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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:

PRINCÍPIOS PARA INTERVENÇÃO

Dra. Elisabete Giusti – Direitos Reservados


Proibido Reprodução e Compartilhamento
APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA: INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

 Fonoaudióloga: disposição para o atendimento. Experiência com crianças.

 MOTIVAÇÃO: chave para o aprendizado.

 Proposta lúdica: brincando aprendemos


 Estilo responsivo de interação
 O poder da perspectiva: conduz nossas ações

 “Não tenho esperança. Essa criança não aprenderá!”: fará pequenas tentativas e
desistirá facilmente.
 “A criança pode aprender e mudar”: de forma ativa e criativa, irá procurar maneiras
para ajudar.
Inspirados pelo Autismo

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

PODE SER ESPECÍFICA OU ESTAR ASSOCIADO A ALGUM OUTRO QUADRO

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO PODE OU NÃO ESTAR ALTERADO.


SEMPRE CONSIDERAR: A CRIANÇA TEM PERCEPÇÃO DE SUAS
DIFICULDADES!

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

DESCOBRIR OS PRECURSORES DO COMPORTAMENTO:

- ATITUDE RESPONSIVA: observar e responder aos sinais que a


criança oferece pode evitar um comportamento indesejado.
- INVESTIGAÇÃO CURIOSA: observar os talentos, as dificuldades,
as tentativas de comunicação, os desejos e as necessidades.

- Exemplo: me aproximo, olho, dou sinais que quero o brinquedo.


- Não fui atendida = mordo – e aí consigo o brinquedo!
Ref. Inspirados pelo Autismo

Dra. Elisabete Giusti – Direitos Reservados


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O que uma criança com Apraxia gostaria de falar para nós…

* Fico nervosa e irritada quando você me pergunta alguma coisa que eu não vou ser capaz de dizer;
* Eu tenho a resposta na minha cabeça, mas preciso de mais tempo para eu responder do meu jeito, da melhor forma que eu
consigo;
* Eu gostaria que você soubesse que sou inteligente, apesar de eu não falar bem ainda;
* Tenho vontade de me esconder quando você me pede para usar as minhas palavras ou para mostrar o que já consigo falar;
* É assustador pra mim, estar com pessoas novas que não me entendem, que não entendem o que eu preciso ou que eu quero;
* Me sinto mal quando as crianças dizem que falo de um jeito engraçado;
* Às vezes, eu uso gestos, aponto para “falar” e mostrar o que eu quero te dizer;
* Eu me sinto feliz quando você fala que está orgulhoso de mim e que eu estou aprendendo a falar;
* Eu gostaria que você falasse para as outras crianças que mesmo que eu não fale bem, eu também quero brincar e jogar com eles;
* Tem momentos, que prefiro ficar sozinha, e não quero ficar repetindo ou falando;
* Muitas vezes, eu não sei o que fazer quando eu não consigo falar. Eu posso ficar chateada, triste, com raiva, me tornar agressiva,
porque é muito difícil para mim. Entenda isso!
* Tem coisas que eu sei fazer bem e fico feliz quando você percebe isso. Não olhe apenas para a dificuldade que tenho na fala.
Posso ter outras habilidades;
* Preciso do seu amor, da sua paciência, da sua compreensão.

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Intervenção Terapêutica com Crianças com Apraxia

Co-articulação: sequência de movimentos coordenados

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

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Princípios para intervenção com Apraxia
Mass et.al. 2014

Princípios da aprendizagem motora (Principles of Motor Learning)

PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA


PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA PRÁTICA

Estudos indicam: “ingredientes” que tem contribuído para melhorar habilidades


de fala de crianças com Apraxia:

 Prática: treino
 Poucos alvos em terapia: permitindo mais prática.
 Conhecimento do desempenho x conhecimento dos resultados (feedback)
 Uso de pistas multissensoriais
 Treino em casa

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Princípios para intervenção com Apraxia
(Mass, at.al.2008)
Princípios da Ap. motora Aquisição Retenção
Motor Performance Motor Learning
Distribuição da prática “fechada”/massiva (+ sessões Distribuída (ex. 2x/semana)
e + curtas)
Variabilidade da prática Contexto consistente, Contexto variado, pitch,
pitch, velocidade lenta velocidade, prosódia
variada
Tipo de feedback Conhecimento da Conhecimento do
performance (específico) resultado (muito bom!)
Frequência do feedback Frequente, imediato atrasado Transferência
Generalização
Velocidade Lentificada Normal, variável

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Princípios de Aprendizagem Motora
Principles of Motor Learning

“Conjunto de processos associados com a prática ou experiência que leva a


mudanças permanentes na capacidade de movimento” (Schmidt & Lee, 2005).

I. PRÁTICA: quanto mais, melhor!


II. DISTRIBUIÇÃO: massiva X distribuída
III. VARIABILIDADE: constante X variável
IV. ORGANIZAÇÃO SESSÃO (“schedule”): bloqueada (mesmo alvo) X aleatória (alterar os alvos)
V. FEEDBACK: conhecimento performance X resultados

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Quantas sessões de terapia são necessárias para melhorar as habilidades de
produção de fala?

