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IMPLEMENTAÇÃO

Deivid Sampaio
Produzido por Deivid Sampaio

PARÂMETROS DE EFICÁCIA PARA UMA


INTERVENÇÃO COM ABA PARA TEA

Ser precoce, devendo Ser intensiva, com 15 a


ocorrer antes dos 3 anos 40 horas de intervenções
de idade. semanais.

Ser individualizada para O ensino de novas


atingir objetivos habilidades deve partir
específicos para cada do repertório de
indivíduo. habilidades já adquiridas.

Deve seguir uma


As intervenções devem
sequência de ensino de
ocorrer com foco na
habilidades das mais
generalização e em
simples para as mais
ambiente natural.
complexas.

Os pais e/ou cuidadores


devem ser orientados,
pois eles são um dos
pilares mais fortes da
intervenção em TEA.

Adaptado de Bagaiolo & Pacífico (2018)


Produzido por Deivid Sampaio

Segundo o National Research


Council dos EUA, o
envolvimento parental é
a ferramenta mais eficaz
no tratamento de crianças com
TEA.
(ROGERS & DAWSON, 2014)
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A NECESSIDADE DA
CAPACITAÇÃO DOS PAIS

O ambiente é crucial para o desenvolvimento infantil,


portanto, as formas como as pessoas envolvidas nesse
contexto interagem com a criança, modifica a forma
como ela aprende e vice-versa. Crianças com TEA
possuem limitações em seu funcionamento adaptativo,
porém elas também estão sujeitas a sofrerem
influências dessas modificações ambientais. É dentro
desse contexto que essas crianças irão adquirir
habilidades importantes para o seu desenvolvimento.
(SILVA & DESSEN, 2004)

Dentro do cenário nacional, intervenções baseadas em


evidências – como se propõe a Análise do
Comportamento Aplicada – dentro dos parâmetros de
eficácia, é inacessível à muitos indivíduos com TEA,
pois requerer uma grande disponibilidade de pessoas
capacitadas e treinadas para esse fim. Diante disso, o
treino de cuidadores se faz uma prática eficaz, já
comprovada também em estudos brasileiros.
(Santos, A. C., et. al, 2015; Ferreira, L. A. et. al, 2016; Bagaiolo, L. F. et al, 2017;
Corrêa, M. C. C. B. et. al, 2017; Guimarães, M. S. S. et al, 2018; Bagaiolo, L. F. et
al, 2018).
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Se você só tem uma


hora por semana
para atender a criança,
treine os pais.
(Thiago Lopes – Diretor do Instituto Farol, 2018)
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DIFICULDADES ENFRENTADAS
NO TREINAMENTO DE PAIS

Um dos maiores desafios no Treinamento de Pais é


fazer com que os pais não desistam de conquistar a
motivação dos seus filhos.

1. Não “divulgar” o diagnóstico: Apesar


de ser algo bem particular, a decisão da família em
não contar para outras pessoas (familiares e
escola) sobre o diagnóstico de TEA da criança irá
impactar na implementação do PTI,
principalmente no que se refere à generalização
dos comportamentos e no treino de habilidades
sociais.
2. Família desengajada: Uma família
desengajada no tratamento, não colocando as
orientações em prática ou até mesmo
negligenciando as necessidades da criança irá
prejudicar todo o processo, levando a uma cascata
de prejuízos que irão impactar no
desenvolvimento.
3. Saúde dos cuidadores: Ao menor sinal de
que os pais estão com a saúde abalada, é
necessário cuidar desses cuidadores. Se quem está
à frente dos treinos não estiver bem (mental,
emocional e fisicamente), não conseguirá ajudar a
criança.
Produzido por Deivid Sampaio

