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MONICA DA SILVA DE JESUS

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOBRE A PRÁTICA


EDUCACIONAL: UM ESTUDO À PARTIR DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO.

TAUBATÉ
2022
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MONICA DA SILVA DE JESUS

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOBRE A PRÁTICA


EDUCACIONAL: UM ESTUDO À PARTIR DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO.

Projeto apresentado ao Curso de Psicologia da


Instituição Anhanguera.
Orientador: (Nome do Tutor)

Taubaté
2022
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5
1.1 O PROBLEMA 6
2 OBJETIVOS 6
2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO 6
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS 6
3 JUSTIFICATIVA 6
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8
5 METODOLOGIA 19
6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO 20
REFERÊNCIAS 22
1 INTRODUÇÃO
A Análise do Comportamento tem contribuído para pensar este processo
produzindo estudos teóricos e de intervenção que podem subsidiar as possíveis
práticas inclusivas, assim como possibilidades de planejamento cultural para
melhorias na educação. É neste referencial que se pautará este estudo de revisão
literária.
No contexto escolar a aprendizagem é o principal fim a ser alcançado. Desta
forma, os profissionais da educação têm como meta a ser alcançada um ensino
efetivo que alcance tal aprendizagem, portanto, é primordial que saibam e tenham
apoio para desempenhar da melhor forma seus papéis. A teoria de Skinner (1953)
conceitua ensino, como um arranjo de contingências que leva o aluno a aprender.
Os professores são responsáveis por arranjar estas contingências que favorecem a
aprendizagem, levando, portanto, ao comportamento desejado. A organização de
um processo de aprendizagem em uma proposta inclusiva requer inovação de
práticas e modificação de valores que embasam a escola tradicional (Rodrigues,
2008).
Uma das premissas que norteiam esse processo de inclusão é o respeito à
singularidade de cada indivíduo, fato que está totalmente de acordo com a filosofia
do Behaviorismo Radical. Considera-se de grande valia que as crianças possam
estar nas escolas e em sala de aula, podendo aprender juntas, observando e
respeitando as necessidades que cada uma possa ter. Baumel (1998) diz que: Em
outras palavras, devemos pensar e crer que a escola inclusiva permite, na prática,
evidenciar o fundamento de que todas as crianças devem aprender juntas, com
dificuldades ou diferenças que apresentam. Isto se reporta à elaboração de planos
que reconheçam e respondam às necessidades dos alunos.
Em outras palavras, acomodar estilos, ritmos de aprendizagem,
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas e outras (p.35). De acordo com a legislação (Constituição, 1988) no
Brasil, a escola deve garantir o acesso e a permanência dos alunos, com
necessidades especiais, no processo inclusivo escolar. Seguindo esta determinação
para a inclusão existem desafios e necessidades de adaptações para a escola,
principalmente ao que se refere ao ensino e aprendizagem efetivos.
Com o objetivo de estudar a Análise do Comportamento iniciamos com a
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contextualização legal sobre a inclusão escolar no Brasil, tratando sobre princípios


analíticos comportamentais, bem como sua relação com a área da educação. Na
sequência, tratamos sobre o método ABA com crianças com dificuldade de
aprendizagem.

1.1 O PROBLEMA

Os saberes da análise do comportamento seriam úteis à prática do


educador?

2 OBJETIVOS
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2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO


Identificar o que o professor precisa para desenvolver um bom trabalho em
sala de aula através de análises comportamentais em alunos típicos e atípicos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS

● Descrever conceitualmente o que é a análise do comportamento;

● Discutir sobre as contribuições da análise do comportamento junto ao

processo de ensino e aprendizagem e;

