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ARQUITETURA PSICANÁLISE
I – Qualificação do problema 6
Novas categorias de análise para os SRTs 6
Habitando as moradias 8
Moradia, habitação e inserção social 11
Morando de outras maneiras 12
II – Pressupostos da pesquisa 15
III – Objetivos 16
IV – Metodologia 17
Abordagem interdisciplinar de um objeto complexo 17
Pesquisa avaliativa qualitativa 19
Estudo de caso 20
Formação da informação 22
Produção do conhecimento e
participação: a formação de comitês 25
Análise dos resultados e construção
de síntese complementar 26
V – Contribuições científicas ou
tecnológicas da proposta 28
VI – Resultados esperados
e contribuição da proposta 29
VII – Cronograma 30
XI – Aspectos Éticos 41
Anexo I 47
I – Qualificação do problema
.6
modo de operar e financiamento. A partir daí, as pensões protegidas,
lares abrigados, vilas terapêuticas, moradias extra-hospitalares e núcleos
de convívio – como até então eram chamadas as diversas experiências de
casas destinadas aos egressos de longa internação (SUIYAMA, ROLIN
& COLVERO, 2007) – passam a ser chamadas de Serviços Residenciais
Terapêuticos. Tal nomenclatura foi questionada à época, sobretudo no
que concerne aos termos ‘serviços’ e ‘terapêuticos’, que foram inseridos
justamente para justificar e viabilizar sua inserção no SUS.
Notemos aí que, ao menos em tese, considera-se a possibilidade de
que tais moradias pudessem ser abrigadas em outros setores, como o de
promoção e assistência social. Contudo, a assistência social no Brasil dos
anos 1990 deparava-se com a grande tarefa de superar o clientelismo,
paternalismo e filantropia que lhe eram quase inerentes (LIMA, 2003). A
impossibilidade do setor de assistência social de abrigar a iniciativa dos
SRTs foi propulsora, no interior da Reforma Psiquiátrica, da ampliação
de seu campo. Assumindo aspectos relativos à moradia dos egressos, em
seus mais diversos componentes, a área da saúde mental avança e amplia
em seu aspecto interdisciplinar e intersetorial.
A regulamentação das residências para portadores de transtorno
mental grave em nosso sistema público de saúde representou importan-
te conquista na medida em que viabilizou a expansão de uma iniciativa
até então muito restrita, em termos de número e de estados da federa-
ção nos quais se fazia presente. Atualmente, a despeito de problemas
que atravancam sua expansão (FURTADO, 2006), existem aproxima-
damente 500 módulos residenciais nos quais habitam um total de 2.500
ex-moradores de hospitais psiquiátricos em 18 estados da federação
(BRASIL, 2007).
No entanto, convivem nesses espaços muito mais do que egressos de
longas internações. Encontramos ali a coexistência entre a normatização,
oriunda do três níveis de gestão do SUS e dos conselhos profissionais,
dentre outros, e um projeto de “casa”, de espaço privativo, portanto
avesso a regramentos provenientes do Estado e outras instâncias. Coa-
bitam nessas moradas diretrizes gerais estabelecidas nacionalmente com
.7
nuanças regionais, acrescidas da diversidade que permeiam as relações
sócio-culturais entre os diferentes atores envolvidos.
Tais contradições não necessariamente inviabilizam esses serviços e
nem são totalmente superáveis, constituindo mesmo a própria essência
desses equipamentos. A assunção dessa premissa – de que são contradi-
ções inerentes aos chamados SRTs – pode nos permitir avançar, evitan-
do-se o maniqueísmo e a restrição da análise à identificação (ou não) de
características manicomiais ou “institucionais” nesses equipamentos que
vêm predominando no debate (CADERNOS IPUB, 2006).
