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DELINEAMENTO DIAGNÓSTICO

COMPORTAMENTAL
Esta análise não tem como objetivo propor categorias diagnósticas, e sim, deve servir como base
para a tomada de decisão sobre as técnicas de intervenção terapêutica, de acordo com problema
apresentado pelo paciente.
A obtenção de dados de várias formas oferece uma base satisfatória para tomada de decisões,
sobre quais áreas e que tipo de intervenção se faz necessária, além de seus métodos de tratamento,
e a série de objetivos que se pretende atingir.

ANÁLISE INICIAL DA SITUACAO PROBLEMÁTICA


Uma análise inicial tem como objetivo selecionar os comportamentos que são trazidos ao clínico
com vista aos procedimentos de tratamento. O repertório do paciente deve ser muito diferente do
que é exigido como um ajustamento adequado às dadas circunstâncias, principalmente por causa
da freqüência na qual os vários atos ocorrem. Deve-se se dar atenção também ao repertório
comportamental que não é problemático e a presença de comportamento que representa especial
força qualitativa e quantitativamente e que são ferramentas especiais disponíveis no tratamento.
A pesar da classificação comportamental em excessos e déficit ser conceitualmente útil, está
claro que pessoas possuem um repertório muito rico e em mudança contínua. Essa classificação
inicial pode não ser apropriada, uma vez que mudanças nas condições de vida do paciente e em
sua atividade geral podem começar a ocorrer.
1. Excessos Comportamentais
Esta classe de comportamentos ocorre e é descrita como problemática pelo paciente ou pelo seu
informante porque excessos em freqüência, intensidade, duração ou ocorrência sob dadas
condições, ocorrem quando a freqüência socialmente sancionada aproxima-se do zero.
Desde que não há uma tabela objetiva de freqüência que sirva de referência, os comportamentos
podem ser vistos quer como excessos ou como déficit, dependendo do ponto de vista. Por exemplo,
isolamentos excessivos ou déficit na iniciativa social, excessivas respostas a estímulos emocionais
e comportamento de autocontrole deficiente podem ser complementares. Entretanto uma decisão
sobre o ponto de início do tratamento é necessária, levando o clínico a um conjunto de prioridades
para o tratamento que mais tarde pode ser revisto ou mudado. Preferência para ver o
comportamento em termos de excessos ou déficit é freqüentemente determinado por valores
culturais, baseado nas conseqüências para as pessoas. Por exemplo, no caso de uma resposta
de explosão física de uma criança a uma crítica, pode ser vista como um excesso comportamental
agressivo, levando à decisão de reduzir tais ocorrências por punição ou extinção. Uma clara
diferença resulta se olharmos o mesmo comportamento como um déficit no autocontrole, que
deve ser remediado treinando a criança a substituir por uma resposta alternativa aceitável. Uma
outra alternativa pode ser resultado de ambas estas análises, O terapeuta pode decidir e treinar
a criança em discriminar entre “dicas” que indicam o potencial de aceitação e rejeição do
comportamento pelos membros da sociedade a um reforçamento diferencial para explosões físicas
em situação de esporte, como boxe, por exemplo.
2. Déficits Comportamentais
Uma classe de respostas é descrita como problemática por alguém porque falha em ocorrer:
a. com suficiente freqüência
b. com intensidade adequada
c. de forma apropriada
d. sob condições socialmente esperadas
3. Acertos Comportamentais
Acertos comportamentais são os comportamentos não problemáticos. O que o paciente faz bem?
O que são comportamentos socialmente adequados? Quais são suas principais qualidades e
acertos?

ESPECIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA


(antecedentes e conseqüentes, condições e ganhos secundários)
a.assinalar as classes de respostas problemáticas no grupo 1 ou 2 acima citados b) que pessoas
ou grupo opõem a esses comportamentos ? que pessoas ou grupos os sustentam? Quem
persuadiu ou obrigou o paciente a vir à terapia?
b.quais conseqüências o problema tem para o paciente e seus significantes? Que conseqüências
teriam a remoção do problema para o paciente e seus familiares?
c.Sob quais condições o comportamento problemático ocorre? (biologicamente, simbólico, social,
vocacional, etc.)
d.Que satisfação continuaria a ter para o paciente se seus comportamentos problemáticos
mudassem? Como o paciente continuaria a viver se a terapia fosse mal sucedida, isto é, se nada
no seu comportamento mudasse?
e.Quais novos problemas de vida uma terapia bem sucedida imporia ao paciente?
f. Em que extensão o paciente é o único informante capaz de ajudar no desenvolvimento do
programa terapêutico?

