Avaliação da criança sem oralidade
Observação comportamental
(detecta as funções comunicativas
da linguagem):
- Quanto mais natural e contextualizada
for a interação, melhor.
- Avaliar a atividade comunicativa e a
atividade lúdica
Atividade comunicativa:
- Intencionalidade:
O comportamento tem intenção
comunicativa? ( )
Contato ocular e ou físico ( ) Vocalizações não articuladas ( )
associado a gestos de apontar? ( )
Vocalizações?( ) verbalizações?( )
Ex: Quando uma criança dirige-se à
porta e pára diante dela, não há indícios
de intencionalidade no seu
comportamento (por mais que se tenha
certeza que ela quer sair !!)
O “dirigir-se ao outro” é fundamental
para garantir a presença de
intencionalidade na comunicação.
- Funcionalidade:
Instrumental-regulatória ( )- envolvem
atos comunicativos com a função de
obter algo do meio ambiente ou
satisfazer uma necessidade física.
Interação social ( ) - envolvem atos
comunicativos com a função de obter a
atenção do outro (permissão,
cumprimento, obter atenção para si,
exibir-se)
Atenção conjunta ( ) - envolvem atos
comunicativos intencionais com a
função de compartilhar o foco de
atenção com o outro (função
comentário e função informativa)
- Grau de participação em atividade
dialógica?
Comportamento comunicativo
intencional de forma isolada ( ) – a
criança inicia a interação, o outro reage,
mas ela não dá continuidade.
Ou responde à interação mas não se
engaja numa atividade de troca que
envolva vários turnos de ação.
- Meios de comunicação ?
Gestos indicativos ( )
Gestos representativos ( )
Vocalizações articuladas ( )
Idiossincrasias ( ) – associadas entre si
ou a algumas poucas palavras isoladas
Com 18 meses – a criança tem que estar
se comunicando por palavras
propriamente ditas.
-Praxias articulatórias e buco faciais?
Pede para fazer
Joga beijo ( )
Assopra ( )
Franze a testa ( )
Faz cara de choro ( )
Toca os 4 cantos da boca ( )
- Nível de compreensão?
Na conversa natural, qual tipo de
resposta da criança indica que ela
compreendeu o que foi solicitado?
Olha ( ) toca ( ) move-se em direção
( ) pega ( ) da ( )
Na linguagem dirigida? Solicitar pelo
menos 3 vezes, em momentos
diferentes para confiar na resposta
Assinala uma figura que representa
uma frase ou palavra ( )- exige-se
reconhecimento
Escolhe entre duas imagens ( )- exige-
se julgamento
Realiza ações ( )- exige-se reconstrução
Realiza ações numa determinada ordem
temporal ( )
A compreensão é fortemente ligada ao
contexto imediato ( ) ou
A compreensão já é mais independente
do contexto ( )
Não compreende enunciados longos ( )
– dificuldade de compreensão da
linguagem oral
Compreende enunciados curtos ( )
Compreende história ( )
Compreende regras de um jogo ( )
- Postura comunicativa dos pais?
Os pais dominam toda a conversa ( ) –
inicia temas, faz perguntas
Dá chance da criança falar ( )
Sabem aguardar o turno da criança ( )
Sabem trocar turnos numa conversação
( )
Ampliam as possibilidades de respostas
da criança ( ) isso é positivo
Conseguem compreender os esforços
das crianças em se fazer entendidas ( )
ou
Compreendem demais, ao ponto da
criança fazer uso de meios
comunicativos, o mínimo possível( )
Atividade lúdica (capacidade de
representar o mundo através da
fala e do faz de conta):
Quando a criança manipula os objetos é
possível observar:
Ações estão restritas a uma
manipulação sensório-motora ( )
brincar já atingiu algum nível simbólico
( ) – Se sim:
Criança dá funcionalidade aos
brinquedos ( )
Imita ações que ocorrem no seu dia-dia
( )
Coordena seqüências de ações ( )
Quais as ações que predominam na
atividade Infantil?
sensórios-motoras ( )
simbólicas ( )
Forma de manipulação sobre os
brinquedos??
rápida e desinteressada ( )
nível de maior atenção sobre os objetos
( ) - quando a criança experimenta os
brinquedos das mais variadas formas
Observações:__________________
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Retirado de “Avaliação fonoaudiológica
em crianças sem oralidade” – artigo
científico - Simone Rocha de
Vasconcelos Hage, por Fga. Adriana
Belshoff.
Considerações sobre a avaliação: capacidade simbólica em relação ao
uso exclusivo de gestos indicativos,
 A ausência de comportamentos assim como o uso de palavras
comunicativos intencionais são referenciais, mesmo que isoladas e
bastante significativos. Eles esporádicas, em relação ao uso de
sinalizam para alterações de palavras contextuais (uso de
linguagem como parte de palavras ligadas ao contexto
Transtornos Invasivos do imediato).
Desenvolvimento ou Déficits
Intelectuais Severos.