Dessa forma, faz-se necessário estudos que permitam conhecer em
mais profundidade os vários aspectos envolvidos e constituintes dos SRTs
e a maneira como esses componentes interagem entre si, determinando a
conformação final e distinta que tais equipamentos assumem para cada
um de seus moradores e para a sociedade em geral. A consideração dos
elementos físicos, sócio-culturais, políticos e subjetivos que definem as
características intrínsecas – e ainda pouco exploradas – dessas residências
assume especial relevância nesse projeto, na medida em que permite gerar
novas categorias para a análise, compreensão e avaliação das mesmas.
• Habitando as moradias
.8
TRAINOR (2004; et al, 1993), SYLVESTRE et al (2004); MORIN et al
(2001). Para sintetizar a evolução das concepções e práticas quebequen-
ses sobre as moradias aqui enfocadas, apoiaremos-nos em análise feita
por MERCIER(2004), com base em documentos ministeriais das última
quatro décadas sobre o assunto, na província de Quebec.
Segundo MERCIER (2004), os anos 1960 se caracterizaram
pela tensão entre a necessidade de inserção dos egressos na comu-
nidade e a refratariedade dessa mesma comunidade em receber os
ex-internos. Pequenos pavilhões e as chamadas “famílias de aco-
lhimento” (constituídas basicamente por casais que se dispunham
a receber até nove egressos, sendo remunerados pelo Estado por
isso) constituíram-se nas principais estratégias de desinstituciona-
lização utilizadas. Freqüentemente os responsáveis pelos pequenos
pavilhões e famílias de acolhimento adotavam as mesmas rotinas
grupais e pré-estabelecidas das instituições de origem no que con-
cerne à higiene, alimentação e atividades, levando ao aumento da
itinerância entre os usuários, que rejeitavam essas estruturas. Para
a autora (MERCIER, 2004) “Nesse período, a sociedade parece
definir o papel desses alojamentos primordialmente como de pro-
teção e não como de inserção” (p.19).
Nos anos 1970, visando desenvolver habilidades e autonomia, a
reabilitação torna-se a principal estratégia de reinserção. Um leque de
opções com acompanhamento mais ou menos estruturado é oferecido a
pessoas portando diferentes graus de capacidades e autonomia, a saber:
pequenos pavilhões, família de acolhimento, casa de transição, aparta-
mentos supervisionados, apartamentos satélites e, finalmente, alojamen-
tos autônomos. A idéia central é oferecer meios de vida o menos restri-
tivo possível, levando em conta e desenvolvendo as potencialidades de
cada um (MERCIER, 2004).
Os anos 1980 e 1990 são caracterizados pela entrada em cena da as-
sociação dos organismos comunitários de saúde mental, chamados de re-
cursos alternativos, composta por serviços não-governamentais (ONGs)
e conduzidas em boa parte por usuários. Estabelece-se aí forte oposição
.9
entre a rede pública, que oferece uma gama de serviços residenciais lis-
tados no parágrafo anterior, e uma rede comunitária que defende que se
privilegie a escolha dos usuários e o acesso destes ao mercado imobiliário
formal ou subvencionado (MERCIER, 2004). O modelo alternativo de
“casas normais com suporte modulado” – ou seja, uma residência cuja
constituição receberia interferência mínima dos serviços e o morador
contaria com suporte variável e flexível do setor saúde – surge em respos-
ta às críticas ao modelo tradicional, que não responderia às necessidades
e preferências dos usuários (PIAT et al., 2008).
Finalmente, e conseqüente ao debate abordado no último parágrafo,
temos, a partir dos anos 2000, um movimento para o acesso à moradia
como direito fundamental para cada cidadão. Documentos oficiais do
Ministério da Saúde passam a espelhar esse movimento ao apontar a ne-
cessidade de convergência do acompanhamento e suporte de intensidade
variável, no plano individual, com ações intersetoriais visando o acesso a
moradias comuns, no plano estrutural. Ou seja, ganha plano operacional
e de disputa política a idéia de que se os determinantes sociais de saúde
conduzidos fora do campo da saúde (trabalho, renda, moradia, educação
etc.), mas com apoio desta, são decisivos para a real inserção dos porta-
dores de distúrbios mentais (DORVIL, 2004).
