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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA – UNINTA

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

JOSE WILSON MARTINS

O EXERCÍCIO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL (CAPS) PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE E REABILITAÇÃO DO
PACIENTE E SEU RETORNO AO CONVÍVIO SOCIAL E FAMILIAR

ALTOS, PIAUÍ
2022
JOSE WILSON MARTINS

O EXERCÍCIO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL (CAPS) PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE E REABILITAÇÃO DO
PACIENTE E SEU RETORNO AO CONVÍVIO SOCIAL E FAMILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Serviço Social
do Centro Universitário INTA – UNINTA,
como requisito obrigatório para a
aprovação na disciplina de TCC I.

Prof.ª Dr.ª Maria Isabele Duarte de Souza

ALTOS, PIAUÍ
2022
DEUS E FAMÍLIA
“O HOMEM NÃO É NADA AQUILO DO QUE A
EDUCAÇÃO FAZ DELE”
(AUTOR DESCONHECIDO)
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, minha família que sempre me apoiou e meus amigos


queridos que estiveram sempre a meu lado nessa jornada.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................7

2 REFORMA PSIQUIÁTRICA E SAÚDE MENTAL...................................................10


2.1 Contexto histórico e os impactos na história..............................................11
2.2. Usuários dos Serviços de Saúde Mental..................................................16

3 POLÍTICA DE SAÚDE E SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS).............................23


3.1 Abordagem histórica.............................................................................................23
3.2. Dificuldades e desafios a serem enfrentados na saúde e no sistema único de
saúde (SUS)................................................................................................................31

4 ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)


PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE E REABILITAÇÃO DO PACIENTE E SEU
RETORNO AO CONVÍVIO SOCIAL E FAMILIAR.....................................................36
4.1 Coloque aqui o título deste tópico.........................................................................36
4.2. Ações realizadas pelo Assistente Social em Centros de Atenção Psicossocial. 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................37

REFERÊNCIAS...........................................................................................................38
1 INTRODUÇÃO

A pesquisa apresenta como tema o exercício do assistente social no centro


de atenção psicossocial (CAPS) para a promoção de saúde e reabilitação do
paciente e seu retorno ao convívio social e familiar. As categorias que a serem
estudadas são: reforma psiquiátrica e saúde mental, política de saúde e sus e
assistente social no centro de atenção psicossocial (CAPS) para a promoção de
saúde e reabilitação do paciente e seu retorno ao convívio social e familiar.
Salientar a participação do assistente social neste processo é de grande
importância, pois mostra de forma prática o crescimento profissional que acontece
próximo à sociedade no decorrer do processo de evolução. É importante ressaltar os
apontamentos feitos sobre a reforma psiquiátrica, na qual se apresenta como um
divisor de ideias e ações em relação ao trato da saúde mental, trazendo reflexão
diretamente na atuação dos profissionais em questão (BEZERRA, 2013, p. 129).
No decorrer dos anos, quando se fala de saúde mental, ainda existe o
preconceito aos portadores de transtorno mental que são conhecidos como malucos,
loucos, doentes mentais, dentre outras intitulações que são colocadas pela
sociedade, tais termos só fortalecem a discriminação. Desmistificar a saúde mental
para a sociedade ainda é uma missão desafiadora para os portadores de transtorno
mental, para os profissionais atuantes na área e para o Estado (SOUTO, 2012, p.
73). Na maioria das vezes, os familiares não estão preparados para lhe dar com
esse tipo de situação, onde se sentem intimidados diante da sociedade que exige
querer ter um padrão a ser seguido, onde muitas vezes as pessoas com algum
transtorno mental são isolados e excluídos da sociedade, sem receber um
tratamento correto e adequado e tendem a piorar o seu estado (NASI, 2015, p.
3241).
Para isso, o papel estratégico dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),
dentre todos os dispositivos de atenção à saúde mental é o que tem maior valor
estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com o surgimento desses
serviços, passou-se a demonstrar grandes possibilidades na organização de uma
rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico (ROCHA, 2012, p. 51). Os CAPS têm como
função de prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando assim
as internações em Hospitais Psiquiátricos, promover a inserção social das pessoas

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com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais, regular a entrada na rede
de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à
saúde mental na rede básica (BISNETO, 2012, p. 71).
Como objetivo geral a pesquisa aponta o exercício do assistente social no
centro de atenção psicossocial (CAPS) para a promoção de saúde e reabilitação do
paciente e seu retorno ao convívio social e familiar, tendo como objetivos
específicos: observar os principais desafios encontrados nessa atuação do
assistente social; perceber as principais ações que podem ser feitas pelo assistente
social; Identificar os principais desafios encontrados pelo assistente social nessa
área de atuação.
Esse estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, que consiste na fase
inicial de todo o trabalho científico ou acadêmico, com o objetivo de colher e
reunir as informações e dados que servirão de base para a construção da
investigação proposta a partir de um determinado tema (URSI, 2006, p. 126). Depois
da escolha de uma temática específica para ser abordada, a pesquisa bibliográfica
deve se delimitar ao tema que foi escolhido pelo pesquisador, utilizando como modo
de se aprofundar no assunto. Desta forma, além de traçar um histórico sobre o
objeto de estudo, a pesquisa bibliográfica também auxilia nas identificações de
contradições e respostas anteriormente encontradas sobre as perguntas formuladas
(WHITTEMORE, 2009, p. 549).
O levantamento bibliográfico é normalmente feito a partir da análise
de fontes secundárias que abordam, de diferentes maneiras, o tema escolhido
para estudo. As fontes podem ser livros, artigos, documentos monográficos,
periódicos (jornais, revistas, etc.), textos disponíveis em sites confiáveis, entre outros
locais que apresentam um conteúdo documentado (ARMSTRONG, 2011, p. 656).
Trata-se também de uma pesquisa qualitativa no qual é uma abordagem de
pesquisa que estuda aspectos subjetivos de fenômenos sociais e do
comportamento humano. Os objetos de uma pesquisa qualitativa são fenômenos
que ocorrem em determinado tempo, local e cultura (WHITTEMORE, 2009, p. 552).
Uma pesquisa qualitativa aborda temas que não podem ser quantificados em
equações e estatísticas. Ao contrário, estudam-se os símbolos, as crenças, os
valores e as relações humanas de determinado grupo social (SCHELB, 2008, p. 35).

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Para a presente pesquisa foi feito um levantamento bibliográfico através de
publicações de periódicos indexados na BVS e Lilacs que tratassem o tema em
questão, publicados nas línguas inglesa e portuguesa, no período de outubro e
novembro, foram consultados artigos do ano de 2018 a 2022. Os artigos foram
analisados e aplicados os critérios de inclusão e exclusão. Critérios de Inclusão: a)
estudos científicos sobre o tema abordado; b) estudos que verificaram a atuação do
assistente social na saúde mental; c) período de publicação de 2014 a 2019; d)
publicações em inglês, espanhol e português. Critérios de Exclusão a) artigos
incompletos; b) artigos indisponíveis e pagos; c) artigos fora do período proposto.
Percebendo também que no campo da saúde mental é primordial trabalhar
em equipe, uma vez que lidamos com a complexidade do ser humano,
principalmente quando se trata em Transtorno Mental, sendo fundamental o olhar de
cada profissional (dotado com suas atribuições específicas), bem como, o olhar
coletivo (todas as profissões) para que se possa proporcionar uma qualidade de vida
ao indivíduo.
A pesquisa aborda três capítulos, no qual o primeiro capítulo aborda a
reforma psiquiátrica e saúde mental, tendo como subtópicos: os impactos na história
e usuários do serviço de saúde mental, o segundo relata sobre política de saúde e
SUS, compondo como subtópicos contexto histórico e Dificuldades e desafios a
serem enfrentados na saúde e no sistema único de saúde (SUS); e o terceiro
capítulo: tema o exercício do assistente social no centro de atenção psicossocial
(CAPS) para a promoção de saúde e reabilitação do paciente e seu retorno ao
convívio social e familiar, abordando os subtópicos princípios básicos e ações
realizadas pelo assistente social em centros de atenção psicossocial.

