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CURSO DE PSICOLOGIA

Disciplina: Psicodiagnóstico Adulto

Prof.ª Dr.ª Heren Nepomuceno Costa Paixão

Anápolis – 2023.2
Associação Educativa Evangélica
CURSO DE PSICOLOGIA
Disciplina: PSICODIAGNÓSTICO

REFERÊNCIAS:
Hutz, C. S., Bandeira, D. R., Trentini, C. M., & al., E. (2016). Psicodiagnóstico.
Grupo A. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788582713129
(capítulo 3)

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• O psicodiagnóstico é um processo bipessoal (psicólogo – avaliando/grupo familiar),
de duração limitada no tempo, com um número aproximadamente definido de
encontros, que procura descrever e compreender as forças e as fraquezas do
funcionamento psicológico de um indivíduo, tendo foco na existência ou não de
uma psicopatologia.
• Um processo com início, meio e fim, que utiliza entrevistas, técnicas e/ou testes
psicológicos para compreender as potencialidades e as dificuldades apresentadas
pelo avaliando, tendo por base uma teoria psicológica e buscando, assim, coletar
dados mais substanciais para a realização de um encaminhamento mais apropriado.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• O psicodiagnóstico derivou da psicologia clínica em torno de 1896, quando surgiram
os primeiros testes mentais. Nessa época, o psicólogo se limitava a aplicar um ou
outro teste solicitado por outros profissionais, e trabalhava com um modelo médico
de atendimento, mantendo certo distanciamento do avaliando, buscando não
perder a objetividade em seu trabalho. Não havia um procedimento em que o
avaliando fosse atendido de forma integrada e compreensiva. Esse cenário começou
a ser modificado com o surgimento da psicanálise e com o desenvolvimento das
técnicas projetivas, o que permitiu que se pudesse ter uma compreensão mais
profunda e abrangente do sujeito avaliado.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• Uma das atividades do psicólogo clínico é identificar e compreender, na
singularidade do indivíduo, suas características, seus sintomas e seu funcionamento
psíquico, e, assim, explicitar diagnósticos.
• A palavra “diagnóstico” origina-se do grego diagnõstikós e significa discernimento,
faculdade de conhecer. No sentido amplo do termo, a ação de diagnosticar é
inevitável, já que, sempre que se explicita a compreensão de um fenômeno, realiza-
se um dos possíveis diagnósticos. No campo da ciência, esse termo refere-se à
possibilidade de conhecimento por meio da utilização de conceitos, noções e
teorias científicas.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• Pensando no conceito de psicodiagnóstico, palavra também de origem grega
(psique = mente, dia = atráves, gnosis = conhecimento), entende que se trata da
expressão mais antiga e que melhor reflete, etimologicamente, o caráter processual
da tarefa de diagnosticar, pois se refere a um conhecimento dos aspectos mais
relevantes do funcionamento psíquico.
• Embora na contemporaneidade se entenda o psicodiagnóstico como um processo
de avaliação amplo, esse termo ainda está associado à sua procedência do campo
médico, com enfoque diagnóstico estritamente classificatório.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• Alguns psicólogos rechaçam esse termo e defendem sua substituição pela
expressão avaliação psicológica.
• Essa expressão é um conceito muito amplo, enquanto “psicodiagnóstico” explicita
uma avaliação psicológica com propósitos clínicos. O termo “testagem” se refere a
um tipo de recurso da avaliação psicológica, enquanto o “psicodiagnóstico”
pressupõe a utilização de outros instrumentos/procedimentos que vão além do
emprego de testes, a fim de abordar os dados psicológicos de forma mais
sistemática, científica e orientada para a resolução de problemas.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Surgiu a necessidade de um enquadramento que atendesse às características