● Discorrer sobre as contribuições da análise do comportamento à

prática educacional
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3 JUSTIFICATIVA
O papel do educador na perspectiva da psicologia se torna importante para a
análise comportamental dos alunos dentro da sala de aula, com a inclusão nas
escolas percebeu-se o despreparo de alguns professores, fazendo assim despertar
o interesse da área psicológica no dia a dia da escola.
A base da psicologia educacional contribuiu para a criação do sistema
educacional atual, quando aplicada na área escolar ela ajuda os professores os
alunos em vários modos, como a compreender as diferentes etapas de
desenvolvimento, quais os melhores métodos para se educar em determinadas
situações e conseguir conciliar o ensinamento e os conselhos dentro de uma sala de
aula. Fazendo assim que se entenda também cada aluno em sua particularidade. A
área da psicologia educacional corresponde ao que se aprofunda no ensino e
aprendizado no funcionamento da aprendizagem de crianças e adultos, em eficácias
através de estratégias educacionais e o funcionamento da educação no geral.
Sendo responsável também pela absorção do fluxo de informação por parte dos
alunos através da dificuldade de aprendizagem.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A educação implica na abrangência de uma diversidade de temas, sendo um
deles a inclusão. É através da análise do comportamento que aumentou a
contribuição para processos produzidos através de teorias e intervenções que
subsidiam as práticas inclusivas, assim como planejamento cultural na melhoria da
educação. Os profissionais da educação tem o objetivo do ensino efetivo para
alcançar certa aprendizagem, com isso é de suma importância que tenham apoio
para desempenhar melhor seus papéis. A teoria de Skinner (1953) explica que com
o arranjo de contingências leva o aluno a aprender, é de responsabilidade do
professor unir as contingências de uma forma que favoreça tal aprendizagem,
gerando o comportamento desejado. O processo de aprendizagem traz uma
proposta inclusiva que requer a inovação das práticas e a modificação dos valores
que fundamentam a escola tradicional (RODRIGUES, 2008).
O princípio do processo da inclusão é o respeito à singularidade de cada um,
levando a sério o Behaviorismo Radical. Considerando importante que as crianças
devam estar em salas de aula e aprendendo em conjunto, respeitando a limitação de
cada indivíduo Baumel (1998) acredita que:
Em outras palavras, devemos pensar e crer que a escola inclusiva permite,
na prática, evidenciar o fundamento de que todas as crianças devem
aprender juntas, com dificuldades ou diferenças que apresentam. Isto se
reporta à elaboração de planos que reconheçam e respondam às
necessidades dos alunos. Em outras palavras, acomodar estilos, ritmos de
aprendizagem, independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas e outras (p.35).

De acordo com Constituição de 88, a escola garante o acesso e a


permanência dos alunos, com necessidades especiais, no processo inclusivo
escolar. Seguindo esta determinação para a inclusão existem desafios para a
escola, principalmente em relação ao ensino e aprendizagem. Para Gusmão,
Martins e Luna (2011):
A evolução do aluno depende do efeito que as relações estabelecidas entre
todos os sujeitos que compõem o ambiente escolar (e interferem nele) têm
sobre o grupo, dando condições para a continuidade do processo que tem
como produto agregado a aprendizagem do aluno. A escola deve dispor de
espaço físico acessível, mobiliário adequado, material adaptado, recursos
pedagógicos, além de trabalhar com todos os alunos para que desenvolvam
atitudes de aceitação e cooperação entre os colegas. A inclusão torna-se,
neste caso, um modelo de atendimento que deve permear todas as ações
voltadas para os alunos com necessidades educacionais especiais,
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desenvolvendo um padrão de comportamento, de acolhimento e respeito


das diferenças individuais (p. 81-82).