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2 REFORMA PSIQUIÁTRICA E SAÚDE MENTAL

No presente capítulo será discutido sobre a reforma na psiquiatria, bem como


seus benefícios para a saúde mental dos usuários, abordando cronologicamente os
principais pontos dessa reforma.
No primeiro tópico será trabalhado o contexto histórico e os impactos dessa
reforma na psiquiatria para história, sua importância e seus efeitos positivos para a
psiquiatria. No segundo tópico será apresentado os Usuários dos Serviços de Saúde
Mental, quem são e quais os serviços utilizam.

2.1 Contexto histórico e os impactos na história

O papel estratégico dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), entre todos


os dispositivos de atenção à saúde mental é o que tem maior valor de estratégia
para a Reforma Psiquiátrica Brasileira (FERREIRA, 2015, p. 17).
Com o aparecimento desses serviços, passou-se a mostrar grandes
oportunidades na organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico
(CASTANHA, 2011, p. 29).
Os CAPS têm como objetivo de fornecer atendimento clínico em regime de
atenção diária, esquivando-se assim as internações em Hospitais Psiquiátricos,
promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações
intersetoriais, orientar a entrada na rede de assistência em saúde mental na sua
área de atuação e dar apoio à atenção à saúde mental na rede básica (BISNETO,
2012, p. 147).
Os CAPS têm que ser substitutivos e não complementares aos Hospitais
Psiquiátricos, de acordo Ferreira (2015, p. 11):
Tocando o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais
graves e que são persistentes, buscando guardar e fortifica os laços sociais
do usuário, sendo assim, o núcleo de uma nova clínica, diversificando-se
pelo porte, capacidade de atendimento, pacientes e organizam-se de acordo
com o perfil populacional do município.

Classificam–se como: CAPS I – são os centros de menor porte, capazes de


fornecer uma resposta às demandas em municípios, com população entre 20.000 e
50.000 habitantes; os CAPS II – são serviços de médio porte e dão apoio a

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municípios com mais de 50.000 habitantes, seu usurário é composta de adultos com
transtornos mentais severos e persistentes; os CAPS III – são os serviços de maior
porte da rede, dão cobertura aos grandes municípios, prestando serviços de grandes
complexidades, funcionando 24 horas todos os dias da semana (LOURAU, 2009, p.
39).
Os serviços têm capacidade para realizar o acompanhamento de até 450
pessoas/mês, os CAPS – especializados em atendimento de crianças e
adolescentes com transtornos mentais e os CAPS Ad – especializados em atender
pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas (LOURAU, 2009, p. 50).
A partir da implementação da Lei nº 10.216/01, os CAPS passaram a ser a
principal estratégia do processo da Reforma Psiquiátrica, cujos serviços foram
implantados para acolher as pessoas portadoras de transtornos mentais graves e
persistentes, para oferecer-lhes atendimento com equipe multidisciplinar e integrá-
las no ambiente social em que vivem (NASCIMENTO, 2009, p. 11).
Política de Saúde Mental no Brasil propõe a redução de leitos psiquiátricos de
longa duração, pondo incentivo às internações por curta duração no meio dos
hospitais gerais, pondo em objetivo a oferecer um tratamento digno e humanizado
àquelas pessoas que sofrem de transtornos mentais, tentando a integração delas à
vida em comunidade (SANTOS, 2016, p. 12).
Com essa finalidade foram desenvolvidas alternativas como os Hospitais-Dia
e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como meio de oferecer maiores
condições de tratamento e um acompanhamento qualificado a cada paciente
(MENDES, 2015, p. 887).
Apesar das mudanças no modelo de atenção à saúde mental, a ideia que
ainda persiste em relação aos portadores de transtorno mental traz o estigma de
ameaça e perigo. Por isso, como aborda Oliveira (2018, p. 125):
Conhecer o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é importante,
considerando que esta instituição recebe a pessoa com transtorno mental,
oferece atendimento médico e psicológico. Além disso, na tentativa de
buscar a cidadania e oferecer-lhes a autonomia, busca também estratégias
sociais e familiares para transformar o paradigma de periculosidade e
construir novos caminhos para que eles sejam reinseridos nos grupos
sociais dos quais fazem parte.

Os CAPS, dentro da atual Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde,


são vistos como dispositivos de estratégias para a organizaçãoda rede de atenção
em saúde mental (YASUI, 2008, p. 29).
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Devem ser territorializados, ou seja, devem estar localizados no ambiente de
convívio social (família, escola, trabalho, igreja, etc.) daqueles usuários que os
frequentam (CEBRID, 2010, p. 78).
Deve ser um serviço que recupera as potencialidades dos recursos
comunitários à sua volta. A reinserção social pode se dá a partir do CAPS, mas em
direção à comunidade (FERREIRA, 2015, p. 21).
Assim, considerando o espaço sócio-ocupacional dos CAPS, nestas
condições expostas anteriormente, o assistente social exerce o seu trabalho em
forma de assalariamento, ou seja, o seu trabalho é considerado uma mercadoria,
submetido a um contrato de trabalho instituído pelo modo de produção capitalista
desde o final do século XVIII e início do século XIX com a Revolução Industrial, na
Inglaterra (SILVA, 2016, p. 92).
Dentre as ações específicas dos assistentes sociais desenvolvidas nos
CAPS, foi apontada a articulação com a rede de serviços como um ponto central no
cotidiano desses profissionais, pois esta ação é responsável pelo resolutividade de
outras demandas específicas, por exemplo: a viabilização de documentos civis, de
benefícios assistenciais e previdenciários, de abrigamento, de moradia e de ações
dentro do território (SOUTO, 2012, p. 75).
Segundo Rocha (2012, p. 43):
O trabalho junto à rede de serviços é articulado com as intervenções na
família dos usuários dos CAPS, tanto em casos de pessoas que vivem sob
o mesmo teto ou no resgate de vínculos familiares. A rede de serviços é
composta por instituições públicas e da sociedade, que articuladas
disponibilizam atendimentos, benefícios, serviços, programas e projetos
com vistas a garantia de direitos sociais.

Sendo assim, a visita domiciliar é um instrumento por vezes requisitado ao


profissional, prioritariamente, de forma eletiva, ou seja, quando é verificado que o
usuário por algum motivo está sem condições de circular no território, não
frequentando mais o CAPS, há em alguns casos a necessidade da busca ativa ou
nos casos de necessidade para emissão de parecer social (BEZERRA, 2013, p. 68).
As demandas postas ao Serviço Social nos CAPS são diversificadas,
estendendo-se desde uma escuta, uma orientação sobre benefícios ou
encaminhamento para um serviço de saúde, o que corrobora a importância do
trabalho de articulação com a rede de serviços, além do estudo da situação dos
usuários para a elaboração do plano terapêutico singular (FERREIRA, 2015, p. 23).

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Os assistentes sociais fizeram destaques às dificuldades de limitações
institucionais e materiais que encontram para responder a tais demandas (CEBRID,
2010, p. 86).
A defesa da garantia de direitos à saúde dos usuários dos CAPS vem sendo
efetuada por esses profissionais, mas a concentricidade de tais direitos é imbricada
às mediações inerentes à realidade dos CAPS (SANTOS, 2012, p. 16).
A exemplo se destaca a dificuldade financeira para custear o transporte
coletivo, pois o usuário não tem acesso gratuito ao transporte, ou até mesmo se ele
o tem, mas o acompanhante não tem, principalmente, porque é necessário o
acompanhamento do paciente três vezes por semana (SANTOS, 2016, p. 13).
Esta situação se torna mais difícil nos casos de usuários oriundos de outros
municípios (Santa Izabel, Vigia etc.) ou de outro estado (Maranhão) (LESSA, 2012,
p. 74).
Estas situações que dificultam o trabalho dos assistentes sociais nos CAPS e,
consequentemente, na recuperação da saúde mental dos usuários expressam sem
dúvida, de um lado, as contradições postas na organização institucional e, de outro,
as contradições sociais do capitalismo contemporâneo que determinam as
condições materiais de vida dos usuários dos CAPS (ABREU, 2009, p. 595).
Segundo Lara et al, (2015, p. 54):
A intervenção profissional em outras expressões da questão social que
extrapolam a situação de sofrimento mental, o que explica o fato de que a
articulação do serviços dos CAPS com a rede de serviços de saúde, a
orientação sobre os benefícios sociais etc., sejam uma das contribuições do
trabalho dos assistentes sociais para a saúde mental dos usuários, pois
segundo Rosa (2012), a saúde mental se configura como um campo social
e político, permeado pelas contradições inerentes do capitalismo.

