam como ajudá-lo. Você, como Orientador
Educacional, é designado para ajudar Pedro a superar essa situação
desafiadora. Aqui abaixo detalhe que etapas e processos vocês
poderiam fazer:

Digite sua resposta aqui...

Chave de respostaexpand_more

Compreensão Empática: Primeiro, encontre um momento tranquilo


para conversar com Pedro e ouvir sua história. Deixe-o falar sobre
seus medos e preocupações sem julgamento. Pergunte como ele
se sente e o que o está impedindo de voltar à escola.

Montar uma Equipe de Apoio: Converse com os pais de Pedro e


sugira a importância de uma maior presença emocional e apoio
durante esse período difícil. Incentive-os a participar ativamente da
recuperação de Pedro.

Envolvimento dos Professores: Fale com os professores de Pedro


e explique a situação. Peça que eles sejam compreensivos e
flexíveis com relação às demandas acadêmicas de Pedro
enquanto ele se recupera.

Grupos de Apoio e Orientação: Introduza Pedro a grupos de apoio,


seja online ou presencial. Esses grupos podem ser formados por
outros estudantes que passaram por experiências semelhantes.
Compartilhar histórias e estratégias de enfrentamento pode ser
valioso.

Montar Ciclos de Paz: Promova atividades que ajudem Pedro a


recuperar sua confiança e autoestima. Ciclos de paz incluem
meditação, yoga, arte terapia e outras práticas que promovam o
bem-estar emocional.
Buscar Apoio Externo Profissional: Caso a ansiedade de Pedro
persista ou se agrave, sugira a consulta de um psicólogo ou
psiquiatra. Eles podem oferecer orientação e tratamento
especializado. O papel do Orientador Educacional é agir como um
facilitador de suporte emocional e prático para alunos como
Pedro. A empatia, a comunicação aberta e o estabelecimento de
uma rede de apoio são essenciais. Lembre-se de que cada
situação é única, portanto, adapte as estratégias conforme
necessário para atender às necessidades específicas do aluno. Ao
mesmo tempo o suporte a Pedro abre a oportunidade para outros
que só não tiveram coragem de se expressar.

Como é possível observar, o trabalho do orientador educacional


ultrapassa os muros da escola e se desdobra para outras áreas.

Quando se trata de atendimentos relativos à violência doméstica e


familiar, ao abuso sexual, entre outros casos, apesar de detectados na
escola, não cabe a ela a solução dessas questões, apesar de todos
esses fatos atrapalharem sensivelmente o processo de aprendizagem.
Portanto, há que se proceder o encaminhamento aos órgãos
competentes, buscando apoio e parceria dessas áreas.

Em função de todas essas atividades, é de suma importância que o


orientador educacional tenha contato constante com os órgãos oficiais
de atendimento.

A atuação do orientador educacional deve ser pautada por princípios


éticos. Portanto, todo e qualquer atendimento, independentemente de
sua natureza, constitui informações confidenciais que devem ser
preservadas e arquivadas em segurança, sendo divulgadas apenas em
caso de necessidade ou solicitação legal, de acordo com o Código de
Ética dos Orientadores Educacionais do Brasil, publicado no Diário
Oficial da República Federativa do Brasil de 05 de março de 1979 e
outras legislações que se seguiram a essa, como o Estatuto da Criança
e do Adolescente, que resguarda a integridade física, moral e intelectual
dos menores.

Realizar a missão da Orientação Educacional não é fácil. Muitas são as


questões que dificultam ainda mais seu desenvolvimento. Entre essas
dificuldades, destacamos as mais recorrentes:

Órgãos oficiais de atendimento


São órgãos como Conselhos Tutelares, Centro de Referência de Assistência
Social, Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial,
Clínicas da Família e outros, dependendo da região em que se encontram.
Famílias desestruturadas e ausentes;

Falta de adesão da comunidade escolar ao projeto da orientação;

Dificuldade dos professores em identificar problemas e encaminhar


os alunos para a Orientação;

Falta de equipamentos e recursos para a realização do trabalho;

Demora nas respostas dos órgãos públicos competentes, quando


encaminhado algum caso específico, entre outras.

Saber lidar com essas dificuldades e encontrar meios


para superá-las também faz parte da atuação do
orientador educacional.

Apesar de todas as dificuldades elencadas acima, vale destacar que a


atuação do orientador educacional é de suma importância para o
desenvolvimento integral do aluno. E para colaborar da melhor forma, o
orientador precisa compreender o desenvolvimento cognitivo do aluno,
bem como seus sentimentos, suas emoções, seus valores e suas
atitudes.