Thomas F. Campbell, “Functional Treatment Outcomes in Young Children with Motor Speech Disorders,” page 394, Clinical
Management of Motor Speech Disorders in Children, edited by Anthony J. Caruso and Edythe A. Strand, Thieme Medical
Publishers Inc., New York, 1999.

 Crianças com transtornos fonológicos: média 29 sessões (variando de 21 a 42 sessões),


de 45 minutos cada, para ter pelo menos, metade do seu discurso compreendido por um
adulto não familiar.
 Crianças com Apraxia de Fala: média de 151 sessões individuais (variando de 164 a 168
sessões) para atingir o mesmo nível de inteligibilidade de fala.
 Conclusão: crianças com apraxia de fala necessitaram 81% mais sessões individuais do
que as crianças com distúrbios fonológicos graves, a fim de alcançar um resultado
funcional semelhante.

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Princípios para intervenção com Apraxia
Margaret FISH, 2016

P.R.I.S.M

Phoneme Sequencing
Repetitive Practice
Intensity of Treatment
Selection of Target Utterances
Multisensory Cues and Feedbck

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Princípios para intervenção com Apraxia
FISH, 2016

 Sequencialização de Fonemas (Sons);

 Prática Repetitiva

 Intensidade do Tratamento

 Seleção das Palavras/Frases-Alvo

 Pistas Multissensoriais e Feedbacks

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção com Apraxia

Sequencialização de Fonemas (Sons):


Coarticulação: é o grande desafio para as crianças com CAS.

 conseguem produzir a vogal ou fonema isolados mas não combinam;


 sempre considerar fonemas que antecedem e procedem cada sílaba;
 Práxis da fala: nível da sílaba
 Formas silábicas: considerar níveis hierárquicos de aquisição

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Princípios para intervenção com Apraxia
FISH, 2016

 Sequencialização de Fonemas (Sons);

 Prática Repetitiva

 Intensidade do Tratamento

 Seleção das Palavras/Frases-Alvo

 Pistas Multissensoriais e Feedbacks

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção

PRÁTICA REPETITIVA

 Repetição é essencial para o tratamento;


 Memória motora. Formação do plano motor da palavra.
 Controle voluntário para o automático
 Interesse da criança deve ser sempre respeitado!
 A terapeuta deve manter-se conectada a criança e prender seu interesse

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção

Fatores que influenciam a pratica repetitiva:


 Idade
 Estimular a aprendizagem de novos planos motores
 Outros fatores neurológicos associados – pensar em atividades
curtas para manter a atenção
 Crianças que se frustram facilmente
 Reações emocionais
 Motivação é muito importante!

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção

 Atenção aos distratores: visuais, auditivos, ruídos;


 Atenção é uma habilidade fundamental.
 Contato visual;
 Crianças com Apraxia: já tiveram muitas experiências frustrantes de
comunicação.
 Terapeutas: compreender a personalidade da criança.
 Demonstre compreensão, disposição em ajudar; seja responsivo;

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Princípios para intervenção com Apraxia
FISH, 2014

 Sequencialização de Fonemas (Sons);

 Prática Repetitiva

 Intensidade do Tratamento

 Seleção das Palavras/Frases-Alvo

 Pistas Multissensoriais e Feedbacks

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção com Apraxia
INTENSIDADE DO TRATAMENTO
- Sessões mais frequentes e mais curtas

CONSIDERAR:
 Gravidade do quadro;
 Idade da criança
 Capacidade de tempo de atenção
 Vigor/motivação da criança
 Metas planejadas (fala e linguagem)
 Necessidade de outros tipos de tratamento: motor global, cognitivo, médico,
emocional/social;

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Seleção dos alvos: por onde começar?
 Qual a idade da criança?
 Palavras de alta frequência.
 Palavras funcionais: “poder da comunicação”
 Estrutura silábica. = C.V.
 Ambiente.
 Motivação.

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Aquisição dos fonemas (Português)

2 anos: M; P; B; T e D
2 anos e 6 meses/3anos: K, G, N, F, V, S, e NH
3 anos/3 anos e meio: Z; R forte ("Carro") L (“Lua, Leite”); “lha” (“paLHAço”) R fraco”
(“aRaRa”);

4 anos: “cha” (“Chave”) “ja” (“Janela”)

Entre 5 e 6 anos: Encontros consonantais (“PRato”; “FLôr”; “CLasse”; “CRavo”, etc)


e consoantes "intercaladas" (por exemplo, poRco; paSta; eScola; amoR).

