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O QUE É ATENÇÃO COMPARTILHADA?

Profa. Michelle Costa Beato

RESUMO

De acordo com a Análise do Comportamento Aplicada, atenção definida


operacionalmente é um comportamento que ocorre sob determinado controle
de estímulos. Então tudo dependerá das consequências desse comportamento,
se a resposta será reforçada ou se passará por um processo de punição.
Muitas crianças com autismo acabam evitando o contato social, uma vez que,
esse comportamento está associado a uma demanda que parte de um adulto,
ou seja, elas sabem que estes indivíduos irão solicitar algo, por isso evitam o
contato visual.
A atenção está relacionada com os “Estímulos que sinalizaram
consequências importantes no passado têm uma probabilidade maior de
exercerem controle sobre o nosso comportamento” (MARTIN; PEAR, 2009, p.
107). Como por exemplo: atenção no trânsito para evitar uma multa.
De acordo com Sella e Ribeiro (2018, p. 41), os marcos do
desenvolvimento infantil são:

- 4 meses: sorriso social, seguir objetos com o olhar, ficar de bruços,


levantar a cabeça e os ombros;
- 6 meses: virar a cabeça na direção de uma voz ou de um objeto sonoro,
fazer “tchau” e bater palmas, reagir quando é chamada pelo nome,
balbuciar;
- 9 meses: seguir com o olhar os gestos de apontar do adulto, usar sons
para chamar atenção, apresentar reações a pessoas estranhas, sentar
sem apoio, engatinhar, reconhecer pessoas familiares, mostrar
expressões faciais de afeto e imitar sons;
- 12 meses: apontar para objetos do interesse, utiliza o gesto de apontar
para compartilhar atenção com o adulto, seguir instruções simples (1
comando), andar sozinha, falar de 1 a 3 palavras;

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- 18 meses: falar de 10 a 25 palavras, apontar objetos de acordo com o
nome, mostra alegria ou tristeza quando vê alguém chorar ou sorrir,
demonstrar vergonha quando observada, engajar em brincadeiras de faz
de conta;
- 2 anos: vocabulário com mais de 50 palavras, estruturar frases com
duas palavras, mostrar interesse e observar crianças brincando em
paralelo, seguir instruções com 2 comandos.
Em outras palavras

“A atenção compartilhada (ou atenção conjunta, MUNDY; NEWELL,


2007) é a habilidade da criança em coordenar sua atenção com a de
seu interlocutor. A criança consegue tanto rastrear a direção do olhar
ou dos gestos do adulto, quanto utilizar o seu próprio olhar ou gestos
para coordenar a atenção do adulto para algum aspecto do mundo
que ela esteja atenta”. (SELLA; RIBEIRO, 2018, p. 40)

Do mesmo modo que é importante a criança responder à atenção


compartilhada, é preciso que ela inicie também essa forma de atenção. Por
exemplo: apontando para objetos e direcionando a atenção do adulto. Assim, a
atenção compartilhada é uma habilidade precursora do desenvolvimento da
socialização.
Crianças com autismo terão comprometimentos nas áreas de
comunicação e socialização, então a atenção compartilhada é prejudicada,
muitas vezes elas não possuem e, por isso, precisam ser ensinadas. Ou seja,

“Duas falhas de repertório significativas e usualmente frequentes em


pessoas com TEA, as quais envolvem comprometimento nas áreas
de comunicação e socialização, são a atenção compartilhada e a
capacidade de perceber os outros e a si próprio”. (MARTONE;
SANTOS-CARVALHO, p. 76)

“Diversos estudos prospectivos têm identificado os déficits na atenção


compartilhada como um importante preditor de risco de TEA. Cassel
et al. (2007), Sullivan et al. (2007) e Presmanes et al. (2007)
investigaram a atenção compartilhada em crianças com DT e em
risco de TEA. Foram observados sinais como a diminuição do olhar
para os olhos do adulto, habilidades sociais, linguagem, a tendência
em imitar as pessoas, bem como o uso mínimo de gestos e sorrisos
em resposta ao adulto quando comparado às crianças com DT. Os
resultados apontaram que bebês com risco de TEA precisavam de
mais auxílio do adulto para responder às solicitações de atenção”.
(SELLA; RIBEIRO, 2018, p. 43)

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Por isso a atenção compartilhada está muito relacionada com o
diagnóstico de autismo.
Existem procedimentos para ensinar a iniciar a atenção compartilhada,
sendo eles, o atraso de dica, prompting e reforçamento positivo (TAYLOR;
HOCH, 2008); a instrução, prompting, fading e reforçamento positivo
(POLLARD; BETZ; HIGBEE, 2012). A seguir definiremos cada um desses
procedimentos.
Atraso de dica: o adulto atrasa a ajuda dada para a criança emitir o
comportamento alvo (QUEIROZ, 2017);
Prompting: fornece assistência ou dicas para encorajar o uso de uma
habilidade específica. Utilizado em situações antecedentes (alguns tipos:
verbais, gestuais, ajuda física);
Fading (esvanecimento): transferência gradativa do controle de um
estímulo para outro que, por repetições, obtém a mesma resposta por meio de
um estímulo modificado parcialmente ou de um novo estímulo;
Reforçamento positivo: fortalecimento de uma resposta causada pela
apresentação de determinado estímulo a ela contingente (SANTOS; LEITE,
2013, p. 11).
Concluindo, foi falado sobre a atenção compartilhada, que é a
capacidade daquele indivíduo compartilhar sua atenção com o interlocutor. Na
qual, ele mostrará uma situação para um adulto ou para outra criança e o
contrário também pode ocorrer. E, que as diferentes formas de ensinar a
atenção compartilhada é por meio do fading, do prompting, do reforçamento
positivo e outras formas como o atraso de dica.

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