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RESUMO
1
Este trabalho tem como ponto de partida
Este trabalho é baseado na tese de
doutorado A escuta e o corpo do analista, uma questão que, com certa freqüência, aparece
desenvolvida na PUC-SP, sob orienta- entre as considerações finais de artigos e livros
ção do Prof. Dr. Renato Mezan e com que tratam da clínica psicanalítica. Não é raro que
apoio do CNPq, e defendida em dezem- um autor, ao concluir suas reflexões sobre alguma
bro de 2005. Agradeço à Dra. Leda
Codeço Barone o incentivo para a escrita
categoria clínica, mencione como o contato com
deste artigo. o paciente que a apresenta afeta a escuta do
*
Psicanalista. Membro do Departamen- analista, de que maneira interfere em sua atenção
to de Psicanálise do Instituto Sedes Sa- flutuante e em seus processos associativos, e se
pientiae. Doutora em Psicologia Clínica, refira à ocorrência de sensações e manifestações
PUC-SP.
cas, bem como a elucidação de suas crevem numa lógica prática, cuja vali-
diferenças. dade não resulta do seu valor de verdade
É neste contexto que me parece mas do seu valor de inteligibilidade. O
pertinente e instigante retomar a vertente método psicanalítico tem como objeto “a
indicada por Ferenczi, que tanto insistiu aventura intrapsíquica que se estabelece
na importância de investigar os processos em cada cura” e se adapta a cada situa-
em jogo do lado do analista, para nela ção intersubjetiva do vínculo entre o paci-
inscrever uma reflexão sobre o que se ente e o analista, vínculo que não se
passa com o corpo que ocupa a poltrona. confunde com uma relação interpessoal,
A especificidade da escuta analítica — os pois “diz respeito às induções recíprocas
processos que nela operam e a ruptura de dois aparelhos psíquicos em comuni-
que ela efetua em relação à escuta médi- cação” (Widlocher, 2001/2003, pp. 52-
ca — é a marca de origem da psicanálise, 53). O consenso sobre o valor de um novo
seu selo de garantia, e se o corpo do conhecimento, de um modelo ou de um
analista vem sendo cada vez mais menci- conceito gerado pelo método psicanalíti-
onado como uma superfície de repercus- co não é obtido por meio de replicação
são desta escuta, sujeita hoje à incidência experimental ou pelo teste de sua adequa-
de formas de organização psíquica que se ção a uma situação real, mas pela con-
fazem sentir mais do que se dão a ouvir, frontação das comunicações entre psica-
talvez seja o caso de retirá-lo da penum- nalistas de suas observações clínicas, na
bra e de investigar mais de perto como ele medida em que certos fenômenos podem
se inscreve e toma parte no desenrolar de ser por eles identificados e definidos em
uma análise. termos análogos. Na psicanálise, o julga-
Do ponto de vista metodológico, mento de inteligibilidade ocorre pela con-
coloca-se de início a questão do investiga- frontação de modelos, pelo questiona-
dor que investiga a si mesmo, com a qual mento do que pode faltar em um modelo
a psicanálise convive desde que Freud em relação a outro e pelo constante exa-
começou a analisar seus próprios sonhos me da articulação entre a teoria, a clínica
e deste procedimento inédito fez surgir e a técnica que ele deve possibilitar
uma concepção do aparelho psíquico e (Widlocher, 2001/2003, pp.54-58). Inves-
uma teoria do seu funcionamento. A esta tigar os processos que se passam do lado
questão, Daniel Widlocher responde ob- do analista, inclusive os que o afetam
servando que é preciso reconhecer como corporalmente, poderia contribuir para
diferencial do método psicanalítico uma ampliar a inteligibilidade do próprio funci-
racionalidade que não repousa sobre os onamento do método, tão mais necessária
mesmos princípios que sustentam as ci- quanto mais se defronta o analista com
ências naturais. Os conhecimentos que solicitações que lhe exigem flexibilidade
ela formula não são refutáveis e se ins- em relação às modalidades de trabalho
estar humano, sobre o modo de conceber cessos mais primários de inscrição pulsio-
o dispositivo clínico, a situação psicanalí- nal que permite entrever, já na reflexão
tica e, em particular, a escuta do analista. freudiana, a possibilidade de uma trans-