 A constatação da ausência de
 Crianças autistas quando vocalizações articuladas é um dos
apresentam algum nível de indicadores de quadro grave de
intencionalidade, em geral, alteração de linguagem em
dirigem-se ao outro para obter algo crianças: dispraxia verbal
do meio, demonstrando um nível desenvolvimental. Neste quadro as
de funcionalidade primitivo, vocalizações articuladas demoram a
instrumental. aparecer, assim como a própria
linguagem oral (Allen e Rapin,
1988). Quando existe oralidade, a
 Crianças sem oralidade com fonologia e a sintaxe estão
alterações específicas de linguagem sensivelmente prejudicados (Hage e
apresentam um perfil comunicativo Guerreiro, 2001). Assim, a
com intencionalidade e identificação deste tipo de distúrbio
funcionalidade, mas, não é é imprescindível para uma
incomum um engajamento restrito intervenção precoce e direcionada
na atividade comunicativa. Esse às dificuldades da criança. Nestes
engajamento restrito pode ocorrer casos, quando demora-se muito a
por vários motivos: baixo nível de intervir, a linguagem oral não se
atenção; constantes frustrações nas constitui.
ações comunicativas, por não
conseguir expressar seus desejos,
ou ainda; dificuldades de  Mesmo sem oralidade, gestos
compreensão da linguagem oral. articulatórios e movimentos buco-
Dessa forma, tão importante como faciais podem ser observados em
saber se a criança apresenta crianças pequenas, a partir dos 3
comunicação intencional, é saber o anos de idade. A constatação de
grau de engajamento numa dificuldades práxicas articulatórias
atividade de troca e os motivos que e buco-faciais é mais um indicador
levam a esse não engajamento, de dispraxia verbal
pois, muitas vezes, o processo desenvolvimental que pode ser
terapêutico deve se deter neste diagnosticado independente da
aspecto, antes de qualquer outro oralidade.
tipo de trabalho.

 As crianças pequenas apresentam

 Sabe-se que em torno de 18 meses, um razoável nível de compreensão
as crianças, com desenvolvimento da linguagem oral, antes mesmo de
normal da linguagem, vão começarem a falar. Todavia, a
substituindo gestos, vocalizações, compreensão limita-se ao contexto
idiossincrasias por palavras imediato, ou ainda, entende
propriamente ditas. A insistência comentários ou solicitações quando
da criança naqueles meios de são rotineiros e situacionais.
comunicação merece investigação Conforme a criança vai se
por parte do clínico. desenvolvendo, seu entendimento
vai ganhando níveis maiores de
representação. Obviamente, que a
 Gestos representativos, mesmo que compreensão da linguagem oral
não apropriados para a faixa etária, também está ligada ao
quando presentes na comunicação reconhecimento fonológico, ao
infantil, indicam melhor domínio das regras
 morfossintáticas, a identificação
lexical e a capacidade para entender
o propósito do interlocutor. Por
esta série de variáveis é tão difícil
avaliar a compreensão de alguém!
 É importante observar se a
compreensão das crianças está
ainda fortemente ligada ao contexto
imediato, numa idade onde já
esperaria um nível de compreensão
mais independente do contexto.
 A linguagem é uma atividade
 Um outro aspecto a se considerar
na compreensão da linguagem oral
é a extensão dos enunciados. a
compreensão da linguagem oral
também está relacionada com as
habilidades perceptivas auditivas,
mais especificamente com a
memória fonológica de curto prazo.
Crianças com alterações de
linguagem podem ter a memória
fonológica de curto prazo mais
limitada em relação às crianças
normais e isso as faz processar mais
lentamente as informações
lingüísticas que lhes chegam
(Gathercole, 1999). Dificuldades de
compreensão da linguagem oral
podem, então, estar relacionadas
com a dificuldade em processar
enunciados longos e emitidos com
rapidez. Dessa forma, é importante
estar atento ao entendimento das
crianças à instruções que envolvam
enunciados curtos, longos e mesmo
instruções ditas discursivas, como é
o caso da compreensão de estórias e
regras de um jogo.
 O processo de aquisição de
linguagem está de um lado,
condicionado à constituição
anátomo-fisiológica do sistema
nervoso, e de outro, a qualidade das
trocas que ocorrem entre a criança
e o seu meio social. Assim, a
postura comunicativa dos
cuidadores (à princípio, os pais)
tem um papel importante na
aquisição da linguagem oral.
 Quando a causa do atraso do
aparecimento da oralidade tem
origem interacional, não é só os
adultos que tem responsabilidade,
mas a criança também, pois ela,
provavelmente, não está
contribuindo para uma relação de
reciprocidade. Contudo, apesar da
criança ter sua parcela de
responsabilidade nas interações
pouco eficazes, não é a ela que cabe
o papel de modificar as interações,
e sim ao adulto, que, à princípio,
tem mais discernimento e
maturidade para buscar relações
mais eficazes.
comunicativa, com função social,
mas é também uma atividade
representativa, na medida que
permite evocar ações, pessoas,
objetos ausentes. Na criança, as
primeiras manifestações da
capacidade simbólica, inerente ao
ser humano, ocorrem através da
linguagem oral e do brincar
simbólico. Quando a linguagem
oral não aparece, não é incomum as
crianças também apresentarem
atraso na atividade simbólica sobre
o brinquedo. Dessa forma, a
avaliação deve sempre,
independente de ter uma criança
diante de si com oralidade, incluir a
atividade lúdica, considerando a
intrínseca relação entre a
capacidade de representar o mundo
através da fala e do faz de conta.
Aliás, esse tipo de avaliação auxilia
consideravelmente no diagnóstico
diferencial de crianças com Atraso
no Desenvolvimento da Linguagem
daquelas com Atraso de Linguagem
como parte de um déficit mais
global do desenvolvimento.