Dessa forma, a inclusão no contexto escolar supõe que, além de manter o


aluno na escola, é necessário proporcionar condições para que possa se
desenvolver. Tais características e aspectos são determinados, também, por leis. A
análise do Comportamento é uma psicologia cujo objetivo é o estudo do
comportamento humano, e pode ser dividida em três subáreas sendo elas o
behaviorismo radical, um filosofia que fundamenta as noções de conhecimento, e
utiliza como método de investigação da análise do comportamento; a Análise
Experimental do Comportamento, traz como estudo o teste que comprove as
hipóteses sobre as condições do comportamento, utilizando das circunstâncias
experimentais em que se manipulam o comportamento; e por último, análise
aplicada do comportamento, o campo de intermédio dos analistas, incluem as
práticas profissionais sendo a intervenção clínica, organizacional, hospitalar e
escolar, sendo práticas necessárias que explica ou modifica o comportamento
humano.
O behaviorismo é uma filosofia sobre a proposta de delimitação do objeto e
método oportunos para a investigação psicológica. O objeto de estudo é o
comportamento. O manifesto de 1913 esclareceu a intenção do movimento
behaviorista no início do século XX, proclamando a psicologia dos procedimentos
experimentais, próprios para a ciência natural, que têm como propósito o controle do
comportamento, implicando no rejeitamento do interesse pelos aspectos
comportamentais. Em sua versão radical, o behaviorismo traz como objeto de
estudo, tudo que o organismo faz, sendo pensar, lembrar, imaginar entre outros.
Buscando a raiz de todo assunto psicológico, identificando as condições que tornem
possível a experiência, especificando a relação estabelecida entre os indivíduos e
seu meio social.
A Análise do Comportamento é um programa que propõe o estudo dos
fenômenos psicológicos. Para Skinner a relação da mente corpo, no behaviorismo
radical é a visão segundo a qual só se fala em uma substância: a física. Assim
falando em mente separada do corpo só será possível se não houver referência a
um dualismo. Demonstrando assim que para um behaviorista a criança não chora
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porque está triste, ela chora para poder unir o meio físico e social de forma que
demonstre como ele se sente. Portanto, o behaviorismo rejeita a noção da mente
como agente iniciador da ação, não excluindo a investigação. O segundo ponto é
referente ao significado da verdade, behaviorismo se baseia no pragmatismo
filosófico, perguntando pelos aspectos, envolvendo o conceito e estabelecendo
como objetivo da ciência comportamental. Os behavioristas admitem que o
comportamento é um evento natural que tem relação interdependente com seu meio
físico e social. A ciência que descreve as relações de interdependência permite aos
homens agir sobre seu meio tendo maior probabilidade de sucesso, operando com
sucesso sobre o meio, o critério de admissão do conceito é uma ciência do
comportamento.
O terceiro aspecto filosófico do behaviorismo de Skinner se refere ao método
das ciências que fazem o uso de técnicas e instrumentos de investigação permitindo
estudar o comportamento experimental, possibilitando a descrição da relação entre a
ação e o ambiente. Portanto Skinner defende a interpretação quando não se dispõe
dos dados que permitam a previsão e controle comportamental, quando as
condições não são descritas com precisão. Se referindo à especulação, ela é útil
para a concepção de métodos capazes de trazer o objeto sob maior controle do
cientista. Concluindo assim que essas três filosofias dizem que o behaviorismo
admite como atividade de uma ciência do comportamento, o estudo de fenômenos
tais como emoções, pensamentos, fantasias, sonhos, lembranças, adotando o
critério instrumental da verdade que respalda sua visão de ciência e considera a
interpretação e a especulação como recursos válidos de uma ciência do
comportamento.
Skinner destaca que a Análise do Comportamento traz certo conhecimento
sólido sobre o comportamento humano, que possibilita a sua aplicação ao contexto
educacional. Pesquisadores comportamentais como Saville, Lambert e Robertson
(2011) relatam que houve um desenvolvimento de diversos métodos de ensino, que
estão ligados à psicologia operante, embora esses métodos demonstrarem ser mais
efetivos que os tradicionais, não se sabe do seu uso no ensino regular. Os princípios
que podem fundamentar a identificação de práticas de ensino, aumentam as
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chances do aluno se desenvolver. Identificando essas contribuições e aplicações da