Como modalidade de recepção do que se formação do modelo do sonho capaz de
passa com o analisando, esta escuta vem revelar outras faces de sua potência heu-
sendo solicitada a se transformar para rística e de lançar alguma luz sobre as
acolher as problemáticas que tomam for- solicitações com as quais os psicanalistas
ma na psicopatologia do nosso tempo. vêm se defrontando cada vez mais em
Frente a novas exigências, seria ainda seus atendimentos. Tanto quanto em seus
possível afirmar e preservar a referência primórdios, a psicanálise se encontra hoje
ao sonho como paradigma da constituição às voltas com a tarefa de construir uma
da situação psicanalítica e dos processos inteligibilidade, como diz Widlocher, para
que caracterizam a escuta do analista e aquilo que a aplicação do seu método
seu funcionamento psíquico, precedendo permite desvelar. A pesquisa, como os
e alimentando suas intervenções na ses- autores mencionados são unânimes em
são? Ao reconhecer o trabalho do corpo afirmar, é inerente à situação analítica,
entre estes processos, seria ainda possí- sendo suas marcas essenciais a especifi-
vel manter a correspondência, sugerida cidade do envolvimento do analista na
por Freud, entre o dispositivo analítico e o situação, a natureza singular do vínculo
espaço em que se produz e se dá a ver o que nela se instala, e o movimento regres-
sonho? sivo que favorece a revelação do funcio-
As respostas, a meu ver, são namento intrapsíquico. Face à multiplici-
afirmativas. A referência ao sonho conti- dade de novas formulações, é mais uma
nua a ancorar qualquer possibilidade de vez na fecundidade dos modelos freudia-
compreensão dos processos que emer- nos, nas suas potencialidades de renova-
gem e se desenrolam na situação analíti- ção e desenvolvimento que se encontram
ca, por mais que esta esteja sujeita, em as coordenadas que permitem navegar
nossos dias, a condições que podem ser em meio à dispersão.
bem diferentes daquelas que permitiram A ampliação do campo e a mudan-
a Freud realizar suas primeiras descober- ça de perspectiva introduzida pela segun-
tas. Tanto André Green como César da tópica tiveram efeitos significativos
Botella se referem à ampliação que a sobre a situação analítica, que passou a
segunda tópica promove quanto ao alcan- ser concebida em estreita relação com as
ce do método psicanalítico, e ambos subli- dinâmicas mais inaugurais e delicadas da
nham o interesse renovado de Freud pelo vida psíquica, ou seja, com as condições
sonho, a partir do enigma do sonho repe- de possibilidade da ligação da pulsão à
titivo da neurose traumática. É justamen- representação. Em correlação com esta
te este movimento em direção aos pro- mudança de ponto de vista, muda também
2
Em A figura na clínica psicanalítica (2001) sustentei a hipótese de que a psicanálise é um método de
construção e interpretação figural, tomando como referência a noção literária de figura, tal como é estudada
pelo romanista Erich Auerbach, e buscando uma aproximação desta noção literária com a figurabilidade
que opera no sonho e na sessão analítica.
po, que o sonho não pensa, não calcula, (ou do Id) um não-consciente que é o
não julga, mas se limita a transformar. corpo vivo, como corpo humano animado,
Para Castoriadis, esta é uma posição em continuidade com a psique. (...) Há uma
ambígua. Como ele assinala, tal transfor- presença do corpo vivo a ele próprio,
inextrincavelmente misturada com o que
mação não é de uma coisa qualquer em
consideramos habitualmente como os
outra coisa qualquer. Portanto, há no “movimentos da alma” propriamente di-
trabalho do sonho alguma forma de julga- tos. E há homogeneidade substantiva, fla-
mento, de pensamento, assim como em grante, evidente e incompreensível entre a
qualquer atividade criativa — seja ela a psique e o soma da pessoa singular (...)É
música, a escrita, ou qualquer outra —, também sob este ângulo que deveríamos
pois nenhuma obra surge somente da considerar a idéia de uma imaginação sen-
pura inspiração. Na mesma medida, a sorial e, mais geralmente, corporal
colocação em imagens em que consiste a (Castoriadis, 1991/1000, p. 273).