E quando falamos de O orientador deve


formação integral, nos possibilitar aos
referimos também ao discentes atividades de
mundo externo, ao reflexão, rodas de
extramuros da escola. arrow_forward conversa, entre outros,
sobre o mundo do
trabalho e a vida após a
escola, suas opções e
escolhas.

A atuação do orientador em tempos


de ensino remoto
A pandemia de covid-19 que se abateu sobre o mundo no ano de 2020,
estendendo-se por 2021, obrigou muita gente a permanecer em
isolamento social com o objetivo de minimizar a transmissão do vírus
mortal. A escola não ficou indiferente a essa situação e permaneceu por
quase dois anos em ensino remoto de emergência, ou seja, toda
atividade pedagógica devia ser realizada por meio de mediação
tecnológica.

Essa situação expôs as gritantes diferenças sociais


existentes na sociedade.

Muitos alunos não tinham aparelhos compatíveis com as atividades


propostas em ambientes virtuais de aprendizagem. Outros tantos
ficaram sem conexão com a internet para interagir com professores e
colegas. Além disso, muitos responsáveis perderam seus empregos e
as dificuldades financeiras bateram à porta enquanto o ano letivo estava
a todo vapor.

Muitos alunos permaneceram afastados das escolas por longo tempo


devido a decretos oficiais, enquanto aguardavam soluções que
pudessem minimizar os problemas sociais e de saúde pública. Cada um
teve uma experiência diferente nesse momento histórico.

Essa alteração forçada de metodologia trouxe mudanças para todos.

Pais e filhos passaram a conviver mais de


perto e por mais tempo.
A sala de aula passou a ser exercida na sala
de casa por meio das telas dos dispositivos
móveis.
Muitas questões sociais ganharam maior notoriedade. E com isso a
atuação do orientador educacional nunca foi tão solicitada e necessária,
especialmente no que diz respeito às questões intrínsecas às relações
parentais. Nesse período, muitas dificuldades nessas relações vieram à
tona, motivadas por fatores alheios à escola, mas que influenciam
significativamente o processo de aprendizagem em um período
histórico tão delicado.

Reflexão
Além de todos os problemas que o isolamento social, necessário à
contenção da doença, trouxe para a vida dos alunos, o uso de mediação
tecnológica, quando não preparada ou sem o devido planejamento, pode
servir como uma extensão da sala de aula presencial, sem as
adequações necessárias, causando desengajamento e desânimo por
parte dos alunos e aumentando os índices de evasão e infrequência.
Mas infrequência em ensino remoto? Sim.

A frequência é contabilizada pelas entregas virtuais de atividades feitas


pelos alunos nas plataformas adotadas pelos sistemas de ensino.
Naqueles casos em que os alunos não possuem condições de conexão,
são feitas entregas físicas de apostilas e atividades sem nenhuma
orientação do professor, que continua virtual.

Como é possível imaginar, muitos alunos sentiram dificuldades imensas


de adaptação às atividades remotas bem como em sua própria vida
pessoal. Portanto, é fundamental que o orientador educacional
acompanhe ainda mais de perto os alunos. Aplicativos de mensagem
instantânea, linhas de transmissão da unidade escolar com alunos e
responsáveis, contato frequente do orientador com professores para
identificar possíveis problemas de qualquer natureza e encaminhamento
precoce aos serviços oficiais de atendimento, quando necessário, tudo
isso são ferramentas que podem auxiliar o orientador em sua atuação.

video_library
Vamos resumir?
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques remonta aos
principais pontos do módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos afirmar que a atuação da Orientação Educacional

é comprometida somente com o aluno. O professor,


A o currículo e a escola não são responsabilidade da
orientação.

é uma atividade comprometida com a organização


B da escola, mas que também deve ter em vista suas
relações com a sociedade em que está inserida.

incorpora aspectos da ética, da ciência e da


educação, mas não se compromete com a
C formação de conceitos e bases teóricas, uma vez
que são desnecessários à compreensão dessa
prática.

tem o objetivo de ajudar o aluno no seu


desenvolvimento, desconsiderando o contexto em
D
que ocorre esse processo, bem como as relações
que nele se estabelecem.

está indiretamente relacionada à questão da ética,


uma vez que não se compromete com a questão
E
dos valores, sendo a pessoa humana o seu valor
primordial.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do


desenvolvimento integral do aluno. Dessa forma, conhecer todo o
contexto que envolve o aluno é importante para que o orientador
possa exercer sua função dentro do que é esperado desse
profissional.

