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PSICOLOGIA

SOCIAL

Caroline Gonçalves
Nascimento
Revisão técnica:
Caroline Bastos Capaverde
Graduada em Psicologia
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica

P974 Psicologia social [recurso eletrônico] / Daiane Duarte Lopes...


[et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos Capaverde]. –
Porto Alegre : SAGAH, 2018.

ISBN 978-85-9502-524-0

1. Psicologia social. I. Lopes, Daiane Duarte.


CDU 316.6

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147


O debate pós-moderno:
psicologia e subjetividade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar a pós-modernidade a partir da inventividade subjetiva de


Jean-François Lyotard.
 Relacionar pós-modernidade e produção de subjetividade.
 Identificar as principais contribuições de Deleuze, Guattari e Negri
para o debate: capitalismo e produção de subjetividade.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a pós-modernidade e a produção de
subjetividade, bem como alguns elementos do capitalismo. Além disso,
vai conhecer a obra de pensadores importantes da filosofia e que são
essenciais na compreensão da psicologia social.
Primeiramente, você vai ver uma contextualização histórica sobre a
pós-modernidade. Assim, você vai compreender como aconteceram as
transformações desse período. Além disso, você vai estudar as relações
entre o capitalismo e a produção de subjetividade, e verá esses conceitos
a partir de filósofos importantes nesta área.
2 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

A pós-modernidade a partir da inventividade


subjetiva de Jean-François Lyotard
O período histórico conhecido como pós-modernidade tem suas caracterís-
ticas iniciais situadas no pós-Segunda Guerra. Nesse período, ocorreram
inúmeras transformações nos campos da política, da economia e da ciência.
Tais transformações acabaram desencadeando uma crise de valores sociais e
culturais. O pensador Jean-François Lyotard (1924–1998), que você pode ver
na Figura 1, foi um dos mais importantes filósofos da França na discussão
sobre a pós-modernidade. É nessa fase do pós-guerra que ele vê a abertura
para um potencial de inventividade subjetiva que acaba tornando-se uma
crítica ao capitalismo.

Figura 1. Jean-François Lyotard.


Fonte: Steven (2004).

Leia mais sobre Jean-François Lyotard acessando o link a seguir.

https://goo.gl/tLb9Ny
O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade 3

A pós-modernidade, para Lyotard, significa a liberação de uma tendência,


sobretudo positiva, ainda que, sob algumas perspectivas, complicada. No livro
A condição pós-moderna (1979), o autor destaca a crise das metanarrativas
modernas de emancipação, seja do homem, da razão ou da moral. Isto é: a crise
da legitimação dos discursos e práticas por meio de um referencial estável e
de um princípio de ordem universal.
François se refere à pós-modernidade como a um tempo em que há a
possibilidade de vínculos sociais não mais subordinados à unificação lo-
gocêntrica característica da era moderna, o que está longe de significar a
dissolução da sociabilidade. No fim das metanarrativas, o que importa não
é mais a legitimação de acordo com critérios universalistas, mas a dispersão
ou as particularidades de enunciados pragmáticos (NASCIMENTO, 2011).

Para compreender melhor o que são as metanarrativas, considere que um exemplo de


metanarrativa é o Iluminismo. Os iluministas acreditavam que a razão e seus produtos
levariam o homem à felicidade, emancipando a humanidade dos dogmas, mitos e
superstições dos povos primitivos. Outro exemplo de metanarrativa é o marxismo. Para
os marxistas, a história era impulsionada pelo confronto entre duas classes contraditórias,
a burguesia e o proletariado. Tal confronto resultaria na revolução do proletariado,
ou seja, numa sociedade sem classes, de plena liberdade e igualdade: o comunismo.
Sem perspectivas de grandes transformações, os pós-modernos voltam-se para os
diversos aspectos da vida social, em especial aqueles que objetivam maior racionali-
zação, tendo em vista o controle dos indivíduos. Além disso, eles renunciam ao desejo
de totalidade que norteava o pensamento moderno, ou seja, as metanarrativas. Assim,
desenvolvem uma visão fragmentada da vida cotidiana e dos indivíduos também
fragmentados, culminando no fim das metanarrativas (NASCIMENTO, 2011).

