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Prof.

Eduardo De Pinho
UNITPAC
Araguaína

Técnicas e exames 2019

Psicológicos II
Ementa:
Apresentação e utilização de técnicas
projetivas e avaliação psicológica.
Aspectos conceituais e operacionais
do processo diagnóstico infantil, do
adolescente e do adulto.
1. O que é avaliação psicológica?

A avaliação psicológica é um processo


técnico e científico realizado com
pessoas ou grupos de pessoas que, de
acordo com cada área do
conhecimento, requer metodologias
específicas
1. O que é avaliação psicológica?

Ela é dinâmica, e se constitui em fonte


de informações de caráter explicativo
sobre os fenômenos psicológicos, com
a finalidade de subsidiar os trabalhos
nos diferentes campos de atuação do
psicólogo, dentre eles, saúde,
educação, trabalho e outros setores
em que ela se fizer necessária.
1. O que é avaliação psicológica?

Trata-se de um estudo que requer um


planejamento prévio e cuidadoso, de
acordo com a demanda e os fins aos
quais a avaliação se destina.
1. O que é avaliação psicológica?

 Segundo a Resolução CFP nº 07/2003, “os resultados das


avaliações devem considerar e analisar os condicionantes
históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a
finalidade de servirem como instrumentos para atuar não
somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses
condicionantes que operam desde a formulação da
demanda até a conclusão do processo de avaliação
psicológica”. Cumpre enfatizar que os resultados das
avaliações psicológicas têm grande impacto para as
pessoas, os grupos e a sociedade.
2. Qual a diferença entre avaliação
psicológica e testagem psicológica?
A avaliação psicológica é um processo
amplo que envolve a integração de
informações provenientes de diversas
fontes, dentre elas, testes, entrevistas,
observações, análise de documentos. A
testagem psicológica, portanto, pode ser
considerada uma etapa da avaliação
psicológica, que implica a utilização de
teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos.
3. Quais os passos mínimos para se fazer
avaliação psicológica?
O processo de avaliação psicológica
apresenta alguns passos essenciais
para que seja possível alcançar os
resultados esperados, a saber:
3. Quais os passos mínimos para se fazer
avaliação psicológica?
 Levantamento dos objetivos da avaliação
e particularidades do indivíduo ou grupo a
ser avaliado. Tal processo permite a escolha
dos instrumentos/estratégias mais
adequados para a realização da avaliação
psicológica;
3. Quais os passos mínimos para se fazer
avaliação psicológica?
 Coleta de informações pelos meios escolhidos
(entrevistas, dinâmicas, observações e testes
projetivos e/ou psicométricos, etc). É importante
salientar que a integração dessas informações
devem ser suficientemente amplas para dar conta
dos objetivos pretendidos pelo processo de
avaliação. Não é recomendada a utilização de
uma só técnica ou um só instrumento para a
avaliação;
3. Quais os passos mínimos para se fazer
avaliação psicológica?
Integração das informações e
desenvolvimento das hipóteses iniciais.
Diante destas, o psicólogo pode
constatar a necessidade de utilizar
outros instrumentos/estratégias de
modo a refinar ou elaborar novas
hipóteses
3. Quais os passos mínimos para se fazer
avaliação psicológica?
 Indicação das respostas à situação que
motivou o processo de avaliação e
comunicação cuidadosa dos resultados, com
atenção aos procedimentos éticos
implícitos e considerando as eventuais
limitações da avaliação. Nesse processo, os
procedimentos variam de acordo com o
contexto e propósito da avaliação.
4. Quais as respostas fornecidas pela
avaliação psicológica?
O processo de avaliação psicológica é capaz de
prover informações importantes para o
desenvolvimento de hipóteses, por parte dos
psicólogos, que levem à compreensão das
características psicológicas da pessoa ou de um
grupo. Essas características podem se referir à
forma como as pessoas irão desempenhar uma
dada atividade, à qualidade das interações
interpessoais que elas apresentam, etc.
4. Quais as respostas fornecidas pela
avaliação psicológica?
 Assim, dependendo dos objetivos da
avaliação psicológica, a compreensão
poderá abranger aspectos psicológicos de
natureza diversa. É importante notar que a
qualidade do conhecimento alcançado
depende da escolha de instrumentos que
maximizem a qualidade do processo de
avaliação psicológica.
5. Quais os limites da avaliação
psicológica?
 Por intermédio da avaliação, os psicólogos buscam
informações que os ajudem a responder questões
sobre o funcionamento psicológico das pessoas e
suas implicações. Como o comportamento humano
é resultado de uma complexa teia de dimensões
inter-relacionadas que interagem para produzi-lo,
é praticamente impossível entender e considerar
todas as nuances e relações a ponto de prevê-lo
deterministicamente.
5. Quais os limites da avaliação
psicológica?
As avaliações têm um limite em
relação ao que é possível entender e
prever. Entretanto, avaliações
calcadas em métodos cientificamente
sustentados chegam a respostas muito
mais confiáveis que opiniões leigas no
assunto ou o puro acaso.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
A Resolução CFP n° 002/2003, no
artigo 11, orienta que “as condições
de uso dos instrumentos devem ser
consideradas apenas para os contextos
e propósitos para os quais os estudos
empíricos indicaram resultados
favoráveis”.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?