consideração pela figurabilidade também
está sujeita a alguma lógica própria, um Uma imaginação corporal, uma fi-
trabalho criador, sem o qual o sonho não gurabilidade que nasce no corpo — em
seria interpretável. A figurabilidade não múltiplas sensações viscerais, cinesté-
é uma operação coadjuvante do so- sicas, táteis, acústicas, visuais — e que,
nho, mas uma de suas condições, e no silêncio da sessão, movimenta o funci-
como questão em aberto é análoga à da onamento psíquico do analista em sua
delegação pela qual se constitui o repre- atividade de construção de uma lingua-
sentante da pulsão. O infigurável se torna gem singular em cada análise. Como
figurável ou figurado de alguma maneira. começar a desvelar um espaço tão íntimo?
No entender de Castoriadis, pelo trabalho
criador e indeterminável da imaginação O ator e o analista:
(Castoriadis, 1991/1999, pp. 264-265). uma aproximação possível
A criação corresponde “à obriga-
ção e ao trabalho permanente da psique Não raro, ao procurar um ponto de
de dar figurabilidade ao que, por si só, partida para abordar uma questão, Freud
não tem figura para a psique” recorria a outros campos da cultura com
(Castoriadis, 1991/1999, pp. 266-267). os quais tentava estabelecer contrapontos,
Avançando em sua proposição de confe- analogias, paralelismos que lhe permitis-
rir à imaginação o papel instituinte do sem construir caminhos de pensamento
humano e do social, Castoriadis indica até chegar ao que seria próprio da psica-
uma direção ainda mais radical: nálise. Muitas vezes a ciência e a literatu-
ra foram parceiras deste trabalho de cons-
Devemos postular, “para trás” do in- trução da teoria. Em algumas oportunida-
consciente freudiano, ou “abaixo” dele des, foi na arte teatral que encontrou os
recursos para refletir sobre certas proble- em termos de uma outra cena.
máticas constitutivas do humano. Perso- As considerações de Mannoni con-
nagens do teatro, Édipo e Hamlet, em tribuem para um exame mais atento da
particular, foram tomados como modelos aproximação entre o teatro, o sonho e a
de conflitos fundamentais da vida psíqui- situação analítica, aproximação mediada
ca. No, entanto, não se encontra na obra pela referência a um espaço, um disposi-
de Freud uma reflexão a respeito do tivo com seus elementos e transforma-
trabalho do ator, da singularidade do seu ções. O sonho, considerado por Freud
lugar, nenhuma tentativa de análise sobre como uma manifestação cifrada cuja in-
os processos que poderiam estar em jogo terpretação desvela o desejo inconscien-
quando o ator constrói e desempenha um te, dá origem inicialmente ao modelo do
papel, no exercício do seu ofício. A natu- aparelho psíquico que toma a forma de
reza do trabalho do ator e o que nele se um instrumento óptico com suas opera-
movimenta a partir do seu encontro com ções e efeitos, e este se estende à própria
o texto que irá pôr em cena são questões sessão analítica. Porém, nesta concep-
que não parecem tê-lo instigado, ao con- ção, apresentada no capítulo VII da In-
trário do que ocorreu em relação ao es- terpretação dos sonhos, o analista figu-
pectador e ao autor — o escritor criativo, ra como intérprete ou decifrador de um
o poeta —, sobre os quais algumas hipó- texto enigmático, um tradutor. Acompa-
teses foram elaboradas. nhando as primeiras descobertas de Freud,
Os recursos do teatro como arte, num artigo em que examina o parentesco
seus meios de expressão, embora não entre o sonho e a transferência, Mannoni
investigados diretamente, estão presen- nos lembra que, em uma primeira fase, à
tes no pensamento de Freud, que deles se época dos Estudos sobre a histeria, a
apropria — como faz com elementos de transferência foi entendida unicamente
outros campos, a física, a geologia — por meio do deslocamento e da repetição,
para tecer comparações, construindo como um obstáculo à recordação e ao
metáforas e adotando os termos que lhe trabalho da análise. O deslocamento,
parecem próprios para expressar seu mecanismo essencial na compreensão do
pensamento e dar materialidade à teoria. sonho, é o elemento comum aos dois
Nos escritos de Freud, como observa fenômenos, e “a transferência (sobre o
Octave Mannoni, “pode-se dizer que, com analista) na cura ainda é apenas um caso
muita freqüência, a vida psíquica é toda particular da transferência do desejo in-
ela comparada a um teatro com seu palco, consciente sobre uma outra representa-
seus bastidores e seus personagens” ção suscetível de se substituir a algum outro
(Mannoni, 1988/1992, p. 8). O exemplo objeto” (Mannoni, 1969/1973, p. 160).