Pós-modernidade e produção de subjetividade


A seguir, você vai se familiarizar melhor com a pós-modernidade enquanto
linha de pensamento questionadora. Depois disso, você vai estudar a produção
de subjetividade na pós-modernidade.
4 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

Compreendendo a pós-modernidade
A pós-modernidade é uma linha de pensamento que propõe questionamentos
às noções clássicas de verdade, razão, identidade e objetividade, bem como à
ideia de progresso ou emancipação universal, aos sistemas únicos, às grandes
narrativas ou aos fundamentos definitivos de explicação. Essa corrente enxerga
o mundo como contingente, gratuito, diverso, instável, imprevisível, composto
por um conjunto de culturas ou interpretações desunificadas. Como você pode
imaginar, isso tudo gera certo grau de ceticismo em relação à objetividade da
verdade, da história e das regras, assim como em relação às idiossincrasias e
à coerência de identidades (NICOLACI-DA-COSTA, 2004).
Existem dois meios de interpretar as transformações que ocorreram durante
a pós-modernidade. O primeiro diz respeito às condições contemporâneas de
produção de conhecimento. De modo geral, o debate da pós-modernidade em
torno da primeira ideia compreende as transformações desse período como
decorrentes da utilização intensa das tecnologias da informática e do acesso
cada vez mais amplo e rápido às informações. As tecnologias da informa-
ção estão no cerne do rompimento com a forma moderna de produção de
conhecimento. Já para o segundo meio de interpretação, a pós-modernidade
decorre de um modelo de capitalismo tardio ou neoliberal em que a produção
está organizada em torno do consumo de bens materiais, de informação e de
cultura (GONÇALVES, 2007).
A pós-modernidade surge para desconstruir os conceitos e ideias propagadas
pela modernidade, rompendo com a lógica do passado e introduzindo, por meio
de transformações ideológicas, uma nova visão de mundo e sociedade (ARAUJO;
VIERA, 2015). A palavra “desconstruir” diz muito sobre o que propõe a pós-
-modernidade. Além disso, você pode inferir que a concepção e a maneira como
se percebe e pratica a educação também estão em processo de desconstrução.
Dessa forma, a pragmática da pós-modernidade não é pautada em um fim
teleológico ou em um bem maior (não se busca uma sociedade igualitária ou
o paraíso), pois estes já não têm efeitos de verdade prática. Ela é pautada na
maximização da eficiência, que pode ser traduzida em: mais poder. Nesse
sentido, a abordagem do filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925–2017) se
difere da de Lyotard na medida em que o primeiro procura explicar as relações
sociais a partir (principalmente, mas não unicamente) da sociologia, deixando
a análise discursiva, a linguagem, para segundo plano. Bauman prefere chamar
a contemporaneidade de modernidade líquida, e não de pós-modernidade.
Para ele, não há uma clara ruptura, e sim uma mudança na continuação da
modernidade (SIQUEIRA, 2014).
O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade 5

Originando-se sobretudo na dimensão cultural, o conceito de pós-moder-


nismo (ou pós-modernidade) buscou abranger um número cada vez maior de
dimensões na sociedade, trazendo a visão de que as sociedades industriais
sofreram uma grande transformação (SÁ, 2006). Contudo, a pós-modernidade
nega a materialidade como definição daquilo que de fato é o real, mas atribui
à realidade o sentido que os sujeitos podem dar às coisas. A forma como esse
sentido é dado varia, e cada linha de pensamento tem sua própria maneira de
explicar a construção da realidade. Contudo, o fundamental é essa experiência
do mundo como algo que precisa de sentido, pois nele mesmo não há nenhum.

A pós-modernidade é caracterizada pela ruptura com os ideais iluministas defendidos


durante a era moderna, como os sonhos utópicos da construção de uma sociedade
perfeita com base em princípios tidos como verdadeiros e únicos.
Entre outras características de destaque, você deve dar ênfase para:
1. a substituição do pensamento coletivo e a emersão do sentimento de individua-
lismo, representado pelo narcisismo, pelo hedonismo e pelo consumismo;
2. a valorização do aqui e do agora (carpe diem);
3. a hiper-realidade (mistura entre o real e o imaginário, principalmente com o auxílio
das tecnologias e ambientes online);
4. a subjetividade (nada é concreto e fixo, assim a ideia antes tida como verdadeira
passa a ser interpretada apenas como mais uma no conjunto das hipóteses);
5. o multiculturalismo e a pluralidade (frutos da globalização e da mistura entre
características típicas de cada cultura, por exemplo);
6. a fragmentação (mistura e união de vários fragmentos de diferentes estilos, ten-
dências, culturas, etc.);
7. a descentralização;
8. a banalização ou ausência de valores (SIGNIFICADO..., 2018a).