ANÁLISE DE MOTIVAÇÃO
(reforços)
a.Como o paciente avalia ou dimensiona os vários incentivos em termos de importância para ele.
Baseado no julgamento do gasto de tempo, energia e desconforto físico para o paciente, quais os
seguintes eventos reforçadores são relativamente mais eficientes em iniciar e manter seus
comportamentos:
b.Reconhecimento, simpatia, amizade, dinheiro, boa saúde, satisfação sexual, competência
intelectual, etc.
c.Quão freqüente e regular tem sido seus sucessos com estes reforçadores? Quais são suas
expectativas?
d.Sob quais condições específicas cada um desses reforçadores atinge um comportamento final?
(biológico, simbólico, social e vocacional).
e.Suas ações com relação a esses objetivos correspondem a suas afirmações verbais?
f. Quais pessoas ou grupos têm controle mais efetivo e generalizado sobre seu comportamento?
g.O paciente pode relatar contingências de reforçamento a seus próprios comportamentos, ou
ele refere-se ao reforçamento como fatores casuais incontroláveis (comportamentos supersticiosos,
crenças em sorte, milagres)?
h.Qual é o maior estímulo aversivo para o paciente: em sua vida diária imediata? No futuro? Há
sensações corporais, convicções em doenças, medo de doença que serve como estímulo aversivo
importante para mudança? Quais são seus medos, conseqüências que conta ou teme? Riscos
que ele corre?
i. O programa de tratamento dá ao paciente satisfação associada a seus problemas, isto é, status
de invalidez na família ou trabalho, doença como justificativa para erros ou expectativas sobre si
mesmo e outros.
j. Quais eventos de valor reforçador conhecidos podem ser utilizados para aprender novas
habilidades interpessoais e auto-atividades durante o tratamento? Em quais áreas e por quais
formas as conseqüências positivas podem ser arranjadas para seguir comportamentos desejáveis,
no lugar de conseqüências aversivas anteriores?

ANALISE DO DESENVOLVIMENTO
(história, mudanças biológicas, sociais, comportamentais)
a. Mudanças Biológicas
· Quais as limitações no equipamento biológico do paciente? (déficit na visão e audição, resíduos
de doenças, tais como ataque do coração, poliomielite) como essas limitações iniciaram ou
mantiveram os comportamentos indesejáveis (constrição comportamental por fadiga, expressar
socialmente seus déficits). Podem as expectativas auto-limitadoras do paciente interferir com
conseqüências a serem mudadas?
· Como e quando os desvios biológicos e as limitações se desenvolveram? O que foi feito e por
quem? Desenvolveu alguma resposta específica?
· Como tais condições biológicas limitam as respostas ao tratamento ou a resolução de seus
problemas?
b. Mudanças Sociais
· Quais as características mais importantes presentes no meio sócio-cultural do
paciente?(ambiente urbano versus ambiente rural, afiliação religiosa, status sócioeconômico,
afiliação étnica)
· Tem havido mudanças no ambiente que são pertinentes ao comportamento do cliente? Se
sim há quanto tempo, quão permanentemente e sob quais condições essas mudanças ocorreram.
· Como o paciente vê as mudanças?
· Os diferentes papéis desempenhados pelo paciente aos vários ambientes sociais são
congruentes uns com os outros? Se os papéis forem incongruentes, esta incongruência é pertinente
a seus problemas?
· Os comportamentos problemáticos ocorrem em todos ou em apenas alguns ambientes?
· Como fatores sociológicos identificáveis no comportamento problemático pode ser colocado
em relação ao programa de tratamento?
c. Mudanças Comportamentais
· Antes do tempo da queixa o comportamento do paciente mostrou-se desviantes quando
comparado às normas sociais e de desenvolvimento? Se sim, qual foi à natureza da mudança
nos comportamentos rotineiros de autos cuidados e afirmações verbais em direção a si e aos
outros? Sob quais condições essas mudanças foram notadas pela primeira vez?
· Podem ser identificados eventos biológicos, sociais e sociológicos na vida do paciente que
parecem estar relacionados às mudanças comportamentais?
· Essas mudanças foram caracterizadas por: emergência de um novo comportamento, mudança
na intensidade e freqüência de comportamentos estabelecidos ou não ocorrência e comportamento
prévios?
· Sob quais condições e ambiente social essas mudanças foram primeiramente notadas?
Estenderam-se à outros ambientes sociais desde que o comportamento problemático foi notado
pela primeira vez?
· Essas mudanças estão à exposição do paciente a indivíduos significantes ou grupos dos
quais poderia aprender novos padrões de reforçamento ou comportamento? Pode o comportamento
problemático ser traçado como um modelo no ambiente social do paciente, de quem ele aprendeu
essas respostas?

