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Orientação pedagógica: objetos de estudo, formação e atuação

Profª. Daniela Pereira Vasques

Descrição

Orientação Pedagógica, aspectos fundamentais sobre objetos de estudo, formação e área de atuação na contemporaneidade.

Propósito

Compreender o papel do orientador pedagógico e sua atuação na relação aluno-escola-família.

Preparação

Antes de iniciar seu estudo, pesquise as leis que fizeram a história da Orientação Educacional no país, em especial o Decreto nº 72.846, de 26 de
setembro de 1973, que regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, que provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional.
É muito interessante que você conheça a legislação que regulamenta a profissão de orientador educacional. Outra lei importante que deve ser
sempre consultada é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que embasa a Educação no país (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).
Por fim, tenha sempre à vista o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990), que serve de referência sobre os direitos
e deveres de crianças e adolescentes, o maior público da Educação Básica.

Objetivos

Módulo 1

Orientação pedagógica: objetos de estudo

Reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da Orientação Pedagógica.


Módulo 2

Orientador Educacional: formação profissional

Identificar a formação necessária para o exercício profissional da Orientação Educacional.

Módulo 3

Orientação e os desafios profissionais

Reconhecer a dimensão e importância da atuação do orientador educacional.

Introdução
A Orientação Educacional é uma profissão reconhecida e regulamentada pelos órgãos oficiais. Mesmo assim, essa função muitas vezes
inexiste nas escolas do país. Sua atuação é de extrema importância, que media as relações entre aluno-família-comunidade escolar. Deve ter
o foco na formação integral do aluno, inclusive com vistas ao mundo do trabalho. O orientador educacional deve ter um olhar atento para
perceber e identificar os problemas psicossociais que podem estar afetando os alunos, influenciando-os em seu processo de aprendizagem,
e fazer os encaminhamentos necessários aos órgãos oficiais, quando for o caso. Deve também ter esse mesmo olhar para orientar e auxiliar
os docentes quando o aluno encontrar dificuldades, despertando-os para uma ação mais coerente com os momentos de dificuldades e/ou
problemas não diagnosticados dos discentes.

Por todo o exposto, veremos neste conteúdo qual o objeto de estudo desses profissionais e como eles se relacionam. Em seguida, veremos
também como a Orientação Educacional se desenvolveu no país e qual a formação necessária para ser um orientador, afinal, estamos
abordando uma profissão reconhecida e regulamentada. Por fim, abordaremos um pouco sobre a prática do orientador educacional e o que
efetivamente ele encontra no dia a dia de sua profissão.

1 - Orientação pedagógica: objetos de estudo


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da Orientação Pedagógica.

Orientação pedagógica: objeto de estudo


Antes de entrar definitivamente no conteúdo, há que se fazer um esclarecimento necessário para a perfeita compreensão do tema. Orientação
Pedagógica ou Orientação Educacional? É a mesma coisa? E Coordenação Pedagógica? Ainda hoje existe alguma confusão em relação à
nomenclatura e isso pode gerar complicações. Sistemas educacionais diferentes podem adotar terminologias diferentes, mas faz-se necessário
esclarecer qual a função de cada uma delas especificamente.

Qual a diferença entre Orientação Pedagógica, Orientação Educacional e Coordenação


Pedagógica?
Cada unidade escolar, independentemente da rede educacional a qual pertença, por exemplo, escolas públicas ou privadas, deve possuir um Projeto
Político Pedagógico (PPP) que serve como diretriz daquela unidade.

O PPP é a Constituição da escola.

Esse documento deve refletir as diretrizes norteadoras bem como os valores daquela instituição. Tal documento deve ser constantemente revisado e
atualizado por toda a equipe da unidade escolar, pois é o resultado de uma construção coletiva, democrática e participativa. Para que isso de fato
aconteça, esse documento deve apresentar três pilares:

Proposta curricular

A proposta curricular deve especificar o que e como se ensina, as formas de avaliação de aprendizagem adotadas, a organização do tempo, do
espaço e dos recursos humanos da unidade escolar.

Formação de professores

A formação de professores deve estabelecer como a equipe vai se organizar para atender às necessidades originadas a partir do processo
educativo.

Gestão administrativa

A gestão administrativa deve viabilizar tudo para que os demais pilares funcionem a contento.

Em um modelo ideal de Projeto Político Pedagógico, as funções dos cargos da equipe diretiva (ou gestora) e técnico-administrativa devem estar
bem estabelecidas. Assim, dentro da equipe diretiva se encontram as funções de coordenador pedagógico e orientador educacional ou orientador
pedagógico.

Mas qual a diferença entre eles?

Coordenador pedagógico expand_more


O coordenador pedagógico deve ser um mediador entre o currículo e os professores. Deve ter boa capacidade de comunicação com a equipe
docente para orientá-la quanto às propostas curriculares, em consonância com as diretrizes pedagógicas e socioculturais da unidade
escolar.

Orientador educacional expand_more

O orientador educacional é o profissional responsável pela formação cidadã dos alunos. É ele quem deve zelar pelo desenvolvimento pessoal
de cada aluno, apoiando-os em sua formação integral, moral e ética. Deve auxiliar no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola, com
foco no desenvolvimento integral do aluno. Por ter uma relação direta com os discentes, o orientador educacional deve estabelecer uma
relação próxima com o corpo docente da escola, a fim de acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, identificando suas
dificuldades e barreiras. Assim, o professor deve se ocupar do currículo enquanto o orientador educacional deve se ocupar de conteúdos
atitudinais, também conhecido como currículo oculto.

