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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

ANTROPOLOGIA CULTURAL E HUMANA


DOCENTE : Eduardo Lima Leite

SICKO: O LADO OBSCURO DO SONHO AMERICANO


Esse resumo tem como objetivo discutir como a saúde socializada contribui para
enfrentar as desigualdades sociais, uma vez que busca responder o seguinte
questionamento: como os valores/princípios que orientam os sistemas de saúde
influenciam a qualidade do serviço de saúde. Usa como base o documento audiovisual
do filme de 2007 intitulado de Sicko.
O documentário é uma narrativa que demonstra como o sistema de saúde
americano se estrutura em uma sociedade capitalista, especialmente como ela é tratada
como mercadoria. Diante disso, o diretor Michael Moore narra como isso impacta na
vida de milhões de estadunidenses, sobretudo no período que precede a crise imobiliária
de 2008, portanto, a obra audiovisual foi lançada em 2007. De certa forma, o projeto
busca comparar as companhias privadas de seguro-saúde, em detrimento com as
políticas públicas e sociais implantadas em países como França, Canadá, Reino Unido e
Cuba. Ou seja, apresenta resposta de como valores/princípios estadunidenses
influenciam a qualidade do serviço de saúde.
Diante disso, é expresso diversas situações em que pessoas estão em situações
insalubres, até mesmo se endividando ou precisando trabalhar em idade avançada para
conseguir remédios. Assim, as doenças pré-existentes são incumbidas de não receberem
tratamento cobertos por planos de saúde. Nesse caso, milhares de pessoas que nascem
com esses problemas em famílias ou espaços de vulnerabilidade não possuem acesso
básico ao tratamento e acompanhamento.
De maneira geral o documentário começa abordando como 50 milhões de norte-
americanos precisam lidar com a falta de políticas públicas de acesso à saúde, vale
ressaltar que esse número deve ter aumentado, principalmente com a extinção do
programa Obamacare nos governos americanos de 2016 a 2020. Assim, o diretor
apresenta a narrativa de milhares de pessoas que são afetadas cotidianamente pela falta
de programas de saúde, sendo o impacto disso para a população em vulnerabilidade
social e afrodescendentes.
Os primeiros casos apresentados são de dois brancos, cujo, ambos sofreram
acidentes, um está fazendo a própria satura em casa, utilizando equipamentos de
primeiros socorros sem nenhum tipo de procedimento de higiene. Enquanto o outro
perdeu dois dedos, embora, devido ao valor precisou escolher qual faria a
reestruturação. Em seguida, a esposa do homem comenta “é um sentimento horrível,
tentar colocar um preço em seu corpo” (MOORE, 2007, 02:30). Essas cenas iniciais é
algo mínimo, embora chocante para o que será exposto durante a obra.
De acordo com a produção, houve até mesmo uma busca por um sistema de
saúde sendo uma iniciativa da primeira-dama dos Estados Unidos na época Hillary
Clinton, embora a imprensa que era patrocinada por essas empresas de saúde foram
contra, usaram como forma de causar medo um jargão de “socializar a saúde”, ou seja,
uma prática de referência a políticas socialistas (MOORE, 2007, 32:50). A proposta não
deu certo, sobretudo no governo Bush, em seguida os opositores à proposta de saúde
social saíram do congresso e foram trabalhar para empresas privadas de saúde.
Assim, é perceptível a presença de uma política que busca o interesse
econômico, especialmente utilizando de projetos estruturados para manter o mercado de
saúde em alta, provocando uma desigualdade e limitando o acesso das pessoas a direitos
que deveriam ser básicos para o bem-estar social. Inclusive, esse mesmo conceito de
acesso universal à saúde é apontado no documentário, especialmente quando conta a
história de uma mulher estadunidense que busca a saúde atravessando a fronteira do
Canadá. Ao questionar uma cidadã canadense sobre a saúde pública ela responde “a
gente sabe que nos Estados Unidos as pessoas pagam pelo tratamento, mas a gente não
entende esse lance, porque não temos isso” (MOORE, 2007, 52:20).
Na Europa a história se repete, ou seja, há um espanto quando as pessoas
entrevistas descobrem que a saúde estadunidense é como se fosse mercadoria.
Especialmente por ser um país tão rico, embora, não haja investimento em saúde
pública. A desigualdade é tão alarmante que a qualidade de vida dessas pessoas é
afetada, diante disso há a diminuição da expectativa de vida, desencadeando outros
diversos fatores sociais.
Enquanto na américa latina é apresentando a perspectiva de saúde cubana, cujo
narrador diz “os cubanos são conhecidos por terem o melhor sistema de saúde
universal” (MOORE, 2007, 01:46:25). Assim apresenta dados significativos a
desigualdade, em comparação com os Estados Unidos, como por exemplo: a menor taxa
de mortalidade infantil, expectativa de vida mais longa e distribuição gratuita de
medicamentos. Diante disso, é perceptível que a saúde nesse país busca integrar a
sociedade com seus dilemas sociais.
O relato do documentário é um importante para compreender a relação saúde
com as práticas comerciais, sobretudo seu efeito para o aparecimento da desigualdade
entre milhões de pessoas. Sendo assim os grupos mais atingidos de pessoas em
vulnerabilidade social, partindo de um modelo de exclusão, cujo maior impacto é na
dignidade humana. Os valores capitalistas estão presentes, embora a partir de uma
pesquisa liberal (Estados Unidos da América) e outra do bem-estar social (Europa e
Canadá), além disso apresente a perspectiva socialista (Cuba). O principal papel desses
valores molda como esses sistemas funcionam, sobretudo na lógica capital, uma vez que
quando há interesse econômico a saúde é um como se fosse uma mercadoria, sendo
regularizada pelas iniciativas privadas.
Por fim, é possível compreender como práticas de saúde universais combatem a
desigualdade, oferecendo acesso independente de condição social, raça e gênero. Os
sistemas de saúde advindos de uma perspectiva privada diminuem o acesso a ela,
especialmente para tratamentos. Além disso, a busca pelo lucro é maior, sobretudo na
hora de cobertura, onde trechos do documentário mostram como as empresas de saúde
recusam a cobertura ou limitavam o acesso a procedimentos que deveriam ser padrões
(MOORE, 2007, 19:30). Assim, é perceptível a maneira como os valores/princípios
orientam os sistemas de saúde e influenciam na qualidade do serviço de saúde.

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