Esse modelo de atenção voltado ao cuidado dos sujeitos com transtornos


mentais passou por diversas mudanças ao longo de anos, indo de um espaço de
restrição e controle da loucura para uma prática que visa um olhar mais ampliado
para o sujeito (AZEVEDO, 2011, p. 1).
Essas transformações se iniciaram com a Reforma Psiquiátrica, um
movimento que reivindicava melhores condições de tratamento aos sujeitos com
distúrbios mentais buscando uma+ forma de tratamento mais humanizada e sem o
uso de medidas violentas, além de denunciar as práticas que se utilizam de métodos
invasivos e que degradam o sujeito (SOUSA, 2019, p. 12).

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Esse processo de desinstitucionalização não fica limitado apenas na
substituição por um modelo de cuidados externos que envolvem principalmente as
questões de caráter tanto técnico, como de caráter assistencial, envolvendo também
o deslocamento das práticas psiquiátricas para o cuidado realizado na comunidade
(NICACIO, 2013, p. 16).
Os autores trazem um importante figura nessa relação de cuidados e
estabelecem que os vínculos mais profundos são os familiares, mostrando a
importância para o processo de reabilitação e reinserção do usuário no espaço da
comunidade (ROBAINA, 2010, p. 336).
Como afirma Paim (2013, p. 97):
A reforma psiquiátrica abriu possibilidades para uma nova forma de pensar
e atuar sobre a saúde mental, rompendo com barreiras e paradigmas sobre
o cuidado da pessoa portadora de doença mental, tendo como foco principal
a reintrodução do sujeito na esfera das relações sociais, garantindo a
cidadania e a autonomia deste usuário.

Os primeiros passos para uma real reforma psiquiátrica implicam um


imprescindível abandono do lugar de especialista ocupado por vários dos atores
sociais envolvidos com a reforma (ABREU, 2009, p. 598).
Este percurso requer atenção especial para as pequenas amarras
responsáveis pela reprodução de valores, preconceitos, atrelados às ideias de
controle, fixidez, identidade, normatização, subjugação (ALVERGA; DIMENSTEIN,
2006, p. 71).
O portador de transtorno mental apresenta formas anticonvencionais de fazer-
estar no mundo, sendo parte de uma minoria. A declaração universal dos direitos
humanos prevê a ampla e irrestrita aplicação de seus princípios, entretanto, existe
ainda a necessidade da implantação de leis que assegurem direitos universais aos
ditos loucos (MOURA, 2011, p. 34).
De acordo com Manguia (2007, p. 55):
Requer-se antes de tudo um abandono do lugar de especialista ocupado por
vários dos atores sociais envolvidos com a reforma. Este percurso exige
atenção especial para as pequenas amarras responsáveis pela reprodução
de valores, preconceitos, atrelados às ideias de controle, fixidez, identidade,
normatização, subjugação. E a real mudança de postura se faz necessária
para evitar a simples transposição de atitudes profissionais ligadas ao
modelo hospitalar para o modelo de atenção primária .

É preciso entender o processo histórico que invalidou a loucura como


manifestação subjetiva humana. Deve-se caminhar no sentido de compreender a

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mesma como uma forma de subjetividade válida, onde o maior desafio da reforma é
sua despatologização (PINHEIRO; MILANI, 2015, p. 168).
O processo de mudança de papéis se dá de forma lenta e gradual, mas os
movimentos para tantos já foram iniciados (PEREIRA, 2013, p. 8).
A Reforma Psiquiátrica é um processo político e social complexo, composto
de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios
diversos. A Reforma avançou marcada por impasses, tensões, conflitos e desafios
(MOURA, 2011, p. 37).
O período atual caracteriza-se assim por dois movimentos simultâneos: a
construção de uma rede de atenção à saúde mental substitutiva ao modelo centrado
na internação hospitalar, por um lado, e a fiscalização e redução progressiva e
programada dos leitos psiquiátricos existentes, por outro. É neste período que a
Reforma Psiquiátrica se consolida como política oficial do governo federal (BRASIL,
2007, p. 56).
Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente pela Portaria GM 224/92.
Atualmente os CAPS e outros tipos de serviços substitutivos que têm surgido no
país são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e
integram a rede do Sistema Único de Saúde (SANTOS, 2013, p. 89).
O Ministério da Saúde trabalha desde 2003 com o Programa de
Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no Sistema Único de Saúde
(SUS), que propõe várias alternativas ao modelo de institucionalização dos
tratamentos de saúde mental (MANGUIA, 2007, p. 56).
Segundo Pavão (2016, p. 17):
Os CAPS devem assumir seu papel estratégico na articulação e tecimento
das redes de cuidado em saúde mental tanto cumprindo suas funções na
assistência direta e na regulação da rede de serviços de saúde, trabalhando
em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários
de Saúde, quanto na promoção da vida comunitária e da autonomia dos
usuários articulando os recursos existentes em outras redes
.
Na construção da rede de apoio deve-se articular todos os recursos afetivos,
sanitários, sociais, econômicos, culturais, religiosos e de lazer. Apesar das
dificuldades os CAPS estão conseguindo interromper os ciclos de múltiplas
internações (ROSA, 2009, p. 77).
Pretende-se reverter a tendência autoritária das instituições de saúde ao
estimular o questionamento dos papéis estereotipados das equipes de saúde e na

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construção do trabalho baseado em equipes multidisciplinares, sem hierarquia rígida
(MOURA, 2011, p. 40).
Apesar dos avanços da RP brasileira, ainda existem obstáculos e fragilidades
na aplicação dos princípios reformistas, como a dificuldade na articulação e diálogo
entre CAPS e atenção básica, serviços de urgência/emergência insuficientes,
profissionais da área despreparados. Além disso, persistem ou ressurgem formas de
apego a práticas manicomiais, imersas nos serviços substitutivos (AZEVEDO, p.
2011, p. 2)
Estudos avaliativos proporcionam um olhar diferenciado que levam a
questionamentos e pensamentos de modificações no serviço/atendimento prestado
ao usuário (MANGUIA, 2007, p. 59).
Com as mudanças advindas da RP, a avaliação dos serviços de saúde
mental é uma necessidade real, sobretudo para o devido acompanhamento da
política nacional de saúde (AZEVEDO, 2014, p. 113).

2.2 Usuários dos Serviços de Saúde Mental

Historicamente, os serviços públicos de Saúde Mental no Brasil foram


destinados massiva e preponderantemente para os segmentos mais pobres da
população, segundo Santos (2012, p. 19):
Mais destituída do acesso a bens materiais e simbólicos da sociedade.
Corroborando tal fato, a cidadania brasileira foi instituída como uma
cidadania regulada, destinada aos trabalhadores formalmente reconhecidos.
Com essa prática, o Estado brasileiro reforçou as desigualdades sociais,
impedindo a universalização de direitos a todos os brasileiros,
obstaculizando os efeitos redistributivos das políticas sociais.

Direitos que recriam desigualdades pela sua vinculação profissional são


também direitos que não se universalizam e sobrepõem às diferenças sociais uma
outra clivagem que transforma em não-cidadãos os que escapam às regras do
contrato (SANTOS; TEIXEIRA, 2017, p. 1993).
Esses são os não-iguais, os que não estão credenciados à existência cívica
justamente porque privados de qualificação para o trabalho. São os pobres, figura
clássica da destituição (CEOLIN, 2014, p. 253).

