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PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E PROMOÇÃO DA SAÚDE: ASPECTOS HISTÓRICOS E

CONCEITUAIS
(RESENHA CRÍTICA)

Nicolly Dias
Acadêmica de enfermagem do 3º período da Universidade de Vassouras - BRASIL

Resumo

Resenha crítica o artigo de CASSUCI Rosalba, MARTINS Joice, FARIA Michelle, ROCHA
Rosangela, CARVALHO Rosalina, VIEIRA Wilza. Rev. APS, v. 11, n. 2, p. 189-198, abr./jun. 2008
Correlacionado com as disciplinas de enfermagem do 3P.-UV., bem como com a coletividade. Este
artigo apresenta algumas das concepções acerca do processo saúde-doença e promoção da saúde,
visando contribuir para a reflexão sobre seus diferentes modos de sua apreensão e concretização com
a interação do Sistema Único de Saúde- SUS.

Palavras-chave: Saúde-Doença, Promoção da Saúde, Resumo.

Apresentação

Muito se tem escrito sobre o Processo Saúde-Doença, no entanto um novo instrumento intelectual
para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, tal como
definida pelo sistema da assistência à saúde – e a saúde, tal como percebida pelos indivíduos.
Também, deve incluir a dimensão do bem-estar, um conceito maior, no qual a contribuição da saúde
não é a única e nem a mais importante. O sofrimento experimentado pelas pessoas, suas famílias e
grupos sociais não corresponde necessariamente à concepção de doença que orienta os provedores da
assistência, como os profissionais da Estratégia Saúde da Família. É importante compreender que a
promoção à saúde constitui-se num modo de ver a saúde e a doença, e sua abordagem pode trazer
contribuições relevantes que ajudam a romper com a hegemonia do modelo biomédico. É necessário
intensificar as ações das estratégias de promoção no cotidiano dos serviços de saúde, promover a
autonomia das pessoas, indivíduos e profissionais, para que em conjunto possam compreender a saúde
como resultante das condições de vida e propiciar um desenvolvimento social mais equitativo.
INTERAÇÃO ÀS DISCIPLINAS

O cuidado manifesta-se na preservação do potencial saudável dos cidadãos e depende de uma


concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si. Por ser um conceito de amplo
espectro, pode incorporar diversos significados. Ora quer dizer solidarizar-se, evocando
relacionamentos compartilhados entre cidadãos em comunidades, ora, dependendo das circunstâncias
e da doutrina adotada, transmite uma noção de obrigação, dever e compromisso social. O cuidado
significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção e se concretiza no contexto da vida em
sociedade. Cuidar implica colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações diversas, quer na
dimensão pessoal, quer na social. É um modo de estar com o outro, no que se refere a questões
especiais da vida dos cidadãos e de suas relações sociais, dentre estas o nascimento, a promoção e a
recuperação da saúde e a própria morte. Compreender o valor do cuidado de enfermagem requer uma
concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si, começando pela valorização da
própria vida para respeitar a do outro em sua complexidade, suas escolhas, inclusive a escolha da
enfermagem como uma profissão. Cuidar em enfermagem consiste em envidar esforços transpessoais
de um ser humano para outro, visando proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando
pessoas a encontrar significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência. É ainda,
ajudar outra pessoa a obter auto conhecimento, controle e autocura, quando então, um sentido de
harmonia interna é restaurada, independentemente de circunstâncias externas.
Ao inserir o cuidado de enfermagem no âmbito político e ético, entendemos parte significativa na
formação do enfermeiro no estudo das humanidades, em geral. Entendemos que uma formação
humanística contrapõe-se à mera operacionalidade e dá sentido existencial ao cuidar. O cultivo das
humanidades contribui para o hábito do pensamento crítico, sem o qual o cuidado em enfermagem
não pode sustentar-se como premissa de apoio à vida humana associada. Por isso, pensar em modos
ou modelos de cuidar em enfermagem requer a compreensão do sentido e do significado desse
cuidado, sua dimensão político-social e sua implicação sobre a vida dos cidadãos. Não é, portanto,
uma questão unicamente instrumental e operacional para o trabalho, mas, antes, o reconhecimento de
sua finalidade para a vida humana. Também, em reconhecer que esse ou aquele modo de cuidar não
são neutros, mas apoiados no conjunto das idéias teórico-filosóficas que orientam as escolhas feitas
por quem o executa. Neste sentido, não podemos pensar em modelos de cuidado em enfermagem sem
ter um referencial teórico-filosófico explicitado e fruto de reflexões pessoais e coletivas, que passam
pela compreensão do valor desse cuidado no contexto sócio-político em que se insere. Isto porque a
enfermagem caracteriza-se como uma profissão histórica e culturalmente filosófico-humanista, que
potencializa a saúde do cidadão e a própria construção da cidadania. Por isto mesmo não pode
focalizar-se somente no biológico, em patologias e, menos ainda, submeter-se ao poder de outras
áreas, práticas sociais e de organizações que controlam e manipulam a saúde, política, econômica e
ideologicamente.