Oque esse artigo quer dizer é que


a simples aprovação no SATEPSI
não significa que o teste possa ser
usado em qualquer contexto, ou
para qualquer propósito.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
A recomendação para um uso específico deve ser
buscada nos estudos que foram feitos com o
instrumento, principalmente nos estudos de
validade e nos de precisão e de padronização.
Assim, os requisitos básicos para uma
determinada utilização são os resultados
favoráveis de estudos orientados para os
problemas específicos relacionados às exigências
de cada área e propósito.
Os testes Psicológicos

 Os testes psicológicos são instrumentos de avaliação ou


mensuração de características psicológicas, constituindo-se um
método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo, em
decorrência do que dispõe o § 1º do art. 13 da lei nº 4.119/62
(Resolução CFP 002/2003)
 Os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de
observação e registro de amostras de comportamentos e
respostas de indivíduos como objetivo de descrever e/ou
mensurar características e processos psicológicos,
compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto,
cognição/inteligência, motivação, personalidade,
psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre
outras, nas suas mais diversas formas de expressão, padrões
definidos pela construção dos instrumentos.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
 No formulário de avaliação dos testes psicológicos, foram
descritos cinco propósitos mais comuns: classificação
diagnóstica, descrição, predição, planejamento de
intervenções e acompanhamento. Também são definidos
vários contextos de aplicação: Psicologia clínica,
Psicologia da saúde e/ou hospitalar, Psicologia escolar e
educacional, neuropsicologia, Psicologia forense,
Psicologia do trabalho e das organizações, Psicologia do
esporte, social/comunitária, Psicologia do trânsito,
orientação e ou aconselhamento vocacional e/ou
profissional e outras
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
Dependendo da combinação de
propósitos e contextos, pode-se pensar
melhor quais estudos são necessários
para justificar o uso de determinados
instrumentos/estratégia.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
 Exemplo: considerando a avaliação de personalidade no
contexto organizacional, se o propósito for somente
descrever características de personalidade das pessoas,
são necessários estudos de validade atestando que o teste
mede o construto pretendido (por exemplo, análise
fatorial, correlação com outras variáveis, dentre outros).
Mas, se o propósito for prever o comportamento futuro,
como geralmente é o caso nos processos seletivos, são
necessários estudos de validade de critério demonstrando
que o teste é capaz de prever bom desempenho no
trabalho.
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
 No contexto do trânsito, geralmente, o objetivo da
avaliação é a previsão de comportamentos inadequados a
partir de variáveis psicológicas levantadas pelos testes.
Assim, estudos de validade de critério mostrando que as
variáveis medidas no teste preveem comportamentos
importantes nessa situação (tais como comportamentos de
risco, envolvimento culposo em acidentes, etc) são os
requisitos básicos que justificam o seu uso nesse contexto,
já que irão sustentar a decisão sobre a habilitação
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
 Em suma, a escolha adequada de um
instrumento/ estratégia é complexa e deve levar
em conta os dados empíricos que justifiquem
simultaneamente o propósito da avaliação
associado aos contextos específicos. No caso da
escolha de um teste específico, é necessário que
o psicólogo faça a leitura cuidadosa do manual e
das pesquisas envolvidas na sua construção para
decidir ele pode ou não ser utilizado naquela
situação
6. Quais instrumentos ou estratégias podem ser
utilizados, considerando os diversos contextos e
objetivos da avaliação psicológica?
A aprovação no SATEPSI indica que o teste
possui, pelo menos, um conjunto mínimo
de estudos que atesta a sua qualidade. A
utilidade para algum propósito e contexto
específicos dependerá de uma análise
cuidadosa desses estudos.
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
Os problemas mais frequentes são os
referentes à inadequação do uso dos
testes psicológicos, especialmente nas
situações apontadas a seguir:
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
 Sobre as condições do aplicador – deve estar
preparado tecnicamente para a utilização dos
instrumentos de avaliação escolhidos, estando
treinado para todas as etapas do processo de
testagem, para poder oferecer respostas precisas
às eventuais questões levantadas pelos
candidatos, transmitindo-lhes, assim, segurança;
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
 Deve planejar a aplicação do instrumento,
levando em consideração o tempo
necessário bem como o horário mais
adequado, e deve treinar previamente a
leitura das instruções para poder se
expressar de forma espontânea durante as
instruções (Título IV do Anexo da Resolução
CFP nº 012/2000);
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
 Sobre a permissão de uso de um determinado
teste – é sempre importante que seja consultado o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
(SATEPSI). Esse sistema é constantemente
atualizado, contém a relação de todos os testes
psicológicos submetidos à apreciação do CFP e
fornece informações sobre sua condição de uso
(parecer favorável ou desfavorável);
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
Sobre as condições de aplicação –
devem ser seguidas as especificações
contidas nos manuais de cada 14 teste
utilizado, que só pode ser aplicado por
psicólogos (se for um estudante de
Psicologia, a aplicação deverá ser
supervisionada por psicólogo);
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?
 Sobreas características do material – deve
estar de acordo com a descrição
apresentada no manual e em condições
adequadas de conservação e utilização. É
importante que os testes estejam
arquivados em local apropriado, ao qual
não possam ter acesso outras pessoas;
7. Quais os problemas frequentemente identificados
pelas Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs)
e as possibilidades de solução?