17
Há, consequentemente, uma fratura entre o cidadão trabalhador e o pobre,
constituindo-se na prática assistencial dois sistemas de prestação de serviços na
área da saúde, destinados a dois públicos distintos (ROSA, 2011, p. 41).
De um lado, um sistema público, gratuito, destinado aos pobres, denominados
indigentes. De outro lado, um sistema previdenciário, voltado para os segmentos de
trabalhadores urbanos que contribuem para o sistema, denominados
pensionistas/beneficiários (LARA, 2015, p. 58).
Segundo Silva (2016, p. 85):
As lutas encampadas no período de redemocratização da sociedade
brasileira, sob o comando do Movimento da Reforma Sanitária brasileira,
serão coroadas pelo reconhecimento da saúde como um direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação, no Art. 196, da Constituição Federal de 1988, que reafirma o
Sistema Único de Saúde - SUS, orientado para o setor público estatal e
universal, independente da capacidade contributiva das pessoas

Com a reforma psiquiátrica, muitos hospitais psiquiátricos são fechados. Em


estados como o Piauí, deixam de existir clínicas/hospitais psiquiátricos privados. Os
serviços de urgência e emergência em Psiquiatria tornam-se exclusivamente
público-estatais, muito embora existam alas particulares neste serviço, utilizado
preponderantemente por pessoas vinculadas a planos de saúde privados (LESSA,
2012, p. 84).
Há consequentemente uma heterogeneização no perfil dos usuários de
alguns CAPS, que têm abarcado segmentos de classe média, tais como estudantes
universitários e profissionais liberais, embora de maneira minoritária, pela pequena
demanda (URSI, 2015, p. 127).
De acordo, Whittemore (2009, p. 56):
Mas o comportamento e o tipo de demanda dos segmentos médios para o
SUS é bem pontual, restrito no geral à consulta médica, algumas vezes
estendida ao psicólogo e à medicação. Dificilmente se sentem parte do
serviço, buscando distância do público original do serviço. Procuram
assegurar junto a alguns trabalhadores certos privilégios, de maneira que
evitem fila, por exemplo. Agem muito mais como consumidores passivos do
que cidadãos

Atuando sobre as necessidades sociais dos segmentos subalternizados, o


assistencial passa a constituir uma demanda central para o assistente social, muito
embora atue em várias frentes de trabalho, tais como ações socioeducativas, a
gestão, a formação profissional, dentre outras (CEOLIN, 2014, p. 260).

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Consequentemente, essa centralidade traz subjacentes várias implicações
para o dia a dia profissional, já que várias vezes o usuário e seus familiares veem o
assistente social como o profissional que facilita ou restringe o usufruto de certos
benefícios (ROBAINA, 2010, p. 341).
O acesso a vale transporte, que assegura o deslocamento de casa para o
CAPS, o que em muitos serviços é indispensável para garantir a acessibilidade, haja
vista a não incorporação, em alguns municípios/estados, da pessoa com transtorno
no rol dos usuários do passe livre, em geral também é gerido pelo assistente social,
o qual deve estabelecer critérios de eletividade para tanto, em virtude da restrição
quantitativa, que não permite a universalidade nem integralidade do cuidado
(PEREIRA, 2013, p. 3).
Esta tarefa tem consumido muito tempo de trabalho de alguns assistentes
sociais, em alguns serviços de saúde mental, o que limita tais profissionais a
trabalho burocrático, disciplinar, controlador, sem conseguir reverter essa tendência
(URSI, 2015, p. 7)
Segundo Jacobo (2013, p. 06):
O sujeito contemporâneo queixa-se da velocidade, da incapacidade de lidar
com as perdas e da inaptidão, mesmo que temporária, de acompanhar a
lógica de produção alienante que cai maciçamente sobre sua cabeça.
Vivendo na sociedade da autonomia, sente-se livre na mesma medida em
que se sente inseguro, sem referências estáveis para ancorar sua
existência. Adoece-se pelo excesso de liberdade, que leva à exaustão
maníaca, assim como pela falta de garantias, que leva ao vazio existencial.
Talvez por isso as mais altas prevalências de doença mental correspondam
justamente aos transtornos do humor e aos sintomas ansiosos.

As queixas e os diagnósticos mais prevalentes, intimamente associados a


aspectos da sociedade pós-moderna, somados ao fato de que os tratamentos
tendem a se estender por longos períodos de tempo, parecem indicar a
permanência de uma intervenção que promove a cronificação dos sintomas,
contribuindo para tornar os usuários dependentes e enraizados no serviço (SOUSA,
2019, p. 121).
Com relação a isso, torna-se imprescindível investir em estratégias de
prevenção e promoção de saúde mental na rede de atenção básica, visando
desenvolver maior autonomia e capacidade de autocuidado nos usuários e em suas
famílias (YASUI, 2008, p. 30).
É preciso investir na qualificação do trabalho em equipe, integrando a atuação
dos profissionais já existentes e inserindo profissionais com formações diversas,
19
visando promover maior diversificação das intervenções e à construção de um
modelo de entendimento mais amplo de saúde mental (SOUTO, 2012, p. 77).
Além disso, acredita-se que o trabalho em equipe deva incluir a participação
dos próprios usuários, de seus familiares e da comunidade, com vistas a atender ao
princípio de participação coletiva preconizado pelo SUS (JACOBO, 2013, p. 09).
Acredita-se que o serviço de saúde mental se tornou essencial para uma
assistência comunitária, com apoio psicossocial e (re)inserção social da realidade
pesquisada (SOUTO, 2016, p. 59).
Por outro lado, é preciso defender a articulação com outras áreas do
conhecimento, políticas públicas e movimentos sociais libertários e democráticos,
criando possibilidades de emancipação do sujeito e do núcleo familiar (SILVA, 2012,
p. 436).
Os profissionais que compõem o CAPS têm papel imprescindível junto ao
usuário. Observa-se que o Enfermeiro e o Pedagogo eram os profissionais que mais
participavam de atividades externas ao CAPS (BEZERRA, 2013, p. 147).
Efetivar uma assistência multidisciplinar de forma articulada e integrada é um
movimento a ser percorrido, com participação de todos os profissionais no
tratamento e promoção de uma terapêutica individual e grupal (CLEMENTINO, 2016,
p. 262).
Ações alicerçadas no acolhimento, estímulo à convivência social, quebra de
estigmas e valorização das potencialidades são mecanismos essenciais para
substituição do modelo asilar, constituindo uma nova filosofia de trabalho em todos
os serviços substitutivos, especialmente nos CAPS (AZEVEDO, 2014, p. 111).
De acordo com Bessa (2019, p. 91):
A avaliação de serviços de saúde mental por usuários é um mecanismo que
pode contribuir para autonomia, enquanto promotor e sujeito ativo do seu
tratamento, para gestão do cuidado e do serviço. Destaca-se ainda o
relacionamento do usuário com o meio social e familiar para a
implementação e fortalecimento do tratamento, principalmente, quando se
tem uma nova política de assistência à saúde, aberta e comunitária,
permitindo a livre convivência e trânsito no ambiente terapêutico.

Os Transtornos do Humor/Afetivos representaram o principal diagnóstico


entre os participantes, sobretudo para as mulheres. Entre os homens, há uma
similaridade entre diagnóstico de Esquizofrenia, Transtornos Esquizotípicos e
Transtornos Delirantes (SOUZA, 2009, p. 1484).