DIFICULDADES ENFRENTADAS
NO TREINAMENTO DE PAIS

4. Dificuldades com a consistência: É


muito comum (e por isso a importância da
psicoeducação) os pais não conseguirem manter a
consistência dos próprios comportamentos para o
ganho ou manutenção das habilidades da criança.
Com isso, o desenvolvimento fica prejudicado. Um
dos fatores que pode levar a isso, é a saúde dos
cuidadores.
5. Estilos parentais conflitantes: Muitas
vezes os pais divergem nas opiniões e na forma de
educar as crianças, o que leva a dificuldades em
colocar o PTI em ação de forma consistente.
Quando isso acontece, ajudar o casal e, se
necessário, encaminhar para um
acompanhamento psicológico, é essencial.
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PASSOS PARA A CAPACITAÇÃO


E ORIENTAÇÃO DE PAIS

Crianças com desenvolvimento típico aprendem


cerca de 70 horas por semana, pois elas estão atentas
às interações, às coisas que acontecem ao seu redor,
ou seja, elas aprendem por vivências e observações a
partir do contexto e do ambiente social do qual são
ativamente participativas. Como as crianças com TEA
possuem um déficit na comunicação social, com
interesses restritos e pouca imitação, essas vivências e
observações são reduzidas e consequentemente
diminuem as oportunidades de aprendizado gerando
uma cascata de prejuízos.

Pais não
Perda de grandes
tentam
oportunidades
interagir com
de aprendizado
a criança

Pais se
Criança não
desmotivam
responde à
a interagir
interação
com a
dos pais
criança
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PSICOEDUCAÇÃO

Essa é uma das partes essenciais do trabalho, pois


se a família não conhece o TEA, ela pode criar
expectativas irreais e que vão prejudicar o processo.
Além de conhecer sobre o TEA, sobre os prejuízos que
o transtorno implica no desenvolvimento, é importante
ajudar a família a interagir com essa criança. Muitos
pais não sabem brincar com seus filhos, então esse é
um dos primeiros passos a se fazer.
Também é importante ajudar a família a estruturar
esses momentos de interação, organizando o
ambiente, selecionando os brinquedos, seguindo a
liderança da criança e, aos poucos, variando a
brincadeira para que aumente as oportunidades de
aprendizado.
Outro fator importante e se considerar na
psicoeducação é ajudar a família a organizar a própria
rotina, facilitando a implementação do plano
terapêutico e transformando atividades rotineiras,
como banho, alimentação, deslocamento para terapias
ou escola, atividades com telas (que são inevitáveis)
em momentos de interação e oportunidades de
aprendizado.
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RESGATE DA CONFIANÇA DA
FAMÍLIA

A família precisa se sentir confiante e pertencente


ao processo. Ela não pode ficar sobrecarregada com a
quantidade de treinos e orientações, por isso
precisamos embasar o planejamento dentro da
realidade e rotina os pais/cuidadores.
Se o pai e a mãe trabalham fora e a criança fica sob
a responsabilidade dos avós: se deixar todo o treino
sob a responsabilidade dos pais, eles não terão tempo
hábil para colocar tudo em prática, se sentirão
desmotivados e abandonarão o tratamento, portanto é
importante identificar quais são as tarefas que os pais
realizam com a criança e quanto tempo eles têm com o
filho (incluindo os finais de semana) para colocar o
treino em prática. Pensar nas limitações dos avós
também é importante, pois eles poderão não ter
condições para colocar em prática o treino proposto.
Definir quem será o treinador (uma tia, por
exemplo) e/ou dividir os objetivos com os membros da
família, além de ser um dos critérios de generalização,
não sobrecarrega ninguém e a criança sai ganhando.
Produzido por Deivid Sampaio

ENSINO DE TÉCNICAS
BASEADAS NO PTI

Quando fazemos a avaliação funcional da criança,


também devemos avaliar como os pais conduzem as
atividades com a criança, ou seja, os pais também são
avaliados. Com essas observações, é possível definir os
contextos em que os objetivos serão propostos, bem
como os antecedentes, os reforçadores e quantas
oportunidades de aprendizado, para cada objetivo,
podem ser dadas por dia.

Para o ensino das técnicas, vários métodos podem


ser utilizados, desde videomodelação, modelação a
partir do ensino direto com a criança, role play e até o
ensino individualizado, quanto em grupo.