mais imediato desta aproximação é, sem É com a análise de Dora, iniciada
dúvida, a conhecida descrição do sonho algum tempo depois da redação de A
interpretação dos sonhos, que se impõe ras, não cessou de se defrontar com o
a Freud uma ampliação da compreensão alcance desta implicação que ultrapassa
da transferência e da sua relação com o em muito a concepção relativamente res-
sonho. O que se torna necessário admitir trita na qual Freud pensava, de início,
é que a transferência traz para o terreno poder manter a prática analítica. Neste
do jogo da análise, ou seja, para a cena sentido, J.-B.Pontalis observa que, a par
analítica, o que está representado e enco- da extensão que acabou tomando a noção
berto na cena do sonho: “Em todo caso”, de contratransferência, da qual Freud
comenta Mannoni, “nada seria compre- pouco se ocupou, merece atenção a ma-
ensível se não fosse preciso admitir que neira como os analistas se referem hoje
Dora chega com um roteiro já constituído; ao que sentem no atendimento de seus
os papéis já estão escritos e prontos para casos difíceis, com expressões como “pa-
ser distribuídos, o cenário instalado, com ralisado’’, “petrificado”, “bombardeado”,
a porta por onde, se nada mudar, ela “indefeso”, para nomear sensações de
sairá” (Mannoni, 1969/1973, p. 162). O impotência e de falta de recursos experi-
equívoco de Freud foi não ter reconheci- mentadas no próprio corpo. E esclarece:
do o papel que lhe havia sido designado. O
acting out de Dora lhe ensinou que, além Ocorre que, na dupla função que o
do deslocamento entre representações, constitui como analista — intérprete e
há na análise um espaço para a ação no objeto-suporte da transferência — a se-
qual a transferência se manifesta como gunda vem ocupar todo o espaço, mas
mudando radicalmente de sentido: o ana-
um script, e isso finalmente o leva, subli-
lista já não é exatamente um simples supor-
nha Mannoni, “a tratar a cena do sonho, o te, que permaneceria diferenciado de quem
teatro do acting out e o ‘terreno do jogo’ ele é em sua realidade, mas é efetivamente
da transferência como projeções do mes- visado. Os efeitos são sentidos nele, ge-
mo espaço” (Mannoni, 1969/1973, p. 163). ralmente após certo tempo, física e mental-
Já não basta que o analista se considere mente, estando este “e” a mais, pois ele se
como um intérprete dos deslocamentos, sente tão paralisado nos movimentos do
um decifrador de enigmas. O percurso da seu corpo quanto em seu “movimento”
noção de transferência indica-lhe uma associativo (Pontalis, 1974/1977, p. 211).
outra posição, na qual ele está implicado
no próprio desenrolar do roteiro que se Estar em cena como analista é
atualiza na cena analítica, e na qual se põe viver, com freqüência, situações nas quais
em jogo o reconhecimento ou não de um é intensa a pressão para deixar de sê-lo.