20
Os diagnósticos de transtornos severos e persistentes (psicoses e
esquizofrenias) foram predominantes entre os homens e, nas mulheres,
prevaleceram os transtornos do humor e de ansiedade (PAVÃO, 2016, p. 20).
Nos homens predominaram diagnósticos de transtornos mentais e
comportamentais decorrentes do uso abusivo de substâncias psicoativas e, entre as
mulheres, esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes
(PEREIRA, 2012, p. 50).
Quando se analisa a realidade da área saúde mental é possível perceber
dificuldades para concretizar as metas de desinstitucionalização propostas pelo novo
modelo assistencial no Brasil (SILVEIRA, 2015, p. 592).
As dificuldades encontram-se na redução dessa proposta a um processo de
desospitalização sem a real desconstrução do hospital psiquiátrico e o deslocamento
completo da atenção em saúde mental para serviços substitutivos (AMORIM, 2011,
p. 198).
Como ocorre em outros aspectos da atenção à saúde, a tarefa de proteger e
melhorara saúde mental é complexa, envolve múltiplas decisões e diferenças
sensíveis nos recursos financeiros e humanos disponíveis aos países influem no
modo como as questões de saúde mental são tratadas (PINHEIRO; MILANI, 2015,
p. 267).
Com efeito, as necessidades manifestadas pelos usuários, familiares e
profissionais dos serviços de saúde mental, além dos demais trabalhadores da
saúde, dependem muito do contexto histórico-cultural da assistência, sendo que as
expectativas das pessoas variam consideravelmente de país para país (SILVA,
2012, p. 282).
Atualmente, vivencia-se, no Brasil, um período próspero em inovações e
mudanças, dados alguns avanços conquistados na assistência psiquiátrica (PRADO,
2011, p. 107).
Por outro lado, esse processo não pode ser refletido como simples
modificações de estruturas físicas, mas, sim, como reelaboração de concepções, de
dispositivos sob uma ótica mais comprometida como interesses daqueles a quem se
presta assistência (SILVEIRA, 2015, p. 595).
Como afirma Nascimento (2009, p. 14):
Dentre as dificuldades percebidas na reelaboração de concepções sobre a
assistência em saúde mental, destaca-se a crescente necessidade de

21
investimento em formação de recursos humanos especializados na área e
em número suficiente para cada serviço de acordo com as necessidades e
demanda de cada local, garantindo, assim, a qualidade do serviço prestado,
a reabilitação do paciente e melhor satisfação dos diversos atores
envolvidos com a saúde mental.

No entanto, é possível perceber que há uma mudança de paradigma


paulatina e que os profissionais já entendem o processo saúde-doença mental como
um ato complexo que deve envolver empatia, conhecimento e sensibilidade por
parte do cuidador, além da importância da inclusão dos familiares na terapêutica,
descaracterizando algo fragmentado como até então está (KANTORSKI, 2011, p.
2063).
Sobre esse aspecto, é possível apreender a articulação entre a equipe de
saúde, usuário e familiares como central no cuidado em saúde mental, no sentido de
corresponsabilização, podendo promover mudança na evolução do adoecimento
(MIELKE, 2009, p. 160).
Sobre o papel da gestão municipal em subsidiar a atuação dos profissionais e
funcionamento dos serviços, os seguintes problemas são destacados: investimento
em modelos hospitalocêntricos; carência de diálogo com os profissionais;
precarização de mão de obra e insuficiência de recursos para capacitação; falta de
investimento na estruturação dos CAPS; e necessidade de projetos políticos que
invistam na estruturação e fluxo da rede em saúde mental (KANTORSKI, 2011, p.
2066).
Ficam evidentes os diversos estigmas às pessoas com transtornos mentais.
Tais estigmatizações advêm da sociedade, mas também de profissionais (MIOTO,
2010, p. 01).
Assim, os serviços substitutivos e RAPS trabalham na direção da inclusão
social, como desmistificador dos ideários tradicionais sobre o sofrimento psíquico
(MIELKE, 2012, p. 504).
A articulação da saúde mental com a atenção básica apresenta os seguintes
entraves: insuficiência de serviços e profissionais na atenção básica; dificuldades na
implantação do apoio matricial; falta de preparo dos profissionais, com
desentendimento da proposta de cuidado e carência de esclarecimentos aos
usuários; encaminhamento como repasse de responsabilidades; obstáculos na
referência e contrarreferência influenciando na interlocução entre serviços; e
escassez de políticas para além da saúde (COSTA, 2015, p. 3247).

22
Apesar de ainda persistirem grandes desafios no sentido de romper de vez
com o modelo manicomial/asilar, muitas estratégias estão sendo construídas no
cotidiano das práticas de cuidado, produzindo e inventando novos modos de cuidar,
novas formas de fazer acontecer, baseadas em relações sociais pautadas por
princípios e valores que buscam reinventar a sociedade, constituindo um novo lugar
de acolhimento para o sofrimento (CARDOSO, 2016, p. 88).
É possível observar um redirecionamento do modelo assistencial, com vistas
ao resgate da cidadania dos sujeitos em sofrimento psíquico, possibilitando a
construção de novas práticas, sustentadas a partir do comprometimento, do
compromisso e da responsabilização (LIMA, 2012, p. 429).
Tais práticas pressupõem, sem dúvida, que cuidar da saúde de alguém é
mais do que construir um objeto e intervir sobre ele. É, na verdade, ser capaz de
acolher, dialogar, produzir novas subjetividades, exercitar a capacidade crítica,
transformar criativamente os modos de ver, sentir e pensar já estabelecidos
(CARDOSO, 2016, p. 91).

23
3 POLÍTICA DE SAÚDE E SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Neste capítulo será abordado sobre a política de saúde e o sistema único de


saúde (sus), bem como suas abordagens, benefícios para a população.
No primeiro tópico será trabalhado a abordagem histórica, seus impasses,
sua importância.. No segundo tópico será abordado as dificuldades e desafios a
serem enfrentados na saúde e no sistema único de saúde (SUS), trazendo suas
batalhas e lutas pelo povo, de forma a apresentar como esse sistema é importante
para a população, e também como sua melhora pode beneficiar ainda mais a
população que faz uso.

3.1 Abordagem histórica

A saúde é considerada como um bem público pertencente as políticas


públicas da sociedade. A promoção em saúde é definida como as estratégias
utilizadas para se produzir saúde e garantir a qualidade de vida para a população
nos serviços de saúde. Desde 1948, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
enfatiza que a saúde faz parte de um pacto mundial estabelecido pela Declaração
Universal dos Direitos do Homem (CASTANHA, 2017, p. 25)
As Políticas Públicas são definidas como os estudos que analisam a ação do
Estado frente as questões públicas, ou seja, como a adição das ações dos
governantes em busca de influenciar e modificar o estilo de vida da população
(YASUI, 2008, p. 27).
Os Estados Unidos da América (EUA) foram os pioneiros a utilizar políticas
públicas como uma nova disciplina para o conhecimento acadêmico com o objetivo
principal de estabelecer relações entre o papel do Estado e a ação dos governos
perante a sociedade (PINHEIRO; MILANI, 2015, p. 142).
As Políticas Públicas de Saúde são conceituadas como a ação ou omissão do
Estado perante as demandas de saúde da população (diretrizes, planos de ação de
governo, planos e programas de saúde) sempre verificando a relação entre poder e
saúde (KANTORSKI, 2011, p. 2059).

24
As Políticas Públicas de Saúde, como disciplina no meio acadêmico, abordam
estudos sobre o Papel do Estado frente as questões e os movimentos sociais
(políticas de saúde, políticas econômicas e políticas sociais), sendo que, estes
servem para a elaboração de possíveis planos de intervenção perante os problemas
de gestão nos serviços de saúde (SANTOS; TEIXEIRA, 2017, p. 1990).
Segundo Silva (2015, p. 30):
No Brasil, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram planejadas para
estarem instaladas perto das pessoas e são efetivamente a porta de acesso
para a atenção à saúde da população. Pesquisas que visam o acesso ao
serviço básico de saúde, a saúde do trabalhador, do idoso, do homem e a
mental figuram como o segundo assunto de maior interesse identificado na
produção científica correlata.