A produção de subjetividade na pós-modernidade


Na medida em que as necessidades capitalistas foram se revelando, foi preciso
criar um novo modelo de sujeito: um indivíduo que atendesse às necessidades
de organização social, cultural e econômica. Na era moderna, havia deter-
minadas relações entre sujeito e dimensões sociais capazes de construir uma
subjetividade peculiar àquele tempo. Já na pós-modernidade, por meio de
modos de subjetivação característicos, se constrói um sujeito perpassado por
uma subjetividade individualizada (GONÇALVES, 2007).
6 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

Na psicologia, o conceito de indivíduo muitas vezes se apresenta como um


a priori não problematizado, tanto nas suas formulações teóricas quanto em
seus desdobramentos prático-profissionais. Muitas discussões travadas sob o
suporte de dicotomias como indivíduo/sociedade, natural/social e inato/adqui-
rido pressupõem a existência de um indivíduo naturalizado e desenvolvem-se
sem uma reflexão devida sobre esses pressupostos.
A categoria indivíduo é a representação básica da subjetividade pós-mo-
derna. Ela se caracteriza por uma exacerbação da “liberdade” individual,
que desconsidera as condições concretas disponíveis para o seu exercício.
A liberdade é o valor principal, a partir do qual todos os outros valores são
avaliados; ela é a referência para a sabedoria no que diz respeito às normas
supraindividuis que devem ser mantidas (MANCEBO, 2002). Se na moder-
nidade a humanidade abria mão de certo grau de liberdade em troca de uma
segurança relativa, no pós-moderno ela prefere a liberdade em detrimento de
qualquer estabilidade.
A subjetividade provoca algumas transformações nas relações entre os
sujeitos. Os princípios comunitários, por exemplo, atravessam uma profunda
crise. Se ao longo da modernidade as práticas coletivas e classistas ganharam
fôlego, diante do estímulo neoliberal de competição, elas se afogam. Outra
característica é a crescente valorização da interioridade e a busca de felicidade
individual em detrimento do bem coletivo e do outro (GONÇALVES, 2007).
Você deve notar que o indivíduo é apenas um dos modos de subjetivação
possíveis. Cada época e cada sociedade põem em funcionamento alguns desses
modos. Porém, essa categoria detém o modelo hegemônico de organização
da subjetividade na pós-modernidade. Em outros termos, um dos universais
da modernidade ocidental é a suposição dominante de que o homem, na sua
constituição mais íntima, é o centro e o fundamento do mundo. Ao longo dos
tempos, construiu-se a expectativa de cultivo e respeito à interioridade, por
meio da proteção da privacidade, e instituiu-se uma nítida separação entre
as esferas públicas e privadas da vida. No entanto, a produção de subjetivi-
dade foi longa e continua sofrendo modificações intensas até a atualidade
(MANCEBO, 2002).
O pós-modernismo, portanto, ignora a dimensão perdida do sujeito, pois
enfatiza o caráter de multiplicidade e flexibilidade da subjetividade, buscando
tirá-la de qualquer substancialismo a priori ou intrínseco. O sujeito pós-
-moderno acredita, sim, num indivíduo fundamentalmente positivo, em que
determinações variadas convivem sem serem hierarquizadas.
O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade 7

Contribuições de Deleuze, Guattari e Negri


Existe uma relação peculiar entre os processos de subjetivação e o modo de
funcionamento do sistema capitalista. O segundo cada vez mais se entrelaça ao
primeiro. Além disso, ao contrário dos marxistas e progressistas, os capitalistas
procuram investir cada vez mais no novo nicho da subjetivação, expropriando-
-o e lhe impondo ostensivamente uma lógica de correlação de valor. Daí o
entendimento de que o capitalismo promove como sua principal estratégia de
expansão a captura dos processos de subjetivação (SOARES, 2016).
Na era moderna, o capitalismo conheceu sua forma baseada na produção e
nas teorias econômicas liberais. A revolução industrial e tecnocientífica trouxe
em seu bojo um mundo de estabilidade, visto por meio de discursos científicos
unificados e universalizados. Além disso, para garantir a sustentabilidade das
necessidades produtivas do capital industrial, surgiram técnicas disciplinares,
originadas a partir do séc. XVIII (GONÇALVES, 2007). No Quadro 1, a
seguir, você pode ver as fases do capitalismo.

Quadro 1. Fases do capitalismo

Capitalismo Ficou em vigor do século XV ao XVIII e seu


comercial ou propósito era o acúmulo de capital, a exploração
mercantil de terras e a comercialização de bens, sempre
com o objetivo de enriquecimento.