A escolha da metodologia dependerá o perfil das


famílias, dos profissionais, bem como do tipo de
serviço prestado.
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APRENDER A ANÁLISE
FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO
Todo comportamento é mantido por uma
consequência reforçadora, então quando os pais
começam a perceber que se a criança se comporta de
determinada maneira porque ela tem acesso a certos
privilégios, conseguimos mudar os antecedentes para
prevenir que aquele comportamento disfuncional não
ocorra, estimular a ocorrência do comportamento que
queremos treinar, mudar as consequências para
diminuir respostas inadequadas ou aumentar aquelas
que queremos que ele emita.

Os comportamentos são multideterminados. Logo,


cada emissão de uma resposta pode nos mostrar
variáveis diferentes que favorecem a ocorrência deste
mesmo comportamento (Catania, 1999), portanto é
indicado observar o comportamento que queremos
intervir uma série de vezes, analisando as
contingências de cada ocorrência. Cientificamente, na
Análise do Comportamento Aplicada, esta investigação
chama-se Analise Funcional.
(Iwata, 2000)
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APRENDER A ANÁLISE
FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO
O registro do comportamento utilizado usualmente
em Avaliações Funcionais Descritivas é conhecido com
Registro ABC (Antecedente – Comportamento/
Behavior – Consequência). Nele o observador anota
aquilo que identificou no ambiente como antecedente
da resposta problema (Antecedente), a topografia da
resposta (Comportamento) e a consequência que esta
resposta proporcionou (Consequência). Para um
resultado satisfatório, algumas regras básicas devem
ser seguidas:

1. Registrar ao menos uma ocorrência ao dia;


2. Registrar sempre o mesmo comportamento
(definir com a família qual o comportamento-alvo
da investigação);
3. Preencher sempre as 3 colunas;
4. Tentar registrar a ocorrência que pareceu mais
“grave” (intensidade/duração);
5. Registrar imediatamente após a ocorrência para
que nada seja esquecido.
(Vide protocolo de Análise Funcional do Comportamento
disponibilizado no material extra)

Após a análise de todas as contingências, é que se


definem as estratégias a serem utilizadas para a
diminuição destes comportamentos.
Produzido por Deivid Sampaio

Os comportamentos
inadequados precisam
ser um dos focos da
intervenção, pois eles
podem interferir de forma
negativa no ensino de
outras habilidades.
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GERENCIANDO COMPORTAMENTOS
INADEQUADOS

Como vimos anteriormente, entender a função


do comportamento será essencial para definir
quais estratégias serão utilizadas. Quando os
comportamentos inadequados emitidos pela
criança são perigosos para ela ou para outras
pessoas, esses devem ser primordiais no PTI. Mas
se eles não são considerados graves, geralmente
quando aumentamos o repertório comportamental
da criança, ensinando habilidades básicas e outras
formas de se comunicar, tais comportamentos
tendem a diminuir a frequência e a intensidade.

São várias as causas dos comportamentos


inadequados de crianças com Autismo, bem como
as variáveis ambientais ou reforçadores intrínsecos
que mantém ou aumentam a frequência desses
comportamentos.
Produzido por Deivid Sampaio

Para Martin et al., existem várias causas de comportamentos


inadequados:

Comportamentos
Descrição
mantidos por:
São todos os comportamentos que se
mantém devido à atenção que a pessoa
Atenção
próxima dá a esse comportamento
logos após a sua emissão.
São os comportamentos que se
mantém devido a uma estimulação
Autoestimulação
sensorial ou perceptual. Não tem
relação com o outro que está por perto.
São comportamentos que são mantidos
Consequências
por sons ou visões do ambiente
ambientais
externo.
São os comportamentos emitidos
sempre após determinadas
Fuga e esquiva
solicitações, demandas ou tarefas, a
fim de não realiza-las.
Alcance de objeto São comportamentos emitidos para
tangível conseguir algum objeto tangível.
Comportamentos emitidos como
Brincar não
consequência de um ambiente não
estruturado
estruturado, desorganizado.
Comportamento mantido por duas ou
Multifatorial
mais das funções acima descritas.
Elaborado por Secol & Lima, 2019.
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ATENÇÃO!!