Orientador pedagógico expand_more

A ação relativa ao cotidiano de mediação pedagógica escolar entre a equipe gestora e sua ponte com a equipe pedagógica é a função típica
do orientador pedagógico. Como já dissemos, algumas as escolas tem todas as funções, mas não é incomum a acumulação.

Neste material vamos lidar com este coletivo de funções, entendendo seus papeis e atuações no ambiente escolar.

Comentário
Em muitas unidades escolares, por não ter um profissional de Orientação Educacional em seu quadro, essa função acaba recaindo sobre o
coordenador pedagógico de forma incorreta. Contudo, para se assumir a função de coordenador pedagógico, o professor não precisa ter nenhuma
formação específica além da graduação que ele já possui. Já o orientador educacional precisa ter formação específica, assunto que abordaremos
mais adiante.

Agora que já esclarecemos a diferença entre as funções pedagógicas dentro da equipe técnico-administrativa da escola, vamos nos aprofundar na
função da Orientação Educacional.

A Orientação Educacional e seu objeto de estudo


Como vimos, o orientador educacional é extremamente importante no processo educacional, pois seu principal foco é a formação integral do aluno,
e esse processo ocorre na relação com toda a comunidade escolar. Sobre a Orientação Educacional, Martins (1984) afirma que:

A Orientação Educacional (OE) é um processo organizado e permanente que existe na escola. Ela busca a formação integral dos
educandos (esse processo é apreciado em todos seus aspectos, tido como capaz de aperfeiçoamento e realização), por meio de
conhecimentos científicos e métodos técnicos. A Orientação Educacional é um sistema em que se dá por meio da relação de ajuda entre
orientador, aluno e demais segmentos da escola; resultado de uma relação entre pessoas, realizada de maneira organizada que acaba por
despertar no educando oportunidades para amadurecer, fazer escolhas, se autoconhecer e assumir responsabilidades.

(MARTINS, 1984, p. 97)


Para desenvolver bem seu trabalho, é importante que o orientador educacional conheça a realidade em que a escola está inserida, bem como a
realidade de seus alunos. Isso porque sabemos que o processo de aprendizagem é influenciado por essas características e experiências vividas
pelos alunos.

Há alguns anos, acreditava-se que a aprendizagem acontecia somente dentro da escola. Hoje sabemos que vários outros campos da vida do
estudante influenciam nesse processo, como família, trabalho, meios de comunicação, sociedade etc.

Diante de muitos problemas que acabam respingando na escola, mas que muitas vezes não são dela, o orientador educacional tem sido cada vez
mais requisitado e, por que não dizer, imprescindível na unidade escolar. Problemas como conflito nas relações familiares, indisciplina, dificuldade
de aprendizagem pelos mais diversos motivos, entre outros, influenciam diretamente a formação do aluno. Como vimos, o objetivo da ação do
orientador educacional reside no desenvolvimento integral do aluno e, para isso, ele deve ter em mente sua ação mediadora entre todos os membros
da comunidade escolar e a sociedade, mas nem sempre foi assim.

A Orientação Educacional acompanha as mudanças ocorridas na Educação.

Durante muito tempo, acreditou-se que a escola tinha a função de ensinar, e o aluno correspondia com sua função de aprender.

Mas, se nessa lógica algo desse errado, a responsabilidade recaía toda sobre o aluno, ou seja, a falha era do aluno, e não da escola nem do
professor. Assim, acreditava-se que o aluno precisaria de um acompanhamento mais próximo para sanar o problema que o estava impedindo
de aprender.
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Dentro desse contexto, aparecia a função do orientador, ou seja, ele seria o profissional responsável por acompanhar esse aluno e descobrir o
que o estava impedindo de cumprir sua função. Esperava-se, portanto, que esse profissional fosse capaz de adequar o aluno ao sistema.

Com o passar do tempo, a Educação foi mudando e sofrendo influência de várias instâncias da sociedade, principalmente da comunicação e das
mídias sociais. Com isso, o aluno agora se percebe como sujeito de sua própria história e responsável por seu processo de formação.

E a Orientação Educacional acompanha essa evolução, ampliando significativamente sua área de atuação, respeitando o senso comum, prezando
pelo conhecimento científico e reconhecendo que sua atuação só é possível graças a uma teoria pedagógica que lhe possibilita desenvolver sua
ação pedagógica (GRINSPUN, 2002). Segundo Grinspun (2008), a teoria corresponde ao pensamento, a partir de determinados pressupostos,
enquanto a prática corresponde a ações e resultados alcançados.

Existem muitas maneiras de compreender essa relação entre teoria e prática. Para Grinspun, referência nacional quando se trata de Orientação
Educacional, o educador deve considerar essa relação de três diferentes formas.

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Na primeira, o educador deve estudar a teoria para depois efetuar sua prática.

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Na segunda, a prática está relacionada à aplicação da teoria pedagógica, a partir de estudos realizados e práticas relatadas.

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Na terceira, há uma integração entre teoria e prática. Nessa última, o educador deve desenvolver uma práxis criadora, onde teoria (pensamento) e
prática (ação) se tornam uma só, presentes no processo de aprendizagem.

A evolução da Educação e a Orientação Educacional nesse processo


Retomando um pouco essa questão da evolução da Educação, vale a pena fazer um breve retrospecto, pois isso caracteriza exatamente a essência
do objeto da Orientação Educacional atualmente.

Grinspun (2012) entende que cada linha teórica definiu, a seu tempo, o objeto e a ação do orientador dentro da unidade escolar.

Libâneo (2018) destaca essas tendências educacionais correlacionando-as com as teorias críticas e não críticas da Educação.