No que concerne ao Brasil, percebe-se a coexistência, na atualidade,
de experiências locais mais voltadas à proteção e outras que privilegiam
a reabilitação, sendo que a posse ou ao menos a garantia da casa como
direito ainda está longe de se tornar uma questão para os moradores de
SRTs (CADERNOS IPUB, 2006). Nesse aspecto, tivemos exemplo em-
blemático no início dos anos 1990, quando da inserção de alguns dos
antigos moradores do Hospital Estadual Santa Tereza (Ribeirão Preto,
SP) em casas construídas pela COHAB, órgão do sistema paulista de
habitação (GUIMARÃES & SAEKI, 2001).
Em que pese adaptações locais e institucionais, a portaria 106 repre-
senta forte elemento indutor do perfil técnico, administrativo e assistencial
desses dispositivos. Sobretudo se considerarmos as dimensões continen-
tais de nosso país e a grande inserção, nos serviços originários da reforma
.10
psiquiátrica, de novos trabalhadores carentes de parâmetros que venham
pautar as suas práticas (FURTADO & ONOCKO CAMPOS, 2005).
No entanto, as relações instituídas entre o espaço produzido para
o morar e a habitação constituída por seus habitantes não é linear ou
totalmente controlada ou previsível. Por essa razão, compreender as in-
fluências do suporte e dos elementos estruturais dos SRTs na inserção
social de seus moradores e como estes últimos constituem sua habitação
(habitus) a partir desses elementos, em um contexto que tende a unificar
os tipos de moradias, é um dos propósitos desse estudo.
Habitus surge então como um conceito capaz de conciliar a oposição aparente entre
realidade exterior e as realidades individuais. Capaz de expressar o diálogo, a troca
constante e recíproca entre o mundo objetivo e o mundo subjetivo das individuali-
dades. (SETTON, 2002, p.62)
.11
Por essa razão escolhemos o termo “habitação” – com certa liber-
dade etimológica – para definir o campo onde um habitus entra em jogo,
onde uma experiência do morar se articula numa “matriz de percepções,
de apreciações e de ações”. Denominamos “moradia” (termo comumen-
te atribuído aos Serviços Residenciais Terapêuticos) o campo onde se
formula e interage o sujeito na articulação do habitus. Os dois termos
permitem distinguir dois estados do mesmo lugar em dois tempos: a mo-
radia é o campo determinado para a habitação anterior à experiência
do sujeito; a habitação é a constituição do habitus no decorrer de uma
experiência.
A noção de habitus encontra-se, portanto, estreitamente vinculada
às práticas de reprodução social, sendo fundamental à organização das
pessoas e dos grupos sociais no espaço de moradia, ou seja, na casa, que
“tem historicamente permitido uma variedade de imagens e significados,
seja ela entendida como uma construção específica que serve de abrigo,
seja como uma imagem de um espaço simbólico de pertencimento social,
de intimidade e segurança.” (HIGUCHI, 2003, p. 50)
Nessa configuração da habitação como lócus da ação simbólica
constitui-se a idéia de inserção social, ou de “integração social”, segundo
BOURDIEU (2000), na medida em que para simbolizar ou atribuir sig-
nificados às coisas torna-se fundamental a comunicação, a relação com
outros e o consenso sobre o sentido do mundo social.
Essa experiência constituída e constituinte dos significados atribuí-
dos à moradia será nomeada “habitar”, num processo dinâmico e com-
plexo, às vezes tenso, da possibilidade de inserção social.
As moradias, por mais diversas que possam ser entre si, constituem
elemento fundamental no processo de reabilitação psicossocial de por-
tadores de sofrimento mental grave. Para SARACENO (1999) os eixos
sobre os quais se apóia o aumento da capacidade contratual dos pacien-
.12
tes psiquiátricos são a morada, que se ocupa da casa e da apropriação
da habitação do espaço vital; a rede social, onde se dão de fato as trocas
sociais vivas; e o trabalho, entendido como processo de articulação do
campo dos interesses, das necessidades e dos desejos.