A saúde no Brasil é garantida pela constituição através do Sistema Único de


Saúde (SUS) e que este se articula com os poderes político-sociais, defende a
saúde como patrimônio público e se organiza de forma que as políticas de saúde
sejam executas ampliando a Promoção da Saúde junto a população brasileira
(MALTA, 2016, p. 1683).
O Sistema Único de Saúdeou SUS como é conhecido, é o sistema de saúde
vigente no Brasil desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Diversos
são os seus princípios e diretrizes, mas o primeiro deles, aquele que o caracteriza
como modelo de atenção à saúde baseado na seguridade social, é o princípio da
universalidade do acesso, ou seja, a sua cobertura universal (KANTORSKI, 2011, p.
2061).
Este princípio ou diretriz ético-doutrinária garante que todos os cidadãos
tenham acesso aos serviços de saúde brasileiros de forma livre e gratuita,
baseando-se na premissa de que a saúde é um direito de todos e um dever do
Estado (SANTOS, 2013, p. 62).
A criação do SUS foi um marco importante para a saúde pública brasileira,
visto que, durante várias décadas anteriores ao seu surgimento, a assistência à
saúde era ligada à Previdência Social e se restringia apenas aos trabalhadores
formais, ou seja, àqueles que contribuíam para a Previdência e tinham carteira
assinada. O restante da população não tinha cobertura de assistência garantida pelo
Estado (ROBAINA, 2010, p. 342).
O SUS como uma política pública de saúde possibilitou resultados
importantes para o cenário epidemiológico do país, dos quais destacamos a redução

25
da taxa de mortalidade infantil e o controle de doenças infecciosas (OLIVEIRA;
CRUZ, 2015, p. 256).
Durante o Regime Militar, o MRS foi de extrema importância para a
implantação de um novo modelo de atenção em saúde. Segundo Pavão(2016, p.7):
O MRS se iniciou através de universitários, profissionais de saúde e
pessoas vinculadas aos setores da saúde e possuía diretrizes
(universalização, acessibilidade, descentralização, integralidade e
participação da comunidade) e propostas (unificação do sistema de saúde,
conceito ampliado de saúde, e direito à cidadania e o dever do Estado) que
foram aprovadas na 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986). O relatório
da conferência foi encaminhado em 1987 à Assembleia, e este ganhou
destaque na Constituição de 1988.

Observa-se que o SUS é uma conquista social, atende quase 80% da


população, é o principal empregador de profissionais de saúde, teve um grande
avanço com a criação do ESF, seus recursos financeiros são insuficientes para
garantir os princípios doutrinários e finalísticos, possui dependência dos serviços da
iniciativa privada para os casos de média e alta complexidade (SOUSA, 2019, p.
111).
Segundo Almeida (2013, p. 2):
Sistema Único de Saúde (SUS) prevê uma nova atenção à saúde a partir da
concepção que não compreende a saúde apenas como a ausência de
doença, mas parte do entendimento e qualidade de vida. A Constituição
Federal de 1988 (Brasil, 1988) é marco inicial para criação deste SUS em
que um de seus artigos preceitua que a saúde é um direito de todos e dever
do Estado.

Os princípios doutrinários do SUS são a universalidade (a saúde é um direito


da população), a integralidade (garantir a totalidade dos cuidados para os usuários
nas ações e serviços do SUS) e a equidade (igualdade no acesso para todos)
(MENDES; VASCONCELOS, 2015, p. 883).
O Princípio da Universalidade consiste no direito à assistência universal em
saúde e garantia da cidadania e qualidade de vida dos usuários na sociedade sem
interferências na garantia deste princípio doutrinário (SORATTO et al, 2015, p. 2).
O princípio de integralidade se assenta na compreensão de que as pessoas
têm o direito de serem atendidasno conjunto de suas necessidades, e que os
serviços de saúde devem estar organizados de modo a oferecer todas as ações
requeridas por essa atenção integral (GUARESCHI, 2010, p. 2).
O Princípio da Equidade é definido como a garantia de que as ações e
serviços de saúde estejam presentes em todos os níveis de atenção conforme a

26
complexidade de cada usuário levando em consideração que todos os usuários são
iguais perante o SUS. Através do Princípio da Equidade é que ocorre a formulação
de novas políticas públicas de saúde (SOUTO, et al, 2016, p. 50).
Dessa forma, o SUS deve desenvolver ações sobre o ambiente e sobre a
pessoa destinados à promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como à
reabilitação (SILVA, 2016, p. 87).
De acordo com Sousa (2019, p. 117):
Observa-se que o Movimento da Reforma Sanitária, que teve como principal
liderança o médico sanitarista Sérgio Arouca, foi um marco histórico para o
surgimento e a implantação do SUS no Brasil. Ressalta-se que o SUS é
estabelecido por meio de princípios, está presente nas esferas de governo,
sua principal fonte de recursos são as contribuições da população e o MS é
o principal gestor sendo responsável pelas políticas públicas de saúde no
Brasil. Destaca-se que os gestores do SUS preconizam o planejamento das
ações em saúde e estes são os principais responsáveis pela criação de
modelos de atenção em saúde.

No SUS, as ações de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada


segundo a complexidade de atenção, baseada nos princípios da universalidade,
integridade e equidade. Este Sistema propõe uma mudança profunda no modelo de
planejar, organizar e gerir as ações e serviços de saúde (PATRIOTA, 2010, p. 59).
O SUS é um direito constitucional e uma resposta as necessidades de saúde
dos brasileiros. Possui princípios doutrinários (universalidade, integralidade e
equidade) e princípios organizacionais (descentralização, regionalização,
hierarquização e participação social) (KANTORSKI, 2011, p. 5).
Os princípios do SUS são concretizados quando a população acessa os
serviços de saúde conseguindo uma resolução das suas necessidades de saúde
(BARBIANI, et al, 2014, p. 858).
O SUS precisa ter uma estrutura que garanta às necessidades de saúde da
população, tendo em vista as mudanças epidemiológicas que ocorrem
gradativamente na sociedade. O SUS dispõe de sistemas integrados e necessita de
uma boa administração e utilização dos seus serviços e recursos financeiros. A APS
é a principal porta de entrada do usuário no SUS (COSTA et al, 2017, p. 2).
Fato é que, com suas qualidades e defeitos, o SUS é reconhecido no país e
fora dele como uma política pública importante e com grande potencial, onde de
acordo com Paim (2011, p. 1778):
Em 2011, a renomada revista científica internacional The Lancet publicou
uma série de artigos com o intuito de apresentar à comunidade internacional
a experiência brasileira, ressaltando que o Brasil vive um período de
27
transição, mas encontra-se em uma excelente posição para atingir suas
ambiciosas aspirações, graças ao seu compromisso histórico com a saúde
pública e a sua atual força política e econômica.

Ressalta-se que, em meio a precariedade das ações e serviços de saúde do


SUS no Brasil, a sociedade de um modo geral defende o SUS e tem uma visão
positiva sobre a sua importância para a saúde da população Brasileira (SOUSA,
2019, p. 121).
A produção recente de autores do Serviço Social brasileiro tem cooperado,
embora vagaroso, no acúmulo teórico e reflexivo da profissão no interior do
movimento da reforma psiquiátrica brasileira (ROSA et al, 2012, p. 31).
A despeito fornece de um acervo ainda limitado, com poucos elementos para
o debate sobre as diversas inserções dos assistentes sociais nos diversos espaços
sócio-ocupacionais do campo da Saúde Mental, um campo ainda delicado para
muitos colegas do Serviço Social, diante o passado recente, anterior ao movimento
de conceituação, que o vincula à psicologização do social (SILVA, 2007, p. 173).
Em algumas equipes de Saúde Mental há a hegemonia de certos marcos
teóricos, como algumas vertentes das terapias de famílias e terapias sistêmicas, que
aparentam fornecer respostas que técnica e subjetivamente, aplacam a angustia que
comumente acompanha os profissionais do campo (ROSA, 2011, p. 27).
Neste contexto, observa-se que muitos profissionais, inclusive do Serviço
Social, são levados a realizar uma formação específica, com base nestes
referenciais, até mesmo para se pôr à vontade no campo, dada a hegemonia posta e
pelo fato de muitos supervisores clínico-institucionais, a maioria não assistentes
sociais, terem sua formação e orientação baseadas em campos estranhos para o
Serviço Social (SCHELB, 2008, p. 28).
O trabalho do assistente social com as famílias dos portadores de transtorno
mental deve estar direcionado ao fortalecimento dos vínculos para com o membro
que necessita de atenção e cuidados especiais, o que muitas vezes resulta no
distanciamento e rejeição, prejudicando ambas as partes. Colocar-se a disposição
da família para escutá-las, demonstrando atenção e importância para os diversos
problemas que ela apresenta (OLIVEIRA, 2018, p. 2319).
Esta é uma etapa do caminho a ser percorrido na busca de algo maior, cujo
diferencial está na intencionalidade do assistente social que pode se deixar levar
pelos limites institucionais e outros desafios a serem superados ou então propor e

28
efetivar mudanças na realidade dessa família vítima da exclusão social
(VASCONCELOS, 2010, p. 56).
A família exerce um papel fundamental junto ao portador de doença mental
proporcionando toda a proteção, acolhimento, bem como aportes afetivos e
cuidados distintos. Concernente à concepção conceitual do papel da família, deve
ser parceira corresponsável nos projetos terapêuticos dos Serviços de Saúde Mental
(FERREIRA, 2015, p. 15).
Segundo Bisneto (2011, p. 110) cabe ao profissional para superar
determinadas fragilidades ainda existentes no campo de saúde mental:
Reconhecer seu próprio valor, saber o que está fazendo, criar um discurso
profissional, publicar ideias, lutar por seus princípios, fazer alianças, se
expor profissionalmente em Saúde Mental. É claro que o profissional de
campo precisa contar com a colaboração de seus colegas de academia: a
universidade também deve desenvolver esse discurso profissional com
pesquisas, aulas, extensão, publicações, conferências entre outros
recursos.