específicas do psicodiagnóstico, por se tratar de um processo limitado no tempo e
que utiliza técnicas e/ou testes psicológicos, podendo, assim, ter vários objetivos.
• Esses objetivos podem ser referentes a uma classificação simples, a uma descrição
ou até mesmo a uma classificação nosológica.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• O psicodiagnóstico contempla algumas finalidades, como:
1. Investigação diagnóstica: tem como objetivo explicar o que acontece além do que o
avaliando consegue expressar de forma consciente – e isso não significa rotulá-lo.
2. Avaliação do tratamento: visa avaliar o andamento do tratamento. Seria o “reteste”,
no qual se aplica novamente a mesma bateria de testes usados na primeira ocasião ou
uma bateria equivalente.
3. Como meio de comunicação: procura facilitar a comunicação e, em consequência, a
tomada de insight.
4. Na investigação: com o intuito de criar novos instrumentos de exploração da
personalidade e, também, de planejar a investigação para o estudo de uma
determinada patologia, etc. Associação Educativa Evangélica
O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• O psicodiagnóstico pode ter um alcance ainda maior - pode ser terapêutico, uma vez
que o vínculo estabelecido entre avaliador e avaliado, assim como os resultados
obtidos e comunicados, pode contribuir para uma decisão mais assertiva por parte do
avaliado quanto à escolha entre um ou outro tratamento, à mudança de um estilo de
vida, ou mesmo quanto ao rumo que dará às recomendações do avaliador.
• Outro ponto relevante diz respeito ao uso ou não de uma bateria de testes e “retestes”,
isto é, entendemos que os testes psicológicos e as técnicas são recursos disponíveis,
mas que em nenhum momento substituem ou são mais importantes do que a escuta e
o olhar clínico do avaliador, pois nem sempre será necessária a utilização dessas
ferramentas.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• A escolha das estratégias e dos instrumentos a serem empregados é feita sempre de
acordo com o referencial teórico, com a finalidade e com o objetivo (clínico,
profissional, educacional, forense, etc.) do psicodiagnóstico.
• As conclusões de todo o material obtido são discutidas com o interessado, com seus
pais, ou com a família completa, conforme o caso e o sistema do profissional.
• A entrevista de devolução visa informar os resultados, mas nela podem surgir, de
maneira involuntária, efeitos terapêuticos, denominados de psicodiagnóstico
interventivo, que equivale a uma avaliação terapêutica.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• “Diagnosticar” alguém é algo secundário - o objetivo maior do psicodiagnóstico é
encaminhar o indivíduo para o tratamento mais adequado.
• O processo tem início no encaminhamento, que é o que justifica a sua realização.
• Vários são os profissionais que podem solicitar a avaliação psicológica, como
neurologistas, psiquiatras, pedagogos, entre outros.
• No entanto, muitas vezes o encaminhamento é vago, cabendo ao psicólogo o seu
esclarecimento prévio, para então ter certeza de que a indicação é, de fato, para um
psicodiagnóstico.
• E como se realiza um psicodiagnóstico?

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Uma vez de posse do encaminhamento, cabe ao psicólogo ampliar o motivo,


elencando as principais queixas e sofrimentos psíquicos apresentados pelo
avaliando. O psicodiagnóstico pode ser realizado em consultórios privados,
clínicas psicológicas ou psiquiátricas, instituições, postos de saúde ou hospitais.
• O processo tende a durar, em média, dois meses, podendo ter uma frequência
semanal maior ou menor, dependendo do caso, totalizando, aproximadamente, 6
a 12 encontros, no máximo.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Em um primeiro momento deve-se realizar a primeira entrevista (entrevista


inicial) para que se esclareça o encaminhamento.
• No motivo de consulta deve-se discriminar entre o motivo manifesto e motivo
latente”.
• O motivo manifesto diz respeito ao que levou à solicitação do psicodiagnóstico, e
é o que, de fato, preocupa, a ponto de tornar-se um sinal de alerta;
• O motivo latente diz respeito ao que não é tão óbvio, às hipóteses subjacentes
elaboradas pelo psicólogo enquanto escuta e reflete sobre o que é manifesto.
Ainda nesse primeiro encontro, é preciso que fiquem bem definidos os papéis do
psicólogo, dos familiares e do avaliando.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• A partir do que foi coletado nas primeiras entrevistas, o psicólogo terá condições
de elaborar o plano de ação. O plano inicia com as primeiras entrevistas, e, ao
longo delas, se constrói o contrato de trabalho, em que são previstos os papéis
de cada parte; a questão de sigilo e privacidade; o número aproximado de
encontros, incluindo-se as primeiras entrevistas; a bateria de testes que será
utilizada, se necessário; as entrevistas de devolução; e a forma como serão pagos
os honorários (caso se trate de consultas particulares ou em uma instituição
paga). Esse plano é construído nos primeiros encontros, podendo sofrer
variações ao longo do processo.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• A aplicação de testes e/ou técnicas psicológicas, que constituem ferramentas


auxiliares no trabalho do psicólogo. Tais ferramentas podem ser um meio para se
alcançar um fim, porém nunca um fim em si.

• Então, em um segundo momento, define-se a bateria a ser utilizada. O


planejamento deve levar em consideração as características do caso (idade, sexo,
escolaridade, ocupação/profissão, condições físicas, etc.), a sequência (ordem de
aplicação) e o ritmo (número de entrevistas previstas para a aplicação dos testes
selecionados).