Segundo os autores, na educação tradicional, o problema ou a dificuldade da aprendizagem é sempre relacionado ao aluno, desprezando as
variáveis que podem interferir nesse processo. A orientação, então, é vista com um viés terapêutico e psicológico, cujo objetivo é adequar esses
alunos “problemáticos” ao modelo desejado pela família, escola e sociedade.

Na educação renovada, o orientador é visto como o profissional responsável pelo desenvolvimento cognitivo dos alunos a partir de
testes específicos, de modo individualista e afetivo, buscando facilitar as mudanças.

Na educação tecnicista, com sua ênfase nas técnicas, o orientador deve identificar aptidões nos alunos, direcionado para o mercado
de trabalho.

Na educação libertária, a principal função do orientador educacional é assessorar o professor junto aos alunos. A Orientação
Educacional está envolvida nas discussões sobre formas e relações de poder com as classes trabalhadoras, contribuindo para uma
formação consciente de sua participação na sociedade.
Na educação libertadora, a principal função do orientador é levar os alunos a se perceberem como sujeitos históricos. Questionar a
relação do homem com a natureza e com seu semelhante, buscando uma transformação, era o objetivo da Orientação Educacional
nesse período. Docente e discente são sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, a partir de uma perspectiva política,
constituindo, assim, um fundamento da Educação.

Na educação crítico-social dos conteúdos, a Educação deve preparar o aluno para o mundo e suas contradições, por meio de
conteúdos e socialização. Assim, a função da Orientação Educacional nesse período era valorizar as experiências do aluno,
conduzindo-o na busca por sua autonomia, auxiliando-o na compreensão de realidades sociais como sujeito de sua história.

A educação construtivista acredita que todo conhecimento se origina de uma prática social, como uma construção coletiva. Dessa
forma, a Orientação Educacional teria como função promover meios para que o aluno possa adquirir conhecimento.

É possível concluir que a Orientação Educacional acompanhou a evolução teórico-prática da Educação, sempre com foco no aluno e sua relação
com o conhecimento e a aprendizagem, sendo esse seu principal objeto de estudo. Atualmente, a Orientação Educacional tem como foco a
dimensão coletiva que favorece o desenvolvimento integral do aluno.

Dessa forma, o principal objeto de estudo do orientador educacional reside nas relações entre o homem, a natureza, o mundo do trabalho, a escola, a
sociedade e a vida, ou seja, todas as relações que permeiam a vida dos discentes. Em outras palavras, o orientador educacional da atualidade deve
ter suas ações direcionadas para a integração entre teoria e prática, abarcando os aspectos cognitivos, partindo do cotidiano escolar para a
realidade do aluno.

Concluímos este módulo ressaltando que a razão de ser da escola e da própria educação é o aluno, sendo este o centro dos estudos da orientação
educacional.

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Entre a teoria e a prática
Neste vídeo, o professor Rodrigo Rainha desenvolve o assunto estudado, abordando os principais tópicos do conteúdo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos afirmar que atualmente o principal objetivo da ação da Orientação Educacional deve ser

A o desenvolvimento integral do aluno.

B o atendimento exclusivo aos alunos considerados problemáticos na escola.

a investigação sobre as causas psicológicas e/ou sociais que impedem o correto desenvolvimento da aprendizagem do aluno,
C
emitindo laudo e encaminhando-o para os profissionais adequados.

D adequar e enquadrar o aluno ao sistema educacional vigente.

o atendimento aos professores, orientando-os sobre as dificuldades dos alunos com problemas de aprendizagem e dando
E
sugestões de como agir em sala de aula com esses alunos.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Ao longo da história da Orientação Educacional no país, ela teve diversos objetivos, de acordo com cada momento histórico. Atualmente, como
uma evolução histórica, entende-se que a Orientação Educacional atua sempre em relação com toda a comunidade escolar, resguardando os
direitos discentes e protegendo-os de tudo aquilo que for identificável que possa atrapalhar seu processo de aprendizagem. Por isso essa
atuação tão ampla da Orientação Educacional.

Questão 2

Ao realizar uma abordagem das tendências pedagógicas, Libâneo afirma que determinada tendência entende que a Orientação Educacional
teria como função principal a valorização das experiências do aluno, favorecendo o protagonismo e colocando-o como autor da própria história.
Essa descrição se refere à qual tendência educacional?

A Educação renovada.

B Educação libertária.

C Educação libertadora.

D Educação construtivista.
E Educação crítico-social dos conteúdos.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A tendência educacional educação crítico-social dos conteúdos defende a preparação dos alunos para o mundo que os espera, com suas
dificuldades e contradições, a partir da socialização e dos conteúdos. Dessa forma, nessa tendência, o papel da Orientação Educacional deve
ser o de valorizar as experiências dos alunos, auxiliando-os na busca de sua autonomia e colocando-os como protagonistas de suas próprias
histórias.

2 - Orientador Educacional: formação profissional


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a formação necessária para o exercício profissional da Orientação
Educacional.

Orientação pedagógica: formação


Como vimos no módulo anterior, o orientador educacional é um profissional integrante da equipe de gestão da unidade escolar. Ele é integrante do
grupo de profissionais do magistério, embora sua função muitas vezes se relacione com outros grupos que podem ou não atuar na escola, como
psicólogos, assistentes sociais etc. Sua ação está diretamente relacionada com os alunos, com sua formação integral. Mas para que possa exercer
a contento essa função, ele também precisa estabelecer relações de parceria com:

Os professores, a fim de conhecer o comportamento dos alunos para ajudá-los adequadamente, com a escola para auxiliar no desenvolvimento da
proposta pedagógica.
A comunidade, especialmente com os pais, numa relação dialógica, com o objetivo final de ajudar o desenvolvimento dos alunos.

