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Técnicas de Avaliação

Psicológica
Alunas: Bárbara Emanuela Silva
Drielly Pereira
Joaquina Lima
Um breve olhar pelo histórico
● A história do surgimento da Psicologia e da avaliação psicológica se confundem, ao final
do século XIX e início do século XX. Francis Galton, na Inglaterra, foi pioneiro no estudo
das diferenças individuais. Alfred Binet e Theophile Simon dedicaram-se à avaliação de
crianças em idade escolar. James McKeen Castell foi o primeiro psicólogo americano a
publicar uma tese de doutoramento, intitulada (em português) “Investigação
psicométrica”, enquanto trabalhava em Leipzig, sob orientação de Wundt.

● O esforço principal desses pesquisadores era elevar a Psicologia ao status de ciência,


em pé de igualdade com as outras ciências da época. As contribuições desses autores
são exemplos da relação indissociável entre o estabelecimento da Psicologia como
ciência e profissão e o desenvolvimento dos testes, entre outros procedimentos de
avaliação psicológica. O desenvolvimento da avaliação psicológica no seio da Psicologia
dependeu do desenvolvimento de estratégias que permitiram derivar inferências acerca
do funcionamento do psiquismo humano. Essas estratégias podem ser distinguidas em
três grupos: a construção de testes por amostragem de comportamentos ou processos,
a construção de testes por relação a grupos selecionados com base em critério e a
construção de testes com base na análise da fantasia.
Conceito de Avaliação Psicológica
● A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com pessoas ou
grupos de pessoas que, de acordo com cada área de conhecimento, requer
metodologias específicas. Ela é dinâmica e constitui-se em fonte de informações de
caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a finalidade de subsidiar os
trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde,
educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer necessária.

● Trata-se de um estudo que requer um planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com


a demanda e os fins para os quais a avaliação se destina. Segundo a Resolução CFP nº
007/2003, “os resultados das avaliações devem considerar e analisar os
condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de
servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na
modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a
conclusão do processo de Avaliação Psicológica”.
A Entrevista Psicológica

● De acordo com a Resolução CFP nº007/2009, a entrevista psicológica é um instrumento


dentro do processo de avaliação psicológica e deve ser utilizada em caráter inicial. Antes
de iniciá-la, deve estabelecer o “rapport”, que é a aliança terapêutica ou aliança de
trabalho. O estabelecimento do rapport ocorre no primeiro contato e ajuda a alcançar os
objetivos do trabalho.
Objetivos da Entrevista Psicológica

● Diagnóstica;
● Psicoterápica;
● De encaminhamento;
● De seleção;
● De desligamento;
● De pesquisa.
Tipos de Entrevista Psicológica

● Dirigida ou estruturada;
● Semidirigida, semiestruturada ou mista;
● Livre, não dirigida ou não estruturada.
Psicodiagnóstico
● Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes
psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o
caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais
são propostas soluções, se for o caso.

● Caracteriza-se o psicodiagnóstico como um processo científico, porque deve partir de um


levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou infirmadas através de passos
predeterminados e com objetivos precisos. Tal processo é limitado no tempo, baseado num
contrato de trabalho entre paciente ou responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais
permitam estabelecer um plano de avaliação e, portanto, uma estimativa do tempo
necessário.
Objetivos do Psicodiagnóstico
a) determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais;
b) levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. sobre o sujeito e
pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes complementares;
c) colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando reconhecer denominadores comuns com
a situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico;
d) realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente complementado por
outras fontes (exame objetivo);
e) levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame;
f) estabelecer um plano de avaliação;
g) estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável;
h) administrar testes e outros instrumentos psicológicos;
i) levantar dados quantitativos e qualitativos;
j) selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame, conforme o nível de
inferência previsto, com os dados da história e características das circunstâncias atuais de vida do
examinando;
l) comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes), propondo soluções,
se for o caso, em benefício do examinando;
m) encerrar o processo
Processo do Psicodiagnóstico

a) levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das


hipóteses iniciais e dos objetivos do exame;
b) planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
c) levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
d) integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados,
tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
e) comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo.
Testagem Psicológica

● O teste psicológico pode ser definido como uma medida objetiva e padronizada de uma
amostra do comportamento do indivíduo, tendo como função essencial a mensuração
das diferenças ou mesmo as semelhanças entre indivíduos, ou entre as reações do
mesmo indivíduo em diferentes momentos (Resolução CFP nº007/2009).

