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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE


CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CESA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA: OFICINA V
PROFESSORA: MARIA GOMES FERNANDES
DISCENTE: ANA ÉRICA ARAÚJO FERRO

RESENHA DO FILME “SICKO S.O.S SAÚDE”

O filme é apresentado pelo cineasta Michael Moore que mostra como funciona o
sistema de saúde nos Estados Unidos, mostra o quanto os planos de saúde são
excludentes e acabam por prejudicar muito o acesso a tratamentos de saúde para a
população que precisa. Mostra também como funciona o sistema público de saúde de
alguns países.
Michael entrevista algumas pessoas sobre os problemas que tiveram com
planos de saúde, ou a falta deles, nos casos. Muitos casos e situações no filme são
problemáticas, e são mostrados apenas casos com pessoas brancas e aparentemente
de classe média, o que nos faz pensar como seria então a situação de pessoas negras,
que na grande maioria das vezes estão em situações mais vulneráveis.
Fica muito claro que o entendimento de saúde no país é tratado apenas como a
ausência de doenças. Não é levado em consideração todas as realidades e condições
de vida que interferem diretamente na saúde do indivíduo, coisas como: jornada
excessiva de trabalho, não ter direito a aposentadoria para não perder os benefícios de
saúde, situações de violência, habitação, educação, lazer. Tudo que interfere na
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qualidade de vida de um ser humano. O que leva a discussão da importância de outras


políticas, como a de assistência, para garantir um sistema de saúde eficaz.
Um dos casos relatados no filme se trata de um senhor, que mesmo com 70
anos de idade, não pode nem cogitar a possibilidade de sua aposentadoria, pois a
empresa na qual trabalha fornece os medicamentos essenciais para seu tratamento
gratuitamente. Assim, é obrigado a trabalhar até morrer na tentativa de prolongar a vida
com seu tratamento.
Os casos não param de piorar, os planos de saúde americanos são uma
máquina de extorquir dinheiro dos seus pacientes, aliás, clientes, pois é como são
tratados. Além de não cobrir muitas doenças que precisam de tratamento contínuo,
usam critérios absurdos para decidir se uma pessoa pode ou não aderir a algum plano,
como excesso de peso, ou o contrário, pessoas muito magras também são recusadas.
Os médicos dos planos de saúde mostrados no filme, não recebem exatamente
para cuidar dos pacientes, mas sim para recusar tratamentos que são considerados
mais caros. Quanto mais recusam, mais ganham; existe bônus para os médicos que
mais recusarem pacientes, pois assim fazem a empresa lucrar cada vez mais. Doenças
como diabetes, aids, bipolaridade, problemas respiratórios, dentre tantos outros não
recebem tratamento pelos planos, é necessário pagar por fora, sendo valores
absurdos.
Um dos maiores absurdos mostrados, é o fato de ter um setor exclusivo para
procurar doenças preexistentes e brechas na ficha de um cliente, para que assim
possa recuperar o dinheiro gasto com eles. Uma equipe inteira para revisar o histórico
médico dos últimos 5 anos, a fim de descobrir algo que possa ser usado para aumentar
o valor do plano ao ponto do paciente não conseguir bancar.
Quando Hillary Clinton foi a primeira dama fez uma tentativa de implantar um
programa de saúde pública e universal. Porém, nada que seja voltado a atender as
necessidades da população é bem vista por políticos conservadores de direita. Logo
esse programa foi associado a chegada do socialismo, controle do Estado sobre os
profissionais, salários ruins, era sinônimo de uma ditadura socialista. Então os
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profissionais defendiam uma saúde privada e com todo seu poder e dinheiro
conseguiram manter o sistema como estava e ainda mais lucrativo. Inclusive, a própria
Hillary que antes defendia um sistema público, foi vendida, recebeu grandes montantes
para silenciar quanto aos absurdos dos planos de saúde e o seu aumento de lucro
exorbitante.
Junto com a indústria dos planos, vem também a indústria farmacêutica, que
não fica atrás quando se trata de extorquir os que mais necessitam. Tal indústria
comprou vários congressistas para aprovarem uma lei que fazia com que idosos
tivessem que arcar com seus medicamentos. O ano era 2003, o país era governado
pelo ex-presidente Bush, que recebia o maior montante para apoiar tal lei.
Depois de mostrar o sistema de saúde da América, Michael Moore vai a outros
países mostrar como funciona, começa pelo Canadá que tem um sistema público e
com atendimento de qualidade. Em Londres, além do Sistema Nacional de Saúde -
SNS, os medicamentos são oferecidos na farmácia por um preço padrão e
adolescentes ou idosos com mais de 60 anos não pagam.
A saúde pública na Grã Bretanha começou após a 2ª Guerra Mundial, e é
mostrada como direito e não favor, o que é muito importante, inclusive para protestar e
reivindicar quando necessário. Pessoas dos países com um sistema de saúde gratuito
têm uma expectativa de vida maior que os americanos, isso também se deve a uma
qualidade de vida melhor.
É incrível como a imagem que vem à cabeça quando se fala de um sistema
público de saúde, como dever do Estado, é a de uma ditadura socialista onde o Estado
controla tudo e todos, com condições precárias de trabalho e de vida, falta de conforto
e liberdade. O que é mostrado nos países como Cuba, Londres, França é justamente o
contrário, uma saúde de qualidade, com tratamentos completos, uma medicina
preventiva que é muito importante também para a qualidade de vida.

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