Sobre os protocolos respondidos –


é necessário que sejam mantidos
arquivados, bem como conservados
sob sigilo.
8. Quais os principais cuidados a serem seguidos
na elaboração de um relatório/laudo
psicológico?
 Sempre levando em consideração sua finalidade, o laudo
deverá conter a descrição dos procedimentos e conclusões
resultantes do processo de avaliação psicológica. O
documento deve dar direções sobre o encaminhamento,
intervenções ou acompanhamento psicológico. As
informações fornecidas devem estar de acordo com a
demanda, solicitação ou petição, evitando-se a
apresentação de dados desnecessários aos objetivos da
avaliação. Mais detalhes sobre a elaboração desse
documento podem ser obtidos mediante a consulta da
Resolução CFP nº 07/2003.
RESOLUÇÃO CFP 004 DE 11 DE FEVEREIRO DE
2019 REVOGA A RESOLUÇÃO CFP 007/2003

RELATÓRIO = LAUDO
Nº 007/2003 PSICOLÓGICO

Nº 004/2019

RELATÓRIO LAUDO

COMUNICAR RESULTADO

DIFERENTES PROCESSOS DE AVALIAÇÃO


TRABALHO PSICOLÓGICA
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

 Em princípio, basta que o profissional seja


psicólogo para que ele possa realizar
avaliação Psicológica. Entretanto, algumas
competências específicas são importantes
para que esse trabalho seja bem
fundamentado e realizado com qualidade e
de maneira apropriada:
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

 Teramplos conhecimentos dos fundamentos


básicos da Psicologia, dentre os quais
podemos destacar: desenvolvimento,
inteligência, memória, atenção, emoção,
etc, construtos esses avaliados por
diferentes testes e em diferentes
perspectivas teóricas;
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

Ter domínio do campo da


psicopatologia, para poder
identificar problemas graves
de saúde mental ao realizar
diagnósticos
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

 Possuir um referencial solidamente embasado


nas teorias psicológicas (psicanálise, Psicologia
analítica, fenomenologia, Psicologia
sociohistórica, cognitiva, comportamental,
etc.), de modo que a análise e interpretação
dos instrumentos seja coerente com tais
referenciais
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

Ter conhecimentos da área de


psicometria, para poder julgar as
questões de validade, precisão e
normas dos testes, e ser capaz de
escolher e trabalhar de acordo com os
propósitos e contextos de cada um;
9. Que competências um psicólogo necessita
para realizar avaliação psicológica?

Ter domínio dos procedimentos


para aplicação, levantamento e
interpretação do(s) instrumento(s)
utilizados para a avaliação
psicológica.
10. Quais os principais cuidados que o psicólogo
dever ter na escolha de um teste psicológico?

 Na escolha de um teste como instrumento de avaliação


psicológica, é fundamental que o psicólogo consulte o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos 16 (SATEPSI),
disponível no site do Conselho Federal de Psicologia
(www.pol.org.br), com o intuito de verificar se ele foi
aprovado para uso em avaliação psicológica.
 Em caso afirmativo, ele deverá então consultar o manual
do referido teste, de modo a obter informações adicionais
acerca do construto psicológico que ele pretende medir
bem como sobre os contextos e propósitos para os quais
sua utilização se mostra apropriada.
11. Quais os principais cuidados que o psicólogo
deve ter para utilizar um teste psicológico?

 Verificar se as pessoas estão em condições físicas e


psíquicas para realizar o teste;
 Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa
para realizar o teste, sejam elas físicas ou psíquicas;
 Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu
manual;
 Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do
vestuário dos aplicadores e de outros estímulos que
possam interferir na aplicação.
12. Quais são os princípios éticos básicos que
regem o uso da avaliação psicológica?

É necessário que o psicólogo se mantenha atento


aos seguintes princípios:
 Contínuo aprimoramento profissional visando ao
domínio dos instrumentos de avaliação
psicológica;
 Utilização, no contexto profissional, apenas dos
testes psicológicos com parecer favorável do CFP
que se encontram listados no SATEPSI;
12. Quais são os princípios éticos básicos que
regem o uso da avaliação psicológica?

 Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais


o profissional esteja qualificado;
 Realização da avaliação psicológica em condições ambientais
adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das
informações obtidas;
 Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos
seguros e de acesso controlado;
 Disponibilização das informações da avaliação psicológica
apenas àqueles com o direito de conhecê-las;
 Proteção da integridade dos testes, não os comercializando,
publicando ou ensinando àqueles que não são psicólogos
13. Quais as condições técnicas para que um teste
psicológico tenha parecer favorável do Conselho
Federal de Psicologia?

 Para receber parecer favorável do CFP, o


teste deve preencher os requisitos mínimos
de que trata o Anexo 1 da resolução nº
002/2003. Tais requisitos consideram a
necessidade de o manual do teste trazer
uma descrição clara e suficiente das
características técnicas do teste psicológico
no que tange:
13. Quais as condições técnicas para que um teste
psicológico tenha parecer favorável do Conselho
Federal de Psicologia?
 À especificação do construto que ele pretende avaliar;
 À caracterização fundamentada na literatura da área;
 A pelo menos um estudo brasileiro com evidências
positivas de validade, no caso de testes com amplas
evidências de validade fora do país, ou pelo menos dois
estudos de validade, quando se tratar de teste brasileiro
ou estrangeiro com poucas evidências de validade;
 A estudo brasileiro de precisão com resultados iguais ou
acima de 0,60.
Contextos da Avaliação Psicológica:
Contexto Clínico
 A avaliação psicológica realizada no contexto clínico pode
ter os mais variados objetivos, e é comumente
denominada de psicodiagnóstico.
 Neste tipo de avaliação é possível usar métodos mais
individualizados ou qualitativos ou, ainda, métodos
psicométricos, em que o manejo se fundamenta em
normas de grupos (CUNHA, 2007).
 O psicodiagnóstico pode avaliar questões de âmbito
cognitivo, social, emocional, familiar e psicopatologias, a
depender da demanda solicitada.
Contexto Clínico

 De acordo com Cunha (2007, p.26),


psicodiagnóstico consiste em (...) um processo
científico, limitado no tempo, que utiliza
técnicas e testes psicológicos (input), em nível
individual ou não, seja para entender problemas
à luz de pressupostos teóricos, identificar e
avaliar aspectos específicos, seja para classificar
o caso e prever seu curso possível, comunicando
os resultados (output), na base dos quais são
propostas soluções, se for o caso.
Psicodiagnóstico X Psicoterapia

