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INTERVENÇÕES EM SAÚDE

TEXTO REFLEXIVO ACERCA DO RELATO DE UMA PSICÓLOGA EM UM CAPS


NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL

Autores:
Carolina Jerônimo Figueredo – Matrícula
Erica de Oliveira da Costa – Matrícula -
Larissa Andrea Lima da Silva - Matrícula:
Luiz Henrique Salema dos Santos – Matrícula:

Avaliador:
André Vieira dos Santos

Rio de Janeiro

2022
1. Apresentação

O presente trabalho foi discutido e elaborado com o propósito de realizarmos uma


espécie de alusão aos conceitos debatidos, trabalhados e experimentados em sala de aula, de
acordo com a matéria de Intervenções em Saúde, no Centro Universitário IBMR - Campos
Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, utilizando como referência o relato de uma
Psicóloga em uma vivência efetiva que aconteceu em um Centro de Atenção Psicossocial.

2. Desenvolvimento

2.1. A Reforma Psiquiátrica, o Psicólogo e o SUS

Diante da leitura do artigo, é possível notar que a profissional tem diversos desafios
para a implantação e efetivação dos cuidados junto com a localidade com qual esta vinculada.
Levando em conta a reforma Psiquiátrica, ¹que foi um processo da eclosão do “movimento
sanitário”, nos anos 70, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de
saúde, defesa da saúde coletiva, eqüidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos
trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de
tecnologias de cuidado.
A Reforma Psiquiátrica brasileira foi marcada pelo fechamento dos hospícios e
manicômios, fato este que contribuiu para a descentralização da assistência delegando
responsabilidades para outros órgãos gestores - União, Estado, DF e Municípios -, os quais
deveriam seguir as determinações embasadas pelo SUS.
Antes de ser um problema, a loucura viveu livremente na nossa sociedade, como
sendo parte do convívio com as pessoas, e durante um período, ela aparece como anormal,
como algo não pertencente ao ser humano. No início do século XIX, a loucura começa a ser
vista como algo ruim em nossa sociedade, tendo como propulsor de discursos e ideias
religiosas. A partir daí, os ‘loucos’ começam a ser retirados da cidade para serem colocados
em porões das santas casas. Eles também eram levados para prisões públicas a fim de serem
retirados da sociedade como uma espécie de limpeza, para manter um tipo de ordem social,
pois a presença deles incomodava, já que eles não seguiam os padrões de ‘normalidade’ pré-
determinados pela época. Entretanto, para os médicos da época, o simples fatos de prender
esses loucos, não configurava a melhor maneira de tratar a loucura. Então, tais médicos
começam a articular um local de tratamento específico para os loucos, criando o primeiro
hospício do Brasil durante o Brasil colônia, o qual foi inspirado em Philippe Pinel. O
tratamento dos loucos não era de qualidade, eles eram tratados sem a mínima higiene, de
forma insalubre, sendo um tratamento primitivo e de total descaso com um ser humano.
A partir do momento em que o Brasil vira República, a loucura passa a ser tratada pela
Ciência, pelos médicos e psicólogos de forma um pouco mais humanizada. A partir daí, é
possível afirmar que houve um considerável avanço com relação ao tratamento de saúde
oferecido pelo SUS, resultado do trabalho realizado nos CAPs - Centros de Atenção
Psicossocial -, que promovem um trabalho com o apoio de uma equipe multidisciplinar,
vinculando diferentes equipes.
A partir dos anos 90, a desinstitucionalização de pessoas torna-se uma questão de
políticas públicas no Brasil gerando uma mudança com relação ao cuidar, de forma que este
fosse realizado de maneira mais humanizada para com aqueles indivíduos que apresentavam
algum sofrimento psíquico. Este processo de tratamento humanizado envolvia o indivíduo, a
família e a sociedade, pois, uma das preocupações era a inserção e adaptação do paciente ao
meio, a criação de vínculos e o acolhimento pelos que o rodeiam. Os casos menos graves
permanecem sendo tratados em ambulatórios.
Segundo o Ministério da Saúde, os CAPs são vistos como órgãos estratégicos de suma
importância para a organização da rede de atenção em saúde mental. Por se tratar de um
tratamento territorial busca o vínculo social - família, trabalho, escola, igreja etc -, procurando
restaurar os recursos pertencentes à comunidade da qual o indivíduo faz parte, incluindo-os no
processo de cuidados com a saúde mental
É necessário que a atenção em saúde mental aconteça em uma rede de cuidados. Tal
rede deve ser formada pela atenção básica, pelas residências terapêuticas, pelos ambulatórios,
centros de convivência, clubes de lazer, entre outros, seguindo o modelo das redes de
cuidados de base territorial.
Todas as ações precisam estar fundamentadas nos princípios do SUS e nos princípios
da Reforma Psiquiátrica apresentando uma articulação entre si.
2.2. Humanização e importância das instituições de saúde

