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Considere a afirmação abaixo e leia o recorte clínico:

A avaliação psicológica é uma atividade complexa que se constitui na busca de conhecimento a respeito do funcionamento psicológico da
pessoa e os instrumentos de avaliação caracterizam-se em procedimentos de coletas de informações úteis e confiáveis que podem servir de
base ao processo mais amplo da avaliação psicológica (Primi, Nascimento,2004) “ P.R.O é uma criança de 7 anos com a queixa de dificuldades
de aprendizagem, os pais buscam o atendimento psicológico e relatam que se acentuaram as dificuldades na escola há seis meses, o mesmo
não consegue se concentrar durante as aulas e está atrasado em relação às demais crianças, pois não aprendeu a ler. Afirmam que foram
chamados na escola pela professora, a qual afirmou que a criança é desatenta e hiperativa.”
Entendemos que o psicodiagnóstico compreende várias etapas e se faz essencial planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos a
serem utilizados. Mediante o recorte acima, quais os procedimentos a serem adotados no psicodiagnóstico interventivo? A escolha de testes
psicológicos poderia agregar informações úteis e confiáveis ao processo? Justifique.
Resposta: 1. Acolhimento dos pais, para entender melhor sobre a queixa; 2. Entrevista com os pais (Anamnese), o que aconteceu de
diferente nos últimos meses; 3. Pode-se solicitar um relatório para a professora; 4. Aplicação de testes: como de atenção. Para realizar um
psicodiagnóstico interventivo, é necessário seguir uma série de procedimentos que nos permitam obter informações sobre o funcionamento
psicológico da criança. Em primeiro lugar, é importante realizar uma entrevista com os pais para coletar informações sobre o histórico de
desenvolvimento da criança, suas dificuldades escolares e comportamentais, suas relações sociais e familiares e outras informações
relevantes para o processo de avaliação. Além disso, a utilização de testes psicológicos pode agregar informações úteis e confiáveis ao
processo de avaliação. No caso específico da criança descrita no recorte, testes como o Teste de Atenção Concentrada (TAC), o Teste de
Inteligência não Verbal (TINV) e o Teste de Desempenho Escolar (TDE) podem ser utilizados para avaliar a atenção, a inteligência e o
desempenho acadêmico da criança, respectivamente. No entanto, é importante ressaltar que a escolha dos instrumentos de avaliação deve
ser feita de forma criteriosa, levando em consideração as características da criança, suas dificuldades específicas e os objetivos do
psicodiagnóstico interventivo. Além disso, os testes psicológicos devem ser aplicados e interpretados por profissionais devidamente
capacitados e com experiência na área de avaliação psicológica.
Conceituação de psicodiagnóstico na atualidade e Conceituação de psicodiagnóstico na atualidade
Krug, Trentini e Bandeira (2016), mostram a diferença entre diagnóstico e psicodiagnóstico, fala na importância do psicólogo
em entender e se aprofundar na prática e Ancona-Lopez (1984) se alinha com uma perspectiva mais humanista e
fenomenológica do diagnóstico psicológico, que enfatiza a importância de compreender o paciente como um ser único e
complexo, em vez de simplesmente rotulá-lo com um diagnóstico baseado em sintomas isolados.
Mesmo com a discussão do que seria mesmo o psicodiagnóstico, ele se mostra uma ferramenta fundamental para a
compreensão do nosso cliente, nos permitindo agir de maneira mais assertiva no tratamento de seus problemas, pois
passamos a compreender suas emoções, sentimentos, comportamentos, entre outros fatores, o que torna menos errado em
elaborarmos um planejamento de tratamento e de autoconhecimento ao mesmo, também permitindo a criação de uma relação
terapêutica.
Em resumo, a importância de conhecer subjetivamente o paciente, não torna menos importante a utilização de ferramentas
psicométricas e testes para podermos aprofundar ainda mais nosso conhecimento sobre a pessoa que iremos tratar.