Historicamente, os cursos de Pedagogia são os responsáveis por formar profissionais ligados ao exercício de funções inerentes à gestão
educacional:

Administradores escolares
Orientadores educacionais
Supervisores de ensino

Origem da Orientação Educacional


A Orientação Educacional teve origem, segundo Pimenta (1988), na década de 1930, nos Estados Unidos, com foco na orientação profissional. No
Brasil, de acordo com Grinspun (2012), a Orientação Educacional aparece na década de 1940 também com um foco na ajuda ao adolescente em
suas escolhas profissionais. Destacamos que a primeira menção que se faz no país ao cargo de orientador de estabelecimentos de ensino público
ocorreu a partir do Decreto nº 17.698, de 1947, referente às escolas técnicas e industriais.

Segundo Grinspun (2012), o desenvolvimento da Orientação Educacional no Brasil pode se caracterizar por um processo histórico. A autora sugere
seis períodos distintos desse desenvolvimento. Vamos conhecê-los?

Período Implementador (1920-1941)

É nesse período que a Orientação Educacional começa a aparecer no cenário brasileiro. Nesse primeiro momento, ela é associada à
formação profissional, com foco em seleção e escolha profissional.

Período Institucional (1942-1960)

Nesse período, acontece a exigência legal da Orientação Educacional nas unidades escolares. Segundo Pimenta (1988), as Leis
Orgânicas do Ensino referentes ao período de 1942 a 1946 fazem alusão à Orientação Educacional. Nessa época, não havia cursos
especiais de orientação educacional, o que levou ao preenchimento dos cargos pelos chamados "técnicos de educação", muitas vezes
selecionados por critérios duvidosos.

Período Transformador (1961-1970)

Com a promulgação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, a Orientação aparece com caráter educativo. Nesse período,
também ocorre a exigência de profissionalização dos profissionais que atuam nessa área, a partir da promulgação da Lei nº 5.540, de
28 de novembro de 1968. Essa década foi muito profícua para a Orientação Educacional, pois foi o momento em que a Educação era
vista como a responsável pelo desenvolvimento do país.
Período Disciplinador (1971-1980)

A promulgação da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, institui a obrigatoriedade da Orientação Educacional atrelada ao
aconselhamento vocacional, incluindo professores, família e comunidade.

Período Questionador (década de 1980)

Esse período se caracteriza pelos questionamentos aos quais a Orientação Educacional foi submetida, tanto do ponto de vista de sua
atuação quanto da formação dos profissionais que atuavam nessa área. Essa década foi responsável por grandes transformações
que repercutiram na educação, na escola e, consequentemente, na própria orientação.

Período Orientador (a partir de 1990)

É a partir desse período que a necessidade do aluno é colocada em primeiro plano, a partir da escuta atenta de todas as vozes da
escola.

Do ponto de vista da formação, a profissão de orientador educacional possui um histórico de mudanças que acompanha a evolução da sociedade e
da educação.

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Como vimos, ela aparece com um caráter educativo em 1961, com a promulgação da Lei nº 4.024.

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Já em 1968, com a promulgação da Lei nº 5.540, surge a obrigatoriedade de formação em nível superior para o exercício da profissão.

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Ainda em 1968, a Lei nº 5.564 regulamenta o exercício da profissão de orientador educacional.

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Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, em 1971, a Orientação Educacional tornou-se obrigatória.

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Com o exercício da profissão e a obrigatoriedade do mesmo, em 1973 foi publicado o Decreto nº 72.846, regulamentando o exercício da profissão de
orientador educacional.

Atualmente, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 64, prevê que:

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação


educacional para a Educação Básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

(BRASIL, 1996)

Por fim, destacamos que a profissão de orientador educacional aparece listada no hall de profissões da Classificação Brasileira de Ocupações do
Ministério do Trabalho.

Como vimos, legalmente falando, a formação do orientador educacional exige graduação em Pedagogia ou pós-graduação em Orientação
Educacional, conforme a LDB no artigo supracitado. Dessa forma, com graduação em qualquer área mais pós-graduação em Orientação
Educacional, qualquer docente pode exercer a função do orientador educacional como servidor público, em qualquer sistema de ensino, desde que o
perfil de entrada seja definido por meio de edital ou documento equivalente.

Assim, o especialista em Educação com a habilitação em Orientação Educacional, entre outras, que era exclusividade dos cursos de graduação em
Pedagogia, caiu em 2006, ampliando-se a abertura da profissão para as demais licenciaturas.

Só a formação acadêmica é suficiente para se desenvolver o ofício de


orientador educacional?
Além da formação acadêmica, necessária e obrigatória para atuação nessa área, é de extrema importância que o orientador educacional busque
capacitações que colaboram para o bom desenvolvimento da sua atividade. Sem dúvida, a escola é um local muito importante na vida do aluno, pois
é lá que ele se desenvolve como cidadão.

E a função do orientador é vital para o desenvolvimento dos alunos e para a boa relação entre eles, professores e
comunidade.
Ressaltamos que o orientador educacional possui as mesmas preocupações que os professores, guardando as especificidades de cada área. Assim
como o professor tem suas preocupações voltadas para suas áreas específicas, o orientador também as tem, colaborando na construção da
subjetividade dos alunos.

Ele precisa estar ligado ao corpo docente para entender todos os aspectos de sua área de atuação.