 Cabe fazer distinção entre Psicodiagnóstico e Psicoterapia, já que,


pelo fato de ambos normalmente acontecerem em um mesmo
ambiente, são passíveis de algumas confusões.
 O Psicodiagnóstico consiste em um processo com objetivo definido,
número de sessões limitadas e utilizado estritamente para fins
diagnósticos e avaliativos.
 A Psicoterapia não necessariamente tem caráter tão diretivo e com
parâmetros previamente estabelecidos. Normalmente é um processo
de maior duração
 O Psicodiagnóstico tem foco avaliativo e a Psicoterapia tem foco
interventivo – Apesar do Psicodiagnóstico poder também se configurar
como um momento terapêutico.
Psicodiagnóstico X Psicoterapia

 A Psicoterapia dedica-se principalmente ao


autoconhecimento, à resolução de questões emocionais,
sociais, familiares, entre outros pontos.
 O trabalho psicoterapêutico também pode variar muito
mais a depender da linha teórica adotada pelo
profissional.
 No Psicodiagnóstico a abordagem influencia menos no
processo, já que as técnicas, apesar de serem baseadas
num aporte teórico específico, tendem a ser previamente
estruturadas.
Contexto Organizacional

 No mundo organizacional a avaliação


psicológica é um dos processos mais
requisitados ao psicólogo, configurando-se
numa etapa importante nos processos de
seleção de pessoal, de orientação de
carreira, de desenvolvimento de pessoas e
de acompanhamento da saúde do
trabalhador.
Contexto Organizacional

 Na seleção de pessoal (talvez o uso mais clássico da avaliação


psicológica no contexto organizacional) ela é usada para
determinar quais candidatos são mais adequados para ocupar
determinados cargos a partir de determinadas características
consideradas mais adequadas ao seu desempenho.
 Esta seleção pode ser conduzida em pequena ou larga escala e
envolve basicamente a análise detalhada do cargo; a indicação
dos atributos psicológicos requeridos, elaborada com base na
referida análise; a escolha dos métodos e técnicas de seleção
consideradas mais apropriadas à avaliação de tais atributos
psicológicos; a aplicação dessas técnicas nos candidatos ao
cargo e a tomada de decisão acerca de cada candidato
(FERREIRA; SANTOS, 2010).
Contexto Hospitalar

 A avaliação psicológica na área hospitalar é uma


ferramenta importante no auxilio de diagnósticos
diferenciais, decisões sobre o tratamento e avaliação
prognóstica do paciente.
 Os instrumentos aplicados nesse contexto são semelhantes
àqueles empregados no contexto clínico: testes de
avaliação cognitiva, de personalidade de mensuração de
sintomas como depressão, ansiedade e estresse; além e
claro, das entrevistas (SERAFINI; BUDZYN; FONSECA,
2017).
Contexto Hospitalar

A avaliação psicológica vem sendo cada vez


mais estudada em algumas situações
específicas do hospital, como por exemplo:
cirurgias bariátricas, procedimentos de
tratamento oncológico, encaminhamentos
para exames de alta complexidade,
transplantes, dentre outros procedimentos.
Contexto Hospitalar

 Neto e Porto (2017) definem que a essência do trabalho do


psicólogo numa unidade prestadora de serviços de saúde
relaciona-se ao alivio de aspectos físicos e emocionais do
paciente e de sua família, inserindo-se como colaborador
da comunicação e da expressão humana por meio da
linguagem. Desta forma, identificar demandas nesse
contexto e avaliar aspectos psicológicos do paciente são
ferramentas importantes para contribuir para o trabalho
de toda a equipe multidisciplinar.
Contexto Escolar

 A avaliação no contexto escolar, segundo Botture (2016)


apresenta dois focos principais:
 O psicopedagógico: visa compreender o funcionamento do
processo de aprendizagem a partir da identificação dos
processos cognitivos envolvidos e dos possíveis obstáculos
à aquisição do conhecimento.
 Avaliação preliminar: não se constitui em uma avaliação
propriamente dita, mas numa observação sistemática feita
pelo psicólogo escolar de questões mais genéricas, com
fins de encaminhamento do estudante para uma avaliação
clínica mais específica.
Contexto Escolar

 Normalmente a avaliação psicológica em contexto


educacional e escolar visa à identificação de questões
cognitivas, sejam elas relativas a atrasos no
desenvolvimento, dificuldades ou transtornos de
aprendizagem, ou mesmo a identificação de
superdotação. Em alguns casos também são identificadas
questões emocionais ou relacionais, que podem interferir
direta ou indiretamente no processo de aprendizagem e
no desempenho escolar do estudante, por isso o uso de
instrumentos nem sempre se restringe ao âmbito
cognitivo.
Contexto Escolar

É importante salientar que esse tipo de avaliação,


apesar de se apresentar enquanto uma demanda
do contexto escolar, normalmente é realizada na
prática a partir do psicodiagnóstico, em contexto
clínico. Isso porque o psicólogo escolar apenas
deve identificar a demanda, e por questões éticas
encaminhar o caso a um profissional que não
esteja diretamente envolvido com o cotidiano da
escola.
Contexto Jurídico

 A avaliação psicológica no contexto jurídico demanda de


um conhecimento não apenas das técnicas e teorias
psicológicas, mas também do sistema jurídico ao qual o
psicólogo vai trabalhar.
 Este trabalho pode englobar diferentes áreas:
penitenciárias, centros psiquiátricos, forense e vara de
família.
 Atualmente é possível ver a atuação do psicólogo nos mais
diversos níveis da decisão judicial, tanto na área cível,
quanto na penal (ROVINSKY, 2007).
Contexto Jurídico