Na presente proposta, além dos moradores de SRTs nos interessa
também os modos como portadores de sofrimento mental grave não in-
seridos nesses equipamentos instauram e sustentam suas moradias na co-
munidade, tornando-as suas habitações. Atualmente, cerca de 400 mil
usuários são atendidos pelos 1.200 Caps existentes no Brasil (BRASIL,
2007). Estima-se que 30% destes possam ser considerados graves, o que
equivale a aproximadamente 120 mil indivíduos, se tomarmos como base
extenso trabalho realizado nos três estados do Sul do país por KANTOR-
SKI (2008) cujas formas como equacionam sua necessidade de moradia
e habitação carecem de mais conhecimento, uma vez que não têm aces-
so aos SRTs e a função de abrigo tradicionalmente desempenhada pelos
hospitais psiquiátricos vem sendo restringida.
Parte desses usuários permanecem sob cuidados dos familiares, con-
forme vimos em outra ocasião (DONAÇÃO & FURTADO, 2006), ori-
ginando questões de convívio, qualidade de vida e sobrecarga financeira
entre o núcleo familiar (PEGORARO & CALDANA, 2006; SPADINI &
SOUZA, 2004; GONÇALVES & SENA, 2001). No entanto, consideran-
do nosso foco sobre as relações entre habitação e inserção social expli-
citado nesse projeto, julgamos de especial interesse a inserção social de
portadores de sofrimento mental grave que por alguma razão não mais
residem com membros de seu núcleo familiar original, enfrentando um
conjunto de questões inerentes ao estabelecimento de um espaço de mo-
radia no meio comunitário e de problemas relacionados à sua inserção
numa determinada comunidade.
A aproximação de alguns casos dessa natureza contribuiria para a
compreensão de como essa clientela – cuja magnitude e crescente amplia-
ção são evidentes – vêm equacionando suas necessidades de moradia e
de como esta última influencia seu processo de inserção social. É possível
esperar que os usuários de Caps, por meio de sua experiência concreta,
.13
tenham constituído contribuições criativas ao debate da política pública
de saúde mental voltada para essa categoria no que tange às moradias.
Por fim, a consideração em conjunto tanto das perspectivas dos mo-
radores de SRTs quanto dos usuários de Caps (considerados graves e que
constituíram formas distintas de moradias que não aquela com a famí-
lia), possibilitará a construção de um painel e avaliação mais preciso dos
modos de habitar dos portadores de sofrimento mental grave no Brasil,
oferecendo subsídios para a qualificação do modelo de assistência em
saúde mental vigente.
.14
II – Pressupostos da pesquisa
.15
III – Objetivos
2. Específicos:
.16
IV – Metodologia
.17
Antropologia
Arquitetura S. Coletiva
Psicanálise
Comitês de
Roteiro I Pesquisa
I Seminário
Roteiro II
Informações
Análise
II Seminário
Reconstrução do Objeto
.18
maneira interdisciplinar, estabelecendo novas combinações de elementos
internos e o estabelecimento de uma linguagem comum (ainda que consi-
derando as diferenças); elaborar um roteiro de campo que atenda a todos
os interesses;realizar análises em separado segundo categorias pertinentes
a cada um dos quatro campos do conhecimento; domínio dos conteúdos
básicos das outras áreas por todos os investigadores (FURTADO, 2007;
VASCONCELOS, 2004; TURATO, 2003; MORIN, 1996) e finalmente
uma síntese ou reconstrução do objeto, conforme realizamos em outra
pesquisa avaliativa (ONOCKO CAMPOS & FURTADO, 2008). Um de-
lineamento geral da metodologia pode ser visto na figura 1.
.19
percepções do sujeitos envolvidos em uma dada iniciativa e a considera-
ção das relações e das representações como parte fundamental dos êxito e
limites das ações (MINAYO, 2005) possibilitando “Compreender o que
contribui para o êxito dos programas, projetos e serviços; o que possibi-
lita o seu alcance e o que questiona os seus limites.” ( p. 20).
