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Disciplina: Projeto Integrador e Práticas de Entrevista na Clínica

Curso: Psicologia
6º Termo
Aula 01

Profª Alessandra Matias


Entrevista clínica psicológica

A entrevista é uma forma comum de comunicação e, por meio dela,


podemos trocar informações e impressões uns com os outros. Ela pode
ser utilizada em diferentes contextos profissionais, como na prática do
jornalista, do recrutador e na rotina clínica, pelos diferentes
profissionais de saúde.

A entrevista clínica psicológica envolve planejamento, identificação de


um objetivo norteador e o estabelecimento de relações entre as partes,
podendo ser de diferentes.
tipos (p. ex., anamnese, diagnóstica, devolutiva) e estruturas
(fechada, semiestruturada, de livre estruturação).
Na prática do psicólogo, a entrevista é um instrumento que
permite investigar informações diversas sobre a pessoa
entrevistada — o que, na prática clínica, corresponde ao
agrupamento das experiências que evidenciam as dores e as
inquietações do cliente.

A partir dessas informações, serão planejadas as ações


psicoterápicas com foco no resgate do bem-estar psíquico do
cliente.

A entrevista começou a ser entendida como um método passível de
validação, por apresentar um formato organizado e atento às
estruturas de psicometria delineadas. Essa perspectiva estruturada
da entrevista foi parcialmente absorvida pela psicologia clínica,
pois havia o entendimento de que a constituição de inferências do
psicólogo sobre o cliente entrevistado demandava a reunião de
outros dados que a entrevista objetiva não possibilitava que fossem
obtidos com a qualidade esperada e, assim, o diagnóstico fosse
constituído.
“ Podemos definir a entrevista como “um processo de
comunicação interacional entre duas partes, em que pelo
menos uma delas tem um propósito pré-determinado e claro
que envolve os atos de perguntar e responder”
(STEWART; CASH, 2015, p. 8).
Na prática clínica, o necessário estabelecimento de vínculo e
confiança, a sede por informação, o medo, a angústia, a
ansiedade, o desconhecido e as assimetrias sociais desafiam
profissionais da saúde a mobilizar repertórios que
suficientemente respondam às contingências que emergem
dessa interação.
A entrevista clínica pode ser compreendida como um método em
que a interação inicial entre o psicólogo e o cliente é estabelecida
com base nas queixas expostas pelo cliente ao psicólogo.

Tais relatos, de modo ampliado, representam a dor psíquica do


cliente e fundamentam a busca pelo apoio profissional. O modo
como a entrevista clínica é direcionada corresponde ao aporte
estratégico apresentado pelo psicólogo, mas, independentemente
da abordagem.
Parte do princípio de uma escuta atenta e acolhedora do
psicólogo, como também do direcionamento reflexivo e
técnico do planejamento terapêutico orientado para a
promoção da saúde e do bem-estar global do cliente.
A entrevista como técnica clínica, permite que o psicólogo possa
captar os elementos essenciais das informações anunciadas pelo cliente
e estabelecer uma organização das queixas verbalizadas.

Para além da captação pela escuta atenta, o psicólogo também tem a


possibilidade de observar as expressões corporais associadas ao tom da
voz do cliente.

Essas expressões são sinalizadas pela posição das mãos, pelo modo de
sentar-se, pelo olhar, entre outras (GASTAUD, 2008).
O modo como essa entrevista será direcionada dependerá
de uma diversidade de aspectos, a exemplo da idade do
cliente.

Caso ele tenha menos de 18 anos, a entrevista também


contará com a participação de uma ou mais pessoas que
sejam responsáveis pelo cliente, podendo ser em
momentos comuns ou distintos.
Tipos de entrevista clínica psicológica

Existem diferentes tipos de entrevista clínica com


características que se referem à forma de aplicação.

O tipo de entrevista será determinado pelo psicólogo de


acordo com o seu objetivo.