Em 1948, surge o conceito de ‘saúde perfeita’ elaborado pela OMS – Organização


Mundial da Saúde -, retratado como “o estado de completo bem-estar físico, mental e social”.
O objetivo desse conceito veio para ampliar o modelo até então biomédico, que conceituava a
saúde como a ausência de doença. Esse termo saúde perfeita apontado pela OMS reflete um
estado de completo bem-estar, porém, é impossível alcançar um estado de completa ausência
de tensão, a não ser na morte. E ao contrário desse conceito, a civilização vem demandando
cada vez mais que os indivíduos renunciem à satisfação de seus impulsos e ofertando cada vez
menos, o suporte necessário para fortalecer o seu biopsicossocial (BETTS, 2003)².

O modelo biomédico observa o homem ser compreendido como uma máquina, um


conceito enraizado em sua formação profissional de que saúde significa ausência de doença e,
foca-se na especialização e fragmentação, a qual gera a perda da visão holística do sujeito em
suas áreas sociais e psicológicas. O indivíduo perde sua significação, mas o objetivo é a
doença e a cura, na diagnose individual e no tratamento (CUTOLO, 2006)³.

O modelo biomédico de gestão dos serviços de saúde, não dá conta de atender o que é
determinado pela OMS com relação ao conceito de saúde e se distancia ainda mais ainda do
que está na Constutiçao Federal de 1988 ao estabelecer a saude como “um direito de todos e
dever do Estado” garatido através de políticas socias e econômicas que visam a reduçao do
risco de doenças e outros agravos, além do acesso universal e igualitário a bens e serviços
para a sua promocão, proteção e reuperacão. A abordagem psicossocial centrada nas
necessidades das pessoas, das familias, da comunidade e dos determinantes sociais de saúde é
muito mais adequada para os profissionais de saúde e sua gestão, pois englobam todo um
sistema assistencial.

3. Considerações Finais

A partir deste estudo, vemos o quão difícil e transformador é o trabalho do Psicólogo


dentro da atenção básica e da atenção especializada, pois no relato da Psicóloga do Mato
Grosso do Sul, notamos a existência de toda uma teoria estudade ante aquele momento, porém
o dia a dia no Centro de Saúde Psicossocial foi um tanto desafiador, fazendo com que ela
precisasse se reinventar, trabalhar a sua escuta, buscar novas atitudes e se colocar em um
incansável processo de experimentação de tentaviva, erro e acerto. No final do relato, a
psicóloga se manifesta como um sujeito com suas angústias, desânimos e cansaços inerentes a
todos os seres humanos, pois é o que somos antes de nos colocarmos como profissionais.
Ainda assim, ela não deixa de ressaltar o compromisso que tem com o seu trabalho, com a sua
ética e com o respeito aos principios do SUS.
Como aprendemos em sala de aula, temos que nos munir de uma série de
características adicionais, pois tanto para a sáude pública quanto para a privada, em geral, é
preciso transcender os muros existentees dentro de nós mesmo e no local que escolhemos
trabalhar, pois, ao sair da faculdade e entrar no mundo da saúde mantal, pouco importa a
abordagem que iremos seguir. Será preciso ampliarmos e refinarmos a perpecepão acerca das
pessoas e de tudo o que as cerca, porque nesta área aquilo que nos tona iguais e nos uni, é
muito mais importante do que aquilo que nos diferencia. Nosso papel é nos mantermos
abertos, receptivos e bem preparados, pois a partir do momento em que fazemos a escolha de
nos tornarmos profissionais de saúde, precisamos ter a responsabilidade de cuidar não só da
sociedade que iremos atender, mas também de nós mesmos.
Referências Bibliográficas:

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE. Coordenação Geral


de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento
apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos
depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

2.BETTS, J. Considerações sobre o que é o humano e o que é humanizar. Rede Humaniza


SUS. [Periódico on-line] [citado em 01 set. 2014] Disponível
em: http://www.redehumanizasus.net/86514-comunicacao-um-elo-essencial-no-processo-
dehumanizacao-hospitalar

3.CUTOLO, L. Modelo biomédico, reforma sanitária e a educação pediátrica. Arquivos


Catarinenses de Medicina. Vol. 35, nº. 4, 2006

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