 Santos (2013) define que o objetivo da Psicologia forense


é fazer uma avaliação do comportamento humano
conforme a necessidade apresentada pelos âmbitos da
justiça. Esses dados auxiliam nos processos de intervenção
judiciais, e também na tomada de decisões de processos
de caráter judicial.
 É importante destacar que a avaliação neste contexto tem
um caráter auxiliar nas decisões, não sendo ela por si só
um veredicto final no resultado judicial.
Contexto Jurídico
 A avaliação forense, especificamente a pericial, diferencia-se
em muitos aspectos daquela realizada no contexto clínico,
principalmente no que se refere ao foco da avaliação.
 Na avaliação forense o foco volta-se a questões mais restritas
ou a interações de natureza não-clínica decorrentes da
demanda judicial, enquanto na avaliação clínica o objetivo
prioritário é o diagnóstico e a compreensão do mundo interno
do paciente, sendo, portanto, mais global e menos específica.
 A avaliação forense visa ultrapassar tais dados, de forma a
associar os achados clínicos com os construtos legais que a eles
estão relacionados (Rovinsky, 2011). Ou seja, é importante
focar nos atributos, comportamentos e traços que sejam de
fato relevantes ao processo em questão.
Contexto do Trânsito

 No Brasil, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro


(CTB) e do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) é
obrigatória a avaliação psicológica para a habilitação de
qualquer motorista, sendo que a mesma é regulamentada
e fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Federal de
Psicologia, já que se trata de atividade exclusiva do
psicólogo.
 A avaliação nesse contexto busca identificar as habilidades
e atitudes necessárias a um bom condutor, o que inclui
aspectos cognitivos relacionados à atenção, percepção,
tempo de reação, além de boa maturidade e controle
emociaonal.
Contexto do Trânsito

 Vale salientar que sem a aprovação nesta etapa, o


condutor não tem o direito à habilitação para
dirigir.
 Normalmente essa avaliação é realizada a partir
de uma bateria de testes psicológicos que visam
detectar essas habilidade (normalmente
realizados em contexto grupal), além de uma
entrevista individual.
Outros Contextos
 Foram descritos os contextos mais clássicos onde a
Avaliação Psicológica é demandada de forma mais
contundente, mas pode-se observar que cada vez mais
esta prática vem ganhando espaços novos, diferentes
demandas trazendo campos emergentes como, por
exemplo, a Psicologia do Esporte, a Neuropsicologia, a
Psicologia do Consumidor; além de desdobramentos dos
contextos tradicionais, como a Orientação Vocacional e de
Carreiras e a Psicologia Comunitária e Social.
 Isso sem falar, é claro, do contexto específico de pesquisa,
inclusive aquelas dedicadas ao desenvolvimento de novos
instrumentos e técnicas de avaliação.
ETAPAS

 Como foi dito anteriormente, independentemente do


contexto, a avaliação psicológica é um processo
sistematizado, composto por algumas etapas importantes
para que seus objetivos sejam satisfatoriamente
alcançados. O CFP (2013) resume estes passos da seguinte
forma:
 LEVANTAMENTO dos objetivos da avaliação e
particularidades do individuo ou grupo a ser avaliado: este
processo inicia a avaliação psicológica, possibilitando a
escolha dos instrumentos/estratégias mais adequados pata
a realização da mesma;
ETAPAS

 COLETA de informações pelos meios escolhidos:


utiliza-se de diferentes técnicas (entrevistas,
dinâmicas, observações e testes projetivos e/ou
psicométricos etc.), salientando que a integração
dessas informações deve ser suficientemente
ampla para dar conta dos objetivos pretendidos
pelo processo de avaliação. Dessa forma, não é
recomendada a utilização de uma só técnica ou
um só instrumento para a avaliação;
ETAPAS

 INTEGRAÇÃO das informações e


desenvolvimento das hipóteses iniciais:
após finalizada a coleta dos dados, o
psicólogo pode constatar a necessidade de
utilizar outros instrumentos/estratégias de
modo a refinar ou elaborar novas hipóteses;
ETAPAS

 INDICAÇÃO das respostas à situação que motivou o


processo de avaliação e COMUNICAÇÃO cuidadosa dos
resultados, atentando sempre aos procedimentos éticos
implícitos e considerando as eventuais limitações da
avaliação. Neta etapa os procedimentos variam de acordo
com o contexto e propósito da avaliação. Também nessa
etapa é possível a coleta de algumas informações finais,
bem como colher o feedback do avaliando sobre todo o
processo e sobre as informações encontradas.
CONSIDERAÇÕES
 É possível observar que a avaliação psicológica consiste
num procedimento complexo, que demanda do psicólogo
uma série de conhecimentos relativos às suas técnicas,
mas também referentes a outras áreas, como a Psicologia
do Desenvolvimento, a Psicometria, a Psicopatologia,
dentre outros.
 O profissional também deve possuir um referencial
solidamente embasado nas teorias psicológicas de modo
que a análise e interpretação dos instrumentos seja
coerente com tais referenciais, além de ter domínio dos
procedimentos para aplicação, levantamento e
interpretação do(s) instrumento(s) utilizados para
avaliação psicológica.
CONSIDERAÇÕES
 Em função de sua complexidade, não é possível delimitar
um tempo específico, sendo que este fator será definido a
partir da demanda, dos objetivos e do contexto onde a
mesma será realizada.
 Alguns aspectos são importantes na avaliação psicológica,
como por exemplo, o entendimento de que esta deve ser
dinâmica como a psiquê humana, e também integradora,
refletindo aspectos históricos, sociais e culturais do
indivíduo avaliado (Andrade; Sales, 2017). Isso significa
dizer que nenhum resultado de avaliação psicológica é
estanque, ou uma determinação definitiva do que o
indivíduo é ou possui. Na verdade, a avaliação se constitui
como “uma fotografia” de um determinado momento da
história do indivíduo, onde se buscam regularidades de
comportamentos e traços.
TESTE PSICOLÓGICO

Instrumento padronizado utilizado pelo


psicólogo para avaliar aspectos da
personalidade, questões emocionais,
cognitivas, sociais, vocacionais,
psicopatológicas, dentre outras.
ENTREVISTA

 Técnica de coleta de dados que permite o acesso


às representações do indivíduo: sua história,
conflitos, representações, crenças, sonhos,
fantasmas, acontecimentos vividos, etc.