.
Entrevista : Triagem

Característica

Tem por finalidade encaminhar o cliente a um determinado


tipo de acompanhamento psicoterápico, que pode ser
individual ou em grupo, considerando a abordagem teórica.
Entrevista: Anamnese

Característica

Está relacionada ao detalhamento do resgate


histórico do cliente, o que permite
“acompanhar” o seu desenvolvimento.
Entrevista : Diagnóstica Diagnóstica

Característica
A partir das informações resgatadas, direciona
o cliente para mudança da situação incômoda,
a fim de obter um quadro de bem-estar.
Entrevista: Sistêmica

Característica
É caracterizada pela atenção aos eventos
conflituosos inerentes ao convívio familiar,
assim como na vivência dos casais.
Entrevista: Devolutiva
Característica:
O psicólogo compartilha com o cliente as percepções
que obteve a partir do processo investigativo para o
psicodiagnóstico.
A entrevista clínica psicológica é um momento de troca de
informações entre o entrevistador (psicólogo) e o
entrevistado (cliente), que serão registradas e analisadas
pelo psicólogo.

No encaminhamento das ações, é importante que o


psicólogo tenha clareza quanto aos objetivos a serem
alcançados com os relatos compartilhados pelo cliente
(TAVARES, 2007).
A entrevista também apresenta diferenças estruturais
em relação ao modo como é organizada. Essa
estruturação representa o roteiro a ser seguido pelo
psicólogo, permitindo que ele atribua um
direcionamento ao seu discurso por meio dos
questionamentos.

Sendo assim, a entrevista clínica pode ter a sua


estrutura fechada, ser semiestruturada ou ser de livre
estruturação (TAVARES, 2007).
Entrevista fechada

A entrevista fechada (ou estruturada) é caracterizada por seguir


uma proposta de roteiro pré-estabelecido em correspondência
com o agrupamento de informações entendidas como
necessárias para que a entrevista seja justificada. Essa
entrevista é realizada com um foco assertivo e reduz a
possibilidade de o cliente se manifestar para além dos itens
solicitados.
Entrevista semiestruturada
A entrevista semiestruturada (ou semiaberta) tem como
característica a organização de um roteiro prévio pelo
psicólogo, mas também permite que as informações
complementares apresentadas pelo cliente sejam observadas
e acolhidas.
Entrevista de livre estruturação

A entrevista de livre estruturação, também conhecida como não


estruturada ou entrevista livre, é caracterizada por não apresentar
um roteiro prévio ao psicólogo. Mesmo havendo uma impressão
inicial da falta desse roteiro, é importante salientar que os
questionamentos anunciados pelo psicólogo partem de um objetivo
prévio, ou seja, têm um interesse que fundamenta a realização da
entrevista clínica (TAVARES, 2007).
Empatia na Clínica Psicológica

Dentre as características que identificam a empatia, está a habilidade de


a pessoa se colocar no lugar do outro em relação à experiência vivenciada
e partilhada por outrem. É estabelecida uma compreensão mútua, em
que os aspectos cognitivos e afetivos são considerados (CUNHA, 2016).

Com base na empatia, é possível que se configure uma percepção


diferenciada do eu sobre o vivenciado pelo outro, sem uma cobrança
vexatória ou de julgamento.
A relação estabelecida entre você e a pessoa que
apresentou o comportamento de escuta atenta pode ser
compreendida como empática.

A empatia representa um ponto essencial para a


configuração do ambiente terapêutico. É importante que o
cliente (a pessoa que apresenta a queixa que será
acompanhada pelo psicólogo) seja recebido com atenção,
se sinta confortável no ambiente onde será acompanhado e
tenha segurança em partilhar as experiências íntimas.
O papel desempenhado pelo psicólogo contempla a
habilidade da empatia, mesmo que haja uma variação no
modo como essa empatia deve ser expressa, no que tange a
abordagem teórica de referência. A empatia pode ser
expressa tanto pelo comportamento verbal quanto pelo não
verbal (SAMPAIO; CAMINO; ROAZZI, 2009).
Bibliografia

COSTA, Gleison G.; SIMIÃO, Anna R M.; CRUZ, Lívia; et al. Técnica de entrevista e aconselhamento
psicológico. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2022. E-book. ISBN 9786556903460. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556903460/.

TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. et al. Psicodiagnóstico-V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. p. 45-56.

CUNHA, J. A. Estratégias de avaliação: perspectivas em psicologia clínica. In: CUNHA, J. A. et al.


Psicodiagnóstico-V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 19-22.

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