● Os testes não são obrigatórios para a realização de avaliações psicológicas, mas são um
material fidedigno, passível de reaplicação, que permite conclusões confiáveis para
tomada de decisões.
Portanto:

Os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de


amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever
e/ou mensurar características e processos psicológicos, compreendidos
tradicionalmente nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação,
personalidade, psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas
suas mais diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção
dos instrumentos.
Psicólogo na aplicação do teste deve:

1) Aplicar os testes de forma clara e objetiva, transmitindo tranquilidade e evitando


acentuar a ansiedade situacional típica do processo de avaliação Psicológica;

2) Seguir, rigorosamente, as instruções do manual sem, entretanto, assumir uma


postura estereotipada e rígida. Para tanto, cabe ao psicólogo apresentar domínio das
normas de aplicação;

3) Pessoas com deficiências devem ser avaliadas de forma compatível com suas
limitações.
Validade e Fidedignidade
● A validade significa se o teste mede o que ele supostamente deve medir, sua capacidade
de avaliar o que se pretende. Para se conhecer a validade de uma medida, podemos
pensar em sua validade teórica, ou seja, o teste pode ser validado quando especialistas
dão seu aval de que o instrumento mede o que de fato se propõe a medir. A validade
também pode ser de construto convergente e divergente, usando instrumentos já usados
para medir o construto (convergente) ou ainda não usados (divergentes),
correlacionando-os com a medida que se quer avaliar.
● Fidedignidade é o índice de precisão da medida. Quanto maior a fidedignidade, maior a
precisão de um instrumento. Pasquali diz que a fidedignidade ou a precisão significa o
quanto o escore obtido no teste se aproxima do escore verdadeiro do sujeito em um
traço.
Psicometria
● Etimologicamente, psicometria representa a teoria e a técnica de medida dos processos
mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia e da Educação. Ela se fundamenta
na teoria da medida em ciências em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como
principal característica e vantagem, o fato de representar o conhecimento da natureza com
maior precisão do que a utilização da linguagem comum para descrever a observação dos
fenômenos naturais.
● Historicamente, a psicometria tem suas origens na psicofísica dos psicólogos alemães
Ernst Heinrich Weber e Gustav Fechner. O inglês Francis Galton também contribuiu para o
desenvolvimento da psicometria, criando testes para medir processos mentais; inclusive,
ele é considerado o criador da psicometria. Foi, contudo, Leon Louis Thurstone, o criador da
análise fatorial múltipla, que deu o tom à psicometria, diferenciando-a da psicofísica. Esta
foi definida como a medida de processos diretamente observáveis, ou seja, o estímulo e a
resposta do organismo, enquanto a psicometria consistia na medida do comportamento do
organismo por meio de processos mentais (lei do julgamento comparativo).
Projeção
● Como um mecanismo de defesa, a projeção é entendida como sendo o meio pelo qual o
indivíduo expulsa ou atribui à outra pessoa ou a outro objeto qualidades, impulsos,
estressores, ideias, afetos e desejos desagradáveis, inaceitáveis e recusados em si
mesmo.