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Os testes psicológicos (psicométricos ou projetivos) refinam a capacidade do -


profissional de captar e compreender indivíduos, grupos e fenômenos
psicológicos.
• Para que os resultados alcançados sejam válidos, além de seguir à risca as
instruções e o sistema de levantamento e interpretação do instrumento, é
fundamental também garantir condições básicas no ambiente físico, certificar-se
dos estados físico e psicológico do examinado, bem como gerenciar o contexto
clínico em que será desenvolvida a avaliação.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Quando pensar na ordem de aplicação da bateria de testes selecionada, é


recomendável que os primeiros testes sejam os menos ansiogênicos para a
pessoa a ser avaliada, justamente para que não se desenvolva alguma resistência
ante o processo. O teste que mobiliza o motivo manifesto para a realização do
psicodiagnóstico nunca deve ser o primeiro a ser administrado.
• O primeiro objetivo diz respeito à formação do vínculo entre o profissional e seu
avaliando, a fim de garantir o bom andamento do processo, o que justifica a não
utilização, em um primeiro momento, de testes que mobilizem uma conduta que
corresponda ao sintoma. Tais testes devem ser deixados para um segundo
momento.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Antes de aplicar qualquer teste, cabe ao profissional estar habilitado para usá-lo,
isto é, o psicólogo deve ter domínio quanto à aplicação, ao levantamento e à
interpretação dos testes por ele escolhidos. Deve também consultar o Sistema de
Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) – disponível no site do Conselho Federal
de Psicologia (CFP) –, a fim de certificar-se que o teste escolhido apresenta
parecer favorável para o uso profissional, contendo estudos de validade,
fidedignidade, normatização e padronização para a população brasileira.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• É dever do psicólogo manter-se atualizado quanto à literatura da sua área de


atuação, e, no que tange à avaliação psicológica, é imprescindível que esteja
atualizado quanto às pesquisas mais recentes realizadas com os instrumentos
que utiliza.
• Após a aplicação, o levantamento e a interpretação dos resultados obtidos,
espera-se que o profissional chegue a uma conclusão que responda à demanda
que o originou. Diante disso, deve comunicar os resultados encontrados, visando
um encaminhamento adequado para o avaliando. A transmissão dessa
informação é, sem dúvida, o objetivo primordial dessa avaliação, que culmina em
uma entrevista final, posterior à aplicação do último teste.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO

• Essa comunicação ocorre em duas vias: escrita e oral. A primeira é realizada por
meio de um laudo/relatório, devendo conter uma linguagem clara, concisa,
inteligível e precisa, adequada ao requerente, conforme orientação do CFP por
meio da Resolução atual, restringindo-se às informações que se fizerem
necessárias.
• A segunda trata da comunicação verbal, que pode ser realizada na forma de uma
ou mais entrevistas de devolução. Uma boa devolução inicia com um
aprofundado conhecimento do caso, que proporcionará uma base sólida para
que se proceda com eficácia.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• É fundamental que o psicólogo conheça e siga as recomendações contidas na
Resolução que serve de orientação ao profissional no momento de redigir
qualquer documento que se torne necessário durante e/ou ao final do
psicodiagnóstico.
• Deve ser evitada a elaboração de laudos/relatórios de pouca qualidade técnico-
científica, que contenham universalidades e ambiguidades, assim como a
elaboração de laudos/relatórios sofisticados (excessivamente técnicos), sendo
mais adequado um estilo que ressalte a individualidade e a objetividade, usando
uma linguagem correta, simples, clara e consistente, que facilite a comunicação
clínica.
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• Recomenda-se que se inicie abordando os aspectos mais sadios, adaptativos e/ou
preservados da dinâmica de funcionamento do avaliando, para, em seguida,
comunicar aqueles que requerem maior cuidado, na medida e no ritmo em que
possam ser compreendidos e tolerados pelo avaliando e/ou seus responsáveis, já
sugerindo os encaminhamentos apropriados.
• Se realizado dessa forma, acredita-se que o processo favorecerá a compreensão e
a aceitação das indicações terapêuticas sugeridas pelo profissional.

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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
• Deve ser realizadas dentro do contexto global do processo e serão de
responsabilidade única e exclusiva de quem realizou o psicodiagnóstico.
• É importante a escolha da linguagem mais apropriada para o momento. É
fundamental que o profissional seja claro, não utilize uma terminologia técnica, evite
termos ambíguos e utilize, na medida do possível, a mesma linguagem do avaliando
e/ou de seus responsáveis.
• Na devolução para colegas psicólogos, pode-se usar termos técnicos, inclusive
fazendo referência aos recursos utilizados e discutindo de forma aprofundada os
achados. Porém, quando a devolutiva for dirigida a outros profissionais, é
imprescindível ater-se apenas às informações relevantes, respondendo à demanda e
preservando o sigilo e a confidencialidade
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heren.paixao@docente.unievangelica.edu.br

@psi.herenpaixao

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