No caso desta pesquisa, pretendemos avaliar as repercussões das di-
ferentes formas de moradias e dos modos de habitar na inserção dos por-
tadores de sofrimento mental grave, a partir da superação da centralidade
do hospital psiquiátrico e do direcionamento da atenção em saúde mental
para o espaço comunitário. Os critérios a serem utilizados para balizar
nossas análises serão ligados aos elementos estruturais, de suporte (indivi-
dual ou coletivo) e ao processo de inserção social propriamente dito.
Quanto à opção pelo referencial qualitativo, sabemos que a opção
pela vertente “quali” ou “quanti” provém de concepções e posiciona-
mentos ontológicos e epistemológicos dos investigadores, ambos deter-
minando as opções metodológicas (KUHN, 1988). Em nosso caso, so-
mos pesquisadores detentores de uma perspectiva ontológica relativista,
que considera a existência de múltiplas e socialmente construídas reali-
dades, não governadas por leis naturais. Para nós, a “verdade” é definida
a partir de construções individuais e também coletivas. A epistemologia,
nesta perspectiva, é subjetivista, o que implica considerar a interação e
reconstrução mútua entre objeto, investigador e realidade, numa negocia-
ção permanente de significados, conforme discutido por alguns autores
(DEZIN & LINCOLON, 2006; BOSI & MERCADO, 2006; TURATO,
2003; GUBA & LINCOLN, 1989; GEERTZ, 1989; MARTIN ET AL,
2006; CARDOSO DE OLIVEIRA, 1995).
• Estudo de caso
.20
mente evidentes e cuja aproximação requer a utilização de múltiplas fontes
(YIN,1994). Sabemos que o estudo de um caso, ou de casos, não se presta
à direta generalização dos resultados, sendo sua maior contribuição a ex-
ploração de situações e tendências do que emerge dos casos escolhidos – e
suas contribuições frente a um modelo de compreensão (ROY, 2004).
Nosso conjunto de casos será constituído por um total de vinte e
quatro portadores de sofrimento mental grave, residentes em Santo An-
dré (SP), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO), sendo respectivamente
oito em cada um dos três municípios. Dentre esses oito, quatro serão
moradores de dois SRTs diferentes e quatro usuários de um mesmo Caps
(vide quadro abaixo).
.21
A escolha pelos municípios citados deve-se à heterogeneidade re-
gional e diversidade na constituição da rede municipal de saúde mental
de cada um deles guardando, no entanto, a similaridade de integrarem
pólos regionais e metropolitanos importantes em suas respectivas áreas.
Tais cidades caracterizam-se por possuírem uma rede municipal de saúde
mental que atravessou mais de um governo municipal, contando com
SRTs e Caps e com significativa redução de leitos psiquiátricos e/ou su-
peração de modelos centrados no hospital psiquiátrico na região na qual
estão inseridos. Além disso, representam universos políticos, econômicos
e sociais distintos entre si.
• Formação da informação
O trabalho de campo será desenvolvido no início e intensivamente
por dois dos integrantes da equipe de pesquisadores desse projeto em
cada município. Durante uma semana, esses pesquisadores permanece-
rão por tempo completo acompanhando os usuários de SRTs, Caps e
trabalhadores da rede de saúde mental local. A partir daí, o acompanha-
mento será feito, durante quatro meses, pelos dois bolsistas de iniciação
científica em cada município e pelo pessoal de apoio técnico de campo
(entrevistadores, coordenador de campo, etc.), que darão continuidade
às observações e farão as entrevistas em profundidade, além de apoiarem
a realização dos grupos focais.
Considerando os pressupostos e objetivos estabelecidos, nossa pes-
quisa se concentrará em cinco vertentes cuja diversidade de atores e fontes
constituirá uma triangulação de métodos (DEZIN & LINCOLN, 2006;
MINAYO, 2006), a saber:
1. Levantamento da composição e estruturação da rede de saúde
mental de cada um dos municípios;
2. Identificação da rede de equipamentos sociais e culturais exis-
tentes no território;
3. Estudo dos moradores de SRTs: como se apropriam e intera-
gem com o espaço físico, urbano e social;
.22
4. Estudo dos usuários de Caps: como equacionam suas moradias
longe da família e na comunidade;
5. Estudo do suporte oferecido: como a rede de saúde mental en-
tra nessa relação habitação-inserção social; perspectivas dos
trabalhadores.