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Ou seja, o orientador é um especialista da educação, e seu compromisso envolve toda a educação que acontece dentro de uma unidade
escolar. Ele é, antes de tudo, um educador.

Observando atentamente o artigo 64 da LDB da Educação (Lei nº 9394/1996), e olhando um panorama de formação no país, percebemos que, de
forma geral, atualmente, os orientadores educacionais estão mais formados no âmbito da pós-graduação do que da graduação, o que nos permite
afirmar que se trata de um especialista da área da Educação.

Existem atualmente no Brasil várias Associações de Orientação Educacional. Essas entidades têm papel extremamente importante, especialmente
no que diz respeito à divulgação de cursos de capacitação, formação continuada e congressos nessa área.

As palavras de Grinspun (2012) justificam a necessidade constante de formação, capacitação e atualização desse profissional:

Muito há que se fazer na escola e o orientador educacional é um profissional que, trabalhando com a questão dos valores, com a pessoa
humana, colaborará na formação desse aluno, desse sujeito social, que vive a história do seu tempo, mas protagoniza a sua própria história
como ator principal. Não basta dar-lhes as ferramentas para viver esse tempo, mas discutir, analisar, refletir sobre suas ferramentas a partir
do próprio contexto social e a devolução que a ele se dará a partir do próprio compromisso com a sociedade.

(GRINSPUN, 2012, p. 208)

Como vimos, a Educação evolui constantemente, e a Orientação Educacional deve sempre acompanhar essa evolução, atualizando-se e
capacitando-se sempre, a fim de atender cada vez melhor àqueles que são objetos de sua atuação, ou seja, alunos, professores e comunidade
escolar.

A Orientação Educacional e a inclusão


Qual o papel da Orientação Educacional quando tratamos de inclusão? Precisamos lembrar que, de acordo com a LDB/1996 e as diretrizes de
inclusão na educação brasileira, a educação é um direito fundamental, todos têm direito.

A escola não pode negar a matrícula de um aluno que tenha necessidades especiais ou necessidades educacionais especiais.
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É direito desses alunos o acesso à escolarização, à sociabilização e ao suporte para seu desenvolvimento, e cabe às instituições criar
condições e suportes para que isso seja atingido.

As escolas podem – e é aconselhável que mantenham núcleos de Atendimento Educacional Especializado – constituir espaços de suporte aos
alunos, passando por suporte psicopedagógico, intérprete, avaliações diferenciadas, entre outros aspectos que não são o centro de nosso olhar.

Existe, nesse ponto, um importante papel a ser desenvolvido pelo orientador educacional. Como agente primordial da integração entre a escola e a
comunidade, cabe a ele ser agente central no processo de inclusão, não somente no ambiente escolar, mas na troca e na conscientização da
comunidade do suporte e na construção da inclusão efetiva como um valor de cidadania.

Nesse sentido, cabe ao orientador pedagógico trazer a ponte entre as estratégias de aprendizagem a serem adaptadas, de forma a auxiliar
professores no sentido do que precisam organizar para fomentar a aprendizagem, estruturar e promover junto aos alunos ações que fortaleçam o
laço, sendo ponto de aprendizado para o corpo de alunos na construção de uma sociedade mais equilibrada e inclusiva.

Cabe ao orientador educacional contribuir nas estratégias de suporte, direcionamento e diálogo, mostrando que a inclusão não atrapalha, mas sim
permite o crescimento e a melhoria da própria condição de sujeito e o fortalecimento da cidadania.

Vamos pensar mais sobre isso?

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Orientador educacional e a inclusão
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques apresenta uma explicação conceitual e um exemplo que remetem à ideia de como o orientador
educacional dialoga com aspectos práticos como a educação.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A Orientação Educacional no Brasil passou por vários períodos históricos importantes, desde sua chegada ao país, na década de 1940. O
período histórico no qual ocorreu a exigência de formação profissional para todos os que pretendessem atuar como orientadores educacionais
corresponde ao

A Período Institucional (1942-1960).

B Período Transformador (1961-1970).

C Período Disciplinador (1971-1980).

D Período Questionador (década de 1980).

E Período Orientador (a partir da década de 1990).

Parabéns! A alternativa B está correta.

Até o Período Transformador não havia nenhuma exigência de formação para quem atuava como orientador educacional. Normalmente, esse
cargo era exercido pelos chamados “técnicos de educação”. Com a promulgação da Lei nº 5.540, em 28 de novembro de 1968, surge a
obrigatoriedade de formação profissional para atuar como orientador educacional. O Período Transformador foi um período muito rico para a
Orientação Educacional, promovendo muitos avanços para a área.

Questão 2

Considerando o artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), sobre a formação do orientador educacional,
podemos afirmar que

A a formação docente deverá incluir prática de ensino de, no mínimo, 180 horas.

a preparação para o exercício do orientador educacional deverá obrigatoriamente contar com curso em nível de pós-graduação,
B
prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

a formação de profissionais de educação na área de Orientação Educacional para a Educação Básica deverá ser feita em cursos
C
de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação.

o notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência do curso de
D
graduação em Pedagogia.

a formação dos profissionais para atuar como orientador educacional deverá ser feita por meio de cursos de conteúdo técnico-
E
pedagógico, em nível médio.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A formação de profissionais de educação na área de Orientação Educacional para a Educação Básica deverá ser feita em cursos de graduação
em Pedagogia ou em nível de pós-graduação.

3 - Orientação e os desafios profissionais


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a dimensão e importância da atuação do orientador educacional

Orientação pedagógica: atuação


Como vimos no módulo anterior, a formação do orientador passou por diferentes períodos no contexto histórico. E, naturalmente, sua atuação
também foi sendo modificada, acompanhando as alterações teóricas, durante esses períodos.