 Podevariar quantos ao grau de estruturação e


quanto aos objetivos.
MÉTODOS PSICOMÉTRICOS

Conjunto de procedimentos
que levam à avaliação
quantitativa de fenômenos
psicológicos.
SELEÇÃO DE PESSOAL

Processo pelo qual a organização


escolhe, com base em uma relação
prévia de candidatos, aqueles que
atendem melhor ao critério
preestabelecido para preencher as
posições disponíveis.
ORIENTAÇÃO DE CARREIRAS

Conjunto de estratégias que visam


possibilitar ao indivíduo conhecer
a fundo seu perfil e identificar
suas possibilidades de maior
sucesso profissional.
DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS

 Conjunto de estratégias que visa melhorar a


qualidade de vida e o desenvolvimento das
habilidade pessoais, contribuindo com a
construção do conhecimento humano e a
realização de sonhos e aspirações.
 No contexto organizacional, busca aprimorar
ainda mais os profissionais de destaque e dar o
devido reconhecimento a eles, desenvolvendo
potenciais talentos.
AVALIAÇÃO DO PROGNÓSTICO

 Etapa do processo de avaliação que visa


atribuir indicações terapêuticas diante do
diagnóstico e também seus efeitos sobre o
paciente.
 Normalmente é realizada após uma ou mais
hipóteses serem estabelecidas.
TESTES PROJETIVOS

 Tipo de teste psicológico, normalmente utilizado


para avaliar aspectos da personalidade, questões
emocionais, sociais e psicopatológicas.
 Baseia-se no conceito de projeção, que consiste
num mecanismo de defesa pelo qual as pessoas
transferem sentimentos, pensamentos e emoções
de qualquer espécie a outras pessoas, ou até
outros objetos.
Aspectos gerais da saúde mental e
psicopatologia
 O estudo da Saúde mental envolve uma série de conceitos
subjacentes em cada contexto histórico e, por
consequente, deferentes expoentes teóricos.
 O que é loucura?
 O que é uma doença mental?
 O que é um doente mental?
 O que é normal e patológico?
Aspectos gerais da saúde mental e
psicopatologia
 Percorrendo a história recente, apreende-se que a
loucura esteve ligada às várias acepções
(marginalidade, descriminação, desrazão,
patologia ou possessão demoníaca), contudo, no
que tange à referência de loucura, a maior parte
da literatura construída pauta-se na insanidade,
anormalidade ou doença mental.
Aspectos gerais da saúde mental e
psicopatologia
 As práticas de cuidado em Saúde mental construídas para
tratar a loucura de modo mais humanista nos séculos XX e
XXI, no âmbito da Reforma Psiquiátrica trouxeram avanços
assistenciais como os centros de atenção psicossocial
(CAPS) e os serviços de residências terapêuticas (SRT).
 Contudo, os hospitais psiquiátricos ao longo da história
foram espaços de prática ortopédicas no amparo aos
pacientes acometidos de transtornos mentais,
predominando as relações de dominação saber-poder, para
além da perspectiva individual e psicologizante, centrada
predominantemente no sujeito como mero portador de
transtorno mental.
Aspectos gerais da saúde mental e
psicopatologia
 O manejo da loucura, do ponto de vista historiográfico, foi
arqueologicamente montado por Foucault, na obra
História da Loucura (2008), com desdobramentos de
análises em categorias auxiliares: biologia, família,
moralidade, instituições, sexualidade, psicologia e
psiquiatria, inscrevendo um silenciamento estratégico de
práticas no cuidado à saúde mental.
 Há uma dominação de mente e corpo por um longo e
perverso processo histórico. (FOUCAULT, 2008).
Saúde mental, doença mental e loucura

 O conceito mais amplo de Saúde Mental segundo a


Organização Mundial de Saúde (OMS) é um estado de bem-
estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias
habilidades cognitivas emocionais, adaptando-se às suas
funções sociais da vida cotidiana, como ser produtivo e
contribuir com a sua comunidade. Justificando a
concepção de Saúde Mental envolver os aspectos culturais,
subjetivos e sociais do sujeito.
 A doença mental nem sempre é doença, pois pode ser uma
representação com diferentes interpretações para dar
sentido ao fenômeno do sofrimento mental (ALVES, 2011).
Saúde mental, doença mental e loucura

 O conceito de Loucura posto como alteridade, diferença e


estranhamento pode parecer distante e indiferente, mas
quem nunca apontou um louco ou algum comportamento
como loucura?
 Assim, o conceito oscila e a sua acepção para esta
experiência nem sempre é de origem orgânica, ou seja,
doença.
 Cada sociedade com sua cultura produz sentidos outros à
loucura, assim como inventa modos de ser louco
(PELBART, 1989).
Saúde mental, doença mental e loucura