O levantamento sobre a rede (1) se fará por meio de entrevistas
com informantes-chave (gestores e trabalhadores da saúde) e análise do-
cumental (dados das Secretarias Municipais de Saúde). A partir desse
trabalho, pretendemos realizar um mapeamento detalhado dos compo-
nentes da rede de atenção à saúde estabelecida no município e a inserção
do Caps e dos SRTs nesse contexto, incluindo o custo de cada um desses
equipamentos por usuário ou morador. Além disso, detalharemos o fluxo
assistencial, instâncias de deliberação da rede de saúde mental e o modelo
técno-assistencial que organiza essa mesma rede. O conjunto dessas in-
formações irá compor o cenário do qual destacaremos o nosso objeto.
A identificação da rede de equipamentos sociais e culturais existen-
tes no território (2) se fará por meio de entrevistas com informantes-cha-
ve (usuários, gestores, trabalhadores da saúde, líderes da comunidade) e
análise documental (dados das Prefeituras Municipais). Essas informa-
ções são consideradas fundamentais para a análise da inserção social dos
pacientes na comunidade, de acordo com a sua possibilidade de acesso
aos diferentes equipamentos sociais e culturais.
O estudo dos moradores de SRTs e de usuários dos Caps sem acesso
aos SRTs (3 e 4) se fará por meio de observação participante (dos SRTs
e de outros locais de moradia) e entrevistas em profundidade (com pa-
cientes ou pessoas residentes no mesmo local de moradia). Para a análise
dos aspectos subjetivos e dos significados das experiências de habitar,
bem como das relações entre os diferentes atores sociais envolvidos no
processo, utilizaremos o método etnográfico.
O método etnográfico pressupõe a capacidade do pesquisador de
realizar uma “descrição densa” (GEERTZ, 1989), no sentido de que
os dados não são apenas apreendidos, mas devem ser interpretados,
para que os vários significados atribuídos a experiências concretas pos-
.23
sam ser revelados (MALINOWSKI, 1986). É preciso ressaltar que essa
busca dos significados da experiência humana não se refere apenas ao
“objeto” de pesquisa, mas envolve, também, o pesquisador, numa re-
lação entre diferentes subjetividades, na medida em que “para a antro-
pologia, que é uma conversa do homem com o homem, tudo é símbolo
e signo que se coloca como intermediários entre dois sujeitos.” (LÉVI-
STRAUSS, 1993, p. 19).
Apreender essa “hierarquia estratificada de estruturas significantes”
(GEERTZ, 1989) é uma tarefa bastante complexa e para realizá-la é
necessário combinar diferentes técnicas, em especial a observação par-
ticipante e entrevistas em profundidade, mais comumente utilizadas em
estudos etnográficos. A escolha dessas técnicas não ocorre sem que sejam
observadas três faculdades a ela complementares: “olhar, ouvir e escre-
ver”, consideradas essenciais ao processo de apreensão dos fenômenos
sociais (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1998) e bastante adequadas para
alcançar os objetivos desse projeto.
Na observação-participante dos SRTs e de outras moradias não
institucionais serão destacados o levantamento físico-espacial e tem-
poral, as relações sociais entre moradores e trabalhadores da saúde e
entre moradores e outras pessoas da comunidade local, a dinâmica do
serviço, o dia a dia dos moradores, a adequação da proposta terapêuti-
ca à experiência dos moradores, a utilização da rede de serviços local,
dentre outras. As entrevistas em profundidade terão roteiro semi-estru-
turado e serão gravadas, visando apreender os diferentes significados
da experiência de habitar, a dinâmica das relações sociais, as percepções
simbólicas do espaço e a relação ou implicações das formas de trata-
mento nas experiências de moradia.