Momentos importantes na atuação do orientador educacional


No primeiro momento, a atuação do orientador educacional era centrada apenas no aluno, concentrada no desenvolvimento de sua personalidade.
Nesse momento, a ênfase partia de pressupostos psicológicos, e Rogers era o nome de referência teórica predominante na atuação dos
orientadores.

Havia necessidade de adaptação do sujeito, no caso, o aluno, ao meio. Em outras palavras, a orientação educacional devia pensar no homem
certo para o lugar certo.
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Nesse momento, sucesso e fracasso dependiam unicamente do sujeito e, nesse sentido, a atuação do orientador devia estar voltada para a
promoção do autoconhecimento do aluno.

Nessa fase, ocorriam as aplicações dos testes de aptidão e interesses, análise dos resultados, elaboração de perfis das turmas etc. Esse momento é
caracterizado pela atuação do orientador educacional a partir da utilização de técnicas já utilizadas no campo da Psicologia.

No segundo momento, a atuação do orientador educacional era centrada no professor e na escola. Nesse momento, o orientador é visto como um
assessor do professor e um prestador de serviço da escola.

O professor devia conhecer seu aluno mais profundamente e cabia ao orientador auxiliar o professor nesse conhecimento. O professor devia
levar o aluno ao autoconhecimento e cabia ao orientador assessorar o professor nesse processo.
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Em relação à escola, o orientador devia atuar em atividades mais burocráticas, como auxiliar no período de matrícula, fazer a enturmação dos
alunos, preparar e montar o horário escolar até questões mais pedagógicas, como preparação do projeto político-pedagógico da escola e
desenvolvimento de currículo.

Atualmente, está em curso a construção de uma nova prática da Orientação Educacional, cujo foco é a construção coletiva, com o aluno, de
condições facilitadoras para seu desenvolvimento integral. Nos momentos anteriores, existiam técnicas para a atuação do orientador. Não que elas
não sejam importantes, mas há que se buscar técnicas mais interativas, em que todas as dimensões do ser sejam consideradas.

O orientador deve compreender o aluno do ponto de vista cognitivo, comportamental, afetivo, social. É preciso ter em mente que se busca o
desenvolvimento integral do aluno.

Isso inclui o acompanhamento do discente em todas as áreas, desde suas relações pessoais que perpassam a escola, ou seja, suas relações
com todos os membros da comunidade escolar, incluindo a família, até seu processo de aprendizagem, passando, inclusive, pelas avaliações e
pela recuperação de estudos.
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Por isso, esse profissional deve estar atento às resoluções, aos decretos e às portarias publicados pelas Secretarias de Educação de cada
estado e/ou município onde atua, sobre os direitos e os deveres dos alunos no que se refere ao processo avaliativo.

Exemplo

No estado do Rio de Janeiro, temos a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de 2013, que estabelece as normas de avaliação e
desempenho escolar. Essa portaria assegura os direitos dos alunos em relação ao processo avaliativo, e o orientador educacional deve estar atento
para saber se a unidade escolar ou o corpo docente estão cumprindo o que determina a portaria.

A atuação do orientador educacional na contemporaneidade


O orientador educacional deve manter uma relação com todos os atores da escola. Isso é importante também porque sua atuação abrange
diferentes esferas e, portanto, ele deve:

[...] buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de ensinar/educar, promovendo as
condições básicas para formação da cidadania de nossos alunos.

(GRINSPUN, 2011, p. 55)

Em outras palavras, a autora quer dizer que cabe ao orientador educacional possibilitar a formação integral dos estudantes como cidadãos,
educando-os pelos direitos humanos e pela diversidade, resguardando a função social e política da educação.

Ao abordarmos a atuação do orientador educacional, não devemos perder de vista que ele é, antes de qualquer coisa, um educador. Dessa forma,
seu trabalho está diretamente relacionado à atuação pedagógica dentro da escola. Assim, ele deve ter:

[...] caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate
de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas.

(GRINSPUN, 2011, p. 35)

Portanto, podemos concluir que o papel do orientador educacional é bastante complexo, pois, a partir de uma relação de mediação entre todos os
atores da escola, deve buscar desenvolver um espaço de desenvolvimento e formação humana integral para os discentes.

Assim como seu papel, a atuação do orientador educacional não é diferente. Ela deve integrar as diferentes esferas existentes na escola,
relacionando saberes e ações em favor da formação plena do aluno.
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Nesse cenário, onde ele deve ser o mediador entre o aluno e o meio social, o orientador deve promover o diálogo em torno dos problemas
atuais, que fazem parte do contexto sociopolítico, econômico e cultural em que todos estão inseridos.

Por meio da problematização, ele pode e deve levar o aluno ao desenvolvimento de uma consciência crítica.
Dito isso, o papel de orientador educacional nesse cenário é fundamental, pois é ele quem encaminha a escola em direção ao cumprimento de sua
função primordial de educar para a cidadania.

O que o orientador educacional faz na prática, no dia a dia?


As atividades principais referem-se a atendimento a pais, alunos e professores, assim como assessoria à equipe pedagógica e direção. Dessa forma,
percebemos que o trabalho do orientador educacional se dá, em essência, a partir de um processo dialético, uma vez que suas ações podem
influenciar, especialmente, os alunos. Na prática, suas principais ações estão relacionadas à mediação de conflitos nas relações entre professores e
alunos, alunos e alunos, professores e família, e entre professores. Também oferece os seguintes atendimentos:

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Atendimentos individuais. Orientação aos pais. Articulação entre família e Atendimento a alunos com
escola. dificuldade de aprendizagem.