Capitalismo Consolidou-se no século XVIII, a partir da transformação


industrial do sistema de produção, e envolveu a mudança
dos produtos manufaturados para grandes escalas
de produção, ou seja, os trabalhos artesanais
passaram a ser realizados pelas máquinas.

Capitalismo Teve início após a Segunda Guerra Mundial e


financeiro ou corresponde a um tipo de economia capitalista em
monopolista que o grande comércio e a grande indústria são
controlados pelo poder econômico dos bancos
comerciais e de outras instituições financeiras.

Capitalismo Surgiu no período pós-Guerra Fria, que corresponde


informacional, ao período econômico e social marcado pelo
cognitivo ou do avanço da globalização, dos computadores,
conhecimento dos telefones digitais, da robótica e da internet.
É o período que se vive na atualidade.

Fonte: Adaptado de Significado… (2018b).


8 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

A seguir, você pode conhecer alguns dos principais pensadores da


pós-modernidade.

Félix Guattari (1930–1992)


Foi um filósofo francês, psicanalista e militante revolucionário. Produziu muitos
textos, militou política e ativamente tanto nas organizações tradicionais como
na maioria dos grupos alternativos importantes do seu tempo. Além disso, criou
uma série de movimentos e dispositivos políticos que tiveram papel fundamental
na tentativa de transformação dos períodos moderno e pós-moderno. Guattari
(1992) atribuía às tecnologias de comunicação, especialmente às mais recentes,
como as mídias eletrônicas, a informática e a telemática, o papel de operar na
heterogênese do humano, contribuindo para a produção de novas subjetividades.
O filósofo francês afirmava que esse movimento se dava a partir de com-
ponentes semiológicos significantes que se manifestavam por meio da família,
da educação, do meio ambiente, da religião, da arte, do esporte; ou por meio
de elementos fabricados pela indústria dos media, do cinema, etc.; e também
por dimensões semiológicas a-significantes. Nesse sentido, entram em cena
máquinas informacionais de signos, funcionando paralela ou independente-
mente pelo fato de produzirem e veicularem significações e denotações que
escapam às axiomáticas propriamente linguísticas.
Quando Guattari criou a concepção de produção de subjetividade capitalista,
o filósofo procurava construir um termo que pudesse designar não apenas as
sociedades qualificadas como capitalistas, mas também setores do “terceiro
mundo”, do capitalismo “periférico” e ainda das economias ditas socialistas.
Ou seja, ele agrupou tais sociedades sob a designação de capitalistas porque
enxergava nelas uma semelhança na maneira de produzir e conduzir a economia
e a subjetividade dos indivíduos (GUATTARI, 1992; CAMARGO, 2014).

Assista ao vídeo disponível no link ou no código a seguir


para entender a pós-modernidade a partir de pontos essen-
ciais esmiuçados pelo professor Juremir Machado da Silva.

https://goo.gl/Ak8i9D
O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade 9

Gilles Deleuze (1925–1995)


Foi um filósofo francês que utilizou o cinema para expor sua forma de pen-
samento, criando os conceitos de imagem-movimento e imagem-tempo. Foi
ele quem teorizou as instâncias do atual e do virtual (já elaboradas por outros
pensadores). Ao apresentar questões constituintes da sociedade de controle,
Deleuze (1992) assinalou que o controle em meio aberto operava instanta-
neamente, por modulações velozes, produzindo subjetividades endividadas
e empresariais. O filósofo afirmava que tudo uma hora ou outra se tornaria
mercado, investimento e marketing. Ainda salientava o quanto as marcas ga-
nhariam a expressão de signos das relações e dos corpos, mediando processos
de subjetivação pautados na racionalidade empresarial.
O mercado seria o agenciador das maneiras de viver e pensar, a partir da
compra e venda de serviços a todo instante. O pensador se referiu também
a uma visão clichê de uma solução de marketing, mercado e utilitarismo na
sociedade de controle, materializada no neoliberalismo, racionalidade que
criou solo para a emergência da vigilância como tecnologia eficaz da gestão
dos corpos, operando pelo capitalismo (LEMOS; REIS JÚNIOR, 2016).