Se forem identificadas causas


fisiológicas que levam a ocorrência
de comportamentos inadequados, a
conduta sempre deve ser a intervenção
interdisciplinar. Também é
comum que as crianças comecem a usar
de comportamentos inadequados
anteriormente associados a causas
fisiológicas para alcançar outros
objetivos, portanto, mais uma vez, se
faz necessária a análise
funcional
do comportamento e a
interdisciplinaridade.
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4 ETAPAS PARA GERENCIAR


COMPORTAMENTOS INADEQUADOS

Fazer a análise funcional do


comportamento;

Não reforçar o comportamento


inadequado;

Identificar um comportamento apropriado


alternativo;

Ensinar o comportamento apropriado


alternativo.

Não basta extinguir o


comportamento
inadequado, é necessário
dar a criança ferramentas
para que ela possa se
comportar de maneira
adequada, e reforçar esse
comportamento.
Produzido por Deivid Sampaio

EXTINÇÃO
A extinção consiste no processo pelo qual a resposta
não é seguida pela consequência que usualmente a
seguia. Ela tende a diminuir a frequência da ocorrência
da resposta alvo. É importante estar atento ao utilizar a
extinção como procedimento de manejo de
comportamentos problema, pois, logo após a relação
entre resposta e a consequência a ser eliminada,
observa-se um aumento significativo na frequência de
respostas, uma variação das dimensões da mesma
(topografia, duração e magnitude) e possibilidade de
ocorrência de resposta emocionais (respostas de
agressão, por exemplo) até que a frequência do
comportamento inadequado enfim diminua, o que
pode demorar para acontecer.
(Skinner, 1989; Catania, 1999; Sidman, 2011)
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REFORÇAMENTO DIFERENCIAL – DRO


(differential reinforcement of other behavior)

O DRO consiste em ensinar novas respostas


disponibilizando consequências reforçadoras positivas
para comportamentos não disruptivos ou inadequados.
Ao mesmo tempo, é feita a extinção do
comportamento. A intervenção por meio de DRO
apresenta certas vantagens quando comparada aos
outros procedimentos de manejo, tais como:

Ensina o que fazer, enquanto outros procedimentos


apenas buscam evitar/eliminar o comportamento.

Mantem o sujeito motivado já que recebe reforço


por outro comportamento.

Não apresenta os perigos aversivos, como


sentimentos ruins.

É mais fácil de ser aplicado por não implicar na força


física de um sobre o outro e não ser necessária uma
manipulação do antecedente, que muitas vezes não é
passível de mudança.

(Call, Pabico, Findley & Valentino, 2011)


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TREINO DE COMUNICAÇÃO FUNCIONAL


O Treino de comunicação funcional é uma forma de
substituir comportamentos inadequados por
habilidades de comunicação socialmente habilidosas e
efetivas, de modo que a alternativa ensinada seja uma
forma de comunicação conhecida, mais fácil ou já
instalada (vocalização, gestos e pistas visuais).
A escolha de qual meio de comunicação irá
depender do repertório comportamental da criança, já
identificado na avaliação. Via de regra, é mais fácil
começar pelo gestual e, caso esteja dentro das
habilidades atingíveis, ir para o verbal. Apesar disso,
para gerenciar comportamentos inadequados de
crianças com autismo, é fundamental as orientações de
um psicólogo analista do comportamento, pois esse é o
profissional qualificado capaz de ajudar nesse manejo.
As dicas de comunicação podem ser:

Gestual: é ensinado à criança a apontar para os


objetos de desejo ou mostrar o que está sentindo,
como dor.

Visual: como um livro de pistas visuais para


comunicação alternativa, onde a criança aponta para
imagens que se assemelham ao que se quer expressar.

Verbal: o cuidador dá o modelo verbal de como se


expressar para a criança e espera que ele repita o
modelo ou parte do modelo para entregar o item de
desejo.
(Charlop-Christy, Carpenter, LeBlanc e Kellet, 2002)
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Deivid Sampaio
Juliana Ventura
Michelle Costa

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