análise do comportamento a educação. Com base nesses estudos e aplicações
analisam-se algumas orientações fundamentadas na Análise do Comportamento e
na filosofia Behaviorista Radical, existindo três categorias de contribuições da
Análise para a educação, sendo elas a primeira categoria que diz respeito às
contribuições da filosofia Behaviorista Radical; a segunda, à forma com que a
Análise do Comportamento interpreta certos problemas educacionais e a descrição e
aplicação de princípios do comportamento ao contexto educacional; a terceira é
diretamente relacionada a algumas propostas sistematizadas de ensino de base
comportamental. Três ressalvas são essenciais que são a simplicidade do que será
descrito, não bastando conhecer o que será discutido, é preciso agir em
conformidade com essas indicações e, principalmente, avaliar seus resultados sobre
o aprendizado dos alunos; e as contribuições que serão interligadas, de modo que
as divisões servem para enfatizar a importância de cada elemento.
O valor ético da cultura é associado à produção de liberdade, dignidade e
qualidade de vida para todos os seus integrantes, para garantir isso a educação tem
papel primordial de estabelecer nos membros da cultura comportamentos que serão
vantajosos, no futuro. A escola tem o papel de ensinar os comportamentos
significativos para os alunos, com o objetivo da educação sendo o desenvolvimento
de comportamentos que terão alguma vantagem futura. Envolvendo o ensino dos
comportamentos como o autocontrole, a resolução de problemas e a tomada de
decisão, devendo dar chances ao indivíduo de contribuir com a sobrevivência de sua
cultura. Essas explicações do comportamento apelem metáforas e não avancem na
identificação das variáveis, onde o comportamento é função que encobre as causas
do fracasso de um aluno e de seu professor. Portanto, deve-se tomar cuidado ao
colocar o aluno como a causa de seu fracasso, pois dizer ao aluno que ele não está
motivado significa apenas dar uma falsa explicação. A motivação não é somente do
aluno, ela depende de outras circunstâncias, sendo o professor, as emoções, tipos
de tarefas solicitadas e explicações de como devem ser feitas.
Dessa forma, ao explicar o comportamento, sabe-se que envolve o fato de
conhecer o aluno nas suas facilidades e dificuldades de aprendizagem exigindo
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análise de seus comportamentos, ao longo de uma história de aprendizagem, em


termos das condições sob as quais a pessoa se comporta e as consequências que
produz, não adianta analisar o desempenho somente em sala de aula, pois cada
aluno deve ser avaliado de maneira individual, de forma planejada e flexível,
sabendo como vai lidar com tal situação que pode ocorrer atendendo todas as
necessidades individuais.
O Behaviorismo Radical é a filosofia elaborada por Burrhus Frederic Skinner
que embasa a ciência da Análise do Comportamento e tem como objeto o estudo do
comportamento. Esta teoria rejeita a divisão entre corpo e mente, e não exclui a
existência de comportamentos privados.
Skinner (1953-2003) esclarece que:

Quando dizemos que o comportamento é função do ambiente, o termo


“ambiente” presumivelmente significa qualquer evento no universo capaz de
afetar o organismo. Mas parte do universo está encerrada dentro da própria
pele de cada um. Portanto, algumas variáveis independentes podem se
relacionar com o comportamento de maneira singular. A resposta de um
indivíduo a um dente inflamado, por exemplo, é diferente da resposta que
qualquer outra pessoa possa mostrar em relação àquele particular dente,
desde que ninguém mais possa estabelecer o mesmo tipo de contato com
ele. Os eventos que acontecem durante uma excitação emocional ou em
estados de privação frequentemente são únicos e inacessíveis aos outros
pela mesma razão; neste sentido nossas alegrias, tristezas, amores e ódios
são particularmente nossos. Com respeito a cada indivíduo, em outras
palavras, uma pequena parte do universo é privada. Não temos
necessidade de supor que os eventos que acontecem sob a pele de um
organismo tenham, por essa razão, propriedades especiais. Pode-se
distinguir um evento privado por sua acessibilidade limitada, mas não, pelo
que sabemos, por qualquer estrutura ou natureza especial (p.281-282).

As propostas comportamentais começaram a surgir nos anos 1950 a partir do


Skinner que ao discutir o uso de princípios comportamentais em sala de aula,
identificou uma série de problemas na educação no seu tempo. Fazendo os
professores utilizarem o reforço positivo em sala de aula. Em resposta, os problemas
educacionais e diversos métodos de ensino foram surgindo e todas as propostas
têm em comum o emprego de reforço positivo para produzir os comportamentos em
substituição ao uso de controle aversivo, focalizando no domínio do material pelos
estudantes como critérios para avançar para o próximo ano, o desempenho do aluno
é avaliado periodicamente e a apresentação do material vai do começo ao fim.
Becker e Engelham (1978) apresentam um conjunto de princípios que orientam o
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trabalho de planejar, selecionar e sequenciar as tarefas para instrução básica.