Questão 2

Se durante um atendimento de rotina na unidade escolar o


orientador educacional perceber que o aluno está sendo vítima de
violência doméstica, ele deve
orientar o aluno a procurar ajuda, sem se envolver
A
no caso.

ir até a delegacia mais próxima da unidade escolar e


B lavrar um boletim de ocorrência, visando garantir a
vida e a segurança do aluno.

comunicar à família e lavrar boletim de ocorrência


C na delegacia mais próxima para resguardar os
direitos do aluno.

comunicar a todo corpo docente da unidade escolar,


expondo a situação do aluno a fim de que todos
D
fiquem atentos a novas ocorrências de violência
contra o estudante.

encaminhar o caso aos órgãos competentes, pois


E não é responsabilidade da escola nem do orientador
educacional a solução desse tipo de problema.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do


desenvolvimento integral do aluno. Dessa forma, conhecer todo o
contexto que envolve o aluno é importante para que o orientador
possa exercer sua função dentro do que é esperado desse
profissional.

Considerações finais
Como vimos, a função da Orientação Educacional é de suma
importância para o sistema educacional brasileiro e para os alunos.
O profissional dessa área deve ter sensibilidade e atenção nas relações
estabelecidas dentro e a partir da escola, sobretudo no que se refere ao
aluno. Esse profissional deve participar ativamente da construção do
projeto político pedagógico das unidades escolares, auxiliando-as em
sua organização e execução desse projeto. Ele deve, igualmente, atuar
em proximidade com docentes, equipe diretiva e equipe pedagógica,
para que identifiquem qualquer necessidade que o estudante apresente.
Ademais, deve ter uma relação estreita com os órgãos oficiais que
resguardam os direitos dos alunos, especialmente com os Conselhos
Tutelares, atores importantes nesse processo de proteção dos
discentes.

Lembramos que a principal função do orientador educacional reside no


desenvolvimento integral do aluno como pessoa, como cidadão crítico.
Abrir seus olhos para as possibilidades futuras, para além da escola, faz
parte desse processo. Por isso, é importante que toda unidade escolar
conte com um orientador educacional. A presença desse profissional no
ambiente escolar faz toda a diferença na formação do aluno.

headset
Podcast
Neste podcast, o professor Rodrigo Rainha faz um balanço sobre
observação escolar.

Explore +
Indicamos a leitura de uma dissertação de mestrado muito interessante
sobre a percepção dos professores acerca da atuação dos orientadores
educacionais em uma escola da rede particular de São Paulo.
As percepções de educadores sobre a atuação do orientador
educacional de uma rede de ensino particular, de Lenita Kaufmann, na
Plataforma Sucupira.

Sugerimos também uma pesquisa no Catálogo de Teses e Dissertações


da Capes. Há muitos trabalhos interessantes relativos a essa área já
publicados.

Por fim, sugerimos que pesquise artigos em revistas especializadas


sobre o tema. Além disso, o estado do Rio Grande do Sul possui uma
Associação de Orientadores Educacionais (AOERGS) muito bem
estruturada e com muito material disponível para pesquisa, além de
divulgação de eventos relacionados à área. Vale a pena conferir!

Pesquise a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de


2013, que estabelece as normas de avaliação e desempenho escolar.

Referências
CANDAU, V. M. et al. Educação em direitos humanos e a formação de
professores(as). São Paulo: Cortez, 2014.

GOMES, M. M; GRINSPUN, M. P. S. Z. Orientadores educacionais em


ação: novos tempos, novos rumos. Rio de Janeiro: Wak, 2018.

GRINSPUN, M. P. S. Z. Autonomia e ética na escola: o novo mapa da


educação. São Paulo: Cortez, 2014.

GRINSPUN, M. P. S. Z. A orientação educacional: conflito de paradigmas


e alternativas para a escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

GRINSPUN, M. P. S. Z. (Org.). A prática dos orientadores educacionais.


7. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? 12. ed. São Paulo:


Cortez, 2018.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da Escola: teoria e prática. 6. ed.


Revista e Ampliada. São Paulo: Heccus, 2013.

MARTINS, J. do P. Princípios e métodos da orientação educacional. 2.


ed. São Paulo: Atlas, 1984.

PIMENTA. S. G. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Cortez, 1988.

PIMENTA. S. G. A orientação educacional e o planejamento. In: NEVES,


M. A. M. (Org.). A orientação educacional: permanência ou mudança?
Rio de Janeiro: Vozes, 1986.

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