Antonio Negri (1933)


É um filósofo político marxista italiano. Entre os temas centrais da obra de
Negri, estão o marxismo e a globalização, o anticapitalismo, o pós-modernismo,
o neoliberalismo, a democracia, o comum e a multidão. Sua produção constitui
uma análise altamente original do capitalismo tardio. Negri (1992) concebe a
subjetividade como algo que se baseia num primado coletivo, sendo fundamento
do que se denomina poder constituinte ou poder da multidão.
Esse pensador constrói as bases para o desenvolvimento de uma teoria
política afirmativa de uma proposição coletiva, como opção na construção
de estratégias de enfrentamento ao processo de captura engendrado pelas
entidades denominadas transcendentais, entre elas o Estado e o próprio capi-
talismo. Trata-se, no cenário da modernidade e no processo de afirmação do
capitalismo, da imposição de um poder constituído transcendente em oposição
a um poder constituinte imanente (SOARES, 2016).
Quando constata a existência de uma dimensão heterogênea como uma das
características da multidão, Negri (1992) discute a produção de subjetividade
em seus escritos, afirmando que essa produção acontece na estreita relação
entre o poder constituinte e o tempo.
10 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

A publicidade tornou-se o principal meio para o capitalismo atingir seu objetivo. Ela é
um método eficaz e lucrativo para as empresas anunciantes alcançarem as empresas
comerciantes e seus futuros clientes.
Um exemplo de capitalismo na atualidade é a venda de publicidade em grandes
sites da internet. Essa forma de publicar determinado produto faz jus à premissa do
sistema capitalista: quanto mais se acumular, mais renda se obterá. Nesse caso, quanto
mais o produto estiver disponível como publicidade em diversos sites, mais chances
o empreendedor terá de comercializá-lo.

1. Jean-François Lyotard descreve seu papel, e por isso há essa


a pós-modernidade como “uma descrença a respeito delas.
espécie de descrença em relação e) Foi na pós-modernidade
às metanarrativas”. O que o filósofo o momento em que as
quis dizer com essa afirmação? metanarrativas surgiram com
a) Foi na pós-modernidade o intuito de continuarem
o momento em que as crescendo, e por isso há essa
metanarrativas começaram a descrença a respeito delas.
se difundir, e por isso há essa 2. A produção de subjetividade deve
descrença a respeito delas. ser concebida como a produção
b) Foi na pós-modernidade de um modo de existência.
o momento em que as Qual categoria mais representa
metanarrativas surgiram, e a produção de subjetividade
por isso há essa descrença na pós-modernidade?
a respeito delas. a) Capitalismo
c) Foi na pós-modernidade b) Indivíduo
o momento em que as c) Sociedade
metanarrativas entraram d) Política
em crise, e por isso há essa e) Ética
descrença a respeito delas. 3. Pode-se dizer que a produção
d) Foi na pós-modernidade de subjetividade acontece por
o momento em que as meio de fenômenos relativos à
metanarrativas entraram em vida. Em outras palavras, como
crise e logo depois retomaram se estabelece a subjetividade?
O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade 11

a) Nem toda subjetividade é c) O capitalismo promove


relacional e permeada por uma como seu principal plano
força de variação oposta à vida. de expansão a conquista
b) Nem toda subjetividade é dos processos de produção
relacional e permeada por uma de subjetividade.
singularidade dos sujeitos. d) Os processos de subjetivação
c) Toda subjetividade é não escapam nunca do
relacional, mas não são controle dos dispositivos
permeadas por dimensões de poder dominantes.
adquiridas durante a vida. e) O capitalismo jamais
d) Nem toda subjetividade é produziu modos de
relacional e permeada por relações humanas em suas
dimensões dadas que não representações políticas.
foram vivenciadas durante 5. As mudanças que ocorreram nas
a existência do indivíduo. formas de poder relacionam-se
e) Toda subjetividade é relacional às transformações decorrentes
e permeada por dimensões do capitalismo. Quais são
dadas e vivenciadas durante essas transformações?
a existência do indivíduo. a) O capitalismo deixa de ser
4. Algumas concepções dos produção e concentração
processos de subjetividade e começa a vender
fornecem mecanismos para que serviços e ações.
se possa analisar o capitalismo. b) São extintas as formas de
Qual a principal relação do exercício do poder capital.
sistema capitalista com a c) Se desconstroem as noções
produção de subjetividade? de liberdade controlada.
a) O capitalismo produz os modos d) Cria-se o fenômeno de
das relações humanas até em industrialização da subjetividade
suas representações conscientes. produzida de forma coletiva.
b) A subjetividade e o capitalismo e) Não são canalizados fluxos
emergem somente da a favor do consumo.
singularidade do sujeito.
12 O debate pós-moderno: psicologia e subjetividade

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SILVA, M. V. F. A. Influência da publicidade na relação de consumo. Jus, 2004. Disponível
em: <https://jus.com.br/artigos/4982/influencia-da-publicidade-na-relacao-de-
-consumo>. Acesso em: 3 jul. 2018.
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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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