Dessa forma, o assistente social intervém nas mais variadas expressões da


questão social, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na
habitação, na saúde, na assistência social pública etc. No que se refere aos
aspectos sociais na área da saúde, tornam-se necessários conhecimentos
multidisciplinares e plurais, além de práticas complementares e interdisciplinares
(SILVA, 2016, p. 88).
Nesta perspectiva, o Serviço Social possui um lugar nessa área que, em
articulação com as demais áreas de saber, permite obter uma visão integral do
sujeito que adoece, favorecendo a compreensão das implicações socioeconômicas
e culturais da saúde, fator relevante para a humanização e qualificação do
atendimento aos seus usuários, conforme preconizam as diretrizes do SUS (ROSA
et al, 2012, p. 42).
Tem-se ainda na relação Serviço Social e Saúde Mental, o seguinte cenário
segundo Bisneto (2011, p. 200):
No Brasil há a conjunção de quatro fatores sociais, quais sejam o
capitalismo monopolista, a globalização financeira e mercantilista, o
neoliberalismo e a reestruturação produtiva. Resultando na estrutura social
em sérios problemas da ordem do Serviço Social e da Saúde Mental. São
quatro fenômenos sociais complexos, de longo percurso histórico, que, sob
o ponto de vista da repercussão nas políticas sociais, resulta em
dificuldades na assistência social e psiquiátrica.

29
O interesse em estudar o tema da saúde mental, enquanto um dos espaços
sócio-ocupacionais dos assistentes sociais é devido, de um lado, por tratar-se de um
tema instigante, sobretudo com a criação de um novo modelo de atenção em saúde
mental, antes tratado como loucura e da parca literatura sobre o tema na área do
Serviço Social - apesar de se ter um acúmulo de discussões em diversas áreas a
partir da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica (OLIVEIRA, 2018, p. 2321).
Segundo Terto (2018, p. 3):
Quanto à inserção de assistentes sociais na Saúde Mental, historicamente
foi determinada pela criação de equipes multidisciplinares no atendimento
psiquiátrico. Essas equipes não se instituíram somente porque o Serviço
Social constituiria uma nova forma de encaminhar o sofrimento da loucura,
mas também porque a profissão operaria como intermediária das demandas
sociais emergentes na área manicomial e como barateador dos custos da
assistência em geral.

Em relação ao fazer profissional do assistente social em Saúde Mental, em


particular no CAPS, expõe que o profissional trabalha de forma pluralista quando
usa as elucidações do marxismo para compreender a exclusão do louco, para
sustentar a demanda por direitos sociais e cidadania aos portadores de sofrimento
mental e, ao mesmo tempo, usa as explicações da medicina e da psicologia para
conceber a loucura como doença mental (BISNETO, 2011, p. 93).
Os médicos psiquiatras mais progressistas também tendem a aceitar o ponto
de vista do Serviço Social crítico para explicar a exclusão social, mas dificilmente
admitem as contribuições do marxismo para explicar a loucura ou para atuar na
assistência psiquiátrica, como por exemplo as condições materiais de vida dos
usuários, enquanto um fator desencadeador do adoecimento mental (FERREIRA,
2015, p.19).
Tem-se ainda na relação Serviço Social e Saúde Mental, o seguinte cenário:
No Brasil há a conjunção de quatro fatores sociais, quais sejam o capitalismo
monopolista, a globalização financeira e mercantilista, o neoliberalismo e a
reestruturação produtiva. Resultando na estrutura social em sérios problemas da
ordem do Serviço Social e da Saúde Mental (BISNETO, 2011, p. 99).
São quatro fenômenos sociais complexos, de longo percurso histórico, que,
sob o ponto de vista da repercussão nas políticas sociais, resulta em dificuldades na
assistência social e psiquiátrica (SCHEFFER, 2014, p. 370).
É importante ressaltar que no campo da saúde devemos aprofundar e colocar
em prática a chamada ‘bioética dos 4 Ps:Promoção da saúde; prevenção de
30
doenças; proteção das vulneráveis presas fáceis de manipulação; precaução frente
ao desenvolvimento biotecnológico (NASCIMENTO, 2009, p. 9).
Isto significa proteção da população frente a possíveis riscos de danos
moralmente inaceitáveis, quer sejam uma ameaça à saúde ou à vida humana
ameaça de danos graves e irreversíveis, injustos com as gerações presentes e
futuras (ALMEIDA, 2013, p. 4).
As realizações do SUS, em 2010, revelaram que se procedeu 535 milhões de
ações de prevenção e promoção, disponibilizadas 634 milhões de medicamentos;
realizados 495 milhões de exames; houve 239 milhões de atendimentos de saúde
bucal; foram feitos 40 milhões de fisioterapias; ocorreram 11,1 milhões de
internações. Todos os anos registram-se 3,5 milhões de órteses e próteses e mais
de 20 mil transplantes (GUARESCHI, 2010, p. 4).
A responsabilidade pública pela saúde nos move a agir e também a refletir
que uma sociedade, que se funda em valores de justiça, equidade e solidariedade
entre os seres humanos, não deve aceitar as injustiças, evitáveis e mutáveis das
desigualdades sociais, principalmente no âmbito da saúde. É mais do que hora de
garantir a todos os brasileiros o acesso universal, integral e equânime aos cuidados
necessários de saúde.

3.2 Dificuldades e desafios a serem enfrentados na saúde e no sistema único de


saúde (SUS)

Diante das diversas requisições e atividades desempenhadas na prática


profissional do assistente social no campo da atenção psicossocial, os desafios
postos à profissão também são variados (PATRIOTA, 2010, p. 61).
Tais como o trabalho com as famílias e a necessidade de que se promova um
tensionamento no cotidiano dos serviços acerca do conceito de família; a atuação no
território, com a possibilidade de se realizar a articulação com as lideranças e
equipamentos comunitários; a promoção da geração de renda e trabalho nos
serviços, por meio de discussões sobre as relações de trabalho, do valor de uso e
de troca do produto das oficinas; a participação como trabalhador social no Controle

31
Social, nas Assembleias, Conselhos e Conferências; e a garantia de acesso aos
direitos sociais (ROBAINA, 2010, p. 340).
De acordo com Ceolin (2014, p. 241):
A precarização do trabalho e o desemprego estrutural caracterizam o
padrão da acumulação flexível, incidem nas relações sociais e repercutem
na gestão das forças de trabalho e no planejamento e organização das
políticas sociais. Desta forma, os rebatimentos nas condições e relações de
trabalho dos assistentes sociais são expressões da precariedade do
trabalho.