Tendo como objetivo o formato de programas instrucionais proposto por esses
autores, ensinando habilidades que possam ocorrer em muitas situações
apropriadas. Sendo um dos objetivos centrais da educação, onde que os
comportamentos aprendidos nos contextos de sala de aula e nas tarefas propostas
generalizam contextos fora da sala de aula. Portanto, os conjuntos de situações com
propriedades comuns entre si diante das quais certos tipos de responder são
apropriados e conjuntos de respostas com funções comuns, ou seja, produzindo
certos tipos de consequência.
Apesar da sua origem na década de 50, surge o termo ABA que tem uma
abordagem mais científica e é definida como um método para avaliar, explicar e
modificar comportamentos baseados nos princípios do condicionamento operante
introduzidos por Skinner. Na perspectiva operante, os comportamentos são
aprendidos no processo de interação entre o indivíduo e seu ambiente físico e social
(SKINNER, 1953). Sabe-se que o método ABA possui vasto suporte científico e tem
sido o método de intervenção mais pesquisado e adotado, sobretudo nos Estados
Unidos, para promover a qualidade de vida de pessoas com transtorno do espectro
do autismo (GILLIS & BUTLER, 2007; LOVAAS, 1987; VAUGHN et al., 2003;
VIRUÉS-ORTEGA, 2010; HOWARD et al., 2005; LANDA, 2007).
É nítido que os métodos educacionais com base na psicologia
comportamental têm demonstrado a redução dos sintomas do espectro autista,
promovendo variedade de habilidades sociais, de comunicação e comportamentos
adaptativos. Por apresentar a abordagem individualizada e estruturada, o método se
tornou uma intervenção bem sucedida para crianças com TEA que respondem bem
às rotinas e diretrizes claras. (SCHOEN, 2003). No Brasil, a análise do
comportamento começou com a vinda de Fred S. Keller para a Universidade de São
Paulo (USP) e Universidade de Brasília (UnB) nos anos 60. Sendo hoje o maior
centro de análise do comportamento, depois dos Estados Unidos. Mas, ao contrário
dos Estados Unidos, que possuem vários estudos mostrando a eficácia da ABA,
sobretudo, em pessoas com autismo, aqui, no Brasil, não há. Estes estudos buscam
saber quais os conjuntos das práticas têm evidência no tratamento do autismo e
quais terapias comportamentais aparecem como um tratamento com fortes
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evidências científicas. Importante que aqui no Brasil, não se exige a certificação


internacional para se atuar como analista de comportamento. Há um exame de
certificação internacional que atesta que um profissional tem o conhecimento
necessário para atuar como analista de comportamento. Embora bem conhecida
como um método de intervenção para pessoas com autismo (HOWARD et al., 2005;
LANDA, 2007), ABA é uma tecnologia que pode ser aplicada a crianças e adultos
com ou sem necessidades especiais em clínicas, escolas, hospitais, em casa, no
ambiente de trabalho ou na comunidade (CAUTILLI, DZIEWOLSKA, 2008).
Assim, se faz necessário que o profissional atuante nas salas de atendimento
tenha o processo de formação continuada a aquisição do método ABA para ofertar
um melhor atendimento para os estudantes com desenvolvimento atípico,
contribuindo de forma significativa para o crescimento pedagógico e social. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – (LDBEN) – 9394/96 Art. 61, estabelece:
A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos
dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada
fase do desenvolvimento do educando.