O texto “A entrevista de Anamnese” escrito por Mônica Aparecida Silva e Denise Ruschel Bandeira, nos fala sobre a
importância da entrevista de Anamnese no início do processo de psicodiagnóstico. Essa entrevista pretende investigar a
historicidade de vida do paciente e será muito importante, pois irá fundamentar a formulação das hipóteses iniciais
diagnosticadas. Para Silva e Bandeira, a entrevista de Anammese é direcionada a investigar fatos, tendo o psicólogo a
oportunidade de ter uma posição mais ativa para questionamentos. Ainda sobre a investigação dos fatos, a história de vida
narrada pelo paciente pode não ser clara e objetiva e, nós como psicólogos, temos a missão de organizar essas informações. A
entrevista de anamnese é realizada por um questionário semiestruturado, podendo o psicólogo fazer outras perguntas caso a
resposta não tenha sido satisfatória. Além do questionário, é muito importante que antes de iniciar a entrevista seja
estabelecido um rapport adequado, ou seja, criar um ambiente confortável onde seja possível criar empatia com o paciente.
Mais que preencher o questionário, nossa profissão exige a habilidade da escuta, respeito pela narrativa do outro e cuidados
em relação a nossa fala como a entonação ao indagá-los. Após a entrevista de anamnese, nas outras sessões de terapia pode
ser necessário retomar alguma questão da entrevista para poder analisar melhor a situação.
Ainda de acordo com Silva e Banderia, na entrevista, alguns aspectos analisados sempre serão os mesmos, independente da
faixa etária, como relações familiares, número de pessoas da família e a ocupação de cada membro. Outros aspectos
similares são histórico de tratamento de saúde, medicamentos utilizados, mas alguns aspectos se tornam mais ou menos
importantes conforme as faixas etárias. Na anamnese de crianças, por exemplo, a entrevista sobre os aspectos pré e
perinatal tem uma importância central para avaliação. Para a entrevista com adolescentes, deve-se considerar as mudanças
ocorridas nesta fase, principalmente as hormonais, físicas e relacionadas à formação.
Por fim, a entrevista de anamnese é uma etapa muito importante para conhecer o paciente, sua história de vida, e, desta
forma, será possível realizar um melhor direcionamento do psicodiagnóstico. Mas apenas realizar a entrevista não garante um
trabalho adequado, o que irá trazer um direcionamento de sucesso será a capacitação, conhecimentos teóricos do psicológo,
pois só assim ele conseguirá traçar estratégias para otimizar as informações coletadas, ou seja, a realização da entrevista
de anamnese irá se complementar com a capacitação do psicólogo.
O texto “Cuidados Técnicos no Início do Psicodiagnóstico” é um mini guia muito interessante, Bruna Gomes Mônego, começa
falando sobre como esse material a teria ajudado, caso tivesse acesso no início, e ensina, demonstrando com casos e dicas,
como gerir um dia a dia em uma clínica psicológica, porém não em atendimento, mas sim com psicodiagnósticos.
A autora comenta sobre:
•como devemos controlar nossas ansiedades e expectativas;
•como lidar com os pacientes, inclusive falando sobre momentos corretos de iniciar o processo de questionamentos;
•como temos que incluir as crianças nas conversas;
•como os adolescentes precisam sentir que tem o controle da terapia;
•controlar as finanças;
•maneiras de como recepcionar o paciente;
•sobre a importância da escuta e da empatia, porém mostra evidências de que a empatia é muito mais parte da pessoa do que
adquirida na formação de psicologia, porém aqui discordamos do fato em mostrar a empatia apenas como uma aproximação e
escuta do paciente, ignorando que a empatia é um processo que só se pode ter, caso tenhamos vivido a mesma experiência do
paciente, caso contrário, teremos que acionar nossa alteridade. “Talvez você precise ouvir mais sobre os sentimentos do
paciente e fazer o exercício de imaginar-se no lugar dele para, então, conseguir conectar-se (Schwartz & Flowers, 2009)”
•mostra uma pesquisa que demonstra a relação entre comprometimento e boa percepção do paciente. Aqui chegou em um
ponto, a qual vemos que é a essência de um psicólogo, pois o mesmo precisa atingir um autoconhecimento para poder ter
empatia ou alteridade pelo próximo. O conhecimento que é adquirido pelo paciente, na observação e a obtenção de
comportamentos e sentimentos são fundamentais, principalmente, para o psicodiagnóstico.
•a dificuldade do paciente em aceitar um psicólogo e até mesmo sobre o psicólogo ser mais novo que o paciente, assim como
as experiências passadas.