No Brasil, através da criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), a formulação do


sistema de saúde caracterizou-se pela concentração de recursos na previdência social, a centralização
administrativa e financeira, a uniformização dos benefícios e a expansão dos serviços médicos com
cobertura previdenciária aos trabalhadores segurados, privilegiando a contratação do setor privado.
Esse cenário privilegiava a assistência médica individual e especializada, sob a responsabilidade do
Ministério da Previdência e Assistência Social, enquanto que ao Ministério da Saúde cabia o papel de
ente normativo e execução de ações de caráter preventivo. Através da modalidade “medicina de
grupo”, empresas faziam convênios para contratar serviços de saúde para seus trabalhadores e
deixavam de contribuir com a previdência. Na década de 1970, surgiu o Movimento Sanitário, com a
defesa de que a Reforma do sistema de saúde deveria partir de uma mudança da abordagem
primordialmente biológica dos problemas de saúde para uma histórico-estrutural que considerava a
determinação dos aspectos socioeconômicos e políticos na distribuição desigual das doenças. Nessa
argumentação, o Estado teria um papel capital na promoção de saúde, regulação do sistema e na oferta
de serviços e seria imperativa a democratização do acesso à saúde e a reestruturação do sistema de
serviços. Em 1988, com a promulgação da atual Constituição Federal, o acesso à saúde, através de um
Sistema Único, passou a ser um direito social. A Lei 8.080/19904 , por sua vez, instituiu o Sistema
Único de Saúde (SUS), tendo como principais princípios e diretrizes: universalidade de acesso em
todos os níveis de assistência à saúde; igualdade na assistência, sem preconceitos e privilégio de
qualquer gênero; integralidade da assistência; participação da comunidade; e descentralização
político-administrativa. Também de 1990, a Lei 8.1426 , entre outras providências, dispôs sobre a
participação da comunidade na gestão do SUS, prevendo as Conferências e os Conselhos de Saúde,
ratificando a defesa de participação social proposta pela Reforma Sanitária. No século XX, o Brasil
experimentou intensas transformações na sua estrutura populacional e no padrão de
morbi-mortalidade. A partir da segunda metade do século, a constante queda da taxa de natalidade,
mais acentuada que a verificada nas taxas de mortalidade, tem provocado diminuição acentuada nas
taxas de crescimento populacional. Paralelamente, tem-se verificado um aumento da expectativa de
vida ao nascer, que passa de 45,9 anos em 1950 para 68,1 anos em 20042 , refletindo o processo de
envelhecimento da população, com aumentos contínuos e significativos das populações de idosos. A
análise da situação de saúde identifica avanços importantes para alguns grupos de problemas, mas ao
mesmo tempo mostra tendência inversa e preocupante para um conjunto outro de problemas. No
primeiro grupo, podemos destacar a redução nas taxas de mortalidade infantil (TMI) , intensificada a
partir da década de 60, quando apresentava uma média nacional de 117,0/1000 nascidos vivos,
decrescendo para 50,2/ 1000 nascidos vivos, na década de 80 (Figuras 1e 2). Na análise das
informações para a década de 90, verifica-se que houve redução nacional média de mais de 40%
(49,4/1000 nascidos vivos em 1990 para 26.8/1000 nascidos vivos em 2000) e alcança 22,6/1000
nascidos vivos em 2004 (uma queda adicional de aproximadamente 16%), tendo esta redução variado
de intensidade entre as diversas regiões.

Referencias

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/332141/mod_resource/content/1/Vianna%20-%20Processo%
20sa%C3%BAde%20doen%C3%A7a.pdf

https://www.scielo.br/j/tce/a/W4mZfM69hZRxdMjtSqcQpSN/?format=pdf&lang=pt

https://www.scielo.br/j/tce/a/RPGd7WQhG6bbszqZZzjG4Rr/?format=pdf&lang=pt

https://www.scielosp.org/pdf/csc/2018.v23n6/1751-1762/pt

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