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Atividade discursiva

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Atendimento a estudantes com problemas emocionais com os devidos encaminhamentos aos órgãos responsáveis, quando necessário.

Como é possível observar, o trabalho do orientador educacional ultrapassa os muros da escola e se desdobra para outras áreas.
Quando se trata de atendimentos relativos à violência doméstica e familiar, ao abuso sexual, entre outros casos, apesar de detectados na escola,
não cabe a ela a solução dessas questões, apesar de todos esses fatos atrapalharem sensivelmente o processo de aprendizagem. Portanto, há que
se proceder o encaminhamento aos órgãos competentes, buscando apoio e parceria dessas áreas.

Em função de todas essas atividades, é de suma importância que o orientador educacional tenha contato constante com os órgãos oficiais de
atendimento.

A atuação do orientador educacional deve ser pautada por princípios éticos. Portanto, todo e qualquer atendimento, independentemente de sua
natureza, constitui informações confidenciais que devem ser preservadas e arquivadas em segurança, sendo divulgadas apenas em caso de
necessidade ou solicitação legal, de acordo com o Código de Ética dos Orientadores Educacionais do Brasil, publicado no Diário Oficial da República
Federativa do Brasil de 05 de março de 1979 e outras legislações que se seguiram a essa, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, que
resguarda a integridade física, moral e intelectual dos menores.

Realizar a missão da Orientação Educacional não é fácil. Muitas são as questões que dificultam ainda mais seu desenvolvimento. Entre essas
dificuldades, destacamos as mais recorrentes:

rgãos oficiais de atendimento


São órgãos como Conselhos Tutelares, Centro de Referência de Assistência Social, Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial,
Clínicas da Família e outros, dependendo da região em que se encontram.

Famílias desestruturadas e ausentes;

Falta de adesão da comunidade escolar ao projeto da orientação;

Dificuldade dos professores em identificar problemas e encaminhar os alunos para a Orientação;

Falta de equipamentos e recursos para a realização do trabalho;

Demora nas respostas dos órgãos públicos competentes, quando encaminhado algum caso específico, entre outras.

Saber lidar com essas dificuldades e encontrar meios para superá-las também faz parte da atuação do orientador
educacional.

Apesar de todas as dificuldades elencadas acima, vale destacar que a atuação do orientador educacional é de suma importância para o
desenvolvimento integral do aluno. E para colaborar da melhor forma, o orientador precisa compreender o desenvolvimento cognitivo do aluno, bem
como seus sentimentos, suas emoções, seus valores e suas atitudes.

E quando falamos de formação integral, nos referimos também ao mundo externo, ao extramuros da escola.
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O orientador deve possibilitar aos discentes atividades de reflexão, rodas de conversa, entre outros, sobre o mundo do trabalho e a vida após a
escola, suas opções e escolhas.
A atuação do orientador em tempos de ensino remoto
A pandemia de covid-19 que se abateu sobre o mundo no ano de 2020, estendendo-se por 2021, obrigou muita gente a permanecer em isolamento
social com o objetivo de minimizar a transmissão do vírus mortal. A escola não ficou indiferente a essa situação e permaneceu por quase dois anos
em ensino remoto de emergência, ou seja, toda atividade pedagógica devia ser realizada por meio de mediação tecnológica.

Essa situação expôs as gritantes diferenças sociais existentes na sociedade.

Muitos alunos não tinham aparelhos compatíveis com as atividades propostas em ambientes virtuais de aprendizagem. Outros tantos ficaram sem
conexão com a internet para interagir com professores e colegas. Além disso, muitos responsáveis perderam seus empregos e as dificuldades
financeiras bateram à porta enquanto o ano letivo estava a todo vapor.

Muitos alunos permaneceram afastados das escolas por longo tempo devido a decretos oficiais, enquanto aguardavam soluções que pudessem
minimizar os problemas sociais e de saúde pública. Cada um teve uma experiência diferente nesse momento histórico.

Essa alteração forçada de metodologia trouxe mudanças para todos.

Pais e filhos passaram a conviver mais de perto e por mais tempo.

A sala de aula passou a ser exercida na sala de casa por meio das telas dos dispositivos
móveis.
Muitas questões sociais ganharam maior notoriedade. E com isso a atuação do orientador educacional nunca foi tão solicitada e necessária,
especialmente no que diz respeito às questões intrínsecas às relações parentais. Nesse período, muitas dificuldades nessas relações vieram à tona,
motivadas por fatores alheios à escola, mas que influenciam significativamente o processo de aprendizagem em um período histórico tão delicado.

Reflexão
Além de todos os problemas que o isolamento social, necessário à contenção da doença, trouxe para a vida dos alunos, o uso de mediação
tecnológica, quando não preparada ou sem o devido planejamento, pode servir como uma extensão da sala de aula presencial, sem as adequações
necessárias, causando desengajamento e desânimo por parte dos alunos e aumentando os índices de evasão e infrequência.

Mas infrequência em ensino remoto? Sim.

A frequência é contabilizada pelas entregas virtuais de atividades feitas pelos alunos nas plataformas adotadas pelos sistemas de ensino. Naqueles
casos em que os alunos não possuem condições de conexão, são feitas entregas físicas de apostilas e atividades sem nenhuma orientação do
professor, que continua virtual.