● O termo projeção está ligado à maneira como o indivíduo percebe o ambiente em que está
inserido, produzindo uma resposta de acordo com os seus interesses particulares,
características, afetos etc. Neste caso, os traços de personalidade do sujeito aparecem de
acordo com o modo de resposta diante de estímulos visuais. Isso quer dizer que, de acordo
com o padrão de significados que o sujeito dá ao estímulo, pode-se chegar a um
entendimento de sua organização interna.
Técnicas Projetivas

● Possui a característica de atribuir tarefas relativamente não estruturadas, ou seja, tarefas


que permitem possibilidades de respostas quase ilimitadas. Para ocorrer a livre fantasia do
indivíduo, são dadas apenas breves instruções com um sentido geral. Por causa disso, o
estímulo do teste é geralmente vago e ambíguo. A hipótese existente para essas
configurações é que a maneira de como o sujeito percebe e interpreta o material de teste
ou “estrutura” a situação vai refletir aspectos fundamentais de seu funcionamento
psicológico. Em outras palavras, é esperado que os materiais de teste servirão como uma
tela onde o indivíduo poderá projetar seus processos de pensamento característico,
necessidades, ansiedades e conflitos.
Técnicas Expressivas

● As técnicas expressivas são uma categoria das técnicas projetivas (ANASTASI, 1967).
Nesse contexto, o sujeito seria capaz de revelar suas dificuldades internas, além de
encontrar o caminho para a libertação delas. Os materiais utilizados são bem menos
estruturados, e os principais tipos de tarefas são o desenho e pintura livres, psicodrama,
atividades com o uso de brinquedos, etc. A teoria que embasa essas técnicas se constitui
na crença que cada pessoa tem sua própria individualidade e assim também variam as
respostas diante de cada situação, sendo possível investigar as características da
personalidade por meio das ações e padrões dos movimentos corporais e do ritmo.
Expressão no Psicodrama

● Psicodrama é mais do que simplesmente uma repetição de papéis. Ele gera insights
profundos ao permitir a compreensão dos comportamentos assumidos em cada papel
desempenhado e permite dar forma aos pensamentos e emoções que machucam. Dessa
maneira, pode-se rapidamente identificar o Psicodrama como terapia que facilita a
expressão de aspectos sombrios ou difíceis de elaborar. O Psicodrama enxerga toda ação
humana como uma interação através de papéis. De fato, uma mesma pessoa ora é pai, ora
filho, chefe ou empregado, professor ou aluno, companheiro ou concorrente. E, em cada
papel, age de maneira peculiar.
● Quando um desses comportamentos sofre um bloqueio, uma interrupção ou um conflito,
provoca respostas inadequadas. A frustração pode resultar em agressão, regressão,
apatia, depressão, paralisia etc. Ao reviver a experiência por meio do Psicodrama , o
indivíduo recebe um choque de consciência. Ele percebe como vem agindo e de que forma
é visto no ambiente de suas interações. E, de maneira geral, promove as mudanças
necessárias e desejadas, adquirindo mais confiança e segurança.
Técnicas Psicométricas

● Nas técnicas psicométricas os principais objetivos são formar medidas para a avaliação e
mensurar o comportamento. Para isso, são analisados as variáveis, também chamadas
de construtos básicos (aprendizagem, memória, atenção, motivação) validados pelos
critérios da psicometria e constituem a maneira direta de verificar a hipótese da
legitimidade da representação comportamental dos traços latentes. (PASQUALI, 2008).
São técnicas qualitativas e geralmente usadas para mensurar aptidão, capacidade para
realizar determinadas tarefas e avaliação para seleção em um grupo de pessoas.
Referências

● CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico - V. 5. ed. rev. e aum. São Paulo: ARTMED, 2007.
● MACEDO, Mônica Medeiros Kother; WERLANG, Blanca Susana Guevara. Psicanálise e
Universidade: Potencialidades teóricas no cenário da pesquisa. [S. l.]: EDIPUCRS, 2012.
● ANASTASI, A; URBINA, S. Psychological Testing. 7. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1997.
● PASQUALI, Luiz. Psicometria. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/Bbp7hnp8TNmBCWhc7vjbXgm/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em: 3 de abr. 2022
● FONSECA, Ana Lucia. Psicologia &em foco. Disponível em:
https://web.archive.org/web/20180509184647id_/http://linux.alfamaweb.com.br/sgw/downloa
ds/161_063102_10.pdf
Acesso em: 1 de abr. 2022

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