Sendo necessário que as Instituições de Ensino possibilitem ao professor


uma formação continuada baseada nas práticas inclusivas, buscando ofertar
conhecimentos que visem o aprimoramento de suas práticas de ensino para melhor
atender aos estudantes com deficiências e se tratando dos profissionais que atuam
nas salas de recursos, vimos que a oferta de formação em ABA é imprescindível. Os
espaços para o atendimento educacional especializado são assegurados pelo MEC,
mediante portaria n°13/2007, que dispõe a criação do Programa de Implantação de
Salas de Recursos Multifuncionais tendo o objetivo de apoiar os sistemas de ensino
na organização e ofertar o atendimento educacional especializado, de forma
complementar ou suplementar à escolarização dos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação já
matriculados em classes comuns do ensino regular de escolas públicas de educação
básica. No processo de escolarização, sobretudo da pessoa com deficiência, é de
grande importância o firmamento da parceria com a família, uma vez que criança
advém de uma família que valoriza a escola e mantém um relacionamento cujo
interesse é o ensino-aprendizagem, o estudante apresenta melhor desenvolvimento
sociocognitivo e aprende mais. A parceria é importante no sentido de os pais
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contribuírem com a aprendizagem dessa criança realizando os estímulos


necessários para o seu desenvolvimento de forma a complementar o trabalho
realizado na escola. Participando da socialização escolar, a família contribui de
modo imprescindível para a vida social da criança. Ao atuar nos espaços escolares,
na orientação, no direcionamento, nas regras e normas de valores, proporcionará à
criança melhor desenvolvimento para a vida e convívio social. (RAMOS, 2009, p.35).
Para Keller (1972) o desenvolvimento do PSI, tem como principais
características o conteúdo da disciplina organizado em pequenas partes, o requisito
de perfeição para que o aluno prossiga, as unidades englobam o que foi ensinado
anteriormente, o uso de avaliações ao longo da disciplina, servem para certificar o
domínio do aluno sobre uma unidade, o ritmo individualizado, que permite que o
aluno prossiga na velocidade adequada à sua habilidade e à sua disponibilidade de
tempo, o retorno em relação à produção do aluno e às suas avaliações, o uso de
palestras de motivação, a ênfase sobre as comunicações entre professores e
alunos, o uso de monitores, permitindo avaliação imediata e acentuada ênfase no
aspecto social do aluno. O Método ABA envolve o ensino intensivo das habilidades
necessárias para que a criança possa adquirir independência e melhor qualidade de
vida possível. Entre as habilidades ensinadas se incluem os comportamentos
sociais, como contato visual e comunicação funcional; comportamentos acadêmicos,
como requisitos para leitura, escrita e matemática; além de atividades da vida diária
como higiene pessoal. A redução de comportamentos agressivos, autolesões e
fugas também fazem parte do tratamento comportamental, já que tais
comportamentos interferem no desenvolvimento e na integração do indivíduo
diagnosticado com autismo. Durante o tratamento comportamental, as habilidades
são ensinadas em uma situação do aluno com o professor através de uma instrução
ou dica, as oportunidades de aprendizagem são repetidas muitas vezes, até que a
criança demonstre a habilidade em diversos ambientes e situações. A principal
característica do Método ABA é o uso de consequências favoráveis ou positivas.
Inicialmente, essas consequências são extrínsecas, entretanto, com o tempo o
objetivo é as consequências naturais (intrínsecas) produzidas pelo próprio
comportamento sendo poderosas para manter a criança aprendendo. Durante o
ensino, cada comportamento é registrado para que se possa avaliar seu progresso,
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para ensinar crianças com autismo, ABA é usado para instruções intensivas e
estruturadas. Embora seja um termo que engloba muitas aplicações, as pessoas
usam o termo ABA como abreviação, para referir- se apenas à metodologia de
ensino para crianças com autismo. Normalmente o método começa em casa, a
intervenção precoce é importante, pois essa técnica pode beneficiar crianças
maiores e adultos. A metodologia, técnicas e currículo do programa podem ser
aplicados na escola, normalmente é individual e a maioria das intervenções
precoces seguem uma agenda de ensino em período integral rejeitando punições, e
se concentrando na premiação do comportamento desejado. O currículo depende de
cada criança, mas geralmente é amplo; cobrindo as habilidades acadêmicas, de
linguagem, sociais, cuidados pessoais, motoras e de brincar.
O primeiro passo do tratamento é a realização da avaliação das habilidades já
demonstradas pelo cliente, dos seus comportamentos inadequados e de sua
capacidade de aprender. A ênfase da avaliação é na descrição de como os
elementos do ambiente estão relacionados aos comportamentos exibidos pelo
cliente, conhecido por análise funcional. O passo seguinte é a criação de um plano
de trabalho em que se definem objetivos e prazos para seus cumprimentos. Todo o
processo terapêutico é registrado, permitindo que seja avaliado. O desenvolvimento
das novas habilidades ocorre por procedimentos graduais de ensino, em que
comportamentos complexos são divididos em suas partes componentes. Cada parte
é ensinada individualmente e o estudante domina todos os passos de ensino.
Existem quatro tipos de procedimentos de ensino, começando pela tentativa
discreta que é constituída pela unidade de ensino ou, na literatura conceitual
analítico-comportamental, contingência de três termos: o terapeuta arranja os
estímulos e faz um pedido, o estudante responde com ou sem ajuda e é reforçado
por seu sucesso. Geralmente, a tentativa discreta é realizada em contexto
planejado. Em segundo tem o ensino em Ambiente Natural, onde o estudante é
ensinado a se comportar adequadamente em situações naturais, sendo planejado,
como na tentativa discreta, mais flexível e contextualizado. Em terceiro a
Aprendizagem Incidental, onde o ensino não é planejado, se aproveitando do
interesse imediato da criança para ensinar habilidades adequadas, garantindo alto
nível de motivação. E por último o encadeamento de Trás para Frente, utilizado para
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o ensino de habilidades de autocuidado, como tomar banho, trocar de roupa,