 Os binômios tradicionais: saúde/doença; corpo/mente; e


normal/patológico, compõem a compreensão das
diferenças diagnósticas da loucura/doença mental.
 A condição de doente do ponto de vista biomédico
(independentemente de ser uma patologia mental)
desvela no sujeito um sofrimento psíquico em função da
sua condição geral de vida. Contudo, mesmo relativizando
o conceito de loucura, compreende-se que ela se
relaciona sobremaneira com a doença mental.
Saúde mental, doença mental e loucura

 A Doença Mental é um conjunto de reações objetivas e


subjetivas às alterações de consciência, pensamentos e
afetos que o sujeito experimenta sob a forma de
sofrimento psíquico.
 O campo historiográfico da doença mental contorna as
subjetividades de cada período da sociedade e suas
representações culturais, mas, essa simbologia sócio-
cultural ocorre, apenas, no campo
epistemológico/conceitual da doença mental ora
privilegiando a fisiologia ora enaltecendo a experiencia do
doente que é por ela cometido e, as práticas deste tipo de
conhecimento (OLIVEIRA, 1994).
CONCEPÇÕES DE LOUCURA

 As aproximações e tensões entre a loucura, doença


mental, a Psiquiatria e Psicologia são construções que se
diferenciam por métodos de investigação que emergem de
campos de saber e produção cientifica, de poder e de
ideologias que se pautam em referências. (AMARANTE,
1998; ODA& DALGALARRONDO, 2000, 2001), tais como:
 Conceitos de loucura como doença psiquiátrica: em
geral, fazem referência aos transtornos crônicos, a psicose
e a esquizofrenia
CONCEPÇÕES DE LOUCURA

 Conceitos de loucura na interface doença psiquiátrica


tradicional: propõem interdependência dos conceitos
psiquiátricos pela saúde mental, valorizando a concepção
psicológico-filosóficos de loucura em detrimento da
organicidade nosológica, que a Psiquiatria instituiu por
concepções populares de loucura.
 Conceitos histórico-sociais de loucura: referem-se à
historiografia da loucura e a institucionalização
psiquiátrica promovendo a autonomia da Saúde Mental
como campo de saber autônomo e independente.
O QUE HÁ ENTRE O NORMAL E O
PATOLÓGICO

TEXTINHO!!!
PATOLÓGICO

O radical pathos, que quase invariavelmente


representa a concepção médica de doença. É
interessante ressaltar que a definição de
“alienado” segue esta mesma linha.
 Segundo o Aurélio, o alienado, o louco, é aquele
que, portador de uma perturbação mental, está
incapacitado de agir segundo normas legais e
convencionais de seu meio social (CECCARALLI,
2003, p.15).
PATOLÓGICO

 No pensamento de Foucault, é um conceito operatório que


utiliza como referencial “a doença”, onde o patológico ou
a doença não é visto como uma essência contra a natureza
da “normalidade”, mas significa a cômoda natureza dessa
normalidade, num artificio inverso.
 A concepção foucaultiliana parte de uma arqueologia
histórica da loucura que só tem sentido no contexto
social, conferindo-lhes, respectivamente, a acepção de
desvio ou anormalidade e o status de excluído, diferente
ou insano (FOUCAULT, 2008).
PATOLÓGICO