Como é possível imaginar, muitos alunos sentiram dificuldades imensas de adaptação às atividades remotas bem como em sua própria vida
pessoal. Portanto, é fundamental que o orientador educacional acompanhe ainda mais de perto os alunos. Aplicativos de mensagem instantânea,
linhas de transmissão da unidade escolar com alunos e responsáveis, contato frequente do orientador com professores para identificar possíveis
problemas de qualquer natureza e encaminhamento precoce aos serviços oficiais de atendimento, quando necessário, tudo isso são ferramentas
que podem auxiliar o orientador em sua atuação.

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Vamos resumir?
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques remonta aos principais pontos do módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos afirmar que a atuação da Orientação Educacional

A é comprometida somente com o aluno. O professor, o currículo e a escola não são responsabilidade da orientação.

é uma atividade comprometida com a organização da escola, mas que também deve ter em vista suas relações com a
B
sociedade em que está inserida.

incorpora aspectos da ética, da ciência e da educação, mas não se compromete com a formação de conceitos e bases teóricas,
C
uma vez que são desnecessários à compreensão dessa prática.

tem o objetivo de ajudar o aluno no seu desenvolvimento, desconsiderando o contexto em que ocorre esse processo, bem como
D
as relações que nele se estabelecem.
está indiretamente relacionada à questão da ética, uma vez que não se compromete com a questão dos valores, sendo a pessoa
E
humana o seu valor primordial.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do desenvolvimento integral do aluno. Dessa forma, conhecer todo o contexto que
envolve o aluno é importante para que o orientador possa exercer sua função dentro do que é esperado desse profissional.

Questão 2

Se durante um atendimento de rotina na unidade escolar o orientador educacional perceber que o aluno está sendo vítima de violência
doméstica, ele deve

A orientar o aluno a procurar ajuda, sem se envolver no caso.

ir até a delegacia mais próxima da unidade escolar e lavrar um boletim de ocorrência, visando garantir a vida e a segurança do
B
aluno.

C comunicar à família e lavrar boletim de ocorrência na delegacia mais próxima para resguardar os direitos do aluno.

comunicar a todo corpo docente da unidade escolar, expondo a situação do aluno a fim de que todos fiquem atentos a novas
D
ocorrências de violência contra o estudante.

encaminhar o caso aos órgãos competentes, pois não é responsabilidade da escola nem do orientador educacional a solução
E
desse tipo de problema.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do desenvolvimento integral do aluno. Dessa forma, conhecer todo o contexto que
envolve o aluno é importante para que o orientador possa exercer sua função dentro do que é esperado desse profissional.

Considerações finais
Como vimos, a função da Orientação Educacional é de suma importância para o sistema educacional brasileiro e para os alunos.

O profissional dessa área deve ter sensibilidade e atenção nas relações estabelecidas dentro e a partir da escola, sobretudo no que se refere ao
aluno. Esse profissional deve participar ativamente da construção do projeto político pedagógico das unidades escolares, auxiliando-as em sua
organização e execução desse projeto. Ele deve, igualmente, atuar em proximidade com docentes, equipe diretiva e equipe pedagógica, para que
identifiquem qualquer necessidade que o estudante apresente. Ademais, deve ter uma relação estreita com os órgãos oficiais que resguardam os
direitos dos alunos, especialmente com os Conselhos Tutelares, atores importantes nesse processo de proteção dos discentes.

Lembramos que a principal função do orientador educacional reside no desenvolvimento integral do aluno como pessoa, como cidadão crítico. Abrir
seus olhos para as possibilidades futuras, para além da escola, faz parte desse processo. Por isso, é importante que toda unidade escolar conte
com um orientador educacional. A presença desse profissional no ambiente escolar faz toda a diferença na formação do aluno.

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Podcast
Neste podcast, o professor Rodrigo Rainha faz um balanço sobre observação escolar.

Referências
CANDAU, V. M. et al. Educação em direitos humanos e a formação de professores(as). São Paulo: Cortez, 2014.

GOMES, M. M; GRINSPUN, M. P. S. Z. Orientadores educacionais em ação: novos tempos, novos rumos. Rio de Janeiro: Wak, 2018.

GRINSPUN, M. P. S. Z. Autonomia e ética na escola: o novo mapa da educação. São Paulo: Cortez, 2014.

GRINSPUN, M. P. S. Z. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

GRINSPUN, M. P. S. Z. (Org.). A prática dos orientadores educacionais. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? 12. ed. São Paulo: Cortez, 2018.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da Escola: teoria e prática. 6. ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Heccus, 2013.

MARTINS, J. do P. Princípios e métodos da orientação educacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1984.

PIMENTA. S. G. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Cortez, 1988.

PIMENTA. S. G. A orientação educacional e o planejamento. In: NEVES, M. A. M. (Org.). A orientação educacional: permanência ou mudança? Rio de
Janeiro: Vozes, 1986.

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Indicamos a leitura de uma dissertação de mestrado muito interessante sobre a percepção dos professores acerca da atuação dos orientadores
educacionais em uma escola da rede particular de São Paulo.
As percepções de educadores sobre a atuação do orientador educacional de uma rede de ensino particular, de Lenita Kaufmann, na Plataforma
Sucupira.

Sugerimos também uma pesquisa no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes. Há muitos trabalhos interessantes relativos a essa área já
publicados.

Por fim, sugerimos que pesquise artigos em revistas especializadas sobre o tema. Além disso, o estado do Rio Grande do Sul possui uma
Associação de Orientadores Educacionais (AOERGS) muito bem estruturada e com muito material disponível para pesquisa, além de divulgação de
eventos relacionados à área. Vale a pena conferir!

Pesquise a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de 2013, que estabelece as normas de avaliação e desempenho escolar.

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