ANÁLISE DE AUTOCONTROLE
· Em que situações o paciente controla os comportamentos problemáticos? Como consegue
tal controle, controlando a si mesmo ou aos outros?
· Os comportamentos problemáticos são seguidos por conseqüências aversivas pelos outros?
Essas conseqüências reduzem a freqüência do comportamento problemático ou somente as
condições sob as quais ocorre?
· O paciente adquiriu algum autocontrole em evitar situações que conduzem à execução de
seu comportamento problemático?
· Há correspondência entre o que o paciente verbaliza e o que observa em termos de
autocontrole?
· Que condições a pessoa e reforçadores tendem a mudar seu comportamento autocontrolado?
· Em que extensão o auto-controlado paciente pode ser usado no programa de tratamento? Ou
se tem que usar drogas para aumentar o autocontrole.

ANÁLISE DAS RELAÇÕES SOCIAIS


Quem é a pessoa mais significante para o paciente? A quais pessoas ou grupos é mais responsivo?
Quem facilita comportamentos construtivos? Quem provoca comportamentos antagonistas — ou
problemáticos? Essas relações podem ser categorizadas de acordo com alguma dimensão que
irá classificar os padrões comportamentais do paciente (ex: o paciente responde de uma forma
submissa ou hostil a qualquer pessoa idosa)?
Nesta relação, pelo uso de quais reforçadores ou participantes influenciam um ao outro? Por
exemplo, uma análise pode revelar um pai que sempre mima um filho delinqüente cuja punição
pública possa ser embaraçosa para o pai.. A cessação do reforçamento positivo, ou, punição são
claramente assinaladas?
O que o paciente espera das pessoas em palavras e ações? No que se baseiam suas expectativas
verbais?
O que essas pessoas esperam do paciente? Há consistência entre as expectativas dos outros e
do paciente sobre ele mesmo.Como as pessoas que influenciam o paciente, podem participar do
tratamento?

ANÁLISE DO AMBIENTE SÓCIO-CULTURAL E FÍSICO

Quais são as normas do meio social do paciente para os comportamentos sobre os quais ele se
queixa?
Estas normas são similares aos vários ambientes no qual o paciente interage, isto é, casa e
escola, amigos e pais, trabalho e ambiente social, etc? Se não, quais são as maiores diferenças
em comportamentos exigidos em um, mas não em outros ambientes?
Quais são as limitações no ambiente do paciente que reduz sua oportunidade de reforçamento:
social, intelectual, sexual, vocacional, econômico, religioso, moral ou restrições físicas impostas
pelo ambiente.
Em qual porção do ambiente o comportamento problemático do paciente é mais aparente, mais
problemático, ou mais aceito? A congruência entre os diferentes ambientes pode ser aumentada
ou o paciente pode ser ajudado eliminando-se a dissonância ambiental?
Seu ambiente vê os procedimentos psicológicos como apropriados para ajudá-lo a solucionar
seus problemas? Há suporte em seu ambiente para mudanças em atitudes ou valores que uma
psicoterapia bem sucedida pode requerer?

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