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Princípios para intervenção com Apraxia
FISH, 2016

 Sequencialização de Fonemas (Sons);

 Prática Repetitiva

 Intensidade do Tratamento

 Seleção das Palavras/Frases-Alvo

 Pistas Multissensoriais e Feedbacks

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção

Tipos primários de pistas:


• Visuais ( o que a criança vê)
• Auditivas (o que a criança ouve) (modelos para imitar)
• Táteis/cinestésicas/proprioceptivas (o que a criança sente)

Ex: REDUZIR velocidade de fala ou “segurar a postura dos articuladores” aumenta consciência dos
movimentos da fala e posicionamento articulatório.

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção
Outras pistas:

• Preencher espaços em branco


• Pistas melódicas: melodia na fala
• Pistas de intensidade: dar ênfase na palavra ou sílaba (falar mais alto o alvo)
• Encadeamento de trás para frente: nana nana nana banana (sílabas)
• Bombardeamento auditivo: ex. falar mais alto a sílaba (3 vezes)
• Usar palavras que já consegue como apoio. Ex.alvo: ovo (repetir o vovô)
• Vozeamento: colocar a mão na região da laringe
• Pistas escritas: criança que já lê, destacar as palavras-alvo em uma leitura.

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Pistas Multissensoriais para o Tratamento de Apraxia de Fala na Infância
(Fish, 2016)

Tátil/Cinestésica/
Pistas Visual Auditiva Proprioceptiva Cognitiva
Variação de Velocidade de fala  

Produção simultânea/coral speaking  

Imitação direta & Imitação atrasada  

Espelho  

Mímica 

Pistas com as mãos  

Sinais manuais  

Escrita  

Bater palmas para sílabas   

Blocos (contar número de sílabas ou palavras  

Metáforas 

Pistas dos pontos articulatórios 

Figuras das bocas 

Figuras (sílabas para formar palavras).  

Dra. Elisabete Giusti



– Direitos Reservados
(PROMPT)
Tátil-cinestésico

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Sugestões de Pistas com as mãos para indicar o Ponto Articulatório
(Fish, 2016)

Fonemas Pistas
P B M COLOQUE O DEDO INDICADOR AO LONGO DA LINHA DOS LÁBIOS

T D N COLOQUE A PONTA DO INDICADOR NO CENTRO DO FILTRO NASAL

K G COLOQUE OS 4 DEDOS SOB O QUEIXO PERTO DO PESCOÇO


F V PONTA DO INDICADOR NO CENTRO DO LÁBIO INFERIOR

S Z MANTER UM SORRISO AMPLO E COLOQUE O DEDO INDICADOR E O POLEGAR NOS


CANTOS DOS LÁBIOS

CH/J/ PROTUIR OS LÁBIOS E COLOCAR O DEDO INDICADOR E O POLEGAR NAS


BOCHECHAS

L COLOQUE O DEDO INDICADOR ABAIXO DO CENTRO DOS DENTES SUPERIORES

R COLOCAR O DEDO POLEGAR E INDICADOR PERTO DA PARTE DE TRÁS DA


GARGANTA

RR COLOCAR A PALMA DA MÃO ABERTA EM FRENTE DA BOCA ABERTA

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Sugestões de Pistas com as mãos para indicar o MODO Articulatório
(Fish, 2016)

Fonemas Pistas

P B ABRIR E FECHAR OS DEDOS AO LADO DO LÁBIO, INDICANDO A PLOSÃO DE AR

M COLOCAR O DEDO INDICADOR NA ASA DO NARIZ ENQUANTO MODELA O M

TD COLOCAR INDICADOR E POLEGAR JUNTOS PERTO DO CENTRO DOS LÁBIOS E


SOLTAR RAPIDAMENTE
F V MORDER O LÁBIO INFERIOR E MOVER O DEDO INDICADOR PARA TRÁS AO LONGO
DA BORDA DO LÁBIO INFERIOR

N COLOCAR O DEDO INDICADOR NA ASA DO NARIZ ENQUANTO MODELA O M

CH/J/ PROTUIR OS LÁBIOS E COLOCAR O DEDO INDICADOR E O POLEGAR NAS


BOCHECHAS, MOVENDO-OS PARA FRENTE

S Z DESLIZAR DEDOS INDICADORES AO LONGO DO LÁBIO SUPERIOR OU INFERIOR


EM TODA SUA EXTENSÃO

KG 4 DEDOS NA REGIÃO DA GARGANTA E MOVE-LOS RAPIDAMENTE ENQUANTO


PRODUZ OS SONS

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APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA:
Princípios para intervenção
 NSOME (Nonspeech Oral Motor Exercises)

Discussões controversas
Sem estudos publicados

Produção intensiva, repetitiva para trabalhar força muscular NÃO é


apropriado para o tratamento de crianças com CAS!!!

Apraxia: dificuldade é planejamento motor e não a tonicidade dos


órgãos fonoarticulatórios!

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Princípios para intervenção com Apraxia
FISH, 2016

 Sequencialização de Fonemas (Sons);

 Prática Repetitiva

 Intensidade do Tratamento

 Seleção das Palavras/Frases-Alvo

 Pistas Multissensoriais e Feedbacks

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