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Técnicas de entrevista

DEFINIÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO
A definição encontrada nos manuais consultados, que associam a prática de
psicodiagnóstico à obrigatoriedade de aplicação de testes psicológicos, está em
desacordo com a compreensão de muitos profissionais da área da avaliação
psicológica sobre o que é um psicodiagnóstico na atualidade. Defendemos a ideia de
que a prática realizada por psicólogos, tanto aqueles que nunca se valem de testes
psicológicos quanto aqueles que os usam ocasionalmente, independentemente de sua
teoria de base, também possa ser nomeada de “psicodiagnóstico”. Portanto, em nosso
entendimento, há a necessidade de se rever a definição do termo na atualidade, de
maneira a abranger variadas formas de realização desse procedimento investigativo
clínico, a partir de diferentes teorias psicológicas.
Compreendemos que o psicodiagnóstico é um procedimento científico de
investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou
testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando
um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma
orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou
mais indicações terapêuticas e encaminhamentos.

O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA TEORIA


PSICOLÓGICA QUE O FUNDAMENTE

Assim, como avaliar a personalidade de um paciente utilizando, ao


mesmo tempo, instrumentos que se alicerçam na psicanálise, na psicologia positiva,
na Gestalt e na neuropsicologia? O resultado é uma total dependência do profissional
ao resultado do teste, fazendo com que ele construa a conclusão de sua avaliação
desconsiderando os aspectos específicos de cada disciplina teórica e montando seu
diagnóstico de forma ateórica.
Entendemos que não é possível descuidar da formação teórica do profissional que
deve escolher, administrar, interpretar e integrar os resultados desses instrumentos
em
um procedimento clínico como o psicodiagnóstico, sob pena de ficarmos reféns dos
testes para a realização de qualquer avaliação.

O processo psicodiagnóstico. A entrevista e a observação no processo


psicodiagnóstico

O processo psicodiagnóstico é um processo cientifico e, como tal, parte de perguntas


especificas, cujas respostas prováveis se estruturam na forma de hipóteses que serão
confirmadas ou não através dos passos seguintes do processo.

CONTRATO DE TRABALHO
O psicodiagnóstico e um processo limitado no tempo. Esclarecidas as questões iniciais
e definidas as hipóteses e os objetivos do processo, o psicólogo tem condições de
saber qual o tipo de exame que é adequado para chegar a conclusões e,
consequentemente, pode prever o tempo necessário para realiza-lo.

A duração de um psicodiagnóstico constitui uma estimativa do tempo em que se pode


operacionalizar as tarefas implícitas pelo plano de avaliação, bem como completar as
tarefas subsequentes até a comunicação dos resultados e recomendações
pertinentes. No momento em que é possível ter uma previsão, deve-se formalizar com
o paciente ou responsável os termos em que o processo psicodiagnóstico vai se
desenvolver, definindo papeis, obrigações, direitos e responsabilidades mutuas.
O contrato de trabalho deve envolver certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto
sempre que o desenvolvimento do processo tiver de sofrer modificações, seja porque
novas hipóteses precisam ser investigadas, seja por ficar obstaculizado por defesas do
próprio paciente.

ESTABELECIMENTO DE UM PLANO DE
AVALIACAO

Essencialmente, o plano de avaliação e um processo pelo qual se procura identificar


recursos que permitam estabelecer uma relação entre as perguntas iniciais e suas
possíveis respostas.

Será usada entrevista de anamnese?

Por exemplo: nessa avaliação será usado algum teste? Qual o melhor teste para esse
caso? Se não for usar o teste devo usar da ferramenta entrevista ou somente a
observação. Esse caso seria melhor avaliado se eu usar mais de uma técnica?

Bateria de testes

Bateria de testes e a expressão utilizada para designar um conjunto de testes ou de


técnicas, que podem variar entre dois e cinco ou mais instrumentos, que são incluídos
no processo psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam confirmar ou
infirmar as hipóteses iniciais, atendendo o objetivo da avaliação. A bateria de testes e
utilizada por duas razoes principais. Primeiramente, considera-se que nenhum teste,
isoladamente, pode proporcionar uma avaliação abrangente da pessoa como um todo.
Em segundo lugar, o emprego de uma série de testes envolve a tentativa de uma
validação invertestes dos dados obtidos, a partir de cada instrumento em particular,
diminuindo, dessa maneira, a margem de erro e fornecendo melhor fundamento para
se chegar a inferências clinicas
A entrevista e a observação em contextos clínicos. Estruturação: entrevista
estruturada, semiestruturada, e não estruturada. Tipos: aberta e fechada.