papel, o que pode decidir, como Freud É expor-se aos efeitos da transferência
aprendeu, os rumos de uma análise. ou de além dela, vindos dos limites do
De Dora até nossos dias, a clínica, analisável. Questões que colocam em
na medida em que ampliou suas frontei- jogo o exercício do ofício e cuja investiga-
ção talvez tenha a ganhar com o recurso para se movimentar em cena, continuou a
àquele elemento do teatro em que Freud dirigir, ensinar e escrever até sua morte,
não se deteve: o trabalho do ator. Entre as em 1938. Seu primeiro livro, A prepara-
duas situações, a do teatro e a da análise, ção do ator, foi publicado em 1936, nos
qualquer aproximação tem necessaria- Estados Unidos, antes de ser editado na
mente um limite, pois não se trata para o própria Rússia. Foi, portanto, contempo-
analista de atuar, pelo menos não no râneo de Freud, e estas poucas indica-
sentido de personificar física e intencio- ções sobre sua vida, bem como a natureza
nalmente um papel, passando à ação. e a importância da sua obra, ajudam a
Mas há também uma tensão, pois ele o lançar alguma luz sobre a ausência de
recebe, até mais de um em cada análise, uma reflexão sobre o ator nas referências
e isso o afeta, exige um trabalho de freudianas ao teatro. Antes de Stanislavski,
elaboração, talvez como cada novo per- o teatro tradicional, a não ser por raros
sonagem solicite do ator um preparo e atores mais intuitivos, caracterizava-se
uma construção antes de entrar em cena. pela adaptação de recursos de oratória,
Os destinos desta elaboração são dife- por uma técnica que hoje seria classifica-
rentes para um e outro. Contudo, até da como convencional, declamatória e
certo ponto do caminho, talvez suas expe- artificial. Foi a partir da ruptura por ele
riências sejam semelhantes. O ator em- proposta que se tornou possível ao ator o
presta aos personagens suas emoções, e uso de sua emoção e uma elaboração
com elas seu corpo. Talvez, no que ele criativa na composição da personagem.
tem a dizer sobre sua prática e seu méto- Stanislavski nunca pretendeu esta-
do, seja possível encontrar indicações belecer teorias, pois considerava sua arte
que, tanto por afinidades quanto por con- uma busca sempre ativa de novas formas,
trastes, contribuam para construir uma para a qual é necessária uma formação
compreensão da presença do corpo do ampla do ator nos planos intelectual, espi-
analista em sua escuta. ritual, físico e emocional. Receoso de que
Uma referência fundamental para seu pensamento fosse tomado como um
qualquer tentativa de aproximação ao conjunto de regras, hesitou durante muito
trabalho do ator, tal como o conhecemos tempo em dar-lhe forma escrita. Em sua
hoje, é a obra de Constantin Stanislavski. obra mais importante, o mestre russo
O grande mestre do teatro fundou, junta- transmite sua experiência e dá a conhe-
mente com Vladimir Danchenco, em 1897, cer um método que permite ao ator mo-
o Teatro de Arte de Moscou, companhia derno livrar-se de artificialismos e cons-
à qual dedicou toda a sua carreira, tendo truir as características do seu persona-
sido seu diretor por quarenta anos. Atuou gem com independência e naturalidade.
no palco até 1928, quando adoeceu gra- A imaginação, juntamente com o que
vemente. Recuperado, mas incapacitado Stanislavski designa como estado interi-
3
Esta carta não se encontra nas Obras Completas de Freud. Noemi Moritz Kon, em seu livro, Freud e
seu duplo (S. Paulo: EDUSP/FAPESP, 1996, pp.128-129) , emprega a versão transcrita por Jones em A
vida e a obra de Sigmund Freud (Rio de Janeiro: Imago, 1989, vol. 3, pp.430-431), e relaciona outras obras
em que esta carta é citada parcial ou integralmente.
SUMMARY
This work deals with the presence of sensations and other bodily manifestations
among the effects that listening produces in the analyst, following his associative
processes and somehow related to what happens during the session. This effect shows
up specially in those cases in which the difficulty to represent is at stake, but it may also
happen in any analysis, in critical moments. To investigate these effects, an approach
is suggested with the actor’s work, whose body is the main instrument. Constantin
Stanislavski’s method provides the actor a way to built physical and psychological traits
of a character as naturally as possible and is employed in a dialogue with Freud’s advices
about psychoanalytical practice so as to elucidate the presence of the analyst’s body
in the session.
RESUMEN