escovar os dentes, consistindo em quebrar comportamentos complexos em
pequenos passos e ensinar de trás para frente, de modo que os passos iniciais
sirvam de dicas para o último.
Durante a terapia, o estudante segue seu ritmo de trabalho e só avança para
tarefas mais complexas se apresentar domínio nas mais simples; tem pouca
probabilidade de cometer erros devido aos procedimentos de modelagem de dicas
dadas pelo terapeuta é constantemente motivado e jamais é criticado por seus erros.
Para lidar com os comportamentos inadequados são utilizados procedimentos de
extinção que servem para reduzir comportamentos inadequados, como birras ou
respostas violentas, nesses procedimentos, o reforço da resposta inapropriada é
enfraquecido até que desapareça. Os esquemas de reforçamento de respostas
incompatíveis são complementares à extinção. Além da suspensão do reforçador
para respostas inadequadas, nos esquemas de reforçamento de respostas
incompatíveis, são programados reforçadores para comportamentos adequados que
substituam as respostas indesejadas ou que as tornem impossíveis de serem
emitidas. Os quadros de rotina servem para ajudar o estudante a compreender o
que fará no dia e iniciar a compreensão de encadeamento e sequenciamento das
tarefas diárias, o redirecionamento é utilizado com as estereotipias consistindo em
redirecionar o comportamento repetitivo inadequado por outros semelhantes, mas
considerados adequados.
De acordo com Mello (2001):
ABA é um tratamento comportamental indutivo, tem por objetivo ensinar a
criança habilidades, por etapas, que ela não possui. Cada habilidade é
ensinada, em geral, em plano individual, de maneira associada a uma
indicação ou instrução, levando a criança autista a trabalhar de forma
positiva.

Louvas (1987) foi o primeiro psicólogo a aplicar os princípios da ABA para


ensinar crianças com autismo. Por isso muitas pessoas falam do método Lovaas
quando se referem ao ensino de crianças com autismo. Vale ressaltar que o método
é muito mais amplo e envolve muitos tipos diferentes de intervenções, estratégias de
ensino e manejo comportamental. Em 1987, Lovaas publicou os resultados de um
estudo de longo prazo sobre o tratamento de modificação comportamental em
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crianças pequenas com autismo. Os resultados do seguimento destas crianças