Entrevistas tipo aberta

A entrevista aberta é caracterizada por possuir um tema central que é oferecido pelo
entrevistador, de maneira a permitir que o entrevistado responda da maneira mais livre
possível. O rumo ou caminho que esta resposta terá dependerá de aspectos exclusivos do
entrevistado, do que considera relevante ou significativo para ele que terá ampla liberdade
para recorrer às referências pessoais que desejar, bem como a contextos e lembranças.
Neste modelo de entrevista, o entrevistador consegue compreender: o nível de
conhecimento que o entrevistado tem sobre o tema; como o percebe o tema; como se
expressa (verbal ou não verbal); a linguagem que usa; sua experiência sobre o tema; a
realidade em que insere o tema; etc.

Entrevista tipo fechada


A entrevista fechada ou estruturada também pode ser chamada de questionário. As
questões são pré-determinadas, assim como sua ordem e a forma de questioná-las ou
formulá-las. O entrevistador não pode realizar alterações. É o modelo de entrevista mais
utilizado em pesquisa, mas não tem muita aceitação na prática clínica. Isso se deve ao fato
de que, na avaliação, frequentemente, associa-se mais de uma técnica, tais como testes,
escalas, jogos, além da própria entrevista.

Entrevista tipo semiaberta


Este tipo de entrevista parte de um roteiro, já organizado previamente e inicia a entrevista
com os pontos iniciais de interesse. Há possibilidade de manter-se aprofundando um
determinado tema que foi apresentado, alterar a ordem do roteiro, suprimir perguntas e até
incluir novas.
No caso da pesquisa, o roteiro inicial está relacionado ao objetivo da pesquisa, ao conteúdo
que tem que ser abordado e os temas que devem ser aprofundados; tem relação com uma
hipótese que deve ser testada: verificada ou falseada. Na entrevista inicial da clínica, o
objetivo tende a ser explorar as motivações do paciente para buscar um psicólogo.
A entrevista é separada em 3 partes
1
ABERTURA OU COLOCAÇÃO DO PROBLEMA

2
desenvolvimento e exploração
É o momento onde o assunto é explorado pelo entrevistador, verificando todos os aspectos
Nessa fase da entrevista o entrevistador não terá respostas nem soluções, mas deverá
ajudar o entrevistado a achar suas próprias soluções

3
Encerramento
Nessa fase nenhum novo assunto deverá ser introduzido ou discutido, caso isso aconteça
nova entrevista deverá ser marcada para discuti-lo.

No plano inconsciente, tem-se os fenômenos de transferência e de contratransferência.


O primeiro e experienciado pelo paciente ao se relacionar, no aqui e agora da situação
diagnostica, com o psicólogo, não como tal, mas como figura de pai, irmão, mãe. A
contratransferência verifica-se no psicólogo na medida em que assume papeis na sua
tarefa, conforme os impulsos de seus padrões infantis de figuras de autoridade ou outros
padrões primitivos de relacionamento. O fenômeno transferencial não tem um caráter
só positivo ou negativo, mas consiste na "recriação dos diversos estágios do
desenvolvimento emocional do paciente ou reflexo de suas complexas atitudes para com
figuras-chave de sua vida” (MacKinnon & Michels, 1981, p. 22).

Na situação de psicodiagnóstico, observam-se ocorrências de transferência na necessidade


do paciente de estar agradando, de se sentir aceito pelo psicólogo, como, por exemplo,
nos pedidos de horário e acerto financeiro especiais. Podem verificar-se situações
transferenciais, envolvendo sentimentos competitivos, como no caso do paciente que
compete no horário de chegada, ou daquele que desafia e agride o psicólogo, atacando o
consultório ou ele próprio (linguagem, vestimentas, conhecimentos, etc.).

Em termos de fenômeno contratransferência, o psicólogo pode ficar dependente do afeto


do paciente, deixando-se envolver por elogios, presentes, propostas de ajuda; pode facilitar
ou não horários; pode exibir conhecimento e pavonear-se; ou pode proteger o paciente
contra os seus sentimentos agressivos. O psicólogo pode se ver tentado a prolongar o
vínculo além do que é necessário, ou a competir com o paciente, ou ainda, a conduzir a
tarefa como se o fizesse consigo próprio. E fundamental que o psicólogo esteja sempre
alerta a contratransferência, no sentido de percebe-la e entende-la como um fenômeno
normalmente, buscando dar-se conta de seus sentimentos, não permitindo que eles atuem
no
processo psicodiagnóstico.

A entrevista de ajuda segundo Alfred benjamim

A entrevista de ajuda segundo Alfred benjamim é definida como um diálogo no qual muitas
pessoas, representando diversas ocupações, estão envolvidas a maior parte do tempo. O
médico a põe em prática quando conversa com seu paciente, e o educador ao conversar
com seu aluno. É uma arte que se aprende com a vivência e reflexão (BENJAMIN 1985 mg
25)

A entrevista de ajuda é definida como um diálogo com diversos participantes ou com um só.
Aonde a principal característica da entrevista é ser dialógica e não diretiva. A entrevista de
ajuda vai se estruturar para que o entrevistado fale a partir de si.

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