A falta de recursos e de incentivo profissional por parte da gestão


governamental foi destacada pelas profissionais participantes da pesquisa como um
fator desestimulante para a operacionalização do trabalho. Assim como a
invisibilidade do usuário com transtorno mental e da política de saúde mental, como
um todo (FERREIRA, 2015, p. 22).
Tais opiniões refletem o movimento atual da contrarreforma do Estado e seu
avanço na saúde, diante do qual se tornam necessários a consolidação e a
ampliação das lutas travadas pelos atores que fazem a Reforma Sanitária e
Psiquiátrica, sendo preciso que os trabalhadores da saúde mental possam dialogar
em conjunto e unir forças sociais frente ao avanço do capital e da lógica neoliberal,
que avança de forma a privilegiar a burocratização dos serviços e a tolher direitos
dos trabalhadores atuantes no campo (OLIVEIRA, 2018, p. 2335).
Podemos entender como saúde pública um conjunto de discursos, práticas e
saberes que objetivam o melhor estado de saúde possível das populações, isto é,
ela se refere à saúde da coletividade (ALMEIDA, 2013, p. 8).
Os conceitos, hoje em dia aplicados, são distintos, sendo que o alvo e o
campo de práticas da saúde pública dependem de diversos fatores, tais como, a
concepção do papel de Estado nos campos econômico e social e a concepção das
responsabilidades individual e coletiva sobre a saúde e sobre os fatores
intervenientes no processo saúde-enfermidade (CASTANHA, 2011, p. 35).
À curto, médio e longo prazo, o SUS tem diversos desafios, sobretudo por
precisar de mais recursos e da otimização do uso do dinheiro público (COSTA,
2015, p. 3244).
Atualmente é investido o dobro de recursos na doença (internações, cirurgias,
transplantes) do que nas ações básicas de saúde (vacinas e consultas) que
previnem a doença, os problemas mais frequentes são a falta de médicos (58,1%), a

32
demora para atendimento em postos, centros de saúde ou hospitais (35,4%) e a
demora para conseguir uma consulta com especialistas (33,8%) (GUARESCHI,
2010, p. 9).
O SUS autoriza a atuação do setor privado, de forma suplementar, nas ações
e serviços de saúde. Ressalta-se que o SUS atende a diversas demandas sociais
(violência, acidentes, doenças crônicas, etc.) e não dispõe de recursos suficientes
para tais atendimentos (SANTOS,2016, p. 9).
Quando se compara os gastos com saúde em outros países mais
desenvolvidos chega-se à conclusão de que os recursos destinados aos SUS no
Brasil são considerados insuficientes para um atendimento integral e universal em
saúde (MENDES, 2014, p. 38).
De fato, trata-se de problemas crônicos de saúde pública no Brasil, devidos,
em grande parte, a uma lógica que especialistas definem como imediatista. Segundo
Paim (2011, p. 1780):
A ela deve substituir-se um sistema que priorize a atenção primária, o
diagnóstico precoce e o trabalho de prevenção. Uma solução recomendada
pela ONU desde 1978 (Declaração de Alma-Ata, da OMS, 1978) e já
delineada na Lei Orgânica da Saúde n° 8080, de 1990 (Brasil, 1990), que
propunha uma rede de saúde descentralizada e hierarquizada, cujo polo
coordenador deveria ser as Unidades Básicas de Saúde. Isso porque,
afirma o documento da OMS, 80% dos problemas de saúde da população
poderiam ser resolvidos por meio de uma atenção básica de qualidade.

Dessa forma, os conselhos de saúde são um importante mecanismo de


participação popular na deliberação, fiscalização e monitoramento das políticas
públicas de saúde (SCHEFFER, 2014, p. 374).
Articulados entre as três esferas de governo, eles são compostos por
representantes de entidades e movimentos sociais de usuários, além de
trabalhadores, gestores e prestadores de serviço (GUARESCHI, 2010, p. 11).
É competência dos conselhos aprovar o orçamento da saúde e acompanhar a
sua execução. Ao conselho nacional, cabe a responsabilidade de aprovar, a cada
quatro anos, o Plano Nacional de Saúde (PNS) (CARVALHO, 2011, p. 202).
É importante destacar que o processo saúde enfermidade de uma
coletividade é decorrente de diversos aspectos sociais, políticos, econômicos,
ambientais e biológicos (PAVÃO, 2016, p. 12).
Enfatiza-se entre os determinantes sociais: a urbanização; e a industrialização
crescente, bem como as condições de moradia, de saneamento básico, de nutrição

33
e de alimentação, de escolarização, de recreação e lazer, de acesso aos serviços de
saúde de trabalho, de emprego e de renda (SOUTO, 2016, p. 53).
Saúde Pública é a ciência e a arte de evitar a doença, prolongar a vida e
promover a saúde física e mental, e a eficiência, através de esforços organizados da
comunidade, visando o saneamento do meio, o controle das infecções comunitárias
(JACOBO, 2013, p. 5).
A educação do indivíduo nos princípios da higiene pessoal, a organização de
serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e o tratamento da
doença e o desenvolvimento dos mecanismos sociais que assegurarão a cada
pessoa na comunidade o padrão de vida adequado para a manutenção da saúde,
organizando estes benefícios de tal modo que cada indivíduo esteja em condições
de gozar de seu direito natural à saúde e à longevidade (SORATTO, 2015, p. 4).
Destacar-se, ser a saúde pública o esforço organizado da sociedade para
ampliar as possibilidades de os indivíduos poderem gozar as melhores condições
possíveis de saúde (ALMEIDA, 2013, p. 7).
Assegurar para a população os direitos e os recursos previstos na
Constituição Federal (Brasil, 1988) sobre a Seguridade Social (Assistência Social,
Previdência Social e Saúde) é um dos principais desafios sociais atualmente. Na
contramão do que prevê a Constituição, são as famílias que mais gastam com saúde
(BEZERRA, 2013, p. 79).
Segundo Cebrid (2010, p.67):
Um dos graves problemas de saúde pública brasileiro é a dependência do
álcool. Conforme levantamentos de pesquisa do Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas, atualmente 18% da população
adulta consomem álcool em excesso, em contraposição aos 16,2% em
2006. A população masculina ainda é a maioria entre os que bebem em
excesso (26,8%, em 2010), mas foi entre as mulheres que se deu o
aumento mais expressivo na utilização da bebida alcoólica. Neste grupo, a
taxa passou de 8,2%, em 2006, para 10,6%, em 2010.

Dessa forma temos que o consumo e o abuso do álcool vêm aumentando em


todos os setores da sociedade, independente de cor, raça, religião, condições
financeiras de seus usuários, tanto em grandes centros urbanos como nas mais
distantes áreas rurais (SORATTO, 2015, p. 7).
O uso do álcool, além de causar sérios e irreversíveis danos a vários órgãos
do corpo, está também relacionado à cerca de 60% dos acidentes de trânsito e a
70% das mortes violentas (COSTA, 2017, p. 4).

34
Números do IBGE (2007) mostram que o gasto com a saúde representou
8,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2007. Do total registrado, 58,4%
(ou 128,9 bilhões de reais) foram gastos pelas famílias, enquanto 41,6% (93,4
bilhões de reais) ficaram a cargo do setor público. As instituições sem fins lucrativos
gastaram 2,3 bilhões de reais (PAIM, 2011, p. 785).
De acordo com o IBGE (2007), nos países ricos, 70% dos gastos com saúde
são cobertos pelo governo e somente 30% pelas famílias. Para especialistas na área
de Saúde Pública, o gasto total com a saúde, em 2009, foi de R$ 270 bilhões (8,5%
do PIB), sendo R$ 127 bilhões (47% dos recursos ou 4% do PIB) de recursos
públicos e R$ 143 bilhões (53% dos recursos ou 4,5% do PIB) de recursos privados
(CARVALHO, 2011, p. 107).
É importante destacar que o processo saúde enfermidade de uma
coletividade é decorrente de diversos aspectos sociais, políticos, econômicos,
ambientais e biológicos (KANTORSKI, 2011, p. 7).
Enfatiza-se entre os determinantes sociais: a urbanização; e a industrialização
crescente, bem como as condições de moradia, de saneamento básico, de nutrição
e de alimentação, de escolarização, de recreação e lazer, de acesso aos serviços de
saúde de trabalho, de emprego e de renda (ALMEIDA, 2013, p. 5).
O direito à saúde praticamente se confunde com o direito à vida. Ter saúde
exige alimentação adequada, condições de trabalhos saudáveis, moradia digna,
saneamento básico eficiente, meio ambiente protegido (ALMEIDA, 2011, p. 297).

35
4 ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)
PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE E REABILITAÇÃO DO PACIENTE E SEU
RETORNO AO CONVÍVIO SOCIAL E FAMILIAR

4.1 Princípios Básicos

4.2 Ações realizadas pelo Assistente Social em Centros de Atenção Psicossocial

36
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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