 A demarcação entre o que pode ser considerado normal e


o que é “patológico” não se refere, apenas, a uma
variação quantitativa do normal.
 A condição de patológico não é a carência de uma norma,
pois não existe vida sem normas de vida, e o estado
patológico, do mesmo modo, é uma forma de se viver.
Assim, a conotação do patológico precede a relação de
uma “norma que não tolera nenhum desvio das condições
na qual é válida, pois é incapaz de se tornar outra norma”
(CANGUILHEM, 2009, p.145).
CONCEITOS DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL
 Existe um baixo consenso no que tange os conceitos de
saúde e de normalidade na perspectiva psicopatológica.
 A demarcação é tênue ao que se toma como referência em
meio ao normal e o patológico, por vezes, só perceptível
quando as alterações comportamentais e mentais são de
acuidade acentuada e de extensa duração.
 A mesma dificuldade conceitual e prática é identificada no
contexto de saúde mental, devido às diversas áreas de
referência, a saber (DELGALARRONDO, 2008, p.25-27):
CONCEITOS DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL
 PSIQUIATRIA LEGAL OU FORENCE: o conceito de
anormalidade psicopatológica pode apresentar
desdobramentos de ordem legais, criminais e éticas,
inferindo em deliberações sociais, institucionais e legais
de uma pessoa.
 EPIDEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA: a consideração sobre
normalidade repercute seja em uma problemática seja em
objeto de trabalho e de pesquisa que promove impactos e
discussões sobre o uso e aprofundamento do conceito de
normalidade em saúde. A referência epidemiológica é
importante para se construir as políticas públicas de saúde
no contexto da saúde mental. – Conteste!
CONCEITOS DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL
 PSIQUIATRIA CULTURAL E ETNOPSIQUIATRIA:
o conceito de normalidade em
psicopatologia implica na apreciação do
contexto sociocultural, sendo necessária a
compreensão da relação entre fenômeno
supostamente patológico e o contexto
social tomado como referência para
significar o fenômeno culturalmente.
CONCEITOS DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL
 PLANEJAMENTO EM SAÚDE MENTAL E POLÍTICAS DE SAÚDE:
precede constituir critérios de normalidade, no que se
refere às demanda assistenciais de determinado grupo
populacional. As políticas de saúde instituem alocação de
serviços determinados em quantidade previamente
mapeada à disposição de determinada comunidade com
base em dados epidemiológicos em saúde mental.
CONCEITOS DE NORMALIDADE EM
PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL
 ORIENTAÇÃO E CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL: estabelece
parâmetros que devem nortear condições para que
pessoas que apresentem um distúrbio ou déficits
cognitivos possam, ou não, vir a conduzir veículos, porte
de arma, máquinas perigosas, etc.
 PRÁTICA CLÍNICA: a partir de uma avaliação clínica é
possível ponderar as circunstâncias para avaliar se
determinado fenômeno é patológico ou normal.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
O conceito de normalidade relaciona-
se com demarcação do que é saúde e
do que é doença mental, significado
esse que ecoa de forma plural na
saúde mental e, por isso, justifica-se a
variação de critérios de normalidade
(DELGARRONDO, 2008, p. 25-27):
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE COMO AUSÊNCIA DE DOENÇA:
refere-se ao parâmetro de saúde como a
“ausência de sintomas, de sinais ou de doenças”.
Onde o normal, nessa análise, seria aquele sujeito
que não é diagnosticado com um transtorno
mental específico. Essa é uma perspectiva
precária, redundante e depreciativa, pois o ponto
de investigação está no que “falta” e não naquilo
que é ou que a pessoa apresenta.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE IDEAL: por esse conceito, a
normalidade assemelha-se a uma espécie
de “utopia” e, por não ter juízo crítico ou
referencial legítimos, demarca um padrão
de normalidade, fazendo referencia ao
“sadio” e mais “evoluído” sem critério.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE ESTATÍSTICA: adota o critério de frequência
e passa a operar no que tange aos fenômenos
quantitativos assentados em uma distribuição estatística
na população geral, por exemplo: peso, altura, tensão
arterial, horas de sono etc. Logo, quando um determinado
dado é identificado com maior frequência, esse
referencial é denominado “normal”. Dito isto, os sujeitos
que estabelecem estatisticamente fora (ou no extremo)
de uma curva de distribuição normal passam a ser
considerados anormais ou doentes.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE COM BEM-ESTAR: A Organização
Mundial de Daúde (OMS) definiu, em 1958, a
saúde como o “completo bem-estar físico, mental
e social, e não simplesmente como ausência de
doença”. É um conceito impreciso na sua
interpretação, por não especificar qual o
parâmetro para ser considerado saudável.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE FUNCIONAL: é um conceito relativo
usado quando se deseja comparar o que é
funcional e disfuncional em um sujeito, sendo
patológico aquilo que for disfuncional e normal o
que for funcional.
 NORMALIDADE COMO PROCESSO: faz referência à
dinâmica do desenvolvimento psicossocial e
envolve as mudanças e maturações ao longo do
tempo.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE SUBJETIVA: a validade do conceito
baseia-se na percepção subjetiva do próprio
individuo em relação ao seu estado de saúde, à
suas próprias vivências subjetivas. Contudo,
algumas patologias podem construir uma falsa
subjetividade na sua condição, por exemplo,
pessoas em fase maníaca podem apresentar um
estado de felicidade que de fato não corresponde
a uma realidade.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE COMO LIBERDADE: utiliza a
orientação filosófica da fenomenologia-
existencial em que a doença mental seria a
perda da liberdade existencial, vinculando-
se às possibilidades de transitar, com graus
distintos de liberdade, sobre o mundo e
sobre o próprio destino.
CONCEITO DE NORMALIDADE EM SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
 NORMALIDADE OPERACIONAL: estabelece de
forma pragmática critérios arbitrários, em
que o normal e o patológico passam a
operar por essa redução prévia sem uma
análise ou preocupação com possíveis
consequências.
 AUSÊNCIA DE DOENÇA – SAÚDE/DOENÇA
 IDEAL – “UTOPIA”
 ESTATÍSTICA – FREQUÊNCIA
 BEM-ESTAR – OMS
 FUNCIONAL – DISFUNCIONAL
 PROCESSO – PSICOSSOCIAL
 SUBJETIVA – SUBJETIVIDADE
 LIBERDADE – FILOSOFIA
 OPERACIONAL – PRAGMATISMO
PSICOPATOLOGIA

 Em sua etimologia a palavra psicopatologia (pathos,


sofrimento ou doença); (logos, logia, conhecimento)
refere-se ao discurso “da paixão” ou “do afeto psíquico”,
considerando a experiencia narrativa do sujeito que fala e
do médico que constrói e interpreta seu discurso. No viés
psicopatológico, o sofrimento psíquico refere-se à
condição de ser passivamente afetado por algo da ordem
da paixão que não se enleia nosos, inscrição da doença no
corpo e não no discurso.
PSICOPATOLOGIA

 Pela narrativa o sujeito significa e dá sentido às suas ações


levantando outras dimensões semânticas do pathos, que
se refere antes de tudo a um estado anímico e não se
reduz ao espectro das emoções, sendo “[...] um estado de
sofrimento, de padecimento, de mobilização que dá
sentido e orientação aos atos humanos” (PEREIRA, 2000).
Em que “passividade” faz referência ao termo “passivo”
ou “paciente”, e a expressão “paixão” circunscreve a
condição de “pulsão” de portador de sofrimento.
 Essas concepções não erradicam a doença, mas
privilegiam a sua parcimônia diante do adoecimento.
PSICOPATOLOGIA

 O Webter’s New International Dictionary define o termo


psicopatologia como “o estudo científico das alterações
mentais do ponto de vista psicológico”. H.B. English
define-o como “a investigação sistemática dos estados
mentais mórbidos” e L.E. Hinsie como “o ramo da ciência
que trata da morbidade e patologia da psiquê ou mente”.
Honório Delgado conceitua a psicopatologia como”[...] o
conjunto ordenado de conhecimentos relativos às
anormalidades (anomalias e desordens) da vida mental,
em todos os seus aspecto, inclusive suas causas e
consequência, assim como métodos empregados com o
correspondente propósito” (PAIM, 1993, p. 01).

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