•na relação entre o terapeuta e o paciente, ela cita a importância no processo de clínica, porém cita a dificuldade, até na
literatura, de achar esse parâmetro, até pelo fato de ser algo pontual e com início e fim, o psicólogo passa a não se aproximar
tanto do paciente.
O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo: O
psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial é uma forma de intervenção prática nas clínicas da UNIP
(Universidade Paulista), que tem como foco pacientes protagonistas, onde o questionamento deste modelo surge a partir do
encontro com a realidade. Essa modalidade é a mais adequada para ser aplicada nas clínicas da universidade.
No texto é relatado o processo tradicional de psicodiagnóstico, que tem como objetivo esclarecer a demanda que levou o
paciente a buscar ajuda psicológica e, em seguida, encaminhá-lo para o tratamento mais adequado. No texto é destacado essa
abordagem de acordo com as funções do psicólogo previstas em lei no Brasil, que incluem o diagnóstico psicológico, também é
destacada a importância de considerar a perspectiva do paciente na terapia. Ou seja, o psicodiagnóstico tem como foco
principal o paciente como protagonista da sua própria terapia, fazendo com que ele mesmo identifique seus problemas e
consiga solucioná-los com a ajuda de um profissional da Psicologia.
Na UNIP, os pacientes geralmente são as crianças, que são colocadas como participantes de suas próprias sessões, neste
modelo é proposto a observação e intervenção nas relações da criança com outras crianças em grupos, visitas domiciliares e
até mesmo escolares, caso a visita escolar não possa acontecer, pode-se também solicitar um relatório ao professor. O autor
destaca que essas modalidades de investigação permitem a compreensão do mundo habitado pela criança e das relações que
ela estabelece com os outros, o que pode ajudar o psicólogo a intervir de maneira mais eficaz na situação apresentada. No
psicodiagnóstico interventivo podem ser utilizados vários procedimentos, tais como: entrevista com os pais; sessões de
observação de interação dos pais com a criança; atendimento com a criança e até visitas domiciliares por parte do psicólogo;
dinâmicas em grupo com crianças; testes projetivos, afim de conhecer mais o mundo interior da criança e como ela lida
consigo mesma, com familiares e amigos e com o mundo exterior .
Psicodiagnóstico fenomenológico-Existencial: focando os aspectos saudáveis: O texto Psicodiagnóstico fenomenológico-
Existencial: focando os aspectos saudáveis, de Gohara Yvette Yehia, começa descrevendo um pouco da história e significado
das palavras relacionadas ao conteúdo, com isso continua o texto falando sobre o Psicodiagnóstico e o Psicodiagnóstico
interventivo, citando algumas diferenciações entre ambos, colocando algumas questões como importantes tais como:
Psicodiagnóstico:
- ponto de os pais estarem cientes do porquê estão ali, e não apenas por estarem obedecendo algum especialista, com isso
descreve a importância da conversa em saber o porque os pais estão ali para em um primeiro contato conseguir pegar
informações das expectativas que os pais têm do processo;
- enfatiza que o processo de anamnese deve ocorrer separado da primeira consulta;
- a importancia em entender como os pais falam ou falaram aos seus filhos o porque os mesmos estão indo ao psicólogo, e
explicar a importância da inclusão da criança no processo
- ao dar o feedback aos pais, explicar as observações e caminhos que construíram nossa ideia
Psicodiagnóstico Interventivo:
- A importância de assinalar os fatos
- Redirecionamento para harmonizar as interações
- coloca em vários momentos a importância em focar nos aspectos saudáveis
No decorrer é falado um pouco sobre os testes psicológicos, citando o fato de utilizar os testes não apenas como
quantitativos, mas poder explorar os mesmos de uma forma a se tirar maior proveito do momento e da interação, cita outros
recursos, como visita a casa ou a escola da criança, para que possa ver o ambiente de fato a qual a criança tem dificuldades.
A autora alerta sobre as desistências e sobre o follow up, de como é ter a perspectiva depois de um certo tempo sobre as
mudanças e o caso em si, pois nesse tempo, ambos, tanto os pais como o próprio psicólogo mudam muitos pensamentos.

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