O suporte oferecido (5) será abordado na perspectiva dos usuários
por meio das entrevistas em profundidade e observação participante.
No que tange aos trabalhadores, o suporte e outras perspectivas sobre
o objeto em avaliação será considerado por meio de grupos focais ou
grupos de discussão (WIGGINS, 2004; MORGAN, 1997; WESTPHAL
et al, 1996). Serão realizados dois grupos focais com trabalhadores da
.24
rede de saúde mental e da atenção básica. Os encontros serão transcri-
tos, analisados e o produto do primeiro encontro será apresentado no
encontro seguinte para validação e aprofundamento de (novas) ques-
tões (FURTADO & ONOCKO CAMPOS, 2008).
.25
interesse, além de favorecer a utilização dos resultados finais, confor-
me pudemos experienciar em outro estudo (FURTADO & ONOCKO
CAMPOS, 2008).
Os dois seminários internacionais previstos têm como função pro-
mover um debate público em torno do projeto com diversos atores: aca-
dêmicos, usuários, trabalhadores e gestores. O primeiro seminário, pre-
visto para o mês cinco da pesquisa, terá como intuito qualificar o projeto
antes da realização dos trabalhos de campo. Nesse momento, constituída
a equipe e feito contatos com os atores (e identificados os primeiros desa-
fios) realizaremos reflexões em torno das principais questões, de maneira
pública, por meio do primeiro seminário. Um segundo e último seminário
internacional será feito no mês dezenove da pesquisa, visando apresentar
os resultados preliminares e dar formato final ao estudo.
.26
Áreas Categorias Referenciais
Antropologia - significado - Método interpretativo
- inserção social e cultural (GEERTZ, 1989; CAR-
- experiências de habitação DOSO DE OLIVEIRA,
- relações sociais 1998)
- pessoa - Significado (BOUR-
DIEU, 1983, 2000)
- Pessoa (DUARTE,
2003; DUARTE &
LEAL, 2001)
Arquitetura - tipologias espaciais - Arquiteturologia
- relações moradia-habitação (BOUDON, 1985)
- formulação do habitar - Hábitus e apropriação
- instrumentos para avaliação do habitus (BOURDIEU,1985 e
- produção social do espaço KASPER, 2006)
- Subjetividade do habi-
tar (BRANDÃO, 2002)
- Interfaces (BALTA-
ZAR DOS SANTOS &
KAPP, 2007, e website
do MOM)
- Produção do espaço
(LEFEBVRE, 2000)
Psicanálise - Posição na Linguagem (simbólico) Clínica da psicose
- Laço com o Outro (FREUD, 1912[1911]
- Transferência e rede Psicanálise Aplicada
- Savoir-y-faire com o sintoma (LACAN, 2003)
Psicanálise e Institui-
ção (ZENONI, 2000,
VIGANÓ, 1997; DI
CIACCIA, 2003
.27
V – Contribuições científicas
ou tecnológicas da proposta
.28
VI – Resultados esperados
e contribuição da proposta
.29
VII – Cronograma
.30
Atividades para reali-
Etapas zação das etapas (nos 3 Período de execução (meses)
municípios estudados)
Nº. Descrição 1/2 3/4 5/6 7/8 9/10 11/12 13/14 15/16 17/18 19/20 21/22 23/24
3.4 entrevistas com x x
gestores e traba-
lhadores: histórico
sobre a rede de
saúde mental no
município; processo
de implantação
dos SRTs e Caps;
funcionamento
(potenciais e limi-
tações)
3.5 transcrição das x x
entrevistas
3.6 análise e descrição x x
da implantação e
da situação atual
da rede de serviços
em cada município
4 - Levan- 4.1 mapeamento da x x
tamento de rede de equipa-
equipamentos mentos sociais e
sociais e culturais existentes
culturais no território onde
se localizam os ser-
viços pesquisados
(localização espa-
cial e geográfica)
4.2 levantamento x x
documental: iden-
tificação de fontes
e mecanismos de
financiamento;
principais ações;
recursos humanos
envolvidos
4.3 análise e descrição x x
dos principais equi-
pamentos sociais e