mostraram que, em um grupo de 19 crianças, 47% dos que receberam tratamento
atingiram níveis normais de funcionamento intelectual e educacional, com QIs na
faixa do normal e um desempenho bem-sucedido na 1ª série de escolas públicas.
40% do grupo tratado foram depois diagnosticados como portadores de retardo leve
e frequentaram classes especiais de linguagem, e os 10% remanescentes do grupo
tratado foram diagnosticados como portadores de retardo severo. Segundo Lovaas
(2002), parte do sucesso da terapia ABA está ligada à sua compreensão do autismo
não como uma doença ou um problema a ser corrigido, mas como um conjunto de
comportamentos que podem ser desenvolvidos por meio de procedimentos de
ensino especial. Esta compreensão, permitiria focar mais nas características
particulares e necessidades específicas de aprendizagem dos indivíduos e
aperfeiçoar habilidades adequadas já existentes. Outro fator apontado como
responsável pelos resultados positivos da terapia, consistindo no fato de os seus
procedimentos de intervenção serem embasados por evidências científicas
acumuladas e utilizados com semelhante margem de sucesso em indivíduos típicos
e especiais.
Esses métodos têm o potencial de superar as propostas tradicionais do
ensino, infelizmente esses métodos não foram suficientes e são pouco empregados
no ensino. De acordo com Saville, Lambert e Robertson (2011), as razões para que
isso ocorra é a resistência à mudança, sobre as propostas educacionais e
comportamentais que consomem um certo tempo e esforço do professor, que está
sempre tomado de responsabilidades. Os professores se sentem ameaçados de
perder o controle do que estão ensinando, por conta da crítica sobre a efetividade do
planejamento de ensino elaborado pelo professor. Além disso, é comum a
incompreensão em relação aos princípios comportamentais em que estão
fundamentados.
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5 METODOLOGIA
O tipo de pesquisa a ser realizada será uma revisão bibliográfica de caráter
qualitativo e descritivo, onde serão pesquisados livros, dissertações e artigos
científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados Verbal
behavior. Englewood Cliffs, N.J.; Escola e família: uma parceria que dá certo; A
família diante das dificuldades escolares dos filhos; A importância da aba: análise do
comportamento. O período dos artigos pesquisados serão os trabalhos publicados
nos últimos 10 anos. Os critérios de inclusão serão análise de todos os recursos e
estudos utilizados nesses artigos para que possa tirar uma conclusão de como foi
desenvolvido tal pensamento sobre a dificuldade de aprendizagem e como pode ser
utilizado o método ABA para diminuir essa dificuldade na aprendizagem e como
pode ser analisado cada comportamento através do método e como prosseguir,
desta forma serão utilizados 4 artigos. As palavras-chave utilizadas na busca são:
dificuldade de aprendizagem, análise comportamental, behaviorismo e educação.
6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

Quadro 1 – Cronograma de execução das atividades do Projeto e do


Trabalho de Conclusão de Curso.

2022/1

ATIVIDADES MAR ABR MAI ABR MAI


Escolha do tema. X X X X
Definição do problema de pesquisa

X X X X
Definição dos objetivos, justificativa.

Definição da metodologia. X X

Pesquisa bibliográfica e elaboração da X X


fundamentação teórica.

Entrega da primeira versão do projeto. X

Entrega da versão final do projeto. X

Revisão das referências para elaboração do


TCC. x

Elaboração do Capítulo 1. x

Revisão e reestruturação do Capítulo 1 e


elaboração do Capítulo 2. x

Revisão e reestruturação dos Capítulos 1 e


2. Elaboração do Capítulo 3. x

Elaboração das considerações finais.


Revisão da Introdução. x

Reestruturação e revisão de todo o texto.


Verificação das referências utilizadas. x

Elaboração de todos os elementos pré e


pós-textuais. x

Entrega da monografia. x

Defesa da monografia. x
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REFERÊNCIAS

BIJOU, Sidney. O que a psicologia tem a oferecer à educação: agora! Revista


Brasileira de Análise do Comportamento, v. 2, n. 2, p. 287-296, 2006 [1970].
CARVALHO Neto, Marcus B.; Alves, Ana C. P.; Baptista, Marcelo Q. G. A
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