culturais existentes
nos territórios pes-
quisados em cada
município
5 - Observa- 5.1 x
ção partici-
pante dos elaboração de rotei-
SRTs e locais ro de observação
de moradia
5.2 treinamento dos x
pesquisadores
.31
Atividades para reali-
Etapas zação das etapas (nos 3 Período de execução (meses)
municípios estudados)
Nº. Descrição 1/2 3/4 5/6 7/8 9/10 11/12 13/14 15/16 17/18 19/20 21/22 23/24
5.3 observação das x x x
moradias x
5.4 análise e sistemati- x x x x x
zação das anota-
ções do diário de
campo
5.5 apresentação e x
discussão de dados
preliminares
6 - Entre- 6.1 x
vistas em
elaboração de rotei-
profundidade
ro de entrevistas
(pacientes e
moradores)
6.2 identificação dos x
entrevistados e
outros informantes-
chave
6.3
realização das
x x x x
entrevistas
6.4 transcrição das x x x x
entrevistas
6.5 análise e sistemati- x x x
zação das
entrevistas
6.6
apresentação e
x
discussão de dados
preliminares
7 - Grupos 7.1
contato com
x
Focais (traba-
gerentes e técnicos
lhadores da
responsáveis pelos
rede de saúde
serviços de saúde
mental)
mental (SRTs e
Caps) para organi-
zação dos grupos
7.2
realização dos
x x x x
grupos
7.3 análise e sistemati- x x x x
zação dos grupos
7.4 apresentação e x
discussão de dados
preliminares
8- Relatório 8.1 apresentação do x x
relatório preliminar
8.2
relatório final
x
.32
Atividades para reali-
Etapas zação das etapas (nos 3 Período de execução (meses)
municípios estudados)
Nº. Descrição 1/2 3/4 5/6 7/8 9/10 11/12 13/14 15/16 17/18 19/20 21/22 23/24
9.1
seminários de
x x
pesquisa
9-
Divulgação
9.2 oficinas com x x
usuários e
trabalhadores
9.3
publicação
x
.33
VIII – Identificação da equipe do projeto
e respectivas atividades
.34
nação geral da investigação; coordenação da área de Antropologia;
co-coordenação do campo Santo André – SP; participação no treina-
mento dos pesquisadores de campo da pesquisa (observação partici-
pante e entrevistas em profundidade); análise dos resultados campo
Santo André – SP; orientação de um bolsista de iniciação científica;
elaboração de relatórios e textos científicos.
.35
ção de bolsista de iniciação científica; elaboração de relatórios e textos
científicos.
.36
de interfaces visando avaliação e produção autônoma de moradias;
levantamento de autoprodução de moradias.
• Atividades nessa pesquisa: participação no desenvolvimento da
metodologia de abordagem da pesquisa de campo (elaboração das
interfaces a serem adotadas); participação no treinamento dos pes-
quisadores de campo da pesquisa (uso das interfaces, observação
participante e entrevistas em profundidade); análise dos resultados
da área de arquitetura.
.37
IX – Disponibilidade efetiva de
infra-estrutura e de apoio técnico para
o desenvolvimento do projeto
.38
– 6 horas semanais
• Florianita Braga Campos – Fiocruz-DF – 6 horas semanais
• Silke Kapp – UFMG – Grupo MOM - Morar de Outras Maneiras,
Escola de Arquitetura, – 2 horas semanais.
.39
X – Estimativa dos recursos
financeiros de outras fontes que
serão aportados pelos parceiros
.40
XII – Aspectos Éticos
.41
XIII – Referências Bibliográficas
.42
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.46
Anexo I
.47
Os resultados verificados serão divulgados em forma de relatório de
pesquisa e artigos científicos.
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e
ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar da entrevis-
ta/ autorizo a observação das atividades deste conselho de saúde.
Local, data.
_____________________ ____________________
Entrevistado Pesquisador
________________________
Juarez Pereira Furtado
.48